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ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO Denise A. M. de Oliveira 1ª Edição, 2022 EAD Reitor e Diretor Campus Engenheiro Coelho: Martin Kuhn Vice-reitor para a Educação Básica e Diretor Campus Hortolândia: Douglas Jefferson Menslin Vice-reitor para a Educação Superior e Diretor Campus São Paulo: Afonso Cardoso Ligório Vice-reitor administrativo: Telson Bombassaro Vargas Pró-reitor de graduação: Afonso Cardoso Ligório Pró-reitor de pesquisa e desenvolvimento institucional: Allan Macedo de Novaes Pró-reitor de educação à distância: Fabiano Leichsenring Silva Pró-reitor de desenvolvimento espiritual e comunitário: Henrique Melo Gonçalves Pró-reitor de Desenvolvimento Estudantil: Carlos Alberto Ferri Pró-reitor de Gestão Integrada: Claudio Knoener Educação Adventista a Distância Conselho editorial e artístico: Dr. Adolfo Suárez; Dr. Afonso Cardoso; Dr. Allan Novaes; Me. Diogo Cavalcanti; Dr. Douglas Menslin; Pr. Eber Liesse; Me. Edilson Valiante; Dr. Fabiano Leichsenring, Dr. Fabio Alfieri; Pr. Gilberto Damasceno; Dra. Gildene Silva; Pr. Henrique Gonçalves; Pr. José Prudêncio Júnior; Pr. Luis Strumiello; Dr. Martin Kuhn; Dr. Reinaldo Siqueira; Dr. Rodrigo Follis; Esp. Telson Vargas Editor-chefe: Rodrigo Follis Gerente administrativo: Bruno Sales Ferreira Editor associado: Werter Gouveia Responsável editorial pelo EaD: Luiza Simões Editora Universitária Adventista Presidente Divisão Sul-Americana: Stanley Arco Diretor do Departamento de Educação para a Divisão Sul-Americana: Antônio Marcos Presidente Mantenedora Unasp (IAE): Maurício Lima 1ª Edição, 2022 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO Editora Universitária Adventista Engenheiro Coelho, SP Denise Andrade Moura de Oliveira Mestra em Educação pelo UNASP - EC Campagnoni, Mariana / dos Santos, Diego Henrique Moreira Formação da identidade profissional do contador [livro eletrônico] / Mariana Campagnoni. -- 1. ed. -- Engenheiro Coelho, SP : Unaspress, 2020. 1 Mb ; PDF ISBN 978-85-8463-172-8 1. Carreira profissional 2. Contabilidade 3. Contabilidade como profissão 4. Contabilidade como profissão - Leis e legislação 5. Formação profissional 6. Negócios I. Título. 20-33026 CDD-370.113 Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP) (Ficha catalográfica elaborada por Hermenérico Siqueira de Morais Netto – CRB 7370) Alfabetização e Letramento 1ª edição – 2022 e-book (pdf) OP 00123_006 Coordenação editorial: Késia Santos Conteudista: Denise A. Moura de Oliveira Preparador: Kawanna Cordeiro Projeto gráfico: Ana Paula Pirani Capa e Diagramação: William Nunes Caixa Postal 88 – Reitoria Unasp Engenheiro Coelho, SP – CEP 13448-900 Tel.: (19) 3858-5171 / 3858-5172 www.unaspress.com.br Editora Universitária Adventista Validação editorial científica ad hoc: Vanessa Raquel de Almeida Meira Doutora em Teologia pela Faculdades EST. Editora associada: Todos os direitos reservados à Unaspress - Editora Universitária Adventista. Proibida a reprodução por quaisquer meios, sem prévia autorização escrita da editora, salvo em breves citações, com indicação da fonte. SUMÁRIO ALFABETIZAÇÃO: A HISTÓRIA SOBRE COMO ENSINAR A LER E A ESCREVER ............................... 13 Introdução ........................................................................................14 Alfabetização: conhecendo a história da escrita ao longo dos tempos ...........................................................15 Conceito de alfabetização ................................................................23 Métodos sintéticos ...........................................................................38 Método alfabético ...................................................................39 Método fônico .........................................................................41 Método silábico .......................................................................45 Métodos analíticos de alfabetização ...............................................48 Método da palavração ............................................................51 Método da sentenciação .........................................................53 Método do conto .....................................................................54 A didática das cartilhas utilizadas para o ensino da leitura e da escrita ...........................................................56 Considerações finais.........................................................................65 Referências .......................................................................................69 COMO A CRIANÇA APRENDE A ESCREVER E LER ................................................. 73 Introdução ........................................................................................74 A ressignificação do ensino da leitura e da escrita .......................................................................75 Psicogênese da língua escrita .................................................82 Definindo psicogênese da língua escrita ................................86 Níveis da psicogênese da alfabetização ...............................................................................88 Procedimentos para classificação dos níveis psicogenéticos .......................................................90 Nível silábico ...........................................................................96 Nível alfabético.......................................................................104 VO CÊ ES TÁ A QU I Processos de construção da linguagem escrita .............................................................109 Considerações finais........................................................................114 Referências ......................................................................................117 LETRAMENTO: O SENTIDO DE APRENDER E ENSINAR A LER E A ESCREVER .......................... 121 Introdução .......................................................................................122 Letramento: conceito ......................................................................123 Diferenciando letramento ..............................................................137 O letramento na escola ...................................................................148 Letramento: BNCC e PNA ................................................................158 Considerações finais........................................................................170 Referências ......................................................................................173 VO CÊ ES TÁ A QU I ALFABETIZAR LETRANDO: O TEXTO NA SALA DE AULA .................................. 177 Introdução .......................................................................................178 Alfabetizar letrando: centralidade do texto ......................................................................179 Produção escrita a partir do texto ..........................................196 Letramento literário ........................................................................201 Estágios psicológicos da criança ............................................206 Proposta didática com literatura infantil ...............................212 Letramento: um conceito plural .....................................................219 Considerações finais........................................................................225 Referências ......................................................................................229 ALFABETIZAÇÃO: ESTUDO DA ESPECIFICIDADE DA LÍNGUA ................................ 