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Cardiologia Animal - Resumo

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1 Amanda V. Rockenbach – CAV/UDESC 
Cardiologia 
ANATOMIA E FISIOLOGIA DO 
SISTEMA CARDIOVASCULAR: 
Principal função do sistema cardiovascular é o transporte 
de substâncias, que serão distribuídas para todas as células 
do organismo. Ele também promove a remoção de 
resíduos, levando para pulmões, rins e fígado, que são os 
principais órgãos excretores. 
 
O coração é um órgão que funciona como uma bomba: por 
meio da contração e relaxamento cardíaco, há uma 
diferença de pressão, permitindo a circulação. 
As artérias são vasos sanguíneos que conduzem o sangue 
do coração para os tecidos. Com exceção do tronco 
pulmonar, que transporta sangue venoso, as demais 
conduzem sangue arterial. 
Capilares sanguíneos são microvasos que permitem trocas 
entre sangue e tecido por meio de difusão, eles se 
conectam com as artérias e veias. 
Veias são vasos que conduzem sangue dos vários tecidos 
de volta para o coração. Com exceção das veias 
pulmonares (conduz sangue arterial dos pulmões para o 
átrio esquerdo), o restante conduz sague venoso. 
O sistema cardiovascular é composto por dois tipos de 
circulação: 
Pulmonar ou pequena circulação (25%) – se inicia na região 
do átrio direito, ventrículo direito, tronco pulmonar e vai 
até os pulmões; 
Sistêmica (75%) – composta por átrio esquerdo, ventrículo 
esquerdo, artéria aorta e restante dos vasos do organismo. 
Dentro da circulação sistêmica, cerca de 11-15% do sangue 
está presente nas artérias, 5% nos capilares e 67-80% nas 
veias. 
O coração está localizado dentro da cavidade torácica, na 
região média do mediastino, entre as cavidades pleurais 
esquerda e direita, protegido pelas costelas. Lateralmente, 
se estende da 3ª até a 6ª costela (variando entre espécies). 
A base cardíaca (parte de cima) fica na porção mais dorsal 
do tórax, tendo um íntimo contato com a traqueia e 
brônquios principais (quando o coração aumenta de 
tamanho pode haver implicação no quadro respiratório). 
O ápice cardíaco, ventralmente ao tórax, tem um íntimo 
contato com o esterno e diafragma. 
 
 
Há uma pequena variação entre cães e gatos. O coração do 
cão tem um formato mais ovoide e seu eixo longo fica 
numa posição mais vertical, em relação ao gato, que possui 
 
2 Amanda V. Rockenbach – CAV/UDESC 
um coração mais afilado e “deitado”/horizontal, com um 
maior contato com o esterno. 
Coração é envolto por um saco fibroseroso (pericárdio), 
assim como os grandes vasos. 
O pericárdio possui várias lâminas. Pericárdio parietal é 
dividido em lâminas fibrosa (resistente, inelástica, externa) 
e serosa (internamente). Entre o pericárdio e o coração, há 
a cavidade pericárdica, contendo o líquido pericárdico, que 
evita o atrito entre as superfícies, lubrificando. 
A parede cardíaca mais externa é chamada de epicárdio ou 
pericárdio visceral, composta pela lâmina serosa do 
pericárdio. A camada intermediária é o miocárdio, músculo 
cardíaca. Internamente, há o endocárdio, que tem um 
íntimo contato com o sangue. 
 
 
Entre os dois átrios há o septo interatrial (fechada, não 
permitindo comunicação entre os átrios); entre os 
ventrículos, há o septo interventricular. 
 
Entre o átrio direito e o ventrículo direito há a valva 
tricúspide, separando-os (possui três folhetos/cúspides). 
Entre átrio esquerdo e ventrículo esquerdo, há a valva 
mitral. 
 
As valvas atrioventriculares ficam presas aos músculos 
papilares pelas cordoalhas/cordas tendíneas, estruturas 
que se ligam aos músculos, de modo que, quando há a 
sístole ventricular, há contração do miocárdio ventricular, 
contração dos músculos papilares e as cordoalhas ficam 
mais estendidas/tensas, pois provoca o fechamento das 
valvas atrioventriculares. No momento da diástole, a 
tensão das cordoalhas se desfaz, músculos relaxam e as 
valvas atrioventriculares se abrem, permitindo o 
enchimento ventricular. 
 
Na saída do ventrículo direito, tem início o tronco 
pulmonar, que se divide em artéria pulmonar esquerda e 
direita. Na saída do ventrículo esquerdo, há a artéria aorta, 
mandando o sangue para o corpo todo. 
No início do tronco pulmonar está presenta a valva 
semilunar pulmonar e no início da artéria aórtica a valva 
semilunar aórtica. 
 
 
3 Amanda V. Rockenbach – CAV/UDESC 
As quatro valvas trabalham no contratempo, ou seja, 
enquanto as atrioventriculares se fecham (sístole 
ventricular, contração dos ventrículos), as valvas 
semilunares se abrem. No momento da diástole 
(relaxamento), semilunares se fecham. 
 
As paredes atriais são mais finas em relação as 
ventriculares. A parede ventricular esquerda é muito mais 
espessa em relação à direita. 
VALVA X VÁLVULA – cada valva tem um conjunto de 
válvulas. Cada folheto é uma válvula e o conjunto desses 
folhetos faz a valva. 
*imagem dorsal do coração, olhando o cão por cima, 
cortado na região da base cardíaca. 
Em vermelho mais escura é o esqueleto fibroso do coração, 
o que dá sustentação para o aparato valvar na região da 
base cardíaca (onde tem sustentação das valvas cardíacas). 
Além disso, ela isola eletricamente os átrios dos 
ventrículos, com exceção do nó atrioventricular, a 
transmissão do impulso elétrico ocorre somente ali. 
TIPOS CELULARES: 
Células marca-passo: função de iniciar a despolarização, 
atividade elétrica no coração. Estão presentes no nó SA 
(sinoatrial, que é o maior marca-passo cardíaco), nó AV 
(atrioventricular), sistema His-Purkinje, sendo que nesses 
dois últimos são marca-passos mais lentos. O nó sinoatrial 
domina a função marca-passo do coração. Caso haja uma 
falha na despolarização do nó AS (ou o impulso é 
bloqueado), as células marca-passo do nó AV ou sistema 
His-Purkinje, podem assumir essa função. 
Células de condução: permite a condução da atividade 
elétrica entre os átrios e ventrículos. Estão presentes no nó 
AV, sistema His-Purkinje, miocárdicas. Quando ocorre a 
condução do estímulo elétrico no nó atrioventricular, há 
um atraso nessa condução, para permitir o preenchimento 
ventricular antes da sístole (se não houvesse, átrio e 
ventrículo iriam se contrair ao mesmo tempo). A condução 
para o sistema HP é muito rápida, posteriormente conduz 
para as fibras miocárdicas, que transmitem para as células 
miocárdicas vizinhas, além de serem células funcionais. 
Células funcionais: miocárdicas, são elas que realizam a 
contração do miocárdio, tanto atrial quanto ventricular. 
Outros tipos: fibroblastos, endocárdicas, endoteliais, 
musculares lisas vasculares. 
Para que ocorra a atividade mecânica de bombeamento do 
sangue, precisamos de uma atividade elétrica ordenada 
sequencial. 
Quem determina a atividade elétrica é o SN simpático e 
parassimpático. O simpático atua aumentando a função do 
coração, ou seja, aumenta a frequência de despolarização 
nas células marca-passo e nas células miocárdicas 
aumentando a força de contração. O parassimpático inibe 
a atividade, diminuindo taxa de despolarização e força de 
contração. 
A despolarização inicial começa no nó sinoatrial, nas 
células marca-passo, que está presente no átrio direito, 
próximo a veia cava cranial (função de automaticidade, 
despolarização espontânea, mediada pelo SNA). Uma vez 
iniciada a despolarização, o impulso elétrico é conduzido 
para os átrios (primeiro direito, depois esquerdo através do 
feixe de Bachmann). Entre os nós sinoatrial e 
atrioventricular, há o trato intermodal, então no momento 
que está acontecendo a despolarização atrial, ocorre a 
transmissão do impulso elétrico pelo trato intermodal, que 
se comunica com o nó atrioventricular (lembrando que 
ocorre um pequeno atraso) e na sequência alcança o 
sistema de His-Purkinje. O feixe de His é dividido em ramo 
esquerdo e direito, ele se conecta à rede de Purkinje, que 
alcança o miocárdio ventricular, responsável pela 
condução de célula para célula. 
Potencial de ação é o evento que desencadeia a atividade 
elétricado coração, sendo que ele ocorre quando há 
alteração do potencial transmembrana. Conforme ocorre 
 
4 Amanda V. Rockenbach – CAV/UDESC 
abertura e fechamento dos canais iônicos, há entrada e 
saída dos íons (Na, K, Ca), alterando a carga elétrica interna 
e externa. Essas alterações de potencial transmembrana 
gera o potencial de ação. 
Há dois tipos de resposta entre os tecidos: resposta lenta 
(nós SA e AV) e resposta rápida (miocárdio atrial e 
ventricular, fibras de purkinje). 
Normalmente, a célula cardíaca em repouso, encontra-se 
polarizada, ou seja, internamente possui uma carga 
negativa (-90 mV) e externamente positiva. O que gera isso 
é a diferença de concentração dos íons (internamente tem 
menores concentrações de Na e Ca e maiores de K). o que 
altera é a abertura e fechamento dos canais iônicos, com 
entrada e saída dos íons. Assim, a célula sai do estado 
polarizado, tornando-se despolarizada. 
O processo de despolarização ocorre em cinco fases. Na 
fase 0 (fase de despolarização rápida), célula estava 
polarizada, ocorre a abertura dos canais de sódio, que 
entra na célula (influxo). Fase 1 (fase de repolarização 
parcial), canais de sódio fecham, ocorre abertura dos 
canais de potássio, que tende a sair da célula, levando a 
uma discreta queda na carga elétrica. Na fase 2 (platô), 
ocorre abertura dos canais de cálcio, e o efluxo de potássio 
é equilibrada com o influxo de cálcio, gerando um platô, a 
carga elétrica fica equilibrada. Na fase 3 (repolarização), 
fecham-se canais de cálcio, de potássio continua aberto, a 
carga elétrica volta a ser negativa. Na fase 4, retorna à 
condição de repouso, através da ativação da bomba NaK 
ATPase. 
 
