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Abordagem terapêutica da Insuficiência Cardíaca Acadêmicos: Flávia Tolfo, Raíssa Rodrigues, Vinícius Pereira e Willian Fernandes Professor: João Pedro Scussel Feranti Insuficiência Cardíaca (IC) O sistema cardiovascular tem como função primordial a manutenção da pressão arterial e do débito cardíaco, de forma a providenciar pressões venosas e capilares normais quer em exercício quer em repouso. A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome em que o coração não é capaz de responder às necessidades metabólicas do organismo, ou só o consegue fazer a pressões de enchimento elevadas (Strickland, 2008). A existência de IC pressupõe a existência de uma doença cardíaca subjacente, sendo que o inverso não se verifica (Kittleson, 1999). Relembrando <3 Possíveis causas: Insuficiência miocárdica: caracterizada por uma função contráctil diminuída. Pode ser primária, devida a cardiomiopatia dilatada (CMD) idiopática, ou secundária a um aumento crónico de volume, pressões elevadas crónicas, taquicardias sustentadas, toxicidade por fármacos (ex. doxorubicina), deficiência em taurina nos gatos, miocardite e enfarte do miocárdio. Sobrecarga de pressão: quando os ventrículos têm de gerar maior pressão sistólica do que o normal para ejectar o sangue. Por exemplo, no caso da estenose aórtica, o ventrículo esquerdo (VE) tem de ultrapassar uma maior resistência devido à obstrução do tracto de saída do fluxo sanguíneo, precisando de uma maior pressão sistólica para o fazer. Tipicamente o VE desenvolve hipertrofia concêntrica das suas paredes aumentando a espessura e a contractilidade das mesmas. Contudo, apenas as células miocárdicas sofrem este processo hipertrófico, enquanto a vasculatura coronária não aumenta proporcionalmente, não conseguindo responder às exigências das células cardíacas, aumentando o risco de isquemia do miocárdio e responder às exigências das arritmias ventriculares (Kittleson, 1988). Outras causas importantes de sobrecarga de pressão incluem a estenose pulmonar, a hipertensão sistémica e pulmonar e a Dirofilariose. Possíveis causas: Sobrecarga de volume: ocorre quando a pré-carga ventricular é maior do que a sua apacidade de ejeccção. Como resultado, o aumento do volume telediastólico leva à dilatação venticular, com aumento do stresse da parede levando a hipertrofia excêntrica das células miocárdicas de forma a normalizar o stresse. Se o ventrículo em causa desenvolve ou não insuficiência miocárdica vai depender das pressões a que está sujeito. Por exemplo, no caso da regurgitação mitral, o átrio esquerdo (AE) funciona como uma câmara de baixas pressões e não leva, por isso, a um aumento exagerado de stresse miocárdico enquanto no caso da insuficiência aórtica em que o VE ejecta sangue para um compartimento de pressões elevadas, o stresse miocárdico é grande, sendo comum a insuficiência miocárdica (Braunwald, 1992). A regurgitação tricúspide, o defeito do septo ventricular e o ducto arterioso persistente são outras causas de sobrecarga de volume nas câmaras cardíacas. Possíveis causas: Diminuição da complacência ventricular: está relacionada com a capacidade de relaxamento do ventrículo, entendendo-se como a alteração de volume do ventrículo para uma determinada alteração na pressão, quanto menor o volume da camâra ventricular para uma determinada pressão de enchimento, menor a sua complacência e menor volume de sangue recebido, o que determina um menor débito cardíaco (Morais, 2005). As causas de diminuição da complacência ventricular incluem a cardiomiopatia hipertrófica (CMH), a cardiomiopatia restritiva e o tamponamento cardíaco. Alterações do ritmo cardíaco: tanto as bradiarritmias como as taquiarritmias graves podem levar a diminuição do débito cardíaco e ao aparecimento de sinais de IC. Os