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397 Sumário 1 PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO ................................................................................ 400 2 RELAÇÃO DE EMPREGO ................................................................................................................ 401 2.1 Requisitos ....................................................................................................................................... 401 2.2Aprendiz .......................................................................................................................................... 402 2.3 Empregado em Domicílio – Teletrabalho – Regulamentação home office............................... 402 2.4 Empregado Doméstico .................................................................................................................. 403 2.5 Empregado Rural .......................................................................................................................... 406 2.6 Empregado Público ....................................................................................................................... 406 2.7 Quem não é Empregado ............................................................................................................... 406 2.8 Empregador ................................................................................................................................... 407 3 Elementos essenciais do contrato de trabalho ................................................................................... 409 3.1 Contrato de Trabalho por Tempo Determinado ........................................................................ 409 3.2 CONTRATO DE TRABALHO INTERMITENTE – Lei. 13.467/2017 ................................... 410 3.3 SUSPENSÃO E INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO.................................. 411 4 JORNADA DE TRABALHO .............................................................................................................. 412 4.1 Horas Extraordinárias .................................................................................................................. 412 4.2 Intervalos e horas extraordinárias ............................................................................................... 413 4.3 Hora in itinere: ............................................................................................................................... 414 4.4 Sobreaviso e prontidão: ................................................................................................................ 415 4.5 Banco de horas ............................................................................................................................... 415 4.6 Hora Noturna ................................................................................................................................ 415 4.7 Tempo Parcial ................................................................................................................................ 416 4.8 Cartão de ponto ............................................................................................................................. 416 4.9 Compensação de Jornada no mesmo mês ................................................................................... 416 5 FÉRIAS ................................................................................................................................................. 416 6 REMUNERAÇÃO: arts. 457 e seguintes da CLT ............................................................................. 418 7 INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE ..................................................................................... 421 7.1 TRABALHO DA MULHER – Lei. 13.467/2017 ............................................................................. 423 8 ESTABILIDADE ................................................................................................................................. 423 9 EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO ............................................................................. 426 9.1 Sem justa Causa ............................................................................................................................ 426 9.2 Por Justa Causa ............................................................................................................................. 426 9.3 Rescisão Indireta (art. 483, CLT) ................................................................................................ 427 9.4 Culpa recíproca: ............................................................................................................................ 427 398 9.5 Demissão ......................................................................................................................................... 427 9.6 Acordo entre Empregado e Empregador .................................................................................... 428 9.7 Outras Causas ................................................................................................................................ 428 9.8 Da homologação do termo de rescisão do contrato de trabalho ............................................... 428 9.9 Da dispensa em Massa .................................................................................................................. 428 10 AVISO PRÉVIO................................................................................................................................. 428 11 CONTRIBUIÇÕES ............................................................................................................................ 429 11.1 CONTRIBUIÇÃO SINDICAL .................................................................................................. 429 11.2 CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA ................................................................................... 429 11.3 CONTRIBUIÇÃO ASSISTENCIAL OU TAXA ASSISTENCIAL ....................................... 430 1. ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO ........................................................................ 430 2. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO ......................................................................... 431 2.1 CONFLITOS DE COMPETÊNCIA ........................................................................................... 