233 Introdução .......................................................................................234 Consciência fonológica ...................................................................235 Conceito de palavra.........................................................................246 Rimas e aliterações .........................................................................253A sílaba ............................................................................................256 Consciência fonêmica .....................................................................263 Considerações finais........................................................................273 Referências ......................................................................................277 PARA OTIMIZAR A IMPRESSÃO DESTE ARQUIVO, CONFIGURE A IMPRESSORA PARA DUAS PÁGINAS POR FOLHA. EMENTA Estudo das concepções da aquisição da linguagem e do processo sócio-histórico e cultural da alfabetização, articulados ao desenvolvimento das práticas pedagógicas que promovam o letramento do cotidiano e literário na formação do leitor/escritor crítico, consciente e comprometido com a sociedade. OB JE TI VO S - Classificar os níveis que a criança percorre para aquisição da leitura e da escrita: pré-silábico, silábico, silábico-alfabético e alfabético. - Conscientizar-se dos referenciais e normas dimensionadas nos documentos que regulamentam o ensino e são a base para o planejamento pedagógico a fim de garantir o direito à aprendizagem da leitura e da escrita e ao desenvolvimento integral dos estudantes. - Refletir sobre a importância da mediação do professor nas diversas situações de aquisição da língua. COMO A CRIANÇA APRENDE A ESCREVER E LER UNIDADE 2 74 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO INTRODUÇÃO Olá, bem-vindo (a) ao estudo sobre alfabetização e letramento. Você já refletiu a respeito do que uma criança pensa quando está aprendendo a ler e a escrever? A criança aprende a escrever da mesma forma que aprende a falar? O quanto ela precisa ser “ensinada” para aprender os mecanismos da língua escrita? Nesse início de aquisição da língua escrita, muitas ideias equivocadas apresentadas pela criança, na realidade, são uma forma criativa e, às vezes, lógica de compreensão da leitura e da escrita. Por isso, nesta unidade você estudará sobre os processos cognitivos de aquisição do sistema de escrita alfabética entendendo os diferentes níveis que a criança percorre nessa trajetória. Portanto, o professor alfabetizador deve estar atento ao processo de aquisição da leitura e da escrita e fazer dessa jornada um aprendizado significativo. A criança deve ser bem estimulada para despertar a curiosidade sobre esse novo conhecimento testando suas hipóteses por meio de análises e comparações. Para isso, o papel do professor é oportunizar eventos favoráveis de estudo da língua utilizando textos que fazem parte do cotidiano da criança. 75 COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER Ao final desta unidade, esperamos que você tenha aprendido: • As bases teóricas que permitem entender como a criança aprende a ler e a escrever; • Os níveis de aquisição da língua escrita: pré- silábico, silábico, silábico-alfabético e alfabético; • Os processos de construção da escrita por meio das intervenções do professor. Bom estudo! A RESSIGNIFICAÇÃO DO ENSINO DA LEITURA E DA ESCRITA É sabido que os diferentes métodos de ensino numa abordagem associacionista ou conexionista apresentam a leitura e escrita como uma associação entre grafema e fonema reduzindo a língua a uma relação simplista de código: codificação e decodificação. Desta forma, perde-se informações importantes para compreender do sistema de escrita alfabético 76 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO como um sistema notacional. Há professores que, por falta de formação adequada, ignoram o pensamento da criança sobre a escrita. Como na situação do Pedro, que aos 4 anos mostrou habilidade metalinguística identificando uma palavra “dentro da outra”. Mas, infelizmente, ainda há educadores que consideram a criança como uma tábula rasa, como no pensamento empirista. Portanto, analisaremos uma nova proposta de aquisição da língua refletindo, não apenas sobre como ensinar, mas, principalmente, sobre como a criança aprende. O estudo da língua como ciência se desenvolveu a partir do início do século 20 sob a influência do trabalho de Saussure que procurava explicar o funcionamento da linguagem humana. Esse pesquisador tornou-se conhecido com a divulgação da obra “Curso de Linguística Geral” revolucionando os estudos sobre a linguagem. Para METALINGUÍSTICA habilidade de “refletir sobre a linguagem. Essa reflexão pode vincular-se a diferentes di- mensões da língua: seus sons, suas palavras ou partes destas, as formas sintáticas usadas nos textos que construímos, as características, e proprieda- des dos textos orais e escritos ( MORAIs, 2019, p. 41). 77 COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER Saussure a “langue” (língua) constitui um sistema linguístico de base social que é utilizado como meio de comunicação pelos membros de uma determinada comunidade” (MARTELOTTA, 2008, p. 53). Esse foi o marco inicial das pesquisas na área da linguagem como ciência, surgindo, depois disto, diferentes ramos para explicar o conceito de linguagem e língua sob a perspectiva de outras ciências. Isto possibilitou mostrar como a linguística também se relaciona com diferentes áreas do conhecimento e da pesquisa como, por exemplo, a semiologia, a filologia, a gramática, a psicologia, a neurologia, a sociologia, e outras. Portanto, a linguística abre a possibilidade à pesquisa interdisciplinar. A área da linguística que nos interessa abordar neste momento é a psicologia, ciência interdisciplinar denominada psicolinguística, inicialmente conhecida como psicologia da linguagem. A psicolinguística é o estudo do processo de aquisição da linguagem pelo qual as crianças passam desde a língua oral à escrita. Essa ciência interessa-se pelos processos mentais de produção da linguagem (CAGLIARI, 1998, p. 46 e 47). Os linguistas, nessa área, procuram estabelecer a relação do pensamento e da linguagem mostrando que a língua é ativa, pois o ser humano é um sujeito ativo e a linguagem é a manifestação da personalidade do falante, do seu comportamento. Essa maneira de pensar a linguagem foi 78 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO influenciada por Noam Chomsky, que apresentou a linguagem como caráter inato ao ser humano. Para o autor, os seres humanos são dotados de uma capacidade de agir criativamente sobre a linguagem. Chomsky acreditava que a criatividade é o principal aspecto caracterizador do comportamento linguístico humano e o estímulo externo ativa o funcionamento da linguagem na mente (MARTELOTTA, 2008, p. 59). Por isso, a todo instante o indivíduo constrói frases novas e inéditas sem necessariamente tê-las ouvido antes. Se você convive com uma criança que está em processo de aquisição da linguagem, poderá perceber situações inusitadas e, às vezes, hilárias como, por exemplo, a fala: “eu fazi”. Por