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PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM Naomi Vidal Ferreira 1ª Edição, 2022 EAD Reitor e Diretor Campus Engenheiro Coelho: Martin Kuhn Vice-reitor para a Educação Básica e Diretor Campus Hortolândia: Douglas Jefferson Menslin Vice-reitor para a Educação Superior e Diretor Campus São Paulo: Afonso Cardoso Ligório Vice-reitor administrativo: Telson Bombassaro Vargas Pró-reitor de graduação: Afonso Cardoso Ligório Pró-reitor de pesquisa e desenvolvimento institucional: Allan Macedo de Novaes Pró-reitor de educação à distância: Fabiano Leichsenring Silva Pró-reitor de desenvolvimento espiritual e comunitário: Henrique Melo Gonçalves Pró-reitor de Desenvolvimento Estudantil: Carlos Alberto Ferri Pró-reitor de Gestão Integrada: Claudio Knoener Educação Adventista a Distância Conselho editorial e artístico: Dr. Adolfo Suárez; Dr. Afonso Cardoso; Dr. Allan Novaes; Me. Diogo Cavalcanti; Dr. Douglas Menslin; Pr. Eber Liesse; Me. Edilson Valiante; Dr. Fabiano Leichsenring, Dr. Fabio Alfieri; Pr. Gilberto Damasceno; Dra. Gildene Silva; Pr. Henrique Gonçalves; Pr. José Prudêncio Júnior; Pr. Luis Strumiello; Dr. Martin Kuhn; Dr. Reinaldo Siqueira; Dr. Rodrigo Follis; Esp. Telson Vargas Editor-chefe: Rodrigo Follis Gerente administrativo: Bruno Sales Ferreira Editor associado: Werter Gouveia Responsável editorial pelo EaD: Luiza Simões Editora Universitária Adventista Presidente Divisão Sul-Americana: Stanley Arco Diretor do Departamento de Educação para a Divisão Sul-Americana: Antônio Marcos Presidente Mantenedora Unasp (IAE): Maurício Lima 1ª Edição, 2022 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM Editora Universitária Adventista Engenheiro Coelho, SP Naomi Vidal Ferreira Doutora em Neuropsicologia pela Faculdade de Medicina da USP Campagnoni, Mariana / dos Santos, Diego Henrique Moreira Formação da identidade profissional do contador [livro eletrônico] / Mariana Campagnoni. -- 1. ed. -- Engenheiro Coelho, SP : Unaspress, 2020. 1 Mb ; PDF ISBN 978-85-8463-172-8 1. Carreira profissional 2. Contabilidade 3. Contabilidade como profissão 4. Contabilidade como profissão - Leis e legislação 5. Formação profissional 6. Negócios I. Título. 20-33026 CDD-370.113 Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP) (Ficha catalográfica elaborada por Hermenérico Siqueira de Morais Netto – CRB 7370) Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem 1ª edição – 2022 e-book (pdf) OP 00123_228 Coordenação editorial: Késia Santos Conteudista: Carolina Pessoa Wanderley Preparador: Naomi Vidal Ferreira Projeto gráfico: Ana Paula Pirani Capa e Diagramação: William Nunes Caixa Postal 88 – Reitoria Unasp Engenheiro Coelho, SP – CEP 13448-900 Tel.: (19) 3858-5171 / 3858-5172 www.unaspress.com.br Editora Universitária Adventista Validação editorial científica ad hoc: Simone Hedwig Hasse Doutora em Educação - Universidade Metodista de Piracicaba/SP Editora associada: Todos os direitos reservados à Unaspress - Editora Universitária Adventista. Proibida a reprodução por quaisquer meios, sem prévia autorização escrita da editora, salvo em breves citações, com indicação da fonte. SUMÁRIO TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO ......................... 13 Introdução ........................................................................................14 O desenvolvimento humano e seu campo de estudos ...................16 Influências que atuam sobre o curso do desenvolvimento ...................................................19 Teoria psicossexual de Freud ...........................................................27 Biografia de Freud ...................................................................27 O conceito de inconsciente .....................................................29 Id, ego e superego ...................................................................30 Mecanismos de defesa ...........................................................32 Fases do desenvolvimento psicossexual .................................33 Contribuições de Freud à educação ........................................35 Críticas à teoria ........................................................................38 Teoria psicossocial de Erikson ..........................................................38 O conceito de ego ...................................................................41 Estágios do desenvolvimento psicossocial .............................42 Contribuições da teoria de Erikson .........................................48 Teoria do apego de Bowlby .............................................................50 Tipos de apego ........................................................................52 Teoria do apego e aprendizagem ...........................................55 Teoria bioecológica de Bronfenbrenner ...........................................56 considerações finais .........................................................................58 Referências .......................................................................................60 TEORIAS DA APRENDIZAGEM ................................ 63 Introdução ........................................................................................64 A aprendizagem humana e seu campo de estudos .......................66 Visões sobre o contato com o conhecimento .........................67 Abordagens sobre aprendizagem ..........................................68 Cosmovisão cristã ....................................................................74 Teoria comportamental de Skinner .................................................75 Biografia de Skinner ................................................................75 Conceitos centrais ............................................................................77 Contribuições para a educação e críticas à teoria ...................81 Teoria construtivista de Piaget e teoria histórico-cultural de Vygotsky ..............................................83 Breve biografia e contexto histórico .......................................83 Organização, adaptação e equilibração ..................................85 Estágios do desenvolvimento cognitivo .................................87 Desenvolvimento moral .........................................................92 História de Vygotsky ................................................................93 Vygotsky e a troika ..................................................................94 Vygotsky e a zona de desenvolvimento proximal e aprendizagem .......................................................99 Contribuições das teorias de Piaget e Vygotsky para a educação........................................100 Teoria sociocognitiva de Bandura ...................................................102 Breve biografia de Albert Bandura ........................................102 Mecanismos de modelagem e imitação ..............................103 Determinismo recíproco na teoria sociocognitiva .................104 Contribuições da teoria de Bandura ......................................106 Considerações finais........................................................................106 Referências ......................................................................................108 AS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO ................... 