PRA: período refratário absoluto (por mais que a célula 
tenha um novo estímulo para despolarização, não 
acontecerá). PRR: período refratário relativo. 
 
Toda essa despolarização, pode ser registrada através do 
eletrocardiograma. 
 
Em rosa, valva aórtica; em verde, valva mitral; em 
vermelho, volume no interior do ventrículo esquerdo; em 
azul, eletrocardiograma; em preto, as bulhas. 
Onda P: representa a despolarização atrial; 
Onda QRS: representa a despolarização ventricular; 
Onda T: repolarização ventricular. 
Despolarizou o ventrículo, inicia-se a sístole, contração do 
miocárdio ventricular, dos músculos papilares, tensão das 
cordoalhas, valva mitral se fecha, permitindo que todo o 
volume ventricular esquerdo seja ejetado. Como aumenta 
a pressão no interior do ventrículo, a valva aórtica se abre 
permitindo a ejeção de sangue do ventrículo esquerdo, 
sendo assim, o volume dentro dele diminui abruptamente. 
Ocorre a primeira bulha cardíaca, marcando o início da 
sístole ventricular. 
Inicia a repolarização (onda T), marcando o início da 
diástole. Diminui a pressão no interior dos ventrículos, 
 
5 Amanda V. Rockenbach – CAV/UDESC 
valva aórtica se fecha, relaxou o ventrículo e sessou a 
tensão nas cordoalhas, valva mitral se abre, permitindo o 
preenchimento ventricular. A primeira fase de enchimento 
ventricular é passiva, somente abriu a valva mitra e o 
sangue já acumulado no átrio esquerdo passa 
passivamente para o ventrículo esquerdo. A segunda fase 
de enchimento é ativa, pois ocorre a contração atrial. Com 
o fechamento da valva aórtica, auscultamos a segunda 
bulha (início da diástole). 
EXAME CLÍNICO DO CARDIOPATA 
Seguimos uma sequência durante o exame clínico: 
identificação, anamnese, exame físico (geral e especial), 
exames complementares, diagnóstico, prognóstico e 
tratamento. 
IDENTIFICAÇÃO: 
 Nome; 
 Espécie; 
 Idade; 
 Raça; 
 Sexo; 
 Peso; 
 Procedência. 
ANAMNESE: 
Queixa principal: 
 O que (quais sintomas); 
 Quando (início, duração, frequência); 
 Como (gravidade, evolução); 
 Se já tratou (medicamento, dose, intervalo, por 
quanto tempo, consequências). 
SINTOMAS DO CARDIOPATA: 
TOSSE – geralmente, principal sintoma relatado pelo tutor. 
Pode acontecer de duas formas diferentes: 
 Úmida, na tentativa de eliminar secreção, por exemplo 
quando há edema pulmonar decorrente de uma 
insuficiência cardíaca congestiva esquerda. 
Eventualmente, há eliminação de sangue junto 
(hemoptise). 
 Tosse seca, decorrente de um remodelamento 
cardíaco, um aumento do coração, que acabou 
comprimindo brônquios, comprimido traqueias. 
DISPNEIA – sintoma respiratório que pode ocorrer no 
cardiopata. Animais com edema pulmonar, efusão pleural 
ou abdominal, tendo dificuldade na expansão torácica ou 
pulmonar. 
 Animal pode se apresentar em postura ortopneica; 
 Gatos podem respirar pela boca. 
CIANOSE – cor arroxeada nas mucosas e língua. Defeitos 
congênitos que levam a desvio de sangue, como o shunt, 
podem levar a cianose. 
SÍNCOPE – doenças cardíacas graves, levando a hipóxia, 
podem acarretar em síncope. 
CANSAÇO – intolerância ao exercício. 
ASCITE – efusão abdominal, relacionada com a 
insuficiência cardíaca congestiva direita (ICCD). 
PERDA DE PESO – por uma associação de fatores. Um 
animal cardiopata tende a ter um maior trabalho cardíaco 
para compensar, aumentando consumo de oxigênio e 
energia, há maior esforço respiratório. Na ICCD direita o 
animal pode ter congestão hepática e/ou intestinal, não 
conseguindo digerir e absorver corretamente os 
nutrientes. Ainda, animal com ascite ou hepatomegalia, 
causa uma compressão no estômago, animal se sentirá 
saciado mais rapidamente. Efeito colateral de 
medicamentos. 
CONTINUAÇÃO DA ANAMNESE: 
OUTROS ÓRGÃOS: apetite, fezes, urina, febre, relutância 
ao movimento, claudicação. 
ANTECEDENTES: histórico familiar, doenças anteriores. 
ALIMENTAÇÃO: tipo, qualidade, frequência, ingestão de 
água. 
AMBIENTE: viagens, mudanças/estresse, plantas (Nerium 
oleander ou espirradeira), produtos de limpeza. 
MANEJO SANITÁRIO: vacina, vermífugo (Dirofilaria 
immitis), prevenção contra ectoparasitas (intoxicação). 
EXAME FÍSICO GERAL: 
Postura, nível de consciência, ucosas, TPC, estado 
nutricional, pelame, parâmetros vitais, hidratação e 
linfonodos. 
Postura – ortopneica (pescoço esticado e boca aberta), 
paralisia dos membros pélvicos (cardiomiopatia 
hipertrófica que leva a tromboembolismo). 
 
6 Amanda V. Rockenbach – CAV/UDESC 
Estado nutricional – animal muito magro/caquético 
(cardiomiopatia dilatada). 
Alterações estruturais – ascite (ICCD), edema. 
Mucosas e TPC. 
EXAME FÍSICO ESPECIAL DO SISTEMA 
CIRCULATÓRIO: 
Veias e artérias – inspeção e palpação; 
Coração – inspeção, palpação, auscultação. 
VEIAS: 
Inspeção – verificar se há alguma distensão: posicionar o 
animal com a cabeça paralela em relação ao solo. 
Eventualmente, pode haver dilatação (insuficiência 
cardíaca direita, coração não consegue bombear o sangue 
para os pulmões). 
 
Pulso venoso: se passar 1/3 da base do pescoço, é anormal. 
 Negativo – ocorre em equinos e bovinos (em 
pequenos animais é sempre patológico). É detectado 
antes do pulso arterial, ou seja, é assíncrono com os 
batimentos cardíacos. É mais fácil observar em cavalos 
magros, principalmente ao abaixar a cabeça. 
 Positivo: patológico, quando o pulso é síncrono com o 
batimento cardíaco/sístole. Coincide com o pulso 
arterial e ocorre por insuficiência de valva tricúspide, 
que não se fecha completamente e quando tem a 
sístole ventricular pode ocorrer a regurgitação de 
sangue para o átrio direito, podendo alcançar a veia 
cava, retornando para a jugular. Deve diferenciar PVP 
de FPP (falso pulso positivo). O FPP ocorre como 
reflexo do pulso da carótida, fazendo com que a 
jugular “pulse” também. Para diferenciar, você realiza 
o garrote. Deve haver o preenchimento anterior. Se o 
pulso continuar nesse caso, é indicativo de FPP. Se o 
pulso parar e houver preenchimento posterior, o pulso 
venoso é positivo verdadeiro. 
Insuficiência de tricúspide – no momento de sístole 
ventricular, a tricúspide precisa estar fechada, o volume do 
ventrículodireito precisa ser ejetado para o tronco 
pulmonar, indo para os pulmões. Nesse caso, a valva não 
se fecha corretamente, então o sangue no ventrículo 
direito, parte dele, pode retornar para o átrio direito. 
Como a pressão no ventrículo direito é muito grande no 
momento da sístole, o sangue pode retornar para a veia 
cava cranial, alcançando a veia cava jugular, assim 
observamos o pulso venoso passando 1/3 da base do 
pescoço. Não confundir com a artéria carótida. 
Estenose pulmonar – quando a valva pulmonar não se abre 
completamente no momento da sístole ventricular. O 
sangue que está no ventrículo direito não será ejetado por 
completo, tendo no final da sístole um volume no vd, que 
não foi ejetado. Na diástole, já havia um pouco de sangue 
da sístole passada, o fluxo de sangue que está no átrio 
direito para o vd terá uma certa resistência, tendendo a 
retornar para a veia cava. Pulso venoso negativo, ocorre na 
fase de diástole. 
Hipertensão pulmonar – o sangue vem do tronco 
pulmonar para os pulmões. Se tem uma situação de 
hipertensão pulmonar, ocorre uma resistência no fluxo de 
saída do ventrículo direito, tendo uma sobra de sangue ao 
final da sístole, comprometendo a diástole. Sangue no átrio 
direito pode retornar para a veia cava. 
Refluxo hepatojugular: posicionar o cão em posição 
quadrupedal, cabeça paralela ao solo, observar a veia 
jugular. Faço uma pressão na região mais cranial da região 
mesogástrica, aumentando/facilitando o retorno venoso. 
Se o animal tiver o coração direito insuficiente, haverá 
distensão venosa quando esse refluxo for positivo. 
 