que a criança fala assim? Com certeza ela nunca ouviu alguém falando dessa forma. Parece que não, mas quando a criança fala assim, ela está pensando sobre a linguagem e fazendo generalizações com base no que ela escuta, como: eu comi, eu corri, eu bebi, então, “eu fazi”! É a lógica infantil. Esses são saberes que a criança adquire sobre a língua, não apenas por meio da vivência e experiência, mas também porque racionaliza e elabora hipóteses sobre a linguagem. Isso acontece tanto na linguagem oral, em seus atos comunicativos no cotidiano, como na linguagem escrita, pela observação de eventos de leitura e escrita. Chomsky, que estudou a linguagem 79 COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER com base na cognição, destacou dois momentos no processo de aquisição da língua. O primeiro denominou competência, capacidade inata ou conhecimento interno da língua, e o outro, desempenho, o uso concreto da língua, o comportamento observável (MARTELOTTA, 2008, p. 60). NA PRÁTICA Há algum tempo disparou na internet um vídeo de uma criança utilizando a expressão “eu mati” para explicar que havia matado a formiguinha do irmão. Nessa situação, você pode observar uma generalização da linguagemcomo mencionada acima. Assista ao vídeo para identificar essa realidade. https://www.youtube.com/ watch?v=pnfrb3--ksc. Acesso em: 20 dez. 2021. Até meados do século 20, o ensino era centrado no professor, o conteúdo era ensinado e a criança deveria aprender. O professor, “dono” do conhecimento, era quem definia o que era mais fácil ou mais difícil e qual o caminho percorrer para aprender. “A adoção dessa postura “adultocêntrica” não é uma decisão voluntária dos professores. É o ponto de vista que se pretende adotar quando o conhecimento científico disponível no momento ainda não permite a construção de um outro capaz de acolher o olhar, a perspectiva do aprendiz (WEISZ, 2002, p. 20). https://www.youtube.com/watch?v=pnfrb3--kSc https://www.youtube.com/watch?v=pnfrb3--kSc https://www.youtube.com/watch?v=pnfrb3--kSc 80 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO Então, vamos considerar, como mostra a figura 9, duas teorias em relação ao aprendizado da linguagem: Figura 9 – Teorias do aprendizado da linguagem Empirismo Racionalismo O conhecimento é derivado da experiência: estímulo-resposta. Capacidade inata: mente responsável pela aquisição do conhecimento Fonte: elaborada pela autora Segundo Micotti (2012, p. 48), “no enfoque empirista, o conhecimento é visto como resultante da pressão dos estímulos externos na inteligência do indivíduo e a aprendizagem como passível de ser manipulada diretamente de fora, pelo professor”. Esse é o pensamento que fundamenta o ensino tradicional. Para visualizarmos melhor o pensamento dessas teorias, na abordagem empirista a aprendizagem apresenta-se da seguinte maneira como na figura 9: Figura 10 – Aprendizagem na abordagem empirista Behaviorista • A criança é uma tábula rasa • Conhecimento por estímulo-resposta, imitação e reforço (depende do meio). • Informações prontas. 81 COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER Conexionismo ou associacionismo • Cérebro e suas redes neurais são responsáveis pelo aprendizado no momento da experiência empírica. • O estímulo-resposta está na base neural e não no meio. Fonte: Del Ré (2006) Em contrapartida, o pensamento da abordagem racionalista considerada o processo mental e criativo da criança pensar e refletir sobre a língua. Há duas vertentes nessa concepção, como ilustra a figura 11: Figura 11 – O pensamento na abordagem racionalista Construtivismo – a criança constrói seu conhecimento Cognitivismo sociointeracionismo Jean Piaget Lev vygotsky Fonte: elaborada pela autora Para Piaget, o pensamento, o raciocínio e as estruturas lógicas orientam a compreensão de mundo e cada etapa de desenvolvimento determina o que a criança será capaz de aprender. Para Vygotsky, pensamento e linguagem caminham juntos na compreensão de mundo e isso acontece pela interação com outras pessoas (adulto ou colega). Apesar de Piaget e Vygotsky apresentarem diferentes opiniões sobre o ensino, a contribuição destes educadores possibilitou um processo de alfabetização muito mais significativo. 82 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA Sob a influência dos estudos de base racionalista sobre a língua e, também, de pesquisas piagetianas, a psicolinguista Emília Ferreiro procurou estudar a aquisição da linguagem escrita em crianças no processo de alfabetização. Na Universidade de Buenos Aires, a pesquisadora iniciou sua pesquisa com as crianças dando origem ao estudo Los sistemas de escritura en el desarrollo del niño (O sistema de escrita no desenvolvimento infantil) e que no Brasil, em 1985, foi traduzida como “Psicogênese da Língua Escrita” (WEISZ, 2014, p. 161). Essa investigação foi desenvolvida por Emília Ferreiro em parceria com Ana Teberosky. A pesquisa teve como principal objetivo explicar o caminho que a criança percorre para compreender a leitura e a escrita. Durante dois anos de trabalho as pesquisadoras acompanharam crianças que tinham entre 4 e 5 anos de idade interpretando e analisando seus registros escritos e entrevistas orais. Segundo Azenha (1993, p. 35), iniciou-se a instauração de um novo paradigma para a interpretação da forma pela qual a criança aprende a ler e a escrever. A divulgação da pesquisa de Ferreiro no Brasil na década de 1980 causou um grande impacto entre os alfabetizadores e no meio educacional. Para a educadora Telma 83 COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER Weisz, a história da alfabetização pode ser dividida em antes e depois de Emília Ferreiro. Ferreiro concluiu seu doutorado em Genebra onde foi aluna e orientanda de Jean Piaget. De acordo com Micotti (2012, p. 49) a concepção piagetiana vê o conhecimento como “resultado da interação do sujeito com os objetos do conhecimento”, portanto, na alfabetização, é a interação com a língua escrita. Emília Ferreiro, baseada nos estudos piagetianos, classificou níveis pelos quais a criança percorre para aquisição da leitura e escrita. Essa classificação foi elaborada a partir de observações de momentos de escritas espontâneas em diversos grupos de crianças em fase de pré-escola ou início da alfabetização. Ferreiro pode notar que as crianças elaboravam algumas hipóteses bem peculiares em relação à linguagem escrita. Ao comentar sobre “A psicogênese da Língua Escrita”, Telma Weisz (2009, p. 22) esclarece que esse estudo mudou o foco da alfabetização na intenção de mostrar como de fato a criança aprende e não como se deve ensinar a criança. Segundo Esther Grossi (1990, p. 54), esse processo psicológico de aprendizado do indivíduo, a psicogênese, é a trajetória percorrida quando alguém se alfabetiza, e caracteriza-se “por uma sequência de níveis de concepções dos sujeitos que aprendem” e como se organiza o pensamento. 84 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO Ferreiro, como muitos outros educadores, teve uma grande preocupação com o ensino da leitura e da escrita no Brasil e na América Latina, pois um número significativo de crianças não aprende ou tem dificuldade para ler e escrever. Muitas abandonam a escola por causa do fracasso na lectoescrita ampliando, assim, o índice de analfabetismo no Brasil. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) 2019, a taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade foi estimada em 6,6% (11 milhões de analfabetos). Do IBGE (2006), 14,3 milhões de brasileiros – 10,3% da população – são pessoas que se declaram analfabetos absolutos, ou seja, não sabem ler ou escrever um bilhete simples. Por isso, um dos objetivos dos estudos da psicogênese da língua escrita também é mostrar que existe uma possibilidade de mudar esse quadro mostrando que a criança pode aprender de uma forma mais significativa e construtiva. Para isso, é preciso uma mudança conceitual sobre o sistema de escrita podendo ser entendida como um código ou como uma representação. “No caso da codificação, tanto os elementos como as relações já estão predeterminados. (...) No caso da criação de uma representação, nem os elementos nem as relações estão predeterminados” (FERREIRO, 1987, p. 12). Para a autora, é necessário compreender como se constroem 85 COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER as regras do sistema de escrita, pois a língua deve ser uma aprendizagem conceitual. Ao contrário do que muitos pensam, esse estudo não propõe um novo método, mas apresenta o processo de aquisição da língua escrita pelo sujeito que aprende. A proposta é mostrar que a criança aprende a linguagem escrita convencional por meio da sua interação com o objeto de conhecimento, sob orientação e intervenção planejada do professor. Até que a criança compreenda o sistema alfabético, podem produzir escritas bem peculiares e estranhas aos olhos do adulto alfabetizado. No entanto, Ferreiro mostra que a criança é capaz de refletir e pensar sobre a escrita, surgindo, então, algumas ideias interessantes e curiosas que servem de material para o professor repensar sua maneira de ver o erro e planejar sua ação pedagógica.a mão que escreve e o olho que lê estão sob o comando de um cérebro que pensa sobre a escrita que existe em seu meio social e com a qual toma contato através da sua própria participação em atos que envolvem o ler ou o escrever, em práticas sociais mediadas pela escrita (FERREIRO e TEBEROSKY, 1999 p. 8). Quando analisamos a escrita espontânea da criança, devemos ter o cuidado ao interpretá-la como errada, pois geralmente vemos o erro numa concepção tradicionalista e 86 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO ignoramos o pensamento da criança naquele momento. Isso envolve uma mudança de paradigmas que nem sempre é fácil de entender e aceitar. DEFININDO PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA Como já foi mencionado, a psicogênese da língua escrita é definida como a trajetória percorrida por quem está aprendendo a ler e a escrever. Segundo Weisz (2014, p. 159), a psicogênese é “a descrição do processo através do qual o sujeito adquire, se apropria, constrói, ou o melhor, reconstrói para si mesmo esse objeto de conhecimento”. Procura-se entender como esse caminho é interpretado pela criança, pois ela é vista como um ser que pensa e cria sobre o mundo ao seu redor, nesse caso, o mundo da escrita. Todo esse processo foi estudado e organizado em estágios ou níveis após estudo e interpretação da escrita espontânea de diferentes crianças. As definições de Grossi (1990) que se seguem auxiliarão no entendimento desses níveis e das hipóteses das quais as crianças se apropriam. Nas palavras de Grossi (1990): 87 COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER • Níveis: são constituídos por conjuntos de condutas, determinados pela forma como o sujeito vivencia os problemas em um processo de aprendizagem. • Condutas: são organizações típicas de prioridades típicas de prioridades de noções, das propriedades, das relações e das operações. • Noções: são conhecimentos elementares – intuitivos, sintéticos e não inteiramente precisos. Notamos que são ideias imprecisas sobre a escrita. A criança começa a pensar sobre a escrita com base em suas observações e vivências, então, essa percepção vem carregada de questionamentos: eu posso ler tudo o que está escrito? Escrevo tudo o que leio ou falo? Uso qualquer letra ou número para escrever? Preciso de muitas letras para escrever? Posso escrever com poucas letras? Escrevo qualquer palavra? Essas perguntas fazem parte da construção de hipóteses sobre a escrita mesmo antes da criança entrar na escola e à medida que esses questionamentos são respondidos proporciona uma evolução no desenvolvimento da compreensão da leitura e a escrita (GROSSI, 1990, p. 33 e 34). 88 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NÍVEIS DA PSICOGÊNESE DA ALFABETIZAÇÃO De acordo com as interpretações das escritas as crianças, Ferreiro e Teberosky observaram que, a cada fase, a forma de pensar e entender a escrita eram muito similares entre as crianças. Por isso, foram definidos alguns níveis sucessivos mostrando, de acordo com o momento na trajetória da psicogênese, a similaridade das respostas das crianças em relação à escrita era bem diferente. Esses níveis são classificados em: • pré-silábico; • silábico; • silábico-alfabético; • alfabético. Essa foi a nomenclatura adotada no Brasil para classificar os níveis da escrita das crianças. No entanto, Ferreiro e Teberosky definiram cinco níveis sucessivos: níveis 1 e 2, referem-se às características do nível pré-silábico; o nível 3, refere-se ao silábico; o nível 4 refere-se ao silábico-alfabético e o nível 5, ao alfabético. 89 COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER SAIBA MAIS Para aprofundamento dos estudos sobre os níveis de conceituação da escrita, leia o capítulo 6, “Evolução da Escrita” do livro da psicogênese da língua escrita de Fer- reiro e Teberosky (1999). De acordo com Grossi (1990), entre os níveis principais há momentos privilegiados denominados intermediários. Esses momentos são caracterizados por desequilíbrio e conflito na maneira de pensar a escrita, pois “perdem a estabilidade do nível anterior e ainda não se organizam de acordo com o nível seguinte” (GROSSI, 1990, p.56). Para Ferreiro e Teberosky (1999): Um progresso no conhecimento só será obtido senão através de um conflito cognitivo, isto é, quando a presença de um objeto (no sentido amplo de objeto de conhecimento) não-assimilável force o sujeito a modificar seus esquemas assimiladores, ou seja, a realizar um esforço de acomodação que tenda a incorporar o que resultava inassimilável (e que constitui, tecnicamente, uma perturbação) (FERREIRO e TEBEROSKY, 1999, p. 34). Inicia-se um preparo para que a criança avance de um nível elementar para um mais elaborado. Para que haja uma superação desses conflitos, é necessária uma nova organização 90 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO do pensamento – assimilação/acomodação – e assim, o sujeito progride na compreensão da língua escrita. PROCEDIMENTOS PARA CLASSIFICAÇÃO DOS NÍVEIS PSICOGENÉTICOS Para identificar esses níveis são realizados alguns ditados com as crianças. Dessa forma, o professor pode avaliar o que sabem sobre a leitura e a escrita. O ditado deve conter algumas palavras familiares ao contexto da criança, assim, ganha confiança para depois dar continuidade ao diagnóstico. Esse ditado pode ser aplicado da seguinte forma: 1. Selecionam-se palavras do cotidiano da criança de um mesmo grupo semântico, mas que ainda não tenham sido memorizadas por ela. As palavras selecionadas devem seguir o seguinte critério: uma polissílaba, uma trissílaba, uma dissílaba, uma monossílaba e uma frase (onde poderá ocorrer a repetição da escrita da palavra dissílaba que foi ditada anteriormente). 