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PSICOLOGIA DO 
DESENVOLVIMENTO 
E DA APRENDIZAGEM
Naomi Vidal Ferreira
1ª Edição, 2022
EAD
Reitor e Diretor Campus Engenheiro Coelho: Martin Kuhn 
Vice-reitor para a Educação Básica e Diretor Campus Hortolândia: Douglas Jefferson Menslin
Vice-reitor para a Educação Superior e Diretor Campus São Paulo: Afonso Cardoso Ligório
Vice-reitor administrativo: Telson Bombassaro Vargas 
Pró-reitor de graduação: Afonso Cardoso Ligório 
Pró-reitor de pesquisa e desenvolvimento institucional: Allan Macedo de Novaes 
Pró-reitor de educação à distância: Fabiano Leichsenring Silva 
Pró-reitor de desenvolvimento espiritual e comunitário: Henrique Melo Gonçalves
Pró-reitor de Desenvolvimento Estudantil: Carlos Alberto Ferri
Pró-reitor de Gestão Integrada: Claudio Knoener 
Educação Adventista a Distância
Conselho editorial e artístico: Dr. Adolfo Suárez; Dr. Afonso Cardoso; Dr. Allan Novaes; 
Me. Diogo Cavalcanti; Dr. Douglas Menslin; Pr. Eber Liesse; Me. Edilson Valiante; 
Dr. Fabiano Leichsenring, Dr. Fabio Alfieri; Pr. Gilberto Damasceno; Dra. Gildene Silva; 
Pr. Henrique Gonçalves; Pr. José Prudêncio Júnior; Pr. Luis Strumiello; Dr. Martin Kuhn; 
Dr. Reinaldo Siqueira; Dr. Rodrigo Follis; Esp. Telson Vargas
Editor-chefe: Rodrigo Follis
Gerente administrativo: Bruno Sales Ferreira
Editor associado: Werter Gouveia
Responsável editorial pelo EaD: Luiza Simões
Editora Universitária Adventista
Presidente Divisão Sul-Americana: Stanley Arco
Diretor do Departamento de Educação para a Divisão Sul-Americana: Antônio Marcos
Presidente Mantenedora Unasp (IAE): Maurício Lima
1ª Edição, 2022
PSICOLOGIA DO 
DESENVOLVIMENTO 
E DA APRENDIZAGEM
Editora Universitária Adventista 
Engenheiro Coelho, SP
Naomi Vidal Ferreira
Doutora em Neuropsicologia 
pela Faculdade de Medicina da USP
Campagnoni, Mariana / dos Santos, Diego Henrique Moreira
Formação da identidade profissional do contador [livro eletrônico] / Mariana Campagnoni. -- 1. 
ed. -- Engenheiro Coelho, SP : Unaspress, 2020.
1 Mb ; PDF
ISBN 978-85-8463-172-8
1. Carreira profissional 2. Contabilidade 3. Contabilidade como profissão 4. Contabilidade como 
profissão - Leis e legislação 5. Formação profissional 6. Negócios I. Título.
20-33026 CDD-370.113
Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP)
(Ficha catalográfica elaborada por Hermenérico Siqueira de Morais Netto – CRB 7370)
Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem
1ª edição – 2022
e-book (pdf)
OP 00123_228
Coordenação editorial: Késia Santos
Conteudista: Carolina Pessoa Wanderley
Preparador: Naomi Vidal Ferreira
Projeto gráfico: Ana Paula Pirani 
Capa e Diagramação: William Nunes 
Caixa Postal 88 – Reitoria Unasp
Engenheiro Coelho, SP – CEP 13448-900
Tel.: (19) 3858-5171 / 3858-5172 
www.unaspress.com.br
Editora Universitária Adventista
Validação editorial científica ad hoc:
Simone Hedwig Hasse
Doutora em Educação - Universidade Metodista de 
Piracicaba/SP
Editora associada:
Todos os direitos reservados à Unaspress - Editora Universitária Adventista. Proibida 
a reprodução por quaisquer meios, sem prévia autorização escrita da editora, salvo 
em breves citações, com indicação da fonte.
SUMÁRIO
TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO ......................... 13
Introdução ........................................................................................14
O desenvolvimento humano e seu campo de estudos ...................16
Influências que atuam sobre 
o curso do desenvolvimento ...................................................19
Teoria psicossexual de Freud ...........................................................27
Biografia de Freud ...................................................................27
O conceito de inconsciente .....................................................29
Id, ego e superego ...................................................................30
Mecanismos de defesa ...........................................................32
Fases do desenvolvimento psicossexual .................................33
Contribuições de Freud à educação ........................................35
Críticas à teoria ........................................................................38
Teoria psicossocial de Erikson ..........................................................38
O conceito de ego ...................................................................41
Estágios do desenvolvimento psicossocial .............................42
Contribuições da teoria de Erikson .........................................48
Teoria do apego de Bowlby .............................................................50
Tipos de apego ........................................................................52
Teoria do apego e aprendizagem ...........................................55
Teoria bioecológica de Bronfenbrenner ...........................................56
considerações finais .........................................................................58
Referências .......................................................................................60
TEORIAS DA APRENDIZAGEM ................................ 63
Introdução ........................................................................................64
A aprendizagem humana e seu campo de estudos .......................66
Visões sobre o contato com o conhecimento .........................67
Abordagens sobre aprendizagem ..........................................68
Cosmovisão cristã ....................................................................74
Teoria comportamental de Skinner .................................................75
Biografia de Skinner ................................................................75
Conceitos centrais ............................................................................77
Contribuições para a educação e críticas à teoria ...................81
Teoria construtivista de Piaget e 
teoria histórico-cultural de Vygotsky ..............................................83
Breve biografia e contexto histórico .......................................83
Organização, adaptação e equilibração ..................................85
Estágios do desenvolvimento cognitivo .................................87
Desenvolvimento moral .........................................................92
História de Vygotsky ................................................................93
Vygotsky e a troika ..................................................................94
Vygotsky e a zona de desenvolvimento 
proximal e aprendizagem .......................................................99
Contribuições das teorias de 
Piaget e Vygotsky para a educação........................................100
Teoria sociocognitiva de Bandura ...................................................102
Breve biografia de Albert Bandura ........................................102
Mecanismos de modelagem e imitação ..............................103
Determinismo recíproco na teoria sociocognitiva .................104
Contribuições da teoria de Bandura ......................................106
Considerações finais........................................................................106
Referências ......................................................................................108
AS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO 
E DA APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO ................... 113
Introdução .......................................................................................114
Teoria e prática na formação e atuação de professores..................116
Tipos de abordagem ..............................................................120
Tipos de natureza ...................................................................121
Tipos de procedimentos metodológicos ...............................121
Tipos de objetivos ..................................................................124
Considerações sobre pesquisa e teoria na educação .............127
O educadorfrente à diversidade teórica .........................................129
As teorias do desenvolvimento e da 
aprendizagem nas práticas pedagógicas ......................................132
Aplicação do behaviorismo na sala de aula ..........................132
VO
CÊ
 ES
TÁ
 A
QU
I
Aplicação do cognitivismo na sala de aula ...........................136
Aplicação do construtivismo em sala de aula .......................140
As teorias do desenvolvimento e da 
aprendizagem nas relações educativas ..........................................145
Considerações finais........................................................................153
Referências ......................................................................................154
AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ................ 157
Introdução .......................................................................................158
Dificuldades e transtornos específicos da aprendizagem .............160
Dislexia, disgrafia, disortografia e discalculia ................................172
Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, 
transtorno do espectro autista e deficiência intelectual ................176
Transtorno do Espectro Autista ..............................................181
Deficiência intelectual ...........................................................185
A epistemologia convergente de Jorge Visca ................................191
VO
CÊ
 ES
TÁ
 A
QU
I
Processo de diagnóstico da dificuldade 
de aprendizagem na teoria de Jorge Visca ............................195
Considerações finais........................................................................198
Referências ......................................................................................201
EMENTA
Trata da complexidade do processo 
ensino-aprendizagem, a partir de 
uma perspectiva da psicologia da 
aprendizagem, incluindo o impacto 
do fator desenvolvimento, biológico, 
cognitivo, afetivo e sociocultural. 