433 2.2 COMPETÊNCIA TERRITORIAL ............................................................................................. 433 3. PARTES E PROCURADORES NO PROCESSO DO TRABALHO ............................................ 433 3.1 Mandato Apud Acta ....................................................................................................................... 434 3.2 Assistência Judiciária X Benefício da Justiça Gratuita ............................................................. 434 3.3 Massa Falida e Recuperação Judicial .......................................................................................... 435 3.4 Homologação de acordo judicial .................................................................................................. 435 4. PROCEDIMENTOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO ................................................................... 435 4.1 Procedimentos Comuns ................................................................................................................ 435 4.2 Procedimentos Especiais ............................................................................................................... 436 4.3 Prazos Processuais......................................................................................................................... 436 5. NULIDADES DO PROCESSO DO TRABALHO ........................................................................... 436 6. AUDIÊNCIAS NO PROCESSO DO TRABALHO .........................................................................437 6.1 Notificação por Edital ................................................................................................................... 437 6.2 Trâmite da Audiência ................................................................................................................... 437 6.3 Comparecimento das Partes em Audiência ................................................................................ 438 6.4 Representação das Partes ............................................................................................................. 439 7. PROVAS NO PROCESSO DO TRABALHO .................................................................................. 440 8. RESPOSTA DO RÉU ......................................................................................................................... 442 9. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA ..................................................................................................... 444 10. HONORÁRIOS ................................................................................................................................. 445 11. RECURSOS TRABALHISTAS ....................................................................................................... 446 12. EXECUÇÃO TRABALHISTA ........................................................................................................ 450 13. DISSÍDIOS COLETIVOS ................................................................................................................ 452 399 14. INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA ....................... 452 15. PROCESSO DE HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO EXTRAJUDICIAL................................... 452 16. LITIGÂNCIA DE MÁ FÉ ................................................................................................................ 452 400 DIREITO DO TRABALHO 1 PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO Princípios são pedras basilares do ordenamento jurídico, portanto, constituem o fundamento dele. O Direito do Trabalho é regido pelos princípios comuns a todos os ramos do Direito, como a dignidade da pessoa humana, princípio da igualdade, etc., mas possui também princípios próprios e específicos, ou seja, aqueles que somente norteiam as normas trabalhistas, servindo de guia, orientação aos aplicadores do direito. São eles: 1.1 Princípio da Proteção ao Trabalhador (art. 7º) Este princípio busca compensar a superioridade econômica, equilibrando a relação jurídica, garantindo, dessa forma, direitos mínimos ao trabalhador, desdobra-se em três vertentes: a) in dúbio pro operário: em caso de dúvida, as normas devem ser interpretadas favoravelmente ao empregado. b) aplicação da norma mais favorável: Quando há mais de uma norma possível de ser aplicada no caso concreto, deve-se escolher aquela que mais favoreça ao trabalhador. ATENÇÃO!! Mudou com a reforma trabalhista: Antes da reforma trabalhista, se existissem normas conflitantes entre o acordo coletivo de trabalho e a convenção coletiva de trabalho, prevalecer-se-ia a mais benéfica, porém, após a reforma, tendo normas conflitantes entre o acordo coletivo e a convenção coletiva, prevalecerá o disposto no ACORDO COLETIVO DE TRABALHO, conforme o art. 620 da CLT. Ademais, os instrumentos coletivos de trabalho (Convenção Coletiva e Acordo Coletivo) prevalecerão sobre a lei quando versarem sobre os assuntos listados no art. 611-A da CLT. c) aplicação da condição mais benéfica: nada mais é do que a reafirmação do direito adquirido, posto que determina que as vantagens conquistadas pelo trabalhador não podem ser modificadas para pior. Ex.: Súmula 51 do TST e 288 TST. 1.2 Princípio da Irrenunciabilidade de Direitos Segundo Henrique Correia, a Renúncia é um ato unilateral que recai sobre direito certo e atual. EX: Empregado conquistou o direito de férias após um ano de trabalho e abriria mão de suas férias, ou seja, desse direito conquistado, o que não é válido no direito do trabalho. Os direitos trabalhistas são irrenunciáveis; portanto, não é permitido ao trabalhador abrir mão deles. Caso isso venha a ocorrer na prática, o ato será nulo, conforme o art. 9º da CLT: Art. 9º - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação. Têm-se dois subprincípios derivados do princípio da Irrenunciabilidade de Direitos: a) Princípio da Irredutibilidade Salarial: o empregador está proibido de reduzir os salários dos trabalhadores, salvo mediante convecção ou acordo coletivo, ou seja, com a participação dos Sindicatos. b) Princípio da Intangibilidade Salarial: por tal princípio, tem-se a vedação dos descontos no salário, salvo os casos previstos em Lei ou norma coletiva. O salário, em regra, é impenhorável. Encontra-se uma exceção nas dívidas de pensão alimentícia. Existe exceção? Sim, existe. A renúncia poderá ocorrer em juízo, vez que o magistrado verificará que o empregado não agiu sob pressão. A transação deriva de ato bilateral das partes, ou seja, por concessões recíprocas, aqui os direitos são disponíveis. EX: Comissão de Conciliação Prévia. É, portanto, ato bilateral, característica que a diferencia da renúncia. Importante lembrar que não há possibilidade de se instituir a arbitragem para dissídios individuais, sendo permitida apenas para os dissídios coletivos. Atenção: COM A REFORMA TRABALHISTA É POSSÍVEL INSTITUIR A ARBITRAGEM PARA EMPREGADOS COM NÍVEL SUPERIOR E COM SALÁRIO ACIMA DE R$11.062,62. 