estados hipermetabólicos e hipercinéticos condicionam frequências cardíacas elevadas que, em casos crónicos, levam à exaustão dos mecanismos homeostáticos compensatórios e à dilatação e hipertrofia miocárdica podendo, em casos extremos, desenvolver sinais de IC. Insuficiência cardíaca congestiva (ICC) É definida em medicina veterinária como sendo uma síndrome que descreve o final de processo severo de patologia cardíaca. A ICC ocorre quando o coração não é capaz de bombear eficientemente o volume de sangue que recebe a cada ciclo cardíaco. Esta incapacidade causa a acumulação de fluido em diversas regiões do corpo do animal, nomeadamente na cavidade torácica (efusão pleural), nos pulmões (edema pulmonar) e cavidade abdominal (ascite). Assim, por definição, quando há a acumulação deste fluido diz-se existir ICC. Insuficiência cardíaca congestiva (ICC) Dependendo do local de acumulo do líquido diferentes gravidades do processo são instaladas: o acumulo de fluido na cavidade abdominal, desde que não exagerado, pode ser bem tolerado durante alguma tempo pelo animal, enquanto a presença de líquido no pulmão ou em seu redor é, normalmente, razão de atuação médico-veterinária imediata, pois provoca severas dificuldades respiratórias ao animal. Nestes casos mais severos provocadores de dispneia ao animal, o líquido acumulado na cavidade abdominal ou nos pulmões pode ser removido usando um dreno. Uma sístole ou uma diástole anormais podem levar ao surgimento de uma ICC. Etiologia (cão) Etiologia (gato) PATOFISIOLOGIA ● Insuficiência cardíaca é o estado fisiopatológico que ocorre quando o coração não consegue manter um ritmo apropriado requerido pelo metabolismo tecidual. ● Então, na insuficiência cardíaca, o coração não consegue bombear o sangue numa taxa suficiente para manter as necessidades metabólicas dos tecidos. ● À medida que a doença cardíaca progride, há redução do fluxo que deixa o coração por meio da artéria aorta (volume sistólico). Com isso, são ativados os sistemas compensatórios PATOFISIOLOGIA ● A manutenção da pressão do sangue arterial e do débito cardíaco é necessária para providenciar uma adequada oxigenação do fluxo sanguíneo e distribuição de nutrientes vitais para os tecidos, bem como pra remover os tecidos metabólicos destes. ● O coração possui apenas duas formas de se tornar insuficiente: não podendo bombear sangue para a aorta ou para a artéria pulmonar o suficiente para manter a pressão arterial (insuficiência cardíaca de baixo débito) ou não podendo esvaziar de forma adequada os reservatórios venosos (insuficiência cardíaca congestiva) Sinais Clínicos Sistemas compensatórios ● Aumento da atividade do sistema nervoso central e atenuação do tônus vagal, que induzem aumento da frequência cardíaca e da contratilidade miocárdica, redirecionamento seletivo do fluxo de sangue para os centros vitais e vasoconstrição arteriolar. ● Porém, a exposição crônica a altos níveis de norepinefrina contribui para o desenvolvimento de mudanças vasculares patológicas e do remodelamento cardíaco, promove arritmogênese, induz a morte prematura dos miócitos e estimula o sistema renina-angiotensina-aldosterona Sistemas compensatórios ● Ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona: esta condição é detectada pela redução da pressão arterial sistêmica, da pressão de perfusão renal, ou da entrega de cloro para a mácula densa. ● A renina circulante age no angiotensinogênio, produzido pelo fígado, levando a liberação da angiotensinaI, que é convertida em angiotensina II (AT II) pela enzima conversora de angiotensina (ECA), localizada na superfície endotelial e na circulação. ● A AT II causa vasoconstricção imediata e potente, com aumento na resistência vascular periférica, além de estimular a reabsorção de sódio pelo néfron e a síntese e liberação de aldosterona