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LEVANTAMENTO DE RISCOS AMBIENTAIS EM UMA OFICINA DE FUNILARIA E PINTURA Arthur Pereira dos Santos, Universidade do Oeste Paulista, arthurpdosantos@outlook.com Elson Mendonça Felici, Universidade do Oeste Paulista, elson@unoeste.br Alisson Cruz Martins, Universidade do Oeste Paulista, alisson_cmartins@hotmail.com Resumo: O gerenciamento de riscos de segurança do trabalho é uma área de tomada de decisão muito importante dentro das empresas. Por meio dela é possível antecipar a ocorrência de falhas e acidentes que possam acarretar em danos físicos e patrimoniais. Nesse sentido, o presente trabalho objetivou-se em analisar os riscos existentes nas atividades de uma oficina de funilaria e pintura e como eles podem ser controlados ou minimizados. O levantamento de dados se deu através de visitas na empresa no período de agosto a outubro de 2017 onde foram observadas e descritas todas as atividades realizadas. Posteriormente foi construído uma APR (Análise preliminar de risco) para cada atividade estudada, e também elaborou-se o mapa de risco de cada setor. Os resultados evidenciaram a presença de diversos tipos de risco como ergonômico, acidentes, físico e químico. Através dos resultados foi possível concluir que a empresa em questão necessita adotar medidas de prevenção de riscos, melhorando as condições de trabalho de seus colaboradores. Palavras-chave: controle, gestão de riscos, segurança do trabalho 1. INTRODUÇÃO De acordo com Ruppenthal (2013), o gerenciamento de riscos de segurança do trabalho é uma área de tomada de decisão muito importante dentro das empresas. Por meio dela é possível antecipar a ocorrência de falhas e acidentes que possam acarretar em danos físicos e patrimoniais. Em praticamente todas as atividades laborais, existem riscos tanto no desenvolvimento da atividade quanto no ambiente ao qual está sendo realizada. Tais riscos possuem o potencial de desencadear eventos indesejados que trazem prejuízos financeiros, materiais e humanos. Os riscos presentes no ambiente de trabalho podem ser de várias naturezas. Segundo a Norma Regulamentadora nº 9 (NR 9), consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. Compreende-se também como riscos ambientais os ergonômicos e mecânicos (ou de acidente), mesmo não explícitos na NR 9. Diante desse contexto, encontra-se a área de manutenção de veículos automotores, na qual a segurança do trabalho é negligenciada por parte de algumas empresas do setor, e até mesmo pelos seus funcionários, que não compreendem as situações de riscos aos quais estão expostos em seu trabalho (Graciano, 2013). Essa situação pode trazer graves consequências imediatas ou futuras ao colaborador e à empresa, como acidente de trabalho e doença profissional. Assim sendo, a Lei nº 8.213/91 em seu Art. 22 diz que todo acidente de trabalho ou doença profissional deverá ser comunicado pela empresa junto ao INSS, em caso de omissão estará sujeito a pena de multa. Com o objetivo de mapear, por meio visual e de fácil entendimento os riscos ambientais, destaca- se o mapa de risco, que tem a função de reunir informações necessárias para estabelecer o dagnóstico, de um modo geral, da situação de segurança e saúde no trabalho. O mapa de risco possibilita em sua fase de concepção, divulgação e troca de informação por parte dos colaboradores, além de estimular a participação destes nas atividades de prevenção de acidentes (MATTOS, 2011). No setor de funilaria e pintura de veículos, podem existir riscos ambientais aos quais os trabalhadores possam estar expostos diariamente. Tais riscos podem ser classificados em baixos, médios ou altos, dependendo da atividade. Diante do fato de a maioria das empresas da área de manutenção de veículos automotivos negligenciarem a importância da segurança do trabalho em suas atividades diárias, a presente pesquisa abordou a problemática sobre a existência e o grau de riscos ambientais no setor de funilaria e pintura. Diante disso, o presente trabalho objetivou analisar os riscos existentes nas atividades de uma oficina de funilaria e pintura e como eles podem ser controlados. 