ARTÉRIAS: 
Palpação de artérias (pulso arterial) – ocorre expansão da 
parede arterial de forma síncrona com os batimentos 
 
7 Amanda V. Rockenbach – CAV/UDESC 
cardíacos. Avaliamos frequência (quantas por minuto), 
ritmo (regular, cíclico) e intensidade do pulso (força). 
 
Frequência: normosfigmia, taquisfigmia ou bradisfigmia. O 
ideal é avaliar simultaneamente com batimentos 
cardíacos, pois FP = FC (relação 1:1). FP < FC (déficit). 
 
Ritmo: quando mantém uma ciclicidade é regular, se não 
mantém, é irregular. 
Intensidade: avaliação subjetiva da força do pulso, 
baseada na diferença entre pressão arterial sistólica e 
pressão arterial diastólica. Normocinético, hipercinético 
(pulso forte) ou hipocinético (pulso fraco). 
CORAÇÃO: 
Choque cardíaco – palpação, 4º-6º espaço intercostal. 
Auscultação: 4 focos. No lado esquerdo, foco da pulmonar 
no terceiro espaço intercostal, aórtico no quarto EI, foco da 
mitral no quinto EI. No lado direito, foco da valva 
tricúspide. 
*cães 
*gatos 
Os ruídos cardíacos são produzidos pela turbulência do 
fluxo sanguíneo e suas vibrações nos tecidos. 
Primeira bulha – S1: fechamento das valvas 
atrioventriculares, início da sístole, quando o sangue 
repercute contra essas valvas. Mais longa e grave que a 
segunda. 
Segunda bulha – S2 – ao final da sístole, fechamentos das 
semilunares, início da diástole, sangue repercute contra as 
semilunares. Mais curta e aguda. 
Terceira e quarta bulha – quando escutamos, são 
patológicas. Dilatação ventricular, com preenchimento 
rápido gera a terceira bulha (ruído curto e de baixa 
frequência logo após a segunda bulha). S4 ocorre no 
momento de contração atrial, quando estiverem dilatados 
(escutamos antes da 1ª bulha, pré-sistólica). 
NA AUSCULTAÇÃO, AVALIAMOS: 
 Frequência; 
 Intensidade – bulhas normofonéticas, hiperfonéticas 
ou hipofonéticas; 
 Ritmo – regular ou irregular; 
 Sopros – causados por um fluxo turbulento de sangue 
durante a passagem pelo coração ou vasos. 
 Tipo: orgânicos (alteração morfológica do coração) ou 
funcionais (alteração sem relação com a morfologia do 
coração, podendo ser fisiológico quando houver 
diminuição da viscosidade do sangue ou aumento de 
débito cardíaco, ou inocente, que ocorre em animais 
jovens e tendem a desaparecer com 5 meses de 
idade); 
 Grau (intensidade): I/VI (muito leve), II/VI (leve, mas 
audível), III/VI (fácil de reconhecer), IV/VI (sopro alto, 
grave, sem frêmito palpável), V/VI (bem alto, grave, 
com frêmito palpável) e VI/VI (o que difere do grau V, 
é que quando afasto o esteto alguns centímetros da 
parede torácica, ainda consigo escutar). 
 Fase: sistólico ou diastólico. 
 Duração: proto-sistólico/diastólico (terço inicial), 
meso (terço médio), tele (terço final), holo (em toda a 
fase), contínuo (nas duas fases). 
 Origem (foco): pulmonar, aórtico, mitral, tricúspide. 
 
8 Amanda V. Rockenbach – CAV/UDESC 
 
EXAMES COMPLEMENTARES: 
AFERIÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL: 
A pressão artéria é a pressão que o sangue exerce sob a 
superfície de um vaso. Produto entre o débito cardíaco e a 
resistência vascular periférica (PA = DC x RVP); DC = FC x 
VS. 
Ela é expressa em PA sistólica e PA diastólica. Sistólica é a 
pressão mais alta que ocorrerá a cada ejeção de sangue 
cardíaca, a diastólica é a mais baixa, que ocorre um pouco 
antes dessa ejeção. PAM = PAD + (PAS – PAD)/ 3. 
Mensuração: esperar o animal se acalmar para aferir e ter 
um resultado correto. 
Mensuração direta ou invasiva: exige cateterização de 
uma artéria periférica, conectada ao aparelho de 
mensuração. Não é indicado para animais conscientes, 
apenas o estresse pode aumentar a PA. É feita durante 
procedimentos cirúrgicos e para animais hipotensos 
(hipotensão moderada à grave). 
Mensuração indireta ou não invasiva: utilizada na rotina 
clínica. Usa-se o doppler, que possui um transdutor que 
emite um sinal de US que consegue captar a passagem do 
sangue pelo vaso e recebe um sinal sonoro de retorno, que 
é amplificado pelo doppler. Podemos utilizar as artérias 
mediana, mediana plantar ou tibial cranial (porção mais 
distal do MT. 
 
Escolha do manguito: a largura do manguito deve 
corresponder cerca de 30-40% da circunferência do 
membro. 
Infla o manguito, desinfla devagar. O primeiro som que 
escutar é a PA sistólica. A PA diastólica é difícil ser ouvida 
através do doppler. 
Normalmente utilizamos manguitos neonatais. Se for 
muito largo, pode subestimar a pressão, aferindo pressões 
mais baixar. Se for pequeno, o contrário. Devemos fazer de 
5-7 aferições. 
Ainda no método indireto: oscilométrico, colocar o 
manguito na artéria de escolha e automaticamente o 
aparelho confere a pressão. Mas, não é muito sensível para 
cães de pequeno porte e gatos, pode dar valores menores 
(subestimados). 
 
 Pré-hipertensão: 140-159 mmHg; 
 Hipertensão moderada: 160-179 mmHg; 
 Hipertensão grave: >180 mmHg. 
RADIOGRAFIA: 
Muito útil na cardiografia, pois permite avaliar o tamanho 
do coração e sua relação com as outras estruturas do tórax. 
PROJEÇÃO LL - LATEROLATERAL: 
Decúbito lateral direito. O ideal é que seja feita durante a 
inspiração máxima, pois quando o animal inspira o volume 
pulmonar aumenta e afasta o diafragma do ápice cardíaco, 
facilitando a avaliação da silhueta cardíaca. 
Hiperextensão cranial de MTs, para evitar que 
sobreponham a área cardíaca; costelas coincidindo dos 
dois lados, não podendo ocorrer rotações de tórax. 
*sístole x diástole 
PROJEÇÃO DV - DORSOVENTRAL: 
Decúbito esternal, alinhamento entre vértebras torácicas e 
esternos. Na inspiração máxima; membros torácicos 
devem estar estendidos. 
 
9 Amanda V. Rockenbach – CAV/UDESC 
*gato 
ANATOMIA CARDÍACA LL: 
 
O coração de cães e gatos é discretamente rotacionado ao 
longo do eixo base-ápice (longo) para a direita. 
Cranialmente observamos átrio direito (RA), ventrículo 
direito (RV), em contato com o esterno. Caudalmente átrio 
esquerdo (LA) e ventrículo esquerdo (LV) em contato com 
o esterno. 
Por cima, está a traqueia (T) e caudalmente a artéria aorta 
(A). Caudalmente ao coração a veia cava caudal (CVC). 
*Angiocardiograma – lado direito. 
 
Lado esquerdo – vemos átrio esquerdo (LA), ventrículo 
esquerdo (LV), valva aórtica (AV) e artéria aorta (A).As 
setas pretas indicam silhueta cardíaca e o contraste a 
câmara cardíaca. Conseguimos ver bem a parede 
ventricular. 
ANATOMIA CARDÍACA DV: 
 
Porção mais cranial, arco aórtico (AA), átrio direito (RA), 
ventrículo direito (RV), ventrículo esquerdo (LV). Átrio 
esquerdo fica no centro (LAt), pois fica sobreposto sob o 
ventrículo esquerdo. 
*lado esquedro 
*lado direito 
No gato: átrio esquerdo fica entre 14 e 15 horas, o coração 
não tão rotacionado quanto o do cão. 
 
 
10 Amanda V. Rockenbach – CAV/UDESC 
RADIOGRAFIA CARDÍACA – VHS: 
Mensuramos o tamanho do coração comparando o 
tamanho das vértebras. Localizo a T4 (quarta vértebra 
torácica) e então vejo as medidas do coração. O eixo longo 
(base – ápice), é medida a partir da carina (ramificação da 
traqueia) até o ápice cardíaco. Conto quantos corpos 
vertebrais estão contidos nessa medida: 4,5 vértebras. A 
segunda medida será perpendicular a primeira, na altura 
da veia caudal (eixo curto). 
 
CARDIOMEGALIA: 
 
Em branco é a silhueta cardíaca normal. Quando houver 
aumento do átrio direito (RA), encontramos um 
abaulamento na região dorsal cranial. Um aumento do 
ventrículo direito (RV), na região mais ventral (maior 
contato com o esterno). O átrio esquerdo (LA) aumentado, 
se observa na laterolateral um abaulamento e a traqueia é 
elevada dorsalmente. O ventrículo esquerdo (LV) aumenta 
na direção mais ventral e caudal. 
 
Na dorso ventral: AD (RA) se aproxima do gradio costal, VD 
(RV), VE (LV), AE (LAa). 
 
Coração pequeno – menos sangue no coração, animal com 
anemia grave, desidratação, hipovolemia... dá a aparência 
de microcardia. 
 
Edema pulmonar cardiogênico – líquido tem um aspecto 
opaco. Dificuldade em observar a silhueta cardíaca. 
Geralmente ocorre em cães nas porções dos lobos dorsais, 
em gatos não tem uma distribuição regular. Normalmente 
é bilateral e simétrico, mas pode ocorrer também 
assimetria. 
 