113 Introdução .......................................................................................114 Teoria e prática na formação e atuação de professores..................116 Tipos de abordagem ..............................................................120 Tipos de natureza ...................................................................121 Tipos de procedimentos metodológicos ...............................121 Tipos de objetivos ..................................................................124 Considerações sobre pesquisa e teoria na educação .............127 O educadorfrente à diversidade teórica .........................................129 As teorias do desenvolvimento e da aprendizagem nas práticas pedagógicas ......................................132 Aplicação do behaviorismo na sala de aula ..........................132 VO CÊ ES TÁ A QU I Aplicação do cognitivismo na sala de aula ...........................136 Aplicação do construtivismo em sala de aula .......................140 As teorias do desenvolvimento e da aprendizagem nas relações educativas ..........................................145 Considerações finais........................................................................153 Referências ......................................................................................154 AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ................ 157 Introdução .......................................................................................158 Dificuldades e transtornos específicos da aprendizagem .............160 Dislexia, disgrafia, disortografia e discalculia ................................172 Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, transtorno do espectro autista e deficiência intelectual ................176 Transtorno do Espectro Autista ..............................................181 Deficiência intelectual ...........................................................185 A epistemologia convergente de Jorge Visca ................................191 VO CÊ ES TÁ A QU I Processo de diagnóstico da dificuldade de aprendizagem na teoria de Jorge Visca ............................195 Considerações finais........................................................................198 Referências ......................................................................................201 EMENTA Trata da complexidade do processo ensino-aprendizagem, a partir de uma perspectiva da psicologia da aprendizagem, incluindo o impacto do fator desenvolvimento, biológico, cognitivo, afetivo e sociocultural. Análise das práticas escolares recorrendo a elementos da psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem. AS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO UNIDADE 3 114 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM INTRODUÇÃO Olá, seja bem-vindo(a) ao nosso conteúdo sobre as teorias do desenvolvimento e da aprendizagem. Por meio desta leitura, você vai se deparar com a existência e a imensidão do conhecimento ao qual temos acesso atualmente, e sua relação com a pesquisa científica. Além disso, você compreenderá algumas contribuições da pesquisa na área da educação para as sociedades, sua importância, seu papel e sua aplicabilidade para o contexto da educação. A seguir, veremos que há dois níveis em que a pesquisa pode operar: teórico e metodológico. Você entenderá as diferenças entre eles e em que situações cada um deles é usado. Falando em diferenças, ainda teremos as existentes entre o método indutivo (que parte do estudo dos fenômenos para a criação de teorias) e o método dedutivo (que parte da teoria para a explicação dos fenômenos) de se fazer pesquisa, bem como a relação de retroalimentação existente entre as teorias e a pesquisa empírica. A respeito das pesquisas, há alguns tipos– quanto abordagem, natureza, procedimentos e objetivos – bem como a finalidade e aplicabilidade de cada um deles. Isso será analisado considerando a importância da relação entre 115 AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO a teoria, a prática e a pesquisa na área da educação. Depois disso, é importante escolher a teoria e as metodologias a se utilizar em sala de aula. Você será exposto a dicas e sugestões sobre o que é importante considerar como base para a sua atuação. Ao final desta leitura, espera-se que você consiga entender sobre: • a aplicação do behaviorismo, do cognitivismo e do construtivismo na sala de aula; • como as diferentes teorias e suas metodologias são utilizadas no contexto do ensino-aprendizagem; • a importância da relação professor- aluno para o ambiente de ensino; • a importância e o papel dos mecanismos de transferência e contratransferência; • características do professor que influenciam o clima da sala. Bom estudo! 116 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM TEORIA E PRÁTICA NA FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DE PROFESSORES Você já parou para pensar em quanto conhecimento existe hoje no mundo? A quantidade de informação que já existe e que continua sendo produzida excede nossa capacidade de mensuração e, mais que isso, nossa capacidade mental de armazenamento. Mesmo que fosse possível ter contato com toda a informação existente no mundo hoje, a quantidade disponível seria tão exorbitante que não seríamos capazes de armazená-la na nossa memória. Essa realidade se aplica à área da educação: são tantas as teorias e metodologias disponíveis que é impossível conhecer e testar todas elas ao longo de uma vida profissional. Grande parte das descobertas que geraram a informação que existe hoje sobre o processo de ensino-aprendizagem se devem à pesquisa científica na área da educação. A pesquisa científica está na base de grande parte dos avanços das sociedades. O conhecimento sobre o qual nos apoiamos hoje foi construído ao longo de séculos, e o avanço da ciência faz com que as diferentes áreas do conhecimento continuem crescendo e se desenvolvendo. As teorias da 117 AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO aprendizagem, como o behaviorismo, o cognitivismo e o construtivismo, foram desenvolvidas com base em estudos científicos e ainda são aplicadas em pesquisas hoje em dia. No que diz respeito à pesquisa em educação, em um cenário ideal, as teorias (de forma indireta) e os métodos educativos (de forma direta) deveriam ser testados no ambiente controlado da pesquisa, para verificar sua eficácia. Como resultado disso, os métodos que se mostrassem ineficazes deveriam ser abandonados, e os eficazes deveriam ser mantidos e aprimorados por seu uso. No entanto, nem sempre isso acontece, porém o quanto mais próximo conseguirmos chegar dessa comunicação, melhor será o resultado nas práticas educativas. Na educação, a pesquisa é compreendida como operando em dois níveis: teórico e metodológico. O primeiro nível, como o nome já diz, é o que trata da produção de conceitos e explicações sobre fenômenos – sociais, psicológicos, educativos, cognitivos, ou de qualquer outra ordem que possa se relacionar ao processo ensino-aprendizagem. Já o segundo nível é o que observa, de modo empírico, os fenômenos da realidade, por meio da aplicação do método científico. Ao abordar esses dois níveis, Ollaik e Ziller (2012, apud CESÁRIO; FLAUZINO; MEJIA, 2020, p. 7-8) dizem o seguinte: 118 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM A realização de pesquisas científicas, portanto, requer dois conjuntos de habilidades, a teórica e a metodológica, que são necessárias para operar nos níveis teórico e empírico, respectivamente. As habilidades metodológicas são relativamente padronizadas e pouco variáveis entre as disciplinas, também são facilmente adquiridas por meio da formação de pesquisadores nos programas de mestrado e doutorado. No entanto, habilidades teóricas são consideravelmente mais difíceis de serem dominadas, pois requerem anos de observação e reflexão. As habilidades teóricas não podem ser “ensinadas”, pois somente são adquiridas com a experiência acadêmica. IMPORTANTE Na educação, compreende-se que a pesquisa opera em dois níveis: teórico e metodológico. O primeiro nível aborda a produção de conceitos e explica- ções sobre fenômenos de qualquer ordem que se relacione com o processo ensino-aprendizagem. Já o segundo nível é o que observa (empiricamente) os fenômenos da realidade, mediante a aplicação do método científico. A pesquisa metodológica, ou empírica, geralmente é utilizada a fim atingir dois objetivos: 1) testar os pressupostos dasteorias e utilizar o resultado dos testes para aprimorá-las; e 2) descobrir novas teorias como resultado da observação da realidade. Esses dois objetivos são classificados de duas formas: dedutivos e indutivos. 