Buscar

E-book da unidade 2

Prévia do material em texto

ALFABETIZAÇÃO 
E LETRAMENTO
Denise A. M. de Oliveira
1ª Edição, 2022
EAD
Reitor e Diretor Campus Engenheiro Coelho: Martin Kuhn 
Vice-reitor para a Educação Básica e Diretor Campus Hortolândia: Douglas Jefferson Menslin
Vice-reitor para a Educação Superior e Diretor Campus São Paulo: Afonso Cardoso Ligório
Vice-reitor administrativo: Telson Bombassaro Vargas 
Pró-reitor de graduação: Afonso Cardoso Ligório 
Pró-reitor de pesquisa e desenvolvimento institucional: Allan Macedo de Novaes 
Pró-reitor de educação à distância: Fabiano Leichsenring Silva 
Pró-reitor de desenvolvimento espiritual e comunitário: Henrique Melo Gonçalves
Pró-reitor de Desenvolvimento Estudantil: Carlos Alberto Ferri
Pró-reitor de Gestão Integrada: Claudio Knoener 
Educação Adventista a Distância
Conselho editorial e artístico: Dr. Adolfo Suárez; Dr. Afonso Cardoso; Dr. Allan Novaes; 
Me. Diogo Cavalcanti; Dr. Douglas Menslin; Pr. Eber Liesse; Me. Edilson Valiante; 
Dr. Fabiano Leichsenring, Dr. Fabio Alfieri; Pr. Gilberto Damasceno; Dra. Gildene Silva; 
Pr. Henrique Gonçalves; Pr. José Prudêncio Júnior; Pr. Luis Strumiello; Dr. Martin Kuhn; 
Dr. Reinaldo Siqueira; Dr. Rodrigo Follis; Esp. Telson Vargas
Editor-chefe: Rodrigo Follis
Gerente administrativo: Bruno Sales Ferreira
Editor associado: Werter Gouveia
Responsável editorial pelo EaD: Luiza Simões
Editora Universitária Adventista
Presidente Divisão Sul-Americana: Stanley Arco
Diretor do Departamento de Educação para a Divisão Sul-Americana: Antônio Marcos
Presidente Mantenedora Unasp (IAE): Maurício Lima
1ª Edição, 2022
ALFABETIZAÇÃO 
E LETRAMENTO
Editora Universitária Adventista 
Engenheiro Coelho, SP
Denise Andrade Moura de Oliveira
Mestra em Educação pelo UNASP - EC
Campagnoni, Mariana / dos Santos, Diego Henrique Moreira
Formação da identidade profissional do contador [livro eletrônico] / Mariana Campagnoni. -- 1. 
ed. -- Engenheiro Coelho, SP : Unaspress, 2020.
1 Mb ; PDF
ISBN 978-85-8463-172-8
1. Carreira profissional 2. Contabilidade 3. Contabilidade como profissão 4. Contabilidade como 
profissão - Leis e legislação 5. Formação profissional 6. Negócios I. Título.
20-33026 CDD-370.113
Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP)
(Ficha catalográfica elaborada por Hermenérico Siqueira de Morais Netto – CRB 7370)
Alfabetização e Letramento
1ª edição – 2022
e-book (pdf)
OP 00123_006
Coordenação editorial: Késia Santos
Conteudista: Denise A. Moura de Oliveira
Preparador: Kawanna Cordeiro
Projeto gráfico: Ana Paula Pirani 
Capa e Diagramação: William Nunes 
Caixa Postal 88 – Reitoria Unasp
Engenheiro Coelho, SP – CEP 13448-900
Tel.: (19) 3858-5171 / 3858-5172 
www.unaspress.com.br
Editora Universitária Adventista
Validação editorial científica ad hoc:
Vanessa Raquel de Almeida Meira
Doutora em Teologia pela Faculdades EST.
Editora associada:
Todos os direitos reservados à Unaspress - Editora Universitária Adventista. Proibida 
a reprodução por quaisquer meios, sem prévia autorização escrita da editora, salvo 
em breves citações, com indicação da fonte.
SUMÁRIO
ALFABETIZAÇÃO: A HISTÓRIA SOBRE COMO 
ENSINAR A LER E A ESCREVER ............................... 13
Introdução ........................................................................................14
Alfabetização: conhecendo a história da 
escrita ao longo dos tempos ...........................................................15
Conceito de alfabetização ................................................................23
Métodos sintéticos ...........................................................................38
Método alfabético ...................................................................39
Método fônico .........................................................................41
Método silábico .......................................................................45
Métodos analíticos de alfabetização ...............................................48
Método da palavração ............................................................51
Método da sentenciação .........................................................53
Método do conto .....................................................................54
A didática das cartilhas utilizadas para o 
ensino da leitura e da escrita ...........................................................56
Considerações finais.........................................................................65
Referências .......................................................................................69
COMO A CRIANÇA APRENDE 
A ESCREVER E LER ................................................. 73
Introdução ........................................................................................74
A ressignificação do ensino 
da leitura e da escrita .......................................................................75
Psicogênese da língua escrita .................................................82
Definindo psicogênese da língua escrita ................................86
Níveis da psicogênese 
da alfabetização ...............................................................................88
Procedimentos para classificação 
dos níveis psicogenéticos .......................................................90
Nível silábico ...........................................................................96
Nível alfabético.......................................................................104
VO
CÊ
 ES
TÁ
 A
QU
I
Processos de construção 
da linguagem escrita .............................................................109
Considerações finais........................................................................114
Referências ......................................................................................117
LETRAMENTO: O SENTIDO DE APRENDER 
E ENSINAR A LER E A ESCREVER .......................... 121
Introdução .......................................................................................122
Letramento: conceito ......................................................................123
Diferenciando letramento ..............................................................137
O letramento na escola ...................................................................148
Letramento: BNCC e PNA ................................................................158
Considerações finais........................................................................170
Referências ......................................................................................173
VO
CÊ
 ES
TÁ
 A
QU
I
ALFABETIZAR LETRANDO: 
O TEXTO NA SALA DE AULA .................................. 177
Introdução .......................................................................................178
Alfabetizar letrando: 
centralidade do texto ......................................................................179
Produção escrita a partir do texto ..........................................196
Letramento literário ........................................................................201
Estágios psicológicos da criança ............................................206
Proposta didática com literatura infantil ...............................212
Letramento: um conceito plural .....................................................219
Considerações finais........................................................................225
Referências ......................................................................................229
ALFABETIZAÇÃO: ESTUDO DA 
ESPECIFICIDADE DA LÍNGUA ................................ 233
Introdução .......................................................................................234
Consciência fonológica ...................................................................235
Conceito de palavra.........................................................................246
Rimas e aliterações .........................................................................253A sílaba ............................................................................................256
Consciência fonêmica .....................................................................263
Considerações finais........................................................................273
Referências ......................................................................................277
PARA OTIMIZAR A IMPRESSÃO DESTE ARQUIVO, CONFIGURE 
A IMPRESSORA PARA DUAS PÁGINAS POR FOLHA.
EMENTA
Estudo das concepções da aquisição da 
linguagem e do processo sócio-histórico 
e cultural da alfabetização, articulados 
ao desenvolvimento das práticas 
pedagógicas que promovam o letramento 
do cotidiano e literário na formação 
do leitor/escritor crítico, consciente e 
comprometido com a sociedade.
OB
JE
TI
VO
S
- Classificar os níveis que a criança percorre para aquisição da leitura e 
da escrita: pré-silábico, silábico, silábico-alfabético e alfabético.
