Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Intervenção de terceiros Conceito Ocorre o fenômeno processual chamada intervenção de terceiro quando alguém ingressa, como parte ou coadjuvante da parte, em processo pendente entre outras partes. A intervenção de terceiros ocorre quando alguém ingressa em processo alheio que esteja pendente, tal invenção somente se justifica se a esfera juridica do terceiro puder ser atingida de alguma maneira pela decisão judicial. Sendo assim, a pessoa não é parte, mas como pode ser juridicamente afetada pela decisão ingressa na relação juridico-processual como terceiro. Classificação das formas de intervenção Podem ser: A) típica: é prevista em lei como tal. Ou seja, o próprio Código trata como intervenção de terceiros previstas nos artigos 119 a 138. O NCPC previu cinco, são elas: assistência, denunciação à lide, chamamento ao processo, amicus curiae e incidente da desconsideração da personalidade jurídica. B) atípica: são aquelas que não são tratadas pela lei como intervenção de terceiros, mas que em realidade são. Por exemplo, embargos de terceiro (art.674), recurso de terceiro prejudicado (art.996), concurso de prelações (art.908) Classificação A) espontânea O terceiro ingressa no processo por sua vontade. Exemplo: assistência e amicus curiae B) provocada O terceiro é citado ou intimado a participar do processo. Exemplo: denunciação à lide, chamamento ao processo, incidente de desconsideração da personalidade jurídica, amicus curiae (entra nos dois) Assistência Ocorre quando, havendo uma demanda entre as partes, um terceiro passa a atuar para ajudar (assistir) uma das partes, pois irá sofrer os reflexos da decisão. O assistente peticiona ao juiz, requerendo o seu ingresso e indicando o interesse jurídico que autoriza a sua admissão. O juiz pode indeferir de plano se perceber que a intervenção não é cabível. Se a intervenção parecer cabível abrirá prazo para as partes se manifestarem sobre o ingresso foi aceito. Se impugnarem o ingresso, o juiz decidirá sem suspender o processo. Art. 120. Não havendo impugnação no prazo de 15 (quinze) dias, o pedido do assistente será deferido, salvo se for caso de rejeição liminar. Parágrafo único. Se qualquer parte alegar que falta ao requerente interesse jurídico para intervir, o juiz decidirá o incidente, sem suspensão do processo. Assistência Simples O assistente simples atuará como auxiliar da parte principal, exercera os mesmos poderes e sujeitar se aos mesmos ônus processuais que o assistido (aquele que faz parte do processo). O assistente simples não é parte, ele não virá como parte no processo judicial, tanto que a lei diz, ele atua como auxiliar da parte. Os terceiros devem ser juridicamente interessados, ou seja, não podem ser desinteressados e nem interessados de fato. Os desinteressados não possuem afetação econômica, mas não juridica (exemplo: se a pessoa perder o processo não terá dinheiro para pagar o que me deve). Nenhum destes pode ser assistente, mas somente o que possui interesse jurídico, isto é, que mantém com uma das partes uma relação juridica que será afetada com o resultado do processo. Art. 119. Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente interessado em que a sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para assisti-la. Parágrafo único. A assistência será admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em que se encontre. Sua atuação é subordinada e dependente do assistido. A atuação é possível em qualquer tipo de processo de conhecimento. Excepcionalmente, pode se admitir em processo cautelar. Art. 121. O assistente simples atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido. Parágrafo único. Sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o assistente será considerado seu substituto processual. Art. 122. A assistência simples não obsta a que a parte principal reconheça a procedência do pedido, desista da ação, renuncie ao direito sobre o que se funda a ação ou transija sobre direitos controvertidos. Como não é titular da relação juridica principal em juízo, os poderes do assistente simples são limitados. Ele é um auxiliar da parte principal, exercendo mesmos poderes e se sujeitando aos mesmos ônus, contudo não tem poder de impedir que a parte principal reconheça a procedência do pedido, desista da ação ou transija sobre direitos contravertidos, hipóteses em que terminado o processo, acaba a