 
11 Amanda V. Rockenbach – CAV/UDESC 
Efusão pleural em gato – líquido livre na cavidade. Difícil 
identificar a silhueta cardíaca. 
INTERPRETAÇÃO DA RADIOGRAFIA: 
Animais jovens parecem ter um coração maior em relação 
aos adultos, proporcionalmente ao tórax. 
Diferença na inspiração e expiração. 
Animais com hipovolemia podem ter um aspecto de 
microcardia. 
Alteração do posicionamento cardíaco: doenças 
pulmonares, massas no mediastino, pneumotórax. 
Raças – diferentes conformações de esterno/tórax podem 
alterar o posicionamento cardíaco. 
ECOCARDIOGRAFIA: 
Utilizamos um transdutor, emiti sinais de US e transforma 
em imagem. Avaliamos morfologia cardíaca, alguns índices 
(função sistólica, por exemplo), efusões, funcionamento 
das valvas cardíacas, entre outros. 
EXAMES LABORATORIAIS: 
Troponinas cardíacas: marcadores cardíacos relacionados 
a necrose, principalmente a cTnI. Quando existe alguma 
lesão cardíaca com necrose, ocorre a liberação desses 
marcadores para o sangue. Padrão ouro para infarto do 
miocárdio em humanos. Dificilmente é solicitada como 
exame complementar (cara). 
Peptídeos natriuréticos: ANP e BNP. Quando há distensão 
dos átrios e ventrículos, esses peptídeos são liberados na 
circulação. Marcadores relacionados à função cardíaca. 
Pericardiocentese: quando houver efusão pericárdica, 
análise desse líquido. 
ELETROCARDIOGRAMA 
É o registro gráfico da atividade elétrica do coração. Pelo 
eletrocardiograma teremos condições de realizar o 
diagnóstico de arritmias e distúrbios de condução, 
diferenciando-os; em cães e gatos, podemos estimar o 
tamanho das cavidades/câmaras cardíacas, sugerindo 
aumentos. 
Existem vários medicamentos que podem interferir na 
atividade cardíaca, então, durante o uso desses, é 
importante realizar eletros para acompanhar o tratamento 
(ex: doxorrubicina, atineoplásico). 
Pode ser usado como método de avaliação pré-anestésica, 
recomendado em animais a partir de 10 anos, 
principalmente. 
Alguns distúrbios eletrolíticos também podemos 
identificar através do eletro. 
Registro gráfico do potencial elétrico médio (voltagem x 
tempo): 
 
TEORIA DO DIPOLO (VETOR): 
Um dipolo é um conjunto formado por duas cargas 
elétricas, contrárias, separadas por uma certa distância. 
Quando o coração inicia e conduz a atividade elétrica, são 
formados vários dipolos ao longo do tecido cardíacos, que 
representamos por setas (vetores). 
 
No eletrocardiograma, aparece como um vetor elétrico 
resultante desses pequenos vetores. 
Sentido x direção – o sentido do vetor elétrico é sempre do 
polo negativo para o positivo, sendo assim, a cauda da seta 
sempre representa o lado negativo e a ponta o positivo. A 
direção é a orientação em relação ao espaço, por exemplo, 
do lado esquerdo para o direito. 
 
 
12 Amanda V. Rockenbach – CAV/UDESC 
Durante o eletro, temos um eletrodo que se comporta com 
um polo negativo e outro que se comporta como polo 
positivo. O padrão é com o eletrodo negativo na base e o 
positivo na base, padrão 2. 
As diferentes direções que são registradas no 
eletrocardiograma são representadas com diferentes 
tamanhos e orientações. Quanto mais se aproxima do 
polo/eletrodo positivo, maior é a amplitude da onda. 
Aquele vetor que se afasta do polo positivo, é registrado 
como uma onda negativa. 
FORMAÇÃO E CONDUÇÃO DO IMPULSO: 
O impulso elétrico é formado no nó sinusal (próximo a veia 
cava cranial), uma vez iniciada a despolarização, esse 
impulso é conduzido pelo feixe internodal e pelo miocárdio 
atrial. No nó atriventricular, ocorre um retardo na 
condução, permitindo o final do enchimento ventricular, 
na sequência, chega ao feixe de his, é distribuído pelo ramo 
direito e esquerdo, fascículo anterior e posterior, alcança 
as fibras de purkinjie e, no final, o miocárdio ventricular, 
ocorrendo a despolarização ventricular. 
Após a despolarização, ocorre a repolarização atrial e, 
então, ventricular. 
ATIVAÇÃO ELÉTRICA X ECG 
Quando ocorre a despolarização atrial, forma-se um vetor 
elétrico com direção ao eletrodo positivo, verificamos uma 
onda positiva (onda P). 
No momento em que o impulso passa pelo nó 
atriventricular, ocorre um pequeno atraso, a atividade é 
tão pequena que observamos apenas como uma linha de 
base, a linha que segue a onda P. 
Ao atingir o miocárdio ventricular, que é despolarizado, 
podemos encontrar diferentes ondas, mas, de modo geral, 
a primeira onda de despolarização ventricular (onda Q) é 
negativa e pequena, as vezes ela não está presente. Então, 
vemos a onda R, necessariamente positiva. Na sequência, 
a onda S, negativa e pequena, pode não estar presente. 
Após a despolarização ventricular, há a repolarização, onda 
T, que pode ser positiva ou negativa. 
A repolarização atrial ocorre junto a despolarização 
ventricular. Como atividade elétrica do ventrículo é mais 
intensa, a onda de repolarização atrial está escondida no 
QRS. 
OBTENÇÃO DO TRAÇADO: 
Ambiente tranquilo, posicionar o animal em decúbito 
lateral direito (caso seja utilizada mesa de inox, colocar um 
tapete de borracha para isolar), colocar os eletrodos 
(normalmente utilizamos do tipo jacaré, recomenda-se 
colocar algodão para minimizar o impacto), passar álcool 
no local para melhorar a captação da atividade elétrica. 
Pode também ser utilizado eletrodos do tipo adesivo. 
O decúbito pode ser do lado direito, ou até mesmo fazer 
com o animal em pé? Em circunstâncias adversas, sim, 
mas, influência no resultado, por conta do posicionamento 
cardíaco. Nesses casos, avaliamos principalmente o ritmo 
e frequência cardíaca. 
POSICIONAMENTO DOS ELETRODOS: 
Eletrodos com as cores do “Brasil”, do lado esquerdo. 
Cores claras na frente, então o amarelo é no olecrano 
esquerdo e, cores escuras atrás, então o verde na patela 
esquerda. 
Eletrodos com as cores do “Flamengo”, do lado direito. 
Vermelho no olecrano direito e preto na patela direita. 
“Brasil no coração e Flamengo do outrolado.” 
Ainda, temos o eletrodo explorador, podendo ser branco 
ou azul. Podemos posicioná-lo em locais diferentes do 
tórax do animal, basicamente: 
Cv5RL ou rV2 – 5º EI do lado direito próximo ao esterno, 
próximo ao cotovelo/olecrano; 
V2 (Cv6LL) e V4 (Cv6LU) – V2 no 6º EI do lado esquerdo 
próxima ao esterno; V4 no 6º EI do lado esquerdo próximo 
a junção costocondral. 
V10 – no processo dorsal da 7ª vértebra toraxica. 
 
REGISTRO: 
DII – usamos a derivação V, 5 complexos, 50 mm/s, N (10 
mm/Mv), para fazer as mensurações. 
Depois, rodamos de novo em uma velocidade menor (25 
mm/s), por pelo menos 1 minuto, para avaliar FC e ritmo, 
eixo cardíaco. 
 
13 Amanda V. Rockenbach – CAV/UDESC 
 
No eletro computadorizado, esses registros são 
simultâneos. No papel, precisamos fazer separadamente. 
*diferentes velocidades (estica no sentido horizontal) 
*diferentes sensibilidades – estico ou encolho no sentido 
vertical. Em gatos, por exemplo, utilizamos a 2N, pois o 
complexo é menor. De modo geral, usamos N. 
Derivações – plano frontal (hexaxial): 
X – divide o animal em dorsal e ventral, é o plano frontal. 
Y – divide em esquerdo e direito, sazonal. 
Z – cranial e caudal. 
Cada derivação, vai fazer com que os eletrodos se 
comporte de uma maneira diferente. 
Na DI, o eletrodo negativo é o vermelho, o amarelo é 
positivo (do MT direito, para o MT esquerdo). 
Na DII (padrão que usamos), consideramos o vermelho 
como negativo e o positivo é o verde. 
AVR – o que seria um polo negativo, na verdade é o espaço 
entre o MT esquerdo e MP esquerdo. Teoricamente só tem 
um polo, então chamamos de unipolar. 
 
Sentido sempre do positivo para o negativo. 
As derivações bipolares são DI, DII, DIII. 
*derivações bipolares 
*derivações unipolares aumentadas (em azul). 
Derivação – diferentes pontos de vista para o mesmo 
objeto. Vai determinar a magnitude, polaridade da onda. 
 
14 Amanda V. Rockenbach – CAV/UDESC 
A onda pode ser positiva, negativa ou isoelétrica (quando 
o vetor não se afasta nem se aproxima do eletrodo 
positivo). Quando o vetor elétrico se aproxima do eletrodo 
positivo, a onda é positiva. E quando esse vetor se afasta, 
a onda é negativa. 
 
