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APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO SUPERIOR Stella de Melo Silva 1ª Edição, 2021 Fundado em 1915 — www.unasp.br Missão Educar no contexto dos valores bíblicos para um viver pleno e para a excelência no serviço a Deus e à humanidade. Visão Ser uma instituição educacional reconhecida pela excelência nos serviços prestados, pelos seus elevados padrões éticos e pela qualidade pessoal e profissional de seus egressos. Administração da Entidade Mantenedora (IAE) Diretor-Presidente: Maurício Lima Diretor Administrativo: Edson Medeiros Diretor-Secretário: Emmanuel Oliveira Guimarães Diretor Depto. de Educação: Ivan Góes Administração Geral do Unasp Reitor: Martin Kuhn Vice-Reitor Executivo Campus EC: Antônio Marcos da Silva Alves Vice-Reitor Executivo Campus HT: Afonso Ligório Cardoso Vice-Reitor Executivo Campus SP: Douglas Jeferson Menslin Pró-Reitor Administrativo: Telson Bombassaro Vargas Pró-Reitor Acadêmico: Afonso Ligório Cardoso Pró-Reitor de Educação à Distância: Fabiano Leichsenring Silva Pró-Reitor de Pesquisa e Desenvolvimento Institucional: Allan Macedo de Novaes Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual, Comunitário e Estudantil: Martin Kuhn Secretário-Geral: Marcelo Franca Alves Faculdade Adventista de Teologia Diretor: Reinaldo Wenceslau Siqueira Coordenador de Pós-Graduação: Vanderlei Dorneles da Silva Coordenador de Graduação: Adriani Milli Rodrigues Órgãos Executivos Campus Engenheiro Coelho Pró-Reitor Administrativo Associado: Murilo Marques Bezerra Pró-Reitor Acadêmico Associado: Everson Muckenberger Pró-Reitor de Desenvolvimento Estudantil Associado: Bruno de Moura Fortes Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual e Comunitário Associado: Ebenézer do Vale Oliveira Órgãos Executivos Campus Hortolândia Pró-Reitor Administrativo Associado: Claudio Valdir Knoener Pró-Reitora Acadêmica Associada: Suzete Araújo Águas Maia Pró-Reitor de Desenvolvimento Estudantil Associado: Daniel Fioramonte Costa Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual e Comunitário Associado: Wanderson Paiva Órgãos Executivos Campus São Paulo Pró-Reitor Administrativo Associado: Flavio Knöner Pró-Reitora Acadêmica Associada: Silvia Cristina de Oliveira Quadros Pró-Reitor de Desenvolvimento Estudantil Associado: Ricardo Bertazzo Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual e Comunitário Associado: Robson Aleixo de Souza Editor-chefe Rodrigo Follis Gerente de projetos Bruno Sales Ferreira Editor associado Alysson Huf Supervisor administrativo Werter Gouveia Gerente de vendas Francileide Santos Editores Adriane Ferrari, Gabriel Pilon Galvani, Jônathas Sant’Ana e Thamires Mattos Designers gráficos Felipe Rocha e Kenny Zukowski Imprensa Universitária Adventista 1ª Edição, 2021 APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO SUPERIOR Imprensa Universitária Adventista Engenheiro Coelho, SP Stella de Mello Silva Doutora em Educação pelo Instituto de Biociências da UNESP Silva, Stella de Melo. Aprendizagem no ensino superior [livro eletrônico] / Stella de Melo Silva. Engenheiro Coelho: Unaspress, 2021. 1Mb, PDF ISBN 978-65-89185-23-9 1. Metodologia de Pesquisa. I. Título. CDD-001.4 Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Índices para catálogo sistemático: 1. Metodologia de pesquisa 001.4 Aprendizagem na educação superior 1ª edição – 2021 e-book (pdf) OP 00123_075 Editoração: Gabriel Pilon Preparação: Luiza Simões Revisão: Rochelle Lassarot Projeto gráfico: Ana Paula Pirani Capa: Jonathas Sant’Ana Diagramação: Kenny Zukowski Caixa Postal 88 – Reitoria Unasp Engenheiro Coelho, SP CEP 13448-900 Tel.: (19) 3858-5171 / 3858-5172 www.unaspress.com.br Imprensa Universitária Adventista Validação editorial científica ad hoc: Debora Pierini Gagliardo Doutoranda em Engenharia de Estruturas pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP Conselho editorial e artístico: Dr. Martin Kuhn, Esp. Telson Vargas, Me. Antônio Marcos, Dr. Afonso Cardoso, Dr. Douglas Menslin, Dr. Rodrigo Follis, Dr. Lélio Lellis, Dr. Allan Novaes, Esp. Jael Enéas, Esp. José Júnior, Dr. Reinaldo Siqueira, Dr. Fábio Alfieri, Dra. Gildene Lopes, Me. Edilson Valiante, Me. Diogo Cavalcante, Dr. Adolfo Suárez Editora associada: Todos os direitos reservados à Unaspress - Imprensa Universitária Adventista. Proibida a reprodução por quaisquer meios, sem prévia autorização escrita da editora, salvo em breves citações, com indicação da fonte. SUMÁRIO ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM E LETRAMENTO CIENTÍFICO E DA INFORMAÇÃO ............................. 11 Introdução ........................................................................................12 Estratégias de aprendizagem .........................................................14 Cognitivaas ..............................................................................20 Metacognitivas ........................................................................21 Letramento científico .......................................................................24 Letramento informacional ...............................................................29 Ferramentas tecnológicas de aprendizagem .............................................................................40 O trabalho acadêmico no AVA .........................................................44 Considerações finais.........................................................................49 Referências .......................................................................................54 Referências Complementares ..........................................................56 OS TIPOS DE CONHECIMENTO CIENTÍFICO E OS GÊNEROS TEXTUAIS DA ESFERA ACADÊMICA ........ 