119 AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO Na pesquisa com objetivos dedutivos, parte-se das teorias já existentes e, após aplicá-las de forma empírica, sua relevância pode ser testada e seus conceitos, aprimorados. A pesquisa empírica é o tipo de pesquisa que está relacionada à experiência, que aplica conceitos teóricos em estudos, utilizando o método científico, a fim de confirmar as teorias existentes ou desenvolver novas teorias. Em contraste, a pesquisa com objetivos indutivos baseia-se na observação de fenômenos para criar teorias que sejam resultado dessa observação (CESÁRIO; FLAUZINO; MEJIA, 2020). Os dois tipos de pesquisa são fundamentais para que a ciência avance e, em geral, são usados de forma interativa e cíclica, pois a pesquisa indutiva fornece conceitos e pressupostos para a pesquisa dedutiva, a qual auxilia na verificação e confirmação dos conceitos descobertos pela pesquisa indutiva. Para o pesquisador da área da educação, é importante conhecer e familiarizar-se com ambos os tipos – por mais que ele não utilize as duas formas durante o curso de sua atuação – a fim de que ele seja capaz de interpretá-las e aplicá- las com propriedade (CESÁRIO; FLAUZINO; MEJIA, 2020). A fim de atingir seus objetivos dedutivos e indutivos, a pesquisa empírica ou metodológica se utiliza de diversas abordagens metodológicas. Cesário, Flauzino e Mejia, (2020, 120 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM p. 5) listaram os principais tipos de pesquisa utilizados na área da educação, que estão apresentados na figura 1. Figura 1- Tipos de pesquisa utilizados na educação Abordagem Qualitativa Quantitativa Natureza Básica Aplicada Procedimentos Experimental Bibliográfica Documental Ex-post-facto levantamento Survey Estudo de caso Participante Pesquisa-ação Objetivos Exploratória Descritiva Explicativa Fonte: adaptado de Cesário, Flauzino e Mejia (2020, p. 5) TIPOS DE ABORDAGEM Quanto à abordagem, a pesquisa pode ser quantitativa ou qualitativa. A pesquisa quantitativa, em geral, se utiliza de escalas, questionários, exames e outras formas de medir os fenômenos do ponto de vista numérico, levando a resultados que podem passar por tratamento estatístico e gerar resultados objetivos. Por outro lado, a pesquisa qualitativa se utiliza de técnicas exploratórias – muitas vezes, entrevistas abertas – e não geram resultados numéricos, mas sim conteúdo que pode ser interpretado de forma subjetiva para se compreender fenômenos particulares. A abordagem também pode ser mista, o que ocorre em pesquisas que se utilizam tanto do método quantitativo como do qualitativo (CESÁRIO; FLAUZINO; MEJIA, 2020). 121 AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO TIPOS DE NATUREZA Em relação à natureza, a pesquisa pode ser básica ou aplicada. A pesquisa básica busca compreender algum fenômeno de forma profunda e detalhada, mas seus resultados, apesar de frequentemente contribuírem para a criação e o aperfeiçoamento de teorias, nem sempre podem ser aplicados à prática profissional ou à vida real de forma direta. A pesquisa aplicada, por sua vez, lida com problemas do dia a dia de forma direta, e busca utilizar o método científico e as teorias existentes para resolver esses problemas, aprimorando a prática profissional (CESÁRIO; FLAUZINO; MEJIA, 2020). TIPOS DE PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Experimental: a pesquisa experimental é aquela em que pelo menos uma das variáveis sofre manipulação pelo pesquisador, com o objetivo de operar transformações sobre o fenômeno observado, e durante a qual o ambiente é controlado para evitar desvios ou fontes de viés. O objetivo é avaliar a relação entre as variáveis estudadas (RAUPP; BEUREN, 2006). Bibliográfica: a pesquisa bibliográfica utiliza fontes como livros e artigos, publicados por outros autores no passado (que 122 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM pode ser próximo ou distante) para aprofundar a compreensão de um tema, teoria ou problema (RAUPP; BEUREN, 2006). Documental: é parecida com a pesquisa bibliográfica, mas, em vez de usar como matéria-prima os livros e artigos publicados sobre um determinado tema, a pesquisa documental usa materiais que ainda não foram analisados de forma profunda. Ela geralmente faz uso de fontes de primeira mão (reportagens, fotos, áudios, cartas, contratos etc.) ou de segunda mão (relatórios empresariais, tabelas apresentando dados estatísticos etc.) (RAUPP; BEUREN, 2006). Ex-post-facto: esse tipo de pesquisa tem um objetivo semelhante à pesquisa experimental; o de estudar a relação entre os fatos estudados. No entanto, na pesquisa ex-post-facto, a ocorrência dos fatos analisados está no passado, o que faz com que o pesquisador não tenha condições de controlar o ambiente em que o fenômeno ocorreu (GIL, 2002). Levantamento ou survey: segundo Gil (1999, apud RAUPP; BEUREN, 2006), esse tipo de pesquisa foca em interrogar pessoas para conhecer o comportamento delas. Em resumo, solicita-se informações a muitas pessoas a respeito do problema analisado para, depois, por intermédio da análise quantitativa, alcançar as conclusões com base nos dados que foram coletados. 123 AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO Estudo de caso: esse tipo de pesquisa se caracteriza por se concentrar em um único caso, seja ele uma pessoa, uma escola, um município etc. Isso permite que o pesquisador se aprofunde no tema de estudos de forma significativa, obtendo informações detalhadas a respeito do caso que está sendo investigado (RAUPP; BEUREN, 2006). Participante: a pesquisa participante, também conhecida como pesquisa participativa, é aquela em que o pesquisador interage com seu objeto de estudo, que podem ser as pessoas que ele está observando, por exemplo. Nesse tipo de pesquisa, quanto maior a participação do pesquisador no “universo” de seu objeto de estudo, mais consistentes serão os resultados (RAUPP; BEUREN, 2006). Pesquisa-ação: segundo Thiollent (1985, apud GIL, 2002), a pesquisa ação é uma pesquisa com fundamento empírico originada e realizada associada à ação ou à resolução de um problema comum a um grupo de pessoas e durante a qual os representantes da situação ou do problema participam de modo cooperativo ou participativo. Etnográfica: a pesquisa etnográfica tem o objetivo de compreender a forma de viver, os costumes e a cultura de grupos étnicos ou povos, bem como suas características 124 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM antropológicas e sociais, além de descrever essas características (BISPO; GODOY, 2014). Etnometodológica: a pesquisa etnometodológica é semelhante à etnográfica, e tem o objetivo de conhecer o funcionamento de grupos étnicos e povos, com a diferença de que, na pesquisa etnometodológica, o pesquisador se torna parte