pela glândula adrenal. ● Já a aldosteronaestimula a reabsorção de sódio e água pelo túbulo coletor. ● Além disso, AT II é um determinante primário de fibrose ao órgão final, enquanto a aldosterona é conhecida por piorar as propriedades de lesão tecidual da ATII. ● Portanto, a exposição elevada a ATII e aldosterona tem sido associada a piora do prognóstico. ● Porém, o papel do SRAA é controverso, pois enquanto sua ativação mantém a pressão arterial na insuficiência cardíaca, ao mesmo tempo constitui-se num dos fatores patofisiológicos no desenvolvimento da insuficiência cardíaca Sistemas compensatórios ● Liberação de peptídeos natriuréticos: liberados de seu estoque atrial (pro-ANP e pro-BNP) pelo estímulo do estiramento atrial e ventricular, respectivamente, têm efeito contrário ao do sistema renina-angiotensina-aldosterona, inibindo a liberação da renina e aldosterona e apresentando efeitos vasorelaxantes, diuréticos e natriuréticos. ● Os fragmentos N-terminais do proANP (NT-proANP) e proBNP (NT-pro BNP) são marcadores mais sensíveis da insuficiência cardíaca e podem ser utilizados para diferenciar doença cardíaca de doença primária respiratória. ● Estudos demonstram aumento da concentração plasmática de NT-proANP em cães, pouco antes da descompensação cardíaca secundária à regurgitação mitral, e uma forte correlação positiva entre NT-proBNP com a fração regurgitante, com o aumento de átrio esquerdo e com o volume diastólico do ventrículo esquerdo em cães com regurgitação mitral assintomáticos, sugerindo que esse marcador pode estar relacionado com a gravidade e prognóstico da doença valvar. Sistemas compensatórios ● Apesar de necessários a curto prazo para manter a perfusão sanguínea nos órgãos mais importantes, os mecanismos compensatórios acabam por piorar a condição hemodinâmica, sobrecarregando assim o coração já doente. ● Por isso, o tratamento da insuficiência cardíaca baseia-se em combater esses mecanismos, reduzindo com isso a retenção de líquido e melhorando a perfusão sanguínea em todo o organismo. ● Portanto, a doença causadora da IC não é o foco do tratamento, mas sim as suas consequências cardiovasculares. Abordagem inicial O sistema de classificação mais conhecido para IC em cães e gatos foi proposto pelo “International Small Animal Cardiac Health Council - ISACHC”, e separa os animais de acordo com a presença ou não de remodelamento cardíaco e de sintomas, como descrito abaixo: Atkins et al. publicaram o Consensus Statements of the American College of Veterinary Internal Medicine (ACVIM), em que sugerem um novo sistema de classificação específico para cães com DVMM, adaptado do sistema de classificação para humanos de 2001 do American College of Cardiology/American Heart Association. Keene et al. (2019) publicaram uma atualização deste sistema que descreve quatro estágios da doença e consequente insuficiência cardíaca: Diagnóstico O diagnóstico baseia-se na avaliação das manifestações clínicas, exame físico e pesquisa da doença cardíaca e suas consequências, por meio de exames complementares. Abordagem Terapêutica À medida que a congestão e o edema pulmonar pioram, a frequência respiratória em repouso também aumenta. Nos casos mais graves, os animais ficam geralmente ansiosos, não conseguem deitar para dormir, recusando-se a ficar em decúbito lateral e preferindo a posição esternal (posição ortopneica). A tosse acontece principalmente à noite e pela manhã, assim como quando o animal se agita ou durante o exercício. O edema pulmonar grave provoca angústia respiratória e tosse, geralmente produtiva, podendo manifestar-se de forma gradual ou súbita. Também é comum a manifestação de sintomas relacionados com o edema pulmonar, intercalados com períodos de insuficiência cardíaca compensada, o que pode acontecer por meses ou até mesmo anos. Abordagem