57 Introdução ........................................................................................58 Os diversos tipos de conhecimento .................................................59 O conhecimento científico ...............................................................63 Projeto de pesquisa: primeira etapa de um trabalho de pesquisa ...................................67 Gêneros textuais acadêmicos – parte I (resumos e esquemas) .........................................................71 Gêneros textuais acadêmicos – parte II (fichamentos e glossários) ..................................................78 Conceito ...........................................................................................84 Sinônimo ..........................................................................................84 Termos relacionados ........................................................................84 Notas de aplicação na área ..............................................................84 Considerações finais.........................................................................85 Referências .......................................................................................90 VO CÊ ES TÁ A QU I EMENTA Apresentação das ferramentas tecnológicas e formas de trabalho acadêmico no ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Desenvolvimento de competências e estratégias de aprendizagem, letramento científico e de informação. Caracterização de trabalhos universitários, técnicas e tecnologias para a escrita colaborativa. Apresentação dos tipos de conhecimento científico, levantamento e seleção de informação em suas diferentes abordagens. CONHEÇA O CONTEÚDO Aprendizagem na educação superior... Qua- tro palavras nesta expressão... Aprendizagem – Mais um pouco dela. Tudo começou no pré, na educação infan- til. Conhecendo outras crianças, ouvindo canções singelas, pintando cartolinas, sur- preendendo-se com as primeiras letras. Posteriormente, o ensino fundamental: uma mochila maior, outros contextos sociais, outros recortes de leitura e novas descober- tas intelectuais. Logo em seguida, o ensino médio: Enem, vestibulares, a necessidade de “tomar um rumo na vida”. Mas agora é o ensino superior... Aquela criança do início do parágrafoprecisa continuar descobrindo, tendo curiosidade, levantando hipóteses, fortalecendo laços sociais, potencializando capacidades e habilidades para se mostrar um adulto diferenciado. Vamos conversar sobre isso aqui. Na... preposição “em” mais artigo femini- no “a”. Palavra com valor de lugar, espaço, território. A educação superior é seu novo lugar. Vamos conversar sobre isso aqui. Educação – Quem não quer? Quem não pre- cisa? Quem nunca investiu nisso? Quem não evolui depois de adquiri-la? Quem não deseja refiná-la? Vamos conversar sobre isso aqui. Superior – somos todos. Sem prepotência, mas com autoestima. Dotados do milagre do pensamento. Científico. Informacional. Reli- gioso. Filosófico. Popular. Vamos conversar sobre isso aqui. Aceita o convite? Então, seja bem-vindo! OB JE TI VO S - Apresentar os tipos de conhecimento científico, levantamento e seleção de informação em suas diferentes abordagens; - Caracterizar trabalhos universitários, técnicas e tecnologias para a escrita colaborativa. OS TIPOS DE CONHECIMENTO CIENTÍFICO E OS GÊNEROS TEXTUAIS DA ESFERA ACADÊMICA UNIDADE 2 58 APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO SUPERIOR INTRODUÇÃO Olá, estudante! É um prazer ter você aqui, na segunda unidade da disciplina de Aprendizagem na educação superior. Certamente, lhe encontro mais maduro na caminhada acadêmica, mais consciente da importância do autoconhecimento e da apreensão dos conteúdos científicos e informacionais – sobre os quais já estudamos na primeira unidade. Agora cabe, portanto, especificarmos um pouco mais nosso estudo, não só no quesito “conhecimento” (seus diversos tipos e aquele mais específico – o científico), mas também nos gêneros textuais acadêmicos que embasarão a organização e o compartilhamento das informações que forem se transformando em conhecimento durante o curso. O projeto de pesquisa é um desses gêneros, mas também vamos tratar dos resumos e dos esquemas, dos fichamentos e dos glossários. A partir deste contexto, ao final desta unidade, esperamos que você: • relembre os gêneros textuais: resumos, esquemas, fichamentos e glossários; 59 OS TIPOS DE CONhECIMENTO CIENTíFICO E OS GêNEROS TExTUAIS DA ESFERA ACADêMICA • conheça o gênero textual “Projeto de Pesquisa”; • aproprie-se dos diversos tipos de conhecimento; em especial, o científico. Bons estudos! OS DIVERSOS TIPOS DE CONHECIMENTO Seguindo a lógica de concepção desta disciplina, já entendemos, na unidade 1, que o conhecimento depende de uma série de variáveis para se constituir como tal. Deter a informação não basta; é necessário que, além disso, tenhamos conhecimento de mundo e autoconhecimento para viabilizar a aplicabilidade da informação que apreendemos, transformando-a em conhecimento. Mas, talvez, ainda fique uma dúvida: esse conhecimento é de uma única ordem ou existem vários tipos de conhecimento? Tente refletir sobre o seu próprio processo de construção de conhecimento… Certamente, você já se percebeu replicando comportamentos ou ideias que seus pais ou avós defendiam e sobre os quais você nunca se questionou “por que faço isso”?; “por que penso dessa forma”? Quando agimos movidos pelo senso comum, estamos fazendo-o motivados pelo conhecimento 60 APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO SUPERIOR popular, vulgar, e não pelo conhecimento científico. Uma coisa é fazermos um bolo de chocolate delicioso a partir da receita de família, compartilhada de geração em geração; outra coisa é fazermos a mesma iguaria depois de termos frequentado um curso de culinária baseado em pesquisa, experimentação e validação ou refutação dos resultados de cunho físico-químico. Resumindo: um tipo de conhecimento não exclui o outro! Para se ter acesso à verdade não é preciso, necessariamente, buscar a ciência de modo totalitário – mesmo porque, tanto o cientista quanto o homem comum podem observar o mesmo objeto ou um fenômeno qualquer, só que de formas diferentes. A fim de entender melhor o assunto, a Figura 11 apresenta – a partir da obra Fundamentos da metodologia científica, de Marconi e Lakatos (2008), referindo-se à Trujillo (1974-11) – uma sistematização das características dos quatro tipos de conhecimento: Tanto o cientista quanto o homem comum podem observar o mesmo objeto ou um fenômeno qualquer, só que de formas diferentes. 