do grupo estudado, agindo sobre ele (BISPO; GODOY, 2014). SAIBA MAIS Você sabia que cada área do conhecimento tem tipos de pesquisa que são os “queridinhos” da área? Isso quer dizer que, naquela área, esse tipo de pesquisa, ou esse método, é muito utilizado e muito respeitado. Na área da educação, a pesquisa do tipo qualitativo e com procedimento “pesqui- sa-ação” é utilizada com frequência, pois esse procedimento permite que muitos dos fenômenos relativos ao processo ensino-aprendizagem sejam analisados de perto, ao mesmo tempo em que são fornecidas soluções práticas para os pro- blemas identificados durante o curso da pesquisa. TIPOS DE OBJETIVOS Quanto aos objetivos, as pesquisas podem ser exploratórias (buscam estudar um tema não explorado), descritivas 125 AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO (buscam compreender mais a fundo fenômenos já estudados anteriormente,utilizando rigor metodológico) e explicativas (buscam investigar a relação de causa e efeito entre variáveis). A pesquisa exploratória tem o objetivo de investigar um tema novo para começar a compreendê-lo. Esse tipo de pesquisa é uma escolha comum quando há poucas publicações sobre o assunto que vai ser estudado. Ela não se propõe a relacionar diferentes variáveis, mas apenas a investigar fenômenos sobre a variável de interesse. Uma vez que a escassez de publicações sobre o assunto é que leva o pesquisador a conduzir uma pesquisa exploratória, ao escolher esse método para seu estudo, segundo Will (2012, p. 40), o “pesquisador tem a intenção de que o resultado do seu estudo auxilie outros pesquisadores a realizarem suas pesquisas, agora mais familiarizados com o tema. Essa é uma das características da pesquisa exploratória”. Em relação à pesquisa descritiva, o objetivo desse método geralmente é descrever os fenômenos e populações com base na correlação entre suas variáveis – não do ponto de vista de causalidade, e sim de associação. Segundo Raupp e Beuren (2006, p. 81), ao analisar fenômenos, esse tipo de pesquisa busca: 126 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM identificar, relatar, comparar, entre outros aspectos. [...] A pesquisa descritiva preocupa-se em observar os fatos, registrá- los, analisá-los, classificá-los e interpretá-los, e o pesquisador não interfere neles. Assim, os fenômenos do mundo físico e humano são estudados, mas não são manipulados pelo pesquisador. Mas é importante ressaltar que, uma vez que a pesquisa descritiva não trata de fenômenos desconhecidos com a exploratória, mas sim de situações que já são mais familiares ao pesquisador da área, algumas práticas de rigor metodológico se tornam fundamentais nesse tipo de pesquisa. Ainda segundo esses autores: o estudo descritivo exige do pesquisador uma delimitação precisa de técnicas, métodos, modelos e teorias que orientarão a coleta e interpretação dos dados, cujo objetivo é conferir validade científica à pesquisa. A população e a amostra também devem ser delimitadas, assim como os objetivos, os termos, as variáveis, as hipóteses e as questões de pesquisa (RAUPP; BEUREN, 2006, p. 81). Com respeito à pesquisa explicativa, seu objetivo geralmente é verificar a relação de causalidade entre duas ou mais variáveis. Esse tipo de pesquisa busca identificar os fatores que contribuem para (ou determinam) a ocorrência do fenômeno que está sendo estudado, e avaliar qual é o impacto que eles causam sobre esse fenômeno. 127 AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO Além do rigor metodológico exigido na pesquisa descritiva, a pesquisa explicativa comumente se utiliza de variáveis independentes e dependentes, buscando explicar as variáveis dependentes com base nas independentes. Neste tipo de pesquisa, a relação entre elas pode ser analisada por meio da existência de uma associação de causalidade. Muitas vezes, na pesquisa explicativa, o pesquisador também intervém nos fenômenos com objetivo de transformá-los (RAUPP; BEUREN, 2006). CONSIDERAÇÕES SOBRE PESQUISA E TEORIA NA EDUCAÇÃO Você pode estar se perguntando: por que é importante conhecer os tipos de pesquisa que existem na área de educação? Teoria e a prática deveriam caminhar juntas, pois, como vimos, as teorias alimentam as pesquisas e as pesquisas fortalecem as teorias, fornecendo-lhes embasamento empírico. Além disso, a pesquisa básica e a pesquisa aplicada também deveriam caminhar juntas, pois a pesquisa básica aprofunda nosso conhecimento sobre os fenômenos, permitindo a elaboração e comprovação das teorias. Por outro lado, a pesquisa aplicada utiliza o conhecimento gerado pela pesquisa básica para nos fornecer subsídios e recursos de aprimoramento 128 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM da prática profissional, o que permite que os problemas da vida real sejam resolvidos de maneira cada vez mais eficiente. No entanto, nem todas as pesquisas realizadas por estudiosos são relevantes, aplicáveis ou até confiáveis para qualquer situação. E nem sempre a falta de confiabilidade em uma pesquisa é resultado de má índole ou má intenção por parte do pesquisador, ela pode ser resultado da falta de qualidade da pesquisa. Conhecer os tipos de pesquisa e suas finalidades pode nos dar subsídios para avaliarmos a confiabilidade e a aplicabilidade das pesquisas às quais temos acesso. AGORA É COM VOCÊ Você já tentou avaliar uma pesquisa do ponto de vista de qualidade? A sugestão é que você selecione um artigo científico para ler. Depois disso, responda as seguintes perguntas sobre ele: o tema é relevante? A justificativa apresentada para conduzir a pesquisa é válida? O método escolhido responde à pergunta principal da pesquisa? Os resultados obtidos podem ser aplicados em que situações? Além disso, conhecer os tipos de pesquisa existentes, bem como seus objetivos e as situações nas quais elas podem ser utilizadas, pode dar subsídios para que você avalie como utilizar a pesquisa na sua prática profissional. Algumas 129 AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO vezes, acreditamos que nossos métodos são eficientes, mas pode ser que estejamos errados. Outras vezes, percebemos nossas limitações do ponto de vista de ensino e didática, mas não conseguimos encontrar ferramentas para enfrentar essas limitações e aprimorar nossa atuação. Em ambos os casos, o conhecimento gerado pela pesquisa em educação pode nos ajudar a ter mais sucesso em nosso trabalho como educadores. O EDUCADOR FRENTE À DIVERSIDADE TEÓRICA Como vimos, a pesquisa científica e as teorias caminham juntas, pois uma alimenta e promove subsídios para o desenvolvimento da outra. Por um lado, isso traz resultados benéficos para a prática, pois permite que o profissional utilize as descobertas científicas sobre as teorias para aperfeiçoar sua atuação. Mas, por outro lado, essa dinâmica permite que muitas teorias sejam criadas e, pior ainda, que a sua aplicabilidade e relevância sejam comprovadas – o que resulta na existência de diversas teorias e metodologias com as quais o educador precisa se deparar. As diferentes teorias da área da educação fazem com que o educador se depare com diversas abordagens e metodologias, o que pode levá-lo a se sentir confuso quanto a que teoria ou 130 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM metodologia utilizar. Frente a isso, o que podemos fazer para que a decisão sobre qual método utilizar seja resultante de uma decisão pensada e consciente? Seguem algumas sugestões sobre como escolher a melhor metodologia para você aplicar na tarefa de ensinar (MAZOTTI, 1999): • Conheça todas as metodologias que puder: quanto mais conhecemos sobre um fenômeno, mais subsídios