ANÁLISE DO ECG: 
RITMO: 
Existe uma onda P para todo QRS? Quando tiver, 
chamamos de ritmo sinusal, ou seja, teve origem no nodo 
AS, foi conduzido para os átrios, então para os ventrículos, 
na ordem certa. 
Na sequência, perguntamos se esse ritmo é regular? Para 
isso, posso medir o intervalo P-P (ondas) ou R-R (ondas). 
Caso tenha sempre a mesma distância, será regular. 
*ritmo sinusal normal. 
Tem-se uma onda P para todo QRS. Se houver uma 
variação entre as ondas, maior que 10%, chamamos de 
arritmia sinusal. Em cães, pode ser considerado normal 
(avaliar o caso, pois nem sempre é). Muitas vezes, pode 
estar acompanhada de marca-passo migratório (quando 
observamos diferentes morfologias/amplitudes de onda 
P), considerado fisiológico para cães. 
*arritmia sinusal. 
Para calcular a FC: 
Quando o ritmo é regular, mensuramos o intervalo R-R 
(papel quadriculado). 
 
Fórmula: 1500 / 18 (intervalo R-R) = 83 bpm. Essa fórmula 
utilizamos em DII, N, 25 mm/s. 
Quando o ritmo é irregular, fazemos outro cálculo. 
Mensuramos quanto complexos temos em 15cm/150mm. 
Se a velocidade é 25 mm/s, quantos segundos teremos em 
150mm. 6 segundos. 
 
Então, conto quantos batimentos terei em 6 segundos, 
150mm. Posteriormente, multiplico por 10 (para fechar um 
minuto). 
EIXO ELÉTRICO - VETOR RESULTANTE: 
Avalio a polaridade do complexo QRS, nos três grupos de 
variações perpendiculares entre si: 
 DI e aVF; 
 DII e aVL; 
 DIII E aVR. 
 
Identificação de: aumento das câmaras (ventrículos) e 
distúrbios de condução. 
Preciso identificar, em relação ao espaço, qual a direção 
desse vetor elétrico. 
 
15 Amanda V. Rockenbach – CAV/UDESC 
 
Para determinar o eixo elétrico, avalio o conjunto de 
variações perpendiculares. 
Começando pela DI, a onda é positiva e sua seta/vetor se 
direciona para o lado positivo. A perpendicular da DI, aVF, 
possui a onda positiva, seu vetor aponta para o lado 
positivo. Segundo a DI e a aVF, o eixo elétrico está em 
algum lugar entre 0º e 90º. 
DII, onda positiva, vetor positivo. Na aVL, a onda é 
negativa, vetor indo para baixo (+150º). 
 
No “gráfico”, observando a intersecção (laranja), 
chegamos em +60º a +90º, dentro dos valores de 
referência. Referência para cães: +40º a +100º. Para gatos 
é de 0º q +160º. 
*LEMBRANDO que a ponta da seta SEMPRE aponta para o 
“positivo”, independentemente do número que apareça, 
consideramos positivo. 
Quando a onda é isoelétrica, fica no “meio” e sua 
perpendicular determina o eixo. 
 
 
Desvio para o lado esquerdo: aumento do ventrículo 
esquerdo. Desvio para o lado direito: aumento do 
ventrículo direito. 
Mensurações: 
Realizamos na DII, sensibilidade de N, velocidade de 50 
mm/s. 
Registrado no papel quadriculado, onde os pequenos 
quadrados possuem 1 x 1 mm. Os maiores 5 x 5 mm. Tudo 
que eu medir em altura, a cada 1 mm, multiplico por 0,1 
mV, em largura (duração), multiplico por 0,02 s. 
 
 
16 Amanda V. Rockenbach – CAV/UDESC 
Onda P medimos altura e largura, começando pela linha de 
base, quando ela começa a subir, até a outra linha de base. 
Ex: 3 x 2 mm = 0,3 mV x 0,04 s. 
O intervalo PR inclui a onda P e vai até o início do QRS. *Não 
confundir com segmento PR. 
Na sequência, complexo QRS, medir duração, a partir da 
primeira onda do complexo até o final da última, e 
amplitude, medir cada onda separadamente (quando a 
onda R for predominante, medir apenas ela). Ex: 1,7 mV x 
0,05 s. 
Segmento ST, linha de base estre o complexo QRS e a onda 
T, verificamos se ele está acima ou abaixo da linha de base. 
Se estiver na mesma linha, não tem alteração. Caso ele 
esteja indo para cima, medir o quanto ele está acima, 
supradesnivelamento de ST. Se estiver abaixo, chamamos 
de infradesnivelamento. 
 
Intervalo QT, que consiste em toda a atividade elétrica 
ventricular, começando no início do QRS e indo até o final 
da onda T. Apenas duração. 
Onda T, pode ser positiva, negativa ou bifásica. Verifico se 
essa onda representa até 25% da onda R. O ideal é que seja 
menor que 25%. No exemplo, deu 0,4 mm, considerando 
que a onda R deu 1,7 mm, está dentro do normal. 
INTERPRETAÇÃO DO TRAÇADO 
ELETROCARDIOGRÁFICO 
AUMENTO ATRIAL DIREITO: 
A onda P é formada por duas ondas: a cinza, indica a 
despolarização do átrio direito (início da onda) e a azul do 
átrio esquerdo (final da onda). 
Quando houver aumento do átrio direito, observamos um 
aumento da amplitude da onda P. em cães, o normal seria 
até 0,4 mV e em gatos mV. Chamamos de onda P 
pulmonale. 
 
Pode acontecer na insuficiência da valva tricúspide, 
havendo sobrecarga volumétrica sobre o átrio direito e, 
assim, dilatação. Cardiomiopatia dilatada, estenose da 
valva pulmonar, displasia da valva tricúspide. 
Cuidado – em taquicardias, eventualmente, podemos 
encontrar uma onda P mais alta, mas que não será indício 
de átrio direito aumentado. 
*Cão 
*Gato 
AUMENTO ATRIAL ESQUERDO: 
Quando houver aumento do átrio esquerdo, observamos 
uma duração maior da despolarização atrial, vendo uma 
onda P mais larga. Chamamos essa condição de onda P 
mitrale. 
*onda P mitrale bífida 
Normalmente, a duração da onda P em cães pequenos e 
gatos é até 0,04 s. Em cães médio e grandes até 0,05 s. 
Enventualmente, podemos encontrar uma fenestração, 
uma onda P bífida, parecendo ter dois componentes 
separados. Só o fato de haver fenestração não indica o 
aumento, precisa estar associado ao aumento de duração. 
 
17 Amanda V. Rockenbach – CAV/UDESC 
*cão 
*bífida apenas, não indica aumento de átrio esquerdo 
AUMENTO BIATRIAL: 
Quando houver aumento de ambos os átrios, observamos 
uma onda P alta e larga. 
 
*cão, alta e larga 
AUMENTO VENTRICULAR DIREITO:Normalmente, o vetor elétrico é direcionado ao lado 
esquerdo, por conta da sua maior massa. Então, para o 
aumento ventricular esquerdo aparecer no eletro, precisa 
ser bem grande, puxando o eixo para o lado direito. *Ou 
seja, precisa ser marcante. 
Conseguimos observar onda S profunda na DI, DII, DIII e 
Avf. 
 
Pré-cordiais esquerdas: observamos onda S profunda, 
maior que 0,8 mv em CV6LL e maior que 0,7 mv em CV6LU. 
 
Eventualmente, podemos encontrar um padrão de “W” do 
QRS e onda T positiva em V10. Normalmente, seu padrão 
é QRS negativo e onda T também. 
AUMENTO VENTRICULAR ESQUERDO: 
Como normalmente o eixo ventricular é esquerdo, ele 
pode estar normal ou ainda mais desviado para a esquerda. 
Em cães grandes, a onda R ultrapassa 3 mV de altura e 
duração QRS maior que 0,06 s. 
 
Em cães pequenos onda R ultrapassa 2,5 mv e onda QRS 
maior 0,05 s. 
Em gatos, onda R ultrapassa 0,9 mv e onda QRS maior que 
0,04 s. 
Pré-cordiais esquerdas (CV6LL e CV6LU): onda R se 
apresentará muito alta. Em cães, onda R maior que 3 mv, 
em gatos maior que 1 mv. 
AUMENTO BIVENTRICULAR: 
É difícil confirmar, pois para o aumento do ventrículo 
direito aparecer, ele deveria estar muito aumentado. 
 
18 Amanda V. Rockenbach – CAV/UDESC 
Observamos onda S profunda ou Q, junto com uma onda R 
alta e com duração aumentada do complexo QRS. 
Geralmente, associado ao aumento dos átrios direito e 
esquerdo. 
Algumas vezes o traçado pode estar normal, pois as forças 
elétricas podem se cancelar. 
COMPLEXO QRS DE BAIXA AMPLITUDE: 
Quanto maior a distância dos eletrodos do coração, pode 
diminuir a amplitude do QRS (em todas as derivações). 
Influencias: obesidade, amplitude do tórax, efusão pleural, 
pneumotórax, efusão pericárdica, hipotireoidismo, 
hipovolemia, variação normal (pode ser normal do animal). 
 
Observamos complexo QRS abaixo de 0,5 mV em todas as 
derivações. 
*em gatos normalmente é pequeno, de baixa amplitude 
Eventualmente, podemos observar complexos QRS de 
baixa amplitude de forma intermitente (um baixo, outro 
alto e por aí vai). 
 
Esse tipo de padrão é chamado de alternância elétrica do 
QRS. Normalmente, não acontece, mas podemos verificar 
em condições de efusão pericárdica, conforme o coração 
bate dentro do saco pericárdico, há movimentação 
também de líquido no interior do saco, de forma que dá a 
impressão de afastamento e aproximação do eletrodo. 
ANORMALIDADE EM ST: 
Normalmente, o segmento ST deve estar no mesmo nível 
da linha de base. 
Elevação – supradesnivelamento – em cães >0,15 mv. 
Depressão – infradesnivelamento – em cães >0,2 mv. 
Em gatos, qualquer elevação ou depressão é considerada 
anormalidade. 
*normais 
*elevação e depressão 
Podem causar elevação: isquemia/infarto do miocárdio, 
pericardite. 
Podem causar depressão: isquemia miocárdica, alterações 
de K (hiper/hipocalemia), intoxicação digitálica, trauma 
cardíaco. 
ANORMALIDADES EM QT: 
A partir do início do QRS até o final da onda T. é a soma da 
despolarização e repolarização ventricular. 
 