61 OS TIPOS DE CONhECIMENTO CIENTíFICO E OS GêNEROS TExTUAIS DA ESFERA ACADêMICA Figura 11 – Tipos de conhecimento CONHECIMENTO POPULAR CONHECIMENTO CIENTÍFICO Valorativo Reflexivo Assistemático Verificável Falível Inexato Real (factual) Contingente Sistemático Verificável Falível Aproximadamente exato CONHECIMENTO RELIGIOSO CONHECIMENTO FILOSÓFICO Valorativo Inspiracional Sistemático Não verificável Infalível Exato Valorativo Racional Sistemático Não verificável Infalível Exato Fonte: Trujillo (1974 apud MARCONI e LAKATOS, 2008, p, 77-78) Numa tentativa de direcionar seus estudos para a ótica do conhecimento científico - visto que agora você é um universitário e precisa ajustar seu pensamento para esta esfera de circulação de informação – traçaremos um paralelo entre dois dos conhecimentos supra apresentados: o popular e o científico, para que sejam esclarecidas as diferenciações entre ambos, valorizando-os cada qual em sua linha de atuação. Para tanto, leia com atenção a Figura 12: 62 APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO SUPERIOR Figura 12 – Paralelo entre conhecimento popular e conhecimento científico CONHECIMENTO POPULAR CONHECIMENTO CIENTÍFICO • Valor ativo: valores do observador são agregados ao objeto estudado. • Real (factual): trabalha a partir de fatos e ocorrências. • Reflexivo: a formulação de hipóteses fica comprometida frente ao grau de familiaridade do observador frente ao objeto. • Contingente: hipóteses podem ser validadas ou refutadas por meio da experimentação. • Assistemático: a organização dos elementos observados é mediada por fatores subjetivos. • Sistemático: parte do pressuposto de que a formulação de ideias correlacionadas deve dar conta do objeto de estudo. • Verificável: o que pode ser verificável está relacionado ao que pode ser observado dentro da esfera do observador. • Verificável: hipóteses validadas permanecem no âmbito da ciência; as refutas são extintas do âmbito científico. • Falível: baseia-se no que é observável e assimilado pelo senso comum. • Falível: a despeito das experimentações, acredita-se que nada é definitivo, absoluto ou final. • Inexato: visto que é falível, não há possibilidade de formulação de hipóteses verificáveis - filosófica e cientificamente falando. • Aproximadamente exato: novos estudos, novos experimentos, novas metodologias e tecnologias podem reformular o conhecimento já existente. Fonte: elaborado pelo autor 63 OS TIPOS DE CONhECIMENTO CIENTíFICO E OS GêNEROS TExTUAIS DA ESFERA ACADêMICA Portanto, o que se pode depreender de ambas as figuras últimas? Que o homem é um ser multifacetado, passível de construir e compreender vários tipos de conhecimento. Que o conhecimento popular/vulgar, o senso comum, é usual e primordial, mas não pode ser o único conhecimento aplicado à vida. Que o conhecimento científico, principalmente na esfera acadêmica, dá credibilidade à informação circulante neste âmbito social. Que o conhecimento acadêmico, diferentemente do popular, exige procedimentos de experimentação, observação dos fatos, levantamento de hipóteses, lógica organizacional e o mínimo de fidelidade às metodologias e tecnologias de pesquisa. Sendo assim, avancemos para o próximo capítulo, no qual aprofundaremos o estudo sobre o conhecimento científico; este, que baliza toda a trajetória acadêmica. O CONHECIMENTO CIENTÍFICO Agora que está claro o que aproxima e o que distancia o conhecimento popular do conhecimento científico, este capítulo vai apresentar dois vieses sobre o este último tópico: um, é a conceitualização do termo conhecimento científico pela mestra e doutoranda emEngenharia e Gestão do Conhecimento – da 64 APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO SUPERIOR Universidade Federal de Santa Catarina - Rayse Kiane; o outro, é uma entrevista esclarecedora de Sarita Albagli, professora do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação/ Ibict-UFRJ, para o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, em abril de 2020. Nela, a pesquisadora faz importantes analogias entre a pandemia do Coronavírus e a ciência contemporânea, mas, acima de tudo, ela avalia o papel da informação nesse processo, bem como o inegável espaço do compartilhamento de dados nesse contexto. Partamos, portanto, do conceito do termo “conhecimento científico” – tácito e explícito, lendo a Figura 13: Figura 13 – Conceito de “conhecimento científico” tácito e explícito CONHECIMENTO CIENTÍFICO "[...] conhecimento produzido a partir de atividades cientí cas, envolvendo experimentação e coleta de dados, sendo seu objetivo demonstrar, por argumentação, uma solução para um problema proposto, em relação a uma determinada questão. É derivado da aplicação de métodos mais formais que visam aumentar o rigor em relação a diferentes posições sobre validade e con abilidade." EXPLÍCITO "[...] aquele formalizado em artigos, revistas, manuais, bases de dados, portais do conhecimento, ou seja, pode ser comunicado por sistemas estruturados ou meios formais, compreendendo a literatura cientí ca." TÁCITO "[...] possui uma difícil transmissão por textos ou sistemas, sua transmissão acontece nas relações entre cientistas e está atrelado a experiência e a competência do pesquisador." Fonte: http://bit.ly/2Y7p7FM (Acesso em 30 dez. 2020) 65 OS TIPOS DE CONhECIMENTO CIENTíFICO E OS GêNEROS TExTUAIS DA ESFERA ACADêMICA Ou seja, o conhecimento que circula no âmbito tácito necessita, inclusive, para avançar e progredir, ser compartilhado em redes de colaboração de pesquisa, em eventos acadêmicos, com a sociedade civil e acadêmica. Caso contrário, instauram-se feudos informacionais que pouco contribuem com a melhoria do mundo. Agora, em continuidade à estrutura programada para este capítulo, leia a entrevista da professora Sarita Albaglo (UFRL), como uma espécie de aplicabilidade dos conceitos expostos da última figura, já que o pano de fundo é o contexto pandêmico da COVID-19 