Análise das práticas escolares 
recorrendo a elementos da psicologia do 
desenvolvimento e da aprendizagem.
AS TEORIAS DO 
DESENVOLVIMENTO E DA 
APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO
UNIDADE 3
114
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
INTRODUÇÃO
Olá, seja bem-vindo(a) ao nosso conteúdo sobre as teorias 
do desenvolvimento e da aprendizagem. Por meio desta 
leitura, você vai se deparar com a existência e a imensidão do 
conhecimento ao qual temos acesso atualmente, e sua relação 
com a pesquisa científica. Além disso, você compreenderá 
algumas contribuições da pesquisa na área da educação para 
as sociedades, sua importância, seu papel e sua aplicabilidade 
para o contexto da educação.
A seguir, veremos que há dois níveis em que a pesquisa 
pode operar: teórico e metodológico. Você entenderá as 
diferenças entre eles e em que situações cada um deles é 
usado. Falando em diferenças, ainda teremos as existentes 
entre o método indutivo (que parte do estudo dos fenômenos 
para a criação de teorias) e o método dedutivo (que parte da 
teoria para a explicação dos fenômenos) de se fazer pesquisa, 
bem como a relação de retroalimentação existente entre as 
teorias e a pesquisa empírica.
A respeito das pesquisas, há alguns tipos– quanto 
abordagem, natureza, procedimentos e objetivos – bem 
como a finalidade e aplicabilidade de cada um deles. Isso 
será analisado considerando a importância da relação entre 
115
AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO
a teoria, a prática e a pesquisa na área da educação. Depois 
disso, é importante escolher a teoria e as metodologias 
a se utilizar em sala de aula. Você será exposto a dicas e 
sugestões sobre o que é importante considerar como base 
para a sua atuação.
Ao final desta leitura, espera-se que você consiga 
entender sobre:
• a aplicação do behaviorismo, do cognitivismo 
e do construtivismo na sala de aula;
• como as diferentes teorias e suas metodologias são 
utilizadas no contexto do ensino-aprendizagem;
• a importância da relação professor-
aluno para o ambiente de ensino;
• a importância e o papel dos mecanismos 
de transferência e contratransferência;
• características do professor que 
influenciam o clima da sala.
Bom estudo!
116
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
TEORIA E PRÁTICA NA FORMAÇÃO 
E ATUAÇÃO DE PROFESSORES
Você já parou para pensar em quanto conhecimento existe 
hoje no mundo? A quantidade de informação que já existe e 
que continua sendo produzida excede nossa capacidade de 
mensuração e, mais que isso, nossa capacidade mental de 
armazenamento. Mesmo que fosse possível ter contato com 
toda a informação existente no mundo hoje, a quantidade 
disponível seria tão exorbitante que não seríamos capazes de 
armazená-la na nossa memória.
Essa realidade se aplica à área da educação: são tantas as 
teorias e metodologias disponíveis que é impossível conhecer 
e testar todas elas ao longo de uma vida profissional. Grande 
parte das descobertas que geraram a informação que existe hoje 
sobre o processo de ensino-aprendizagem se devem à pesquisa 
científica na área da educação.
A pesquisa científica está na base de grande parte dos 
avanços das sociedades. O conhecimento sobre o qual nos 
apoiamos hoje foi construído ao longo de séculos, e o avanço 
da ciência faz com que as diferentes áreas do conhecimento 
continuem crescendo e se desenvolvendo. As teorias da 
117
AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO
aprendizagem, como o behaviorismo, o cognitivismo e o 
construtivismo, foram desenvolvidas com base em estudos 
científicos e ainda são aplicadas em pesquisas hoje em dia.
No que diz respeito à pesquisa em educação, em um cenário 
ideal, as teorias (de forma indireta) e os métodos educativos (de 
forma direta) deveriam ser testados no ambiente controlado 
da pesquisa, para verificar sua eficácia. Como resultado 
disso, os métodos que se mostrassem ineficazes deveriam ser 
abandonados, e os eficazes deveriam ser mantidos e aprimorados 
por seu uso. No entanto, nem sempre isso acontece, porém o 
quanto mais próximo conseguirmos chegar dessa comunicação, 
melhor será o resultado nas práticas educativas. 
Na educação, a pesquisa é compreendida como operando 
em dois níveis: teórico e metodológico. O primeiro nível, 
como o nome já diz, é o que trata da produção de conceitos e 
explicações sobre fenômenos – sociais, psicológicos, educativos, 
cognitivos, ou de qualquer outra ordem que possa se relacionar 
ao processo ensino-aprendizagem. Já o segundo nível é o que 
observa, de modo empírico, os fenômenos da realidade, por 
meio da aplicação do método científico. Ao abordar esses dois 
níveis, Ollaik e Ziller (2012, apud CESÁRIO; FLAUZINO; 
MEJIA, 2020, p. 7-8) dizem o seguinte:
118
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
A realização de pesquisas científicas, portanto, requer 
dois conjuntos de habilidades, a teórica e a metodológica, 
que são necessárias para operar nos níveis teórico e 
empírico, respectivamente. As habilidades metodológicas 
são relativamente padronizadas e pouco variáveis entre 
as disciplinas, também são facilmente adquiridas por 
meio da formação de pesquisadores nos programas 
de mestrado e doutorado. No entanto, habilidades 
teóricas são consideravelmente mais difíceis de serem 
dominadas, pois requerem anos de observação e reflexão. 
As habilidades teóricas não podem ser “ensinadas”, pois 
somente são adquiridas com a experiência acadêmica.
IMPORTANTE
Na educação, compreende-se que a pesquisa opera em dois níveis: teórico e 
metodológico. O primeiro nível aborda a produção de conceitos e explica-
ções sobre fenômenos de qualquer ordem que se relacione com o processo 
ensino-aprendizagem. Já o segundo nível é o que observa (empiricamente) 
os fenômenos da realidade, mediante a aplicação do método científico. 
A pesquisa metodológica, ou empírica, geralmente é 
utilizada a fim atingir dois objetivos: 1) testar os pressupostos 
dasteorias e utilizar o resultado dos testes para aprimorá-las; 
e 2) descobrir novas teorias como resultado da observação da 
realidade. Esses dois objetivos são classificados de duas formas: 
dedutivos e indutivos. 
119
AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO
Na pesquisa com objetivos dedutivos, parte-se das 
teorias já existentes e, após aplicá-las de forma empírica, sua 
relevância pode ser testada e seus conceitos, aprimorados. A 
pesquisa empírica é o tipo de pesquisa que está relacionada 
à experiência, que aplica conceitos teóricos em estudos, 
utilizando o método científico, a fim de confirmar as teorias 
existentes ou desenvolver novas teorias. Em contraste, a 
pesquisa com objetivos indutivos baseia-se na observação 
de fenômenos para criar teorias que sejam resultado dessa 
observação (CESÁRIO; FLAUZINO; MEJIA, 2020). 
Os dois tipos de pesquisa são fundamentais para que a 
ciência avance e, em geral, são usados de forma interativa 
e cíclica, pois a pesquisa indutiva fornece conceitos e 
pressupostos para a pesquisa dedutiva, a qual auxilia na 
verificação e confirmação dos conceitos descobertos pela 
pesquisa indutiva. Para o pesquisador da área da educação, é 
importante conhecer e familiarizar-se com ambos os tipos – por 
mais que ele não utilize as duas formas durante o curso de sua 
atuação – a fim de que ele seja capaz de interpretá-las e aplicá-
las com propriedade (CESÁRIO; FLAUZINO; MEJIA, 2020).
