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MODULAÇÃO INTESTINAL
SUMÁRIO
1. Introdução ..................................................................... 3
2. Probióticos e Prebióticos ......................................... 4
3. Simbióticos ................................................................... 9
4. Microbiota Intestinal ................................................11
Referências Bibliograficas .........................................16
3MODULAÇÃO INTESTINAL
1. INTRODUÇÃO
A descoberta da existência de probi-
óticos ocorreu no início do século XX, 
quando Ellie Metchnikoff observou 
que a longevidade dos camponeses 
búlgaros estava relacionada com a 
dieta rica em leite fermentado des-
sa população. Ele fez essa associa-
ção pela presença de uma bactéria 
ácido-lática nesse alimento, as quais 
são responsáveis pela fermentação 
de açúcares, como a lactose do leite, 
em ácido lático, acidificando o trato 
digestivo. De maneira contrária, Ellie 
também observou que uma autointo-
xicação intestinal, como a causada por 
um tipo inadequado de dieta, pode 
gerar o aumento de bactérias prote-
olíticas, que geram toxinas putrefati-
vas, aumentando o risco de doenças 
e envelhecimento da população.
Após a descoberta de Ellie, o pesqui-
sador Alfred Nissele, observando um 
grupo de soldados da 1ª guerra mun-
dial, que saíram ilesos de um surto de 
enterocolite por shigelose, percebeu 
que as fezes desses soldados eram 
ricas em uma bactéria, a E. coli, a qual 
associou como uma bactéria proteto-
ra contra enterocolites.
Já no final do século XX, os pesqui-
sadores Gibson e Roberfroid postu-
laram que a microbiota intestinal se 
beneficiam de substâncias não dige-
ríveis, como fibras e casca de frutas.
Assim, hoje sabe-se que microbiota 
intestinal, adquirida após o nascimen-
to, é formada por diversas bactérias 
que realizam diversos processos no 
organismo humano, como a absorção 
de nutrientes, defesa contra micror-
ganismos patogênicos e modulação 
do sistema imune. Há ainda evidên-
cias, de que a microbiota intestinal 
também interfere na inflamação, re-
sistência insulínica e risco cardiome-
tabólico, por exemplo.
4MODULAÇÃO INTESTINAL
2. PROBIÓTICOS E 
PREBIÓTICOS
Os probióticos são microrganismos 
vivos não patogênicos, que conferem 
benefícios à saúde do hospedeiro. São 
seres comensais do trato digestivo, 
que sobrevivem às secreções gástri-
ca, biliar e pancreática, além de serem 
muito resistentes a antibióticos. 
Os principais representantes dos 
probióticos são bactérias gram-po-
sitivas (Lactobacillus, Streptococ-
cus, Lactococcus, Pediococcus, En-
terococcus, Bifidoacterium, Bacillus, 
Clostridium), principalmente Bifido-
bactérias e Lactobacillus, gram-ne-
gativas (E. coli não patogênica) e le-
veduras (Saccharomyces).
Os lactobacilos são bactérias gram-
-positivas e anaeróbicas facultativas, 
predominantes no intestino delgado. 
Os principais representantes são as 
espécies Lactobacillus casei, Lac-
tobacillus rhamnosus, Lactobacillus 
acidophilus. Essas bactérias inibem a 
proliferação de microrganismos não 
benéficos, pela competição com lo-
cais de ligação e nutrientes e produ-
zem ácidos orgânicos, que reduzem 
o pH intestinal, retardando o cresci-
mento de bactérias patogênicas. As 
bifidobactérias são anaeróbicas ou 
anaeróbias estritas, normalmente 
predominantes no intestino grosso, e 
possuem ação benéfica nos quadros 
de diarreia.