- Conscientizar-se dos referenciais e normas dimensionadas nos 
documentos que regulamentam o ensino e são a base para o 
planejamento pedagógico a fim de garantir o direito à aprendizagem 
da leitura e da escrita e ao desenvolvimento integral dos estudantes.
- Refletir sobre a importância da mediação do professor nas diversas 
situações de aquisição da língua.
COMO A CRIANÇA APRENDE 
A ESCREVER E LER
UNIDADE 2
74
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
INTRODUÇÃO
Olá, bem-vindo (a) ao estudo sobre alfabetização e 
letramento. Você já refletiu a respeito do que uma criança 
pensa quando está aprendendo a ler e a escrever? A criança 
aprende a escrever da mesma forma que aprende a falar? 
O quanto ela precisa ser “ensinada” para aprender os 
mecanismos da língua escrita? Nesse início de aquisição da 
língua escrita, muitas ideias equivocadas apresentadas pela 
criança, na realidade, são uma forma criativa e, às vezes, 
lógica de compreensão da leitura e da escrita. Por isso, nesta 
unidade você estudará sobre os processos cognitivos de 
aquisição do sistema de escrita alfabética entendendo os 
diferentes níveis que a criança percorre nessa trajetória.
Portanto, o professor alfabetizador deve estar atento ao 
processo de aquisição da leitura e da escrita e fazer dessa 
jornada um aprendizado significativo. A criança deve ser 
bem estimulada para despertar a curiosidade sobre esse novo 
conhecimento testando suas hipóteses por meio de análises 
e comparações. Para isso, o papel do professor é oportunizar 
eventos favoráveis de estudo da língua utilizando textos que 
fazem parte do cotidiano da criança. 
75
COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER
Ao final desta unidade, esperamos que você tenha 
aprendido:
• As bases teóricas que permitem entender 
como a criança aprende a ler e a escrever;
• Os níveis de aquisição da língua escrita: pré-
silábico, silábico, silábico-alfabético e alfabético;
• Os processos de construção da escrita por 
meio das intervenções do professor.
Bom estudo!
A RESSIGNIFICAÇÃO DO ENSINO 
DA LEITURA E DA ESCRITA
É sabido que os diferentes métodos de ensino numa 
abordagem associacionista ou conexionista apresentam a 
leitura e escrita como uma associação entre grafema e fonema 
reduzindo a língua a uma relação simplista de código: 
codificação e decodificação. Desta forma, perde-se informações 
importantes para compreender do sistema de escrita alfabético 
76
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
como um sistema notacional. Há 
professores que, por falta de formação 
adequada, ignoram o pensamento da 
criança sobre a escrita. Como na situação 
do Pedro, que aos 4 anos mostrou 
habilidade metalinguística identificando 
uma palavra “dentro da outra”. Mas, 
infelizmente, ainda há educadores 
que consideram a criança como uma 
tábula rasa, como no pensamento 
empirista. Portanto, analisaremos uma 
nova proposta de aquisição da língua 
refletindo, não apenas sobre como 
ensinar, mas, principalmente, sobre como 
a criança aprende.
O estudo da língua como ciência 
se desenvolveu a partir do início do 
século 20 sob a influência do trabalho 
de Saussure que procurava explicar o 
funcionamento da linguagem humana. 
Esse pesquisador tornou-se conhecido 
com a divulgação da obra “Curso de 
Linguística Geral” revolucionando 
os estudos sobre a linguagem. Para 
METALINGUÍSTICA
habilidade de “refletir sobre a 
linguagem. Essa reflexão pode 
vincular-se a diferentes di-
mensões da língua: seus sons, 
suas palavras ou partes destas, 
as formas sintáticas usadas 
nos textos que construímos, 
as características, e proprieda-
des dos textos orais e escritos ( 
MORAIs, 2019, p. 41).
77
COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER
Saussure a “langue” (língua) constitui um sistema linguístico 
de base social que é utilizado como meio de comunicação 
pelos membros de uma determinada comunidade” 
(MARTELOTTA, 2008, p. 53). Esse foi o marco inicial das 
pesquisas na área da linguagem como ciência, surgindo, 
depois disto, diferentes ramos para explicar o conceito de 
linguagem e língua sob a perspectiva de outras ciências. Isto 
possibilitou mostrar como a linguística também se relaciona 
com diferentes áreas do conhecimento e da pesquisa como, 
por exemplo, a semiologia, a filologia, a gramática, a 
psicologia, a neurologia, a sociologia, e outras. Portanto, a 
linguística abre a possibilidade à pesquisa interdisciplinar. 
A área da linguística que nos interessa abordar neste 
momento é a psicologia, ciência interdisciplinar denominada 
psicolinguística, inicialmente conhecida como psicologia 
da linguagem. A psicolinguística é o estudo do processo de 
aquisição da linguagem pelo qual as crianças passam desde a 
língua oral à escrita. Essa ciência interessa-se pelos processos 
mentais de produção da linguagem (CAGLIARI, 1998, p. 
46 e 47). Os linguistas, nessa área, procuram estabelecer 
a relação do pensamento e da linguagem mostrando que 
a língua é ativa, pois o ser humano é um sujeito ativo e a 
linguagem é a manifestação da personalidade do falante, do 
seu comportamento. Essa maneira de pensar a linguagem foi 
78
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
influenciada por Noam Chomsky, que apresentou a linguagem 
como caráter inato ao ser humano. 
Para o autor, os seres humanos são dotados de uma 
capacidade de agir criativamente sobre a linguagem. Chomsky 
acreditava que a criatividade é o principal aspecto caracterizador 
do comportamento linguístico humano e o estímulo externo 
ativa o funcionamento da linguagem na mente (MARTELOTTA, 
2008, p. 59). Por isso, a todo instante o indivíduo constrói frases 
novas e inéditas sem necessariamente tê-las ouvido antes. Se 
você convive com uma criança que está em processo de aquisição 
da linguagem, poderá perceber situações inusitadas e, às vezes, 
hilárias como, por exemplo, a fala: “eu fazi”. Por que a criança 
fala assim? Com certeza ela nunca ouviu alguém falando dessa 
forma. Parece que não, mas quando a criança fala assim, ela está 
pensando sobre a linguagem e fazendo generalizações com base 
no que ela escuta, como: eu comi, eu corri, eu bebi, então, “eu 
fazi”! É a lógica infantil. 
Esses são saberes que a criança adquire sobre a língua, 
não apenas por meio da vivência e experiência, mas também 
porque racionaliza e elabora hipóteses sobre a linguagem. Isso 
acontece tanto na linguagem oral, em seus atos comunicativos 
no cotidiano, como na linguagem escrita, pela observação de 
eventos de leitura e escrita. Chomsky, que estudou a linguagem 
79
COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER
com base na cognição, destacou dois momentos no processo 
de aquisição da língua. O primeiro denominou competência, 
capacidade inata ou conhecimento interno da língua, e o outro, 
desempenho, o uso concreto da língua, o comportamento 
observável (MARTELOTTA, 2008, p. 60). 
NA PRÁTICA
Há algum tempo disparou na internet um vídeo de uma criança 
utilizando a expressão “eu mati” para explicar que havia matado 
a formiguinha do irmão. Nessa situação, você pode observar uma 
generalização da linguagemcomo mencionada acima. Assista ao 
vídeo para identificar essa realidade. https://www.youtube.com/
watch?v=pnfrb3--ksc. Acesso em: 20 dez. 2021.