nós temos para avaliá-lo. Além disso, conhecer as mais diversas metodologias nos dá um repertório mais extenso de possibilidades para lidarmos com as diferentes necessidades dos variados contextos de ensino. • Tenha em mente que a teoria que você escolhe reflete sua visão de mundo: a escolha da teoria ou do método que você vai utilizar em sua atuação profissional não é por acaso, ela reflete a forma como você vê o mundo. É importante compreender isso, porque assim as decisões sobre sua atuação serão tomadas de forma mais consciente. • Avalie o contexto no qual você está inserido: algumas teorias e metodologias podem ser aplicáveis em alguns contextos, mas não em outros. Sem 131 AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO perder a sua essência e nem desrespeitar seus valores, é importante analisar a aplicabilidade da metodologia que você está se propondo a utilizar para o contexto no qual você está inserido. • Avalie-se constantemente: a tarefa de ensinar, ou de promover o aprendizado eficaz, é uma tarefa desafiadora. Em nossa atuação como educadores, nem sempre acertamos em tudo o que fazemos e, porisso, é fundamental que estejamos sempre abertos para refletir sobre os resultados que estamos atingindo. Se nossa prática tem trazido frutos positivos, e se o objetivo de promover o aprendizado tem sido alcançado, ótimo. No entanto, se temos tido dificuldades de promover o aprendizado, ou se isso tem sido feito com muito desgaste (tanto pessoal quanto das relações profissionais e sociais), é necessário rever a própria atuação e, dependendo da situação, mudar a metodologia escolhida. • Tenha em mente que a metodologia não é tudo: a forma de ensinar pode ser determinante no sucesso do processo de aprendizado, mas ela não é o único fator que influencia esse processo. Fatores como o clima da escola e da sala de aula e a relação 132 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM professor-aluno, bem como a participação familiar na vida escolar da criança, têm influência positiva ou negativa sobre o aprendizado. A teoria escolhida pode ser excelente, mas o processo de aprendizagem pode fracassar se outras questões, também fundamentais, não forem levadas em consideração. AS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM NAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS A partir de agora, buscaremos apresentar a aplicação das teorias da aprendizagem a situações de sala de aula. Começaremos pela teoria behaviorista de Bhurrus F. Skinner, depois veremos a abordagem cognitivista e, finalmente, a abordagem construtivista. APLICAÇÃO DO BEHAVIORISMO NA SALA DE AULA Apenas a título de recordação, a teoria de Skinner entende que a aprendizagem, o conhecimento das crianças e o das pessoas em geral são “impressos” sobre elas por meio das influências do mundo externo, que corresponde aos seus 133 AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO comportamentos com consequências que podem ser vistas por elas como agradáveis (o que vai levar o comportamento a aumentar) ou desagradáveis (o que vai levar o comportamento a diminuir). O meio no qual a criança está inserida pode modelar os comportamentos dela, de forma progressiva, mediante consequências: oferecendo consequências agradáveis para comportamentos desejados e oferecendo consequências desagradáveis para comportamentos indesejados (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2009). Aplicando esse conceito à sala de aula, o professor que utiliza a modelagem comportamental descrita por Skinner em seu método de ensino oferece reforços para os comportamentos que deseja que o aluno mantenha; ou seja, quando um aluno se comporta da forma como deveria – tendo em vista o aprendizado, a cooperação, a obediência, as relações com os colegas e outros comportamentos relacionados ao ambiente escolar – esse aluno é recompensado por tal ato. O contrário também é verdadeiro: o professor que utiliza a modelagem comportamental oferece punição para os comportamentos que não são desejados (ROGULSKI, 2021), apesar de que, segundo Skinner, a utilização da punição deve ser evitada ao máximo na educação. O reforço dos comportamentos esperados e sua relação com a aprendizagem funciona como uma via de mão dupla, com 134 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM resultados diretos e indiretos de um sobre o outro, conforme descreve Britto (2017, apud ROGULSKI, 2021, p. 50): O reforço [...] pode auxiliar na modelagem do comportamento, porém, constitui uma excelente ferramenta para aprendizagem que, logo, será revertido no comportamento propriamente dito, pois o aluno envolvido com a aprendizagem e acreditando ser capaz de realizar tal, normalmente terá um comportamento melhor. Como exemplos de situações em que o reforço é utilizado na sala de aula, podemos citar as ocasiões em que o professor usa elogios e reconhecimento verbal; usa prêmios simbólicos como a estrela, o adesivo e a medalha; usa gamificação das atividades realizadas, fornecendo pontuação cumulativa que, ao final do período letivo, pode resultar em prêmios materiais para os alunos; oferece recompensas coletivas para a turma quando os alunos cooperam entre si para alcançarem um objetivo comum; e outros métodos que podem ser utilizados como recompensa por comportamentos esperados voltados ao processo de aprendizagem (ROGULSKI, 2021). Por outro lado, o professor também pode se utilizar da punição para com os comportamentos indesejados. Há de se ressaltar que, em tese, esse meio só deve ser utilizado quando 135 AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO todos os outros recursos tiverem falhado. Isso é, deve ou, pelo menos, deveria se tratar de uma exceção. As situações em que o professor usa a punição podem ser, por exemplo: a retirada do acesso a brinquedos e jogos; a retirada de um passeio ou evento especial; a perda de pontos e de benefícios relacionados aos games, caso estes estejam sendo utilizados como método educativo; entre outros métodos (ROGULSKI, 2021). Os mecanismos de reforço e punição, no entanto, podem ser utilizados na sala de aula de forma distorcida. No que diz respeito ao reforço, isso se dá, por exemplo, quando o professor utiliza o elogio e o reconhecimento de forma indiscriminada, sem ter um objetivo comportamental específico em mente, pois isso pode fazer com que o elogio se torne uma consequência banal, deixando de fazer seu papel como reforçador do comportamento. O ideal é que a punição seja utilizada apenas quando todos os outros recursos tiverem falhado. 