A seleção de bactérias probióticas se 
baseia no gênero, estabilidade em se-
creções ácidas e na bile, capacidade 
de adesão e colonização à mucosa do 
MAPA 1 
ELLIE METCHNIKOFF
MODULAÇÃO 
INTESTINALPROBIÓTICOS
LONGEVIDADE 
DOS COMPONESES 
BÚLGAROS
ACIDIFICAÇÃO DO 
TRATO DIGESTIVO MICROBIOTA INTESTINAL
5MODULAÇÃO INTESTINAL
TGI, bem como produção de substân-
cias antimicrobianas. Essas bactérias 
não podem ser patogênicas, ou seja, 
seu uso precisa ser seguro, e não 
podem transferir genes que possam 
gerar resistência a antimicrobianos. 
Além disso, o uso de probióticos deve 
ser diário, sendo eficaz em concentra-
ções maior que 107 células viárias por 
grama ou mililitro de conteúdo (OMS). 
Com isso, levando em consideração a 
diluição e a perda que ocorre durante 
o tráfego no TGI, é recomendado o 
uso de probióticos que tenham um 
nível populacional igual ou superior a 
109 células viárias, visto que nem to-
das serão absorvidas. Além disso, é 
preciso que os microrganismos este-
jam vivos para que realizem suas fun-
ções, daí a importância do uso corre-
to de antibióticos, ou seja, utilização 
apenas quando necessária e nas do-
ses e período de tempo adequado. 
Competição por 
nutrientes e probióticos
Bioconversão
Produção de substratos 
de crescimento
Antagonismo 
direto
Estimulação 
imune
Exclusão 
competitiva
Melhora da resposta 
imune inata
Redução da 
inflamação
Recrutamento 
de neutrófilos
Figura 1. Ação dos probióticos. Fonte: https://bit.ly/34bvDPk
Os probióticos aumentam a produ-
ção de ácidos graxos de cadeia cur-
ta, reduzindo o pH do meio e conse-
quentemente favorável à proliferação 
das bactérias benéficas e aumentam 
a resistência contra bactérias pa-
togênicas. Isso porque competem 
por nutrientes e sítios de adesão 
com bactérias patogênicas, produ-
zem bacteriocinas e metabólitos que 
6MODULAÇÃO INTESTINAL
favorecem a defesa contra os pató-
genos e modulam o sistema imuno-
lógico aumentando os níveis de anti-
corpos (IgA) e atividade fagocítica dos 
macrófagos, ativação dos linfócitos B 
e T, além de inibirem a liberação de 
toxinas.
Os probióticos auxiliam na digestão 
da lactose em indivíduos intoleran-
tes pelo fato de as bactérias lácticas 
produzirem a b-D-galactosidase, 
além de que a fermentação de pro-
dutos lácticos pela bactérias lácticas 
aumenta a absorção de vitaminas do 
complexo B, importante no metabo-
lismo de carboidratos, proteínas e lipí-
dios. Essas bactérias também ajudam 
na melhora da absorção de macro e 
micronutrientes e produção de ácido 
lático e ácidos graxos de cadeia cur-
ta, que contribuem para a geração de 
energia no organismo. Esses ácidos 
graxos de cadeia curta também pa-
recem estar envolvidos na diminuição 
da síntese de colesterol hepático, as-
sim como a redistribuição do coleste-
rol do plasma para o fígado. Alguns 
estudos também evidenciam que os 
probióticos realizam efeito anti-hi-
pertensivo ao controlar a pressão ar-
terial, e diminuem a ação patogênica 
da H. pylori, que gera úlceras no TGI, 
especialmente no estômago, além de 
controlarem a colite provocada por 
rotavírus.
Além disso, esses microrganismos, 
promovem a manutenção e repa-
ro da barreira intestinal, reduzindo a 
permeabilidade e absorção de alér-
genos e antígenos, diminuindo a in-
flamação local. Também auxiliam na 
resolução da obstipação intestinal.
SE LIGA! O colesterol é produzido em 
várias células e tecidos do corpo, sendo 
que 25% é sintetizado no fígado, utili-
zado nas membranas celulares. O co-
lesterol é transportado no plasma por 
lipoproteínas, LDL e HDL, também pro-
duzidas no fígado, sendo a alta taxa de 
LDL associada com o desenvolvimento 
de doenças cardiovasculares, principal-
mente. Assim, a redução da produção 
desses compostos pelo fígado induzida 
pelo consumo de probióticos é benéfica 
ao diminuir as chances de desenvolvi-
mento de dessas doenças. 