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1. Área de estudo Desenvolveu-se o presente estudo em uma oficina de funilaria e pintura no município de Presidente Prudente (SP). A empresa possui 4 funcionários, sendo: 1 polidor, 1 pintor, 1 preparador e 1 ajudante geral. Ela presta serviços como pintura de automóveis, recuperação de peças, restauração em latarias, lavagem, polimento, higienização completa e funilaria artesanal (martelinho de ouro). O local possui 5 ambientes de trabalho: a cabine de pintura, setor de preparação, área de funilaria, área de lavagem e escritório administrativo. A empresa existe há 5 anos no município, possui contratos de manutenção de veículos com diversas concessionárias da região e se encaixa no quadro de empresas de pequeno porte. O proprietário da empresa é o responsável pelas atividades administrativas da empresa, bem como, auxilia nas demais atividades da oficina. 2.2. Metodologia Foram analisados e avaliados os riscos das atividades de todos os setores da empresa. Primeiramente, realizou-se visitas no período de agosto a outubro de 2017 na empresa, onde foram observadas as atividades com o objetivo de analisá-las e determinar padrões. Durante as visitas, houve conversas diretas e informais com os funcionários envolvidos em cada atividade, com o intuito de analisar o ponto de vista em relação aos riscos envolvidos. Posteriormente, construiu-se uma APR (Análise preliminar de risco) para cada atividade estudada, onde constaram os riscos preliminares analisados. Realizou-se a coleta de dados para elaboração do mapa de riscos ambientais por meio da observação dos ambientes da empresa e com auxílio da pesquisa documental. Por fim, foram propostas medidas para controle e mitigação dos riscos ambientais encontrados e construiu-se os mapas de riscos, onde constam ilustrados os riscos encontrados nos ambientes de trabalho da empresa. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1 representa a análise preliminar de risco da área de montagem e desmontagem de veículos, demonstrando os riscos que envolvem a atividade, bem como medidas de controle dos riscos. Tabela 1: Análise preliminar de risco do setor de montagem e desmontagem. ATIVIDADES (Com suas respectivas etapas/passos) RISCOS POTENCIAIS (O que poderá sair errado) MEDIDAS PREVENTIVAS/RECOMENDAÇ ÕES DE SEGURANÇA (Evitar o acidente ou minimizar os danos, caso este ocorra) 1 Planejar a montagem e desmontagem Falta de ferramentas, queda de ferramentas e queda de pessoas; • O responsável deve analisar as condições do que deve ser montado ou desmontado, avaliando riscos; • O responsável deve possuir habilidade nesta Atividade; 2 Montagem e desmontagem Postura incorreta; Corte e arranhão; Queimaduras; Lesões generalizadas; • Verificar se o que será montado ou desmontado não está em temperatura elevada; • Policiar postura; • Manter o local de trabalho limpo; organizado e desimpedido; 3 Transportar as peças para o local designado Postura incorreta no transporte de peso (transporte manual de cargas); Atropelamento; Batida por/Contra; Esforço físico excessivo; Queda de mesmo nível; Queimaduras;Postura inadequada; • Treinamento e orientação para não exceder a capacidade de levantamento de peso individual do funcionário e para a correta postura na movimentação e transporte de carga; • Utilizar EPI para peças quentes; • Manter o local de trabalho limpo e organizado; • Armazanar peças em locais apropriados; • Sinalização de Segurança. Fonte: Os autores. De acordo com a Tabela 1, é possível verificar os riscos que envolvem as atividades de montagem e desmontagem de automóveis. Um grande risco encontrado nesta operação é o ergonômico, principalmente a postura durante o desenvolvimento do trabalho, em que o funcionário se submete a posições prejudiciais à integridade física, que podem desenvolver problemas como lesões na coluna e cansaço físico, condizendo com os estudos de Martins (2010) e Lousa (2014). Na Tabela 2, está representada a análise preliminar de risco do setor de preparação. A atividade de preparação exige um grande esforço físico, principalmente da coluna e membros superiores, devido às posições em que o empregado se submete e ao esforço repetitivo realizado no momento de lixar as peças dos veículos necessárias para a pintura. Tabela 2: Análise preliminar de risco no setor de preparação. ATIVIDADES (Com suas respectivas etapas/passos ) RISCOS POTENCIAIS (O que poderá sair errado) MEDIDAS PREVENTIVAS/RECOMENDAÇÕ ES DE SEGURANÇA (Evitar o acidente ou minimizar os danos, caso este ocorra) 1 Higienizar peças ou automóvel • Manuseio de produtos químicos corrosivos; • Intoxicação por vapores; • Cortes e arranhões; • Problemas respiratórios; • Poeiras; • Lesões nas mãos e braços; • Treinamento para a atividade; • Recomenda-se o uso de luvas plásticas; • Uso de máscara respiratória; 2 Lixamento da peça e remoção da tinta • Postura incorreta; • Movimento repetitivo; • Lesão nos olhos; Poeiras; • Recomenda-se uso de luvas; • Usar óculos de proteção; • Fazer pequenas pausas diárias nos movimentos que forem repetitivos; • Usar máscara respiratória; • Treinamento; 3 Preparação para a pintura • Postura incorreta; • Queda do mesmo nível; Poeiras; • Usar máscara respiratória; • O responsável deve vedar as partes em que não necessitará de tinta; Fonte: Os autores. De acordo com a Tabela 2, verifica-se que as atividades do setor utilizam de várias substâncias químicas de natureza corrosiva, sendo que, na preparação, o funcionário utiliza de várias substâncias que, dependendo da temperatura se tornam vapores que podem agredir o sistema respiratório, e ainda, o mau uso de substâncias químicas corrosivas podem causar lesões generalizadas, inclusive lesão nos olhos. Portanto, o risco químico da preparação é grande, o que torna indispensável o uso dos EPIs. O risco ergonômico da preparação também é grande devido à natureza da atividade, pois exige esforços físicos e muitas vezes repetitivos, o que pode ser agressivos a saúde. Nesse contexto, é recomendável pausas para descanso e a prática de ginástica laboral. A análise preliminar de risco da área de pintura pode ser vista na Tabela 3. Devido aos agressores químicos envolvidos na operação, a atividade de pintura em si é de natureza perigosa. Tais agressores que podem, de acordo com Martins (2010), desencadear doenças do aparelho respiratório, doenças de pele, irritações nos olhos, fadiga, dores de cabeças, náuseas e várias outras consequências. Tabela 3: Análise preliminar de risco no setor de pintura. ATIVIDADES (Com suas respectivas etapas/passos) RISCOS POTENCIAIS (O que poderá sair errado) MEDIDAS PREVENTIVAS/RECOMENDAÇÕES DE SEGURANÇA (Evitar o acidente ou minimizar os danos, caso este ocorra) 1 Planejamento da pintura • Queda em mesmo nível; • Intoxicação (tintas e solventes) • O responsável avalia a peça ou parte do automóvel, caso haja necessidade de utilizar suportes ou cavaletes; • Utilização de EPI; 2 Posicionamento da peça • Postura incorreta no transporte de peso; • Queda em mesmo nível; • Batida por/contra; Lesão nas mãos e braços; • Queda de material; •Treinamento e orientação para não exceder a capacidade de levantamento de peso individual do funcionário e para a correta postura na movimentação e transporte de carga; • Manter o local de trabalho limpo organizado e desimpedido; 3 Preparação da tinta e equipamentos necessários • Postura incorreta; • Quedas em mesmo nível; • Manuseio de produtos químicos; • Problemas respiratórios; • Incêndio; • Treinamento para a atividade • Manter o piso nivelado e fixado de modo seguro e resistente; • Usar luvas; • Usar máscara respiratória; 4 Pintura • Manuseio de produtos químicos; • Intoxicação; • Queda em mesmo nível; •Ruído; •Calor; •Treinamento para a atividade, o responsável deve possuir habilidade para realizar esta tarefa; •Usar a roupa de proteção; •Usar a máscara de proteção própria para tal atividade; •Usar protetor auricular; Fonte: Os autores. Na atividade de pintura, por utilizar materiais como tintas, solventes, vernizes e outras substâncias químicas perigosas, o uso de EPI (Equipamento de proteção individual) se torna indispensável, pois os riscos químicos nela envolvidos são muito agressivos à saúde do profissional, principalmente por se tratar de uma atividade realizada em um espaço fechado apenas com ventilação artificial. O funcionário responsável pela pintura recebeu da empresa todos os EPIs necessários e, neste caso, utiliza-os frequentemente, sempre que realiza a atividade. O ruído desta atividade é emitido pelos compressores de ar utilizados para a atividade, e pelo fato de ser uma cabine fechada o torna mais intenso para o trabalhador, portanto, o uso de protetor auricular é indispensável. Dentro da cabine durante a atividade, o calor pode se tornar um risco nos dias mais quentes, o que pode influenciar no cansaço físico e mental do trabalhador. As substâncias químicas utilizadas para a pintura como