19 Amanda V. Rockenbach – CAV/UDESC 
 
O intervalo QT é inversamente proporcional à FC. 
Em cães de 0,15 a 0,25 s. gatos de 0,12 a 0,18 s. 
Em uma condição de hipocalcemia, o QT está mais longo, 
prolongado, 0,28s. ainda, pode ocorrer em hipocalemia e 
hipotermia, uso de quinidina, alterações em SNC. 
 
O encurtamento pode ocorrer em condições de 
hipercalemia, hipercalcemia e intoxicação por digitálicos. 
*curto x normal. 
ANORMALIDADES DA ONDA T: 
Ela possui uma morfologia variável, sendo que em gatos 
geralmente é positiva. 
 
O ideal é compararmos com eletros anteriores, 
dificilmente a morfologia irá mudar (formato, tamanho ou 
polaridade). 
Em cães, será até 25% da onda R e em gatos não ultrapassa 
0,3 mV. 
Alterações observadas: 
 Hipercalemia – onda T pontiaguda; 
 Hipóxia do miocárdio: aumento, inversão da 
polaridade; 
 Alterações secundárias às alterações de ventrículos; 
 Mudanças inespecíficas. 
 
*onda T 
aumentada – secundária a alteração de ventrículo. 
AULA PRÁTICA 
Exercício 1: 
Cão, macho, poodle, 11 anos, 6kg, avaliação cardíaca 
(cansaço fácil, dispneia e tosse seca há 1 mês). Estado geral 
bom, pulso normocinético síncrono com batimentos 
cardíacos, FC 120 bpm. Na auscultação pulmonar, bulhas 
irregulares normofonéticas com sopro sistólico grau VI/VI 
em focos mitral e tricúspide. 
 
Ritmo e frequência cardíaca avaliamos na DII, velocidade 
de 25 mm/s. 
 
20 Amanda V. Rockenbach – CAV/UDESC 
 
Tem uma onda P para cada QRS, chamamos de ritmo 
sinusal. Avaliar se é regular, através do intervalo R-R, no 
caso aqui temos uma diferença maior que 10% entre R-R, 
sendo irregular. Temos uma arritmia sinusal. Em poodles, 
podemos considerar fisiológico. 
Avaliando no papel – ritmo irregular: FC = nºQRS (15 cm) x 
10. FC = 80 bpm. 
Pelo computador, utilizar D2, N, na velocidade de 50 mm/s. 
quando o ritmo for regular FC = 3000 / R-R, quando for 
irregular. Contar os quadrados. 
 
 
D1 – positivo – direita (pra onde a seta aponta) – 0º 
Avf – positivo – para baixo – +90º 
D2 – positivo – para baixo – +60º 
Avl – negativo – para baixo – +150º 
 
Determinação do eixo elétrico pelas tabelas – soma da 
amplitude da onda positiva e negativa do QRS nas 
derivações D1 e D3: 
 
Na D1 e D3 vou medir a amplitude da onda R (positiva) e 
da onda Q ou S que são as negativas. 
QRS (D1) = +9 – 2 = +7 
QRS (D2) = +14 – 2 = +12 
Tabela B-1 – quando a D1 é positiva e a D3 também é 
positiva. 
LINHA – D1; COLUNA – D3. 
 
+69 é o eixo exato. 
Na sequência, fazemos as mensurações na D2, N, 50 mm/s. 
 
21 Amanda V. Rockenbach – CAV/UDESC 
 
Onda P – 0,04 s, amplitude de 0,25 mV = 0,04 s x 0,25 mV. 
Intervalo P-R – 0,07 s. 
QRS – 0,07 s x 2,35 mV. 
Segmento ST – está para baixo da linha de base, 
infradesnivelamento de 0,15 mV, para cães é considerado 
normal até 0,2 mV. 
Intervalo Q-T – 0,24 s. 
Onda T – avaliar quanto a polaridade, é negativa, 0,4 mV e 
<25% de R. 
Sensibilidade – caso seja usado N/2 ou 2N, precisamos 
ajustar os resultados, usando um fator de correção. Em N 
1mm = 0,1 mV; em N/2, 1mm = 0,2 mV; em 2N 1 mm = 0,05 
mV. 
AVALIAÇÃO DAS PRÉ-CORDIAIS: 
CV5RL, N: onda T positiva e onda R <3,0 mV. 
 
Onda T positiva e onda R 0,55 mv. 
CV6LL, N: onda R <3,0 mv e onda S <0,8 mv. 
 
Onda R 1,15 mv e onda S ausente. 
CV6LU: onda R <3,0 mv e onda S <0,7 mv. 
 
Onda R 1,4 mv e onda S ausente. 
V10: QRS negativo e onda T negativa. 
 
QRS negativo e onda T negativa. 
Laudo eletrocardiográfico: repetir informação do ritmo e 
incluir alterações caso existirem. Nesse caso, arritmia 
sinusal e sugestivo aumento de ventrículo esquerdo. 
ARRITMIAS CARDÍACAS I: 
BRADIARRITMIA E DISTÚRBIOS DE 
CONDUÇÃO: 
O impulso elétrico do coração tem início no nodo sinoatrial 
(sinusal), onde as células marca-passo iniciam a 
despolarização. Esse estimulo é conduzido através do feixe 
 
22 Amanda V. Rockenbach – CAV/UDESC 
internodal até o nodo atrioventricular, simultaneamente 
ocorre a despolarização dos átrios (direito -> esquerdo). No 
nodo atrioventricular, o impulso elétrico sofre um pequeno 
atraso, permitindo um maior tempo de preenchimento 
ventricular, alcança o feixe de Hiss, é transmitido para as 
fibras de purkinje e atinge o miocárdio ventricular. 
Após a despolarização, deve ocorrer a repolarização, para 
que então o processo de repita. 
Arritmia: anormalidade na FC, anormalidade na 
regularidade, anormalidade no local de origem (formação) 
do impulso cardíaco), distúrbio de condução* que altere a 
sequência de ativação normal. *Algumas alterações na 
condução não causam arritmia. 
DIAGNÓSTICO DE ARRITMIA: 
Sintomas: fraqueza, cansaço fácil, síncope. 
Auscultação cardíaca + palpação do pulso arterial se 
houver déficit de pulso (batimento cardíaco sem pulso) 
pode ser indicativo de arritmia. 
Eletrocardiograma de repouso– diagnóstico definitivo. Se 
não houver alteração no eletro, ainda não posso descartar 
arritmia. 
Eletrocardiograma de exercício – algumas arritmias podem 
ser geradas a partir de um sistema simpático e outras 
abolidas com esse estímulo. 
Eletrocardiograma ambulatorial (Holter) – colocamos o 
aparelho específico que ficará o dia inteiro registrando o 
eletro. 
Limitações (eletro de superfície): não conseguimos 
determinar a exata localização que ocasiona a arritmia ou 
quais são os mecanismos eletrofisiológicos que estão 
levando a ela. 
Mapeamento 3D eletrofisiológico. 
CLASSIFICAÇÃO: 
Frequência cardíaca – taquiarritmias ou bradiarritmia. 
Local de origem – supraventricular (nodo sinoatrial, átrios, 
junção atrioventricular) ou ventricular. 
Formação ou condução – formação ectópica ou distúrbios 
de condução. 
Regularidade – regular ou irregular. 
RITMO SINUSAL NORMAL: 
 
Tem uma onda P e seus QRS estão relacionados – sinusal. 
Intervalo R-R constante, então regular. 
Ritmo sinusal normal: ritmo cardíaco normal, com origem 
no nodo sinoatrial. Onda P para todo QRS, estando 
associados. Intervalos P-P e R-R constantes. 
Frequência para cães: 
 
ARRITMIA SINUSAL: 
Diferença R-R > 10%, chamamos de arritmia sinusal. 
 
Muitas vezes, pode estar acompanhada do marca-passo 
migratório. 
 
Todo o traçado possui diferenças R-R. Há variação entre 
ondas P (morfologia), que podem mudar de amplitude. Em 
cães é normal (60 – 106 bpm), fisiológico, podem estar 
associados ao aumento do tônus vagal. Em gatos, pode ser 
normal também, quando a FC for < 160 bpm. 
Onda P para todo QURS, estão associados. Ritmo irregular, 
variação maior que 10% de P-P ou R-R. 
Arritmia sinusal respiratória – flutuação do tônus vagal. 
Causas: aumento do tônus vagal, enfermidades 
respiratórias, raças braquicefálicas. 
Arritmia sinusal não respiratória: causa desconhecida. 
 
23 Amanda V. Rockenbach – CAV/UDESC 
BRADIARRITMIAS: 
 
Onda P para todo QRS (sinusal), estão relacionados. Ritmo 
regular. FC baixa de 50 bpm (normal de 60-180 bpm). 
Chamado de bradicardia sinusal. 
 
Pode ser fisiológica quando há aumento do tônus vagal. 
Durante o sono, animais calmos, atletas. 
Patológica quando existir doença do NSA (nodo sinoatrial) 
ou do miocárdio atrial. 
Farmacológica: dogoxina, opioides, betabloqueadores, 
bloqueadores de canais de cálcio, alfa-2-agonistas. 
 