2. Pede-se à criança que escreva a palavra da maneira que acredita que se escreve. Caso a criança não 91 COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER queira escrever, pergunta-se quantas letras ela acha que serão necessárias para escrever aquela palavra. Dessa forma, o professor terá uma ideia do pensamento da criança em relação à escrita. 3. Logo em seguida, deve ser solicitado que a criança leia o que escreveu confirmando, assim, a sua hipótese em relação a escrita. Observe como a leitura foi escrita: geralmente a criança que está no nível pré-silábico, “corre” o dedinho embaixo da palavra confirmando que aceita todas as letras que utilizou para escrever. Já a criança que está na fase silábica, lê apontando cada letra como se fosse uma sílaba. As explicações sobre as ideias da criança serão discutidas a seguir, bem como os procedimentos que poderão ser adotados nas diferentes fases do desenvolvimento da leitura e da escrita. É importante que o professor compreenda cada fase para fazer um acompanhamento do desenvolvimento da criança ao longo do processo. CARACTERÍSTICAS DO NÍVEL PRÉ-SILÁBICO • Visão sincrética: não há discriminação das unidades linguísticas. 92 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO • Letras e números são a mesma coisa ou, às vezes, pode criar “pseudoletras” procurando aproximar-se das letras convencionais. • Não faz relação entre registro gráfico e aspecto sonoro da fala. • Não existe relação silábica. • A interpretação dessas escritas só pode ser feita pelo próprio autor imediatamente após a escrita, mas depois de um tempo, esse pode atribuir novos significados ao que escreveu. • É necessário, no mínimo, três letras para poder ler ou escrever, ou seja, não se escreve palavras com menos de três letras, por isso pode ter dificuldade de escrever palavras monossilábicas. • Não repete letras em sequência, há uma variação dos caracteres. • Realismo nominal: observou-se que algumas crianças podem atribuir propriedades do objeto para a escrita, isto é, transferência de características do 93 COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER significado para o significante. Portanto, a criança pode pensar: - “boi é grande, então preciso de muitas letras para escrever a palavra ‘boi’. Formiga é bem pequena, então não precisode muitas letras”. • Repertório de conhecimento das letras é limitado, geralmente utiliza as letras familiares ou do próprio nome. • Leitura global: ao ser solicitada para ler o que escreveu logo após a escrita, a criança lê passando o dedo embaixo da palavra. A criança nessa fase, por ainda não dominar os aspectos da leitura e escrita, não discrimina as unidades linguísticas e não compreende a relação entre registros gráficos e aspectos sonoros da fala. Muitas vezes utiliza apenas as letras familiares para compor seus registros. Em suma, pode-se perceber que essa é uma fase de negação da relação à língua escrita. Observe na figura 12: Figura 12 – Fase se negação em relação à língua NÃO realiza análise e síntese relaciona significado com significante compreende o sistema de representação Fonte: elaborada pela autora 94 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO Portanto, no nível pré-silábico, a criança deve ser estimulada a ter um rico contato com o mundo da leitura e a escrita através de diversos materiais de leitura para que perceba o valor e a utilidade desse veículo de comunicação. Seria importante que isto ocorresse no ambiente familiar primeiramente, mas nem sempre isso é possível. Infelizmente experiência e vivência com a leitura e a escrita não fazem parte da cultura de muitos lares brasileiros e isso pode prejudicar o processo de alfabetização. Torna-se, então, responsabilidade da escola resgatar esses momentos na vida das crianças procedentes de ambientes menos privilegiados na lectoescrita. A seguir, nas figuras 13 e 14, você poderá ver e analisar alguns exemplos de escrita de crianças no nível pré-silábico: Figura 13 - Escrita espontânea Fonte: Ferreiro e Teberosky (1999, p. 197) 95 COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER Observe que nessa escrita a criança ainda utiliza o desenho como apoio a escrita julgando que somente com letras não dá para ler. Escreve imitando a escrita manuscrita e “cria” algumas letras na tentativa de aproximar-se da escrita convencional. Também observamos a escrita de algumas letras familiares como “a” e “e” e misturou número com a escrita “1”. Figura 14 - Escrita espontânea Fonte: Seber (1997, p. 77) Na escrita da figura 14, a criança já domina um repertório mais amplo de letras, mas escreve sem fazer relação entre aspectos sonoros e registro gráfico. Observe uma linha abaixo de cada palavras, essa é a marcação de leitura, portanto faz a leitura global das palavras sem eliminar nenhuma letra. 96 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO Quando a criança está no nível pré-silábico, precisa de um ambiente estimulador de leitura e de escrita, pois começa a escrever por imitação. Segundo Soares (2020), nessa fase é importante ampliar o contato com a escrita, principalmente na sala de aula, para a criança poder “conhecer, reconhecer, nomear e grafar letras, progressivamente com mais segurança e habilidade grafomotora, o que é essencial para a aprendizagem do sistema alfabético (SOARES, 2020, p. 67). NÍVEL SILÁBICO No nível silábico, a criança começa a estabelecer relação entre a pronúncia e a escrita. Este processo pode ser facilitado se a criança tiver um convívio com de leitura e escrita no seu cotidiano. Neste nível a criança passa a atribuir valor silábico a escrita, ou seja, para cada som que escuta ou pronuncia, registra uma letra diferente, esta é a característica que marca esta fase e pode ser bem perceptível. Segundo Telma Weisz (2001) a “hipótese silábica é falsa e necessária”, pois a escrita convencional não segue esta lógica. Este é um tipo de erro que faz parto do processo de compreensão da escrita. Nesse esforço, a criança comete um erro: supõe que a menor unidade da língua é a sílaba. Um “erro” aliás 97 COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER muito lógico, se pensarmos na impossibilidade de emitir o fonema isolado. A hipótese silábica é, então, parcialmente falsa, mas necessária. Necessária como são necessários “erros construtivos” no caminho em direção ao conhecimento objetivo (WEISZ, 2001, p. 98). Segundo Ferreiro e Teberosky (1999, p. 33) “estes erros são sistemáticos, e não erros por falta de atenção ou por falta de memória”. Sendo assim, o professor precisa compreender esses erros para ajudar a criança a construir novos conceitos. Por isso, esta é a fase em que a criança começa a compreender o sistema de escrita alfabético. Características do nível silábico • Estabelece relações entre pronúncia e escrita; • segmentação quantitativas das palavras em tantos sinais gráficos, quantas são as vezes que se abre a boca para pronunciá- las, isto é, uma letra para cada sílaba; • ainda pode ocorrer acréscimo de letras em palavras monossílabas; 98 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO • na frase, pode utilizar uma letra para cada palavra ou pode representá-las silabicamente; • normalmente, repete a palavra dissílaba na frase; • domínio da forma e dos sons da maioria as letras. Segundo Soares (2020), o nível silábico representa-se em dois momentos: primeiro a criança escreve utilizando letras aleatórias, pois “ainda não adquiriu a capacidade de fonetização – a capacidade de perceber, na sílaba, sons individuais (fonemas) representados pelas letras que a compõem” (SOARES, 2020, p. 87). Esse momento da escrita é denominado silábico SEM valor sonoro convencional (VSC), pois a criança está mais preocupada com a quantidade de letras do que com quais letras irá escrever a palavra. No outro momento da escrita silábica, a criança não escolhe qualquer letra, mas aquela que corresponde ao som que mais se destaca na pronúncia da sílaba (SOARES, 2020, p. 97). Esse último é o nível silábico COM valor sonoro. Observe abaixo na figura 15, a escrita dos níveis silábicos. O primeiro, utiliza qualquer letra preocupando-se apenas com a quantidade: silábico sem valor. O outro, já utiliza letras que estão relacionadas com a pauta sonora da palavra: silábico com valor. 