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Prévia do material em texto

PSICOLOGIA 
SOCIAL
Professora Esp. Magda Yuriko Yonehara
Professora Esp. Daniela Sikorski
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Coordenador de Conteúdo
Maria Cristina Araújo de Brito Cunha
Design Educacional
Maria Fernanda Canova Vasconcelos
Iconografia
Amanda Peçanha dos Santos
Ana Carolina Martins Prado
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
André Morais de Freitas
Editoração
Daniel Fuverki Hey
Revisão Textual
Nayara Valenciano
Ana Caroline de Abreu
Ilustração
André Luís Onishi
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; YONEHARA, Magda Yuriko; SIKORSKI, Daniela.
 Psicologia Social. Magda Yuriko Yonehara; Daniela 
Sikorski. 
 (Reimpressão)
 Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018. 
 189 p.
“Graduação - EaD”.
 
 1. Psicologia 2. Social . 3. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-0151-8
CDD - 22 ed. 150
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria Executiva
Chrystiano Minco�
James Prestes
Tiago Stachon 
Diretoria de Graduação
Kátia Coelho
Diretoria de Pós-graduação 
Bruno do Val Jorge
Diretoria de Permanência 
Leonardo Spaine
Diretoria de Design Educacional
Débora Leite
Head de Curadoria e Inovação
Tania Cristiane Yoshie Fukushima
Gerência de Processos Acadêmicos
Taessa Penha Shiraishi Vieira
Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas
Gerência de de Contratos e Operações
Jislaine Cristina da Silva
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Supervisora de Projetos Especiais
Yasminn Talyta Tavares Zagonel
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um 
grande desafio para todos os cidadãos. A busca 
por tecnologia, informação, conhecimento de 
qualidade, novas habilidades para liderança e so-
lução de problemas com eficiência tornou-se uma 
questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilida-
de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos-
sos farão grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar 
assume o compromisso de democratizar o conhe-
cimento por meio de alta tecnologia e contribuir 
para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a 
educação de qualidade nas diferentes áreas do 
conhecimento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi-
tário Cesumar busca a integração do ensino-pes-
quisa-extensão com as demandas institucionais 
e sociais; a realização de uma prática acadêmica 
que contribua para o desenvolvimento da consci-
ência social e política e, por fim, a democratização 
do conhecimento acadêmico com a articulação e 
a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al-
meja ser reconhecido como uma instituição uni-
versitária de referência regional e nacional pela 
qualidade e compromisso do corpo docente; 
aquisição de competências institucionais para 
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con-
solidação da extensão universitária; qualidade 
da oferta dos ensinos presencial e a distância; 
bem-estar e satisfação da comunidade interna; 
qualidade da gestão acadêmica e administrati-
va; compromisso social de inclusão; processos de 
cooperação e parceria com o mundo do trabalho, 
como também pelo compromisso e relaciona-
mento permanente com os egressos, incentivan-
do a educação continuada.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quan-
do investimos em nossa formação, seja ela pessoal 
ou profissional, nos transformamos e, consequente-
mente, transformamos também a sociedade na qual 
estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando 
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capa-
zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa-
tível com os desafios que surgem no mundo contem-
porâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialó-
gica e encontram-se integrados à proposta pedagó-
gica, contribuindo no processo educacional, comple-
mentando sua formação profissional, desenvolvendo 
competências e habilidades, e aplicando conceitos 
teóricos em situação de realidade, de maneira a inse-
ri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais 
têm como principal objetivo “provocar uma aproxi-
mação entre você e o conteúdo”, desta forma possi-
bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos 
conhecimentos necessários para a sua formação pes-
soal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cres-
cimento e construção do conhecimento deve ser 
apenas geográfica. Utilize os diversos recursos peda-
gógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possi-
bilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente 
Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e en-
quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus-
sões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de 
professores e tutores que se encontra disponível para 
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de 
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
Professora Esp. Magda Yuriko Yonehara
Graduação em Licenciatura e Bacharelado em Psicologia pela Universidade 
Estadual de Maringá (UEM). Especialista em acupuntura pela Faculdade 
Estadual de Educação Física e Fisioterapia de Jacarezinho e cursando 
especialização em Neuropsicologia na Faculdade Metropolitana de 
Maringá (FAMMA).
Atuação em psicologia clínica com adultos e idosos e também na área 
de psicologia social desde 1998 trabalhando com ONGs em Maringá 
com coordenação de projetos sociais vinculados ao Ministério da Saúde. 
Experiência no Terceiro Setor e Responsabilidade Social.
Professora Esp. Daniela Sikorski
Possui Graduação em Bacharelado em Serviço Social pela Universidade 
Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Especialista em Política Social e Gestão 
de Serviços Sociais, pela Universidade Estadual de Londrina, experiência 
profissional na área de Serviço Social na Educação, Terceiro Setor, 
Responsabilidade Social e Gestão na Área da Saúde.
CU
RR
ÍC
U
LO
SEJA BEM-VINDO(A)!
Caro(a) aluno(a), 
É com grande prazer que apresento o livro que fará parte do seu material de estudo na 
disciplina de Psicologia Social do curso de graduação de Serviço Social. 
Este livro trará um conteúdo básico para que você possa, de forma clara e objetiva, en-
tender a importância da psicologia social no desenvolvimento do seu conhecimento na 
graduação de Serviço Social. Você poderá perceber, no andamento de nossos estudos, 
na unidade I, que, apesar de serem ciências distintas, essas duas áreas de conhecimento 
se completam, e, juntas, cada uma com seu enfoque específico, conseguem atuar de 
forma efetiva junto à população atendida.
Para podermos entender como a psicologia social se desenvolveu no âmbito da atuação 
social, iremos estudar, a princípio, seu desenvolvimento histórico enquanto ciência, relacio-
nando o momento histórico-social na Europa, nos EUA e no Brasil com seu desenvolvimento.
Na unidade II, iremos nos debruçar sobre o estudo da formação do indivíduo enquanto 
ser social, a importância da aquisição da linguagem na formação do pensamento, o pro-
cesso de socialização por meio da família e da escola, analisando a importância de cada 
uma delas no desenvolvimento do indivíduo e nas suas relações sociais. 
Além disso, iremos analisar a importância das representações sociais que internalizamos 
para a formaçãoda identidade individual e coletiva do ser humano.
Já na unidade III, discutiremos sobre a atuação da psicologia social, qual o seu papel e 
como se dá sua atuação junto à sociedade.
Em seguida, na unidade IV, analisaremos como se dá a relação e a atuação da psicologia 
social com o serviço social, apresentando elementos de interface entre as duas áreas para 
que possamos conhecer e compreender como acontece a prática de forma interdisciplinar. 
A partir de tudo que será apresentado nas quatro unidades, chegaremos à última uni-
dade buscando mostrar para você como se desenvolve o trabalho com os grupos, tudo 
que é necessário entender e nos atentar para que possamos desenvolver um trabalho 
que apresente resultados. 
No trabalho social, é fundamental ter sempre em mente que é preciso entender e con-
siderar a importância do ser humano enquanto ator de seu desenvolvimento, o homem 
não existe sem o social e vice-versa.
Espero que você possa absorver e aproveitar ao máximo o conteúdo contido neste livro.
Obrigada.
APRESENTAÇÃO
PSICOLOGIA SOCIAL
SUMÁRIO
09
UNIDADE I
INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA SOCIAL
15 Introdução
16 Conceituação 
21 Aspectos Históricos 
27 Psicologia Social no Brasil 
34 Fundamentos da Psicologia Social 
36 Considerações Finais 
UNIDADE II
A FORMAÇÃO DO “SER” SOCIAL
43 Introdução
44 A Formação do Pensamento Social 
49 Representações Sociais 
51 O Processo de Socialização: Indivíduo, Sociedade e Cultura 
57 Psicologia Social na Construção da Identidade do Ser Humano 
63 O Ser Social – O Homem no Coletivo 
67 Considerações Finais 
SUMÁRIO
UNIDADE III
PSICOLOGIA SOCIAL TEORIA E PRÁTICA
75 Introdução
76 Psicologia Social Teoria e Prática 
80 Psicologia Social na Construção da Igualdade 
86 Desafios para Atuar Junto da Comunidade 
89 Políticas Públicas e Psicologia Social 
97 Considerações Finais 
UNIDADE IV
SERVIÇO SOCIAL E A PSICOLOGIA SOCIAL
105 Introdução
106 Interfaces do Serviço Social e a Psicologia Social na Compreensão do 
Homem Enquanto Sujeito
107 A Ansiedade – Característica da Vida Moderna e Influência na Vida 
Humana
129 Autenticidade – Um Ato de Coragem na Vida Moderna 
133 Serviço Social e Psicologia 
135 Considerações Finais 
SUMÁRIO
11
UNIDADE V
TRABALHO DE CAMPO 
145 Introdução
146 Formas de Intervenção 
158 A Importância da Dinâmica de Grupo como Técnica 
167 O Uso de Oficinas como Método de Intervenção em Grupos 
170 Temas Geradores: entre Sujeito e Cultura 
173 Considerações Finais 
179 Conclusão
181 Referências
189 Gabarito
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Professora Esp. Magda Yuriko Yonehara
INTRODUÇÃO À 
PSICOLOGIA SOCIAL
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Entender o que é psicologia social.