136 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM Por outro lado, no que diz respeito à punição, ela pode ser mal utilizada, por exemplo, quando o professor critica o aluno, em vez de apresentar a ele outras formas de se comportar, fazendo com que ele se sinta inadequado e incapaz. Isso pode provocar ou agravar dificuldades de aprendizagem, pois o aluno pode se sentir incompetente e achar que não vale a pena tentar aprender, pois seus esforços serão em vão. Outra situação em que os mecanismos de reforço e punição podem ser mal utilizados é pela utilização da chantagem ou do jogo emocional (ROGULSKI, 2021). APLICAÇÃO DO COGNITIVISMO NA SALA DE AULA Novamente, a título de recordação, a abordagem cognitivista da aprendizagem compreende que o conhecimento é resultado do processo de construção de representações mentais sobre o mundo externo. Nessa abordagem, o aprendiz é visto como um agente ativo do aprendizado, que procura conhecer o mundo ao seu redor e compreender os fenômenos de maneira sistêmica, e o papel da interação entre o aprendiz e seu ambiente é valorizado (SANTOS; GHELLI, 2015). A aprendizagem baseada na representação mental ocorre desde o início da vida, quando o ambiente vai sendo conhecido 137 AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO pela criança, que passa a simbolizar o mundo externo dentro de si. O desenvolvimento da linguagem é um importante exemplo disso. Quando o bebê começa a emitir as primeiras sílabas/ palavras, ele está desenvolvendo a capacidade de simbolizar, pois, a partir do momento em que a criança fala “mamãe” pela primeira vez, referindo-se à sua mãe, isso significa que ela construiu uma representação mental da figura materna. Na sala se aula, o aprendizado de conceitos espaciais, como direita e esquerda, em cima e embaixo, também ilustram o desenvolvimento de representações mentais referentes às direções que esses conceitos representam. Outro exemplo de situação em que a construção de representações mentais entra em ação é a alfabetização. Para que a criança aprenda a ler e a escrever, ela precisa construir representações mentais sobre que tipos de sons cada letra representa, que tipos de sons cada junção de letras representa e como isso se combina para formar as palavras. Posteriormente, ela precisa aprender o significado e o papel de cada classe de palavras em uma frase, para que possa utilizá-las para construir uma comunicação escrita eficiente (SILVA; MIRANDA 2020). No que diz respeito à aprendizagem matemática, o processode simbolização é fundamental, uma vez que os conceitos 138 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM matemáticos são cumulativos e, conforme os anos escolares vão passando, o ensino da matemática se utiliza, cada vez mais, de conceitos abstratos. Frente a isso, é fundamental que nos primeiros anos de escolarização o professor se utilize de objetos concretos e palpáveis para ensinar os conceitos matemáticos. Essa forma de ensinar poderá levar a criança a compreender a utilidade e a lógica de operações elementares, como a adição e a subtração, e a ajudará a internalizar esse conteúdo. Isso permitirá que ela passe para o próximo estágio do raciocínio lógico matemático, o de fazer as operações básicas mentalmente e, mais tarde, para o aprendizado de conceitos matemáticos abstratos, que será possível com a chegada do estágio de operações formais descrito por Piaget (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2009). Falando a respeito da abordagem cognitivista da aprendizagem e, mais especificamente, do aprendizado da matemática: A aprendizagem é muito mais significativa à medida que o novo conteúdo é incorporado às estruturas de conhecimento de um aluno e adquire significado para ele a partir da relação com seu conhecimento prévio. Ausubel traz o conceito de Aprendizagem Significativa, ao processo pelo qual uma nova informação se relaciona com um aspecto relevante da estrutura de conhecimento do indivíduo. [...] Um novo conhecimento 139 AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO interage com um conhecimento que o aprendiz já possui, assim ele pode aprender cada vez mais nessa interação, de maneira organizada estruturando-se então uma aprendizagem significativa para o sujeito aprendente. Um exemplo desta aprendizagem em Matemática ocorre primeiramente quando o aluno aprende as operações básicas e as aplica resolvendo expressões numéricas que envolvam todas essas operações. Dessa forma, o educando aprende e aplica seu aprendizado na estruturação de novos conhecimentos. Assim, Ausubel denomina-os conceitos de subsunçores e subsunçores relevantes que servem de suporte para novas ideias (AUSUBEL, 1980, apud SANTOS; GHELLI, 2015, p. 13-14). Assim, o uso da abordagem cognitivista na sala de aula tem o objetivo de levar o aluno a realizar um processo de aprendizagem que promova o desenvolvimento de seu pensamento, do ponto de vista de complexidade e de aumento das capacidades e habilidades mentais desse aluno. Além disso, para o professor que adota a abordagem cognitivista, os erros dos alunos podem ser utilizados para compreender os processos cognitivos pelos quais os alunos estão passando, bem como que tipos de conteúdo estão sendo compreendidos por eles e que tipos não estão, e isso pode ajudá-lo a aprimorar seus métodos de ensino e adequá-los para as necessidades da turma (SANTOS; GHELLI, 2015). 140 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM APLICAÇÃO DO CONSTRUTIVISMO EM SALA DE AULA No que diz respeito ao construtivismo, novamente com fins de recordação, a teoria enxerga o conhecimento como sendo criado pelo aprendiz na medida em que ele busca compreender o mundo ao seu redor. A aprendizagem é resultado da interação entre o sujeito e o objeto de seu conhecimento. Segundo Rizzon (2010, p. 4): o conhecimento não é encontrado “pronto e acabado, nem no meio exterior nem no sujeito do conhecimento. Mas sim há uma elaboração, que se utiliza de elementos endógenos (internos) e exógenos (externos) do sujeito, dessa maneira o conhecimento se dá na relação entre eles”. De acordo com Collares (2003, p. 53, apud RIZZON, 2010), na visão do construtivismo, “o conhecimento não tem sua gênese nem no sujeito, nem no objeto, mas resulta das interações estabelecidas entre o sujeito e objeto pela ação do sujeito”. Ainda a respeito da visão construtivista sobre a aprendizagem, utilizando a perspectiva de Piaget, Rizzon (2010, p. 5) afirma o seguinte: A natureza da constituição do conhecimento na Epistemologia piagetiana é ativa. Diz-se ativa uma vez que o sujeito é participante do seu processo 141 AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO de conhecer. Ele compreende, ele inventa, ele cria, ele constrói, ele reconstrói, enfim o conhecimento não é recebido pronto por ele, nem mesmo está nele. O conhecimento é por ele elaborado. Além disso, no construtivismo, a aprendizagem é vista como um fenômeno progressivo. Etapas anteriores de desenvolvimento se somam e formam a base para etapas posteriores, fornecendo um conjunto cumulativo de condições biológicas e cognitivas, bem como de conhecimentos e habilidades, que continuam se desenvolvendo e possibilitam novas conquistas e aprendizados (RIZZON, 2010) . Com isso em mente, é importante dizer aqui que a sala de aula em que se utiliza a abordagem construtivista nem sempre é padronizada, uma vez que a experiência de aprendizado que ocorre entre o sujeito e seu objeto de conhecimento é única e varia de pessoa para pessoa. A forma com que a sala de aula se dispõe, do ponto de vista físico e simbólico, pode variar de um contexto para o outro, e de um momento para o outro, pois o objetivo é que as metas de ensino-aprendizagem sejam atingidas, e às vezes para isso é necessário que a sala de aula seja adaptada e personalizada (RIZZON, 2010). 142 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM Independentemente disso, existe um fator comum presente nas salas de aula construtivistas: a valorização de metodologias que promovam o aprendizado por meio da ação – muitas vezes chamadas de metodologias ativas. Esse conceito é frequentemente mal interpretado e entendido como sendo o método de ensino em que o professor é Laissez-faire, alguém que simplesmente “deixa estar”, deixa os alunos livres para fazerem o que quiserem, sem nenhum tipo de direcionamento. Mas essa não é a proposta da sala de aula construtivista. O professor construtivista passa de um “palestrante” para um “mediador do conhecimento”, que vai promover a busca dos alunos pelo conhecimento. A promoção dessa busca pode se utilizar (e frequentemente o faz), por exemplo, da apresentação de um problema de pesquisa que exija a pesquisa e o esforço para ser resolvido, ao invés de apresentar soluções prontas para os problemas com que os alunos se deparam. LAISSEZ-FAIRE Segundo o site treinamento24, é parte da expressão em língua francesa “laissez faire, laissez al- ler, laissez passer”, que significa literalmente deixai fazer, deixai ir, deixai passar”. Fonte: https:// treinamento24.com/library/ lecture/read/465982-o-que- -e-laissez-faire-na-educacao. Acesso em: 03 ago. 2022. 