e o papel da ciência aberta, do conhecimento científico explícito e tácito. Continue a leitura do ebook a partir daqui apenas depois de assistir a entrevista, pois ela será fundamental para continuarmos o nosso aprendizado. Acesse a entrevista no link a seguir: https://www.youtube.com/watch? v=y5JbOGT4aCs&ab_channel=EscritosIBICT Creio ter ficado clara a relação entre a entrevista de Albagli e tudo o que temos estudado nesta disciplina! A começar pela tomada de consciência de que todos vocês, alunos desta instituição de ensino superior, precisam dominar as estratégias de aprendizagem para potencializarem o pensamento crítico e a leitura de mundo a partir das informações recebidas; perpassando pela necessidade de um letramento científico e informacional para validarem com maior precisão seus próprios https://www.youtube.com/watch?v=y5JbOGT4aCs&ab_channel=EscritosIBICT 66 APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO SUPERIOR estudos; e por fim, compreendendo que os vários tipos de conhecimento mas, em especial o científico, lhes ajudam a fortalecer os argumentos acadêmicos de pesquisa. Se todas estas etapas foram assimiladas, então a entrevista fez sentido, porque nela lemos que: a relação entre ciência e sociedade precisa ser fortalecida (e, como universitários em formação, vocês se colocam tanto como pesquisadores quanto como cidadãos); a sociedade deve apoiar com capital, dados, conhecimentos e questões a ciência (e vocês, universitários, interpretam e produzem conhecimento científico o tempo todo, apoiando a ciência de alguma forma); novas linguagens, formas e meios de comunicação precisam ser estabelecidos entre a ciência e a sociedade (como universitários, vocês estão recorrentemente criando espaços comunicacionais para compartilharem suas descobertas e reconhecerem as descobertas de outros); a sociedade precisa se formar, se capacitar, ter perspectiva crítica em filtrar e utilizar a informação disponível (é tudo o que vocês, enquanto universitários, fazem enquanto estudam: se capacitam criticamente para depreenderem o que leem); grupos de pesquisa precisam dialogar, gerando escrita colaborativa sobre ciência, de preferência multi e interdisciplinar (se vocês, como universitários, ainda não se aliaram a algum grupo de pesquisa do curso, façam isso o quanto antes – estarão contribuindo para o avanço da ciência) 67 OS TIPOS DE CONhECIMENTO CIENTíFICO E OS GêNEROS TExTUAIS DA ESFERA ACADêMICA PROJETO DE PESQUISA: PRIMEIRA ETAPA DE UM TRABALHO DE PESQUISA Não caberia a esta disciplina explicitar, detalhe a detalhe, o processo de confecção de um projeto de pesquisa. A intenção deste capítulo 3, em específico, é apresentar as características gerais deste gênero textual cuja importância é indiscutível, já que precede os trabalhos finais de conclusão de curso – as monografias, os artigos científicos, os portfolios, dentre tantos outros. Já nos capítulos seguintes – capítulos 4 e 5 - serão apresentados outros gêneros de texto que facilitarão o identificar e o sistematizar das informações necessárias para a escrita eficiente do texto em questão. Sempre é importante lembrar que, antes de mais nada, o estudante pesquisador precisa ter claro, em sua mente: se o tema com o qual deseja trabalhar na pesquisa é interessante; se A informação organizada, gera conhecimento. O conhecimento planejado, gera pesquisa. A pesquisa criteriosa, gera uma socie- dade mais bem equipada para a vida. Fonte: Shutterstock (http://shutr.bz/3iFBDpn) 68 APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO SUPERIOR já possuiu algum conhecimento sobre o assunto; se haverá tempo necessário para a pesquisa que deseja empreender; se o tema escolhido contribui, de alguma forma, com o avanço da ciência, da educação ou da sociedade; qual o problema que o tema escolhido pretende resolver; se existem fontes fidedignas e acessíveis para a realização da pesquisa. Ou seja: o ideal é investir tempo para refletir sobre o “tema” da pesquisa e todas estas questões colocadas anteriormente, porque são as respostas a estes dilemas que dirão se seu projeto será promissor ou trará mais do mesmo. Com o avançar do curso, na disciplina de Iniciação Científica, você receberá orientações pontuais sobre como escolher e fixar um tema de pesquisa; como selecionar, ler e estudar as fontes de pesquisa; como selecionar os problemas de pesquisa e formular hipóteses para respondê-los; como decidir sobre o tipo de pesquisa. Invista tempo para refletir sobre o “tema” da pesquisa. São as respostas encontradas que dirão se seu projeto será promissor ou trará mais do mesmo. 69 OS TIPOS DE CONhECIMENTO CIENTíFICO E OS GêNEROS TExTUAIS DA ESFERA ACADêMICA Entretanto, por agora, atente à estrutura básica deste gênero textual da esfera acadêmica, já imaginando sobre qual tema gostaria de tratar neste processo. 3.1. INTRODUÇÃO É neste capítulo que você explica o motivo pelo qual escolheu o tema da pesquisa, aponta os principais teóricos que embasam seu tema, explicita o método que usará para pesquisar e descreve as hipóteses e os resultados que pretende conseguir, todos eles, obviamente, relacionados ao seu problema de pesquisa. 3.2. JUSTIFICATIVA Neste momento do projeto de pesquisa, é preciso pontual qual a relevância do tema escolhido, a partir da ótica social, científica, pessoal e educacional. Também é muito importante relacionar estas contribuições aos resultados que você espera alcançar com sua pesquisa. 3.3. OBJETIVOS Na maioria dos projetos de pesquisa exigidos pelas instituições de ensino, os objetivos subdividem-se em gerais e específicos. Os primeiros, grafados com verbosno infinitivo, apontam para o que se deseja alcançar por intermédio da pesquisa. Já os segundos, apontam paras as subdivisões dos objetivos gerais, especificando o curso da pesquisa. 