99 COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER Figura 15 – Nível silábico com e sem VSC silábico sem vsC > M R (pato) silábico com vsC > P T ou A O (pato) Fonte: elaborada pela autora A seguir, você poderá conhecer e analisar alguns exemplos de escrita de crianças no nível silábico: Figura 16 - Escrita espontânea Fonte: Azenha( 1993, p. 73) 100 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO Notamos, na figura 16, que a criança já memorizou a escrita do próprio nome, mas na escrita de palavras desconhecidas, está preocupada com quantas letras usará para escrevê-las. Não se preocupa com a pauta sonora, apenas procura fazer um registro para cada som (sílaba) que escuta ao pronunciar a palavra. Outra situação que podemos observar é que nas palavras: marinheiro, gigante, navio e peixe, a criança “lê” silabicamente, como vemos na marcação de leitura. No entanto, nas demais palavras, a leitura é global, ou seja, ela pensa que, para escrever, precisa no mínimo três letras. Portanto a escrita desta criança é silábica sem valor sonoro. Veja na figura 17: Figura 17 - Escrita espontânea Fonte: Seber (1997, p. 115) 101 COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER Na figura 17, a criança também está no nível silábico sem valor sonoro, pois não faz relação grafema/fonema. Diferente da criança da figura 16, esta já elimina letras, como podemos ver na escrita das palavras: “facho e facada”. Aparentemente aceita escrever uma palavra com duas letras. Figura 18 – Nível silábico com valor sonoro Fonte: Seber (1997, p. 121) Já na figura 18, a criança está no nível silábico com valor sonoro, pois podemos observar a preocupação em registrar letras que estejam relacionadas à pauta sonora das palavras. Apenas nas palavras “girafinha e Helena” que utiliza algumas letras não relacionadas com o valor sonoro. Curioso é que, apesar de saber seu nome de memória, faz leitura silábica nas palavras, mas não aceita eliminar as outras letras. Observe a escrita da palavra “gato”: a criança escreve a letra102 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO “H” para representar a sílaba “ga”. Esse é um pensamento muito comum entre as crianças a partir do nível silábico, relacionam nome da letra com a sílaba que querem representar: aga = ga. Figura 19 – Escrita silábica com valor sonoro Fonte: Seber (1997, p. 131) A escrita da figura 19 apresenta uma escrita silábica com valor sonoro e, diferente das outras escritas, essa criança aceitou, meio que a contragosto, escrever duas letras iguais em sequência. Na escrita das palavras “porco” e “bolo”, a criança ficou bem relutante, pois de acordo com seu nível, escreveria duas letras e iguais “O” e “O”. Ela achou que não poderia escrever assim, mas acabou aceitando para preservar a sonoridade das duas sílabas. 103 COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER Figura 20 – Nível silábico Fonte: Soares (2020, p. 97) No caso da figura 20, observamos a escrita de três crianças que estão nível silábico, pois registram uma letra para cada palavra. Além disso, fazem a fonetização da sílaba, escolhendo letras que fazem parte da sílaba. Notamos que as vogais aparecem em todas as sílabas, pois são bem perceptíveis e pronunciáveis, provavelmente porque, em português, é o núcleo da sílaba (SOARES, 2020, p. 97). Como já foi mencionado, entre os níveis silábico e alfabético pode haver um momento de desequilíbrio no qual o aluno não aceita a sua hipótese anterior, mas não tem outra para substituí-la, é um momento de conflito e, às vezes, regressão. Segundo Ferreiro e Teberosky (1999, p. 214), a criança abandona a hipótese silábica, pois sente a necessidade de uma análise que seja maior do que a silábica. 104 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO A criança busca uma nova hipótese, pois perceber que a sua escrita não é sociável. Esse período é muito importante, pois será a passagem para o nível alfabético aproximando-se, então, da escrita convencional. Quando a criança se encontra nesse estágio, faz-se necessário o conhecimento do VSC das letras, pois começa a acrescentar letras, principalmente na primeira sílaba. Ela já está bem próxima do nível alfabético. NÍVEL ALFABÉTICO Este nível constitui o final do processo de aquisição da escrita. Segundo Ferreiro e Teberosky (1999, p. 219) a criança já “compreendeu que cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores sonoros menores que a sílaba e realiza sistematicamente uma análise sonora dos fonemas das palavras que vai escrever”. Isso quer dizer que o avanço no processo de alfabetização foi bem grande, mas esta criança não está livre, ainda, de dificuldades ortográficas relacionados à língua. Sendo assim, a escrita dessa criança poderá apresentar muitos “erros ortográficos”, pois sua escrita ainda é fonética, isto é, escreve como se fala. Na passagem do nível silábico para o alfabético, a criança pode misturar as hipóteses da fase anterior às construções 105 COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER alfabéticas da escrita. Esta é a característica do nível silábico- alfabético, isto quer dizer que, em alguns momentos ela escreve silabicamente e em outros, alfabeticamente. Características do nível silábico- alfabético e alfabético: • Incorporação da estrutura silábica e organização alfabética intencional e completa. Nessa fase, a criança poderá transcrever o nome da letra para representar a sílaba. Exemplo: “gelo” = “glo”. Esse tipo de escrita é considerada silábica- alfabética, porque mescla os dois tipos de concepções, mas faz parte do nível alfabético. • Conhecimento do VSC de todas as letras ou da maioria delas, juntando-as para que formem sílabas ou palavras. • Distinção de letras, sílabas e frases, mas sem segmentar a frase convencionalmente. Escrevem de acordo com o ritmo da fala. • A escrita ainda não é ortográfica, portanto, a criança escreverá da maneira como pronuncia 106 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO as palavras, isto é, escrita fonética. Exemplo: matu (mato) ou xocolati (chocolate). Figura 21 – Nível silábico-alfabético Fonte: Seber (1997, p. 142) Na figura 21, observamos uma escrita do nível silábico- alfabético. Observe que, nas palavras “mala”, “comida”, “mamadeira”, “melado” e “mesa”, há a presença de sílabas completas. Isso quer dizer que a criança está começando a 107 COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER incorporar características da escrita alfabética. Mas ainda escreve representando uma letra para cada sílaba, característica do nível silábico. Figura 22- Escrita espontânea Fonte: Azenha (1993, p. 86) Na figura 22, observamos uma escrita bem sociável, ou seja, o leitor já pode entender o que a criança escreveu, embora ainda apresente características de escrita fonética, como nas palavras “dinossauro” e “cão”. Uma outra característica da escrita alfabética é a falta de segmentação convencional das palavras na frase, pois ela escreveu no ritmo da fala, como pode ser observado na escrita da frase “O urso é fofo.” 108 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO Figura 23 - Escrita espontânea Fonte: Soares (2020, p. 136) Na escrita da criança na figura 23 observamos a falta de conhecimento ortográfico, como nas palavras “desejo”, “mundo”, “passe” e “quero”. Essa criança precisa compreender a representação da letra S nas palavras, como pode ser observado nas palavras “desejo” e “passe”. Nesses contextos, precisa ser compreendido que a letra “S” pode representar o fonema /s/ ou o /z/. 109 COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER SAIBA MAIS Em 2019 o Ministério da Educação lançou a Política Na- cional de Alfabetização (PNA), instituída pelo Decreto n. 9.765. Neste documento, e também em Soares (2018), é destaca a posição de Linnea Ehri que identificou quatro fases de desenvolvimento da leitura e escrita: pré-alfa- bética, alfabética parcial, alfabética completa e alfabé- tica consolidada. Leia mais sobre estas fases em: http:// portal.mec.gov.br/images/banners/caderno_pna_final. pdf. Acesso em: 27 dez. 2021. PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO DA LINGUAGEM ESCRITA Após estudo da psicogênese da língua escrita, houve uma mudança de foco no processo de alfabetização. Antes a preocupação era como ensinar a criança a ler e a escrever, mas agora o foco é como a criança aprende. Portanto, uma proposta de alfabetização que pressupõe a construção do conhecimento deve considerar a importância do papel do professor como agente mediador. Dessa forma, a relação ensino/aprendizagem será por meio de práticas que envolvam o aluno em um processo ativo de aquisição da leitura e da escrita. http://portal.mec.gov.br/images/banners/caderno_pna_final.pdf http://portal.mec.gov.br/images/banners/caderno_pna_final.pdf http://portal.mec.gov.br/images/banners/caderno_pna_final.pdf http://portal.mec.gov.br/images/banners/caderno_pna_final.pdf 110 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO A atuação do professor é essencial promovendo ações para que a criança pense e reflita sobre o objeto de conhecimento afetando positivamente seu desenvolvimento em situações de conflitos cognitivos (MICOTTI, 2012, p. 51). Para que o professor entenda o seu papel de interventor e mediador precisa, primeiro, saber quem é o sujeito da aprendizagem, pois esse deve ser ativo e participativo no processo. Um sujeito ativo é aquele que compara, exclui, ordena, categoriza, reformula, comprova, formula hipóteses, reorganiza etc., em ação interiorizada (pensamento) ou em ação efetiva (segundo seu nível de desenvolvimento). Um sujeito que está realizando materialmente algo, porém, segundo as instruções ou o modelo para ser copiado, dado por outro, não é, habitualmente um sujeito intelectualmente ativo (FERREIRO e TEBEROSKY, 1999, p. 32). O sujeito que aprende não é passivo, mas atuante. Partindo do conhecimento já adquirido para algo novo. De acordo com Weisz (2009, p. 61), “o conhecimento não é gerado do nada, é uma permanente transformação a partir do conhecimento que já existe”. Por isso, há uma mudança no papel tradicional do professor, pois será um promotor de atividadesque possibilitam a reflexão por meio de resolução de problemas. Ou seja, o aluno deve pensar sobre a língua e construir a aprendizagem. 111 COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER O alfabetizador deve estar atento ao processo de construção do conhecimento para que a aquisição da leitura e escrita seja significativa. A criança deve ser bem estimulada a fazer uma análise linguística para avançar na trajetória da psicogênese. Portanto, é fundamental oportunizar eventos favoráveis ao estudo da língua onde a criança possa comparar e observar a escrita por meio da análise fonética e fonológica das palavras. Esse trabalho propiciará uma rica fonte de informações para a própria criança repensar sua hipótese da escrita e avançar para uma efetiva alfabetização. É nesse momento que o professor precisa organizar e planejar as atividades de acordo com as necessidades de cada nível. O planejamento deve promover a reflexão da língua tendo o texto como eixo central do processo de aquisição da leitura e escrita (SOARES, 2020, p. 33). Independentemente do nível em que a criança se encontra, a aprendizagem do sistema alfabético situa-se no texto. É a partir do texto e da sua função social no cotidiano que a criança aprende a ler. Por isso, atividades que promovam a leitura e a escrita em sala de aula devem fazer parte da ação pedagógica. A criança que está no nível pré-silábico, de acordo com Grossi (1990, p. 72), precisa compreender a vinculação entre 112 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO o texto oral e escrito, analisar e reconhecer textos distintos. Considerando que o nome também é um texto por ter uma função social, o nome próprio será o primeiro modelo de escrita estável para a criança avançar na trajetória da psicogênese (FERREIRO e TEBEROSKY, 1999, p. 221). O alfabetizador ou o professor da educação infantil pode realizar diferentes atividades com o nome, como: comparação (semelhanças e diferenças) dos nomes dos colegas, contagem e reconhecimento de formas e sons das letras, sempre fazendo uso da ludicidade. Essas atividades proporcionam ricas experiências linguísticas para o aluno no nível pré-silábico. Abaixo é sugerida uma sequência de atividades para explorar o texto podem ser aplicadas a qualquer nível levando em consideração as necessidades de cada criança. Veja na figura 24. Figura 24 - Texto (apresentação coletiva) 1. Textos significativo (narrativa, parlenda, cantiga, poema, entre outros) 2. Trabalho com o texto 2.1. Apresentar em cartaz 2.2. A professora lê todo o texto 2.3. A classe repete cada frase após a leitura 2.4. voltar a ler as frases em sequência 2.7. Perguntar quem sabe ler o título (mostrando) 113 COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER 2.8. Também com as frases 2.9. Distribuir o texto aos alunos 3. Texto (apresentação individual) 3.1. Marcar a inicial do próprio nome 3.2. Marcar os espaços entre as palavras 3.3. Identificar as palavras mostradas (palavras chaves) 3.4. Escrever palavras do próprio texto 3.5. Cópia de partes do texto (significativas) 3.6. Completar o texto com palavras que faltam (texto lacunado) 3.7. Ordenar as frases do texto 3.8. Classificar as palavras (trabalhadas no texto) como no dicionário. Fonte: elaborada pela autora No nível silábico, a criança começa a segmentar a palavra na cadeia sonora atribuindo um registro para cada som. Nessa fase, o professor precisa, além do texto, explorar atividades para desenvolvimento da fonetização. A criança precisa de atividades que a estimulem a avançar no processo, como jogos lúdicos. Eles fazem com que a criança aprenda brincando e são ótimos recursos para refletir sobre a língua. SAIBA MAIS Podemos encontrar diferentes materiais destacando a importância de jogos de alfabetização como um recurso de aprendizagem. 