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a democracia hans kelsen

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO – UEMA 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - CCSA 
CURSO DE DIREITO 
DEPARTAMENTO DE DIREITO, ECONOMIA E CONTABILIDADE 
 
 
 
ANA LUIZA CABRAL COSTA 
 
 
 
 
 
RESENHA CRÍTICA DA OBRA: “A DEMOCRACIA” DO AUTOR HANS KELSEN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Luís 
2021
 
ANA LUIZA CABRAL COSTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESENHA CRÍTICA DA OBRA: “A DEMOCRACIA” DO AUTOR HANS KELSEN 
 
Resenha crítica do livro “A Democracia” 
apresentada à disciplina de Direito 
Constitucional II, ministrada pelo Prof. Dr. 
Herberth Costa Figueiredo, como requisito 
avaliativo para obtenção de nota parcial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Luís 
2021 
3 
 
1) Tipo de obra: Livro Jurídico. 
2) Ano: 2000. 
3) Editora: Martins Fontes. 
4) Edição: 2a Edição. 
5) Páginas: 392. 
6) Títulos: título original: “Vom Wesen und Wert der Demokratie”; título em 
português: “A Democracia”. 
7) Capítulos: 
PRIMEIRA PARTE: 
A DEMOCRACIA SEGUNDO KELSEN 
• Essência e valor da democracia 
I. A liberdade 
II. O povo 
III. O parlamento 
IV. A reforma do parlamento 
V. A representação profissional 
VI. O princípio da maioria 
VII. A administração 
VIII. A escolha dos chefes 
IX. Democracia formal e democracia social 
X. Democracia e concepção de vida 
• O problema do parlamentarismo 
• Fundamentos da democracia 
I. Democracia e filosofia 
A Democracia como “governo do povo”: um procedimento político 
A doutrina soviética de democracia 
Uma nova doutrina da representação 
Absolutismo filosófico e relativismo filosófico 
A idéia de liberdade natural e social 
A idéia metafísica de liberdade 
A doutrina da democracia de Rousseau 
O princípio do voto majoritário 
O tipo democrático de personalidade 
4 
 
O princípio de tolerância 
O caráter racionalista da democracia 
O problema da liderança 
Democracia e paz 
A democracia e a teoria do Estado 
A democracia na história das idéias políticas 
A democracia como relativismo político 
Jesus e a democracia 
II. Democracia e religião 
A democracia como problema da justiça 
O positivismo relativista responsável pelo totalitarismo 
A teologia da justiça de Emil Brunner 
A doutrina cristã do direito natural 
Liberdade e igualdade segundo a teologia protestante 
A concepção de Reinhold Niebuhr. A religião é a base necessária da 
democracia 
O relativismo religioso 
A tolerância com base religiosa 
A filosofia da democracia de Jacques Maritain 
A democracia e o Evangelho 
III. Democracia e economia 
Capitalismo e socialismo em relação à democracia 
A doutrina marxista de que a democracia só é possível sob um sistema 
econômico socialista 
Capitalismo e ideologia política 
Uma “redefinição” da democracia 
A alegada incompatibilidade da democracia com o socialismo (economia 
planificada) 
A “regra de Direito” 
Democracia e liberdade econômica 
Democracia como governo estabelecido mediante concorrência 
Capitalismo e tolerância 
Propriedade individual e liberdade na doutrina do direito natural de John Locke 
A propriedade coletiva na doutrina do direito natural 
5 
 
Propriedade individual e liberdade na filosofia de Hegel 
Propriedade individual e liberdade na teologia de Emil Brunner 
SEGUNDA PARTE: OS PRESSUPOSTOS DA TEORIA DEMOCRÁTICA DE 
KELSEN 
• O conceito de Estado e a psicologia social, com especial referência à teoria 
de grupo de Freud 
• Absolutismo e relativismo na filosofia e na política 
8) Autor: Hans Kelsen. 
9) Localização: São Paulo. 
10) Tradução: Ivone Castilho Benedetti, Jefferson Luiz Camargo, Marcelo 
Brandão Cipolla e Vera Barkow. 
11) Tema: 
Em "A Democracia", o autor Hans Kelsen trata da democracia, definindo-a 
como uma combinação dos princípios de liberdade e igualdade, e considerando-a a 
melhor forma de governo, ao mesmo tempo que rejeita qualquer forma de ditadura 
partidária, seja de esquerda ou de direita. Além disso, ele também defende o 
parlamentarismo como uma das únicas formas de se assegurar a democracia, 
propondo como ideal democrático a coexistência da maioria e da minoria no 
parlamento. Outrossim, para a minoria ter a capacidade de influenciar a tomada de 
decisões, os indivíduos deveriam ser agrupados em partidos políticos. 
Para mais, o autor ao afirmar que os direitos da maioria têm como premissa 
os direitos da minoria, infere que a minoria está protegida. E, essa proteção ocorreria 
em função principalmente dos chamados direitos e liberdades fundamentais (também 
conhecidos como direitos humanos e direitos civis), os quais deveriam ser garantidos 
por todas as constituições parlamentares democráticas modernas. Nesse sentido, a 
obra agrupa as ponderações de Kelsen, as quais formularam a teoria de que o 
problema principal da democracia é a questão da liberdade. 
12) Palavras chaves: Democracia; Direito; Liberdade; Política. 
13) Ideias principais do autor: 
Hans Kelsen inicia a primeira parte de sua obra tratando da essência e do 
valor da democracia. Dessarte, segundo o autor, a característica principal dessa 
forma de governo seria a síntese entre liberdade e igualdade, porém, entendendo que 
6 
 
para alcançar a igualdade, precisa-se de um poder comandante. Nesse sentido, o 
grande problema da Democracia seria conseguir equilibrar as vontades individuais 
com a vontades do Estado. Para mais, esse sistema político somente existiria com o 
agrupamento do povo em partidos políticos, os quais representariam interesses 
individuais e possibilitariam a formulação de acordos. Ademais, Kelsen defende o 
parlamentarismo como uma das únicas formas de se assegurar a democracia e a 
liberdade política, afirmando que a tentativa de o eliminar jamais atingiria pleno 
sucesso. Entretanto, o autor enxerga a possibilidade de reformá-lo, principalmente no 
que concerne a eliminar os abusos resultantes da imunidade jurídica. Outrossim, o 
jurista critica a ideia de substituir o parlamento por uma organização corporativa, vez 
que, o corporativismo só se realizaria se houvesse uma perfeita comunhão de 
interesses entre todos os grupos profissionais, mas o que se observa é o conflito 
constante destes. Ou seja, para ele a organização profissional seria apenas a forma 
de como um ou mais grupos pretendem dominar os outros. Além disso, Kelsen 
também defende veemente o princípio da maioria, sendo este um instrumento para 
assegurar a liberdade e o melhor acordo entre as vontades individuais e gerais. E, 
ainda afirma que o sistema eleitoral preferível em uma democracia parlamentar seria 
o proporcional, em detrimento do majoritário. O autor, ainda coloca que a 
burocratização e o princípio da legalidade são de suma importância no processo de 
manutenção da democracia, pois apenas por meio da jurisdição constitucional se 
conseguiria assegurar os direitos das minorias. Ademais, de acordo com o jurista o 
método de seleção dos governantes pela coletividade (a eleição), é o ponto chave 
dessa forma de governo, pois por meio dela facilita-se a ascensão ao poder e a 
remoção de um chefe que não seja aprovado. Assim, a democracia permite que a 
minoria se torne maioria a qualquer momento. 
Sob esse prisma, ainda dentro da primeira parte do livro, Hans Kelsen aborda 
o problema do parlamentarismo, de acordo com o autor, a condenação desse 
modelo de governo é também uma condenação a democracia. Nesse sentido, ele 
demonstra a importância do parlamento, ao apresentá-lo como um compromisso entre 
a liberdade e a divisão do trabalho, o que seria a condição para qualquer progresso 
da técnica social. Para ele, o que poderia ser feito para melhorá-lo, seria aumentar a 
participação do povo no sistema legislativo, abolir as irresponsabilidades dos 
deputados e os abusos. Dessarte, também afirma que o princípio corporativista não 
7 
 