70 APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO SUPERIOR 3.4. PROCEDIMENTOS Os procedimentos de uma pesquisa têm por objetivo descrever de que maneira e por quais meios serão realizadas a coleta de dados, a análise de dados etc. 3.5. RECURSOS NECESSÁRIOS Este item do projeto de pesquisa visa projetar quais e quantos recursos serão necessários para a realização do trabalho, sejam eles materiais (papel, computador, livros, câmeras, laboratórios), humanos (professores, alunos, cientistas, cidadãos comuns) ou financeiros (xerox, viagens, softwares, gasolina, passagens). 3.6. CRONOGRAMA Talvez seja neste item do projeto que o estudante tenha a maior clareza do todo, porque é no cronograma que ele articula as atividades necessárias para a pesquisa ao tempo que deverá disponibilizar para cada fase dela. 3.7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Todas as obras que forem citadas no corpo do texto de seu projeto e todas as outras que serviram como fonte de consulta para sua pesquisa devem, respeitando as normas técnicas de escrita acadêmica (ABNT), devem ser inseridas neste capítulo. 71 OS TIPOS DE CONhECIMENTO CIENTíFICO E OS GêNEROS TExTUAIS DA ESFERA ACADêMICA AGORA É COM VOCÊ Que tal tentar rascunhar seu projeto de pesquisa? Observe a estrutura apresentada nesta unidade, abra uma pasta em seu Office chamando-a de “Pré-projeto de Pesquisa” e insira ali artigos, entrevistas, livros em PDF que contribuam, em primeira instância, com sua pesquisa inicial. Além disso, tente organizar o sumário de seu pré-projeto! Parece insano começar uma pesquisa do sumário, mas não é! Organizando o sumário, você começa a ter uma noção geral do assunto que deseja pesquisar e pode identificar capítulos e subcapítulos que se adequam melhor à lógica de seu raciocínio. E se tiver mais coragem ainda, tente inserir, em tópicos, algumas informações nesta estrutura básica de projeto de pesquisa que apresentamos acima. Tente! Será um exercício bem interessante neste início de carreira acadêmica! GÊNEROS TEXTUAIS ACADÊMICOS – PARTE I (RESUMOS E ESQUEMAS) Como dito no capítulo anterior, os dois próximos capítulos têm por objetivo apresentar gêneros de texto que facilitarão o identificar e o sistematizar das informações necessárias para a escrita eficiente de um projeto de pesquisa. Para tanto, na intenção de fazermos um recorte de estudo para este capítulo 4, sugerimos os seguintes gêneros textuais: 72 APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO SUPERIOR o resumo e o esquema. Certamente, você deve estar se perguntando sobre as motivações que impulsionaram a escolha por estes gêneros, em específico. Resposta: são, inicialmente, os gêneros que lhe ajudarão, de maneira mais eficiente e eficaz, a estabelecerem as diferenciações marcantes entre o conhecimento popular e o conhecimento científico; entre o que é acadêmico e o que é senso comum. Iniciemos, portanto, com o conceito do gênero “resumo”: [...] processo de condensação; é preciso destacar as ideias (os fatos) principais do texto-base, e respeitar a progressão dessas ideias ou fatos e o modo como se correlacionam. [...] o autor deve expressar objetivamente, com as próprias palavras, o que o texto-base contém de essencial. Não se trata de fazer ‘colagem’ de frases pinçadas nem de traçar comentários e avaliações sobre o conteúdo do texto original, mas sim de destacar suas ideias centrais. GOLDSTEIN; N.; LOUZADA, M.S.; IVAMOTO, R. O texto sem mistério: leitura e escrita na universidade. São Paulo: Ática, 2009, p.161. Observe que é possível fazer um “resumo” do próprio conceito de “resumo”, ou seja: resumir é destacar ideias principais do texto-base de forma progressiva, com texto próprio, sem avaliações a respeito do conteúdo originário. 73 OS TIPOS DE CONhECIMENTO CIENTíFICO E OS GêNEROS TExTUAIS DA ESFERA ACADêMICA Mas e o “esquema”? Qual a definição para este gênero textual? Esquema é a mesma coisa que resumo? Vejamos o que Pereira e Silva (2007, p. 757) conceituam como “esquema”: [...] um gênero textual de meio de produção gráfica que tem como função sociocomunicativa apresentar de forma sintética e de rápido reconhecimento as principais partes de um conteúdo ou assunto lido. Por ser um instrumento de estudo do texto, o esquema de leitura é bastante utilizado pelos interactantes dos domínios acadêmico e escolar. Perceba que, aparentemente, o gênero textual esquema pode ser muito parecido com o resumo, mas, se olhado com maior critério, a conclusão será que o segundo se alimenta do primeiro; se o resumo é a condensação de um texto-base, o esquema é a condensação do resumo, em linhas gerais. Leia a Figura 14 e observe as maiores diferenciações entre ambos os gêneros: Figura 14 – Diferenças entre resumo e esquema CONHECIMENTO POPULAR CONHECIMENTO CIENTÍFICO Registro de pontos específicos do texto escrito, mas registrado em texto sintaticamente elaborado. Registro de pontos específicos do texto escrito, mas registrado em texto graficamente elaborado. 74 APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO SUPERIOR CONHECIMENTO POPULAR CONHECIMENTO CIENTÍFICO Não é necessário que o leitor externo tenha leitura prévia do texto-base para compreender o resumo. Para ser entendido por um leitor externo, é necessário que este tenha uma compreensão maior do texto-base. Escrito em prosa, com parágrafos de sentido completo. Escrito em tópicos objetivos e sentenças sucintas. Apoia-se nas ideias gerais do texto-base e seu encadeamento original. Apoia-se na hierarquia das palavras, das frases e dos parágrafos-chave. Fonte: elaborado pelo autor É curioso notar que o diferencial mais importante entre resumos e esquemas seja a apresentação estética que possibilita, por meio da representação gráfica, diversas formas de a informação corresponder ao modo de estruturação do estudante. Algumas possibilidades de organização de esquemas são citados por Ângela Dionísio e Leila Vasconcelos (2013) no artigo de GUIMARÃES, D.; NUNES, G.; PEREIRA, R. (2017, p.45): a. esquema de setas ou flechas: caracteriza- se pela presença de setas e pode assumir a forma linear, horizontal ou vertical, piramidal, circular ou, ainda, retangular; 75 OS TIPOS DE CONhECIMENTO CIENTíFICO E OS GêNEROS TExTUAIS DA ESFERA ACADêMICA b. esquema de chavetas: contém o sinal gráfico chaves em forma linear-horizontal, cuja função é concatenar ideias primárias a secundárias e assim