Terapêutica Episódios de fraqueza transitória ou síncope podem ocorrer secundariamente à presença de arritmias, tosse excessiva, redução do volume sistólico direito ou esquerdo, hipertensão arterial pulmonar ou esgarçamento atrial. Manifestações clínicas de regurgitação tricúspide, muitas vezes subestimados por aqueles da regurgitação mitral, incluem ascite, efusão pleural com esforço respiratório associado e, raramente, edema tecidual periférico. Sinais de doença gastrintestinal podem acompanhar a congestão mesentérica. Exames Complementares ● Radiografia de toráx ● As radiografias torácicas podem indicar alguns graus de aumento atrial e ventricular, que progridem em meses ou anos. ● Porém, a habilidade de avaliar o aumento de câmara cardíaca pela radiografia de forma precisa é provavelmente superestimada. ● Variações no tamanho e formato do coração podem acontecer por fatores técnicos, posicionamento e conformação racial, e não apenas por aumento causado por doenças cardíacas. Exames Complementares ● As radiografias torácicas são o indicador clínico mais sensível da hemodinâmica pulmonar. ● Com o aumento da pressão venosa pulmonar, as veias pulmonares distendem- se, tornandose mais evidentes centralmente e nos campos pulmonares periféricos. ● Com a evolução, há o desenvolvimento de edema pulmonar, primeiramente intersticial e, posteriormente, alveolar. ● A presença e gravidade do edema pulmonar não se correlacionam, necessariamente, ao grau de cardiomegalia. A distribuição radiográfica do edema pulmonar cardiogênico é classicamente hilar, dorsocaudal e bilateralmente simétrico; porém, uma distribuição assimétrica pode ser vista em alguns cães Imagem radiográfica de paciente apresentando edema pulmonar de origem cardiogênica, antes (A e B) e após o tratamento (C e D). Notar acentuado aumento da silhueta cardíaca esquerda e direita, sendo mais evidente em topografia de átrio esquerdo, átrio direito e ventrículo direito com deslocamento dorsal da traqueia e compressão do segmento terminal traqueal. Nas imagens A e B, os campos pulmonares apresentam padrão radiográfico intersticial focal, mais evidente em lobo pulmonar caudal direito e esquerda. Foto Dr.a Ariane Marques Mazini, diretora de publicidade da Sociedade Brasileira de Cardiologia Veterinária. Os achados pulmonares podem ser inconclusivos, pois alterações radiográficas iniciais de edema pulmonar intersticial e o padrão radiográfico brônquico de doença crônica respiratória podem ser semelhantes. A tendência é de se diagnosticar um maior número de casos de edema pulmonar de origem cardiogênica. Portanto, é importante ter uma série de radiografias, se possível, e avaliar a presença de outras evidências de insuficiência cardíaca esquerda, como por exemplo, distensão venosa pulmonar, antes de dar o diagnóstico definitivo. Exames Complementares ● Eletrocardiograma ● O traçado eletrocardiográfico em cães com doença cardíaca pode ser normal; porém, pode denotar aumento de câmaras cardíacas, principalmente atrial e ventricular esquerdas. ● Na IC direita, pode haver sinais de aumento atrial direito, ventricular direito e desvio do eixo elétrico cardíaco para a direita. ● Nos casos de doença cardíaca avançada, pode-se observar a presença de arritmias, pelo estiramento das câmaras e hipóxia do miocárdio, especialmente taquicardia sinusal, complexos supraventriculares prematuros, taquicardia supraventricular sustentada ou paroxística e fibrilação atrial.. Eletrocardiograma ● Complexos ventriculares prematuros e taquicardia ventricular são achados mais comuns na cardiomiopatia dilatada. ● Essas arritmias podem estar associadas com descompensação da doença cardíaca, desenvolvimento de quadros congestivos, fraqueza ou síncope ● Nos estágios iniciais da doença cardíaca, o cão geralmente mantém a arritmia sinusal. ● Já nos