Onda P para todo QRS, mas o ritmo é irregular. Nesse caso, 
o intervalor R-R é maior que 2x, quando comparado ao 
anterior. Quando for maior que o dobro, chamamos de 
parada sinusal (sinus arrest). 
Falha do NSA em gerar o impulso, ocorrendo uma 
interrupção da automaticidade. Quando a pausa do ritmo 
sinusal é muito longa, pode haver batimento de escape. 
Ritmo sinusal interrompido por pausa (P-P ou R-R > 2x). 
Causas: fisiológica, patológica, farmacológica. Aumento do 
tônus vagal, enfermidades respiratórias, raças 
braquicefálicas. 
Se for uma pausa de longo período, pode gerar síncope. No 
repouso, se durar mais de 15-25s, no exercício se durar 5s 
ou mais. 
 
Parada sinusal fisiológica, pelo animal ser muito calmo. 
 
 
Aqui, após o reestabelecimento, houve uma falha do nodo 
sinoatrial, ocorrendo um complexo de escape juncional. 
Não há onda P antes do complexo QRS, pois teve início logo 
após os átrios, podendo ser encontrada uma onda P 
negativa, pois foi conduzido de forma retrógrada para os 
átrios. É benigno. 
Complexo de escape ventricular: 
 
Observado após um período de pausa, quando o ventrículo 
se manifesta (algum ponto assumiu o papel de marca-
passo). Complexo QRS é bem diferente da morfologia 
normal. Também é benigno. 
Parada sinusal: 
*ocorreu parada cardíaca, pausa muito longa, indicativo de 
algo patológico, como a síndrome do nó doente (por 
alguma alteração cardíaca o nó sinoatrial é incapaz de 
gerar o impulso elétrico). 
SÍNDROME DO NÓ DOENTE: 
Distúrbio de automaticidade do NSA e condução sinoatrial. 
Geralmente, leva a bradiarritmias. As causas ainda são 
desconhecidas. Há intolerância ao exercício, letargia, 
síncope. 
Atropina – parassimpatolítico. Se eu aplico no animal com 
estimulação vagal, a FC aumenta, pois estou diminuindo o 
tônus parassimpático, na síndrome do nó doente, não 
haverá resposta, pois o animal não tem a capacidade de 
formar o impulso elétrico no nó sinoatrial. Chama-se teste 
da atropina (0,04 mg/kg, IM, IV, SC). 
 
24 Amanda V. Rockenbach – CAV/UDESC 
Se for estimulação vagal, observamos aumento da FC em 
50-100% em 5-10 minutos. 
Exemplo (aumento do tônus vagal): 
 
DISTÚRBIOS DE CONDUÇÃO DO IMPULSO: 
BLOQUEIO SINOATRIAL: 
NSA se despolariza normalmente, o bloqueio ocorre 
próximo à origem, não é conduzido para os átrios. Há 
ausência de despolarização das câmaras. O padrão do ECG 
é semelhante a parada sinusal. 
 
SILÊNCIO OU PARADA ATRIAL: 
Ausência de atividade elétrica atrial (onda P ausente). 
Geralmente, observamos bradicardia concomitante (cães < 
60 bpm, gatos < 160 bpm). 
O NSA despolariza normalmente, o impulso é conduzido 
para o feixe internodal, alcançando o NAV, e vai para os 
ventrículos. Os átrios permanecem insensíveis, não 
conseguem se despolarizar. Chamamos de ritmo 
sinoventricular, alcança apenas os ventrículos. 
Quando NSA falha – ritmo de escape. 
Intermitente – hipercalemia (> 8 mEq/L); 
Persistente – distrofia muscular atrial. 
*complexo QRS permanece normal. 
Comum encontrarmos em gatos obstruídos, por exemplo. 
BLOQUEIOS ATRIOVENTRICULARES (BAV): 
Falha na condução do estímulo elétrico dos átrios para os 
ventrículos. Pode ocorrer em 3 diferentes graus. 
BAV 1º grau: parcial – atraso na condução AV; o estímulo 
passa, mas de forma mais demorada. Há onda P e 
complexo QRS associados, normais (ritmo sinusal). O 
intervalo PR estará aumentado (em cães > 0,13 s, em gatos 
> 0,09 s). Não é uma arritmia! 
*PR = 0,20 s. 
BAV 2º grau: parcial/completa – interrupção intermitente 
da condução AV, alguns passam e outros não. Haverá 
algumas ondas P sem o QRS, pois em alguns momentos a 
condução será bloqueada. 
 
Pode ser Mobitz tipo 1: fenômeno de Wenckebach, haverá 
um atraso crescente até ocorrer o bloqueio da onda P. 
Mobitz tipo 2: intervalo PR é constante até a onda P 
bloqueada (sem o QRS). 
 
BAV avançado: intermediário entre 2º e 3º grau, 
geralmente já está associado com alguma doença cardíaca 
ou degeneração do nó atrioventricular. Observamos 2 ou + 
ondas P bloqueadas (ritmo ventricular sinusal). 
 
Quando ocorre a transmissão do impulso, alcança os 
ventrículos e há a despolarização ventricular. 
 
25 Amanda V. Rockenbach – CAV/UDESC 
BAV 3º grau: bloqueio completo – condução AV ausente, 
ocorre um assincronismo entre a atividade atrial e 
ventricular (dissociação AV). Há ritmo atrial sinusal, ritmo 
ventricular de escape (J/V). 
Onda P característica e QRS mais alongado, não estando 
relacionados. É como se o QRS estivesse passeando sobre 
as ondas P, há uma grande variação. 
Normalmente verificamos bradicardia, levando a 
diminuição do débito cardíaco e a sinais clínicos. 
*Aqui o ritmo está regular, mas não acontece sempre. 
 
Causas para os bloqueios: 1º ou 2º graus pode ser aumento 
de tônus vagal (pode ser fisiológico, como animais calmos, 
por exemplo); avançado e 3º já indica alguma doença 
cardíaca. 
TRATAMENTO BRADIARRITMIAS: 
Quando tratar? Se houver sinais clínicos (cansaço, 
síncope). Identificar e tratar a causa base (pode até mesmo 
ser fisiológico). 
Sintomas: considerar os efeitos colaterais dos fármacos. 
Fármacos: atropina, dopamina, isoproterenol, epinefrina 
(usados de forma emergencial). 
Tratamento definitivo: implante de marca-passo artificial. 
Não é de rotina, poucos hospitais fornecem esse serviço, 
além de ser caro. 
ARRITMIAS CARDÍACAS II: 
TAQUIARRITMIAS 
TAQUIARRITMIAS SUPRAVENTRICULARES: 
Origem: acima dos ventrículos  nó SA, átrios, junção 
atrioventricular.TAQUICARDIA SINUSAL: ritmo sinusal de origem, tem uma 
onda P para todo QRS, mas a frequência cardíaca está 
elevada (intervalo R-R fica curto). Cães pequenos FC > 180 
bpm, cães médios > 160 bpm, cães grandes > 140 bpm, 
cães filhotes > 220 bpm, gatos FC > 240 bpm. 
 
Fisiológica: aumento da automaticidade (tônus simpático); 
exercício, medo, excitação, dor, febre, hemorragia, 
choque, anemia grave, hipertireoidismo. Resposta 
fisiológica frente a um estímulo patológico. 
Farmacológico: induzida por fármacos anticolinérgicos, 
catecolaminas, beta agonistas. 
Animais com insuficiência cardíaca podem apresentar 
taquicardia sinusal pois é um mecanismo compensatório 
de ativação simpática. 
COMPLEXO SUPRAVENTRICULAR PREMATURO: 
*complexo 7 diferente dos demais, onda P sobreposta a 
onda T anterior. 
Estímulo precoce de foco ectópico no átrio (APC) ou junção 
AV (JPC), ou seja, o estímulo não tem origem no nodo 
sinoatrial. Quando aparecer de forma isolada, 
consideramos um achado normal, eventualmente, sem 
significado clínico importante. 
Onda P’ (onda P linha): configuração diferente da onda P 
sinusal, podendo ser negativa, positiva, bifásica, ou, ainda, 
estar sobreposta a onda T anterior. 
Complexo QRS: prematuro (encurtamento do intervalo R-
R, o estímulo ocorreu antes) com configuração “normal”. 
O complexo estará ausente quando os ventrículos estão 
em período refratário, ou seja, quando os ventrículos 
acabaram de despolarizar (complexo QRS) e logo vem 
outra onda P’, não havendo outro complexo QRS em 
 
26 Amanda V. Rockenbach – CAV/UDESC 
seguida pois os ventrículos estão no período refratário, 
para haver despolarização é preciso ter repolarizado. 
Causas: doenças que levam ao aumento atrial (dilatação), 
miocardite, neoplasia. Doenças não cardíacas como 
hipóxia, sepse, toxemia, além de alguns fármacos. 
 
*o complexo supraventricular está entre o 5º e 6º. 
Complexo supraventricular prematuro (1º) X complexo de 
escape (2º): 
 
O de escape acontece após uma pausa (assistolia 
ventricular), então ele é benigno pois caso ele não 
acontecesse o animal desmaiaria ou viria a óbito. 
Já o supraventricular prematuro, vai acontecer antes e o 
débito estará reduzido, pois ao encurtar o intervalo R-R, na 
diástole não haverá um tempo adequado para encher o 
ventrículo, então haverá menos sangue para ser ejetado 
(DC é reduzido), que poderá não alcançar adequadamente 
os tecidos, pois não é suficiente; sendo assim, batimentos 
prematuros são ruins/malignos para o animal. 
*Obs: sopro não se observa no eletro. 
 