poderia abolir o parlamentarismo, apenastrocá-lo por um sistema representativo de 
outra natureza, ou seja, tudo se reduziria a criação de um parlamento corporativo. Em 
decorrência disso, Kelsen assegura que o único meio possível para resolver a antítese 
entre a maioria e a minoria é a democracia parlamentar, uma vez que ela garante que 
todos os grupos tenham voz e possam se manifestar nos debates. 
Para finalizar a primeira parte da obra, o jurista comenta sobre os 
fundamentos da democracia, iniciando esse debate com a relação entre 
democracia e filosofia. Nesse momento, Kelsen coloca o grande perigo das 
ditaduras para os ideais democráticos, fazendo uma árdua crítica ao comunismo 
soviético. Além disso, o autor discorre também acerca do significado de democracia, 
o qual na Grécia antiga era “governo do povo”, mas erroneamente passou a ser 
“governo para o povo”. Esse último não poderia ser verdadeiro, pois o interesse do 
povo é muito relativo e não uniforme, uma vez que há diferentes níveis econômicos e 
culturais entre os indivíduos. Sendo assim, o certo seria “governo do povo”, porque 
essa terminologia retrata exatamente um governo no qual o povo participa direta ou 
indiretamente, consistindo na característica essencial da democracia. Para mais, 
afirma-se que para identificar se um governo é ou não democrático, só seria preciso 
saber se ele foi eleito com base no sufrágio livre e universal. Também é colocada a 
afinidade entre a teoria política e partes da filosofia, como, por exemplo, a 
epistemologia, na qual se situa o antagonismo entre absolutismo e relativismo 
filosófico. O primeiro é a concepção de que existe uma realidade absoluta 
independente do conhecimento humano, já o segundo, defende que a realidade só 
existe no conhecimento humano e o absoluto seria impossível de conhecer. Nesse 
sentido, Kelsen faz a analogia do relativismo filosófico com a democracia, uma vez 
que este é pautado na liberdade e igualdade, enquanto o absolutismo seria análogo a 
autocracia. Com relação a liberdade, defende-se que ela tem origem no instinto 
primitivo do homem que o impele contra a sociedade, mas ela é transformada em uma 
liberdade da democracia, que fornece ao indivíduo uma autonomia política e 
intelectual. Ademais, discorre-se acerca da importância do racionalismo nessa forma 
de governo, pois é por meio da razão que se escolhe os governantes e se estabelece 
a ordem e segurança jurídica do Estado, por meio da criação de um sistema de 
normas gerais. 
8 
 
À vista disso, ainda na parte dos fundamentos da democracia, trata-se do 
vínculo entre democracia e religião. Hans Kelsen começa afirmando que por muitas 
pessoas não serem capazes ou estarem dispostas a tomar decisões, transferem esse 
dever a uma autoridade externa, capaz de dizer o que é certo e errado, sendo esta 
encontrada na religião. Dessa forma, há uma enorme movimentação intelectual contra 
o positivismo racionalista e o relativismo, e a favor da metafísica religiosa e do Direito 
natural. O jurista, porém, defende que os princípios apresentados como os do Direito 
natural cristão são aplicáveis ao Direito positivo, uma vez que estes são: a liberdade 
religiosa, o direito à vida, o direito à propriedade privada, o direito de o homem 
conseguir seu sustento por meio de seu trabalho e o direito da criança a um 
desenvolvimento adequado. Entretanto, o autor critica o fato de que na religião não 
são mencionadas liberdades positivas, nem o direito do homem de participar do 
governo e a liberdade da democracia, também coloca que a teologia cristã foi utilizada 
diversas vezes como forma de apoio a governos tirânicos. Destarte, Kelsen afirma que 
não se pode afirmar que existe uma relação entre a essência da democracia e um 
sistema religioso, nem que uma religião diferente da cristã não seja capaz de 
estabelecer um governo democrático. 
Hans Kelsen finaliza os fundamentos da democracia abordando a associação 
entre democracia e economia, debatendo principalmente sobre capitalismo e 
socialismo, e qual deles seria melhor para o estabelecimento de um governo 
democrático. Entende-se o primeiro como um sistema econômico que pressupõe a 
liberdade, enquanto o segundo apresenta forte restrição econômica. Contudo, 
segundo o autor, o capitalismo e o socialismo não estão relacionados a um sistema 
político, podendo ser estabelecidos tanto sob um regime democrático quanto 
autocrático. A partir disso, ele critica principalmente a iniciativa soviética de redefinir a 
democracia, pois isso poderia servir como instrumento ideológico para um movimento 
político contra essa forma de governo. Ademais, Kelsen afirma que o poder não é nem 
político nem econômico, o meio pelo qual se obtém ele que é, por isso conclui que a 
democracia não está vinculada a um sistema econômico específico. 
A segunda parte da obra denominada os pressupostos da teoria 
democrática de Kelsen, começa tratando do conceito de Estado e a psicologia 
social, com especial referência à teoria de grupo de Freud. Nessa perspectiva, o 
autor coloca o Estado como a unidade específica de uma multiplicidade de indivíduos, 
9 
 