 ■ Conhecer o desenvolvimento histórico da psicologia social.
 ■ Visualizar os fundamentos da psicologia social.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Conceituação
 ■ Aspectos históricos
 ■ Psicologia social no Brasil
 ■ Fundamentos da Psicologia Social
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), nesta unidade iremos discorrer sobre o que é a psicologia 
social, suas definições e seus fundamentos. Abordaremos os conceitos sobre o 
que é a psicologia social, discutindo como se chegou à definição que utilizamos 
hoje. Esse foco da Psicologia ainda está em construção, é uma abordagem relati-
vamente nova dentro do que se propõe. Para que possamos entender a trajetória 
da psicologia social, iremos falar sobre o caminho histórico percorrido até che-
gar ao ponto em que estamos atualmente, desde a história dos seus primórdios 
na Europa e América até o seu desenvolvimento histórico no Brasil, através do 
surgimento das escolas de psicologia social e a busca de um enfoque dentro da 
nossa realidade histórico-social.
Afinal, esse enfoque da Psicologia surgiu de uma necessidade do momento 
histórico social e não só da Psicologia em si, que era vista como um privilé-
gio exclusivo das elites e com uma abordagem individualista, modelo esse de 
Psicologia que passou a não ser mais suficiente para entender o ser humano. Com 
a 2ª Guerra Mundial e o advento da industrialização, surgiu a necessidade de se 
entender e desenvolver formas de trabalho com os grupos sociais. Obviamente, 
em um primeiro momento, a psicologia social surgiu visando o entendimento 
do funcionamento dos grupos na busca do controle das massas, tanto durante a 
guerra quanto no pós-guerra, em nome de uma chamada “manutenção da ordem”. 
Apesar de o enfoque ser de controle social, o desenvolvimento do trabalho da 
psicologia social foi muito além, desenvolvendo formas de atuação que privile-
giam a construção do pensamento crítico individual e social. 
O entendimento do que vai dar alicerce ao desenvolvimento da psicologia 
social no Brasil passa pelo entendimento do desenvolvimento histórico da pró-
pria sociedade. Para que possamos entender a forma como o pensamento social 
é construído, e como se dá o desenvolvimento das relações nesse meio, e, ainda, 
qual o papel da psicologia social em tudo isso, precisamos nos localizar dentro 
desse contexto. Portanto, vamos começar a percorrer esse trajeto na construção 
do nosso entendimento de como isso aconteceu.
Bom estudo.
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Introdução
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INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA SOCIAL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
I
CONCEITUAÇÃO
O que é Psicologia Social?
Discorrer sobre a formação de uma área de estudo da ciência para podermos 
definir seu conceito não é tarefa simples. A psicologia social surge na busca de 
se entender a realidade social existente por meio da compreensão da realidade 
do indivíduo, do meio social e das relações existentes nesse contexto. 
Portanto, chegar a uma definição do que seria a psicologia social não foi 
algo fácil. Foram levantadas várias possibilidades, alguns a consideravam ape-
nas uma subárea da Psicologia, outros, como um conhecimento derivado da 
Sociologia, e outros, ainda, afirmavam que ela seria uma área de interseção da 
Psicologia com a Sociologia. 
Houve, inclusive, no desenvolvimento histórico da psicologia social, uma 
disputa entre a Sociologia e a Psicologia que reivindicavam para si a responsa-
bilidade por suas bases de estudo, ambas defendendo a psicologia social como 
sendo derivada do seu conhecimento. A Sociologia reivindicava que a psicologia 
social surgiu a partir de suas bases de conhecimento, pois estudava os fenôme-
nos coletivos por entender que a psicologia social trabalha com o entendimento 
das dinâmicas sociais, que seria seu objeto de estudo. Já a psicologia reivindicava 
a psicologia social como derivada de suas bases teóricas por se tratar de uma 
área do conhecimento concernente ao comportamento do indivíduo no social. 
Apesar de ambas poderem explicar alguns fenômenos sociais mais simples 
dentro de suas perspectivas, elas apresentam limitações dentro dos seus conhe-
cimentos, quando se trata de fenômenos sociais mais complexos, trazendo, 
assim, a discussão sobre a possibilidade da utilização do conhecimento dessas 
duas ciências no desenvolvimento da psicologia social, aproveitando e valori-
zando a visão de cada área. 
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Conceituação
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Figura 1: Relação da psicologia social com áreas afins
Fonte: as autoras.
Apesar de parecer fazer muito sentido o conceito de que a psicologia social viria 
do cruzamento da Sociologia e da Psicologia, devemos analisar o seguinte: a 
Psicologia tem como objeto principal de estudo o indivíduo, ou seja, os meca-
nismos internos do ser humano; já a Sociologia tem como objeto de estudo 
o social, a busca para entender a sociedade, as formas de interação e as suas 
estruturas institucionais. Portanto, acomparação entre a psicologia social e a 
Sociologia não é assim tão simples, pois ambas constituem campos indepen-
dentes, que partem de ângulos teóricos diversos. Há, portanto, uma distância 
considerável entre as duas, porque, enquanto a Psicologia destaca o aspecto 
individual, a Sociologia se atém à esfera social, sendo, assim, duas ciências 
independentes e bem desenvolvidas, cada qual com seu enfoque. Assim, como 
bem expõem Silva e Pinto (1990, p. 20-22):
A sociologia e a psicologia afirmaram-se, no final do século XIX como 
ciências autônomas, com objectos e métodos específicos, apresentando 
posições opostas na dimensão indíviduo-sociedade, cabendo à psicolo-
gia o estudo de disposições (motivações, intenções, atitudes, emoções) 
e à sociologia o estudo das representações sociais. De acordo com Silva 
e Pinto (1990), a psicologia evidencia a interacção entre determinantes 
biológicos e culturais das condutas e elucida as funções psicológicas do 
ser humano enquanto ser que se adapta ao meio. Por outro lado, a so-
ciologia procura realçar as regularidades que existem na sociedade, ou 
seja, os padrões decorrentes da vida social que determinam a acção e 
que são observáveis pela recorrência do relacionamento entre as pesso-
as. Assim, procura articular as regularidades com a acção, percebendo 
como a estrutura condiciona a acção e como é que a acção produz a 
estrutura. De modo sucinto, Silva e Pinto (1990) referem que os psi-
INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA SOCIAL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
I
cólogos centram a sua atenção nas estruturas psicológicas gerais das 
condutas e os sociólogos vêem as estruturas como condicionadas pelas 
dinâmicas de grupo e pelas organizações sociais. Verifica-se, assim, um 
fosso acentuado entre estas duas disciplinas, pois, a psicologia dá enfâ-
se à dimensão individual e a sociologia à dimensão societal. 
Portanto, pressupor que a psicologia social surge da simples união e/ou intersec-
ção de duas ciências tão particulares é algo difícil de considerar. Elas oferecem, 
sim, uma grande contribuição para o seu desenvolvimento. 
A psicologia social, por sua vez, também se constitui como uma ciência inde-
pendente e autônoma baseada em seus próprios conceitos e teorias, obviamente 
levando em consideração os conceitos da Psicologia e da Sociologia, porém den-
tro da sua perspectiva, do seu olhar enquanto ciência. 
Por exemplo, quando analisamos a família. O sociólogo foca seu trabalho na 
análise da família enquanto instituição social, pois busca pesquisar o número de 
membros que compõe a família, a autoridade dominante (patriarcal, matriarcal), 
tipo de matrimônio (monogamia, poligamia), onde se localiza a moradia dessa 
família etc. Já o psicólogo irá observar e analisar como as situações vivenciadas 
no grupo familiar irão influenciar no comportamento de um de seus membros. 
Qual a influência sobre o desenvolvimento de uma criança quando os pais se 
separam, por exemplo, é algo que será investigado pelo psicólogo. O psicólogo 
social, por sua vez, irá analisar o contexto em que essa família está inserida, as 
influências do meio social em cada indivíduo e nas suas relações internas, o 
quanto a individualidade de cada membro da família irá colaborar para o seu 
desenvolvimento da dinâmica familiar e como esse movimento se refletirá na 
composição de novos conceitos no grupo social. 
A psicologia social é definida pela Resolução nº005/2003 (2012), do Conselho 
Federal de Psicologia - CFP, como a área da Psicologia que: “atua fundamentada 
na compreensão da dimensão subjetiva dos fenômenos sociais e coletivos, sob 
diferentes enfoques teóricos e metodológicos, com o objetivo de problematizar 
e propor ações no âmbito social”. 
 De forma bem simplificada, podemos dizer que a psicologia social é uma 
área da Psicologia que estuda o comportamento do ser humano no meio social, 
considerando as influências que recebe e como atua ou reage a elas. 
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O que isso quer dizer, afinal? Quando e como isso acontece?
O ser humano é, por natureza, um ser social, necessita de outro ser humano 
para sobreviver e se desenvolver enquanto ser no mundo. Para garantir a própria 
existência, qualquer pessoa precisa de, no mínimo, mais uma pessoa para man-
ter-se viva, pois nascemos seres altamente vulneráveis, precisamos de alguém 
que nos alimente, nos proteja, cuide de nós e nos ensine a nos mantermos vivos. 