Até meados do século 20, o ensino era centrado no 
professor, o conteúdo era ensinado e a criança deveria 
aprender. O professor, “dono” do conhecimento, era 
quem definia o que era mais fácil ou mais difícil e qual 
o caminho percorrer para aprender. “A adoção dessa 
postura “adultocêntrica” não é uma decisão voluntária dos 
professores. É o ponto de vista que se pretende adotar quando 
o conhecimento científico disponível no momento ainda não 
permite a construção de um outro capaz de acolher o olhar, a 
perspectiva do aprendiz (WEISZ, 2002, p. 20).
https://www.youtube.com/watch?v=pnfrb3--kSc
https://www.youtube.com/watch?v=pnfrb3--kSc
https://www.youtube.com/watch?v=pnfrb3--kSc
80
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Então, vamos considerar, como mostra a figura 9, duas 
teorias em relação ao aprendizado da linguagem:
Figura 9 – Teorias do aprendizado da linguagem
Empirismo Racionalismo 
O conhecimento é derivado da experiência: 
estímulo-resposta.
Capacidade inata: mente responsável pela 
aquisição do conhecimento
Fonte: elaborada pela autora
Segundo Micotti (2012, p. 48), “no enfoque empirista, o 
conhecimento é visto como resultante da pressão dos estímulos 
externos na inteligência do indivíduo e a aprendizagem 
como passível de ser manipulada diretamente de fora, pelo 
professor”. Esse é o pensamento que fundamenta o ensino 
tradicional.
Para visualizarmos melhor o pensamento dessas teorias, na 
abordagem empirista a aprendizagem apresenta-se da seguinte 
maneira como na figura 9: 
Figura 10 – Aprendizagem na abordagem empirista
Behaviorista
• A criança é uma tábula rasa
• Conhecimento por estímulo-resposta, imitação e reforço 
(depende do meio).
• Informações prontas.
81
COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER
Conexionismo ou 
associacionismo
• Cérebro e suas redes neurais são responsáveis pelo 
aprendizado no momento da experiência empírica.
• O estímulo-resposta está na base neural e não no meio.
Fonte: Del Ré (2006)
Em contrapartida, o pensamento da abordagem racionalista 
considerada o processo mental e criativo da criança pensar 
e refletir sobre a língua. Há duas vertentes nessa concepção, 
como ilustra a figura 11:
Figura 11 – O pensamento na abordagem racionalista
Construtivismo – a criança constrói seu conhecimento
Cognitivismo sociointeracionismo
Jean Piaget Lev vygotsky
Fonte: elaborada pela autora
Para Piaget, o pensamento, o raciocínio e as estruturas 
lógicas orientam a compreensão de mundo e cada etapa de 
desenvolvimento determina o que a criança será capaz de 
aprender. Para Vygotsky, pensamento e linguagem caminham 
juntos na compreensão de mundo e isso acontece pela interação 
com outras pessoas (adulto ou colega). Apesar de Piaget e 
Vygotsky apresentarem diferentes opiniões sobre o ensino, a 
contribuição destes educadores possibilitou um processo de 
alfabetização muito mais significativo. 
82
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA
Sob a influência dos estudos de base racionalista sobre a 
língua e, também, de pesquisas piagetianas, a psicolinguista 
Emília Ferreiro procurou estudar a aquisição da linguagem 
escrita em crianças no processo de alfabetização. Na 
Universidade de Buenos Aires, a pesquisadora iniciou sua 
pesquisa com as crianças dando origem ao estudo Los sistemas 
de escritura en el desarrollo del niño (O sistema de escrita 
no desenvolvimento infantil) e que no Brasil, em 1985, foi 
traduzida como “Psicogênese da Língua Escrita” (WEISZ, 2014, 
p. 161). Essa investigação foi desenvolvida por Emília Ferreiro 
em parceria com Ana Teberosky. 
A pesquisa teve como principal objetivo explicar o caminho 
que a criança percorre para compreender a leitura e a escrita. 
Durante dois anos de trabalho as pesquisadoras acompanharam 
crianças que tinham entre 4 e 5 anos de idade interpretando e 
analisando seus registros escritos e entrevistas orais. Segundo 
Azenha (1993, p. 35), iniciou-se a instauração de um novo 
paradigma para a interpretação da forma pela qual a criança 
aprende a ler e a escrever. A divulgação da pesquisa de Ferreiro 
no Brasil na década de 1980 causou um grande impacto entre os 
alfabetizadores e no meio educacional. Para a educadora Telma 
83
COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER
Weisz, a história da alfabetização pode ser dividida em antes e 
depois de Emília Ferreiro. 
Ferreiro concluiu seu doutorado em Genebra onde foi aluna 
e orientanda de Jean Piaget. De acordo com Micotti (2012, p. 
49) a concepção piagetiana vê o conhecimento como “resultado 
da interação do sujeito com os objetos do conhecimento”, 
portanto, na alfabetização, é a interação com a língua escrita. 
Emília Ferreiro, baseada nos estudos piagetianos, classificou 
níveis pelos quais a criança percorre para aquisição da leitura e 
escrita. Essa classificação foi elaborada a partir de observações 
de momentos de escritas espontâneas em diversos grupos 
de crianças em fase de pré-escola ou início da alfabetização. 
Ferreiro pode notar que as crianças elaboravam algumas 
hipóteses bem peculiares em relação à linguagem escrita.
Ao comentar sobre “A psicogênese da Língua Escrita”, 
Telma Weisz (2009, p. 22) esclarece que esse estudo mudou 
o foco da alfabetização na intenção de mostrar como de fato 
a criança aprende e não como se deve ensinar a criança. 
Segundo Esther Grossi (1990, p. 54), esse processo psicológico 
de aprendizado do indivíduo, a psicogênese, é a trajetória 
percorrida quando alguém se alfabetiza, e caracteriza-se 
“por uma sequência de níveis de concepções dos sujeitos que 
aprendem” e como se organiza o pensamento.
84
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Ferreiro, como muitos outros educadores, teve uma 
grande preocupação com o ensino da leitura e da escrita no 
Brasil e na América Latina, pois um número significativo 
de crianças não aprende ou tem dificuldade para ler e 
escrever. Muitas abandonam a escola por causa do fracasso 
na lectoescrita ampliando, assim, o índice de analfabetismo 
no Brasil. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de 
Domicílios Contínua (PNAD Contínua) 2019, a taxa de 
analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade foi 
estimada em 6,6% (11 milhões de analfabetos). Do IBGE 
(2006), 14,3 milhões de brasileiros – 10,3% da população – são 
pessoas que se declaram analfabetos absolutos, ou seja, não 
sabem ler ou escrever um bilhete simples. 
Por isso, um dos objetivos dos estudos da psicogênese da 
língua escrita também é mostrar que existe uma possibilidade 
de mudar esse quadro mostrando que a criança pode aprender 
de uma forma mais significativa e construtiva. Para isso, é 
preciso uma mudança conceitual sobre o sistema de escrita 
podendo ser entendida como um código ou como uma 
representação. “No caso da codificação, tanto os elementos 
como as relações já estão predeterminados. (...) No caso da 
criação de uma representação, nem os elementos nem as 
relações estão predeterminados” (FERREIRO, 1987, p. 12). 
Para a autora, é necessário compreender como se constroem 
85
COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER
as regras do sistema de escrita, pois a língua deve ser uma 
aprendizagem conceitual.