sucessivamente; c. esquema de subordinação: possui dois subtipos: o numerado e o de letras. O numerado configura-se por meio da enumeração de ideias, e o que diferencia as ideias principais das complementares são as sequências numéricas, as quais devem ser de um tipo para as ideias principais e de outro tipo para as ideias complementares. O subtipo de letras assemelha-se ao numerado e segue a mesma lógica hierárquica deste, a única coisa que os discrimina são as letras, utilizadas no lugar dos números; d. esquema de retângulos: constitui-se por meio de retângulos ligados por linhas e sua organização pode ser linear, horizontal ou vertical, piramidal ou retangular; e. esquema de ideias: tipo mais confundido com o diagrama, possui uma ideia central 76 APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO SUPERIOR e dela saem diversas linhas que têm a função de ligar a ideia fundamental às subordinadas, apresentando uma hierarquia; f. esquema misto: apresenta dois ou mais tipos de esquema. O professor José Artur Teixeira Gonçalves (2019) compartilhou, em seu blog, uma apresentação visual das possibilidades dos esquemas apresentados anteriormente. Observe na Figura 15: Figura 15 – Tipos de esquemas Fonte: http://bit.ly/3c67yhj (Acesso em 05 jan. 2021) 77 OS TIPOS DE CONhECIMENTO CIENTíFICO E OS GêNEROS TExTUAIS DA ESFERA ACADêMICA Portanto, é importante perceber que você, ao longo de sua trajetória escolar,certamente já se debruçou sobre resumos e esquemas, mas, a partir de agora, estes gêneros demandarão maior atenção de sua parte porque, na universidade, ambos potencializam e otimizam sua aprendizagem, colaborando para o aprimoramento da seleção e hierarquização de informação - elementos estes tão importantes para o ato do pesquisar, de organizar e aplicar o conhecimento científico discutido na academia. A proposta, agora, é conhecermos cada qual sua maneira particular de aprender e, de forma intencional, elaborarmos resumos e esquemas de estudo que contribuam para o sucesso acadêmico. MATERIAL COMPLEMENTAR Legenda das expressões “tipo”, “gênero” e “espécies” tex- tuais: Segundo o artigo A caracterização de categorias de texto: tipos, gêneros e espécies, de Luiz Carlos Travaglia (2007, p. 41), “tipo”, “gênero” e “espécies” textuais são as- sim conceituados: “O tipo pode ser identificado e carac- terizado por instaurar um modo de interação, uma ma- neira de interlocução, segundo perspectivas que podem variar constituindo critérios para o estabelecimento de tipologias diferentes. Alguns tipos que podemos citar, divididos em sete tipologias, são: a) texto descritivo, dis- sertativo, injuntivo, narrativo; 78 APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO SUPERIOR b) texto argumentativo stricto sensu e argumentativo não- stricto sensu; c) texto preditivo e não preditivo; d) texto do mundo comentado e do mundo narrado; e) texto lírico, épico/narrativo e dramático; f ) texto humo- rístico e não-humorístico; g) texto literário e não lite- rário. O gênero se caracteriza por exercer uma função sociocomunicativa específica. Estas nem sempre são fáceis de explicitar. A espécie se define e se caracteriza “apenas” por aspectos formais de estrutura (inclusive superestrutura) e da superfície linguística e/ou por as- pectos de conteúdo”. Disponível em: <http://bit.ly/3c1oyp4>. Acesso em: 30 dez. 2020. GÊNEROS TEXTUAIS ACADÊMICOS – PARTE II (FICHAMENTOS E GLOSSÁRIOS) Há um senso comum na universidade, por vezes até velado por professores e alunos, que os primeiros (e talvez únicos!) gêneros textuais desta esfera de circulação devam ser aqueles nos quais os discentes-pesquisadores já apresentem seus dados de pesquisa, seu arcabouço teórico, sua metodologia de análise. Entretanto, o que se observa – na maioria das vezes – é que o alunado não consegue chegar a estes gêneros de maneira satisfatória, exatamente porque não domina os gêneros que precedem um pré-projeto de pesquisa, um projeto de pesquisa, uma monografia, um artigo científico. 79 OS TIPOS DE CONhECIMENTO CIENTíFICO E OS GêNEROS TExTUAIS DA ESFERA ACADêMICA É entendendo tal contexto que avançamos, neste capítulo, frente às possibilidades de gêneros textuais mais úteis, ferramentais do início da carreira acadêmica, dando ênfase para aqueles que nos auxiliarão no processo de aprendizagem do conhecimento científico; desta forma, serão estudados agora os fichamentos e os glossários. Assim como os resumos e esquemas, existem vários tipos de classificação de fichamentos e isso acontece por conta da esfera em que estes gêneros circulam, das intencionalidades de quem os elabora, do contexto em que os interlocutores estão inseridos, enfim. De qualquer modo, para este ebook, optamos pela classificação apresentada por Henrique e Medeiros (1999, p.59): i) fichamento de transcrição (ou citação direta); ii) fichamento de indicação bibliográfica; e iii) fichamento de resumo. 1.1. FICHAMENTO DE TRANSCRIÇÃO OU CITAÇÃO DIRETA O fichamento de transcrição textual também é chamado de fichamento de citação direta porque, como a própria nomenclatura sinaliza, é uma transcrição exata das ideias e das frases que serão usadas, eventualmente, na redação do seu trabalho acadêmico futuro: sua monografia, seu artigo científico e assim por diante. Veja um exemplo deste tipo de fichamento: 80 APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO SUPERIOR MAPAS MENTAIS PARA TODAS AS OCASIÕES (pp. 66 – 67). Sexto capítulo. BUZAN, Tony. Mapas mentais: métodos criativos para estimular o raciocínio e usar ao máximo o potencial do seu cérebro. Rio de Janeiro: sextante, 2009. “A agenda no formato de Mapa Mental representa todas as instruções associadas à criação de um simples Mapa Mental: cores, imaginação, símbolos, códigos, humor, sonhos, abrangências, perspectiva, associação e ritmo visual” (p.66) “Seu planejamento anual pode ser organizado por tema, estação do ano, mês ou em qualquer estilo de ordenação básica que você considere apropriado” (p. 67) “Ramificações divisórias geralmente incluem assuntos (ideias de ordenação básicas) como: família e amigos; finanças e trabalho; criatividade e lazer; saúde e bem-estar.” (p.67) 1.2. FICHAMENTO DE INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA O fichamento de indicação bibliográfica é uma espécie de “apresentação” da obra lida, total ou parcialmente. Aqui, o texto-base é descrito e comentado, na intenção de delimitar o conteúdo do livro/artigo para facilitar futuras consultas acadêmicas. Observe o modelo: BUZAN, Tony. Mapas mentais: métodos criativos para estimular o raciocínio e usar ao máximo o potencial do seu cérebro. Rio de Janeiro: sextante, 2009. A obra insere-se no campo da neurociência e da metodologia de pesquisa. O autor trabalha com a conceituação do termo “Mapas Mentais” e ensina a técnica passo a passo. O livro ainda apresenta possibilidades da mesma técnica de esquematização da informação também ser aplicada no ambiente escolar, mercadológico, no âmbito pessoal e social. 