Durante toda nossa vida, teremos que apreender conceitos básicos da convivên-
cia em sociedade em que estamos inseridos para que possamos nos manter de 
forma aceitável nesse meio, ou seja, temos que aprender a conviver na cultura e 
no tempo histórico ao qual estamos inseridos. Essa necessidade de adequação 
pode ser observada inclusive, por exemplo, quando uma pessoa se muda para 
outro país. Ela necessita interagir com os membros do meio social onde está para 
poder ter contato com a cultura daquela sociedade e, assim, poder se adaptar, 
ser aceita e viver naquele meio.
Se analisarmos, mesmo antes do nascimento, somos influenciados pelo meio 
social; seja na forma como é entendida a gestação naquele meio, na representa-
ção do nascimento de um novo componente naquela comunidade ou nas formas 
que serão necessárias para orientar aquele novo ser na manutenção das crenças 
e valores sociais daquele grupo.
Em alguns países orientais, por exemplo, o nascimento de uma criança do 
sexo feminino pode representar algo negativo para seu meio familiar. Em cultu-
ras como a da Índia e da China, a preferência por filhos homens está respaldada 
por tradições seculares, onde se considera que apenas os meninos têm valor pelo 
fato de transmitirem o nome familiar, herdarem os bens da família e poderem 
INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA SOCIAL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
I
cuidar dos pais na velhice, enquanto que as meninas, 
quando se casam, passam a fazer parte apenas da família 
do marido. Isso leva muitas famílias a considerarem o 
nascimento de uma menina algo extremamente inapro-
priado, o que contribui para a eliminação de milhões de 
meninas nessas culturas. Portanto, o social pode deter-
minar, inclusive, se uma pessoa irá viver ou não.
Segundo Lane (2006, p. 10).
[...] a psicologia social estuda a relação 
essencial entre o indivíduo e a socieda-
de, esta entendida historicamente, desde 
como seus membros se organizam para garantir sua sobrevivência 
até seus costumes, valores e instituições necessários para a continui-
dade da sociedade. 
A sociedade está o tempo todo em transformação. A forma como se dão as relações 
e quais reações são geradas dessas relações é que irão encaminhando a evolução 
social. Na pré-história, as pessoas tinham necessidades básicas de sobrevivên-
cia, ou seja, alimentação e manutenção da espécie, o que fez com que os homens 
se juntassem em grupos para atingirem esses objetivos. Com a convivência em 
grupo, surgiram outras necessidades, tais como, de ter uma casa, constituir uma 
família, criar ferramentas que facilitassem o dia a dia, desenvolver formas de 
comunicação, entre outras coisas. Após esse período, as necessidades foram se 
refinando. Na Idade Média se instituíram as classes sociais, as regras sociais de 
convivência. Já na era da industrialização, com a introdução do capitalismo, sur-
giram as necessidades de produção comercial, a formalização do trabalho etc.
Porém, a psicologia social não restringe seu interesse ao estudo de como o 
meio influencia na formação da personalidade do ser humano, mas também o 
quanto o ser humano vai atuar como protagonista da sociedade onde vive. O 
objeto material da psicologia social é a interação humana e suas consequências 
cognitivas e comportamentais.
O fato de afirmarmos que o social é fundamental na formação da personali-dade do ser humano, não significa que o homem não tenha suas individualidades 
e que não as utilize nas suas interações sociais. O que ocorre é que um fator está 
diretamente relacionado ao outro, ou seja, para reconhecer suas individualidades, 
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Aspectos Históricos
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a pessoa necessita confrontar-se com o outro na convivência social.
Sendo assim, o ser humano, para se reconhecer, depende das relações que o man-
tém no meio em que vive. 
O ser humano tem um desenvolvimento muito dinâmico que depende de vários 
fatores, uns internos e individuais e outros externos e coletivos. Pelo simples 
fato de que cada pessoa é única em suas percepções, as suas reações e deci-
sões também são únicas. 
Podemos concluir, portanto, que a psicologia social tem que considerar o 
homem em sua totalidade, ou seja, considerar as influências do coletivo e da 
individualidade de cada pessoa, tudo isso inserido num contexto histórico, para 
poder entender o quanto o indivíduo é influenciado pelo meio e o quanto suas 
reações podem alterar o desenvolvimento social. 
ASPECTOS HISTÓRICOS
Não existe um consenso sobre a data e o contexto do surgimento da psicologia 
social. Para traçarmos sua história, precisamos, então, conhecer seu desenvol-
vimento ao longo do tempo. 
A princípio, muitas pessoas podem ter a impressão de que a psicologia 
social surgiu nos EUA, pois foi lá que ela teve seu desenvolvimento de forma 
mais evidente, causando impacto tanto social quanto cultural, promovido, 
Pense sobre o quanto nossas ações influenciam no meio em que vivemos. 
E, em contrapartida, o quanto os conceitos adquiridos nas relações com o 
meio social influenciam nas nossas atitudes. 
INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA SOCIAL
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principalmente, pelo ambiente social e cultural do período após a 2ª Guerra 
Mundial, onde tudo que pudesse colaborar com o entendimento e solução de 
questões que estavam surgindo naquela época era valorizado. Nesse período, 
havia a necessidade de manter a “ordem social” e criar formas de desenvolvi-
mento para os países depois da guerra. 
A ciência, para os americanos, sempre foi encarada a partir da sua função na 
sociedade, ou seja, a sua utilização como instrumento de compreensão e resolu-
ção de problemas nas várias esferas sociais, e a psicologia social, nesse momento, 
atuava no sentido de garantir a produtividade por meio da interferência nas 
relações sociais, buscando harmonizá-las, minimizando conflitos, criando ou 
alterando atitudes. Nesse momento, a psicologia social surgiu como a solução, 
mas muito mais utilizada para manipular as relações sociais; ela era vista como 
algo que poderia controlar e direcionar a sociedade.
Setembro de 1945: a Segunda Guerra chegara ao fim. Durante o confronto, 
milhões de pessoas atiraram-se à luta com a esperança de que seria uma 
“guerra para acabar com as guerras”, como dissera Churchill num de seus 
discursos. Mas, infelizmente, não foi essa a ideia que orientou os encontros 
internacionais para estabelecer as condições de paz.
Nesses encontros, uma vez mais, os vencedores decidiram, segundo seus 
próprios interesses, os rumos que o mundo deveria tomar. O término do 
conflito muda o panorama político e econômico internacional. As perdas 
materiais e humanas da Europa e do Japão rebaixam a posição das anti-
gas potências. Os Estados Unidos surgem como superpotência, o mesmo 
acontece com a União Soviética, apesar das perdas. Surgem novas nações e 
novas organizações internacionais, como a ONU, o Banco Mundial e o Fundo 
Monetário Internacional, criados em 1945. O mundo entra na era nuclear 
dividido em dois campos: o capitalista, liderado pelos Estados Unidos, e o 
comunista, sob a hegemonia da União Soviética. 
Fonte: Duarte, M. A. (2015, online).
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Porém, para conhecermos de fato as raízes do surgimento da psicologia 
social, devemos voltar nossa atenção para seu desenvolvimento na Europa, onde 
surgiu a construção de suas bases.
Os primeiros sinais, de uma psicologia voltada para o social, surgem na 
segunda metade do século XIX, a princípio, na Alemanha, com alguns autores 
que desenvolveram pesquisas, conhecidas como psicologia dos povos, que leva-
ram à criação, inclusive, de uma revista científica sobre o assunto, fundada em 
1860, por Steinthal e Lazarus. Essa revista tratava de estudos que mostravam que 
os processos grupais também poderiam ser objeto de estudo da Psicologia, que 
anteriormente focava em questões individuais. Nessas publicações, Steinthal e 
Lazarus começaram a considerar dois aspectos fundamentais na psicologia social: 
a comunicação e a sociabilidade. 
Mesmo Steinthal e Lazarus, quando se referiam à noção de uma mente cole-
tiva, não conseguiam um consenso na sua definição, existia uma diferenciação 
nas definições de cada um. Essa mente coletiva poderia ser entendida como uma 
forma socializada de pensamento dentro do indivíduo, ou seja, a junção do pen-
samento de várias pessoas que comporiam o pensamento individual ou, ainda, 
como uma espécie de “mente superior” que poderia compreender todo um grupo 
de pessoas. Cada qual tinha seu olhar sobre essa questão.
Em 1895, Gustave Le Bon publicou uma obra inti-
tulada Psicologia das Multidões, importante trabalho 
para os estudos da psicologia social, onde ele traba-
lhou a definição de uma mente grupal que comanda 
o comportamento dos indivíduos. Ele argumentava 
que os indivíduos tendem a renunciar à sua indi-
vidualidade, vontade e capacidade de juízo moral. 
Quando faz parte das multidões, a personalidade do 
indivíduo é dominada pelo comportamento coletivo. 
Os indivíduos cedem aos poderes hipnóticos de líde-
res, que moldam como querem o comportamento da 
multidão. LeBon descreve o comportamento da mul-
tidão como uma resposta irracional e cega à situação 
psicológica criada pela circunstância da multidão. 
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A designação psicologia social foi utilizada pela primeira vez em 1887, por 
James M. Baldwin, em seus trabalhos, e voltou a ser citada por Edward Ross em 
uma conferência em 1899. 