por existir entre os cidadãos uma relação análoga de influência mútua. Com base 
nisso, a psicologia social defende a ideia de que os indivíduos agrupados na unidade 
jurídica mantêm entre si uma relação psíquica recíproca, o que para Kelsen seria uma 
ficção. Pois, segundo ele seria impossível considerar o Estado como uma única 
relação dominante, uma vez que não há unidade entre os governantes e governados. 
Para mais, também acredita que o grupo é sempre intelectualmente inferior ao 
indivíduo isolado, uma vez que este quando está agrupado, apresenta características 
diferentes das quando está em isolamento. Portanto, ele concorda com a afirmação 
de Freud “Um grupo, mesmo primário, original é um conjunto de indivíduos que 
substituíram seu ideal de ego por um único e mesmo objeto, que renunciaram ao seu 
ideal pelo ideal de grupo encarnado no líder e consequentemente identificaram-se uns 
com os outros”. Nesse sentido, o Estado então seria uma ideia diretora, na qual os 
cidadãos pertencentes aos diversos grupos sociais o utilizam para se identificar uns 
com os outros. E, o Estado enquanto código de conduta humana seria o código de 
obrigação representado pelo Direito. Por fim, para finalizar o livro, aborda-se mais uma 
vez o absolutismo e relativismo na filosofia e na política, os quais, para Kelsen 
representariam respectivamente a autocracia e a democracia. (pág. 321) 
14) Objetivo principal do autor: 
Dentre os principais objetivos de Kelsen na obra “A Democracia”, está o de 
defender essa como sendo a melhor forma de governo, realizando, então, árduas 
críticas a autocracia e aos regimes ditatoriais. Outrossim, busca demonstrar que o 
regime democrático só pode ser entendido tendo-se em mente que a sua 
caracterização é feita a partir da junção entre liberdade e igualdade. E, a grande 
dificuldade a ser superada seria a de adequar a realização da liberdade, equilibrando 
as vontades individuais com as vontades do Estado. Além disso, seria necessário 
compreender que a autoridade do poder decorre da autodeterminação do indivíduo, o 
qual obedece às normas porque é parte criadora delas. 
Para mais, o autor ao mostrar a igualdade como pressuposto democrático, 
defende arduamente o sufrágio universal, o princípio da maioria, o parlamentarismo, 
a formação de grupos políticos e o sistema de representação proporcional, para que, 
assim, o maior número possível de indivíduos desfrute da liberdade, e as minorias 
possam ter seus direitos respeitados. Ademais, ele busca salientar que não existiriam 
valores absolutos capazes de fundamentar o regime político e o ordenamento jurídico, 
10 
 
eles apenas seriam utilizados como forma de concentração do poder e para realização 
de interesses de determinados grupos em detrimento de outros. 
15) Reprodução de trechos e leituras:“Se deve haver sociedade e, mais ainda, Estado, deve haver um regulamento 
obrigatório das relações dos homens entre si, deve haver um poder. Mas, se devemos 
ser comandados, queremos sê-lo por nós mesmos. A liberdade natural transforma-se 
em liberdade social ou política.” (pág. 28) 
“O problema da democracia é encontrar uma forma de associação que defenda e 
proteja qualquer membro a ela pertencente e na qual o indivíduo, mesmo se unindo a 
todos os outros, obedeça apenas a si mesmo e permaneça livre como antes.” (pág. 
29) 
“A concordância entre vontade do indivíduo e vontade do Estado é tanto mais difícil 
de se realizar, e essa garantia de liberdade individual é tanto menor quanto mais 
qualificada é a maioria necessária para modificar a vontade do Estado.” (pág.31) 
“A concordância entre vontades individuais e vontade do Estado será tanto mais fácil 
de se obter quanto menor for o número de indivíduos cujo acordo é necessário para 
decidir uma modificação na vontade do Estado.” (pág. 32) 
“No regime democrático é o próprio Estado que aparece como sujeito do poder.” (pág. 
33) 
“A democracia, no plano da idéia, é uma forma de Estado e de sociedade em que a 
vontade geral, ou, sem tantas metáforas, a ordem social, é realizada por quem está 
submetido a essa ordem, isto é, pelo povo.” (pág.35) 
“É característico que a ideologia democrática aceite limitações ulteriores na noção de 
‘povo’, bem mais do que na noção de indivíduos que participam do poder. A exclusão 
dos escravos e — ainda hoje — das mulheres dos direitos políticos realmente não 
impede que uma ordenação estatal seja considerada democracia.” (pág. 37) 
“Está claro que o indivíduo isolado não tem, politicamente, nenhuma existência real, 
não podendo exercer influência real sobre a formação da vontade do Estado. Portanto, 
a democracia só poderá existir se os indivíduos se agruparem segundo suas 
11 
 
afinidades políticas, com o fim de dirigir a vontade geral para os seus fins políticos.” 
(pág. 39) 
“Os partidos — assim responderemos — só representam interesses de grupos de 
indivíduos; têm como base, portanto, o egoísmo. O Estado, ao contrário, que 
representa o interesse comum, está acima dos interesses dos grupos e, portanto, 
além dos partidos que o organizam.” (pág. 40) 
“O ideal de uma solidariedade de interesses de todos os membros da coletividade 
sem distinção de confissão, nacionalidade, classe etc., é uma ilusão metafísica; para 
falar mais exatamente, esse ideal é uma ilusão que chamaremos ‘metapolítica’.” (pág. 
41) 
“A formação do povo em partidos políticos na realidade é uma organização necessária 
a fim de que esses acordos possam ser realizados, a fim de que a vontade geral possa 
mover-se ao longo de uma linha média.” (pág. 41) 
“A democracia do Estado moderno é a democracia indireta, parlamentar, em que a 
vontade geral diretiva só é formada por uma maioria de eleitos pela maioria dos 
titulares dos direitos políticos. Os direitos políticos — isto é, a liberdade — reduzem-
se a um simples direito de voto.” (pág. 42) 
“O parlamentarismo é a formação da vontade diretiva do Estado através de um órgão 
colegial eleito pelo povo com base no sufrágio universal e igualitário, vale dizer 
democrático, segundo o princípio da maioria.” (pág. 46) 
“O parlamentarismo apresenta-se, então, como uma conciliação entre a exigência 
democrática de liberdade e o princípio da distribuição do trabalho.” (pág. 47) 
“Se o parlamentarismo, durante sua longa existência, deixou de conquistar não 
apenas a simpatia das massas, mas também a das pessoas cultas, isso se deve em 
grande parte aos abusos derivados do inoportuno privilégio da imunidade.” (pág. 56) 
“Não se poderá chegar a uma organização — resultante dos próprios acontecimentos 
— que esteja em condições de substituir a forma política democrático-parlamentar 
hodierna sem se aproximar simultaneamente mais ou menos de um tipo autocrático, 
ou seja, sem vir a constituir o domínio ditatorial de uma classe sobre a outra.” (pág. 
65) 
12 
 
“O princípio da maioria qualificada, em determinadas circunstâncias, pode constituir 
uma aproximação ainda maior da idéia de liberdade, representando certa tendência à 
unanimidade na formação da vontade geral.” (pág. 68) 
“Uma ditadura da maioria sobre a minoria não é possível, a longo prazo, pelo simples 
fato de que uma minoria, condenada a não exercer absolutamente influência alguma, 
acabará por renunciar à participação — apenas formal e por isso, para ela, sem valor 
e até danosa — na formação da vontade geral, privando, com isso, a maioria — que, 
por definição, não é possível sem a minoria — de seu próprio caráter de maioria.” 
(pág. 69) 
“Se nas eleições parlamentares se recorresse ao sistema majoritário puro, não 
perturbado por qualquer contingência da divisão por colégios eleitorais, no parlamento 
só estaria representada a maioria.” (pág. 73) 
“Mas, se a vontade do Estado não deve exprimir o interesse unilateral de um partido, 
é preciso garantir que todos os interesses partidários tenham a possibilidade de se 
exprimir e concorrer, para que entre eles haja o compromisso final.” (pág. 74) 
“A consciência de que a lei à qual é preciso submeter-se foi decidida em parte por um 
indivíduo que elegemos e de que essa lei foi elaborada com o seu consentimento, ou 
que ele, pelo menos, contribuiu mais ou menos para determinar o seu conteúdo, leva-
nos talvez a uma certa disposição à obediência.” (pág. 76) 
“A idéia de legalidade deve ser mantida para garantir a realização da própria 
democracia, deverão ser exigidas para a democracia todas as instituições de controle 
que garantem a legalidade da execução e que só a demagogia de visão limitada rejeita 
como inconciliáveis com a essência da democracia.” (pág. 83) 
“A minoria — se se quiser garantir a sua existência e a sua ação política, tão 
importantes para a democracia, e se a constituição não representar uma Lex 
imperfecta — deverá ter a possibilidade de recorrer, direta ou indiretamente, à 
jurisdição constitucional.” (pág. 84) 
“Um método específico de seleção dos governantes pela coletividade dos governados 
aparece como elemento essencial da democracia real. Esse método é a eleição.” 
(pág. 91) 
13 
 