casos de insuficiência cardíaca, a perda da arritmia sinusal e o desenvolvimento de taquicardia sinusal são comumente observados. Ecocardiograma ● A ecocardiografia tem um papel importante na avaliação cardiovascular, fornecendoinformações não invasivas sobre a função e estrutura cardíaca e a dinâmica do fluxo de sangue. ● O exame ecocardiográfico é utilizado para se obter um diagnóstico definitivo da doença cardíaca e suas consequências para o coração; porém, não pode diagnosticar insuficiência cardíaca, cujo diagnóstico é clínico e baseado em um conjunto de informações que englobam história clínica, exame físico e exames complementares. Ecocardiograma ● Além do diagnóstico da doença cardíaca, o exame ecocardiográfico pode auxiliar no reconhecimento precoce da ICC, com otimização da terapia medicamentosa, e facilitar o monitoramento terapêutico. ● Sabe-se que os cães cardiopatas que apresentam edema pulmonar são aqueles que têm aumento significativo de átrio esquerdo, aumento ventricular esquerdo, e alterações no enchimento ventricular esquerdo que refletem o aumento da pressão atrial esquerda e, consequentemente, venosa pulmonar. ● Portanto, pacientes com doença cardíaca, porém, com tamanho normal de coração, têm possibilidade quase nula de desenvolver, naquele momento, um quadro congestivo. Tratamento ● A maioria dos esquemas de tratamento de cães com IC são baseados em manifestações clínicas e achados radiográficos. ● As informações sobre o tamanho do coração, grau de regurgitação e/ou grau de disfunção de contratilidade fornecidos pela ecocardiografia em conjunto com a história, exame físico, eletrocardiograma e radiografia de tórax permitem um acesso mais cuidadoso à gravidade da doença e à necessidade de tratamento. ● A terapia utilizada é, basicamente, medicamentosa, com objetivos principais de aumentar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida. PACIENTES SINTOMÁTICOS ● Os pacientes com IC sintomáticos têm o tratamento baseado no uso de inibidores da enzima conversora de angiotensina (iECA), pimobendan e diuréticos. ● Os inibidores da ECA são as medicações mais utilizadas em cães no tratamento de insuficiência cardíaca sintomática ● Apesar dos inibidores da ECA não serem agentes vasodilatadores arteriolares puros, sua habilidade em modular a resposta neuro-hormonal da insuficiência cardíaca é vantajosa para uso a longo prazo, o que pode melhorar a tolerância a exercícios, tosse e o esforço respiratório. Pimobendan ● Trata-se de medicação com duplo efeito de ação: aumenta a contratilidade miocárdica por aumentar a sensibilização do cálcio à troponina C e promove vasodilatação pela inibição da fosfodiesterase. ● Seu uso era inicialmente indicado nos casos de disfunção sistólica, pois se sabe que esses pacientes podem ser beneficiados com o uso de inotrópicos positivos. ● Essa medicação, em associação com a terapia convencional, pode aumentar o tempo de sobrevida dos cães cardiopatas, reduzindo o insucesso no tratamento de cães com insuficiência cardíaca congestiva secundária à doença valvar crônica de mitral, quando comparada ao uso do benazepril com a terapia convencional. Diuréticos ● A terapia diurética deve ser utilizada aos primeiros sintomas de insuficiência cardíaca congestiva (ICC), com intuito de eliminar o excesso de líquido retido no organismo e aliviar a congestão pulmonar. ● Furosemida é o diurético de escolha para o tratamento da ICC por ser efetivo e bem tolerado por cães. Trata-se de diurético de alça que reduz o volume de sangue circulante total e, consequentemente, reduz a pressão no átrio esquerdo, proporcionando assim a melhora clínica dos pacientes em quadro congestivo. Diuréticos ● Torsemida é um diurético de alça desenvolvido recentemente, com atividade mais potente e de maior duração do que a furosemida. ● Ela é caracterizada