Em 1908, foram publicadas as primeiras obras científicas trazendo a deno-
minação de psicologia social em trabalhos escritos, sendo elas empregadas pelos 
pesquisadores Willian MacDougall e Edward Alswhort Ross, o primeiro psicó-
logo e o segundo, sociólogo.
Nesse sentido, talvez a confusão em relação ao pertencimento do termo psico-
logia social tenha se iniciado por causa desses dois pesquisadores, levando alguns 
a pensarem nela fazendo parte muito mais da Sociologia e outros da Psicologia, 
apesar de ambas tratarem de aspectos diferentes do social. 
Para MacDougall, o comportamento social está centrado na pessoa, ou seja, o 
indivíduo tem o social inscrito na sua natureza biológica. Sendo assim, os compor-
tamentos sociais viriam essencialmente das caraterísticas pessoais de cada indivíduo.
Já Ross traz em sua abordagem teórica a ideia de que o comportamento social 
viria da relação entre as pessoas.
Apesar desses dois pesquisadores, citados anteriormente, terem introduzido a 
ideia de psicologia social, foi James M. Baldwin que, em 1919, definiu a importância 
da psicologia social no âmbito das 
ciências sociais. A definição da 
psicologia social, como campo 
de estudo científico foi de res-
ponsabilidade de Kurt Lewin, 
iniciando o aparecimento da 
psicologia social nos EUA.
Temos, então, como prin-
cipais acontecimentos da 
psicologia social do final do 
século XIX em diante, os 
seguintes fatos, citados em 
Rodrigues, Assmar, Jablonski 
(2009,p. 25-28):
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1895 – Gustave Le Bon publica seu livro La psychologie des foules, que 
suscitou o estudo científico dos processos grupais e principalmente dos 
movimentos de massa.
1898 – Norman Triplett conduz o primeiro experimento relativo a fe-
nômenos psicossociais.
1908 – Willian MacDougall e Edward A. Ross publicam, no mesmo 
ano, os livros intitulados Psicologia Social com títulos idênticos, po-
rém abordagens bem distintas: McDougall que tem uma posição ins-
tintivista e Ross que defende a influência da cultura e da sociedade no 
comportamento humano.
1921 – Morton Prince inicia a publicação de um jornal de experimen-
tos de psicologia social.
1924 – Floyd H. Allport publica o primeiro manual de Psicologia So-
cial, contendo experimentos relativos a fenômenos psicossociais com 
uma orientação nitidamente psicológica.
1927 – Louis L. Thurstone inicia estudos relativos à mensuração das 
atitudes.
1936 – Cria-se nos EUA a Sociedade para Estudo Psicológico de Ques-
tões Sociais, que passou a compor a American Psychological Association.
1936 – Kurt Lewin e seus associados dedicam-se a aplicação de princí-
pios teóricos na resolução de problemas sociais.
1936 – George Gallup inicia o movimento de medida de opinião públi-
ca tornando tal atividade de grande importância em psicologia, socio-
logia e ciência política.
1936 – Muzafer Sherif mostra experimentalmente como se formam as 
normas sociais, através de seus estudos.
1939 – Kurt Lewin, Ron Lippit e Ralph White publicam os resultados 
de seus estudos relativos à conduta de grupos funcionando em diferen-
tes atmosferas no que concerne ao tipo de liderança exercida.
1943 – Theodore M. Newcomb reporta seu estudo de quatro anos no 
Bennington College, mostrando como as atitudes podem se modificar 
em função da adesão a diferentes grupos de referência.
1946 – Fritz Heider publica seu artigo Attitudes and Cognitive Orga-
nization.
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1946 – Solomon Asch reforça o papel desempenhado pela pressão 
grupal nas ações individuais, já apontados por Muzafer Sherif em 
seus experimentos.
1953 - Carl Hovland, Irving Janis e Harold H. Kelley publicam os re-
sultados dos estudos do Grupo de Yale acerca dos fatores influentes na 
modificação de atitudes.
1954 – Gardner Lindzey coordena o Handbook of Social Psychology, 
obra que se tornou referência durante a década de 1950 e 1960.
1957 – Leon Festinger apresenta sua teoria da dissonância cognitiva 
que constitui a teoria de maior valor em Psicologia Social.
1965 – A criação nos EUA de dois novos periódicos de artigos de psi-
cologia social.
1968 – G. Lindzey e E. Aronson coordenam a 2°edição do Handbook of 
Social Psychology em cinco volumes.
1970 – Ganha corpo o movimento conhecido como a “crise da Psico-
logia Social”, que criticava as pesquisas de laboratório, os procedimen-
tos metodológicos, éticos e à falta de aplicação da Psicologia Social aos 
problemas sociais.
1981 – Harry C. Triandis e colaboradores editam a obra Handbook of 
Cross-cultural Psychology em seis volumes.
1991 – Susan Fiske e Shelley Taylor lançam a segunda edição da obra 
Social Cognition, livro que poderia servir como um marco da influ-
ência da abordagem cognitiva, coroando um movimento que veio se 
expandindo ao longo dos anos e que hoje constitui a moldura que en-
quadra os principais estudos dentro da Psicologia Social.
1998 – Nova edição do Handbook of Social Psychology é publicada, 
organizada por Gardener Lindzey, Susan T. Fiske e Daniel T. Gilbert. 
Edição essa que teve capítulos inteiros dedicados a questões, que an-
teriormente apareciam sem muita relevância, tais como self, emoções, 
linguagem não-verbal, estigma, memória e justiça.
1999 – Grandes expoentes da Psicologia Social refletem sobre os 100 
anos de Psicologia Social experimental em um livro editado por Aroldo 
Rodrigues e Robert V. Levine 
A partir dessa exposição cronológica, temos uma visão geral do desenvolvimento 
da psicologia social na Europa e nos EUA.
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PSICOLOGIA SOCIAL NO BRASIL
Já no Brasil, em meados do século XIX para o século XX, existiam alguns autores 
que desenvolviam o chamado “pensamento social brasileiro”, dentre eles pode-
mos citar Sylvio Romero, Raimundo Nina Rodrigues e Manoel Bonfim. 
O primeiro livro de psicologia social publicado no Brasil foi em 1921. 
Composto por artigos publicados em jornais que falavam sobre temas como o 
meio social e político, escrito por Francisco José de Oliveira Viana, intitulado 
“Pequenos estudos de psychologia”. 
Figura 2: Primeiro livro brasileiro sobre psicologia social
Fonte: Viana ( 1942, online).
Anterior a isso, existiam alguns sinais sobre o que viria a ser abordado na 
psicologia social, Sylvio Romero, em 1886, publicou sua obra, “História da 
literatura brasileira”, a qual trata da relação entre a literatura e as manifesta-
ções políticas, econômicas e artísticas no Brasil. Segundo ele, o povo brasileiro 
tinha características, como a apatia, a falta de iniciativa, o desânimo e a 
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propensão para esperar a iniciativa vinda do poder público. Assim, ele ini-
ciou uma linha de estudos em Psicologia Social. 
Em 1894, Raimundo Rodrigues publicou “As raças humanas e a responsabi-
lidade penal no Brasil”, onde afirmava que a diferença entre os povos civilizados 
e bárbaros é baseada em uma organização cerebral herdada. Suas ideias comun-
gavam tanto da necessidade ideológica de “entender” o povo brasileiro como 
também faziam parte da ideologia racial vigente, que impunha o urgente apri-
moramento da raça brasileira considerada inferior. 
Manoel Bomfim, outro expoente dessa época, em 1905, publicou em Paris 
sua obra “América Latina – males de origem”, que tinha como foco principal a 
rejeição às teorias de caráter racista. O autor já destacava que:
[...] para se estudar um grupo social e compreender os motivos pe-
los quais ele se apresenta em determinadas condições, seria preciso 
analisar não só o meio no qual se encontra, como também os seus 
antecedentes. Como conseqüência, a nacionalidade seria o produto 
de uma evolução resultante de ações passadas e de ações do meio 
[...] (BOMFIM, 2003, p. 24).
Em 1906, foi criado, no Rio de Janeiro, por Manoel Bonfim, o Laboratório de 
Psicologia Experimental, no momento em que acontecia a reforma do ensino 
no Brasil que propiciou a introdução de noções de psicologia nos cursos de edu-
cação, proporcionado por Benjamin Constant em 1890, criando os primeiros 
laboratórios de psicologia com o objetivo de desenvolver pesquisas nessa área.
Os primeiros cursos superiores de psicologia social no Brasil surgiram em 
1930, e coube a um médico chamado Raul Carlos Briquet a responsabilidade 
de iniciar o ensino da psicologia social na Escola Livre de Sociologia e Política 
de São Paulo, curso este que, em 1935, resultou na publicação do primeiro livro 
acadêmico de psicologia social. Esse livro era dividido em duas partes.
A primeira parte falava sobre a contribuição da Sociologia, Biologia e Psicologia, 
e a segunda parte tratava especificamente de assuntos da psicologia social, onde ele 
analisava os fatores psíquicos que motivam o comportamento social.
Em 1935, foi ministrado, por Arthur Ramos, também médico, o segundo 
curso de Psicologia Social que teve como resultado, em 1936, o livro “Introdução 
à Psicologia Social” como resultado. Segundo sua visão, a psicologia social preci-
sava de uma melhor delimitação do seu campo de trabalho e caberiaa ela estudar 
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as bases psicológicas do comportamento social, as inter-relações psicológicas dos 
indivíduos na vida social e a influência total do grupo sobre a personalidade.
