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Bases morfofuncionais 2 – digestório Mastigação, salivação e deglutição Fase cefálica: Nessa fase, só de ver, pensar, sentir o cheiro, ocorre o aumento do fluxo parassimpático excitatório neural para todo o trato gastrointestinal, ou seja, estímulos sensoriais causam o “início da digestão” (resposta antecipatória). OBS: A questão emocional afeta muito essa fase, muitas pessoas querem comer muito, já outras, perdem completamente o apetite, isso muda de pessoa para pessoa; Depressão: ocorre a diminuição dos neuroreceptores e dos hormônios de bem estar (endorfina, dopamina, serotonina e ocitocina); Ansiedade: ocorre um aumento da adrenalina e noradrenalina; A fase cefálica da digestão ocorre a partir de reflexos longos (do SNC), que criam uma resposta antecipatória (o estímulo à salivação). - Com a chegada do alimento na cavidade oral ocorre a ativação de mecanorreceptores e quimiorreceptores da mucosa oral e faríngea, que é a fase cefálica da secreção salivar. - O estímulo antecipatório e o estímulo do alimento na cavidade oral é processado no bulbo, que gera uma resposta pelo sistema nervoso autônomo, que vai causar início da secreção e aumento da motilidade em antecipação ao alimento que virá, nos órgão glandulares acessórios, no estômago e no intestino. OBS: o estômago ronca pois o peristaltismo com o estômago vazio mobiliza o ar, causando o barulho. Com a fome, tudo já está funcionando, mas não tem alimento no estômago; Reflexo mastigatório: 1. Presença do alimento; 2. Inibição do músculo mastigatório: queda da mandíbula; 3. Reflexo de estiramento do músculo da mandíbula: contração de rebote; OBS: o reflexo mastigatório é involuntário, ou seja, independe da sua vontade; Porém, a mastigação é PRIMARIAMENTE involuntária, mas depois se torna voluntária, ou seja, conseguimos controlar; OBS2: mascar chiclete diminui o apetite, pois o ato de mastigar leva a sensação de saciedade. Esse ato em excesso pode gerar problemas como a gastrite, pois quando mastigamos, o corpo entende que está ingerindo alimento e começa a produzir as substâncias necessárias para a digestão. Mastigação: - Quanto mais mastiga, maior a sensação de saciedade e menor a ingestão calórica; - Quanto mais mastiga, maior a quebra mecânica e maior ação enzimática; - Evita-se escoriações; - Estimula secreção de CCK (colecistocinina); - Quando a mastigação é inadequada ou insuficiente, maior o trabalho para a formação do quimo; OBS: fome é fisiológico, serve para suprir as necessidades energéticas do organismo. Quando é assim, a pessoa come qualquer coisa (ex: avião caiu – comeram carne humana); OBS: fome edônica: é vontade de comer, pode estar envolvida com a questão emocional, a pessoa está satisfeita, mas come por “esporte”; Secreção salivar: Glândulas salivares: - G. parótida: secreta proteínas, EX: a-amilase salivar; - G. submandibular: secreta proteínas e mucina, EX: N-acetil-glicosamina; - G. sublingual: secreta apenas mucina; Saliva: - Primária: bem aquosa + íons (é hipotônico ao plasma, para não puxar água); Funções: 1. Amolecer e lubrificar o alimento – torná-lo mais fácil de deglutir; 2. Regulação da temperatura do alimento – em ambos os extremos. Deixa o alimento com a temperatura compatível ao corpo; 3. Digestão do amido – digestão química inicia com a secreção da amilase salivar. A amilase quebra o amido em maltose depois que a enzima é ativada por Cl- na saliva; 4. Gustação – dissolve o alimento para que possamos sentir seu gosto; 5. Defesa – lisozima é uma enzima salivar antibacteriana, e imunoglobulinas salivares incapacitam bactérias e vírus; 6. Limpeza – ajuda a limpar os dentes e manter a língua livre de partículas alimentares; 7. Ação tamponante – protege a mucosa oral e os dentes contra alimentos ácidos; 8. Cicatrização de lesões na mucosa oral – pela secreção do fator de crescimento epidérmico; Estímulos exógenos e endógenos: - Eles ativam ou inibem a resposta autônoma, que é relacionada com os núcleos salivatórios; Via de sinalização: - Na MBL (membrana basolateral – voltada para o capilar) vai chegar nutrientes pela corrente sanguínea, na ML (membrana luminar ou apical – voltada para os ductos) o contato é com a saliva. A sinalização ocorre pelo simpático a partir da noradrenalina, noraepinefrina, que se ligam à receptores B, gerando a formação de cAMP (AMP cíclica), que gera exocitose de proteínas (amilase salivar, glicoproteínas e mucinas). - Outra sinalização é a noraepinefrina se ligando à receptores a, que entram na mesma via de sinalização do parassimpático, com a acetilcolina se ligando à receptores muscaríneos, ou substâncias P se ligando à receptores P. Todas essas ativam o 2° mensageiro inusitol tri-fosfato, que sinaliza que o retículo sarcoplasmático libere seu Ca, que estimula exocitose de proteínas, ou então, ocorre canais de vazamento (K+ para fora e Na+ para dentro), Na+ dentro da célula atrai água, ativando a bomba de sódio-potássio (3 Na+ para fora e 2 K+ para dentro), jogando água para fora da célula junto com o Na+. Dessa água é formada a saliva, ocorrendo assim, a secreção salivar. OBS: Quando uma pessoa está nervosa, ela sofre a ativação do simpático, dessa forma, duas vias de soluto são estimuladas para uma via de solvente, por isso a saliva fica grossa Xerostomia. Estágios da deglutição: 1. Estágio voluntário (fase oral), que inicia o processo de deglutição. Nesse estágio, a língua empurra o bolo alimentar para o palato duro, gerando o reflexo da deglutição (que é involuntário); 2. Estágio faríngeo, que é involuntário, corresponde à passagem do alimento pela faringe até o esôfago. Nesse estágio, ocorre a inibição rápida da respiração, pois não é impossível respirar e “engolir”, para isso ocorre o relaxamento do EES (esfíncter esofágico superior), para manter o material deglutido fora das vias aéreas. Essa inibição ocorre devido à inibição do centro respiratório do bulbo pelo centro de deglutição. 3. Estágio esofágico, outra fase involuntária que transporta o alimento da faringe ao estômago, devido ao peristaltismo. Peristaltismo: - Peristaltismo primário: é a continuação da onda peristáltica iniciada na faringe e se propaga para o esôfago durante a etapa faríngea da deglutição; - Peristaltismo secundário: só é necessário se a onda peristáltica primária for insuficiente para movimentar todo o alimento que penetrou no esôfago em direção ao estômago, assim, surgem ondas peristálticas secundárias, que resultam da distensão do esôfago pelo alimento retido. Secreção / estimulação: Caso clínico: - Eduarda é uma estudante do primeiro ano de medicina. Antes de realizar uma apresentação oral em congresso, ela estava extremante nervosa. Sua boca estava seca, com saliva “grossa”. 1. A salivação está sob controle de qual sistema fisiológico? A salivação é controlada pelos sistemas simpático e parassimpático em equilíbrio (cada via de um, soluto-simpático e solvente-parassimpático). 2. Por que Eduarda teve a sensação da sua saliva estar “grossa”? Porque ela está nervosa, dessa forma, o sistema simpático está em dominância, estimulando duas vias de soluto para uma via de solvente, fazendo a saliva ficar mais “grossa”. Gabriela Domingues Werner
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