81 OS TIPOS DE CONhECIMENTO CIENTíFICO E OS GêNEROS TExTUAIS DA ESFERA ACADêMICA 1.3. FICHAMENTO DE RESUMO O fichamento de resumo é uma síntese das ideias centrais da obra que você está estudando. Neste caso, diferentemente do fichamento de citação, o estudante elabora um texto próprio, com suas palavras, mas respeitando a ideia central do autor lido. Dê uma lida no exemplo a seguir: MAPAS MENTAIS PARA TODAS AS OCASIÕES (pp. 66 – 67). Sexto capítulo. BUZAN, Tony. Mapas mentais: métodos criativos para estimular o raciocínio e usar ao máximo o potencial do seu cérebro. Rio de Janeiro: sextante, 2009. A ideia de Mapa Mental tradicional pode ser um mote para a elaboração de outros gêneros textuais que tendem a organizar a rotina mental de um leitor/pesquisador. A agenda, o planejamento anual de um aluno, também podem ser organizados respeitando as premissas de um Mapa Mental. Quanto ao gênero glossário, não se engane: ele também se subdivide em vários tipos. Conheça alguns deles: • glossários de obras literárias: explicitam neologismos sem comprometer a leitura. • glossários de trabalhos acadêmicos: explicam termos técnicos e específicos ao leitor. 82 APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO SUPERIOR • glossário bilíngue: traduzem uma palavra/ expressão de um idioma para outro. • glossário ambiental: esclarecem vocábulos relacionados à área ambiental. Dentre todos os outros gêneros até aqui apresentados, este é o mais simples de ser organizado; porém, é o menos utilizado nas atividades diárias dos estudantes. Isto acontece porque, geralmente, ou tentamos entender as palavras que não conhecemos pelo contexto do texto (e, para isso, não recorremos ao dicionário), ou prosseguimos com a leitura incompreendida na esperança de que, futuramente, os significados sejam descobertos por si mesmos. Todavia, partindo da lógica de que a construção de significados de um texto começa do mínimo para o máximo – ou seja, das palavras para as frases; das frases para os parágrafos; dos parágrafos para os capítulos; e assim por diante... – se a semântica de alguma expressão não for compreendida ou for mal compreendida, compromete-se a ideia basal do texto-base. Conceitualmente, o “glossário” nada mais é do que: 83 OS TIPOS DE CONhECIMENTO CIENTíFICO E OS GêNEROS TExTUAIS DA ESFERA ACADêMICA “[...] um instrumento lexicográfico que opera um recorte no acervo lexical da língua, ou seja, efetua um inventário limitado de signos linguísticose, então, procede à sua definição por meio da descrição parcial ou total dos seus significados. Sua finalidade principal é ser um instrumental que sirva de suporte ao estudo de textos de uma mesma natureza ou de temática similar.” (CARDOSO, 2012, p. 1-2) Neste contexto, o glossário não tem uma estética definida, mas, sim, obriga-se a atender as necessidades lexicais do estudante universitário quanto à sua área de conhecimento e a todas aquelas com as quais esta primeira área dialogar. Elaborar um glossário é investir na amplitude do vocabulário, das associações semânticas que este estabelece com outros contextos além do texto-base e, acima de tudo, explicitar termos e expressões desconhecidas ao leitor leigo, que desconheça o assunto do texto-base analisado. Veja um exemplo de glossário retirado do ebook Glossário de Ciência da Informação e Comunicação (2009, p. 27 e 28). Nele, a autora optou por uma sequência de informações relacionadas ao termo que escolheu: conceito; sinônimos; termos relacionados; notas de aplicação na área; referências. Perceba: Briefing 84 APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO SUPERIOR CONCEITO É o conjunto de ideias organizadas em forma de resumo que orienta equipes de trabalho para organizarem um determinado projeto. No briefing são registradas as informações relativas às etapas de um projeto, delimitando-se as principais instruções para execução de tarefas e ações de um planejamento. Ele se constitui como documento de apoio para a avaliação e o acompanhamento das etapas de um projeto. SINÔNIMO Plano de pesquisa. Esboço de pesquisa. TERMOS RELACIONADOS Comunicação Organizacional. Marketing. Plano de marketing. NOTAS DE APLICAÇÃO NA ÁREA No âmbito do planejamento de marketing, ou mesmo para melhor direcionar um projeto em uma unidade de informação, 85 OS TIPOS DE CONhECIMENTO CIENTíFICO E OS GêNEROS TExTUAIS DA ESFERA ACADêMICA o briefing pode ser utilizado como um importante documento de orientação do planejamento e avaliação de serviços em uma unidade de informação. Outro papel relevante desse documento é facilitar a comunicação organizacional, ajudando a melhor definir as especificidades e o alcance de um projeto em determinado contexto. CONSIDERAÇÕES FINAIS No início desta Unidade 2, comprometemo-nos em apresentar os tipos de conhecimento científico, discutir o levantamento e a seleção de informação em suas diferentes abordagens, caracterizar trabalhos universitários, técnicas e tecnologias para a escrita colaborativa. Revisitando o que foi estudado até aqui, portanto, percebemos que resumos, esquemas, fichamentos e glossários não só fortalecem a escrita colaborativa, mas também profissionalizam a escrita acadêmica do estudante, o que aprimora a