143 AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO Esse método estimula o aluno a pesquisar conteúdos a respeito do problema a fim de encontrar sua solução e, nesse processo, ele aprende sobre o assunto. Além disso, junto com a promoção da busca pelo conhecimento, é necessário que o professor respeite o processo de desenvolvimento individual pelo qual cada um de seus alunos está passando. Conforme afirma Rizzon (2010, p. 5-6): O sujeito aprendente na perspectiva epistêmica-pedagógica piagetiana atua junto ao seu processo cognoscente na mesma medida em que é respeitado, no que se refere ao seu desenvolvimento psicológico. Neste sentido, concomitante a ação do educador de [criar] situações para que o sujeito aprendente possa compreender, inventar, reconstruir, enfim, conhecer, ele, o docente, tem ciência e respeita o desenvolvimento cognitivo deste. Usar metodologias ativas em sala de aula, no entanto, não é sempre uma tarefa fácil. Isso ocorre porque muitos alunos estão acostumados a reproduzir o conhecimento que é passado pelo professor, sem precisar raciocinar de forma criativa ou pensar em soluções autônomas para problemas apresentados em sala de aula. Também porque rompe com os modelos tradicionais de ensino e nem sempre osprofessores e a escola estão preparados para novas formas de trabalhar. 144 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM Assim, em vez de se disporem a estudar o conteúdo disponível a respeito de um tema para solucionar uma questão de forma ativa, a maioria dos alunos permanece esperando pela resposta do professor, não consegue chegar sozinho em nenhuma solução, menos ainda em soluções satisfatórias (CASAL, 2013). Ainda assim, isso não deve levar o professor a desistir de suas tentativas, pois a desistência, muito mais do que a desmotivação dos alunos e sua falta de exposição prévia à aprendizagem ativa, certamente implicaria no fracasso. SAIBA MAIS O conceito de metodologia ativa envolve a aplicação de novas formas de ensino à prática escolar, alterando a ma- neira como os alunos aprendem. A principal mudança está na situação desse aluno, que passa a participar ati- vamente da aula durante o processo de aprendizagem. Quanto a esse assunto, para que você se aprofunde um pouco mais, leia o artigo Metodologias ativas de apren- dizagem: saiba o que são e como incluí-las em sua escola, de Cristopher Morais. Disponível em: https://revistaeducacao.com.br/2020/08/04/metodologias-ativas-sponte/. Acesso em: 03 ago. 2022. 145 AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO AS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM NAS RELAÇÕES EDUCATIVAS Você já deve ter se deparado com situações em que seus sentimentos e emoções te perturbaram. Pode ter sido em decorrência de uma perda, de um conflito com algum ente querido ou amigo, de uma preocupação com algo que estava para acontecer, ou até do desejo de que algo praticamente impossível acontecesse. Viver sentimentos perturbadores é comum, e, por experiência própria, você deve saber que essa vivência é capaz de atrapalhar nosso bem-estar, tirar nosso sono, prejudicar nossa saúde, afetar nossa memória e até mesmo comprometer nossa produtividade profissional. O ser humano é um todo, resultado da interação entre os aspectos físico, cognitivo, psicológico, social e espiritual, e o mau funcionamento psicológico pode, entre outras coisas, se refletir na nossa motivação e nas nossas habilidades cognitivas. Isso também pode acontecer com as crianças em seu processo de aprendizagem: a vivência de sentimentos negativos e perturbadores pode prejudicar seu processo de 146 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM desenvolvimento intelectual e cognitivo, pois ambos estão interligados. Frente a isso, é fundamental que o professor tenha em mente a importância de promover um ambiente acolhedor na sala de aula e de construir relações positivas entre ele e seus alunos, pois isso terá efeitos diretos sobre o processo de ensino-aprendizagem. Há de se pontuar que a relação professor-aluno é uma via de mão dupla: o professor tem influência sobre seus alunos e seus alunos têm influência sobre ele. Essa percepção é muito útil, principalmente para compreender o processo de transferência e contratransferência. Muitas vezes, os professores não compreendem por que um aluno lhes causa desconforto e incômodo, e desperta neles sentimentos negativos e de afastamento, ao invés de sentimentos de aproximação. Como resultado, eles correm o risco de direcionar poucos esforços e pouco investimento para aquele aluno, fazendo com que seu processo de aprendizagem fique prejudicado. O despertamento de sentimentos de desconforto, incômodo e afastamento podem ocorrer como resultado dos mecanismos de transferência e contratransferência (BUCK; SANTOS, 2009). O que isso quer dizer? Quer dizer que a relação que o aluno construiu com seus pais (que pode, por exemplo, ser conflituosa 147 AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO e permeada por sentimentos de rivalidade e oposição) está sendo repetida em sua relação com o professor, e isso pode promover no professor uma resposta inconsciente, que também está permeada por sentimentos de rivalidade, resposta essa que pode incluir o desejo de retaliação para com o mau comportamento do aluno. SAIBA MAIS Você sabia que, muitas vezes, as pessoas que nos incomo- dam não nos incomodam por acaso? Nas situações em que sentimos antipatia por alguém, é comum que este- ja acontecendo um processo de transferência e contra- transferência nessa relação, o qual não conhecemos, pois, apesar de influenciar nos nossos comportamentos, esses mecanismos atuam de forma inconsciente. Esse professor pode levar as coisas para o lado pessoal, acreditando que a intenção do aluno realmente é derrubá- lo de sua posição de autoridade, e responder “na mesma altura” aos sentimentos negativos do aluno. O problema é que isso prejudicará ainda mais a relação professor-aluno, e terá efeitos negativos sobre o clima da sala de aula. Em vez disso, o professor pode buscar entender que os sentimentos e comportamentos do aluno em relação a ele não precisam ser levados para o âmbito pessoal e, ao invés de responder “na 148 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM mesma altura”, manter seu investimento sobre o aluno, o que trará resultados muito melhores sobre a relação entre os dois e sobre o clima na sala de aula (BUCK; SANTOS, 2009). Muitos dos mecanismos que acontecem na relação professor-aluno são inconscientes – não percebemos os mecanismos que estão atuando em nós, nem os alunos percebem os mecanismos que estão atuando neles. Ainda assim, eles influenciam a forma como essa relação acontece, e influenciam o ambiente que é formado dentro da sala de aula. Além dos mecanismos, muitas vezes inconscientes, que atuam na relação professor aluno e no clima da sala de aula, outros aspectos relacionados agora apenas ao professor também participam da construção do clima da sala de aula. São eles: • A forma como o professor se enxerga: se ele acha que é uma pessoa de valor, capaz, competente etc., isso vai se refletir no clima da sala de aula, que provavelmente será de aceitação, paciência, incentivo etc. Por outro lado, se ele acha que é alguém incompetente, sem valor e que tem pouco para contribuir com seu entorno, seus alunos provavelmente sentirão os efeitos disso, e podem passar a se enxergar assim também, como resultado do clima que será estabelecido na sala de aula (NUNES, 2017). 