“O método especificamente democrático para a escolha dos chefes representa, pois, 
em comparação com a autocracia, uma ampliação essencial do material à disposição 
para a escolha, isto é, do número de personalidades que concorrem ao posto de 
chefe.” (pág. 95) 
“O ideal democrático é repudiado pela ala esquerda do partido proletário porque ela 
acredita que essa forma política jamais poderá permitir ao proletariado conquistar o 
poder ou, pelo menos, conquistá-lo dentro de determinado prazo; e é repudiado pela 
ala direita partidos burgueses porque ela acredita que essa forma política já não 
poderá permitir à burguesia conservar o poder.” (pág. 101) 
“Embora não seja possível, por motivos de técnica social, fazer o povo criar 
diretamente a organização do Estado em todos os seus níveis, é possível torná-lo 
partícipe do poder legislativo em maior medida do que se verifica com o sistema do 
parlamentarismo, em que ele permanece limitado ao ato da eleição do parlamento.” 
(pág. 116) 
“O princípio corporativista não poderia abolir o sistema representativo democrático e, 
portanto, o parlamentarismo, mas apenas substituí-lo por um sistema representativo 
de outra natureza.” (pág. 124) 
“O princípio da organização corporativa não pode bastar por si só para resolver o 
problema da forma do Estado. O dilema democracia ou autocracia permanece 
intacto.” (pág. 125) 
“É precisamente o Estado democrático-parlamentar, fundado no binômio maioria-
minoria, que nos proporciona a verdadeira representação da sociedade atual, 
profundamente cindida em duas classes. E, se existe uma forma que oferece a 
possibilidade de dirimir essa formidável antítese — que se pode deplorar,mas não 
negar seriamente —, não através de uma revolução sangrenta, mas pacífica e 
gradativamente, é precisamente a forma da democracia parlamentar.” (pág. 126) 
“Um governo ‘para o povo’ significa um governo que atua no interesse do povo. Mas 
a questão relativa ao que seja o interesse do povo pode ser respondida de maneiras 
diversas, e aquilo que o próprio povo acredita ser seu interesse não constitui, 
necessariamente, a única resposta possível.” (pág. 140) 
14 
 
“A participação no governo, ou seja, na criação e aplicação das normas gerais e 
individuais da ordem social que constitui a comunidade, deve ser vista como a 
característica essencial da democracia.” (pág. 142) 
“A expressão ‘governo para o povo’ é uma fórmula vazia, suscetível de ser usada para 
justificar ideologicamente qualquer tipo de governo.” (pág. 147) 
“Se um governo, que sempre representa o Estado, representa ou não também o povo 
desse Estado, ou seja, se se trata ou não de um governo democrático, é algo que 
depende única e exclusivamente de se saber se ele é ou não democraticamente 
estabelecido, isto é, se foi eleito com base no sufrágio livre e universal.” (pág. 157) 
“Todo regime político provoca uma inevitável oposição e, desse modo, os que por uma 
razão ou outra se acham insatisfeitos em uma democracia serão os prováveis 
defensivos da autocracia.” (pág. 163) 
“A democracia moderna não pode estar desvinculada do liberalismo político. Seu 
princípio é o de que o governo não deve interferir em certas esferas de interesse do 
indivíduo, que devem ser protegidas por lei como direitos ou liberdades humanos 
fundamentais. É através do respeito a esses direitos que as minorias são protegidas 
contra o domínio arbitrário das maiorias.” (pág. 183) 
“O caráter racionalista da democracia manifesta-se sobretudo na tendência em 
estabelecer a ordem jurídica do Estado como um sistema de normas gerais criadas, 
com essa finalidade, por um procedimento bem-organizado.” (pág. 185) 
“A luta na qual a democracia sobrepuja a autocracia é, em grande parte, conduzida 
em nome da razão crítica contra as ideologias que apelam às forças irracionais da 
alma humana.” (pág. 187) 
“Um dos princípios fundamentais da democracia é o de que todos têm de respeitar a 
opinião política dos outros, uma vez que todos são iguais e livres. A tolerância, os 
direitos das minorias, a liberdade de expressão e de pensamento, componentes tão 
característicos de uma democracia, não têm lugar em um sistema político baseado na 
crença em valores absolutos.” (pág. 202) 
“Muitas pessoas não são capazes, nem estão dispostas, a aceitar a responsabilidade 
da decisão sobre o valor social a ser posto em prática. Portanto, tentam transferi-la de 
sua própria consciência para uma autoridade extrínseca com competência para dizer-
15 
 
lhes o que é certo e errado. Tal autoridade é por eles encontrada na religião.” (pág. 
206) 
“O fato de a democracia ser compatível com o tipo de homem amante da paz não 
significa que o princípio da democracia pode ser inferido do amor à paz e certamente 
tampouco significa que ele só possa realizar-se com base no amor de Deus ensinado 
por Cristo.” (pág. 248) 
“O problema da democracia e da economia está, fundamentalmente, na questão de 
se determinar se existe uma relação essencial entre o sistema político que chamamos 
democracia e um dos dois sistemas econômicos que rivalizam entre si na civilização 
moderna: o capitalismo e o socialismo.” (pág. 252) 
“Uma redefinição da democracia — como nos mostra a teoria soviética — é uma 
perigosa iniciativa, pois pode fornecer — e quando elaborada nos moldes da teoria 
soviética de fato fornece — um instrumento ideológico para um movimento político 
voltado contra a democracia.” (pág. 264) 
“O sistema de representação proporcional é a máxima aproximação possível ao ideal 
de autodeterminação no âmbito de uma democracia representativa e, portanto, o tipo 
mais democrático de sistema eleitoral, exatamente pelo fato de não exigir uma luta 
competitiva pelo voto popular.” (pág. 281) 
“As tentativas de demonstrar a existência de uma relação essencial entre liberdade e 
propriedade, assim como todas as outras tentativas de estabelecer uma relação mais 
estreita entre democracia e capitalismo, mais do que entre democracia e socialismo, 
ou até mesmo a compatibilidade exclusiva da democracia com o capitalismo, 
falharam. Nossa tese, portanto, é a de que, enquanto sistema político, a democracia 
não está necessariamente vinculada a um sistema econômico específico.” (pág. 297) 
“O Estado não é ‘grupo’, mas a ‘idéia’, uma ‘idéia diretora’, uma ideologia, um 
conteúdo de significado específico que só se distingue de outras idéias, como as de 
religião, nação etc., por seu conteúdo específico.” (pág. 327) 
“Onde a teoria procurou definir e diferenciar dois objetos e suas relações, há apenas 
um objeto. O Estado enquanto código de conduta humana é o código de obrigação 
representado pelo Direito ou código jurídico.” (pág. 340) 
16 
 