tintas, solventes, vernizes e thinners são prejudiciais à saúde humana, e ainda são intensificados pelo ambiente fechado. Semelhante ao estudo de Graciano (2013), o funcionário não recebeu o treinamento adequado para a atividade, e ainda, não existe programa de capacitação na empresa, ou seja, os funcionários não receberam as orientações de segurança no trabalho. Na análise preliminar de risco do setor de polimento (Tabela 4), estão expostos os riscos que envolvem a atividade. Essa operação não possui muitas etapas, porém possui vários riscos que podem gerar acidentes e desencadear doenças ao longo do tempo. Tabela 4: Análise preliminar de risco setor de polimento. ATIVIDADES (Com suas respectivas etapas/passos) RISCOS POTENCIAIS (O que poderá sair errado) MEDIDAS PREVENTIVAS/RECOMENDAÇÕE S DE SEGURANÇA (Evitar o acidente ou minimizar os danos, caso este ocorra) 1 Transportar o automóvel ou peças, posicionar no cavalete • Postura incorreta no transporte de peso; • Queda em mesmo nível; • Corte e arranhão; • Queda de material; •Treinamento e orientação para não exceder a capacidade de levantamento de peso individual do funcionário e para a correta postura na movimentação e transporte de carga; • Recomenda-se o uso de luvas mista; • Sinalização de segurança; • Mantero local limpo e organizado; 2 Polimento • Vibrações; • Ruído; • Queda do mesmo nível; • Choque elétrico; • Lesões causadas pela politriz; • Manuseio de produtos químicos; • Poeiras e lesões nos olhos; • Usar protetor auricular; •Treinamento para a atividade, o responsável deve possuir habilidade no manuseio da politriz; • Verificar as condições da máquina, o estado da boina e os cabos elétricos, mantendo sempre a manutenção em dia; • Fazer pausas para aliviar as articulações da vibração gerada pela máquina; • Usar máscara respiratória; • Usar óculos de proteção; Fonte: Os autores. De acordo com a Tabela 4, a atividade de polimento envolve vários riscos mecânicos. Outro fator importante dessa atividade é o uso de equipamentos elétricos, e como aconteceu no estudo realizado por Graciano (2013), a empresa não possui um histórico de manutenção dos equipamentos elétricos, portanto, é aconselhável sempre fazer a verificação das condições das máquinas e equipamentos. A projeção de partículas gerada pela politriz é um grande risco dessa atividade, podendo causar sérias lesões nos olhos, o que se torna ainda mais perigoso pelo fato do funcionário não utilizar óculos de proteção. Na análise preliminar de risco apresentada na Tabela 5, são representados os riscos da atividade de lavagem dos veículos. Esta operação é realizada nos fundos da oficina, portanto, o funcionário deve levar o automóvel até o local, através de vias públicas, visto que é impossível levá-lo por dentro do estabelecimento, sendo que a porta de acesso aos fundos é apenas para passagem de pessoas. Portanto, além dos riscos do ambiente de trabalho, existe risco de acidente de trajeto durante a movimentação do automóvel. Tabela 5: Análise preliminar de risco do setor de lavagem. ATIVIDADES (Com suas respectivas etapas/passos) RISCOS POTENCIAIS (O que poderá sair errado MEDIDAS PREVENTIVAS/RECOMENDAÇÕES DE SEGURANÇA (Evitar o acidente ou minimizar os danos, caso este ocorra) 1 Transporte do veículo até a frente de lavagem • Acidente de trajeto (trânsito); • O responsável deve possuir habilitação; • Usar o cinto de segurança; • Treinamento; • Respeitar a sinalização de trânsito; 2 Lavagem • Ruído • Manuseio de produtos químicos; • Lesões nas mãos, braços ou tronco; • Queda em mesmo nível; • Lesões nos olhos derivadas de produtos químicos; • Inalação de gases tóxicos; • Usar protetor auricular; • Usar óculos de proteção para prevenir contato de produto nos olhos; • Recomenda-se uso de avental; • Usar máscara respiratória. 