A fim de atingir seus objetivos dedutivos e indutivos, 
a pesquisa empírica ou metodológica se utiliza de diversas 
abordagens metodológicas. Cesário, Flauzino e Mejia, (2020, 
120
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
p. 5) listaram os principais tipos de pesquisa utilizados na 
área da educação, que estão apresentados na figura 1.
Figura 1- Tipos de pesquisa utilizados na educação
Abordagem Qualitativa Quantitativa
Natureza Básica Aplicada
Procedimentos
Experimental Bibliográfica Documental Ex-post-facto levantamento
Survey Estudo de caso Participante Pesquisa-ação
Objetivos Exploratória Descritiva Explicativa
Fonte: adaptado de Cesário, Flauzino e Mejia (2020, p. 5)
TIPOS DE ABORDAGEM
Quanto à abordagem, a pesquisa pode ser quantitativa 
ou qualitativa. A pesquisa quantitativa, em geral, se utiliza 
de escalas, questionários, exames e outras formas de medir os 
fenômenos do ponto de vista numérico, levando a resultados 
que podem passar por tratamento estatístico e gerar resultados 
objetivos. Por outro lado, a pesquisa qualitativa se utiliza de 
técnicas exploratórias – muitas vezes, entrevistas abertas – e não 
geram resultados numéricos, mas sim conteúdo que pode ser 
interpretado de forma subjetiva para se compreender fenômenos 
particulares. A abordagem também pode ser mista, o que ocorre 
em pesquisas que se utilizam tanto do método quantitativo como 
do qualitativo (CESÁRIO; FLAUZINO; MEJIA, 2020).
121
AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO
TIPOS DE NATUREZA
Em relação à natureza, a pesquisa pode ser básica ou 
aplicada. A pesquisa básica busca compreender algum 
fenômeno de forma profunda e detalhada, mas seus resultados, 
apesar de frequentemente contribuírem para a criação e o 
aperfeiçoamento de teorias, nem sempre podem ser aplicados à 
prática profissional ou à vida real de forma direta. A pesquisa 
aplicada, por sua vez, lida com problemas do dia a dia de 
forma direta, e busca utilizar o método científico e as teorias 
existentes para resolver esses problemas, aprimorando a prática 
profissional (CESÁRIO; FLAUZINO; MEJIA, 2020).
TIPOS DE PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Experimental: a pesquisa experimental é aquela em que pelo 
menos uma das variáveis sofre manipulação pelo pesquisador, 
com o objetivo de operar transformações sobre o fenômeno 
observado, e durante a qual o ambiente é controlado para evitar 
desvios ou fontes de viés. O objetivo é avaliar a relação entre as 
variáveis estudadas (RAUPP; BEUREN, 2006).
Bibliográfica: a pesquisa bibliográfica utiliza fontes como 
livros e artigos, publicados por outros autores no passado (que 
122
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
pode ser próximo ou distante) para aprofundar a compreensão 
de um tema, teoria ou problema (RAUPP; BEUREN, 2006).
Documental: é parecida com a pesquisa bibliográfica, 
mas, em vez de usar como matéria-prima os livros e artigos 
publicados sobre um determinado tema, a pesquisa documental 
usa materiais que ainda não foram analisados de forma 
profunda. Ela geralmente faz uso de fontes de primeira mão 
(reportagens, fotos, áudios, cartas, contratos etc.) ou de segunda 
mão (relatórios empresariais, tabelas apresentando dados 
estatísticos etc.) (RAUPP; BEUREN, 2006).
Ex-post-facto: esse tipo de pesquisa tem um objetivo 
semelhante à pesquisa experimental; o de estudar a relação 
entre os fatos estudados. No entanto, na pesquisa ex-post-facto, 
a ocorrência dos fatos analisados está no passado, o que faz com 
que o pesquisador não tenha condições de controlar o ambiente 
em que o fenômeno ocorreu (GIL, 2002).
Levantamento ou survey: segundo Gil (1999, apud RAUPP; 
BEUREN, 2006), esse tipo de pesquisa foca em interrogar pessoas 
para conhecer o comportamento delas. Em resumo, solicita-se 
informações a muitas pessoas a respeito do problema analisado 
para, depois, por intermédio da análise quantitativa, alcançar as 
conclusões com base nos dados que foram coletados.
123
AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO
Estudo de caso: esse tipo de pesquisa se caracteriza por se 
concentrar em um único caso, seja ele uma pessoa, uma escola, 
um município etc. Isso permite que o pesquisador se aprofunde 
no tema de estudos de forma significativa, obtendo informações 
detalhadas a respeito do caso que está sendo investigado 
(RAUPP; BEUREN, 2006).
Participante: a pesquisa participante, também conhecida 
como pesquisa participativa, é aquela em que o pesquisador 
interage com seu objeto de estudo, que podem ser as pessoas 
que ele está observando, por exemplo. Nesse tipo de pesquisa, 
quanto maior a participação do pesquisador no “universo” 
de seu objeto de estudo, mais consistentes serão os resultados 
(RAUPP; BEUREN, 2006).
Pesquisa-ação: segundo Thiollent (1985, apud GIL, 2002), 
a pesquisa ação é uma pesquisa com fundamento empírico 
originada e realizada associada à ação ou à resolução de um 
problema comum a um grupo de pessoas e durante a qual os 
representantes da situação ou do problema participam de modo 
cooperativo ou participativo.
Etnográfica: a pesquisa etnográfica tem o objetivo de 
compreender a forma de viver, os costumes e a cultura de 
grupos étnicos ou povos, bem como suas características 
124
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
antropológicas e sociais, além de descrever essas características 
(BISPO; GODOY, 2014).
Etnometodológica: a pesquisa etnometodológica é semelhante 
à etnográfica, e tem o objetivo de conhecer o funcionamento de 
grupos étnicos e povos, com a diferença de que, na pesquisa 
etnometodológica, o pesquisador se torna parte do grupo 
estudado, agindo sobre ele (BISPO; GODOY, 2014).
SAIBA MAIS
Você sabia que cada área do conhecimento tem tipos de 
pesquisa que são os “queridinhos” da área? Isso quer dizer 
que, naquela área, esse tipo de pesquisa, ou esse método, 
é muito utilizado e muito respeitado. Na área da educação, 
a pesquisa do tipo qualitativo e com procedimento “pesqui-
sa-ação” é utilizada com frequência, pois esse procedimento 
permite que muitos dos fenômenos relativos ao processo 
ensino-aprendizagem sejam analisados de perto, ao mesmo 
tempo em que são fornecidas soluções práticas para os pro-
blemas identificados durante o curso da pesquisa.
TIPOS DE OBJETIVOS
Quanto aos objetivos, as pesquisas podem ser exploratórias 
(buscam estudar um tema não explorado), descritivas 
125
AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO
(buscam compreender mais a fundo fenômenos já estudados 
anteriormente,utilizando rigor metodológico) e explicativas 
(buscam investigar a relação de causa e efeito entre variáveis).
A pesquisa exploratória tem o objetivo de investigar 
um tema novo para começar a compreendê-lo. Esse tipo de 
pesquisa é uma escolha comum quando há poucas publicações 
sobre o assunto que vai ser estudado. Ela não se propõe 
a relacionar diferentes variáveis, mas apenas a investigar 
fenômenos sobre a variável de interesse. 
Uma vez que a escassez de publicações sobre o assunto é 
que leva o pesquisador a conduzir uma pesquisa exploratória, 
ao escolher esse método para seu estudo, segundo Will (2012, 
p. 40), o “pesquisador tem a intenção de que o resultado do 
seu estudo auxilie outros pesquisadores a realizarem suas 
pesquisas, agora mais familiarizados com o tema. Essa é uma 
das características da pesquisa exploratória”.