intervenção do assistente. Sendo assim, ele pratica todos os atos, menos aqueles dos quais o assistido tenha desistido. Também não pratica atos que são exclusivos das partes, como reconvir, apresentar ação declaratória incidental, valer-se da denunciação da lide ou do chamamento ao processo, ou por exceção de incompetência relativa. Pode apresentar contestação e se o réu for revel, será considerado seu substituto processual segundo o CPC. Se o terceiro que tem interesse jurídico não tiver ingressado como assistente simples no processo, mas quiser fazê-lo para recorrer deverá apresentar o chamado recurso de terceiro prejudicado. Sendo assim, o recurso de terceiro prejudicado não é uma modalidade de intervenção autônoma, mas sim um tipo de assistência tardia. Se a parte assistida tiver renunciado ao direito de recorrer, não poderá o assistente apresentar o recurso de terceiro prejudicado. Art. 123. Transitada em julgado a sentença no processo em que interveio o assistente, este não poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que: I - pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos do assistido, foi impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença; II - desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu. Assistência Litisconsorcial Ocorre quando há relação jurídica entre o assistente e o assistido, bem como com o assistente e a parte adversária do assistido. O que diferencia do assistente simples é que ele é titular da propria relação juridica em juízo. Só existe extraordinária, isto é, somente pode ser assistente litisconsorcial aquele que poderia ter sido parte na ação e que não o foi porque existia alguém com legitimidade para sozinho plenamente representá-lo na ação. Em outras palavras a pessoa poderia ter ingressado com a ação juntamente com o assistido, mas o assistido tinha legitimidade para ingressar sozinho e o fez – se tivesse ingressado junto estaríamos diante de uma hipótese de legitimidade facultativa unitária. Art. 124. Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente sempre que a sentença influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido. Sua atuação não é subordinada e é independente do assistido. Na qualidade de titular da lide, o assistente litisconsorcial desde o momento que ingressa é tratado como assistido, devendo a ambos ser aplicado o regime do litisconsórcio facultativo unitário ulterior. Denunciação à Lide Conceito A denunciação à lide visa garantir o direito de regresso, seja quando feita pelo autor ou quando feita pelo réu. Há duas relaçoes juridicas no mesmo processo, uma entre o autor e réu (ação) e outra entre denunciante (autor e réu) e denunciado (denunciação). Há a existência do processo é denunciada ao terceiro, todas as hipóteses se relacionam ao exercício do direito de regresso, de modo que o terceiro ao qual a lide é denunciada é um sujeito que poderá ser processado futuramente pelo réu da ação caso ele seja condenado, obtendo de volta aquilo que foi condenado a pagar. Tanto o autor quanto o réu podem fazer a denunciação da lide, neste sentido, o autor denuncia na petição inicial se com a improcedência da açãopuder obter de volta o que tiver que arcar de um terceiro e o réu denuncia na contestação se com a procedência da ação puder obter de volta o que tiver sido condenado a pagar. Art. 126. A citação do denunciado será requerida na petição inicial, se o denunciante for autor, ou na contestação, se o denunciante for réu, devendo ser realizada na forma e nos prazos previstos no art. 131 . Art. 127. Feita a denunciação pelo autor, o denunciado poderá assumir a posição de litisconsorte do denunciante e acrescentar novos argumentos à petição inicial, procedendo-se em seguida à citação do réu. Art. 128. Feita a denunciação pelo réu: I - se o denunciado contestar o pedido formulado pelo autor, o processo prosseguirá tendo, na ação principal, em litisconsórcio, denunciante e denunciado; II - se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com sua defesa, eventualmente oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo sua atuação à ação regressiva; III - se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor na ação principal, o denunciante poderá prosseguir com sua defesa ou, aderindo a tal reconhecimento, pedir apenas a procedência da ação de regresso. Parágrafo único. Procedente o pedido da ação principal, pode o autor, se for o caso, requerer