Ao contrário do que muitos pensam, esse estudo não 
propõe um novo método, mas apresenta o processo de 
aquisição da língua escrita pelo sujeito que aprende. A 
proposta é mostrar que a criança aprende a linguagem escrita 
convencional por meio da sua interação com o objeto de 
conhecimento, sob orientação e intervenção planejada do 
professor. Até que a criança compreenda o sistema alfabético, 
podem produzir escritas bem peculiares e estranhas aos olhos 
do adulto alfabetizado. No entanto, Ferreiro mostra que a 
criança é capaz de refletir e pensar sobre a escrita, surgindo, 
então, algumas ideias interessantes e curiosas que servem de 
material para o professor repensar sua maneira de ver o erro e 
planejar sua ação pedagógica.a mão que escreve e o olho que lê estão sob o comando de um 
cérebro que pensa sobre a escrita que existe em seu meio social 
e com a qual toma contato através da sua própria participação 
em atos que envolvem o ler ou o escrever, em práticas sociais 
mediadas pela escrita (FERREIRO e TEBEROSKY, 1999 p. 8).
Quando analisamos a escrita espontânea da criança, 
devemos ter o cuidado ao interpretá-la como errada, pois 
geralmente vemos o erro numa concepção tradicionalista e 
86
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
ignoramos o pensamento da criança naquele momento. Isso 
envolve uma mudança de paradigmas que nem sempre é fácil 
de entender e aceitar.
DEFININDO PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA
Como já foi mencionado, a psicogênese da língua 
escrita é definida como a trajetória percorrida por quem está 
aprendendo a ler e a escrever. Segundo Weisz (2014, p. 159), a 
psicogênese é “a descrição do processo através do qual o sujeito 
adquire, se apropria, constrói, ou o melhor, reconstrói para 
si mesmo esse objeto de conhecimento”. Procura-se entender 
como esse caminho é interpretado pela criança, pois ela é vista 
como um ser que pensa e cria sobre o mundo ao seu redor, 
nesse caso, o mundo da escrita. 
Todo esse processo foi estudado e organizado em estágios 
ou níveis após estudo e interpretação da escrita espontânea 
de diferentes crianças. As definições de Grossi (1990) que 
se seguem auxiliarão no entendimento desses níveis e das 
hipóteses das quais as crianças se apropriam. Nas palavras de 
Grossi (1990): 
87
COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER
• Níveis: são constituídos por conjuntos de condutas, 
determinados pela forma como o sujeito vivencia 
os problemas em um processo de aprendizagem.
• Condutas: são organizações típicas de 
prioridades típicas de prioridades de noções, das 
propriedades, das relações e das operações.
• Noções: são conhecimentos elementares – 
intuitivos, sintéticos e não inteiramente precisos. 
Notamos que são ideias imprecisas sobre a escrita. A 
criança começa a pensar sobre a escrita com base em suas 
observações e vivências, então, essa percepção vem carregada 
de questionamentos: eu posso ler tudo o que está escrito? 
Escrevo tudo o que leio ou falo? Uso qualquer letra ou número 
para escrever? Preciso de muitas letras para escrever? Posso 
escrever com poucas letras? Escrevo qualquer palavra? Essas 
perguntas fazem parte da construção de hipóteses sobre a 
escrita mesmo antes da criança entrar na escola e à medida 
que esses questionamentos são respondidos proporciona uma 
evolução no desenvolvimento da compreensão da leitura e a 
escrita (GROSSI, 1990, p. 33 e 34).
88
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
NÍVEIS DA PSICOGÊNESE 
DA ALFABETIZAÇÃO
De acordo com as interpretações das escritas as crianças, 
Ferreiro e Teberosky observaram que, a cada fase, a forma 
de pensar e entender a escrita eram muito similares entre as 
crianças. Por isso, foram definidos alguns níveis sucessivos 
mostrando, de acordo com o momento na trajetória da 
psicogênese, a similaridade das respostas das crianças em 
relação à escrita era bem diferente. 
Esses níveis são classificados em:
• pré-silábico;
• silábico;
• silábico-alfabético;
• alfabético.
Essa foi a nomenclatura adotada no Brasil para classificar 
os níveis da escrita das crianças. No entanto, Ferreiro e 
Teberosky definiram cinco níveis sucessivos: níveis 1 e 2, 
referem-se às características do nível pré-silábico; o nível 3, 
refere-se ao silábico; o nível 4 refere-se ao silábico-alfabético e o 
nível 5, ao alfabético.
89
COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER
SAIBA MAIS
Para aprofundamento dos estudos sobre os níveis de 
conceituação da escrita, leia o capítulo 6, “Evolução da 
Escrita” do livro da psicogênese da língua escrita de Fer-
reiro e Teberosky (1999).
De acordo com Grossi (1990), entre os níveis principais há 
momentos privilegiados denominados intermediários. Esses 
momentos são caracterizados por desequilíbrio e conflito na 
maneira de pensar a escrita, pois “perdem a estabilidade do 
nível anterior e ainda não se organizam de acordo com o nível 
seguinte” (GROSSI, 1990, p.56). Para Ferreiro e Teberosky (1999):
Um progresso no conhecimento só será obtido senão através de 
um conflito cognitivo, isto é, quando a presença de um objeto 
(no sentido amplo de objeto de conhecimento) não-assimilável 
force o sujeito a modificar seus esquemas assimiladores, ou seja, 
a realizar um esforço de acomodação que tenda a incorporar 
o que resultava inassimilável (e que constitui, tecnicamente, 
uma perturbação) (FERREIRO e TEBEROSKY, 1999, p. 34).
Inicia-se um preparo para que a criança avance de um 
nível elementar para um mais elaborado. Para que haja uma 
superação desses conflitos, é necessária uma nova organização 
90
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
do pensamento – assimilação/acomodação – e assim, o sujeito 
progride na compreensão da língua escrita.
PROCEDIMENTOS PARA CLASSIFICAÇÃO 
DOS NÍVEIS PSICOGENÉTICOS
Para identificar esses níveis são realizados alguns ditados 
com as crianças. Dessa forma, o professor pode avaliar o que 
sabem sobre a leitura e a escrita. O ditado deve conter algumas 
palavras familiares ao contexto da criança, assim, ganha 
confiança para depois dar continuidade ao diagnóstico. Esse 
ditado pode ser aplicado da seguinte forma:
1. Selecionam-se palavras do cotidiano da criança 
de um mesmo grupo semântico, mas que ainda 
não tenham sido memorizadas por ela. As 
palavras selecionadas devem seguir o seguinte 
critério: uma polissílaba, uma trissílaba, uma 
dissílaba, uma monossílaba e uma frase (onde 
poderá ocorrer a repetição da escrita da palavra 
dissílaba que foi ditada anteriormente). 
2. Pede-se à criança que escreva a palavra da maneira 
que acredita que se escreve. Caso a criança não 
91
COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER
queira escrever, pergunta-se quantas letras ela 
acha que serão necessárias para escrever aquela 
palavra. Dessa forma, o professor terá uma ideia 
do pensamento da criança em relação à escrita.
3. Logo em seguida, deve ser solicitado que a criança 
leia o que escreveu confirmando, assim, a sua 
hipótese em relação a escrita. Observe como a leitura 
foi escrita: geralmente a criança que está no nível 
pré-silábico, “corre” o dedinho embaixo da palavra 
confirmando que aceita todas as letras que utilizou 
para escrever. Já a criança que está na fase silábica, 
lê apontando cada letra como se fosse uma sílaba. 
As explicações sobre as ideias da criança serão discutidas a 
seguir, bem como os procedimentos que poderão ser adotados 
nas diferentes fases do desenvolvimento da leitura e da escrita. 
É importante que o professor compreenda cada fase para fazer 
um acompanhamento do desenvolvimento da criança ao longo 
do processo.