por ter maior meia vida (8 horas), duração de ação (12 horas) e biodisponibilidade (80 a 100%) do que a furosemida; além de seu efeito diurético, tem outras ações benéficas, como propriedades vasodilatadoras e melhora da função e remodelamento cardíaco pelo seu efeito antialdosterona. Diuréticos ● Espironolactona é um antagonista seletivo do receptor da aldosterona. ● Sabe-se, atualmente, que a aldosterona, além de mediar a retenção de sódio e água, também promove fibrose do miocárdio e do endotélio vascular, o que é considerado deletério na doença cardíaca. ● Atualmente as recomendações de tratamento do cão com IC incluem pimobendan e diuréticos. A espironolactona é recomendada nos cães com DVMM devido ao seu efeito cardioprotetor e não diurético, porém, a mesma função em cães com CMD ainda não foi comprovada, apesar de acreditarmos ter o mesmo benefício nessa enfermidade. Outros Tratamentos ● Quando o tratamento padrão não é capaz de manter o paciente estável, temos que fazer uso de outras manobras na tentativa da estabilização. ● O uso de dieta hipossódica pode diminuir a necessidade do uso de diuréticos e, consequentemente, reduzir a ativação neuro-hormonal. ● Porém, até mais do que o cuidado na ingestão de sódio, deve-se preocupar com o risco de caquexia nos estágios mais avançados da doença cardíaca. Cão da raça Boxer portador de cardiomiopatia dilatada. Notar escore corporal ruim, com intensa perda de massa muscular. Foto Dr. Lucas Navajas, diretor de regionais da Sociedade Brasileira de Cardiologia Veterinária. Outros Tratamentos ● Outro caminho que podemos usar é a adição de outros fármacos vasodilatadores ao tratamento inicial. ● Esses medicamentos agem reduzindo a pressão arterial sistêmica, facilitando a saída de sangue do coração pela artéria aorta e aumentando, assim, o volume sistólico e débito cardíaco. ● Com isso, há redução da pressão atrial esquerda e veias pulmonares, melhorando o quadro congestivo. ● Devemos apenas ter cuidado de não utilizar esses fármacos em pacientes hipotensos. Os fármacos mais conhecidos deste grupo são a hidralazina (0,5 a 2 mg/kg BID) e a amlodipina (0,05 a 0,1 mg/kg SID ou BID). ● Pacientes que apresentem arritmias devem ser avaliados e tratados especificamente de acordo com o tipo e gravidade da arritmia detectada CONCLUSÃO ● O diagnóstico da IC em cães é baseado em um conjunto de informações, que englobam manifestações clínicas e exames complementares como radiografia de tórax e ecocardiografia. ● Nenhuma droga tem sido considerada eficaz para prevenir ou retardar a progressão da doença cardíaca nos pacientes. ● Caso a doença cardíaca progrida para ICC, o prognóstico é mau, com uma esperança de vida média de 6-12 meses. ● No entanto, a maioria dos animais são capazes de ser mantidos com boa qualidade de vida através da terapêutica instituída durante esse período. Referências bibliográficas ● Tilley, L.P. and Goodwin, J. Manual de Cardiologia para Cães e Gatos. 2002 ● Ettinger, S.J. & Feldman, E.C. Tratado de Medicina Interna Veterinária. 5ªedição. ● Abordagem prática do tratamento da icc em cães Dra Lilian CramPetrus MV, MSc, PhD (Artigo revisado e aprovado pela Comissão Científica da Sociedade Brasileira de Cardiologia Veterinária.) ● Cunningham Tratado de Fisiologia Veterinária KLEIN, Bradley G. ● UPDATING ABOUT COUGH ING IN DOGS Mariana de Resende COELHO Médica Veterinária, Departamento de Medicina Veterinária (DMV), Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras, Minas Gerais, Brasil ● Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Preservada: Combater Equívocos para uma Nova Abordagem Heart Failure with Preserved Ejection Fraction: Fighting Misconceptions for a New Approach Ricardo Fontes- Carvalho1,2 e Adelino Leite-Moreira1,3 OBRIGADO!
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