o cumprimento da sentença também contra o denunciado, nos limites da condenação deste na ação regressiva. O denunciado terá interesse de que o resultado seja favorável ao denunciante, de modo que não tenha que arcar com nada a título de regresso (se o resultado for favorável ao denunciante, extingue se sem julgamento do mérito a decisão de regresso, que fica prejudicada). Ainda poderá postular que não seja reconhecido o direito de regresso em relação ao denunciante (sendo assim, quando deferida a denunciação amplia o objeto do processo, acrescentando a decisão sobre o direito de regresso). Art. 129, CPC. Se o denunciante for vencido na ação principal, o juiz passará ao julgamento da denunciação da lide. Parágrafo único. Se o denunciante for vencedor, a ação de denunciação não terá o seu pedido examinado, sem prejuízo da condenação do denunciante ao pagamento das verbas de sucumbência em favor do denunciado. Indeferido o ingresso do terceiro, cabe agravo de instrumento. Não é possível denunciação da lide nos processos de execução e cautelar, mas somente em processo de conhecimento. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art131 Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes: § 2º Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado, contra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo promover nova denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será exercido por ação autônoma. São casos em que cabe a denunciação da lide: a) Evicção Art. 125, I, CPC. Ao alienante imediato no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, afim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam. Evicção é a perda da coisa adquirida em contrato oneroso por força de sentença judicial transitada em julgado ou decisão administrativa. Evicto é o sujeito que perde a coisa, que sofre a evicção é aquele indivíduo que busca a coisa, ou seja, que entende ter o melhor direito sobre a coisa transmitida (no caso, o autor da ação), alienante é o responsável pela evicção (no caso, o denunciado). b) Possibilidade de ação regressiva Trata se da hipótese mais abrangente, que envolve qualquer situação em que o exercício do direito de regresso seja possível. Um exemplo bastante clássico é o dos contratos de seguro, posto que a seguradora irá indenizar o dano em caso de condenação do seu segurado. II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo Momento: tratando se de denunciação feita pelo réu, deverá ser alegada na petição inicial, sob pena de preclusão. Caso seja feita pelo réu, deve ser alegada na contestação, sob pena de preclusão (é um acidente processual que ocorre quando uma das partes de um processo perde o direito de se manifestar em dado momento no processo, seja pela perda do prazo, pela não apreciação das normas ou pela perda do momento oportuno). Art. 127. Feita a denunciação pelo autor, o denunciado poderá assumir a posição de litisconsorte do denunciante e acrescentar novos argumentos a petição inicial, procedendo se em seguida à citação do réu. Chamamento ao processo É uma forma provocada de intervenção de terceiros, pela qual se atribui ao réu a possibilidade de chamar ao processo os outros devedores para que ocupem também a posição de réus, sendo todos condenados na mesma sentença em caso de procedência. Somente o réu pode promover o chamamento ao processo. Os chamados passam a ocupar o polo passivo na qualidade de corréus e litisconsortes, de modo que o chamamento provoca uma ampliação do polo passivo da ação. Sendo o réu e os chamados serão condenados em caso de procedência da ação e todos eles poderão ser executados. O chamamento é facultativo e caso seja condenado o réu que não o tenha feito pode processar o coobrigado posteriormente em ação autônoma. Previsto nos artigos 130 a 132 do CPC. Art. 130. É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu: I: do afiançado, na ação em que o fiador for réu; II: dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles; III: dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum. Art. 131. A citação daqueles que devem figurar em litisconsórcio passivo será requerida pelo réu na contestação e deve ser promovida no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de ficar sem efeito o chamamento. Parágrafo único. Se o chamado residir em outra comarca, seção ou subseção judiciarias, ou em lugar incerto, o prazo será de 2 (dois) meses. Em relação