CARACTERÍSTICAS DO NÍVEL PRÉ-SILÁBICO
• Visão sincrética: não há discriminação 
das unidades linguísticas.
92
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
• Letras e números são a mesma coisa ou, às 
vezes, pode criar “pseudoletras” procurando 
aproximar-se das letras convencionais.
• Não faz relação entre registro gráfico 
e aspecto sonoro da fala.
• Não existe relação silábica.
• A interpretação dessas escritas só pode ser 
feita pelo próprio autor imediatamente após 
a escrita, mas depois de um tempo, esse pode 
atribuir novos significados ao que escreveu. 
• É necessário, no mínimo, três letras para poder 
ler ou escrever, ou seja, não se escreve palavras 
com menos de três letras, por isso pode ter 
dificuldade de escrever palavras monossilábicas.
• Não repete letras em sequência, há 
uma variação dos caracteres.
• Realismo nominal: observou-se que algumas crianças 
podem atribuir propriedades do objeto para a 
escrita, isto é, transferência de características do 
93
COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER
significado para o significante. Portanto, a criança 
pode pensar: - “boi é grande, então preciso de muitas 
letras para escrever a palavra ‘boi’. Formiga é bem 
pequena, então não precisode muitas letras”.
• Repertório de conhecimento das letras 
é limitado, geralmente utiliza as letras 
familiares ou do próprio nome.
• Leitura global: ao ser solicitada para ler o 
que escreveu logo após a escrita, a criança 
lê passando o dedo embaixo da palavra. 
A criança nessa fase, por ainda não dominar os aspectos da 
leitura e escrita, não discrimina as unidades linguísticas e não 
compreende a relação entre registros gráficos e aspectos sonoros 
da fala. Muitas vezes utiliza apenas as letras familiares para 
compor seus registros. Em suma, pode-se perceber que essa é uma 
fase de negação da relação à língua escrita. Observe na figura 12:
Figura 12 – Fase se negação em relação à língua
NÃO
realiza análise e síntese
relaciona significado com significante
compreende o sistema de representação 
Fonte: elaborada pela autora
94
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Portanto, no nível pré-silábico, a criança deve ser 
estimulada a ter um rico contato com o mundo da leitura e 
a escrita através de diversos materiais de leitura para que 
perceba o valor e a utilidade desse veículo de comunicação. 
Seria importante que isto ocorresse no ambiente familiar 
primeiramente, mas nem sempre isso é possível. Infelizmente 
experiência e vivência com a leitura e a escrita não fazem parte 
da cultura de muitos lares brasileiros e isso pode prejudicar o 
processo de alfabetização. Torna-se, então, responsabilidade 
da escola resgatar esses momentos na vida das crianças 
procedentes de ambientes menos privilegiados na lectoescrita. 
A seguir, nas figuras 13 e 14, você poderá ver e analisar alguns 
exemplos de escrita de crianças no nível pré-silábico:
Figura 13 - Escrita espontânea
Fonte: Ferreiro e Teberosky (1999, p. 197)
95
COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER
Observe que nessa escrita a criança ainda utiliza o 
desenho como apoio a escrita julgando que somente com 
letras não dá para ler. Escreve imitando a escrita manuscrita 
e “cria” algumas letras na tentativa de aproximar-se da 
escrita convencional. Também observamos a escrita de 
algumas letras familiares como “a” e “e” e misturou número 
com a escrita “1”.
Figura 14 - Escrita espontânea
Fonte: Seber (1997, p. 77)
Na escrita da figura 14, a criança já domina um repertório 
mais amplo de letras, mas escreve sem fazer relação entre 
aspectos sonoros e registro gráfico. Observe uma linha abaixo 
de cada palavras, essa é a marcação de leitura, portanto faz a 
leitura global das palavras sem eliminar nenhuma letra. 
96
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Quando a criança está no nível pré-silábico, precisa de 
um ambiente estimulador de leitura e de escrita, pois começa 
a escrever por imitação. Segundo Soares (2020), nessa fase é 
importante ampliar o contato com a escrita, principalmente 
na sala de aula, para a criança poder “conhecer, reconhecer, 
nomear e grafar letras, progressivamente com mais segurança e 
habilidade grafomotora, o que é essencial para a aprendizagem 
do sistema alfabético (SOARES, 2020, p. 67).
NÍVEL SILÁBICO
No nível silábico, a criança começa a estabelecer relação 
entre a pronúncia e a escrita. Este processo pode ser facilitado 
se a criança tiver um convívio com de leitura e escrita no seu 
cotidiano. Neste nível a criança passa a atribuir valor silábico 
a escrita, ou seja, para cada som que escuta ou pronuncia, 
registra uma letra diferente, esta é a característica que marca 
esta fase e pode ser bem perceptível. Segundo Telma Weisz 
(2001) a “hipótese silábica é falsa e necessária”, pois a escrita 
convencional não segue esta lógica. Este é um tipo de erro que 
faz parto do processo de compreensão da escrita.
Nesse esforço, a criança comete um erro: supõe que a 
menor unidade da língua é a sílaba. Um “erro” aliás 
97
COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER
muito lógico, se pensarmos na impossibilidade de 
emitir o fonema isolado. A hipótese silábica é, então, 
parcialmente falsa, mas necessária. Necessária como são 
necessários “erros construtivos” no caminho em direção 
ao conhecimento objetivo (WEISZ, 2001, p. 98).
Segundo Ferreiro e Teberosky (1999, p. 33) “estes erros são 
sistemáticos, e não erros por falta de atenção ou por falta de 
memória”. Sendo assim, o professor precisa compreender esses 
erros para ajudar a criança a construir novos conceitos. Por isso, 
esta é a fase em que a criança começa a compreender o sistema 
de escrita alfabético.
Características do nível silábico
• Estabelece relações entre pronúncia e escrita;
• segmentação quantitativas das palavras 
em tantos sinais gráficos, quantas são as 
vezes que se abre a boca para pronunciá-
las, isto é, uma letra para cada sílaba;
• ainda pode ocorrer acréscimo de letras 
em palavras monossílabas;
98
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
• na frase, pode utilizar uma letra para cada 
palavra ou pode representá-las silabicamente;
• normalmente, repete a palavra dissílaba na frase;
• domínio da forma e dos sons da maioria as letras.
Segundo Soares (2020), o nível silábico representa-se 
em dois momentos: primeiro a criança escreve utilizando 
letras aleatórias, pois “ainda não adquiriu a capacidade 
de fonetização – a capacidade de perceber, na sílaba, sons 
individuais (fonemas) representados pelas letras que a 
compõem” (SOARES, 2020, p. 87). Esse momento da escrita é 
denominado silábico SEM valor sonoro convencional (VSC), 
pois a criança está mais preocupada com a quantidade de 
letras do que com quais letras irá escrever a palavra. No outro 
momento da escrita silábica, a criança não escolhe qualquer 
letra, mas aquela que corresponde ao som que mais se destaca 
na pronúncia da sílaba (SOARES, 2020, p. 97). Esse último é o 
nível silábico COM valor sonoro.
Observe abaixo na figura 15, a escrita dos níveis silábicos. 
O primeiro, utiliza qualquer letra preocupando-se apenas com a 
quantidade: silábico sem valor. O outro, já utiliza letras que estão 
relacionadas com a pauta sonora da palavra: silábico com valor.
99
COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER
Figura 15 – Nível silábico com e sem VSC
silábico sem vsC > M R (pato)
silábico com vsC > P T ou A O (pato)
Fonte: elaborada pela autora
A seguir, você poderá conhecer e analisar alguns exemplos 
de escrita de crianças no nível silábico:
Figura 16 - Escrita espontânea
Fonte: Azenha( 1993, p. 73)
100
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Notamos, na figura 16, que a criança já memorizou a escrita 
do próprio nome, mas na escrita de palavras desconhecidas, 
está preocupada com quantas letras usará para escrevê-las. 