O termo prebiótico foi empregado por 
Gibson e Roberfroid, em 1995, para 
designar “ingredientes nutricionais 
não digeríveis que afetam benefica-
mente o hospedeiro estimulando se-
letivamente o crescimento e atividade 
de uma ou mais bactérias benéficas 
do cólon, melhorando a saúde do seu 
hospedeiro”. Ou seja, os prebióticos 
não são microrganismos vivos e sim 
ingredientes nutricionais que estimu-
lam seletivamente o crescimento de 
bactérias específicas, pois fornecem 
alimentos para determinados grupos 
de bactérias, especialmente bifido-
bactérias e lactobacilos. Esses ingre-
dientes, então, promovem mudanças 
específicas na composição e/ou ativi-
dade da microbiota gastrointestinal.
7MODULAÇÃO INTESTINAL
Os prebióticossão substâncias ali-
mentares, principalmente os polissa-
carídeos não amido e oligossacaríde-
os, resistentes à acidez gástrica, que 
sofrem hidrólise parcial no intestino 
de mamíferos. Essas substâncias po-
dem ser absorvidas pela via alimen-
tar, a partir de fibras e cascas de fru-
tas, e também sinteticamente.
Alguns açúcares absorvíveis ou não, 
fibras, álcoois de açúcares e oligos-
sacarídeos estão dentro deste con-
ceito de prebióticos. Destes, os oli-
gossacarídeos – cadeias curtas de 
polissacarídeos compostos de três a 
dez açúcares simples ligados entre si 
–, têm recebido mais atenção pelas 
inúmeras propriedades prebióticas 
atribuídas a eles. Os frutooligossaca-
rídeos são polissacarídeos que têm 
demonstrado bons efeitos prebióti-
cos, “alimentando” seletivamente al-
gumas espécies de Lactobacillus e 
Bifidobactérias, reduzindo, assim, a 
quantidade de outras bactérias como 
Bacteroides, Clostridium e Coliformes. 
Os prebióticos podem ser obtidos na 
forma natural em sementes e raízes 
de alguns vegetais como a chicória, 
cebola, alho, alcachofra, aspargo, ce-
vada, centeio, grãos de soja, grão-
-de-bico e tremoço. Também, podem 
ser extraídos por cozimento ou atra-
vés de ação enzimática ou alcoóli-
ca. Há, também, os oligossacarídeos 
sintéticos obtidos através da polime-
rização direta de alguns dissacaríde-
os da parede celular de leveduras ou 
fermentação de polissacarídeos, além 
dos oligossacarídeos do leite materno. 
Eles atuam principalmente no intesti-
no grosso, sendo uma fonte de ener-
gia para a proliferação de bactérias 
benéficas, e mudança na composição 
e/ou atividade das bactérias gastroin-
testinais, favorecendo principalmente 
o crescimento de bifidobactérias.
Os prebióticos, ao alimentarem as 
bactérias comensais, as tornam mais 
fortes e consequentemente o meio 
se torna menos suscetível ao cresci-
mento de colônias de bactérias pa-
togênicas, devido ao mecanismo de 
competição entre elas. Além disso, 
acredita-se que os prebióticos e pro-
bióticos geram indiretamente o bene-
fício de diminuição da permeabilidade 
intestinal às toxinas inerentes ao pro-
cesso digestivo, pois a ligação des-
ses probióticos ao enterócito promo-
ve cascatas que liberam citocinas, e 
com isso ocorre melhora imunológica, 
resolução da inflamação e melhoria 
da saúde mental. A saúde mental se 
relaciona com a saúde intestinal por 
conta do fato de que o sistema gas-
trointestinal também é responsável 
pela produção de diversos de neuro-
transmissores do bem-estar.