*complexo supraventricular prematuro – bigeminismo. 
Bigeminismo supraventricular: um sinusal (normal, regular 
– onda P) um prematuro (o foco ectópico também é regular 
– onda P’). Uma onda P, uma P’. 
TAQUICARDIA SUPRAVENTRICULAR: 
*Sinusal (P), prematuro (P’); P, P’, P’; P, P’, P’, P’. 
Quando há 3 ou mais complexos supraventriculares 
prematuros (SVPC); frequência cardíaca tende a aumentar. 
Também é provocada pelo foco ectópico no átrio ou junção 
AV. O ritmo pode ser regular (1 foco) ou irregular (múltiplos 
focos); sendo o irregular pior, clinicamente. 
Onda P’ e QRS “normal”. Frequência cardíaca elevada, DC 
diminuído. 
Causas: mesma dos SVPC (complexos supraventriculares). 
*Pelo eletro não conseguimos determinar as causas. 
TAQUICARDIA SUPRAVENTRICULAR (TSV) PAROXÍSTICA E 
NÃO SUSTENTADA: quando tem início e término súbito e 
duração menor que 30 segundos (não sustentada). 
 
TSV sustentada: maior que 30 segundos (importância 
clínica relevante: 
 
FLUTTER ATRIAL: 
Raro em cães e gatos, mais comum em equinos. Aparecem 
ondas F, que possuem um aspecto serrilhado. 
 
 
27 Amanda V. Rockenbach – CAV/UDESC 
Observamos um mecanismo de reentrada: pode haver 
duas vias de despolarização, uma mais rápida e outra mais 
lenta; um mesmo estímulo pode estimular a mais rápida e 
depois a mais lenta (como um circuito, subsequentes); há 
diferença na velocidade de transmissão de impulsos. 
Frequência atrial elevada (> 250 bpm); onda F indica 
despolarização atrial. 
Frequência ventricular variável (depende da refratariedade 
do nó AV). O nó atrioventricular (condução lenta) funciona 
como um filtro, para que não passe todos os estímulos, 
pois isso poderia levar ao aumento da frequência 
ventricular. 
FIBRILAÇÃO ATRIAL (FA): 
Mais comum em cães do que em gatos. 
Desorganização na atividade elétrica atrial, tendo 
múltiplos focos de microentrada de despolarização sendo 
formados nos átrios. No traçado, há ausência de onda P e 
presença de ondas F. 
Ritmo ventricular (refratariedade do nó AV, que funciona 
como um filtro, filtrando a atividade elétrica dos átrios para 
os ventrículos, para que não passe tudo se não o ventrículo 
também irá fibrilar). 
Essa atividade desorganizada produz contrações 
incoordenadas e fracas dos átrios. Pode haver redução do 
DC 10 a 20%, pois a contração dos átrios contribui para o 
enchimento final dos ventrículos na diástole e, se eles 
produzem contrações fracas, não haverá um 
preenchimento ventricular adequado. 
Causas: mesmas das arritmias atriais (dilatação). Em alguns 
causos, podemos encontrar FA idiopática (sem causa 
definida), geralmente em raças grandes e gigantes. 
*essas ondinhas, são ondas F. 
*parece que o animal está tremendo, mas são ondas F. 
Na ausculta, é um ritmo regular, geralmente. *Pode haver 
ritmo irregular. 
TRATAMENTOS DAS ARRITMIAS SUPRAVENTRICULARES 
(SV): 
 
Objetivos: diminuir FC, dessa forma diminuindo o consumo 
de oxigênio pelo miocárdio, reduzindo o trabalho cardíaco, 
melhorando o tempo de preenchimento ventricular e o DC, 
mantém a pressão arterial e melhora os sinais clínicos. 
*Diminuir estresse ou dor, para diminuir FC. 
 Pressão arterial normal > 120mmHg; 
 Hipotensão < 100mmHg; 
 Hipotensão grave < 90mmHg; 
 Hipotensão com risco de óbito < 80 mmHg. 
Taquiarritmia SV frequente: medicação VO. Digoxina 
principalmente em condições de insuficiência miocárdica, 
possui um efeito inotrópico positivo (aumenta força de 
contração) e cronotrópico negativo (diminui FC); 
bloqueadores de canais de cálcio; betabloqueadores 
(propranolol). 
Tratamento da fibrilação atrial: a cardioversão (retornar a 
um ritmo sinusal normal) é difícil. Quando associada a ICC, 
a prioridade é o tratamento da ICC. Os objetivos são reduzir 
a FC pela condução AV (< 150 bpm), tentar aumentar 
tempo de diástole. 
Digoxina (checar após 6-8h: 0,8-2,5 ng/ml); diltiazem 
(bloqueador de canal de cálcio); betabloqueadores. Em 
gatos não é muito utilizado digoxina. 
Cardioversão elétrica (requer anestesia), sugerir quando o 
paciente está compensado (sem sintomas) para poder ir 
tranquilamente para uma anestesia. 
Monitorar sempre! 
COMPLEXO VENTRICULAR PREMATURO: 
Estímulo precoce de foco ectópico no ventrículo. Quando 
isolado, consideramos um achado normal. 
Complexo QRS com configuração anormal (bizarro), onda T 
com polaridade contrária (QRS positivo, onda T negativa e 
vice-versa). Onda P não associada ao QRS. 
 
28 Amanda V. Rockenbach – CAV/UDESC 
Configuração larga “bizarra” – monomórfica (1 foco 
ectópico) ou polimórfica (vários focos ectópicos). 
Encurtamento do intervalo R-R indicando que ele ocorreu 
de forma precoce. 
Causas: aumento ventricular, miocardite, neoplasia, 
isquemia. Hipóxia, sepse, toxemia, fármacos, neoplasias, 
anemia, uremia, eletrólitos. 
*Polimórfico, pois no mesmo animal foram observadas 
morfologias diferentes. 
VPC de ventrículo esquerdo: QRS negativo, pois está contra 
o vetor elétrico do coração (início no ventrículo esquerdo). 
VPC de ventrículo direito: QRS positivo, mesma direção do 
vetor elétrico do coração. 
*VPC e complexo de escape. 
Obs: não confundir VPC com complexo de escape. Ambos 
não possuem onda P; o complexo de escape ocorre após 
um período de assistolia (parada sinusal), não é precoce; 
VPC é precoce, não há um tempo adequadopara 
preenchimento ventricular durante a diástole, sem pulso 
palpável. 
Bigeminismo ventricular – 1 normal, seguido de 1 bizarro 
(VPC): 
*possui maior relevância clínica. 
Trigeminismo ventricular – 2 normais, seguido de 1 bizarro 
(VPC): 
 
TAQUICARDIA VENTRICULAR: 
Quando há 3 ou mais VPC na sequência. Sendo as causas 
as mesmas dos VPC. Foco ectópico no ventrículo. 
 Em cães: FC > 100bpm; 
 Em gatos: FC > 150bpm. 
FC = 60 a 100bpm  ritmo idioventricular acelerado 
(clinicamente não é tão ruim quanto a taquicardia 
ventricular). 
Taquicardia ventricular monomórfica (1 morfologia) 
paroxística (começa e termina de repente) e não 
sustentada (dura menos de 30 segundos): 
 
Taquicardia ventricular monomórfica sustentada (não é 
paroxística pois não começou de repente): 
 
Taquicardia ventricular polimórfica não sustentada: 
*50 mm/s, N 
TRATAMENTO DA TAQUICARDIA VENTRICULAR: 
VPC isolados normalmente não precisa tratar. Quando 
começa a ficar mais frequente busca-se a causa de base. 
 
29 Amanda V. Rockenbach – CAV/UDESC 
 
Obs: no ritmo idioventricular não há um 
comprometimento hemodinâmico significativo. 
Quando aumenta FC reduz o volume de ejeção  
Diminuição de débito cardíaco (comprometimento 
hemodinâmico) 
Tratamento da TV: 
Objetivos: diminuir FC, melhorando sinais clínicos, 
aumenta tempo de preenchimento ventricular, diminui 
consumo de oxigênio pelo miocárdio e diminui hipotensão. 
Diminui risco de morte súbita. 
Terapia aguda (IV): 
 Lidocaína (bolus, infusão contínua); não é indicado em 
gatos pois tem efeitos colaterais; 
 Em gatos: esmolol (beta bloqueador). 
Terapia de manutenção (VO): 
 Sotalol (em cães da raça pastor alemão pode piorar a 
arritmia, efeito pró arrítmico), atenolol, propranolol; 
 Amiodarona (cuidado com os efeitos colaterais). 
FIBRILAÇÃO VENTRICULAR: 
Atividade rápida e caótica dos ventrículos. Contrações 
incoordenadas e fracas (grave e fatal). DC ausente. 
Emergência! 
 
Causas: mesmas da TV. 
Desfibrilação elétrica para reverter: confirmar FV ou TV 
sem pulso (inconsciente); o animal precisa estar 
inconsciente para que seja feito. Aplicar gel, carregar 
desfibrilador, suspender RCP (ressuscitação cardio 
pulmonar), solicitar e confirmar afastamento, aplicar o 
choque: 3 a 5 J/kg. Monitorar. 
Insucesso: aplicar mais 2X (aumentar em 50% a carga). Se 
não adiantar, retomar RCP (1 a 2 min) e tentar novamente. 
“Parada cardíaca”: ausência de atividade elétrica e 
mecânica. Clinicamente, significa a ausência de pulso 
arterial. Pode acontecer em TV sem pulso, FV, assistolia 
ventricular, dissociação eletromecânica. 
Assistolia ventricular é quando não há atividade elétrica e 
mecânica do coração, é uma parada cardíaca mesmo. 
 
Nesses casos de assistolia a desfibrilação não adianta, pois, 
o desfibrilador é para reorganizar a atividade elétrica, ele 
não cria atividade elétrica. Faz-se RPC, pois a desfibrilação 
não adianta. 
Dissociação eletromecânica: 
 
Ainda há atividade elétrica, mas não está produzindo pulso 
arterial, sendo assim, não tem atividade mecânica. Muitas 
vezes, antecede a assitolia. Fazer RPC, desfibrilação não 
adianta. 
Linha de base: anterior a onda P, entre a T anterior e a P.

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