à sentença, permitindo que o réu que arque com a obrigação se sub-rogue nos direitos do credor, destaca-se: Art. 132. A sentença de procedência valerá como título executivo em favor do réu que satisfazer a dívida, a fim de que possa exigi-la por inteiro, do devedor principal, ou de cada um dos codevedores, a sua quota, na proporção que lhes tocar. O devedor que, condenado, pagar a divida, fica sub-rogado nos direitos do credor. Caso tenham sido condenados fiador e devedor principal, o primeiro pode exigir que antes sejam excutidos bens do segundo. Em relação às hipoteses de chamamento ao processo, destaca- se: Art. 130. É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu: I - do afiançado, na ação em que o fiador for réu; II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles; III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum. A finalidade do chamamento ao processo é trazer ao polo passivo da demanda pessoas que são obrigadas ou coobrigadas, afim de responderem ao processo junto com aquele que foi demandando. Com a realização desta operação, aquele que eventualmente cumprir a obrigação ao autor, automaticamente ficará com um título executivo contra os demais responsáveis. Há apenas em relação ao réu, não existe chamamento ao processo feito pelo autor. Fiador - afiançado O autor entra com uma ação contra o fiador, pois este se obriga pelo contrato de fiança responder pela obrigação do afiançado. Porém, o fiador pode perfeitamente chamar ao processo o afiançado. Assim, caso eventualmente o fiador pague a dívida, ele fica com o direito de regresso contra o afiançado. Procedimento O procedimento do chamamento ao processo está previsto no art. 131 do CPC. Basicamente, o autor entra com o processo e na contestação o réu chamaao processo os obrigados e coobrigados. Após, haverá a citação e os chamados terão prazo de 15 dias para apresentar sua contestação (defesa). Perceba que se trata de litisconsórcio passivo (irá integrar o processo ao lado do réu) ulterior (formado após o início do processo) e facultativo (é uma opção do réu). Diferença entre denunciação à lide e chamamento ao processo: DENUNCIAÇÃO À LIDE CHAMAMENTO AO PROCESSO Autor e réu Apenas o réu Duas relaçoes juridicas processuais, pois é uma intervenção por ação Apenas uma relação juridica processual, eis que é uma intervenção por asserção Em regra, o denunciado não possui relação juridica com o adversário do denunciante O chamado possui relação juridica com o chamante O pedido é feito por simples petição, mas, nos termos do art. 134, inciso quarto, deve-se demonstrar os pressupostos para a admissibilidade do incidente. Após ao receber o requerimento, o juiz suspende a ação principal e manda citar o réu (contra quem se requer a desconsideração), nos termos do art. 135 do CPC, para que apresenta sua contestação em 15 dias. Logo em seguida, será o momento de produzir provas, a decisão sobre o incidente de desconsideração é interlocutória, ou seja, não conclui o processo. Portanto, contra esta decisão caberá agravo de instrução, nos termos do 1.015, IV do CPC. Amicus curiae É um indivíduo que atua no processo para defender um ponto de vista, mesmo que contrário às partes. Está previsto no Art. 138 do CPC. O amicus curiae, ou amigo da corte, é uma figura do direito brasileiro que garante a participação de órgãos públicos e entidades da sociedade civil em processos judiciais. A participação se dá com base em manifestações sobre assuntos polêmicos ou que necessitem de conhecimento técnico para análise. Assim, o amigo da corte funciona como alguém que vem de fora do processo para trazer informações, dados e opiniões para fundamentar as decisões judiciais. Esse mecanismo é importante, pois garante maior participação da população em julgamentos, democratizando as decisões. Art. 138. O juiz ou relator, considerando a relevância da materia, a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da contravérsia, poderá, por decisao irrecorrível, de oficio ou a requerimento das partes ou quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou juridica, orgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação. § 1º A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de declaração e a hipótese do § 3º. § 2º Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção, definir os poderes do amicus curiae . § 3º O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas.
Compartilhar