Não se preocupa com a pauta sonora, apenas procura fazer 
um registro para cada som (sílaba) que escuta ao pronunciar 
a palavra. Outra situação que podemos observar é que nas 
palavras: marinheiro, gigante, navio e peixe, a criança “lê” 
silabicamente, como vemos na marcação de leitura. No entanto, 
nas demais palavras, a leitura é global, ou seja, ela pensa que, 
para escrever, precisa no mínimo três letras. Portanto a escrita 
desta criança é silábica sem valor sonoro. Veja na figura 17:
Figura 17 - Escrita espontânea
Fonte: Seber (1997, p. 115)
101
COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER
Na figura 17, a criança também está no nível silábico sem 
valor sonoro, pois não faz relação grafema/fonema. Diferente 
da criança da figura 16, esta já elimina letras, como podemos 
ver na escrita das palavras: “facho e facada”. Aparentemente 
aceita escrever uma palavra com duas letras.
 Figura 18 – Nível silábico com valor sonoro
 Fonte: Seber (1997, p. 121)
Já na figura 18, a criança está no nível silábico com valor 
sonoro, pois podemos observar a preocupação em registrar 
letras que estejam relacionadas à pauta sonora das palavras. 
Apenas nas palavras “girafinha e Helena” que utiliza algumas 
letras não relacionadas com o valor sonoro. 
Curioso é que, apesar de saber seu nome de memória, faz 
leitura silábica nas palavras, mas não aceita eliminar as outras 
letras. Observe a escrita da palavra “gato”: a criança escreve a letra102
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
“H” para representar a sílaba “ga”. Esse é um pensamento muito 
comum entre as crianças a partir do nível silábico, relacionam 
nome da letra com a sílaba que querem representar: aga = ga.
Figura 19 – Escrita silábica com valor sonoro
Fonte: Seber (1997, p. 131)
A escrita da figura 19 apresenta uma escrita silábica com 
valor sonoro e, diferente das outras escritas, essa criança 
aceitou, meio que a contragosto, escrever duas letras iguais 
em sequência. Na escrita das palavras “porco” e “bolo”, a 
criança ficou bem relutante, pois de acordo com seu nível, 
escreveria duas letras e iguais “O” e “O”. Ela achou que não 
poderia escrever assim, mas acabou aceitando para preservar a 
sonoridade das duas sílabas.
103
COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER
 Figura 20 – Nível silábico
 Fonte: Soares (2020, p. 97)
No caso da figura 20, observamos a escrita de três crianças 
que estão nível silábico, pois registram uma letra para cada 
palavra. Além disso, fazem a fonetização da sílaba, escolhendo 
letras que fazem parte da sílaba. Notamos que as vogais 
aparecem em todas as sílabas, pois são bem perceptíveis e 
pronunciáveis, provavelmente porque, em português, é o 
núcleo da sílaba (SOARES, 2020, p. 97).
Como já foi mencionado, entre os níveis silábico e alfabético 
pode haver um momento de desequilíbrio no qual o aluno 
não aceita a sua hipótese anterior, mas não tem outra para 
substituí-la, é um momento de conflito e, às vezes, regressão. 
Segundo Ferreiro e Teberosky (1999, p. 214), a criança abandona 
a hipótese silábica, pois sente a necessidade de uma análise que 
seja maior do que a silábica. 
104
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
A criança busca uma nova hipótese, pois perceber que a 
sua escrita não é sociável. Esse período é muito importante, pois 
será a passagem para o nível alfabético aproximando-se, então, 
da escrita convencional. Quando a criança se encontra nesse 
estágio, faz-se necessário o conhecimento do VSC das letras, 
pois começa a acrescentar letras, principalmente na primeira 
sílaba. Ela já está bem próxima do nível alfabético. 
NÍVEL ALFABÉTICO
Este nível constitui o final do processo de aquisição da 
escrita. Segundo Ferreiro e Teberosky (1999, p. 219) a criança 
já “compreendeu que cada um dos caracteres da escrita 
corresponde a valores sonoros menores que a sílaba e realiza 
sistematicamente uma análise sonora dos fonemas das palavras 
que vai escrever”. Isso quer dizer que o avanço no processo de 
alfabetização foi bem grande, mas esta criança não está livre, 
ainda, de dificuldades ortográficas relacionados à língua. Sendo 
assim, a escrita dessa criança poderá apresentar muitos “erros 
ortográficos”, pois sua escrita ainda é fonética, isto é, escreve 
como se fala.
Na passagem do nível silábico para o alfabético, a criança 
pode misturar as hipóteses da fase anterior às construções 
105
COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER
alfabéticas da escrita. Esta é a característica do nível silábico-
alfabético, isto quer dizer que, em alguns momentos ela escreve 
silabicamente e em outros, alfabeticamente.
Características do nível silábico- alfabético e alfabético:
• Incorporação da estrutura silábica e organização 
alfabética intencional e completa. Nessa fase, 
a criança poderá transcrever o nome da letra 
para representar a sílaba. Exemplo: “gelo” = 
“glo”. Esse tipo de escrita é considerada silábica-
alfabética, porque mescla os dois tipos de 
concepções, mas faz parte do nível alfabético.
• Conhecimento do VSC de todas as letras 
ou da maioria delas, juntando-as para 
que formem sílabas ou palavras.
• Distinção de letras, sílabas e frases, mas 
sem segmentar a frase convencionalmente. 
Escrevem de acordo com o ritmo da fala.
• A escrita ainda não é ortográfica, portanto, a 
criança escreverá da maneira como pronuncia 
106
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
as palavras, isto é, escrita fonética. Exemplo: 
matu (mato) ou xocolati (chocolate).
Figura 21 – Nível silábico-alfabético
Fonte: Seber (1997, p. 142)
Na figura 21, observamos uma escrita do nível silábico-
alfabético. Observe que, nas palavras “mala”, “comida”, 
“mamadeira”, “melado” e “mesa”, há a presença de sílabas 
completas. Isso quer dizer que a criança está começando a 
107
COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER
incorporar características da escrita alfabética. Mas ainda 
escreve representando uma letra para cada sílaba, característica 
do nível silábico. 
Figura 22- Escrita espontânea
Fonte: Azenha (1993, p. 86)
Na figura 22, observamos uma escrita bem sociável, ou seja, 
o leitor já pode entender o que a criança escreveu, embora ainda 
apresente características de escrita fonética, como nas palavras 
“dinossauro” e “cão”. Uma outra característica da escrita 
alfabética é a falta de segmentação convencional das palavras 
na frase, pois ela escreveu no ritmo da fala, como pode ser 
observado na escrita da frase “O urso é fofo.”
108
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Figura 23 - Escrita espontânea
Fonte: Soares (2020, p. 136)
Na escrita da criança na figura 23 observamos a falta 
de conhecimento ortográfico, como nas palavras “desejo”, 
“mundo”, “passe” e “quero”. Essa criança precisa compreender 
a representação da letra S nas palavras, como pode ser 
observado nas palavras “desejo” e “passe”. Nesses contextos, 
precisa ser compreendido que a letra “S” pode representar o 
fonema /s/ ou o /z/.
109
COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER
SAIBA MAIS
Em 2019 o Ministério da Educação lançou a Política Na-
cional de Alfabetização (PNA), instituída pelo Decreto n. 