“Quase todos os grandes representantes da filosofia relativista foram politicamente 
favoráveis à democracia, enquanto os partidários do absolutismo filosófico, os 
grandes metafísicos, foram a favor do absolutismo político e contrários à democracia.” 
(pág. 353) 
16) Conceitos utilizados: 
 
1. Autocracia – (KELSEN, 2000, pág. 3): forma de governo na qual o poder está 
concentrado nas mãos de um único governante. 
2. Capitalismo – (KELSEN, 2000, pág. 5): sistema econômico pautado na 
propriedade privada das formas de produção e sua operação com fins 
lucrativos. 
3. Democracia – (KELSEN, 2000, pág. 25): forma de governo na qual a 
soberania é exercida pelo povo. 
4. Ditadura – (KELSEN, 2000, pág. 26): forma de governo na qual o poder é 
regido por uma única pessoa ou entidade política, sem participação popular. 
5. Epistemologia – (KELSEN, 2000, pág. 161): ramo da filosofia que estuda o 
conhecimento humano. 
6. Fascismo – (KELSEN, 2000, pág. 3): movimento político de caráter 
nacionalista e autoritário, que teve origem na Itália no século XX. 
7. Jusnaturalismo – (KELSEN, 2000, pág. 5): doutrina do Direito que defende a 
existência de um direito natural, superior ao direito positivo. 
8. Liberalismo – (KELSEN, 2000, pág. 25): teoria política baseada na liberdade, 
indo contra a intervenção do Estado na economia. 
9. Marxismo – (KELSEN, 2000, pág. 76): teoria política elaborada por Karl Marx 
e Friedrich Engels baseada no materialismo histórico-dialético. 
10. Metafísica – (KELSEN, 2000, pág. 105): ramo da filosofia que estuda e busca 
explicar os principais pensamentos filosóficos, como a existência do ser. 
11. Metapolítica – (KELSEN, 2000, pág. 41): ramo da filosofia que estabelece as 
funções na qual a política deve atuar. 
12. Monarquia – (KELSEN, 2000, pág. 2): regime político hereditário no qual um 
monarca exerce a função de chefe de estado sem limitações de poder ou 
tempo. 
17 
 
13. Niilismo – (KELSEN, 2000, pág. 229): doutrina filosófica que nega todo e 
qualquer princípio religioso, social e político. 
14. Oligarquia – (KELSEN, 2000, pág. 200): forma de governo na qual o poder é 
exercido por um grupo restrito de pessoas, as quais geralmente fazem parte da 
mesma família, partido ou classe. 
15. Parlamentarismo – (KELSEN, 2000, pág. 13): forma de governo 
caracterizada por possuir um gabinete de ministros, os quais constituem o 
parlamento. 
16. Princípio de maioria – (KELSEN, 2000, pág. 68): princípio que representa a 
formação da vontade geral com o maior acordo possível entre esta e as 
vontades individuais. 
17. Proletariado – (KELSEN, 2000, pág. 26): classe dos trabalhadores que não 
possuem meio próprio de subsistência. 
18. Psicanálise – (KELSEN, 2000, pág. 16): teoria desenvolvida por Freud, cuja 
funcionalidade seria investigar a mente e seu funcionamento. 
19. Racionalismo – (KELSEN, 2000, pág.185): ramo da filosofia, o qual acredita 
que a única forma de atingir o conhecimento é por meio do uso da razão. 
20. Relativismo – (KELSEN, 2000, pág. 15): corrente da filosofia que defende a 
relatividade do conhecimento, um fato dependeria das condições do meio e do 
tempo. 
21. Socialismo – (KELSEN, 2000, pág. 3): filosofia política, social e econômica 
baseada no princípio de igualdade. 
22. Solipsismo – (KELSEN, 2000, pág. 166): doutrina filosófica que defende que 
nada existe fora do pensamento individual. 
23. Teologia – (KELSEN, 2000, pág. 192): ciência voltada para o estudo de Deus, 
sua natureza e sua relação com o homem e com o universo. 
24. Tirania – (KELSEN, 2000, pág. 200): forma de governo em que há um 
excesso de poder conseguido de forma desonesta. 
 
17) Nomes de outros autores citados: 
Aristóteles; Baboeuf; Cícero; Comte; Darwin; Demócrito; Diderot; Durkheim; Emil 
Brunner; Euripedes; F. Riccobono; Festschrift; Fourier; Frederico Il; Freud; Friedrich 
Engels; Fritz Mauthner; Gerechtigkeit; Giuseppino Treves; Hayek; Hegel; Henri 
18 
 
Bergson; Herbert Spencer; Hitler; Hume; Ibsen; Ivan, o Terrível; Jacques Maritain; 
John Chapman Gray; John Locke; Kant; Karl Marx; Le Bon; Leibniz; Leucipo; Losano; 
Luís XIV; Maomé; Matteucci; Max Weber; McDougall; Michels; Montesquieu; Morelly; 
Mosca; Mussolini; Nicolau de Cusa; Nietzsche; Péricles; Pilatos; Platão; Pravda; 
Protágoras; Racinaro; Reine Rechtslehre; Reinhold Niebuhr; Renato Treves; 
Robertson Smith; Roosevelt; Rousseau; Santo Tomás de Aquino; Schmitt; Sighele; 
Simmel; Sócrates; Spinoza; Tucidides; Vaihinger; Volpicelli; Wilhelm von Humboldt. 
18) Glossário de palavras e conceitos: 
 
1. Amorfo: aquilo que não possui forma definida, determinada. 
2. Anglo-saxão: adjetivo referente ao povo germânico, resultante da fusão dos 
anglos, saxões e jutos que se fixaram na Inglaterra. 
3. Choses: expressão vinda do francês, significa “coisas”. 
4. Das sichbewãhren: expressão vinda do alemão, significa “provar a si mesmo”. 
5. Discricionário: aquilo que procede ou exerce a descrição, sem restrições. 
6. L’État, c’est moi: expressão vinda do francês, significa “o estado sou eu”. 
7. Etat c´est nous: expressão vinda do francês, significa “somos nós”. 
8. Habitus: expressão vinda do latim, significa “modo de ser, carácter”. 
9. Hélade: nome dado aos povos do mundo grego antigo da região de Tessália, 
a pátria dos helenos. 
10. Hipostatização: considerar a realidade abstrata como concreta e objetiva. 
11. Imolação: morte em sacrifício a uma divindade. 
12. Imputação: incriminação; culpar alguém por algum tipo de crime. 
13. Leitmotiv: expressão vinda do alemão, significa “música motivo musical 
condutor, associado a uma ideia e a um personagem”. 
14. Ostracismo: expressão vinda do grego, significa “julgamento ou condenação, 
ato de excluir”. 
15. Peculato: é um crime de desvio de um bem ou valor público por colaborador 
que tenha acesso a ele. 
16. Plesbicito: expressão vinda do latim, significa “expressão da vontade, da 
opinião demonstrada através de votação”. 
17. Politeia: termo utilizado na Grécia Antiga para se referir as cidades-estados 
que possuíam uma assembleia de cidadãos. 
19 
 
