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Camila Mariana Castro de Oliveira Medicina Nove de Julho BMF 2 – Fisiologia Aspectos gerais do trato gastrointestinal: ➛ Os 4 processos do sistema digestório: ✓ Secreção -> movimento de água e íons do liquido extracelular para o lúmen do trato digestório (o oposto da absorção) e liberação de substâncias sintetizadas pelas células epiteliais do GI tanto no lúmen quanto no líquido extracelular ✓ Digestão -> é a quebra, ou degradação, química e mecânica dos alimentos em unidades menores que podem ser levadas através do epitélio intestinal para dentro do corpo ✓ Absorção -> é o movimento de substâncias do lúmen do trato GI para o líquido extracelular ✓ Motilidade -> é o movimento de material no trato GI como resultado da contração muscular Fase intestinal: ➛ Tem início com a chegada do quimo no duodeno ➛ Entra aos poucos (alimento pouco digerido) ➛ Movimentos (motilidade): ✓ Peristaltismo (propelir) – deslocamento do bolo alimentar da região craniana para a região anal (cefalocaudal) ✓ Contração segmentar (mistura) ➛ Intestino delgado -> 9L ✓ 5,5L – alimentos/líquidos/secreções ✓ 3,5L – secreções hepáticas/pancreáticas/intestinais ✓ 7,5L – reabsorvidos Estrutura intestinal – Controle nervoso: ➛ Sistema nervoso próprio -> 100 milhões de neurônios no controle dos movimentos e da secreção gastrointestinal ➛ Sistema nervoso entérico -> do esôfago até o ânus, composto por dois plexos conectados ✓ Plexo externo: disposto entre as camadas musculares longitudinal e circular – controla os movimentos gastrointestinais -> plexo mioentérico ou de Auerbach ✓ Plexo interno: localizado na submucosa – controla a secreção gastrointestinal e o fluxo sanguíneo local -> plexo submucoso ou de Meissner ➛ Efeito do plexo submucoso ou de Meissner: secreção intestinal, absorção e a contração local do músculo submucoso – responsável por mandar o estimulo para a muscular da mucosa ➛ Efeito do plexo mioentérico ou de Auerbach: ✓ Aumento da contração tônica ou “tônus” da parede intestinal ✓ Aumento da intensidade das contrações rítmicas ✓ Ligeiro aumento no ritmo da contração ✓ Aumento na velocidade de condução das ondas excitatórias, causando o movimento mais rápido das ondas peristálticas intestinais ➛ Controle nervoso: ✓ Inervação parassimpática – aumenta a motilidade • Craniana -> nervo vago até a 1° metade do intestino grosso • Sacral -> nervos pélvicos – metade distal do intestino grosso Camila Mariana Castro de Oliveira Medicina Nove de Julho BMF 2 – Fisiologia • Neurônios pós ganglionares localizados nos plexos mioentéricos e submucoso • Aumento da atividade gastrointestinal ✓ Inervação simpática -> gânglios celíaco e mesentérico inerva todo o sistema – noroepinefrina ação inibitória Reflexos gastrintestinais: ➛ Integrados na parede intestinal do sistema nervoso entérico -> secreção gastrointestinal, peristaltismo, contração de misturas e efeitos inibitórios locais – reflexos curtos (de um órgão para outro) ✓ Reflexos do intestino para os gânglios pré- vertebrais e retornam • Gastrocólico – estômago que causa evacuação do cólon • Enterogástrico – sinais do cólon e intestino delgado -> inibir secreção e motilidade gástrica • Colonoileal – do cólon para inibir o esvaziamento do íleo para o cólon ➛ Reflexos do intestino para a medula ou tronco cerebral (SNC) e que voltam para o sistema gastrointestinal – reflexos longos ✓ Reflexos do estômago e do duodeno para o tronco cerebral que retornam ao estômago – por meio dos nervos vagos – para controlar a atividade motora e secretória gástrica ✓ Reflexos de dor – inibição geral do trato gastrintestinal ✓ Reflexos de defecação que passam desde o cólon e o reto para a medula espinal – retornam Atividade elétrica do músculo liso do TGI: ➛ Contração do músculo liso -> células de cajal ✓ Ritmo determinado pela frequência das “ondas lentas” do potencial da membrana do músculo liso (variações lentas e ondulantes do potencial de repouso da membrana) ✓ Célula marca-passo ✓ Localizadas entre as camadas de músculo liso e os plexos nervosos intrínsecos ✓ Comunicação com células musculares vizinhas através de junções comunicantes ➛ Ondas lentas do potencial de membrana do músculo liso: ✓ O potencial elétrico de repouso da membrana do músculo liso visceral não é estável – sofre oscilações ou despolarizações subliminares (ondas lentas) ✓ Ondas