No auge da 2ª grande Guerra Mundial, na década de 1940, chegaram 
ao Brasil missões estrangeiras que 
trouxeram várias contribuições psi-
cossociais, destacando-se nesse grupo 
Pierre Weil, que veio ao Brasil em 
1948 para trabalhar no recém-criado 
Serviço Nacional de Aprendizagem 
Comercial (SENAC), no Rio de Janeiro. 
Sua obra de destaque é “Dinâmica 
de Grupo e Desenvolvimento em 
Relações Humanas” (1967) e, além 
disso, o desenvolveu a técnica de 
Desenvolvimento das Relações 
Humanas (DRH). Podemos citar tam-
bém Emílio Mira y Lopez, outro autor 
estrangeiro que veio ao Brasil ministrar cursos na Universidade de São 
Paulo (USP), no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e 
no Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP). 
Na década de 1950, o Brasil vivia um período em que se acreditava que 
a industrialização e a urbanização favoreceriam a qualificação dos recursos 
humanos e uma melhoria na qualidade de vida. O setor educacional teve nesse 
período uma grande ênfase. Foram criados órgãos, como o Conselho Nacional de 
Pesquisas (CNPQ), em 1951, Campanha de Aperfeiçoamento e Difusão do Ensino 
Secundário (CADES), em 1954, e o Serviço de Educação de Adultos, em 1957. 
Esse foi um período importante para o desenvolvimento da psicologia social, 
que teve as primeiras teses de doutorado comprometidas com a perspectiva social, 
como a tese de Carolina Bori, a “Análise dos Experimentos de Interrupção de Tarefas 
e da Teoria da Motivação” (1953), na obra de Kurt Lewin (1953), e a tese de Dante 
Moreira Leite com o título “Caráter Nacional do Brasileiro” (1954), que analisou a 
visão do que é o “brasileiro” em diferentes obras representativas do chamado “pen-
samento social brasileiro”, apontando, nelas, seu caráter conservador ou progressista.
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Nessa mesma década, houve outras contribuições para a psicologia social. 
Foi criado por Nilton Campos, que era o diretor do Instituto de Psicologia da 
Universidade do Brasil, o periódico “Boletim do Instituto de Psicologia” do Rio 
de Janeiro, com uma série de artigos do próprio Nilton Campos, além de Antônio 
Gomes Penna e de Eliezer Schneider, enfocando as situações do ensino, da pes-
quisa e das publicações envolvendo a psicologia social no Rio de Janeiro. Além 
disso, nesse período, na psicologia social, segundo Bomfim (2003a), houve um 
aumento de estudos sobre comunicação de massa, violência, papéis sociais, valo-
res e normas, em que o sujeito era flexível às influências da informação.
Na década de 1960, mais precisamente em 1964, houve grandes mudan-
ças na forma de governo no Brasil. Ocorreu a revolução militar, que acabou 
com a liberdade democrática (política, social, econômica e cultural), insta-
lando um regime autoritário que mantinha práticas de cassação de direitos 
políticos, prisões e torturas.
No início dessa década, tinha-se uma visão de que a psicologia social daria res-
posta aos problemas sociais, porém, devido à sua metodologia e teorização 
utilizada, que era baseada no cognitivismo (destacando os fatores cognitivos do 
Em 1964, iniciou-se, no Brasil, um período de mudanças estruturais na vida de 
todos os cidadãos brasileiros em que foi implantada uma série de restrições 
e sanções aos direitos individuais em defesa, segundo o governo militar, 
do bem-estar e manutenção geral do país. Essas mudanças tiveram reflexo 
direto na forma como se davam as relações humanas e, por consequência, 
influenciaram no desenvolvimento individual dos indivíduos. Período de 
controle total, de censura do pensamento criativo e dos questionamentos 
do sistema vigente. Período esse que durou até 1985. Temos de forma 
detalhada a descrição desse período no link disponível em: <http://www.
sohistoria.com.br/ef2/ditadura/>. Acesso em: 04 ago. 2015.
Fonte: as autoras.
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indivíduo), no experimentalismo como método de pesquisa, no individualismo 
(ou seja, na análise dos fenômenos sociais a partir da perspectiva do indivíduo), 
no etnocentrismo (já que esse modelo de indivíduo era estabelecido na cultura 
norte-americana), no uso de microteorias (ou seja, na investigação de microespa-
ços sociais) e, finalmente, na perspectiva a-histórica, já que o “homem” estudado, 
por meio dos diversos invólucros, seria um homem presente em todos os tempos 
e espaços. Instalou-se uma crise na psicologia social nas formas de teorização 
utilizadas, pois até então não havia sido desenvolvida uma base sólida de conhe-
cimentos estruturada na realidade social e nas vivências cotidianas. 
Para superar essa crise, segundo Bonfim (2003a apud ARAÚJO, 2015, p. 06), 
[...] seria necessário buscar uma maior e mais cuidadosa produção de 
conhecimento, discutindo as questões ideológicas, elucidando os con-
flitos sociais, analisando as diferenças individuais, grupais e comunida-
des e questionando seu papel político.
Essa crise teórica foi de caráter internacional e se instalou devido às dúvidas 
suscitadas sobre o método e sobre a complexidade do objeto de estudo da psico-
logia social, pois não tem como se estabelecer regras fixas para o comportamento 
humano porque esses comportamentos se definem a partir de circunstâncias 
culturais e históricas em que o indivíduo está inserido. Até então, o que se tinha 
era uma visão centrada no indivíduo. Passou-se a considerar o político e o eco-
nômico, no sentido de se obter uma compreensão apropriada da evolução da 
psicologia contemporânea e da vida social.
No Brasil, a psicologia social, mesmo em meio às conturbações polí-
ticas e sociais internas da época, se desenvolveu. Houve um aumento no 
número de cursos de Psicologia, que teve seu reconhecimento como profis-
são regulamentado pela Lei nº 4.119, de 27 de agosto de 1962, e cresceram 
nas empresas e nas instituições brasileiras as práticas de dinâmica de grupo 
e de intervenção psicossociológica que privilegiavam as relações interpes-
soais, empresariais e/ou terapêuticas. 
O Brasil, na década de 1970, continuava sob o Regime Militar que contro-
lava a população, suas ações e seus pensamentos. Nesse período, a psicologia 
social ainda se encontrava na crise sobre a definição de seus parâmetros 
de trabalho iniciada na década de 1960. Essa crise, que poderia ser vista 
INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA SOCIAL
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nas discussões de fóruns promovidos na época, tais como: o “Fórum de 
Psicologia Social”, que aconteceu no Rio de Janeiro, em outubro de 1970, pro-
movido pela Associação Brasileira de Psicologia Aplicada, o “I Encontro dos 
Psicólogos Brasileiros”, em São Paulo, em 1971, e o “III Encontro Nacional 
de Sociedades de Psicologia”, em 1973, na cidade do Rio de Janeiro, promo-
vido pela Associação Brasileira de Psicologia Aplicada.
Mesmo com tudo isso, a psicologia social continuava crescendo. Houve a cria-
ção do curso de mestrado em psicologia social na Pontifícia Universidade Católica 
de São Paulo, que gerou estudos centrados em temas da realidade brasileira. Nessa 
época, a produção literária nacional voltada à psicologia social aumentou, tendo 
como obras de destaque “Psicologia social”, de Aroldo Rodrigues (1972); “Relações 
Humanas: psicologia das relações interpessoais” (1978) de Agostinho Minicucci e 
“Psicosociologia das Relações Públicas”, de Cândido de Andrade (1975). 
Foram criados, nesse mesmoperíodo, o Conselho Federal e os Conselhos 
Regionais de Psicologia, pela Lei nº 5.766 de 20/12/1971, que possibilitou a defi-
nição da área e do exercício profissional no campo da Psicologia.
Ainda sob o Regime Militar, o Brasil, em 1980, viveu um período de reces-
são e greves, o que demonstrava que o poder já não estava centralizado somente 
no Estado, mas também em instituições sociais que criticavam e denunciavam 
exclusões e opressões. Nesse período, a psicologia social no Brasil, de acordo 
com Bomfim (2003a), buscou autonomia científica, por meio do crescimento 
expressivo da produção publicada, do detalhamento das temáticas anteriormente 
abordadas (educação, saúde, comunidade, trabalho etc.) e da inclusão de outras 
(representações sociais, relações de gênero, movimentos sociais etc.), por meio 
de estudos realizados, além de publicação de estudos e ampliação da divulga-
ção de aplicações da psicologia social, principalmente, em relação aos trabalhos 
com comunidades carentes. Nesse período, foram realizados vários debates, 
encontros, reflexões, congressos e publicações, na busca de firmar a identidade 
da psicologia social no Brasil, com a proposta de uma atuação mais adequada 
às necessidades da população brasileira.
Nessa mesma década, foram criados os primeiros cursos de doutorado 
específicos na área de psicologia social e foram criadas associações científicas 
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de psicologia social, entre elas a “Associação Brasileira de Psicologia Social” 
(ABRAPSO), em julho de 1980, e a “Associação Nacional de Pesquisa e Pós-
Graduação em Psicologia” (ANPEPP), em julho de 1983. 