18. Princeps legibus solutus est: expressão vinda do latim, significa “o príncipe 
está livre das leis”. 
19. Qui tacet consentire videtur: expressão vinda do latim, significa “quem cala 
parece concordar”. 
20. Referendum: expressão vinda do latim, significa “referendo”. 
21. Rechtssicherheit: expressão vinda do alemão, significa “segurança jurídica”. 
22. Seins-wirsamkeit: expressão vinda do alemão, significa “ser eficaz”. 
23. Tertium comparationis: expressão vinda do latim, significa “a terceira 
comparação”. 
24. Totemismo: conjunto de ideias baseadas na crença de um parentesco místico 
entre seres humanos e objetos naturais. 
25. Tout court: expressão vinda do francês, significa “sem mais; só isto; somente”. 
26. Volonté générale: expressão vinda do francês, significa “vontade geral”. 
27. Vox populi vox dei: expressão vinda do francês, significa “voz do povo, voz 
de Deus”. 
28. Wert: expressão vinda do alemão, significa “valor”. 
29. Wesen: expressão vinda do alemão, significa “ser”. 
30. Worn wesen: expressão vinda do alemão, significa “foi usado”. 
 
19) Comentário do aluno sobre a leitura: 
 
1. Uma das primeiras colocações de Hans Kelsen na obra “A Democracia” é que 
é característico da ideologia democrática aceitar limitações na definição de 
povo e, nesse sentido, a exclusão dos escravos e das mulheres dos direitos 
políticos não impediria que uma ordenação estatal seja considerada 
democracia. Para mais, coloca que a proteção dessa minoria deveria ser feita 
por meio do estabelecimento dos direitos e liberdades fundamentais (direitos 
do homem e do cidadão) por todas as modernas constituições das democracias 
parlamentares. Entretanto, o que se pode pontuar, é que há uma contradição 
nessa ideologia, pois entendo que se há exclusão, esses direitos não estão de 
fato sendo assegurados e efetivados. Então, o que se observa é uma ausência 
de preocupação do autor com essa questão mais social, ele apenas aceita 
essas restrições de direitos como parte integrante da democracia, não 
buscando soluções para o problema. Além disso, a meu ver, esse pensamento 
20 
 
de Kelsen tem caráter escravista e misógino, e não condiz com a sua proposta 
democrática de que os indivíduos deveriam ser livres, a partir do seu direito de 
participar da vida política direta ou indiretamente. 
2. O autor também coloca que “Na massa daqueles que, exercendo efetivamente 
os seus direitos, participam da formação da vontade do Estado, seria preciso 
fazer uma distinção entre aqueles que, como massa sem juízo, se deixam guiar 
pela influência dos outros, sem opinião própria, e aqueles poucos que intervém 
realmente com uma decisão pessoal — segundo a idéia de democracia —, 
conferindo determinada direção à formação da vontade comum.” Nesse 
sentido, entendo que Kelsen mais uma vez faz uma segregação entre os 
indivíduos, influenciando diretamente na liberdade do cidadão de participar da 
vida política, a partir de uma visão muito elitista. Afinal, como seria possível 
diferenciar as pessoas com opinião própria daquelas que estão influenciadas? 
E por que existem pessoas alienadas? E qual o parâmetro utilizado para definir 
isso? Então, acredito que esse pensamento do autor é muito vago e tomado a 
partir da perspectiva da maioria, que sempre acreditaria nos seus pontos de 
vista em detrimento dos da minoria. Além disso, essa visão infere que há uma 
desigualdade dentro do sistema democrático, uma vez que todos deveriam ter 
a capacidade de questionar o que é imposto e formular suas próprias opiniões, 
e Kelsen, por sua vez, não se preocupa em resolver essa problemática. 
3. Outro ponto a ser comentado, é quando o autor considera um exagero o 
pensamento de Rousseau, o qual diz “nunca poderia existir democracia no 
sentido verdadeiro e próprio da palavra, pois seria contra a ordem das coisas 
que o maior número governasse e que o menor número fosse governado”, 
Kelsen afirma que “a democracia do Estado moderno é a democracia indireta, 
parlamentar, em que a vontade geral diretiva só é formada por uma maioria de 
eleitos pela maioria dos titulares dos direitos políticos”. Isto é, ele defende a 
democracia dirigida a partir de uma maioria de indivíduos, o que traz mais uma 
vez caráter extremamente segregador para sua teoria. Entrando, também, em 
contraste com a democracia hodierna, uma vez que esta é pautada dos ideais 
de igualdade, de proteção das minorias e na ideia de que todos os indivíduos 
deveriam ter o direito de participar da vida política. Afinal, como seria possível 
sustentar essa forma de governo se nem todos possuem direitos políticos? E 
por que a minoria é sempre retirada? É notório, então,que Kelsen coloca a 
21 
 
igualdade sempre em segundo plano, enquanto a liberdade fica em primeiro, 
mas esta, na realidade, é assegurada apenas a maioria e por meio do simples 
direito ao voto. 
4. Outrossim, Kelsen afirma ser praticamente impossível substituir o 
parlamentarismo por uma organização corporativa, pois esta não 
compreenderia todos os interesses do Estado, e devido aos grupos 
profissionais não estarem todos em comunhão, mas sim conflito de interesses. 
Então, para ele, a organização profissional apenas representaria a forma como 
um ou mais grupos buscam dominar os outros, se aproximando de um regime 
autocrático e ditatorial. Contudo, acredito que este seja um pensamento 
exagerado, uma vez que não há uma forma de governo capaz de conseguir 
equilibrar todas as vontades individuais. Ou seja, dentro do parlamentarismo e 
do sistema de partidos que ele defende, também existem desigualdades e 
diferentes crenças, e uma busca pela consolidação de determinados 
pensamentos, o que poderia levar, também, a uma dominação. Além disso, no 
sistema parlamentar, pode-se acabar dando mais importância aos interesses 
de cada partido do que aos eleitores, o que resultaria na diminuição da 
liberdade política defendida pelo jurista. 
5. Ainda com relação ao elo entre a maioria e a minoria, Kelsen defende que seria 
impossível um domínio absoluto da primeira para com a segunda. Pois, 
segundo ele, a longo prazo, pelo simples fato de que uma minoria, condenada 
a não exercer absolutamente influência alguma, acabaria renunciando à 
participação na formação da vontade geral, privando, com isso, a maioria — 
que, por definição, não é possível sem a minoria — de seu próprio caráter de 
maioria. Todavia, acredito que seria possível sim existir um domínio absoluto, 
posto que muitos indivíduos estão à margem da sociedade, não tendo seus 
direitos ouvidos e assegurados, e apenas não renunciam sua participação na 
política, por mal saberem que fazem parte dela. É decerto que, muitos não tem 
o acesso mínimo a educação, não conseguindo entender o processo e lutar 
pelo que é seu por direito, ficando, então, nas mãos da maioria. Ademais, 
entendo que essa ideia de codependência entre maioria e minoria, já 
pressupõe uma dominação intrínseca, e uma vez que não são oferecidas as 
condições necessárias para que ambos os lados possam se manifestar, há sim 
uma relação de dominação que pode vir a se tornar absoluta. 
22 
 