lentas do potencial de membrana controlam o aparecimento de potenciais em ponta, intermitentes, os quais excitam, por sua vez, a contração muscular Camila Mariana Castro de Oliveira Medicina Nove de Julho BMF 2 – Fisiologia ✓ Potenciais em ponta: • São verdadeiros potenciais de ação • Surgem quando as ondas lentas atingem o limiar elétrico (maior que -40mV) • São deflagrados pela grande entrada de Ca+2 na célula através de canais voltagem-dependente • O complexo Ca+2 – calmodulina ativa a contração muscular ✓ Ondas lentas NÃO causam a contração muscular na maior parte do TGI ✓ Quanto maior o número de potenciais de ação sobre as ondas lentas, maior a contração fásica Contração do músculo liso: ➛ Depende do influxo de cálcio do meio extracelular ➛ O potencial de membrana das fibras lisas viscerais sofrem oscilações – ondas lentas ✓ Despolarização do sarcolema -> ativação de canais de cálcio dependentes de voltagem -> entrada de cálcio na célula (meio extracelular -> citosol) -> contração ➛ Tipos de contração: ✓ Contração fásica -> episódios de contração e relaxamento são periódicos e ocorrem em poucos segundos ou minutos • Corpo do esôfago, corpo e antro do estômago e intestino delgado e grosso ✓ Contração tônica -> contração mantida ou sustentada em que a musculatura se mantém tonicamente contraída por minutos ou horas (tônus) • Esfíncteres Motilidade intestinal: Importância: ➛ Transportar o alimento da boca até o ânus ➛ Misturá-lo mecanicamente para quebra-lo em partículas pequenas (aumenta a exposição das enzimas digestórias) ➛ Mantém em contato o alimento e a mucosa de revestimento interno do TGI Movimentos no TGI: ➛ Complexo motor migratório (“limpeza da casa”) -> entre as refeições ➛ Peristaltismo -> ondas progressivas de contração que se movem de uma seção do trato GI para a próxima (mistura do bolo alimentar no estômago) ➛ Contração segmentar: ✓ Segmentos curtos (1-5cm) de intestino contraem e relaxam alternadamente ✓ Nos segmentos contraídos, o músculo circular contrai, ao passo que o músculo longitudinal relaxa ✓ Mistura o bolo alimentar, expondo-o ao epitélio absortivo do intestino, não há movimento efetivo adiante Camila Mariana Castro de Oliveira Medicina Nove de Julho BMF 2 – Fisiologia Motilidade do intestino delgado: ➛ Funções: digestão e absorção ➛ Permanência do quimo no delgado: 2 a 4h ➛ Padrões de motilidade no período digestivo: ✓ Segmentação: mistura do quimo com as secreções ✓ Peristalses curtas de cerca de 12 a 15cm ➛ Mistura do quimo com as secreções ✓ Otimização da digestão e absorção dosnutrientes -> principalmente no duodeno – secreções pancreáticas e biliar – otimiza a digestão ✓ Renovação do contato com a mucosa -> otimização da absorção dos nutrientes ➛ Propulsão ✓ Peristalse -> peristalses curtas e constantes Motilidade do intestino grosso (cólon): ➛ O cólon armazena as fezes ➛ Sua musculatura está inativa a maior parte do tempo e suas contrações são de curta duração ➛ A maior parte da absorção de água e íons ocorre no grosso; o cólon recebe por dia cerca de 1,5L de água e excreta apenas cerca de 0,1L por dia ➛ Contrações haustrais ✓ Similares às segmentações ✓ Ocorrem a cada 30min ✓ A contração de um haustro propele o conteúdo luminal para outro haustro próximo ✓ A haustração favorece a absorção da água e de íons ✓ Haustração -> movimentam e misturam lentamente o conteúdo no sentido anterógrado e retrógado – retropulsão. Ocorrem a cada 30min ✓ Movimento de massa -> movimento que contrai grande extensão do cólon e propele o conteúdo no sentido anterógrado. Ocorre de 1 a 3x ao dia Motilidade cólon: ➛ Após refeições é facilitado por reflexos gastrocólicos e duodenocólicos ➛ Mistura e propulsivos-lentos ➛ Contrações circulares que podem até ocluir ➛ Contrações combinadas de faixas circulares e longitudinais -> haustrações: sacos/partes do intestino grosso não estimuladas que se inflam ➛ Movimentos propulsivos ou de massa – contração em unidade – após as haustrações ➛ Reaparecem meio dia depois (quando a massa fecal chega ao reto) Defecação: ➛ Movimento de massa força as fezes para o reto – vontade de defecar, contração reflexa do reto e o relaxamento dos esfíncteres anais ➛ Passagem de material fecal pelo ânus é evitada pela constrição tônica ➛ Esfíncter anal interno: espesso/longo – músculo liso/ região do ânus ➛ Esfíncter anal externo: músculo estriado voluntario (circunda o esfíncter interno e estende-se distalmente a ele) ➛ Reflexos de defecação ➛ Reflexo intrínseco – fezes no reto (“S” plexo Camila Mariana Castro de Oliveira Medicina Nove de Julho BMF 2 – Fisiologia mioentérico) ➛ Contrações propulsivas cólon descendente, sigmoide e reto – peristalse chega no ânus – relaxamento do esfíncter interno + externo O reflexo da defecação é coordenado pela medula sacral e consiste em relaxamento do EEI e contração do EEA, sendo desencadeado por movimento de massa em resposta a reflexos ortotáxico, gastrocólico e gastroileal. Secreções intestinais: ➛ Promovem a digestão ✓ Muco ✓ Enzimas digestórias ✓ Bile ✓ Bicarbonato (HCO3) ✓ Solução isotônica de NaCl Secreções de muco – Glândulas de Brunner ➛ Primeiros centímetros do duodeno – entre o piloro e papila de Vater ➛ Secretam muco alcalino em resposta a: ✓ Estímulos táteis ou irritativos na mucosa duodenal ✓ Estimulação vagal, maior secreção das glândulas de Brunner, se maior secreção gástrica ✓ Hormônios gastrointestinais, especialmente a secretina Secreções do suco digestivo – Criptas de Lieberkuhn ➛ Superfície do intestino delgado – criptas de Lieberkuhn, entre as vilosidades intestinais ➛ Superfícies das criptas e das vilosidades – são cobertas por epitélio com dois tipos de células: ✓ Número moderado de células caliciformes, que secretam muco que lubrifica e protege as superfícies intestinais ✓ Grande número de enterócitos – secretam grandes quantidades de água e eletrólitos – 1,8L/dia (alcalina) ✓ Secreção de criptas e superfícies das vilosidades adjacentes – absorvem água, eletrólitos e produtos finais da digestão ➛ Líquido aquoso -> o mecanismo não é bem conhecido ✓ Secreção ativa de íons cloreto nas criptas ✓ Secreção ativa de íons bicarbonato ➛ Enzimas enterócitos -> diversas peptidases para a hidrolise de pequenos peptídeos a aminoácidos ✓ Quatro enzimas – sucrase, maltase, isomaltase e lactase – para hidrólise de dissacarídeos a monossacarídeos ✓ Pequena quantidade de lipase intestinal para clivagem das gorduras neutras em glicerol e ácidos graxos Camila Mariana Castro de Oliveira Medicina Nove de Julho BMF 2 – Fisiologia Secreção pelo fígado – Bile ➛ Secretada pela vesícula biliar ➛ Solução não enzimática que facilita a digestão de gorduras Estímulo para secreções: ➛ Distensão do intestino delgado ➛ Presença de alimento no intestino delgado ➛ Sinais neurais ➛ Hormônio CCK Secreção pelo pâncreas: ➛ Pâncreas exócrino ➛ Enzimas digestórias: zimogênios secretados pelas células acinares ➛ Ativadas ao chegar no intestino delgado (enteropeptidases presentes na borda em escova) ➛ Solução aquosa de NaHCO3 (semelhante a solução no intestino delgado) ➛ Secreção de bicarbonato: ✓ Bicarbonato no lúmen neutraliza o quimo ácido advindo do estômago ✓ A maior parte do bicarbonato vem do pâncreas ✓ Liberado em resposta a estímulos neurais e à secretina ➛ Secreção de solução isotônica de NaCl: ✓ Produzido pelas células das criptas do intestino delgado e colo ✓ Processo parecido com a secreção de saliva ✓ Mistura-se com o muco para ajudar a lubrificar o conteúdo do intestino Camila Mariana Castro de Oliveira Medicina Nove de Julho BMF 2 – Fisiologia Fibrose cística: ➛ Uma mutação herdada faz a proteína do canal CFTR ser defeituosa ou ausente ➛ Secreção de Cl e fluido cessa ➛ Células caliciformes continuam a secretar muco ➛ Resultando em espessamento do muco Secreções do intestino grosso: ➛ Secreção de muco ➛ Proteção contra escoriações ➛ Contra a atividade das bactérias nas fezes ➛ Contra pH – impedir ação dos ácidos formados das fezes Digestão e absorção: Digestão e absorção de carboidratos: ➛ A maior parte dos carboidratos em nossa dieta são dissacarídeos e carboidratos complexos ➛ A celulosa não é digerível ➛ Todos os outros carboidratos devem ser digeridos a monossacarídeos antes que eles possam ser absorvidos Digestão e absorção de proteínas: Digestão e absorção de lipídeos: Absorção de vitaminas e minerais: ➛ Lipossolúveis (K, A, D, E): organizados em micelas -> transportadas até a membrana apical das células intestinais -> quilomicrons -> linfa ➛ C e maioria das B (hidrossolúveis): absorvidas por cotransporte de Na+ ➛ B12 (depende de fator intrínseco): complexo B12 – fator intrínseco é resistente às ações de degradação das proteases pancreáticas e segue até o íleo
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