Em relação à pesquisa descritiva, o objetivo desse 
método geralmente é descrever os fenômenos e populações 
com base na correlação entre suas variáveis – não do ponto 
de vista de causalidade, e sim de associação. Segundo 
Raupp e Beuren (2006, p. 81), ao analisar fenômenos, esse 
tipo de pesquisa busca: 
126
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
identificar, relatar, comparar, entre outros aspectos. [...] A 
pesquisa descritiva preocupa-se em observar os fatos, registrá-
los, analisá-los, classificá-los e interpretá-los, e o pesquisador não 
interfere neles. Assim, os fenômenos do mundo físico e humano 
são estudados, mas não são manipulados pelo pesquisador.
Mas é importante ressaltar que, uma vez que a 
pesquisa descritiva não trata de fenômenos desconhecidos 
com a exploratória, mas sim de situações que já são mais 
familiares ao pesquisador da área, algumas práticas de rigor 
metodológico se tornam fundamentais nesse tipo de pesquisa. 
Ainda segundo esses autores:
o estudo descritivo exige do pesquisador uma delimitação 
precisa de técnicas, métodos, modelos e teorias que 
orientarão a coleta e interpretação dos dados, cujo objetivo 
é conferir validade científica à pesquisa. A população e 
a amostra também devem ser delimitadas, assim como 
os objetivos, os termos, as variáveis, as hipóteses e as 
questões de pesquisa (RAUPP; BEUREN, 2006, p. 81).
Com respeito à pesquisa explicativa, seu objetivo 
geralmente é verificar a relação de causalidade entre duas 
ou mais variáveis. Esse tipo de pesquisa busca identificar os 
fatores que contribuem para (ou determinam) a ocorrência do 
fenômeno que está sendo estudado, e avaliar qual é o impacto 
que eles causam sobre esse fenômeno.
127
AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO
Além do rigor metodológico exigido na pesquisa descritiva, 
a pesquisa explicativa comumente se utiliza de variáveis 
independentes e dependentes, buscando explicar as variáveis 
dependentes com base nas independentes. Neste tipo de pesquisa, 
a relação entre elas pode ser analisada por meio da existência 
de uma associação de causalidade. Muitas vezes, na pesquisa 
explicativa, o pesquisador também intervém nos fenômenos com 
objetivo de transformá-los (RAUPP; BEUREN, 2006).
CONSIDERAÇÕES SOBRE 
PESQUISA E TEORIA NA EDUCAÇÃO
Você pode estar se perguntando: por que é importante 
conhecer os tipos de pesquisa que existem na área de educação? 
Teoria e a prática deveriam caminhar juntas, pois, como vimos, 
as teorias alimentam as pesquisas e as pesquisas fortalecem as 
teorias, fornecendo-lhes embasamento empírico.
Além disso, a pesquisa básica e a pesquisa aplicada 
também deveriam caminhar juntas, pois a pesquisa básica 
aprofunda nosso conhecimento sobre os fenômenos, permitindo 
a elaboração e comprovação das teorias. Por outro lado, a 
pesquisa aplicada utiliza o conhecimento gerado pela pesquisa 
básica para nos fornecer subsídios e recursos de aprimoramento 
128
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
da prática profissional, o que permite que os problemas da vida 
real sejam resolvidos de maneira cada vez mais eficiente.
No entanto, nem todas as pesquisas realizadas por 
estudiosos são relevantes, aplicáveis ou até confiáveis para 
qualquer situação. E nem sempre a falta de confiabilidade em 
uma pesquisa é resultado de má índole ou má intenção por parte 
do pesquisador, ela pode ser resultado da falta de qualidade 
da pesquisa. Conhecer os tipos de pesquisa e suas finalidades 
pode nos dar subsídios para avaliarmos a confiabilidade e a 
aplicabilidade das pesquisas às quais temos acesso.
AGORA É COM VOCÊ
Você já tentou avaliar uma pesquisa do ponto de vista de qualidade? 
A sugestão é que você selecione um artigo científico para ler. Depois 
disso, responda as seguintes perguntas sobre ele: o tema é relevante? A 
justificativa apresentada para conduzir a pesquisa é válida? O método 
escolhido responde à pergunta principal da pesquisa? Os resultados 
obtidos podem ser aplicados em que situações?
Além disso, conhecer os tipos de pesquisa existentes, 
bem como seus objetivos e as situações nas quais elas podem 
ser utilizadas, pode dar subsídios para que você avalie como 
utilizar a pesquisa na sua prática profissional. Algumas 
129
AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO
vezes, acreditamos que nossos métodos são eficientes, mas 
pode ser que estejamos errados. Outras vezes, percebemos 
nossas limitações do ponto de vista de ensino e didática, mas 
não conseguimos encontrar ferramentas para enfrentar essas 
limitações e aprimorar nossa atuação. Em ambos os casos, o 
conhecimento gerado pela pesquisa em educação pode nos 
ajudar a ter mais sucesso em nosso trabalho como educadores.
O EDUCADOR FRENTE 
À DIVERSIDADE TEÓRICA
Como vimos, a pesquisa científica e as teorias caminham juntas, 
pois uma alimenta e promove subsídios para o desenvolvimento da 
outra. Por um lado, isso traz resultados benéficos para a prática, pois 
permite que o profissional utilize as descobertas científicas sobre 
as teorias para aperfeiçoar sua atuação. Mas, por outro lado, essa 
dinâmica permite que muitas teorias sejam criadas e, pior ainda, que 
a sua aplicabilidade e relevância sejam comprovadas – o que resulta 
na existência de diversas teorias e metodologias com as quais o 
educador precisa se deparar.
As diferentes teorias da área da educação fazem com que o 
educador se depare com diversas abordagens e metodologias, 
o que pode levá-lo a se sentir confuso quanto a que teoria ou 
130
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
metodologia utilizar. Frente a isso, o que podemos fazer para 
que a decisão sobre qual método utilizar seja resultante de uma 
decisão pensada e consciente? Seguem algumas sugestões sobre 
como escolher a melhor metodologia para você aplicar na tarefa 
de ensinar (MAZOTTI, 1999):
• Conheça todas as metodologias que puder: 
quanto mais conhecemos sobre um fenômeno, 
mais subsídios nós temos para avaliá-lo. Além 
disso, conhecer as mais diversas metodologias 
nos dá um repertório mais extenso de 
possibilidades para lidarmos com as diferentes 
necessidades dos variados contextos de ensino.
• Tenha em mente que a teoria que você escolhe 
reflete sua visão de mundo: a escolha da teoria ou 
do método que você vai utilizar em sua atuação 
profissional não é por acaso, ela reflete a forma 
como você vê o mundo. É importante compreender 
isso, porque assim as decisões sobre sua atuação 
serão tomadas de forma mais consciente.
• Avalie o contexto no qual você está inserido: 
algumas teorias e metodologias podem ser aplicáveis 
em alguns contextos, mas não em outros. Sem 
131
AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO
perder a sua essência e nem desrespeitar seus 
valores, é importante analisar a aplicabilidade da 
metodologia que você está se propondo a utilizar 
para o contexto no qual você está inserido.
• Avalie-se constantemente: a tarefa de ensinar, ou 
de promover o aprendizado eficaz, é uma tarefa 
desafiadora. Em nossa atuação como educadores, 
nem sempre acertamos em tudo o que fazemos 
e, porisso, é fundamental que estejamos sempre 
abertos para refletir sobre os resultados que estamos 
atingindo. Se nossa prática tem trazido frutos 
positivos, e se o objetivo de promover o aprendizado 
tem sido alcançado, ótimo. No entanto, se temos 
tido dificuldades de promover o aprendizado, ou 
se isso tem sido feito com muito desgaste (tanto 
pessoal quanto das relações profissionais e sociais), 
é necessário rever a própria atuação e, dependendo 
da situação, mudar a metodologia escolhida.