Na década de 1990, o Brasil passava ainda por questões que iniciaram na 
década anterior, tais como estagnação econômica, grave crise social, inflação 
descontrolada e caos nas finanças públicas devido às dívidas internas e externas. 
Nessa época, a Psicologia, segundo Bock (1999), partiu para a sistematização 
da diversidade construída na década de 1980, quando os psicólogos refletiram 
e construíram novas ideias.
A classe profissional que buscava uma identidade para o psicólogo deu lugar, 
na década de 1990, à preocupação com a imagem da Psicologia e do psicólogo 
junto à população. Segundo Bock (1999, p. 127), “[...] Em 1990, vamos nos depa-
rar com mais certezas e posições. Se a década de 80 levantou questões, a década 
de 90 parece se propor a respondê-las”. Para isso, ainda, segundo a autora, os 
congressos, as publicações e a realização sistemática de pesquisas sobre a cate-
goria no Brasil tiveram papel importante na discussão de questões relativas à 
profissão e à própria ciência.
Como resultado dessa fase, o psicólogo passou a ser visto como profissio-
nal da saúde; a profissão se aproximou dos contextos sociais; houve aumento do 
número de profissionais em outros campos de trabalho não tradicionais, o que 
criou a necessidade de rever a formação tradicional dos psicólogos. 
Em 1994, o Conselho Federal de Psicologia publicou o livro “Psicólogo bra-
sileiro – práticas emergentes e desafios para a formação”, que foi um marco desse 
período. A Psicologia Social no Brasil passou a ser considerada como um campo 
de busca de compromissos sociais, demonstrado claramente na “I Mostra Nacional 
de Práticas em Psicologia: psicologia e compromisso social”, com a apresenta-
ção de muitos trabalhos inseridos na temática social. Porém apesar do grande 
número de trabalhos que refletem a preocupação com o tema, isso não significa 
que já exista de fato realmente um comprometimento social desses profissionais 
com a sociedade. Essa atuação vem sendo construída pelos profissionais que hoje, 
no desenvolvimento do seu trabalho, se comprometem com a demanda social.
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FUNDAMENTOS DA PSICOLOGIA SOCIAL
 Como já vimos, anteriormente, a princípio, à psicologia social norte-americana 
desenvolvia seus estudos sobre como o indivíduo interagia com o meio físico 
no intuito de mensurar o comportamento dos indivíduos a partir dos estímulos 
externos, na intenção de tentar controlar o comportamento das pessoas. Nesse 
momento, foram criados laboratórios (podemos citar Wundt) a fim de realizar 
estudos experimentais que pudessem medir e entender as reações dos indivíduos. 
Porém, essa abordagem representava a ideologia norte-americana de classes, pro-
curando, por meio dessa mensuração, desenvolver mecanismos de controle social, 
o que culminou na crise da psicologia social no mundo. Passou-se a questionar 
o verdadeiro papel da psicologia social, o que levou aos estudiosos a repensa-
rem os rumos dessa ciência.
Figura 3: Laboratório de Wundt
Fonte: Wikimedia Commons (online).
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Essa abordagem biológica já não se apresentava suficiente para entender o com-
portamento dos indivíduos, era necessário algo mais que pudesse explicar as 
variações de comportamento que se apresentavam nas mesmas condições de 
ambiente. O ser humano tem que ser analisado numa dimensão que vá além do 
biológico, que considere sua condição cultural e histórica.
Partiu-se, então, para a busca de um conhecimento que atendesse à neces-
sidade de se entender a realidade social e que permitisse intervenções efetivas 
na rede de relações sociais do indivíduo, e foi dentro do materialismo histórico 
que se encontrou os pressupostos para a reconstrução desse conhecimento, pois 
se entendemos o indivíduo como sendo o resultado de uma realidade históri-
co-social, devemos partir do entendimento dessa interação para construirmos 
uma outra forma de ver o Homem.
Devemos considerar dois fatores importantes que podem justificar esse pen-
samento: primeiro, o ser humano depende de outro ser humano para existir e 
reconhecer sua existência, ou seja, não faz sentido estudarmos o indivíduo sepa-
rado do grupo, e segundo, a interação do indivíduo no meio social depende da 
aquisição da linguagem, que é um código produzido pela sociedade e que ele 
irá adquirir na sua relação com os outros indivíduos do seu meio social, lin-
guagem essa que traz um código de significados específicos do grupo no qual o 
indivíduo está inserido. Ou seja, a linguagem não se resume a um monte de pala-
vras faladas ou escritas visando apenas à comunicação. A linguagem expressa 
e transmite a forma de pensar de um povo por meio dos significados constru-
ídos historicamente por aquele grupo social. A linguagem varia em diferentes 
contextos, por exemplo, em Minas Gerais, a palavra “sungar” significa levantar 
algo; em Santa Catarina menino é chamado de piá e existem também exemplos 
de grupos específicos como os funkeiros que utilizam palavras específicas como 
“zika”, que significa (diferentemente do senso comum) o mesmo que Top, “dar 
um pente/ar”, “uma penteada”, é igual a fazer sexo. Na linguagem utilizada entre 
os homossexuais, por exemplo, carimbar alguém é transmitir uma doença sexu-
almente transmissível, “dar a elza” significa roubar, e muitos outros grupos sociais 
têm linguagens bem específicas e cheias de significado dentro da sua realidade.
Esses fatores permitem à psicologia social analisar o indivíduo de forma 
concreta, inserido na sua realidade, e criam características fundamentais para 
INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA SOCIAL
Reprodução proibida. A
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a análise psicossocial, considerando as relações grupais, a linguagem, o pensa-
mento e as ações geradas da relação entre esses fatores.
Assim, a atividade implica ações encadeadas, junto com outros indiví-
duos, para a satisfação de uma necessidade em comum. Para haver este 
encadeamentoé necessária à comunicação (linguagem) assim como 
um plano de ação (pensamento), que por sua vez decorre de atividades 
anteriormente desenvolvidas (LANE, 2006, p. 17).
A consciência de si e do social é desenvolvida por meio da reflexão do indivíduo 
sobre suas ações, da consciência, que se tem de si e dos outros, da reflexão do 
significado, das palavras envolvidas na situação e da análise das consequências 
vindas de determinada atividade desenvolvida pelo grupo. Além da personali-
dade, que de acordo com Leontiev (apud LANE, 1994), deve ser considerada, 
pois o homem ao agir socialmente transforma e é transformado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, visualizamos qual o caminho historicamente percorrido pela psico-
logia social, para que ela viesse a se tornar uma área de conhecimento reconhecida 
e necessária para o entendimento do ser humano de forma individual e coletiva. 
Devemos considerar que a psicologia social é uma ciência que se desenvolveu 
a partir da necessidade da sociedade, que passou, em determinado momento, a 
buscar algo que respondesse de forma mais efetiva aos seus anseios. O desenvol-
vimento do ser humano na história cria possibilidades para o desenvolvimento 
de todas as ciências, pois uma ciência muda de acordo com o que se apresenta 
socialmente. Pudemos observar, pela leitura, que o desenvolvimento da psicolo-
gia enquanto ciência surgiu da necessidade de se entender e estruturar as relações 
sociais num momento em que o mundo, que passava por uma adaptação pós-
-guerra, precisava se reorganizar criando novas possibilidades que propiciassem 
o desenvolvimento industrial.
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Considerações Finais
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Conhecemos um pouco sobre o desenvolvimento da psicologia social na 
Europa e nos Estados Unidos, cruzando informações do momento histórico-
-social com o momento da psicologia, percebendo o quanto a necessidade do 
meio influencia as mudanças sociais e científicas de acordo com suas necessida-
des, mesmo que de forma indireta. A psicologia social deveria ser, então, uma 
ferramenta para entender e controlar os indivíduos, visando uma maior pro-
dutividade das indústrias, porém, durante seu desenvolvimento, ela criou sua 
própria identidade, no sentido de oferecer condições para que os indivíduos 
desenvolvam seu pensamento e possam, com isso, influenciar o meio social em 
que vivem, melhorando, assim, suas condições. A psicologia social instiga o pen-
samento questionador e impulsiona os indivíduos na busca por mudanças do 
que lhes está imposto socialmente.
Pode-se entender, portanto, que a psicologia social se desenvolveu sim para 
compreender como se dão as relações no meio social, porém não para contro-
lá-las. Esse entendimento veio, na verdade, contribuir para que os indivíduos 
pudessem se reconhecer enquanto seres sociais e participativos do meio social e 
não apenas como peças que compõem uma engrenagem de algo que não fazem 
parte. O movimento da história é que proporciona novas possibilidades como 
essa, para o desenvolvimento das ciências que buscam sempre responder aos 
questionamentos de um determinado momento.
Com a visão de como foi o desenvolvimento histórico dessa ciência, pode-
mos agora partir para o entendimento de como a psicologia social age e qual a 
sua importância na construção de uma sociedade mais justa.
Muito obrigada. Até a próxima Unidade.
1. O que você entendeu por psicologia social?
2. Qual a diferença entre psicologia social e sociologia?
3. De que forma o meio social influencia nossos comportamentos?
39 
O QUE É PSICOLOGIA SOCIAL?