6. Sob essa óptica da minoria e da maioria, entendo que essa divisão e 
qualificação de quais indivíduos compõem cada grupo, não condiz com a 
realidade. Uma vez que, hodiernamente a minoria é na realidade, uma enorme 
classe de cidadãos que possuem seus direitos negados e vivem à margem da 
sociedade. Enquanto a maioria é um pequeno grupo seleto de pessoas que 
possuem melhores condições financeiras e por isso tem seus direitos políticos 
respeitados. Ademais, essa separação dos indivíduos em apenas dois lados 
opostos, buscando encontrar um meio termo entre eles, acaba resultando 
numa enorme redução do pluralismo social, pois como todas as vontades 
dentro de um único grupo serão ouvidas? Observa-se então, o constante 
desejo de Kelsen de reprimir as diversidades, fazendo todos se encaixarem em 
um local, do qual, na verdade podem não pertencer. E, acredito que é 
praticamente impossível criar uma sociedade padronizada, sem diferenças. 
Tudo isso, acaba resultando numa demasiada insatisfação de todos com o 
governo, pois não conseguem mais se identificar com ele, o que põe em risco 
o sistema democrático. 
7. Para mais, Kelsen defende em sua obra que o sistema eleitoral preferível para 
o modelo de democracia parlamentar seria o proporcional, em detrimento do 
majoritário, pois este apenas representaria a maioria. Justifica isso afirmando 
“no caso ideal de eleições proporcionais não há vencidos, pois não se recorre 
à maioria. Para ser eleito não é necessário realmente obter maioria de votos, 
mas é suficiente obter um ‘mínimo’, cujo cálculo constitui a característica da 
técnica proporcional”. Contudo, entende-se que é muito comum as minorias 
não serem representadas no parlamento por não conseguirem o número 
mínimo de votos para se ter direito a um mandado. Ou seja, na realidade, ao 
invés do sistema proporcional, defendido pelo autor, assegurar a liberdade e 
impedir o domínio da maioria sobre a minoria, ele continua sendo excludente, 
no qual apenas os interesses da maioria são assegurados e a minoria continua 
sem voz. 
8. Outro problema observado no sistema proporcional, sustentado por Kelsen, é 
a formação de pequenos partidos que correm o perigo de se desmembrarem, 
o que resultaria na ausência de um partido com a maioria absoluta tão 
importante para a manutenção do parlamentarismo proposto pelo autor. 
Ademais, ele afirma que a integração política por meio da coalização dos 
23 
 
partidos seria necessária para conseguir manter o princípio majoritário e que 
isso não constituiria nenhum mal social, mas sim um progresso. Contudo, 
acredito que a coalização atrapalha sim no asseguramento da justiça, uma vez 
que, os partidos se unem, na maioria das vezes, apenas para conseguir se 
eleger e se manter no poder, não havendo nenhum retorno social. Além disso, 
há uma ilustre chance de os partidos menores acabarem se vendendo em prol 
de interesses pessoais em detrimento dos interesses da minoria. E, esse 
processo também faz com que os partidos que já eram grandes fiquem ainda 
maiores, impedindo cada vez mais que os pequenos tenham voz. 
9. Kelsen ainda coloca que um dos problemas mais escabrosos e perigosos do 
sistema parlamentar seria o obstrucionismo, afirmando que “poderia ocorrer 
que a ocorrer que a minoria abusasse das regras do procedimento parlamentar 
e, em particular, dos direitos que estas lhe conferem para tentar obstar à 
aprovação de decisões pela maioria, ou mesmo impedi-las, paralisando 
temporariamente o mecanismo parlamentar”. Todavia, acredito que a minoria 
recorre ao obstrucionismo não porque abusa dos direitos conferidos a ela, mas 
sim porque não tem seus direitos assegurados. Nesse sentido, vejo que essa 
prática é, na realidade, uma forma de manifestação, não necessariamente 
violente, e que pode permitir que a minoria seja escutada e consiga negociar 
melhor suas ambições e direitos com a maioria. 
10. Outro ponto a ser discutido, é a afirmação de Kelsen que para a democracia 
ser assegurada a maioria e a minoria precisam se entender e entrar em um 
acordo, tendo como premissa essencial para chegar a essa compreensão 
mútua, a busca pela homogeneidade cultural da sociedade, em especial a 
comunidade idiomática. Dessarte, observo na ideia do autor, mais uma vez um 
caráter censurador, negando as diversidades presentes no meio social e 
buscando padronizar todas as relações. Fica, então, notório que Kelsen 
considera a existência do homem apenas no meio social, ignorando as 
características intrínsecas aos indivíduos e toda cultura rica e diversificada que 
eles produziram. 
11. Outra colocação de Kelsen é “se há uma forma política que ofereça a 
possibilidade de resolver pacificamente esse conflito de classes, deplorável, 
mas inegável, sem levá-lo a uma catástrofe pela via cruenta da revolução, essa 
forma só pode ser a da democracia parlamentar, cuja ideologia é, sim, a 
24 
 
liberdade não alcançável na realidade social, mas cuja realidade é a paz”. À 
vista disso, infere-se que para o autor a única forma de alcançar a paz é por 
meio do sistema democrático parlamentar. Porém, existem outras formas de 
governo, como, por exemplo, o presidencialismo, que dependendo da forma 
como forem estabelecidos e sendo democráticos, podem, também, levar a paz. 
Outrossim, por toda ideologia observada na obra do jurista, pode-se entender 
que essa paz, na realidade, acontece quando a minoria aceita ser dominada 
pela maioria, ou seja,quando renuncia em partes, sua liberdade. Em 
decorrência disto, que existem e existiram locais que estavam sob influência 
de uma democracia parlamentar, mas, mesmo assim não possuíam a paz 
prometida. Isso foi observado, por exemplo, na Alemanha, durante o período 
entre as guerras mundiais, conhecido como República de Weimar. 
12. Kelsen na obra “A Democracia”, também, se apresentou como um grande 
defensor da burocratização, afirmando que apenas por meio de um amplo 
poder discricionário se conseguiria ter um funcionamento satisfatório da 
administração democrática. Nesse sentido, para ele a democracia precisa de 
um forte controle, e ainda afirma que a tutela dos limites do poder discricionário 
dos órgãos médios e inferiores deveria ser confiada a órgãos autocráticos 
(nomeados pelos órgãos superiores ou pelos responsáveis perante estes e por 
estes revogáveis). Ou seja, essa ideia defendida por Kelsen, acaba 
combinando elementos democráticos com elementos autocráticos, o que fica 
em desacordo com a sua luta contra a autocracia. Para mais, entendo que a 
burocratização é realmente necessária para se conseguir controlar e organizar 
melhor um governo. Contudo, se ela for excessiva, acaba restringindo muito a 
liberdade e se aproximando de um regime autocrático, além disso, pode, 
também, aumentar a dificuldade da minoria de assegurar seus direitos, por 
causa da demora e da dificuldade de se abrir processos. 
13. Outra colocação do autor, é a de que a igualdade participa da ideologia 
democrática, mas de forma negativa, formal e secundária, ele afirma que esta 
pode ser realizada tão bem e até melhor em regimes ditatoriais, autocráticos, 
do que em regime democrático. Nesse sentido, Kelsen diz que historicamente 
a luta pela democracia é uma luta pela liberdade política, e não pela igualdade. 
Contudo, não entendo como essa colocação poderia ser verdadeira, uma vez 
que, se observa, na realidade, uma grande desigualdade combinada à restrição 
25 
 