• Tenha em mente que a metodologia não é tudo: a 
forma de ensinar pode ser determinante no sucesso 
do processo de aprendizado, mas ela não é o único 
fator que influencia esse processo. Fatores como 
o clima da escola e da sala de aula e a relação 
132
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
professor-aluno, bem como a participação familiar 
na vida escolar da criança, têm influência positiva 
ou negativa sobre o aprendizado. A teoria escolhida 
pode ser excelente, mas o processo de aprendizagem 
pode fracassar se outras questões, também 
fundamentais, não forem levadas em consideração.
AS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO 
E DA APRENDIZAGEM NAS PRÁTICAS 
PEDAGÓGICAS 
A partir de agora, buscaremos apresentar a aplicação 
das teorias da aprendizagem a situações de sala de aula. 
Começaremos pela teoria behaviorista de Bhurrus F. Skinner, 
depois veremos a abordagem cognitivista e, finalmente, a 
abordagem construtivista.
APLICAÇÃO DO BEHAVIORISMO NA SALA DE AULA
Apenas a título de recordação, a teoria de Skinner entende 
que a aprendizagem, o conhecimento das crianças e o das 
pessoas em geral são “impressos” sobre elas por meio das 
influências do mundo externo, que corresponde aos seus 
133
AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO
comportamentos com consequências que podem ser vistas 
por elas como agradáveis (o que vai levar o comportamento a 
aumentar) ou desagradáveis (o que vai levar o comportamento 
a diminuir). O meio no qual a criança está inserida pode 
modelar os comportamentos dela, de forma progressiva, 
mediante consequências: oferecendo consequências agradáveis 
para comportamentos desejados e oferecendo consequências 
desagradáveis para comportamentos indesejados (PAPALIA; 
OLDS; FELDMAN, 2009). 
Aplicando esse conceito à sala de aula, o professor que 
utiliza a modelagem comportamental descrita por Skinner em 
seu método de ensino oferece reforços para os comportamentos 
que deseja que o aluno mantenha; ou seja, quando um aluno se 
comporta da forma como deveria – tendo em vista o aprendizado, 
a cooperação, a obediência, as relações com os colegas e outros 
comportamentos relacionados ao ambiente escolar – esse aluno 
é recompensado por tal ato. O contrário também é verdadeiro: 
o professor que utiliza a modelagem comportamental oferece 
punição para os comportamentos que não são desejados 
(ROGULSKI, 2021), apesar de que, segundo Skinner, a utilização 
da punição deve ser evitada ao máximo na educação.
O reforço dos comportamentos esperados e sua relação com 
a aprendizagem funciona como uma via de mão dupla, com 
134
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
resultados diretos e indiretos de um sobre o outro, conforme 
descreve Britto (2017, apud ROGULSKI, 2021, p. 50):
O reforço [...] pode auxiliar na modelagem do 
comportamento, porém, constitui uma excelente 
ferramenta para aprendizagem que, logo, será revertido no 
comportamento propriamente dito, pois o aluno envolvido 
com a aprendizagem e acreditando ser capaz de realizar 
tal, normalmente terá um comportamento melhor.
Como exemplos de situações em que o reforço é utilizado 
na sala de aula, podemos citar as ocasiões em que o professor 
usa elogios e reconhecimento verbal; usa prêmios simbólicos 
como a estrela, o adesivo e a medalha; usa gamificação das 
atividades realizadas, fornecendo pontuação cumulativa que, 
ao final do período letivo, pode resultar em prêmios materiais 
para os alunos; oferece recompensas coletivas para a turma 
quando os alunos cooperam entre si para alcançarem um 
objetivo comum; e outros métodos que podem ser utilizados 
como recompensa por comportamentos esperados voltados ao 
processo de aprendizagem (ROGULSKI, 2021).
Por outro lado, o professor também pode se utilizar da 
punição para com os comportamentos indesejados. Há de se 
ressaltar que, em tese, esse meio só deve ser utilizado quando 
135
AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO
todos os outros recursos tiverem falhado. 
Isso é, deve ou, pelo menos, deveria se 
tratar de uma exceção. As situações em 
que o professor usa a punição podem 
ser, por exemplo: a retirada do acesso 
a brinquedos e jogos; a retirada de um 
passeio ou evento especial; a perda de 
pontos e de benefícios relacionados aos 
games, caso estes estejam sendo utilizados 
como método educativo; entre outros 
métodos (ROGULSKI, 2021).
Os mecanismos de reforço e 
punição, no entanto, podem ser 
utilizados na sala de aula de forma 
distorcida. No que diz respeito ao 
reforço, isso se dá, por exemplo, 
quando o professor utiliza o elogio 
e o reconhecimento de forma 
indiscriminada, sem ter um objetivo 
comportamental específico em mente, 
pois isso pode fazer com que o elogio 
se torne uma consequência banal, 
deixando de fazer seu papel como 
reforçador do comportamento. 
O ideal é que 
a punição 
seja utilizada 
apenas quando 
todos os outros 
recursos 
tiverem 
falhado.
136
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
Por outro lado, no que diz respeito à punição, ela pode ser 
mal utilizada, por exemplo, quando o professor critica o aluno, 
em vez de apresentar a ele outras formas de se comportar, 
fazendo com que ele se sinta inadequado e incapaz. Isso pode 
provocar ou agravar dificuldades de aprendizagem, pois o 
aluno pode se sentir incompetente e achar que não vale a 
pena tentar aprender, pois seus esforços serão em vão. Outra 
situação em que os mecanismos de reforço e punição podem 
ser mal utilizados é pela utilização da chantagem ou do jogo 
emocional (ROGULSKI, 2021).
APLICAÇÃO DO COGNITIVISMO NA SALA DE AULA
Novamente, a título de recordação, a abordagem 
cognitivista da aprendizagem compreende que o conhecimento 
é resultado do processo de construção de representações 
mentais sobre o mundo externo. Nessa abordagem, o aprendiz 
é visto como um agente ativo do aprendizado, que procura 
conhecer o mundo ao seu redor e compreender os fenômenos 
de maneira sistêmica, e o papel da interação entre o aprendiz e 
seu ambiente é valorizado (SANTOS; GHELLI, 2015).
A aprendizagem baseada na representação mental ocorre 
desde o início da vida, quando o ambiente vai sendo conhecido 
137
AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO
pela criança, que passa a simbolizar o mundo externo dentro de 
si. O desenvolvimento da linguagem é um importante exemplo 
disso. Quando o bebê começa a emitir as primeiras sílabas/
palavras, ele está desenvolvendo a capacidade de simbolizar, 
pois, a partir do momento em que a criança fala “mamãe” pela 
primeira vez, referindo-se à sua mãe, isso significa que ela 
construiu uma representação mental da figura materna.
Na sala se aula, o aprendizado de conceitos espaciais, 
como direita e esquerda, em cima e embaixo, também ilustram 
o desenvolvimento de representações mentais referentes às 
direções que esses conceitos representam. Outro exemplo de 
situação em que a construção de representações mentais entra 
em ação é a alfabetização. 
Para que a criança aprenda a ler e a escrever, ela precisa 
construir representações mentais sobre que tipos de sons cada letra 
representa, que tipos de sons cada junção de letras representa e 
como isso se combina para formar as palavras. Posteriormente, ela 
precisa aprender o significado e o papel de cada classe de palavras 
em uma frase, para que possa utilizá-las para construir uma 
comunicação escrita eficiente (SILVA; MIRANDA 2020).
No que diz respeito à aprendizagem matemática, o processode simbolização é fundamental, uma vez que os conceitos 
138
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
matemáticos são cumulativos e, conforme os anos escolares vão 
passando, o ensino da matemática se utiliza, cada vez mais, 
de conceitos abstratos. Frente a isso, é fundamental que nos 
primeiros anos de escolarização o professor se utilize de objetos 
concretos e palpáveis para ensinar os conceitos matemáticos.