149 AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO • As características do professor: se o professor é uma pessoa alegre, motivada, atenciosa, amorosa e gosta de incentivar o crescimento de seus alunos, o clima da sala de aula, provavelmente, vai ser permeado por esses tipos de sentimento. Por outro lado, se o professor é alguém que está sempre cobrando, exigindo e criticando os alunos, se ele é irritado e tem dificuldade de demonstrar afeto, o ambiente da sala de aula, provavelmente, vai refletir seu jeito de ser (NUNES, 2017). • A visão de mundo do professor: o professor que acredita que o mundo é um lugar em que podemos nos sentir seguros, um lugar onde teremos nossas necessidades atendidas e entende que o O clima da sala é afetado pela forma como o professor se enxerga, por suas características e visão de mundo. 150 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM propósito da vida é fazer a sua parte para que o mundo seja um lugar melhor— Essas características refletirão na forma como ele vai agir em sala de aula, e influenciará o clima da sala. O contrário também é verdadeiro: o professor que enxerga o mundo e as pessoas ao seu redor como seres de quem ele deve sempre desconfiar, que não se importam com ele— Essas atitudes refletirão sobre o ambiente da sala e sobre o comportamento dos alunos, que terão a tendência de tratar uns aos outros da mesma forma (NUNES, 2017). No entanto, é importante destacar um ponto fundamental aqui: cada professor tem características únicas de personalidade, ou seja, cada um tem seu próprio jeito de ser. Existem os amorosos e carinhosos, os durões e exigentes,os irritados e bravos, os mal-humorados, os sérios e fechados, os alegres e divertidos, os desligados e que não se importam muito com o desempenho dos alunos etc. Inclusive, independentemente do tipo de personalidade e das características pessoais, cada professor tem seu impacto sobre os alunos e, querendo ou não, deixa marcas sobre a vida deles. A boa notícia é que, frente a essa realidade importante da 151 AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO qual não podemos fugir, a despeito da personalidade, todos os professores podem construir relações positivas e saudáveis com seus alunos e, com isso, promover um ambiente favorável para o aprendizado deles, o que trará resultados satisfatórios a curto, médio e longo prazos (NUNES, 2017). Em se tratando de fatores que podem influenciar o clima da sala de aula de forma positiva e assim favorecer o aprendizado, segundo Nunes (2017), temos os seguintes: • a relação empática; • a capacidade de ouvir; • a capacidade de criar pontes para o conhecimento; • a capacidade de se comunicar no nível de compreensão dos alunos; • a capacidade de enxergá-los como seres com potencial; • a capacidade de ajudá-los a desenvolver seu potencial; 152 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM • a capacidade de considerar o ponto de vista de seus alunos; • a capacidade de tratar a todos de forma equivalente e não escolher “preferidos” e “protegidos” etc. Cucick (2020) conduziu uma pesquisa que realizou entrevistas com alunos do oitavo ano de uma escola da rede pública do estado de São Paulo, investigando qual seria, na visão desses alunos, o papel da afetividade, por parte dos professores, sobre o desempenho acadêmico de seus alunos. Os alunos disseram, de várias formas diferentes, que os professores que motivavam seu aprendizado eram aqueles que os tratavam com carinho e respeito, e demonstravam interesse e preocupação com eles (CUCICK, 2020). Por meio das respostas dos alunos à entrevista, essa pesquisa constatou um resultado que, apesar de não ser novidade, é importante que seja reforçado: as intervenções feitas pelo professor, tanto pedagógicas quanto afetivas, podem favorecer ou prejudicar o aprendizado dos alunos. Além disso, as respostas deles também reforçaram o fato de que a afetividade e a cognição caminham juntas, e uma influencia a outra de forma direta (CUCICK, 2020). 153 AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO CONSIDERAÇÕES FINAIS O que sabemos hoje sobre as teorias e as metodologias de ensino-aprendizagem é o resultado do acúmulo de conhecimento proveniente de séculos de pesquisas científicas, que possibilitaram a criação de teorias, a testagem dessas teorias e a aplicação delas no ambiente escolar. A tarefa de promover a aprendizagem é desafiadora e, pautada pelo embasamento teórico, ela pode se tornar mais eficiente, e, como consequência, mais gratificante e satisfatória. Mas isso só ocorrerá se nós nos abrirmos para refletir sobre nossa prática e sobre formas de aprimorá-la, utilizando o conhecimento científico como um aliado. A diversidade de conhecimentos, teorias e metodologias existentes, no entanto, pode nos deixar confusos, dificultando nossa escolha sobre qual utilizar. Frente a isso, é necessário levar em consideração algumas questões norteadoras e ter em vista que o objetivo final de promoção do aprendizado precisa ser alcançado, independentemente da abordagem ou metodologia escolhida. Por fim, é fundamental compreender como se dá a relação professor-aluno do ponto de vista emocional, pois isso tem 154 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM efeitos diretos sobre o processo de aprendizagem. Nem sempre nos apercebemos dos mecanismos mentais que estão atuando em nós, e isso faz com que nós tenhamos dificuldades para lidar com alguns alunos e ajudá-los em seu aprendizado. REFERÊNCIAS BISPO, M. S.; GODOY, A. S. Etnometodologia: uma proposta para pesquisa em estudos organizacionais. Revista de Administração da UNIMEP, v. 12, n. 2, p. 108 – 135, 2014. BUCK, M. B.; SANTOS, J. W. 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SANTOS, A. O.; GHELLI, K. G. M. Implicações das teorias behavioristas e cognitivistas na aprendizagem matemática nas séries iniciais do ensino fundamental. In: Anais do Encontro de Pesquisa em Educação e Congresso Internacional de Trabalho Docente e Processos Educativos. 2015. SILVA, M. M.; MIRANDA, J. R. Avaliando o desenvolvimento da escrita da criança por meio da psicogênese. VII Congresso Nacional de Educação, 2020. WILL, D. E. M. Metodologia da pesquisa científica: livro digital. Palhoça: UnisulVirtual, 2012. As teorias do desenvolvimento e da aprendizagem na educação Introdução Teoria e prática na formação e atuação de professores Tipos de abordagem Tipos de natureza Tipos de procedimentos metodológicos Tipos de objetivos Considerações sobre pesquisa e teoria na educação O educador frente à diversidade teórica As teorias do desenvolvimento e da aprendizagem nas práticas pedagógicas Aplicação do behaviorismo na sala de aula Aplicação do cognitivismo na sala de aula Aplicação do construtivismo em sala de aula As teorias do desenvolvimento e da aprendizagem nas relações educativas Considerações finais Referências As dificuldades de aprendizagem Introdução Dificuldades e transtornos específicos da aprendizagem Dislexia, disgrafia, disortografia e discalculia Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, transtorno do espectro autista e deficiência intelectual Transtorno do Espectro Autista Deficiência intelectual A epistemologia convergente de Jorge Visca Processo de diagnóstico da dificuldade de aprendizagem na teoria de Jorge Visca Considerações finais Referências
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