8MODULAÇÃO INTESTINAL
Figura 2. Alimentos prebióticos. Fonte: https://bit.ly/34ekeP3
MAPA 2
PROBIÓTICOS
MICRORGANISMOS 
VIVOS NÃO PATOGÊNICOS
PRODUÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS DE 
CADEIA CURTA E ÁCIDO LÁTICO
MELHORA DIGESTÃO E ABSORÇÃO 
DE MACRO E MICRONUTRIENTES
MODULAÇÃO DO SISTEMA IMUNE
MAIOR PRODUÇÃO DE 
ANTICORPOS E ATIVIDADE 
FAGOCÍTICA
INIBIÇÃO DA LIBERAÇÃO DE 
TOXINAS E MANUTENÇÃO 
DA BARREIRA INTESTINAL
PREBIÓTICOS
INGREDIENTES QUE PROMOVEM O 
CRESCIMENTO DE PROBIÓTICOS
POLISSACARÍDEOS NÃO AMIDO
OLIGASSACARÍDEOS
RESISTENTES À ACIDEZ GÁSTRICA
9MODULAÇÃO INTESTINAL
SE LIGA! Probióticos auxiliam na prevenção de infecções urogenitais, como as vaginoses, 
por reduzirem a quantidade de bactérias patogênicas no colón e aumentarem a quantidade 
de competidores benéficos no trato urogenital. Atualmente, alguns infecções genitais são 
tratadas com probióticos (encapsulados ou via vaginal), especialmente em quadros recorren-
tes, e também é recomendado o uso de probióticos após o tratamento com antibióticos para 
vaginoses. 
Abaixo, uma tabela relacionando a aplicabilidade de alguns microrganismos 
considerados probióticos:
CEPA SITUAÇÃO CLÍNICA
Lactobacillus casei
- Prevenção da diarreia associada a antibióticos em adultos 
- Prevenção de diarreia por C. difficile em adultos 
- Terapia adjuvante para erradicação de H. pylori 
- Complementa o crescimento do Lactobacillus acidophilus 
- Auxilia na digestão e redução à intolerância à lactose e constipação
Lactobacillus 
acidophilus
- Prevenção da enterocolite necrosante em lactente pré- maturo 
- Prevenção de diarreia por C. difficile em adultos 
- Prevenção da diarreia associada a antibióticos em adultos 
- Tratamento da diarreia aguda infecciosa em crianças - Produz enzima lactase
- Aumenta a imunidade
Lactobacillus 
rhamnosus
- Tratamento da diarreia aguda infecciosa em crianças 
- Prevenção da diarreia associada a antibióticos em crianças 
- Prevenção da diarreia associada a antibióticos em adultos 
- Prevenção da diarreia nosocomial em crianças 
- Terapia adjuvante para erradicação de H. pylori 
- Alivia alguns sintomas da síndrome do intestino irritável
Bifidobacterium Lactis
- Prevenção da enterocolite necrosante em lactente pré- maturo 
- Prevenção de diarreia por C. difficile em adultos 
- Prevenção e manutenção da remissão na pouchit (bolsite)
Tabela 1. Fonte: Flesch AGT, Poziomyck AK, Damin DC. O Uso Terapêutico dos Simbióticos. ABCD Arq Bras Cir Dig 
2014;27:206-9
3. SIMBIÓTICOS
Os simbióticos são gerados pela jun-
ção de um ou mais probióticos com 
um ou mais prebióticos, de modo que 
os prebióticos são complementares e 
sinérgicos aos probióticos. Essa as-
sociação traz benefícios adicionais, 
como aumento da resistência das 
cepas contra patógenos e também 
exercem um efeito multiplicador so-
bre as ações isoladas dos probióticos.
O uso clinico de probióticos, prebióti-
cos e simbióticos é capaz de prevenir 
câncer colorretal, tratar diarreia aguda, 
evitar diarreia por antibióticos, auxiliar 
no tratamento de doença inflamatória 
10MODULAÇÃO INTESTINAL
intestinal, doença hepática não alco-
ólica do fígado e prevenir diarreia no-
socomial (diarreia hospitalar). A ação 
dos simbióticos na prevenção de cân-
cer está associada à ligação e degra-
dação de compostos com potencial 
carcinogênico, alterações quantitativa 
e/ou qualitativa na microbiota intes-
tinal envolvidas na produção de car-
cinógenos e produção de compostos 
antimutagênicos no cólon (como o 
butirato).