qualidade do levantamento, da seleção e da interpretação dos dados de pesquisa, bem como valoriza o conhecimento científico e sua divulgação não só entre os pares, mas também, para além dos muros da universidade. Notou-se, inclusive, que tanto o gênero “fichamento” quanto o gênero “glossário” contribuem para o trajeto do 86 APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO SUPERIOR aluno universitário no sentido de: ampliar o vocabulário; elucidar termos específicos da área de conhecimento; angariar referências acadêmicas fidedignas; colaborar com a escrita colaborativa; adequar o registro de escrita ao contexto da educação superior. Enfim, ambas são ferramentas que auxiliam na autorregulação de sua aprendizagem não só na esfera social acadêmica, mas também no âmbito do mercado de trabalho – a despeito de não serem as protagonistas dos gêneros da esfera universitária. A sugestão é que você prossiga cultivando o hábito de elaborar textos – orais ou escritos – cada vez mais eficazes e competentes a partir destes gêneros apresentados e, assim, gere maior autoconfiança e promova a confiabilidade entre seus interlocutores sociais. RESUMO Nesta unidade, aprendemos que: • existem diversos tipos de conhecimento (popular, científico, religioso, filosófico), mas os eleitos para um estudo comparativo nesta disciplina foram: o popular e o 87 OS TIPOS DE CONhECIMENTO CIENTíFICO E OS GêNEROS TExTUAIS DA ESFERA ACADêMICA científico – aquele que eu trago da minha experiência de vida e o que eu construo na minha trajetória universitária; • as principais diferenças entre o conhecimento popular e o científico são: CONHECIMENTO POPULAR CONHECIMENTO CIENTÍFICO • Valor ativo: valores do observador são agregados ao objeto estudado. • Real (factual): trabalha a partir de fatos e ocorrências. • Reflexivo: a formulação de hipóteses fica comprometida frente ao grau de familiaridade do observador frente ao objeto. • Contingente: hipóteses podem ser validadas ou refutadas por meio da experimentação. • Assistemático: a organização dos elementos observados é mediada por fatores subjetivos. • Sistemático: parte do pressuposto de que a formulação de ideias correlacionadas deve dar conta do objeto de estudo. • Verificável: o que pode ser verificável está relacionado ao que pode ser observado dentro da esfera do observador. • Verificável: hipóteses validadas permanecem no âmbito da ciência; as refutas são extintas do âmbito científico. • Falível: baseia-se no que é observável e assimilado pelo senso comum. • Falível: a despeito das experimentações, acredita-se que nada é definitivo, absoluto ou final. 88 APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO SUPERIOR CONHECIMENTO POPULAR CONHECIMENTO CIENTÍFICO • Inexato: visto que é falível, não há possibilidade de formulação de hipóteses verificáveis - filosófica e cientificamente falando. • Aproximadamente exato: novos estudos, novos experimentos, novas metodologias e tecnologias podem reformular o conhecimento já existente. • o conhecimento científico pode ser explícito e tácito; • a relação entre ciência e sociedade precisa ser fortalecida (e, como universitários em formação, vocês se colocam tanto como pesquisadores quanto como cidadãos); • a sociedade deve apoiar com capital, dados, conhecimentos e questões a ciência (e vocês, universitários, interpretam e produzem conhecimento científico o tempo todo, apoiando a ciência de alguma forma); • novas linguagens, formas e meios de comunicação precisam ser estabelecidos entre a ciência e a sociedade (como universitários, vocês estão recorrentemente criando espaços comunicacionais para compartilharem suas descobertas e reconhecerem as descobertas de outros); 89 OS TIPOS DE CONhECIMENTO CIENTíFICO E OS GêNEROS TExTUAIS DA ESFERA ACADêMICA • a sociedade precisa se formar, se capacitar, ter perspectiva crítica em filtrar e utilizar a informação disponível (é tudo o que vocês, enquanto universitários, fazem enquanto estudam: capacitam-se criticamente para depreenderem o que leem); • grupos de pesquisa precisam dialogar, gerando escrita colaborativa sobre ciência, de preferência multi e interdisciplinar (se vocês, como universitários, ainda não se aliaram a algum grupo de pesquisa do curso, façam isso o quanto antes – estarão contribuindo para o avanço da ciência); • a estrutura básica de um projeto de pesquisa resume-se em: introdução; justificativa; objetivos; procedimentos; recursos necessários; cronograma; referências bibliográficas; • resumir é destacar ideias principais do texto-base de forma progressiva, com texto próprio, sem avaliações a respeito do conteúdo originário; • esquematizar tem como função sociocomunicativa apresentar de forma sintética e de rápido reconhecimento as principais partes de um conteúdo ou assunto lido; 90 APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO SUPERIOR • o fichamento pode ser de citações diretas, de indicações bibliográficas ou de resumo; • o glossário é um instrumental que serve de suporte ao estudo de textos de uma mesma natureza ou de temática similar. 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Blog Metodologia da Pesquisa, Presidente Prudente, 22 de abril de 2019. Disponível em: http://bit.ly/3c67yhj (Acesso em 05 jan. 2021) HENRIQUE, A. & MEDEIROS, J. B. Metodologias e técnicas de pesquisa. 2ª Ed. São Paulo: Atlas, 1999. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008. Disponível em https://bit.ly/3pM97oK (Acesso em 30 dez. 2020) PEREIRA, Bruno Alves; SILVA, Williany Miranda da. O gênero esquema no evento aula: funcionalidade e repercussões para o processo de ensino/aprendizagem. IV Simpósio Internacional de Estudos de Gêneros Textuais (SIGET), 2007, Santa Catarina. Anais... Santa Catarina: Universidade do Sul de Santa Catarina, 2007, p. 756-766. Disponível em: http://bit.ly/3cCQnEp (Acesso em 04 jan. 2021) 92 APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO SUPERIOR SIQUEIRA, J.C. Glossário de Ciência da Informação e Comunicação. Ebook. Clube dos autores, 2009, 148 páginas. TRAVAGLIA, L.C. 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