A autora procura, nesse livro, mostrar de forma didática e fácil um panorama geral 
da psicologia social. Para isso, ela traz para discussão questões que de alguma forma 
perpassam sobre o desenvolvimento dessa área como: a formação da identidade, o 
desenvolvimento dos papéis sociais, como se dão as representações sociais, a impor-
tância da linguagem no desenvolvimento do pensamento, as instituições sociais e, 
principalmente, a família e a escola e, finalmente, faz uma reflexão teórica sobre a 
psicologia social no Brasil.
Lane (2006) inicialmente expõe as diferenças entre a psicologia e a sociologia, discu-
tindo o foco de cada uma delas, a primeira, com enfoque no indivíduo, e a segunda, 
com enfoque no contexto social e a colaboração de cada área no desenvolvimento da 
psicologia social. Em seguida, ela discute a importância da nossa relação com o outro 
na formação da consciência e da identidade social. A relevância do meio social para 
que possamos nos identificar como seres humanos, pois o que nos torna humanos é a 
nossa relação com o outro, para termos consciência do que somos, precisamos do outro. 
Porém esse processo depende dos símbolos que apreendemos através da linguagem, a 
transmissão e internalização dos conceitos sociais depende desse fator.
Os papéis e as representações sociais são estabelecidos na sociedade através da lingua-
gem, que é responsável por transmitir todas as suas ideologias. Ideologias essas que se 
apresentam e são transmitidas inicialmente pela família, que é a instituição social que 
inicia esse processo e que, posteriormente, será assumido pela escola. 
Lane (2006) trata, ainda, sobre a questão do trabalho e a formação das classes sociais, 
discutindo sobre o capitalismo e suas formas de produção que levam a formação das 
classes sociais onde uns detêm os meios de produção e outros se veêm obrigados a 
vender sua mão de obra. Nesse ponto, ela questiona sobre a separação existente entre 
o trabalho braçal e intelectual que segundo ela é uma ideologia estabelecida pelos gru-
pos dominantes para garantir sua manutenção no poder.
Para finalizar, a autora discorre de forma crítica sobre o desenvolvimento da psicologia 
social no Brasil apontando as dificuldades de se inserir no contexto social devido a sua 
própria práxis. O psicólogo social deve redirecionar o foco do seu trabalho teórico e 
prático para melhor atender as necessidades da sociedade. 
Esse é um livro básico para quem pretende entender um pouco mais sobre a psicolo-
gia social, esclarecendo os pontos principais que norteiam o desenvolvimento dessa 
área de trabalho. 
Fonte: adaptado de Lane (2006). 
MATERIAL COMPLEMENTAR
A Onda (2008)
Sinopse: Em uma escola da Alemanha, alunos têm de escolher 
entre duas disciplinas eletivas, uma sobre anarquia e a outra sobre 
autocracia. O professor Rainer Wenger (Jürgen Vogel) é colocado para 
dar aulas sobre autocracia, mesmo sendo contra sua vontade. Após 
alguns minutos da primeira aula, ele decide, para exemplificar melhor 
aos alunos, formar um governo fascista dentro da sala de aula. Eles 
dão o nome de “A Onda” ao movimento, e escolhem um uniforme 
e até mesmo uma saudação. Só que o professor acaba perdendo o 
controle da situação, e os alunos começam a propagar “A Onda” pela 
cidade, tornando o projeto da escola um movimento real. Quando 
as coisas começam a ficar sérias e fanáticas demais, Wenger tenta 
acabar com “A Onda”, mas aí já é tarde demais.
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Professora Esp. Magda Yuriko Yonehara
A FORMAÇÃO DO “SER” 
SOCIAL
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Compreender como se dá a formação do pensamento social.
 ■ Apresentar o processo de socialização.
 ■ Demonstrar a importância das relações sociais na formação das 
representações sociais.
 ■ Esclarecer o papel da psicologia social na construção da identidade.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ A formação do pensamento social
 ■ Representações sociais
 ■ O processo de socialização: indivíduo, sociedade e cultura
 ■ Psicologia social na construção da identidade do ser humano
 ■ O ser social – o homem no coletivo
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), bem-vindo(a) à unidade II.
Nesta Unidade, discorreremos sobre como se dá formação do pensamento 
humano no contexto social,por meio do estudo do desenvolvimento da própria 
Psicologia como ciência. Inicialmente considerando apenas as questões bioló-
gicas e somente posteriormente levando em consideração outros fatores, como 
a linguagem e as relações sociais.
Para tanto, passaremos brevemente pelas teorias de Pavlov e Skinner, no que 
se refere à visão biológica que considerava que todo comportamento humano 
seria uma resposta reflexa/automática e também pela teoria de Vigotsky, que 
defende, que, para o desenvolvimento das funções psicológicas, devemos levar 
em consideração o contexto em que o indivíduo está inserido e sua própria his-
tória de vida, considerando que a cultura faz parte da formação de cada pessoa.
 Veremos que nessa teoria se analisa o indivíduo de forma global, conside-
rando os fatores biológicos, pois o indivíduo não vive isoladamente e todos os 
seus comportamentos e pensamentos passam pelo que ele recebeu e absorveu 
das suas relações sociais, inicialmente, por meio da família e, posteriormente, 
pela escola e outros relações Sendo assim, todos os conceitos e valores que irão 
compor a personalidade e o pensamento humano dependem de onde e em que 
tempo o indivíduo está inserido.
Como se dão as relações à sua volta? Como isso poderá afetar e modificar 
sua vida? Tudo isso irá influenciar no desenvolvimento interno de um indiví-
duo e, consequentemente, terá reflexos na sua atuação social.
Para que possamos entender como isso ocorre, é necessário falarmos, por-
tanto, da interação do indivíduo com a sociedade em que está inserido, como se 
formam as representações sociais que serão responsáveis pela formação do seu 
pensamento e das atitudes do ser humano, cada qual em seu contexto.
Falaremos, também, sobre o papel da família e da escola, como foi citado 
acima, na formação da personalidade e individuação do ser humano. Espero 
que você possa, por meio do exposto, desenvolver uma ideia básica de como o 
indivíduo se torna um ser social atuante e se reconhece como participante do 
desenvolvimento do seu meio social.
Bom estudo.
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Introdução
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II
A FORMAÇÃO DO PENSAMENTO SOCIAL
Para entendermos como se dá a formação do pensamento, devemos analisar 
como se deu o processo histórico no estudo do ser humano. 
De acordo com a abordagem histórico-cultural, a qual vamos utilizar como refe-
rencial no nosso estudo, o pensamento social se forma a partir das relações que 
os indivíduos travam entre si, relações essas em que o ser humano é influen-
ciado pelo meio e influencia mudanças no meio social. Porém é importante 
sabermos que existem outras bases teóricas que consideram que o ser humano 
vem com a sua psiqué formada desde o nascimento, dependendo apenas de um 
período para sua maturação e desenvolvimento. Nessa abordagem, considera-se 
que o indivíduo já nasce pronto e durante seu crescimento vai apenas aprimo-
rando o que já possui. 
O estudo da formação do pensamento se desenvolveu de acordo com o 
desenvolvimento histórico da psicologia como ciência. A princípio, considerou-
-se a observação e análise do que se apresenta por meio das reações físicas, pois, 
nesse período, a Psicologia travava uma batalha para ser reconhecida como ciên-
cia, e só era considerada ciência o que se podia mensurar no laboratório. Nesse 
período, acreditava-se que o pensamento humano era puramente biológico, um 
resultado de estímulos e respostas, ou seja, o comportamento do ser humano se 
restringia a respostas de estímulos recebidos do meio, sendo uma reação natural. 
Com o tempo, porém, essa abordagem se mostrou insuficiente, pois não 
conseguia explicar comportamentos mais complexos e, por isso, posteriormente, 
passou a se considerar que a formação do pensamento humano dependeria das 
relações com outros seres humanos. Como foi dito na unidade anterior, a psi-
cologia social, durante o período pós-guerra, teve a necessidade de se firmar 
como ciência e, para isso, buscou formas de quantificar e qualificar seu conhe-
cimento, levando seu foco para o laboratório, onde era possível observar e medir 
o comportamento. Pesquisadores behavioristas, como Wundt, Pavlov e Skinner, 
desenvolveram, nesse período, suas teorias que colocavam o comportamento 
como algo que seria resultado de estímulos oferecidos pelo meio. 
Nas observações e experimentos com animais, eles conseguiam demonstrar 
uma série de comportamentos que resultavam de situações dirigidas. Como o 
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exemplo do cão que é condicionado a salivar ao som de uma campainha no expe-
rimento de Pavlov. Esse experimento consistia no seguinte: antes do processo de 
condicionamento, o cão, ao ouvir o som de uma campainha, não emitia nenhum 
tipo de reação. Durante um período, foi associado ao som da campainha o ofe-
recimento de alimento ao cão, criando um estímulo que passou a gerar uma 
resposta incondicionada, a salivação. Posteriormente, observou-se que apenas 
o som da campainha era suficiente para gerar a salivação, sem a necessidade de 
se apresentar o alimento, foi estabelecido um reflexo apreendido. A partir desse 
tipo de experimento, esses cientistas estruturaram a teoria behaviorista, que con-
siderava, a grosso modo, que todo comportamento humano poderia ser medido, 
previsto e por isso mesmo controlado, deixando de lado qualquer consideração 
a respeito da parte emocional e subjetiva do comportamento.