Há também benefícios não relaciona-
dos ao trato gastrointestinal, que são 
a melhora da resposta imunológica, 
diminuição de vaginose bacteriana, 
prevenção de atopia, principalmente 
no puerpério, e da síndrome metabó-
lica e várias doenças cardiovascula-
res, bem como a redução de sintomas 
psiquiátricos, especialmente ansieda-
de e depressão.
Os simbióticos têm sido utilizados na 
dietoterapia, visando a melhora do 
estado de saúde de pacientes com 
alguns tipos de câncer. Comumente 
ocorrem alterações na composição 
da microbiota gastrointestinal devi-
do a fatores ambientes e alimentares, 
favorecendo infecções perioperató-
rias. Esses pacientes (portadores de 
câncer) são mais suscetíveis a infec-
ções do que outros pacientes cirúrgi-
cos por uma séria de fatores, sendo 
a translocação bacteriana a principal 
causa. Basicamente, a translocação 
bacteriana consiste na passagem de 
microrganismos ou endotoxinas da 
mucosa e lâmina própria do trato di-
gestivo para os linfonodos mesentéri-
cos e outros órgãos, e esse fenômeno 
está associado à bacteremia, sepse e 
falência de múltiplos órgãos.
Figura 3. Ação simbiótica. Fonte: https://bit.ly/3dWIfgB
11MODULAÇÃO INTESTINAL
CEPA DOSE
Lactobacillus casei 1010 ufc -2x/dia
Lactobacillus acidophilus 109 – 1013 ufc – 1 a 3x/dia
Lactobacillus rhamnosus 1010 – 1011 ufc – 2x/dia
Bifidobacterium lactis 1010 ufc – 2x/dia
Tabela 2. Fonte: Flesch AGT, Poziomyck AK, Damin DC. O Uso Terapêutico dos Simbióticos. ABCD Arq Bras Cir Dig 
2014;27:206-9
MAPA 3
SIMBIÓTICOSEFEITO MULTIPLICDOR SOBRE AS AÇÕES DOS PROBIÓTICOS
RESISTÊNCIA CONTRA 
PATÓGENOS
PREVENÇÃO DE CÂNCER 
COLORRETAL, ATOPIAS, VAGINOSE 
BACTERIANA, PREVENÇÃO DE 
SÍNDROMES METABÓLICAS 
SINERGIA ENTRE 
PREBIÓTICOS E PROBIÓTICOS
4. MICROBIOTA 
INTESTINAL
O microbioma intestinal é formado 
por um conjunto de microrganismos 
comensais encontrados em um orga-
nismo, unidos por uma relação simbi-
ótica, que pode ser benéfica ou pato-
gênica. O intestinohumano hospeda 
cerca de 10¹4 bactérias, distribuídas 
pelo TGI, sendo mais de 1000 espé-
cies, destacando os Bacterioides spp, 
Bifidobacterium spp e Lactobacillus 
spp (benéficas), Enterobecteriaceae 
e Clostridium spp (patogênicas), as 
quais têm papel fundamental na fun-
ção imunológica da mucosa do trato 
gastrointestinal. 
12MODULAÇÃO INTESTINAL
Os indivíduos apresentam a compo-
sição da microbiota intestinal distin-
tas, a qual é influenciada por fatores 
genéticos, além de características in-
dividuais e ambientais, como o modo 
de nascimento (parto normal ou ce-
sariana), idade e hábitos alimentares 
(amamentação ou fórmula), tempo 
de gestação, uso de antimicrobianos, 
condições de higiene e até mesmo o 
estresse da mãe.
A passagem pelo canal vaginal no mo-
mento do parto começa a estimular a 
colonização do trato gastrointestinal 
do recém-nascido, devido ao contato 
com os microrganismos maternos, e 
no período pós-natal, a duração da 
amamentação também determinará 
esta microbiota. Um atraso na coloni-
zação do TGI pode gerar menor resis-
tência a infecções, devido ao retardo 
no balanço das respostas Th1 e Th2, 
bem como favorecer o desenvolvi-
mento de alergias alimentares. 