9.765. Neste documento, e também em Soares (2018), é 
destaca a posição de Linnea Ehri que identificou quatro 
fases de desenvolvimento da leitura e escrita: pré-alfa-
bética, alfabética parcial, alfabética completa e alfabé-
tica consolidada. Leia mais sobre estas fases em: http://
portal.mec.gov.br/images/banners/caderno_pna_final.
pdf. Acesso em: 27 dez. 2021.
PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO 
DA LINGUAGEM ESCRITA
Após estudo da psicogênese da língua escrita, houve 
uma mudança de foco no processo de alfabetização. Antes a 
preocupação era como ensinar a criança a ler e a escrever, mas 
agora o foco é como a criança aprende. Portanto, uma proposta 
de alfabetização que pressupõe a construção do conhecimento 
deve considerar a importância do papel do professor como 
agente mediador. Dessa forma, a relação ensino/aprendizagem 
será por meio de práticas que envolvam o aluno em um 
processo ativo de aquisição da leitura e da escrita. 
http://portal.mec.gov.br/images/banners/caderno_pna_final.pdf
http://portal.mec.gov.br/images/banners/caderno_pna_final.pdf
http://portal.mec.gov.br/images/banners/caderno_pna_final.pdf
http://portal.mec.gov.br/images/banners/caderno_pna_final.pdf
110
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
A atuação do professor é essencial promovendo ações para 
que a criança pense e reflita sobre o objeto de conhecimento 
afetando positivamente seu desenvolvimento em situações 
de conflitos cognitivos (MICOTTI, 2012, p. 51). Para que o 
professor entenda o seu papel de interventor e mediador 
precisa, primeiro, saber quem é o sujeito da aprendizagem, pois 
esse deve ser ativo e participativo no processo.
Um sujeito ativo é aquele que compara, exclui, ordena, 
categoriza, reformula, comprova, formula hipóteses, 
reorganiza etc., em ação interiorizada (pensamento) ou em 
ação efetiva (segundo seu nível de desenvolvimento). Um 
sujeito que está realizando materialmente algo, porém, 
segundo as instruções ou o modelo para ser copiado, dado 
por outro, não é, habitualmente um sujeito intelectualmente 
ativo (FERREIRO e TEBEROSKY, 1999, p. 32).
O sujeito que aprende não é passivo, mas atuante. 
Partindo do conhecimento já adquirido para algo novo. 
De acordo com Weisz (2009, p. 61), “o conhecimento não é 
gerado do nada, é uma permanente transformação a partir 
do conhecimento que já existe”. Por isso, há uma mudança 
no papel tradicional do professor, pois será um promotor de 
atividadesque possibilitam a reflexão por meio de resolução 
de problemas. Ou seja, o aluno deve pensar sobre a língua e 
construir a aprendizagem. 
111
COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER
O alfabetizador deve estar atento ao processo de construção 
do conhecimento para que a aquisição da leitura e escrita seja 
significativa. A criança deve ser bem estimulada a fazer uma 
análise linguística para avançar na trajetória da psicogênese. 
Portanto, é fundamental oportunizar eventos favoráveis ao 
estudo da língua onde a criança possa comparar e observar a 
escrita por meio da análise fonética e fonológica das palavras. 
Esse trabalho propiciará uma rica fonte de informações para a 
própria criança repensar sua hipótese da escrita e avançar para 
uma efetiva alfabetização.
É nesse momento que o professor precisa organizar e 
planejar as atividades de acordo com as necessidades de cada 
nível. O planejamento deve promover a reflexão da língua 
tendo o texto como eixo central do processo de aquisição da 
leitura e escrita (SOARES, 2020, p. 33). Independentemente 
do nível em que a criança se encontra, a aprendizagem do 
sistema alfabético situa-se no texto. É a partir do texto e da sua 
função social no cotidiano que a criança aprende a ler. Por isso, 
atividades que promovam a leitura e a escrita em sala de aula 
devem fazer parte da ação pedagógica.
A criança que está no nível pré-silábico, de acordo com 
Grossi (1990, p. 72), precisa compreender a vinculação entre 
112
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
o texto oral e escrito, analisar e reconhecer textos distintos. 
Considerando que o nome também é um texto por ter uma 
função social, o nome próprio será o primeiro modelo de escrita 
estável para a criança avançar na trajetória da psicogênese 
(FERREIRO e TEBEROSKY, 1999, p. 221).
O alfabetizador ou o professor da educação infantil 
pode realizar diferentes atividades com o nome, como: 
comparação (semelhanças e diferenças) dos nomes dos 
colegas, contagem e reconhecimento de formas e sons das 
letras, sempre fazendo uso da ludicidade. Essas atividades 
proporcionam ricas experiências linguísticas para o aluno 
no nível pré-silábico. Abaixo é sugerida uma sequência 
de atividades para explorar o texto podem ser aplicadas a 
qualquer nível levando em consideração as necessidades de 
cada criança. Veja na figura 24.
Figura 24 - Texto (apresentação coletiva)
1. Textos significativo (narrativa, 
parlenda, cantiga, poema, entre 
outros)
2. Trabalho com o texto 2.1. Apresentar em cartaz 
2.2. A professora lê todo o texto
2.3. A classe repete cada frase após a leitura
2.4. voltar a ler as frases em sequência
2.7. Perguntar quem sabe ler o título (mostrando) 
113
COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER
2.8. Também com as frases
2.9. Distribuir o texto aos alunos
3. Texto (apresentação individual) 3.1. Marcar a inicial do próprio nome
3.2. Marcar os espaços entre as palavras 
3.3. Identificar as palavras mostradas (palavras chaves)
3.4. Escrever palavras do próprio texto
3.5. Cópia de partes do texto (significativas)
3.6. Completar o texto com palavras que faltam (texto 
lacunado)
3.7. Ordenar as frases do texto
3.8. Classificar as palavras (trabalhadas no texto) como 
no dicionário.
Fonte: elaborada pela autora
No nível silábico, a criança começa a segmentar a palavra 
na cadeia sonora atribuindo um registro para cada som. Nessa 
fase, o professor precisa, além do texto, explorar atividades 
para desenvolvimento da fonetização. A criança precisa de 
atividades que a estimulem a avançar no processo, como jogos 
lúdicos. Eles fazem com que a criança aprenda brincando e são 
ótimos recursos para refletir sobre a língua. 
SAIBA MAIS
Podemos encontrar diferentes materiais destacando a 
importância de jogos de alfabetização como um recurso 
de aprendizagem.
114
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Conheça um desses materiais produzidos pelo Centro 
de Estudos em Educação e Linguagem (CEEL) da Univer-
sidade Federal do Pernambuco. É um manual que expli-
ca a importância desse recurso e apresenta dez suges-
tões de jogos para alfabetização. Disponível em: http://
www.serdigital.com.br/gerenciador/clientes/ceel/mate-
rial/28.pdf. Acesso em: 27 dez. 2021.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nessa unidade, estudamos sobre a importância de conhecer 
a trajetória percorrida pela criança para ser alfabetizada. A 
pesquisa da Psicogênese da Língua Escrita foi um marco 
importante para compreendermos o processo de aquisição 
da leitura e escrita sob o olhar de quem aprende. Este estudo 
propôs um repensar sobre o ensino da língua com base numa 
proposta tradicional que enfatizava um aprendizado mecânico 
e compartimentado. Com base numa abordagem cognitiva e na 
psicolinguística, o estudo de Ferreiro e Teberosky revolucionou 
a alfabetização no Brasil. 