Então, para eles o comportamento era formado por estímulos recebidos do 
meio. Essa teoria foi transportada para observação do comportamento do ser 
humano e, segundo seus teóricos, as ações das pessoas também dependeriam 
dos estímulos recebidos. Podemos dar um exemplo do nosso cotidiano: uma 
criança que faz birra quando quer um doce e consegue, repetirá esse comporta-
mento todas as vezes que quiser um doce. 
Figura 4: Condicionamento Pavloviano
Fonte: Mussi (2013, online).
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II
Mais ou menos nessa mesma linha de pensamento, que considerava o comporta-
mento como algo puramente biológico, existiam, também, teorias que apontavam 
que o indivíduo já nasceria pronto, com todas as suas funções intelectuais formadas, 
dependendo apenas do tempo necessário para a maturação do aparelho biológico 
para desempenhar suas funções. Para que possamos entender, vamos falar de algo 
simples do cotidiano, como esses estudiosos explicavam o processo de apreender a 
andar. A criança, segundo essa teoria, já viria pronta, equipada biológicamente para 
poder andar, mas ela só conseguiria andar quando todas as suas estruturas fisiológicas 
e motoras do corpo estivessem prontas, seria necessário um tempo para que todo apa-
relho biológico se desenvolvesse para a criança conseguir dar seus primeiros passos. 
Porém, essa forma de explicar o comportamento humano tornou-se insufi-
ciente para explicar comportamentos mais elaborados. Surgem, nesse momento, 
os psicólogos gestaltistas, que têm como um de seus expoentes Vygotsky, con-
trapondo ao que era defendido pelos behavioristas e aos que afirmavam que as 
propriedades das funções intelectuais do adulto eram resultado unicamente da 
maturação ou, em outras palavras, estavam de alguma maneira pré-formadas na 
criança, esperando simplesmente a oportunidade de se manifestarem, dividindo 
a psicologia em duas partes: o lado que defendia a psicologia com características 
de “ciência natural”, que poderia explicar os processos elementares sensoriais e 
reflexos, e um outro com características de “ciência mental”, que descreveria as 
propriedades emergentesdos processos psicológicos superiores.
Surge aí um empasse com relação à explicação de como se desenvolve o com-
portamento humano, seria um processo unicamente fisiológico, maturacional 
ou vindo de processos mentais subjetivos?
Vygotsky idealizou uma teoria que descrevia e explicava as funções psicoló-
gicas superiores, por meio da identificação dos mecanismos cerebrais juntamente 
com a análise da história do indivíduo ao longo do seu desenvolvimento, ou seja, 
entendendo o contexto social em que se deu o desenvolvimento do comporta-
mento e enfatizando a origem social da linguagem e do pensamento. Sendo assim, 
ele foi o primeiro psicólogo moderno a sugerir os mecanismos pelos quais a cul-
tura se torna parte da natureza de cada pessoa.
Em seus estudos ele tentou ligar questões psicológicas concretas, do dia 
a dia, para explicar o desenvolvimento do pensamento humano por meio de 
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concepções ligadas ao trabalho humano e ao uso de instrumentos como os meios 
pelos quais o homem transforma a natureza e, ao fazê-lo, transforma a si mesmo. 
Demonstrando que o que determina a diferença entre os seres humanos e os ani-
mais é a criação e uso de instrumentos necessários para garantir a sobrevivência 
do grupo, e com os quais o homem transforma o mundo de acordo com suas 
vontades e necessidades. Da mesma forma, desenvolveram a linguagem para 
transmitir e generalizar essas práticas sociais. A linguagem, assim como o uso 
de instrumentos, é transmitida pela sociedade através do desenvolvimento da 
história humana e é responsável pelo desenvolvimento cultural daquela socie-
dade. E é essa utilização de signos que possibilita ao homem o controle de seus 
próprios processos psicológicos.
Para Vygotsky, Luria e Leontiev (apud LANE, 1994, p.33), o desenvolvimento do 
pensamento individual seria resultado da internalização dos signos produzidos e 
transmitidos culturalmente, o que resultaria nos comportamentos de cada indi-
víduo, sendo assim, a mudança individual ao longo do desenvolvimento teria 
sua raiz na sociedade e na cultura, pois o indivíduo internaliza, toma como seu 
esses símbolos que passam a ter um “sentido pessoal” com a vida e com os moti-
vos de cada indivíduo.
“A consciência individual do homem só pode existir nas condições em que 
existe a consciência social” (LEONTIEV, p. 88 apud LANE, 2006, p. 24).
Para entendermos melhor, podemos dizer que quando os grupos sociais lutavam 
pela sobrevivência, existiam divisões de trabalho mais simples, nessa fase, as pala-
vras tinham relação direta com os objetos utilizados e a relação da palavra com 
“A linguagem é aquilo através do que se generaliza a experiência da prática 
sócio-histórica da humanidade” 
Fonte: (LEONTIEV, op. cit., p. 172 apud LANE, 2006, p. 25).
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o “som” era facilmente ligada 
ao significado. Porém, quando 
a complexidade na divisão de 
trabalho aumenta, tornando as 
relações entre os homens mais 
complexas, a linguagem tam-
bém se configura de forma mais 
elaborada deixando o nível prá-
tico-sensorial e se tornando 
abstrata para atender às novas 
exigências sociais. Não devemos 
esquecer que, quando nos referimos à linguagem, não podemos nos limitar à 
fala, pois a linguagem engloba todo comportamento reforçado pela mediação de 
outras pessoas, portanto inclui além do falar, a escrita, os sinais, os gestos e, até 
mesmo, os rituais, tornando a aquisição da linguagem essencial ao desenvolvi-
mento intelectual do ser humano. É sua aquisição que torna capaz as abstrações, 
as simbolizações, as idealizações e o planejamento de ações. 
Podemos dizer, então, que devemos unir a ação e a linguagem para poder-
mos desenvolver o pensamento, assim como no trecho seguinte.
Hoje, os estudos sobre o desenvolvimento intelectual mostram como a 
aquisição da linguagem (ou comportamento verbal, conforme definido 
acima) é condição essencial para o chamado desenvolvimento intelec-
tual, isto é, ser capaz de generalizações, abstrações, figuração, em ou-
tras palavras, superar o aqui e agora: planejando, prevendo, lembrando, 
simbolizando, idealizando [...] (LANE, 1994, p. 28).
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Representações Sociais
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REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
É importante entendermos o que é representação social. A representação social 
está em tudo que aprendemos e acreditamos. Por meio da representação social 
de cada sociedade é que se determina o que é certo do que é errado, o que deve-
mos esperar de determinados grupos ou pessoas. Podemos dar alguns exemplos 
simples, como a representação da mulher. Na nossa sociedade é esperado que a 
mulher saiba desempenhar as atividades do lar, que ela esteja preparada para ser 
mãe, que existem trabalhos específicos que ela possa realizar, entre outras coisas, 
ou seja, a representação social expressa o que é esperado socialmente da mulher.
No texto de Rafael Augustos Sêga (2000, p. 128), a representação social 
é definida como: 
As representações sociais se apresentam como uma maneira de inter-
pretar e pensar a realidade cotidiana, uma forma de conhecimento da 
atividade mental desenvolvida pelos indivíduos e pelos grupos para 
fixar suas posições em relação a situações, eventos, objetos e comuni-
cação que se estabelece entre eles, pelo quadro de apreensão que forne-
ce sua bagagem cultural, pelos códigos, símbolos, valores e ideologias 
ligados às posições e vinculações sociais específicas 
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E de onde surgem essas representações? Elas surgem das relações travadas 
entre as pessoas e é transmitida por meio da linguagem, é internalizado e passa 
a ser seguido pelos membros dessa sociedade. 
Para Vygotsky (2001, online), “uma palavra que não representa uma ideia é 
uma coisa morta, da mesma forma que uma ideia não incorporada em palavras 
não passa de uma sombra”.
A linguagem é de grande importância na construção das representações 
sociais, é ela que faz a mediação entre o mundo e o ser humano, permitindo a 
elaboração dessas representações. É através dela que reconhecemos e explicamos 
a nossa realidade. A linguagem é um produto social e, por meio dela transmiti-
mos e absorvemos conceitos sociais.
O homem como ser ativo e inteligente se insere historicamente em um 
grupo social através da aquisição da linguagem, condição básica para 
a comunicação e o desenvolvimento de suas relações sociais e, conse-
quentemente, de sua própria individualidade. 
A linguagem, enquanto produto histórico traz representações, sig-
nificados e valores existentes em um grupo social, e como tal é ve-
ículo da ideologia do grupo; enquanto para o indivíduo é também 
condição necessária para o desenvolvimento de seu pensamento 
(LANE, 1994, p. 41).
As experiências, concretas ou não, são transmitidas por meio da linguagem. 
Existem representações que são formadas a partir de experiências vividas e outras 
que não são experimentadas concretamente. São representações subjetivas de 
elementos, como Deus, a morte, o status social, mas que também compõem as 
representações que caracterizam cada sociedade. 
Malrieu(apud LANE, 1994, p. 35) define que: 
a representação social se constrói no processo de comunicação, no qual 
o sujeito põe a prova, através de suas ações, o valor – vantagens e des-
vantagens – do posicionamento dos que se comunicam com ele, ob-
jetivando e selecionando seus comportamentos e coordenando-os em 
função de uma procura de personalização.
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