de liberdade nos governos ditatoriais. Por exemplo, no regime nazista os judeus 
e os deficientes eram perseguidos, pois os consideravam como constituintes 
de uma raça inferior. Para mais, na ditadura venezuelana, o povo enfrenta uma 
grande crise socioeconômica, política e humanitária, tendo seus mínimos 
direitos negados. 
14. Sob esse viés da igualdade, Kelsen diz que a democracia permanece no 
estágio de igualdade apenas política (direito ao voto), não alcançando a 
igualdade econômica porque “o proletariado interessado na igualdade 
econômica e na nacionalização ou socialização da produção não constitui — 
ou pelo menos não constitui ainda — a esmagadora maioria do povo. Aliás, nos 
países onde o socialismo efetivamente conquistou o poder absoluto graças ao 
proletariado, este último representa apenas uma fraca minoria”. No entanto, 
discordo dessa afirmação, enxergando um caráter muito elitista nela. Porque, 
na realidade, o proletariado constitui a grande maioria da população, o que 
acontece, é que eles não possuem a oportunidade e o conhecimento 
necessário para alcançar o poder, visto que muitas vezes seus mínimos direitos 
são negados. Isso ocorre, principalmente, devido ao fato de que a política é 
controlada pela minoria da população, sendo esta, a que possui a condição 
financeira necessária para isso, cuidando, por exemplo, de toda mídia, a qual 
vai propagar sempre os seus interesses, em detrimento dos da classe 
trabalhadora. 
15. Com relação ao domínio da maioria característico da ideia de democracia 
proposta por Kelsen, o autor diz “essa ordem coercitiva deve ser organizada de 
tal modo que mesmo a minoria, que não está completamente equivocada nem 
absolutamente privada de direitos, possa tornar-se maioria a qualquer 
momento”. Contudo, como já apontado, observa-se que existe sim uma parcela 
da população sem direitos e se voz política para conseguir se manifestar e 
mudar essa realidade. Nesse sentido, acredito que Kelsen foi muito vago e 
utópico nessa colocação, uma vez que não explica como essa minoria poderia 
vir a se tornar maioria, qual o mecanismo seria utilizado para isso. Tendo em 
vista que, ainda há na democracia uma enorme dificuldade de conseguir se 
assegurar a todos os cidadãos os seus direitos e a liberdade política. 
16. Mais uma vez observo um desejo utópico em Kelsen quando ele afirma que o 
princípio majoritário é mais bem aplicado numa sociedade edificada sobre a 
26 
 
plena comunidade de interesses dos seus membros, não em uma sociedade 
dividida pelo antagonismo de classe. Sendo necessário criar uma harmonia 
entre os interesses e superar as opiniões de importância secundária, ou seja, 
entendo que o que ele deseja, na realidade, é que a minoria se submeta e 
aceite tudo aquilo que a maioria propõe de forma pacífica. Sob esse viés, 
Kelsen desconsidera, novamente, toda a diversidade presente na sociedade, 
visando formar uma comunidade perfeita e ausente de conflitos sociais, o que 
acredito não ser possível. 
17. Kelsen defende também que “a doutrina de que a democracia pressupõe a 
crença na existência de um bem comum objetivamente determinável, de que o 
povo é capaz de conhecê-lo e, consequentemente, transformá-lo no conteúdo 
de sua vontade é uma doutrina errônea”. Nesse sentido, acredita que o povo 
não tem uma vontade única, por existir diferentes níveis econômicos na 
sociedade, por isso, estaria errada a definição de democracia como “governo 
para o povo”, o correto seria “governo do povo”. Dessarte, estou de acordo que 
cada cidadão possui seus próprios anseios, e que a vontade é uma construção, 
que vai sendo ajustada com o decorrer dos fatos. Contudo, acredito que essa 
ideia do autor tem como objetivo justificar a dominação da maioria sobre a 
minoria. Afinal, o princípio majoritário acaba fazendo com que os desejos da 
maioria sejam atendidos em detrimento dos da minoria, por isso, acredito que 
a minoria tem sim um desejo em comum, que é o de que seus direitos mínimos 
sejam respeitados e assegurados, principalmente o de participar ativamente da 
política. 
18. Outro ponto a ser comentado, é a afirmação de Kelsen de que os detentores 
dos meios de produção (os capitalistas) não controlam a ideologia política pelo 
fato de controlarem o processo econômico. Nesse sentido, ele diz “é um 
exagero absurdo afirmar que quem controla a satisfação das necessidades 
econômicas do homem também controla a mente do mesmo e, em especial, 
suas opiniões políticas”. Entretanto, a meu ver, controla sim, pois aquele que 
possui mais dinheiro, é o que vai deter os meios de informação. Controlando, 
assim, as propagandas presentes nos jornais, na televisão, nas editoras. Ou 
seja, passando todos os fatos a partir de sua visão e defendendo a forma 
desejada de governo e seus interesses pessoais, o que pode vir a influenciar o 
proletariado. 
27 
 
19. Também discordo do autor, quando ele diz que se existisse um sistema 
econômico que assegurasse a todos a satisfação de suas mais importantes 
necessidades econômicas, o interesse pela política diminuiria sensivelmente. 
Kelsen ainda diz que “se o homem se libertar do temor dos dois males maiores, 
a fome e a guerra, a atividade governamental pode perder grande parte de sua 
importância para o indivíduo, cujo interesse em participar da mesma pode 
tornar-se menos intenso do que sempre é quando as decisões do governo nos 
campos da economia e das relações exteriores afetam sua própria vida”. 
Acredito ser um exagero essa colocação, pois os indivíduos têm outras 
vontades além de acabar com a fome e a guerra, então se esses problemas 
fossem solucionados, novas necessidades seriam criadas. Até mesmo porque, 
as vontades individuais se desenvolvem com o decorrer da evolução social e 
do progresso, então, conjecturo ser quase impossível a população perder o 
interesse pela política depois que seja atingida a igualdade. 
20. Porfim, Kelsen acredita que a democracia possa ser compatível com o 
socialismo, mas nega a necessidade de redefinir o conceito de democracia 
para isso. Pois segundo ele “é possível substituir o capitalismo por uma 
democracia socialista sem que, para tanto, seja preciso mudar o significado de 
democracia do modo como definido neste ensaio e na prática, já estabelecido 
nas democracias capitalistas existentes. Uma redefinição da democracia — 
como nos mostra a teoria soviética — é uma perigosa iniciativa, pois pode 
fornecer um instrumento ideológico para um movimento político voltado contra 
a democracia”. A meu ver, essa colocação foi ideológica e exagerada, pois 
acredito que a sociedade e o direito se transformam, e com isso novos 
conceitos vão criados e mudados para se adequarem melhor a realidade atual. 
Além disso, entendo que não é uma simples redefinição que poderia fazer um 
movimento político se voltar contra a democracia, pois eles já existem e causam 
certa ameaça democrática independente disso.

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