3 Limpeza interna • Postura incorreta; • Ruído; • Manuseio de produtos químicos; • Cortes e arranhões; • Choque elétrico; • Usar protetor auricular; • Usar luvas; • Verificar condições dos equipamentos elétricos utilizados; • Treinamento; Fonte: Os autores. O ruído é um grande risco físico presente na atividade de lavagem, esse ruído é emitido dos compressores de ar usados para aplicação de produtos e para a bomba d’agua. O funcionário não utiliza protetor auricular, e segundo relato deste, o ruído do local incomoda bastante, e em alguns dias desenvolve dores de cabeça. Após as análises dos riscos que envolvem as operações da empresa, foi possível apresentar a Tabela 6, que representa, de forma geral, todos os riscos levantados na empresa, relacionando cada tipo de risco de acordo com sua natureza, apresentando os EPIs e EPCs (Equipamentos de Proteção Coletiva), necessários e medidas para controle e mitigação dos riscos. Tabela 6 – Riscos levantados na empresa. Classificação Risco EPI, medidas EPC Risco físico Ruído; Vibrações; Radiação não ionizante; Calor; Protetor auricular; Lucas anti vibrações; Máscara para radiação (Solda); Sistema de ventilação; Risco de acidentes Eletricidade; Queda de materiais; Queda em mesmo nível; Incêndio; Projeção de partículas; Ferramentas defeituosas; Falta de sinalização; Piso escorregadio; Luvas de borracha e raspa; Máscara de proteção; Óculos de proteção; Sianlização de segurança; Bota de segurança; Extintores em bom estado de convervação; Risco ergonômico Posição de trabalho; Transporte de cargas; Repetitividade; Postura inadequada; Carro de mão para mover cargas; Pausas para descanço; Ginástica labora; Risco químico Gases; Poeira; Produtos químicos; Luvas impermeáveis; Avental impermeável; Bota de borracha; Máscara respiratória; Óculos de proteção; Fonte: Os autores. Observando a Tabela 6, é possível analisar os riscos encontrados em toda a empresa. O ruído foi um dos riscos mais frequentes encontrados e está presente em praticamente todos os ambientes, devido a sua forma de propagação. Como já foi ressaltado por Graciano (2013), os funcionários não utilizam o protetor auricular, apesar de terem recebidos em uma das oficinas observadas por ela. Na empresa analisada, apenas o pintor recebeu os EPIs corretamente, enquanto que os demais funcionários nunca receberam tais equipamentos, e seu uso também é negligenciado por parte dos funcionários e proprietário. Analisando as atividades da oficina, percebe-se que os funcionários permanecem em posições inadequadas e a variação de posição é muito grande, ou seja, o trabalho exige muito deslocamento com forte movimentação e várias vezes se submete a esforços repetitivos de risco, confirmando as afirmações feita por Graciano (2013). Os riscos químicos, principalmente o de manuseio de produtos químicos corrosivos, são bastante comuns na manutenção de veículos e, semelhante ao caso de Graciano (2013), os funcionários não utilizam luvas para o manuseio, tendo assim, contato direto com a pele. Devido ao calor nos dias mais quentes, esses produtos químicos emitem gases que são um risco para a saúde, portanto, o uso de máscara respiratória é importante para o manuseio dessas substâncias. Durante o estudo na empresa, também percebeu-se que nenhum dos funcionários recebeu o treinamento de segurança adequado para o desenvolvimento de suas atividades e pouco sabem sobre os riscos que estão expostos e sobre segurança do trabalho. Recomenda-se o treinamento adequado para todos os funcionários da empresa, inclusive o proprietário, pelo fato de ajudar nas atividades diárias. Outro aspecto importante a ser corrigido é a desorganização de trabalho. Nesse sentido, é aconselhável uma conscientização dos funcionários sobre organização no trabalho a fim de eliminar certos atos inseguros dos funcionários, como o uso inadequado de certas ferramentas, improvisos inseguros, alocar ferramentas e equipamentos em locais inapropriados e principalmente a falta de atenção no trabalho. Outro fator a ser considerado na desorganização, é a falta de sinalização de segurança. Assim, sugere-se o uso de avisos, fitas zebradas para isolar área de objetos suspensos, e principalmente, a sinalização e desobstrução dos equipamentos de segurança. Para o controle dos riscos ergonômicos envolvidos nas atividades, aconselha-se um programa de ginástica laboral, principalmente para o funcionário do setor de preparação, por se submeter a esforços repetitivos durante o trabalho, pequenas pausas regulares para alívio das articulações. Quanto às máquinas e equipamentos, sugere-se uma programação de manutenção, com o objetivo de verificar as condições dos fios elétricos, estado das peças e lubrificação. A NR 6 obriga por força de lei a entrega dos EPIs pela empresa, bem como a fiscalização da utilização correta dos mesmos,e ainda atribui aos funcionários a obrigação da utilização, guarda e conservação de seus equipamentos. Portanto, é de