114 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO Conheça um desses materiais produzidos pelo Centro de Estudos em Educação e Linguagem (CEEL) da Univer- sidade Federal do Pernambuco. É um manual que expli- ca a importância desse recurso e apresenta dez suges- tões de jogos para alfabetização. Disponível em: http:// www.serdigital.com.br/gerenciador/clientes/ceel/mate- rial/28.pdf. Acesso em: 27 dez. 2021. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nessa unidade, estudamos sobre a importância de conhecer a trajetória percorrida pela criança para ser alfabetizada. A pesquisa da Psicogênese da Língua Escrita foi um marco importante para compreendermos o processo de aquisição da leitura e escrita sob o olhar de quem aprende. Este estudo propôs um repensar sobre o ensino da língua com base numa proposta tradicional que enfatizava um aprendizado mecânico e compartimentado. Com base numa abordagem cognitiva e na psicolinguística, o estudo de Ferreiro e Teberosky revolucionou a alfabetização no Brasil. A criança passou a ser vista como um sujeito que pensa, cria, elabora hipóteses sobre a escrita, por isso entendemos ser capaz de construir conceitos para a compreensão do http://www.serdigital.com.br/gerenciador/clientes/ceel/material/28.pdf http://www.serdigital.com.br/gerenciador/clientes/ceel/material/28.pdf http://www.serdigital.com.br/gerenciador/clientes/ceel/material/28.pdf http://www.serdigital.com.br/gerenciador/clientes/ceel/material/28.pdf 115 COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER sistema de escrita alfabético. Observa-se que diante desse contexto, o aprendiz elabora e constrói uma aprendizagem conceitual da língua para compreensão do funcionamento do sistema alfabético. Apesar de muitas pesquisas e estudos nessa área, a discussão sobre a alfabetização infantil tem sido pouco producente, pois muitas vezes se esquece de como a criança aprende, pois o foco ainda está nos métodos de alfabetização. No entanto, o que é essencial está muito além de ser apenas a aplicação desse ou daquele método, mas refletir sobre a aquisição da leitura e escrita como um processo conceitual. Por isso, o professor precisa identificar e compreender os níveis que a criança percorre no processo de alfabetização. Entender as peculiaridades de cada etapa orienta o alfabetizador em seu papel como mediador nessa trajetória. Dessa forma, é possível planejar intervenções adequadas para o avanço da criança na compreensão do sistema alfabético. O professor deve conscientizar-se também de que a didática na alfabetização tem como eixo o texto, pois vivemos em uma sociedade cercada pela leitura e escrita. Dessa forma, a aquisição da leitura e escrita é mais significativa, pois apresenta os usos e funções dos diferentes textos fazendo com que a criança alcance uma alfabetização efetiva. 116 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO RESUMO Nesta unidade aprendemos que: • As pesquisas na área da linguística especificamente a psicolinguística ressignificaram a visão do educador de como a criança aprende a ler e a escrever. Saímos de uma concepção empirista e comportamentalista para uma abordagem racionalista onde o sujeito pensa, cria e elabora hipóteses sobre o objeto de conhecimento. A posição da escola tradicional, de base behaviorista, acredita numa aprendizagem de fora para dentro, diferente da concepção racionalista, que vê a criança capaz de construir o seu conhecimento sob a orientação do professor. • O estudo da psicogênese da língua escrita de Emília Ferreiro e Ana Teberosky mudou a perspectiva do ensino da leitura e da escrita no Brasil. As autoras apresentaram que as crianças criam hipóteses sobre a escrita mesmo antes de entrar na escola. Por meio de entrevistas e acompanhamento da escrita de crianças perceberam que as crianças apresentam ideias peculiares para solucionar situações de escrita. Das interpretações dessas escritas, surgiram os níveis: pré-silábico, silábico, silábico-alfabético e alfabético. Esses níveis apresentam as 117 COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER ideias imprecisas das crianças em relação à escrita, mas que fazem parte do processo de aquisição da leitura e da escrita. • É importante o professorconhecer esses níveis para organizar e planejar sua ação didática. O papel do professor como mediador e interventor no processo conduz a criança para a construção do sistema alfabético. Todo o trabalho didático na alfabetização deve ter o texto como eixo central, porque o texto tem uma função social que deve ser trabalhada em sala de aula. Além disso, a partir do texto, a criança deve ser bem estimulada a fazer uma análise linguística para avançar na trajetória da psicogênese e tornar-se plenamente alfabetizada. REFERÊNCIAS AZENHA, M. G. Construtivismo - De Piaget a Emília Ferreiro. São Paulo, Ed. Ática, 1993. CAGLIARI, L. C. Alfabetização e Linguística. São Paulo: Editora Scipione, 1998. FERREIRO, E. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: Cortez: Autores associados, 1987. 118 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO FERREIRO, E. e TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artmed, 2006. FRANCO, Ângela et al. Contrutivismo: Uma Ajuda ao Professor. Belo Horizonte: Ed Lê, 1994. GROSSI, Esther Pillar. Didática da Alfabetização vol.I. Rio de Janeiro: Ed. Paz e Paz, 1990. MARTELLOTA, M.E. (org) Manual de linguística. São Paulo: Contexto, 2008. MICOTTI, M. C. O. Alfabetização: propostas e práticas pedagógicas. São Paulo: Contexto, 2012. MOLL, J. Alfabetização Possível – Reinventando o ensinar e o aprender. 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Alfabetização: a história sobre como ensinar a ler e a escrever Introdução Alfabetização: conhecendo a história da escrita ao longo dos tempos Conceito de alfabetização Métodos sintéticos Método alfabético Método fônico Método silábico Métodos analíticos de alfabetização Método da palavração Método da sentenciação Método do conto A didática das cartilhas utilizadas para o ensino da leitura e da escrita Considerações finais Referências Como a criança aprende a escrever e ler Introdução A ressignificação do ensino da leitura e da escrita Psicogênese da língua escrita Definindo psicogênese da língua escrita Níveis da psicogênese da alfabetização Procedimentos para classificação dos níveis psicogenéticos Nível silábico Nível alfabético Processos de construção da linguagem escrita Considerações finais Referências Letramento: o sentido de aprender e ensinar a ler e a escrever Introdução Letramento: conceito Diferenciando letramento O letramento na escola Letramento: BNCC e PNA Considerações finais Referências Alfabetizar letrando: o texto na sala de aula Introdução Alfabetizar letrando: centralidade do texto Produção escrita a partir do texto Letramento literário Estágios psicológicos da criança Proposta didática com literatura infantil Letramento: um conceito plural Considerações finais Referências Alfabetização: estudo da especificidade da língua Introdução Consciência fonológica Conceito de palavra Rimas e aliterações A sílaba Consciência fonêmica Considerações finais Referências Botão 6: Botão 7: Botão 8:
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