Essa forma de ensinar poderá levar a criança a 
compreender a utilidade e a lógica de operações elementares, 
como a adição e a subtração, e a ajudará a internalizar esse 
conteúdo. Isso permitirá que ela passe para o próximo estágio 
do raciocínio lógico matemático, o de fazer as operações básicas 
mentalmente e, mais tarde, para o aprendizado de conceitos 
matemáticos abstratos, que será possível com a chegada do 
estágio de operações formais descrito por Piaget (PAPALIA; 
OLDS; FELDMAN, 2009). Falando a respeito da abordagem 
cognitivista da aprendizagem e, mais especificamente, do 
aprendizado da matemática:
A aprendizagem é muito mais significativa à medida que o 
novo conteúdo é incorporado às estruturas de conhecimento 
de um aluno e adquire significado para ele a partir da relação 
com seu conhecimento prévio. Ausubel traz o conceito de 
Aprendizagem Significativa, ao processo pelo qual uma nova 
informação se relaciona com um aspecto relevante da estrutura 
de conhecimento do indivíduo. [...] Um novo conhecimento 
139
AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO
interage com um conhecimento que o aprendiz já possui, 
assim ele pode aprender cada vez mais nessa interação, de 
maneira organizada estruturando-se então uma aprendizagem 
significativa para o sujeito aprendente. Um exemplo desta 
aprendizagem em Matemática ocorre primeiramente quando 
o aluno aprende as operações básicas e as aplica resolvendo 
expressões numéricas que envolvam todas essas operações. 
Dessa forma, o educando aprende e aplica seu aprendizado 
na estruturação de novos conhecimentos. Assim, Ausubel 
denomina-os conceitos de subsunçores e subsunçores 
relevantes que servem de suporte para novas ideias 
(AUSUBEL, 1980, apud SANTOS; GHELLI, 2015, p. 13-14).
Assim, o uso da abordagem cognitivista na sala de 
aula tem o objetivo de levar o aluno a realizar um processo 
de aprendizagem que promova o desenvolvimento de seu 
pensamento, do ponto de vista de complexidade e de aumento 
das capacidades e habilidades mentais desse aluno.
Além disso, para o professor que adota a abordagem 
cognitivista, os erros dos alunos podem ser utilizados para 
compreender os processos cognitivos pelos quais os alunos 
estão passando, bem como que tipos de conteúdo estão sendo 
compreendidos por eles e que tipos não estão, e isso pode 
ajudá-lo a aprimorar seus métodos de ensino e adequá-los para 
as necessidades da turma (SANTOS; GHELLI, 2015).
140
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
APLICAÇÃO DO CONSTRUTIVISMO 
EM SALA DE AULA
No que diz respeito ao construtivismo, novamente com fins 
de recordação, a teoria enxerga o conhecimento como sendo 
criado pelo aprendiz na medida em que ele busca compreender 
o mundo ao seu redor. A aprendizagem é resultado da interação 
entre o sujeito e o objeto de seu conhecimento. Segundo Rizzon 
(2010, p. 4): o conhecimento não é encontrado “pronto e acabado, 
nem no meio exterior nem no sujeito do conhecimento. Mas 
sim há uma elaboração, que se utiliza de elementos endógenos 
(internos) e exógenos (externos) do sujeito, dessa maneira o 
conhecimento se dá na relação entre eles”. 
De acordo com Collares (2003, p. 53, apud RIZZON, 
2010), na visão do construtivismo, “o conhecimento não tem 
sua gênese nem no sujeito, nem no objeto, mas resulta das 
interações estabelecidas entre o sujeito e objeto pela ação 
do sujeito”. Ainda a respeito da visão construtivista sobre a 
aprendizagem, utilizando a perspectiva de Piaget, Rizzon (2010, 
p. 5) afirma o seguinte:
A natureza da constituição do conhecimento na 
Epistemologia piagetiana é ativa. Diz-se ativa uma 
vez que o sujeito é participante do seu processo 
141
AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO
de conhecer. Ele compreende, ele inventa, ele cria, 
ele constrói, ele reconstrói, enfim o conhecimento 
não é recebido pronto por ele, nem mesmo está 
nele. O conhecimento é por ele elaborado.
Além disso, no construtivismo, a aprendizagem 
é vista como um fenômeno progressivo. Etapas 
anteriores de desenvolvimento se somam e formam a 
base para etapas posteriores, fornecendo um conjunto 
cumulativo de condições biológicas e cognitivas, bem 
como de conhecimentos e habilidades, que continuam 
se desenvolvendo e possibilitam novas conquistas e 
aprendizados (RIZZON, 2010) .
Com isso em mente, é importante dizer aqui que a sala de 
aula em que se utiliza a abordagem construtivista nem sempre 
é padronizada, uma vez que a experiência de aprendizado que 
ocorre entre o sujeito e seu objeto de conhecimento é única e 
varia de pessoa para pessoa.
A forma com que a sala de aula se dispõe, do ponto de 
vista físico e simbólico, pode variar de um contexto para o 
outro, e de um momento para o outro, pois o objetivo é que 
as metas de ensino-aprendizagem sejam atingidas, e às vezes 
para isso é necessário que a sala de aula seja adaptada e 
personalizada (RIZZON, 2010).
142
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
Independentemente disso, existe 
um fator comum presente nas salas de 
aula construtivistas: a valorização de 
metodologias que promovam o aprendizado 
por meio da ação – muitas vezes chamadas 
de metodologias ativas. Esse conceito 
é frequentemente mal interpretado e 
entendido como sendo o método de ensino 
em que o professor é Laissez-faire, alguém 
que simplesmente “deixa estar”, deixa os 
alunos livres para fazerem o que quiserem, 
sem nenhum tipo de direcionamento.
Mas essa não é a proposta da sala 
de aula construtivista. O professor 
construtivista passa de um “palestrante” 
para um “mediador do conhecimento”, 
que vai promover a busca dos alunos pelo 
conhecimento. A promoção dessa busca 
pode se utilizar (e frequentemente o faz), 
por exemplo, da apresentação de um 
problema de pesquisa que exija a pesquisa 
e o esforço para ser resolvido, ao invés 
de apresentar soluções prontas para os 
problemas com que os alunos se deparam. 
LAISSEZ-FAIRE
Segundo o site treinamento24, 
é parte da expressão em língua 
francesa “laissez faire, laissez al-
ler, laissez passer”, que significa 
literalmente deixai fazer, deixai 
ir, deixai passar”. Fonte: https://
treinamento24.com/library/
lecture/read/465982-o-que-
-e-laissez-faire-na-educacao. 
Acesso em: 03 ago. 2022.
143
AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO
Esse método estimula o aluno a pesquisar conteúdos a 
respeito do problema a fim de encontrar sua solução e, nesse 
processo, ele aprende sobre o assunto. Além disso, junto com 
a promoção da busca pelo conhecimento, é necessário que o 
professor respeite o processo de desenvolvimento individual 
pelo qual cada um de seus alunos está passando. Conforme 
afirma Rizzon (2010, p. 5-6):
O sujeito aprendente na perspectiva epistêmica-pedagógica 
piagetiana atua junto ao seu processo cognoscente na 
mesma medida em que é respeitado, no que se refere 
ao seu desenvolvimento psicológico. Neste sentido, 
concomitante a ação do educador de [criar] situações 
para que o sujeito aprendente possa compreender, 
inventar, reconstruir, enfim, conhecer, ele, o docente, tem 
ciência e respeita o desenvolvimento cognitivo deste. 
Usar metodologias ativas em sala de aula, no entanto, não é 
sempre uma tarefa fácil. Isso ocorre porque muitos alunos estão 
acostumados a reproduzir o conhecimento que é passado pelo 
professor, sem precisar raciocinar de forma criativa ou pensar 
em soluções autônomas para problemas apresentados em sala 
de aula. Também porque rompe com os modelos tradicionais 
de ensino e nem sempre osprofessores e a escola estão 
preparados para novas formas de trabalhar.