Comparando com adultos, os lacten-
tes possuem a microbiota do TGI com 
maior variabilidade da composição, 
apresentando menos espécies com 
menor estabilidade. Entre 2 e 3 anos 
de idade, o ecossistema passa a ser 
Boca
Estômago
Colonizado por ~ 10³ bactérias /ml
Duodeno
Colonizado por ~ 10²-104 bactérias/ml
Cólon
Colonizado por ~ 10¹¹
Reto
Figura 3. Trato gastrointestinal. Fonte: https://bit.ly/34bvDPk
13MODULAÇÃO INTESTINAL
mais estável, assemelhando-se ao do 
adulto. Já os indivíduos adultos podem 
apresentar modificações na composi-
ção de sua microbiota gastrointestinal 
por influência de alterações ambien-
tais ou de estados patológicos. 
Com o envelhecimento, é observado 
redução na população de Bacteroides, 
Bifidobactérias e menor produção de 
ácidos graxos de cadeia curta, assim 
como crescimento de anaeróbios fa-
cultativos, como Fusobacteria, Clos-
tridia, Eubacteria, e maior atividade 
proteolítica. Há evidências de que es-
sas modificações estão associadas à 
perda de paladar, olfato e menor in-
gestão alimentar.
SAIBA MAIS!
Indivíduos magros e obesos apresentam diferente composição da microbiota intestinal, e isso 
estimula a produção de diferentes citocinas inflamatórias por esses dois grupos. A hipertrofia 
do tecido adiposo gerada pela obesidade gera distúrbios metabólicos e hemodinâmicos pela 
produção de adipocinas, as quais estão envolvidas com o processo de resistência insulínica 
e consequente síndrome metabólica. Assim, diferentes composições da microbiota podem 
aumentar a produção de citocinas pró-inflamatórias, alterando a expressão de genes do hos-
pedeiro e induzindo o estado patogênico que proporciona o desenvolvimento de doenças 
crônicas não transmissíveis, como o diabetes.
Além de preparar o sistema imunoló-
gico da mucosa, a microbiota intestinal 
também mantém a homeostasia do 
epitélio intestinal e integridade epite-
lial de barreira, participa da motilida-
de intestinal, absorção de nutrientes 
e metabolização de macronutrientes, 
gerando subprodutos fermentáveis, 
que são ácidos graxos de cadeia cur-
ta, que promovem o pH adequado 
ao bom funcionamento tanto da di-
gestão quanto da absorção. Micror-
ganismos que colonizam o intestino 
podem alterar a expressão gênica em 
células da mucosa intestinal, poden-
do inclusive alterar a função do trato 
gastrointestinal.
A dieta é o principal fator que influen-
cia nas características da microbiota 
intestinal, que é resultado dos hábi-
tos alimentares de longo prazo e por 
fenótipos do hospedeiro, não sendo 
muito alterada por intervenções de 
curto prazo. Dietas hiperlipídicas, por 
exemplo, pode afetar a integridade da 
mucosa do TGI e desregular sua per-
meabilidade, o que torna o indivíduo 
mais vulnerável a infecções, altera-
ções essas que não estão necessa-
riamente associadas à obesidade. O 
mesmo vale para o teor de açúcar 
consumido, que gera alterações na 
composição da microbiota, elevando 
o número de Firmicutes e reduzindo o 
de Bacteroidetes.
14MODULAÇÃO INTESTINAL
O mau funcionamento da microbiota 
é chamado de disbiose intestinal, que 
é provocada pela relação patogênica 
entre bactérias e o hospedeiro, sendo 
o principal mecanismo desse proces-
so a inflamação do lúmen intestinal, 
que gera uma lesão na mucosa intes-
tinal, levando a perda da integridade 
da barreira e consequentemente a 
doenças.