A criança passou a ser vista como um sujeito que pensa, 
cria, elabora hipóteses sobre a escrita, por isso entendemos 
ser capaz de construir conceitos para a compreensão do 
http://www.serdigital.com.br/gerenciador/clientes/ceel/material/28.pdf
http://www.serdigital.com.br/gerenciador/clientes/ceel/material/28.pdf
http://www.serdigital.com.br/gerenciador/clientes/ceel/material/28.pdf
http://www.serdigital.com.br/gerenciador/clientes/ceel/material/28.pdf
115
COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER
sistema de escrita alfabético. Observa-se que diante desse 
contexto, o aprendiz elabora e constrói uma aprendizagem 
conceitual da língua para compreensão do funcionamento 
do sistema alfabético. Apesar de muitas pesquisas e estudos 
nessa área, a discussão sobre a alfabetização infantil tem 
sido pouco producente, pois muitas vezes se esquece de 
como a criança aprende, pois o foco ainda está nos métodos 
de alfabetização. No entanto, o que é essencial está muito 
além de ser apenas a aplicação desse ou daquele método, 
mas refletir sobre a aquisição da leitura e escrita como um 
processo conceitual. Por isso, o professor precisa identificar 
e compreender os níveis que a criança percorre no processo 
de alfabetização. 
Entender as peculiaridades de cada etapa orienta o 
alfabetizador em seu papel como mediador nessa trajetória. 
Dessa forma, é possível planejar intervenções adequadas para 
o avanço da criança na compreensão do sistema alfabético. 
O professor deve conscientizar-se também de que a didática 
na alfabetização tem como eixo o texto, pois vivemos em 
uma sociedade cercada pela leitura e escrita. Dessa forma, a 
aquisição da leitura e escrita é mais significativa, pois apresenta 
os usos e funções dos diferentes textos fazendo com que a 
criança alcance uma alfabetização efetiva. 
116
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
RESUMO
Nesta unidade aprendemos que:
• As pesquisas na área da linguística especificamente a 
psicolinguística ressignificaram a visão do educador de 
como a criança aprende a ler e a escrever. Saímos de 
uma concepção empirista e comportamentalista para 
uma abordagem racionalista onde o sujeito pensa, cria 
e elabora hipóteses sobre o objeto de conhecimento. A 
posição da escola tradicional, de base behaviorista, acredita 
numa aprendizagem de fora para dentro, diferente da 
concepção racionalista, que vê a criança capaz de construir 
o seu conhecimento sob a orientação do professor.
• O estudo da psicogênese da língua escrita de Emília Ferreiro e 
Ana Teberosky mudou a perspectiva do ensino da leitura e da 
escrita no Brasil. As autoras apresentaram que as crianças criam 
hipóteses sobre a escrita mesmo antes de entrar na escola. Por 
meio de entrevistas e acompanhamento da escrita de crianças 
perceberam que as crianças apresentam ideias peculiares 
para solucionar situações de escrita. Das interpretações 
dessas escritas, surgiram os níveis: pré-silábico, silábico, 
silábico-alfabético e alfabético. Esses níveis apresentam as 
117
COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER
ideias imprecisas das crianças em relação à escrita, mas que 
fazem parte do processo de aquisição da leitura e da escrita. 
• É importante o professorconhecer esses níveis para organizar 
e planejar sua ação didática. O papel do professor como 
mediador e interventor no processo conduz a criança para a 
construção do sistema alfabético. Todo o trabalho didático 
na alfabetização deve ter o texto como eixo central, porque o 
texto tem uma função social que deve ser trabalhada em sala 
de aula. Além disso, a partir do texto, a criança deve ser bem 
estimulada a fazer uma análise linguística para avançar na 
trajetória da psicogênese e tornar-se plenamente alfabetizada. 
REFERÊNCIAS
AZENHA, M. G. Construtivismo - De Piaget a Emília Ferreiro. 
São Paulo, Ed. Ática, 1993.
CAGLIARI, L. C. Alfabetização e Linguística. São Paulo: 
Editora Scipione, 1998.
FERREIRO, E. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: 
Cortez: Autores associados, 1987.
118
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
FERREIRO, E. e TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. 
Porto Alegre: Artmed, 2006.
FRANCO, Ângela et al. Contrutivismo: Uma Ajuda ao 
Professor. Belo Horizonte: Ed Lê, 1994.
GROSSI, Esther Pillar. Didática da Alfabetização vol.I. Rio de 
Janeiro: Ed. Paz e Paz, 1990. 
MARTELLOTA, M.E. (org) Manual de linguística. São Paulo: 
Contexto, 2008. 
MICOTTI, M. C. O. Alfabetização: propostas e práticas 
pedagógicas. São Paulo: Contexto, 2012.
MOLL, J. Alfabetização Possível – Reinventando o ensinar e o 
aprender. Porto Alegre: Ed. Mediação, 1996.
MORAIS, A. G. Consciência fonológica na educação infantil 
e no ciclo de alfabetização. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 
2019
SEBER, M. G. A escrita infantil: o caminho da construção. São 
Paulo: Scipione, 1997.: 
119
COMO A CRIANçA APRENDE A EsCREvER E LER
SOARES, M. B. Alfaletrar: toda criança pode aprender a ler e a 
escrever. São Paulo: Contexto, 2020.
WEISZ. T. Como se aprende a ler e escrever ou, prontidão, um 
problema mal colocado. In: BRASIL. Programa de Formação 
de Professores Alfabetizadores: módulo 1. Ministério da 
Educação, 2001.
WEISZ. T. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. São 
Paulo: Ática, 2002. 
WEISZ. T. Aprendizagem do sistema de escrita: questões 
teóricas e didáticas. In: MORTATTI e FRADE (org) 
Alfabetização e seus sentidos: o que sabemos, fazemos e 
queremos. São Paulo: Editora Unesp, 2014.
	Alfabetização: a história sobre como ensinar 
a ler e a escrever
	Introdução
	Alfabetização: conhecendo 
a história da escrita ao 
longo dos tempos
	Conceito de alfabetização
	Métodos sintéticos
	Método alfabético
	Método fônico
	Método silábico
	Métodos analíticos 
de alfabetização
	Método da palavração
	Método da sentenciação
	Método do conto
	A didática das cartilhas utilizadas para o ensino da leitura e da escrita
	Considerações finais
	Referências
	Como a criança aprende 
a escrever e ler
	Introdução
	A ressignificação do ensino 
da leitura e da escrita
	Psicogênese da língua escrita
	Definindo psicogênese da língua escrita
	Níveis da psicogênese 
da alfabetização
	Procedimentos para classificação 
dos níveis psicogenéticos
	Nível silábico
	Nível alfabético
	Processos de construção 
da linguagem escrita
	Considerações finais
	Referências
	Letramento: o sentido de aprender e ensinar a ler e a escrever 
	Introdução
	Letramento: conceito
	Diferenciando letramento 
	O letramento na escola
	Letramento: BNCC e PNA
	Considerações finais
	Referências
	Alfabetizar letrando: o texto na sala de aula
	Introdução
	Alfabetizar letrando: 
centralidade do texto
	Produção escrita a partir do texto
	Letramento literário
	Estágios psicológicos da criança
	Proposta didática com literatura infantil
	Letramento: um conceito plural
	Considerações finais
	Referências
	Alfabetização: estudo da especificidade da língua
	Introdução
	Consciência fonológica
	Conceito de palavra
	Rimas e aliterações
	A sílaba
	Consciência fonêmica
	Considerações finais
	Referências
	Botão 6: 
	Botão 7: 
	Botão 8:

Continue navegando