144
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
Assim, em vez de se disporem a estudar o conteúdo 
disponível a respeito de um tema para solucionar uma 
questão de forma ativa, a maioria dos alunos permanece 
esperando pela resposta do professor, não consegue chegar 
sozinho em nenhuma solução, menos ainda em soluções 
satisfatórias (CASAL, 2013). Ainda assim, isso não deve 
levar o professor a desistir de suas tentativas, pois a 
desistência, muito mais do que a desmotivação dos alunos 
e sua falta de exposição prévia à aprendizagem ativa, 
certamente implicaria no fracasso.
SAIBA MAIS
O conceito de metodologia ativa envolve a aplicação de 
novas formas de ensino à prática escolar, alterando a ma-
neira como os alunos aprendem. A principal mudança 
está na situação desse aluno, que passa a participar ati-
vamente da aula durante o processo de aprendizagem. 
Quanto a esse assunto, para que você se aprofunde um 
pouco mais, leia o artigo Metodologias ativas de apren-
dizagem: saiba o que são e como incluí-las em sua escola, 
de Cristopher Morais.
Disponível em: https://revistaeducacao.com.br/2020/08/04/metodologias-ativas-sponte/. 
Acesso em: 03 ago. 2022.
145
AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO
AS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO 
E DA APRENDIZAGEM NAS RELAÇÕES 
EDUCATIVAS
Você já deve ter se deparado com situações em que seus 
sentimentos e emoções te perturbaram. Pode ter sido em 
decorrência de uma perda, de um conflito com algum ente querido 
ou amigo, de uma preocupação com algo que estava para acontecer, 
ou até do desejo de que algo praticamente impossível acontecesse.
Viver sentimentos perturbadores é comum, e, por experiência 
própria, você deve saber que essa vivência é capaz de atrapalhar 
nosso bem-estar, tirar nosso sono, prejudicar nossa saúde, afetar 
nossa memória e até mesmo comprometer nossa produtividade 
profissional. O ser humano é um todo, resultado da interação 
entre os aspectos físico, cognitivo, psicológico, social e espiritual, 
e o mau funcionamento psicológico pode, entre outras coisas, se 
refletir na nossa motivação e nas nossas habilidades cognitivas.
Isso também pode acontecer com as crianças em seu 
processo de aprendizagem: a vivência de sentimentos 
negativos e perturbadores pode prejudicar seu processo de 
146
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
desenvolvimento intelectual e cognitivo, pois ambos estão 
interligados. Frente a isso, é fundamental que o professor 
tenha em mente a importância de promover um ambiente 
acolhedor na sala de aula e de construir relações positivas 
entre ele e seus alunos, pois isso terá efeitos diretos sobre o 
processo de ensino-aprendizagem.
Há de se pontuar que a relação professor-aluno é uma 
via de mão dupla: o professor tem influência sobre seus 
alunos e seus alunos têm influência sobre ele. Essa percepção 
é muito útil, principalmente para compreender o processo de 
transferência e contratransferência. Muitas vezes, os professores 
não compreendem por que um aluno lhes causa desconforto 
e incômodo, e desperta neles sentimentos negativos e de 
afastamento, ao invés de sentimentos de aproximação.
Como resultado, eles correm o risco de direcionar poucos 
esforços e pouco investimento para aquele aluno, fazendo 
com que seu processo de aprendizagem fique prejudicado. O 
despertamento de sentimentos de desconforto, incômodo e 
afastamento podem ocorrer como resultado dos mecanismos de 
transferência e contratransferência (BUCK; SANTOS, 2009).
O que isso quer dizer? Quer dizer que a relação que o aluno 
construiu com seus pais (que pode, por exemplo, ser conflituosa 
147
AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO
e permeada por sentimentos de rivalidade e oposição) está sendo 
repetida em sua relação com o professor, e isso pode promover no 
professor uma resposta inconsciente, que também está permeada 
por sentimentos de rivalidade, resposta essa que pode incluir o 
desejo de retaliação para com o mau comportamento do aluno. 
SAIBA MAIS
Você sabia que, muitas vezes, as pessoas que nos incomo-
dam não nos incomodam por acaso? Nas situações em 
que sentimos antipatia por alguém, é comum que este-
ja acontecendo um processo de transferência e contra-
transferência nessa relação, o qual não conhecemos, pois, 
apesar de influenciar nos nossos comportamentos, esses 
mecanismos atuam de forma inconsciente.
Esse professor pode levar as coisas para o lado pessoal, 
acreditando que a intenção do aluno realmente é derrubá-
lo de sua posição de autoridade, e responder “na mesma 
altura” aos sentimentos negativos do aluno. O problema é 
que isso prejudicará ainda mais a relação professor-aluno, e 
terá efeitos negativos sobre o clima da sala de aula. Em vez 
disso, o professor pode buscar entender que os sentimentos e 
comportamentos do aluno em relação a ele não precisam ser 
levados para o âmbito pessoal e, ao invés de responder “na 
148
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
mesma altura”, manter seu investimento sobre o aluno, o que 
trará resultados muito melhores sobre a relação entre os dois e 
sobre o clima na sala de aula (BUCK; SANTOS, 2009).
Muitos dos mecanismos que acontecem na relação 
professor-aluno são inconscientes – não percebemos os 
mecanismos que estão atuando em nós, nem os alunos 
percebem os mecanismos que estão atuando neles. Ainda 
assim, eles influenciam a forma como essa relação acontece, e 
influenciam o ambiente que é formado dentro da sala de aula. 
Além dos mecanismos, muitas vezes inconscientes, que atuam 
na relação professor aluno e no clima da sala de aula, outros 
aspectos relacionados agora apenas ao professor também 
participam da construção do clima da sala de aula. São eles: 
• A forma como o professor se enxerga: se ele acha que 
é uma pessoa de valor, capaz, competente etc., isso vai 
se refletir no clima da sala de aula, que provavelmente 
será de aceitação, paciência, incentivo etc. Por 
outro lado, se ele acha que é alguém incompetente, 
sem valor e que tem pouco para contribuir com 
seu entorno, seus alunos provavelmente sentirão 
os efeitos disso, e podem passar a se enxergar 
assim também, como resultado do clima que será 
estabelecido na sala de aula (NUNES, 2017).
149
AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO
• As características do professor: 
se o professor é uma pessoa 
alegre, motivada, atenciosa, 
amorosa e gosta de incentivar 
o crescimento de seus 
alunos, o clima da sala de 
aula, provavelmente, vai ser 
permeado por esses tipos de 
sentimento. Por outro lado, se 
o professor é alguém que está 
sempre cobrando, exigindo 
e criticando os alunos, se ele 
é irritado e tem dificuldade 
de demonstrar afeto, o 
ambiente da sala de aula, 
provavelmente, vai refletir seu 
jeito de ser (NUNES, 2017).
• A visão de mundo do 
professor: o professor que 
acredita que o mundo é um 
lugar em que podemos nos 
sentir seguros, um lugar onde 
teremos nossas necessidades 
atendidas e entende que o 
O clima da sala 
é afetado pela 
forma como 
o professor 
se enxerga, 
por suas 
características 
e visão de 
mundo.
150
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
propósito da vida é fazer a sua parte para que o 
mundo seja um lugar melhor— Essas características 
refletirão na forma como ele vai agir em sala de 
aula, e influenciará o clima da sala. O contrário 
também é verdadeiro: o professor que enxerga 
o mundo e as pessoas ao seu redor como seres 
de quem ele deve sempre desconfiar, que não 
se importam com ele— Essas atitudes refletirão 
sobre o ambiente da sala e sobre o comportamento 
dos alunos, que terão a tendência de tratar uns 
aos outros da mesma forma (NUNES, 2017).
No entanto, é importante destacar um ponto fundamental 
aqui: cada professor tem características únicas de 
personalidade, ou seja, cada um tem seu próprio jeito de ser. 