suma importância que a empresa entregue os EPIs, visto que apenas um funcionário, o pintor, possui e utiliza os equipamentos. A Tabela 7 aponta todos os EPI’s necessários para todos os setores operacionais da empresa. Tabela 7: Utilização de EPI por setor. Setor EPIs Necessários Funilaria Protetor facial incolor; Lucas e avental lona ou raspa; Máscara de solda; Protetor auricular; Montagem e desmontagem Bota de proteção (bico de aço); Lucas de nylon ou latex; Proteror auricular; Preparação Lucas impermeáveis; Avental impermeável; Óculos de proteção incolor; Máscara respiratória; Protetor auricular; Polimento Lucas anti vibração; Bota de proteção; Óculos de proteção incolor; Protetor auricular; Lavagem Óculos de proteção; Lucas impermeáveis; Avental impermeável; Protetor auricular; Fonte: Os autores. Após análise dos dados obtidos, realizou-se o layout do Mapa de risco (Fig. 1), separados de acordo com cada segmento da empresa. De acordo com o mapa de risco, pode-se verificar a distribuição geral dos riscos encontrados na empresa. Um aspecto a ser ressaltado é em relação ao risco biológico. O mesmo encontra-se apenas nos sanitários, um risco comum do dia a dia a que todos estão sujeitos, portanto, não foi apontando pelo quadro de riscos, pois não é relevante para as operações da empresa. No entanto, ao mapear os riscos da empresa, deve-se aponta-lo em seu respectivo local. O layout utilizado nos mapas de riscos foram realizados com base nas observações dos locais e com auxílio do proprietário da empresa, utilizando de softwares como MS Project Visio e MS PowerPoint. Vale ressaltar que os três mapas de riscos apresentados foram aqui unidos para facilitar o entendimento. Também, foram feitos exclusivamente para a apresentação dos resultados desta pesquisa, deixando opcional para o proprietário sua utilização na empresa, visto que a mesma não possui um mapeamento de riscos. Figura 1: Mapa de risco da empresa. Fonte: Os autores. 4. CONCLUSÕES Após a apresentação dos riscos encontrados na empresa e as análises preliminares de riscos, é possível afirmar que a manutenção de veículos automotores é uma atividade perigosa, que acarreta a exposição de vários tipos riscos, que além do potencial de causar acidentes, podem ainda desencadear doenças profissionais, que afeta diretamente a capacidade para o trabalho, diminuindo a qualidade de vida dos envolvidos. Como a empresa não possui um profissional do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), fica de responsabilidade do proprietário adotar medidas de controle dos riscos. Vale ressaltar que a eliminação completa dos riscos se torna impossível, dada a natureza da atividade, portanto, deve-se adotar medidas para a mitigação e controle. Espera-se que esse trabalho contribua para a melhoria das condições de trabalho, para a prevenção de acidentes e principalmente para o entendimento, levantamento e controle dos riscos encontrados nas atividades do ramo, e ainda como material de apoio para futuros trabalho da área. 5. REFERÊNCIAS BRASIL, Lei nº8.213, de 21 de julho de 1991, dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. MPAS, Brasília/DF: Diário Oficial da União de 14 de agosto de 1991. Brasil, Ministério do Trabalho e Emprego. Normas Regulamentadores de Segurança e Medicina do Trabalho. NR 6. Equipamento de Proteção Individual. Disponível em: http://www.mte.gov.br. BRASIL, Ministério do Trabalho e Emprego. Normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho. NR 9 Condições Program de Prevenção de Riscos Ambientais. Disponível em: http://www.mte.gov.br. GRACIANO, Silvana M. Fernandes. Investigação das Condições de Trabalho em Oficinas de Chapeação e Pintura na Região de Tubarão – SC. Tubarão: UNISUL Universidade do Sul de Santa Catarina, 2013. LOUSA, Ana Rita Bolinhas. Identificação de perigos e avaliação de riscos profissionais de uma oficina automóvel. 2014. Tese de Doutorado. Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Setúbal. MARTINS, Roberto Antonio. Abordagens quantitativa e qualitativa. Metodologia de pesquisa em engenharia de produção e gestão de operações. Rio de Janeiro: Elsevier, p. 45-61, 2010. MATTOS, Ubirajara; MÁSCULO, Francisco. Higiene Segurança do Trabalho. Elsevier Brasil, 2011. RUPPENTHAL, Janis Elisa. Gerenciamento de riscos. Santa Maria: UFSM, 2013.
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