As principais causas de disbiose in-
testinal são o uso indiscriminado de 
antibióticos, principalmente quando 
não é feito uso de probióticos; estres-
se crônico; dieta ocidental rica em ali-
mentos ultraprocessados e açúcares; 
e há também a hipótese da higiene, 
a qual postula que a incorporação de 
maus hábitos de higiene e vacina-
ção, por exemplo, favoreceu a proli-
feração de determinados grupos de 
bactérias, que ativam uma resposta 
Th2 mais do que a resposta Th1, tor-
nando os indivíduos mais suscetíveis 
a alergias e menos preparados con-
tra microrganismos invasores. Esse 
desequilíbrio provoca diarreia, alergia 
alimentar, eczema atópico, doenças 
inflamatórias intestinais, artrite, entre 
outros.
 A disbiose intestinal pode ser evita-
da antes mesmo do nascimento, com 
a correta alimentação da genitora no 
período gestacional, com uso de pro-
bióticos quando necessários, bem 
como o aleitamento materno após o 
nascimento do bebê. Além disso, é 
importante o uso adequado de anti-
bióticos, que devem ser usados ape-
nas quando necessário, e seguindo 
as doses e o tempo correto de tra-
tamento, bem como realizar uso de 
probióticos após a antibioticotera-
pia, a fim de restabelecer a microbio-
ta intestinal. Também é necessário o 
gerenciamento do estresse da vida 
moderna e evitar a exposição maior 
e precoce das crianças a ambientes 
não estéreis, dando maior tempo para 
que elas desenvolvam melhor seus 
mecanismos de defesa.
A suplementação alimentar com pro-
bióticos e prebióticos, então, auxiliam 
na homeostase intestinal e possibilita 
o desempenho adequado das fun-
ções fisiológicas do hospedeiro.
SAIBA MAIS!
A resposta Th2 é mais relacionada com os processos alérgicos, enquanto a resposta Th1 
está mais envolvida com os mecanismos de defesa do organismo. Isso porque as citocinas 
produzidas pelas células Th1 ativam macrófagos e favorecem a geração de células Tc, ge-
rando uma resposta mediada por células. Enquanto as citocinas produzidas pelas células 
Th2 ativam células B, produzindo anticorpos. Lembrando que tanto as células Th1 quanto 
as células Th2 são subgrupos dos linfócitos T CD4+, e os processos alérgicos são mediados 
principalmente por IgE, que é produzida pelas células B (plasmócitos).
15MODULAÇÃO INTESTINAL
MAPA 4
ABUSO DE 
ANTIBIÓTICOS 
MICROBIOTA 
INTESTINAL
MELHORA DA 
RESPOSTA TH1 
COMPOSIÇÃO INFLUENCIADA 
POR GENÉTICA, DIETA, 
MODO DE NASCIMENTO 
E CARACTERÍSTICAS 
INDIVIDUAIS E AMBIENTAIS
DISBIOSE INTESTINAL 
REGULAÇÃO DA 
RESPOSTA TH2
AUMENTO DE 
ANTICORPOS IgA
MELHORA DA 
FAGOCITOSE
ATIVAÇÃO DE 
LINFÓCITOS B e T
MENOR ABSORÇÃO 
DE ALÉRGENOS
ESTRESSE CRÔNICO
DIETA OCIDENTAL 
RICA EM 
ULTRAPROCESSADOS
HIPÓTESE 
DA HIGIENE
MAPA 5
MODULAÇÃO 
INTESTINAL
PROBIÓTICOS PREBIÓTICOS MICROBIOTA INTESTINAL
INGREDIENTES QUE 
PROMOVEM O CRESCIMENTO 
DE PROBIÓTICOS
REGULAÇÃO DAS 
RESPOSTAS TH1 (DEFESA) 
E TH2 (ATOPIAS)
PRODUÇÃO DE ÁCIDOS 
GRAXOS DE CADEIA 
CURTA E ÁCIDO LÁTICO
MELHORA DIGESTÃO E 
ABSORÇÃO DE MACRO E 
MICRONUTRIENTES
MODULAÇÃO 
DO SISTEMA IMUNE
16MODULAÇÃO INTESTINAL
REFERÊNCIAS 
BIBLIOGRAFICAS
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17MODULAÇÃO INTESTINAL

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