Existem os amorosos e carinhosos, os durões e exigentes,os 
irritados e bravos, os mal-humorados, os sérios e fechados, os 
alegres e divertidos, os desligados e que não se importam muito 
com o desempenho dos alunos etc. 
Inclusive, independentemente do tipo de personalidade 
e das características pessoais, cada professor tem seu impacto 
sobre os alunos e, querendo ou não, deixa marcas sobre a vida 
deles. A boa notícia é que, frente a essa realidade importante da 
151
AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO
qual não podemos fugir, a despeito da personalidade, todos os 
professores podem construir relações positivas e saudáveis com 
seus alunos e, com isso, promover um ambiente favorável para 
o aprendizado deles, o que trará resultados satisfatórios a curto, 
médio e longo prazos (NUNES, 2017).
Em se tratando de fatores que podem influenciar o clima da 
sala de aula de forma positiva e assim favorecer o aprendizado, 
segundo Nunes (2017), temos os seguintes:
• a relação empática;
• a capacidade de ouvir;
• a capacidade de criar pontes para o conhecimento;
• a capacidade de se comunicar no nível 
de compreensão dos alunos;
• a capacidade de enxergá-los como 
seres com potencial;
• a capacidade de ajudá-los a 
desenvolver seu potencial;
152
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
• a capacidade de considerar o ponto 
de vista de seus alunos;
• a capacidade de tratar a todos de forma equivalente 
e não escolher “preferidos” e “protegidos” etc. 
Cucick (2020) conduziu uma pesquisa que realizou 
entrevistas com alunos do oitavo ano de uma escola da rede 
pública do estado de São Paulo, investigando qual seria, na 
visão desses alunos, o papel da afetividade, por parte dos 
professores, sobre o desempenho acadêmico de seus alunos. 
Os alunos disseram, de várias formas diferentes, que os 
professores que motivavam seu aprendizado eram aqueles 
que os tratavam com carinho e respeito, e demonstravam 
interesse e preocupação com eles (CUCICK, 2020).
Por meio das respostas dos alunos à entrevista, essa 
pesquisa constatou um resultado que, apesar de não ser 
novidade, é importante que seja reforçado: as intervenções 
feitas pelo professor, tanto pedagógicas quanto afetivas, 
podem favorecer ou prejudicar o aprendizado dos alunos. 
Além disso, as respostas deles também reforçaram o fato 
de que a afetividade e a cognição caminham juntas, e uma 
influencia a outra de forma direta (CUCICK, 2020). 
153
AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O que sabemos hoje sobre as teorias e as metodologias 
de ensino-aprendizagem é o resultado do acúmulo de 
conhecimento proveniente de séculos de pesquisas científicas, 
que possibilitaram a criação de teorias, a testagem dessas 
teorias e a aplicação delas no ambiente escolar.
A tarefa de promover a aprendizagem é desafiadora e, 
pautada pelo embasamento teórico, ela pode se tornar mais 
eficiente, e, como consequência, mais gratificante e satisfatória. 
Mas isso só ocorrerá se nós nos abrirmos para refletir sobre 
nossa prática e sobre formas de aprimorá-la, utilizando o 
conhecimento científico como um aliado.
A diversidade de conhecimentos, teorias e metodologias 
existentes, no entanto, pode nos deixar confusos, dificultando 
nossa escolha sobre qual utilizar. Frente a isso, é necessário 
levar em consideração algumas questões norteadoras e ter 
em vista que o objetivo final de promoção do aprendizado 
precisa ser alcançado, independentemente da abordagem ou 
metodologia escolhida.
Por fim, é fundamental compreender como se dá a relação 
professor-aluno do ponto de vista emocional, pois isso tem 
154
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
efeitos diretos sobre o processo de aprendizagem. Nem sempre 
nos apercebemos dos mecanismos mentais que estão atuando 
em nós, e isso faz com que nós tenhamos dificuldades para lidar 
com alguns alunos e ajudá-los em seu aprendizado. 
REFERÊNCIAS
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para pesquisa em estudos organizacionais. Revista de 
Administração da UNIMEP, v. 12, n. 2, p. 108 – 135, 2014.
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Revista Científica Eletrônica de Psicologia. Ano VII, n. 13, 2009.
CASAL, J. A. V. Construtivismo tecnológico para promoção 
de motivação e autonomia na aprendizagem. Atas do 
XII Congresso Internacional Galego-Português de 
Psicopedagogia. Braga: Universidade do Minho, 2013.
CESÁRIO, J. M. S.; FLAUZINO, V. H. P.; MEJIA, J. V. C. 
Metodologia científica: Principais tipos de pesquisas e suas 
caraterísticas. Journal: Revista Científica Multidisciplinar 
Núcleo do Conhecimento, p. 23 – 33, 2020.
155
AS TEORIAS DO DESENVOlVIMENTO E DA APRENDIzAgEM NA EDUCAçãO
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ano da rede pública do município de Praia Grande – SP – Brasil. 
Dissertação. Asunción (Paraguay): Universidad Autónoma de 
Asunción, p. 145. 2020.
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GHIRALDELLI Jr., P. (Org). O que é filosofia da educação? Rio 
de Janeiro: DP&A, 1999.
NUNES, T. G. H. A relação professor(a)/aluno(a) no processo 
de ensino aprendizagem. João Pessoa: UFPB, 2017.
PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. 
Desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed, 2000.
RAUPP, F. M.; BEUREN, I. M. Metodologia da pesquisa 
aplicável às Ciências Sociais. In: BEUREN, I. M. (Ed.). Como 
Elaborar Trabalhos Monográficos em Contabilidade: Teoria e 
Prática. São Paulo: Atlas, 2006.
156
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM
RIZZON, G. A sala de aula sob o olhar do construtivismo 
Piagetiano: Perspectivas e implicações. In: V Congresso 
internacional de filosofia e educação. 2010.
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behaviorismo radical: contributos para aprendizagem das 
crianças da educação infantil. In: SOUZA, F. P.; SILVA, J. R.; 
SOUSA, A. C. (Orgs). Educação e diversidade: reflexões e 
práticas na educação infantil. Itapiranga: Schreiben, 2021.
SANTOS, A. O.; GHELLI, K. G. M. Implicações das teorias 
behavioristas e cognitivistas na aprendizagem matemática nas 
séries iniciais do ensino fundamental. In: Anais do Encontro de 
Pesquisa em Educação e Congresso Internacional de Trabalho 
Docente e Processos Educativos. 2015.
SILVA, M. M.; MIRANDA, J. R. Avaliando o desenvolvimento 
da escrita da criança por meio da psicogênese. VII Congresso 
Nacional de Educação, 2020.
WILL, D. E. M. Metodologia da pesquisa científica: livro 
digital. Palhoça: UnisulVirtual, 2012.
	As teorias do desenvolvimento e da aprendizagem na educação
	Introdução
	Teoria e prática na formação 
e atuação de professores
	Tipos de abordagem
	Tipos de natureza
	Tipos de procedimentos metodológicos
	Tipos de objetivos
	Considerações sobre 
pesquisa e teoria na educação
	O educador frente 
à diversidade teórica
	As teorias do desenvolvimento e da aprendizagem nas práticas pedagógicas 
	Aplicação do behaviorismo na sala de aula
	Aplicação do cognitivismo na sala de aula
	Aplicação do construtivismo 
em sala de aula
	As teorias do desenvolvimento e da aprendizagem nas relações educativas
	Considerações finais
	Referências
	As dificuldades de aprendizagem
	Introdução
	Dificuldades e transtornos 
específicos da aprendizagem 
	Dislexia, disgrafia, 
disortografia e discalculia
	Transtorno do déficit de atenção 
e hiperatividade, transtorno 
do espectro autista e deficiência 
intelectual
	Transtorno do Espectro Autista
	Deficiência intelectual 
	A epistemologia convergente 
de Jorge Visca 
	Processo de diagnóstico da dificuldade de aprendizagem na teoria de Jorge Visca
	Considerações finais
	Referências

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