401 Art. 507-A. os contratos individuais de trabalho cuja remuneração seja superior a duas vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social, poderá ser pactuada cláusula compromissória de arbitragem, desde que por iniciativa do empregado ou mediante a sua concordância expressa, nos termos previstos na Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996. Também é um exemplo de transação no direito do trabalho. O PDV (Programa de Demissão Voluntário) é um programa que possibilita algumas vantagens ao empregado que se desliga do trabalho voluntariamente. Importante lembrar que o empregado que adere ao PDV, estipulados em convenções ou acordo coletivos de trabalho ensejarão quitação total do contrato de trabalho, salvo estipulação em contrário ajustada entre as partes. Antes, não havia quitação integral do contrato de trabalho, pelo que poder-se-ia ajuizar Reclamatória Trabalhista com fincas a discutir as verbas que não foram pagas, é o que enuncia a OJ 270, da SDI-1. 1.3 Princípio da Continuidade da Relação de Emprego Por este princípio, presume-se que o contrato de trabalho é válido por tempo indeterminado, ou seja, presume-se que há a continuidade da relação de emprego. Assim, o contrato de trabalho por prazo determinado é exceção a essa regra. 1.4 Princípio da Primazia da Realidade No Direito do Trabalho os fatos são mais importantes que os documentos. A verdade real importa mais do que qualquer forma ou estrutura. Ex.: Na CTPS consta a função de ajudante, na prática o empregado realizava outra função, qual seja, a de soldador. EX.: Súmula 12, TST. 2 RELAÇÃO DE EMPREGO Muitos são os trabalhadores, mas poucos são os empregados! A expressão contrato de trabalho é gênero do qual o contrato de emprego, ou relação de emprego é espécie, por isso é certo dizer “TODA RELAÇÃO DE EMPREGO É UMA RELAÇÃO DE TRABALHO, MAS NEM TODA RELAÇÃO DE TRABALHO É UMA RELAÇÃO DE EMPREGO. Relação de trabalho abarca todo e qualquer trabalho, como o eventual, avulso, estagiário, etc. Já relação de emprego somente se refere à relação estabelecida entre empregado e empregador regida pela CLT. Para entender estarelação é preciso conhecer o conceito de empregado disposto no art. 3º da CLT. Já o conceito de empregador vem disposto no art. 2º, CLT. 2.1 Requisitos Da definição de empregado acima são retirados os cinco requisitos que, cumulativamente, configuram a relação de emprego, utiliza-se um macete bem interessante, qual seja, SHOPP. A) Subordinação: Hoje o que importa é a subordinação jurídica, que é a vinculação do empregado ao poder empregatício, respeitando ordens e mandamentos. Não é a subordinação econômica, técnica ou social, somente a subordinação jurídica, é a aplicação do MANDA QUEM PODE, OBEDECE QUEM TEM JUÍZO; B) Habitualidade: a prestação do trabalho deve ser contínua, ou seja, deve existir uma expectativa de retorno ao posto de trabalho; C) Onerosidade: é a relação de prestação e contraprestação. O contrato de emprego é um contrato oneroso, à medida que o empregado tem o dever de prestar o serviço, enquanto o empregador tem o dever de pagar o salário; D) Pessoalidade: somente a pessoa do empregado pode prestar o serviço, ou seja, a prestação é pessoal, personalíssima, por isso não pode ser prestado por pessoa diferente. Eu não posso faltar no emprego e mandar meu irmão no lugar. E) Pessoa Física: Vale destacar que somente a pessoa física pode ser empregado. ATUALMENTE muitas empresas vêm exigindo dos trabalhadores a criação de pessoa jurídica como condição indispensável à prestação de serviços. É a chamada PEJOTIZAÇÃO ou PEJOTISMO. Prevalece o entendimento de que tal fenômeno constitui FRAUDE À LEGISLAÇÃO TRABALHISTA. É uma das grandes fraudes da 402 atualidade. Bem por isso, aplica-se o art. 9º e 444 CLT, é uma nulidade de pleno direito. Aqui cabe o vínculo empregatício, com fulcro na primazia da realidade. Relações de Trabalho em sentido amplo: – Autônomo: falta a subordinação jurídica. Ex.: Profissionais liberais; – Eventual: falta a habitualidade. Ex.: Aquele que faz bico, e aquele que faz chapa. – Avulso: ausência de habitualidade. No avulso nós temos intermediação de mão-de-obra (sindicato ou o órgão gestor de mão-de-obra), é a única diferença do eventual. Ex.: Estivadores nos portos – o OGMO que faz a intermediação. – Voluntário: falta a onerosidade. Considera-se serviço voluntário, para os fins desta Lei, a atividade não remunerada prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza ou a instituição privada de fins não lucrativos que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência à pessoa. Existe uma forma prescrita em lei para o contrato de emprego? Não, o contrato de trabalho não é contrato formal, como se observa no art. 443 da CLT. ATENÇÃO!!! Trabalhador autônomo, após a reforma trabalhista – É a pessoa física que presta serviços por conta própria, assumindo os riscos do empreendimento. Verifica-se, assim, que falta ao trabalhador autônomo o requisito da subordinação para que se configure a relação empregatícia. Pela nova lei, há possibilidade de contratação do autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais, sem exclusividade, de forma contínua ou não, afastando-se, assim, a qualidade de emprego. Art. 442-B. A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais, com ou sem exclusividade, de forma contínua ou não, afasta a qualidade de empregado prevista no art. 3º desta Consolidação. 2.2Aprendiz É importante destacar que o aprendiz é empregado. De acordo com o art. 403 da CLT, é proibido ao menor de 16 anos exercer qualquer trabalho, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos. O art. 428 define o contrato de aprendizagem. São três os pressupostos de validade do contrato de aprendizagem (art. 428, § 1º): a) anotação na CTPS; b) matricula e frequência em escola, caso o aprendiz não tenha terminado o ensino médio; c) inscrição em programa de aprendizagem que vise a formação técnico-profissional. O aprendiz tem direito ao salário mínimo proporcional à jornada. O contrato de aprendizagem não pode ser superior a 2 anos, a não ser que o aprendiz seja portador de deficiência. A jornada do aprendiz não pode ser superior a 6 horas diárias e são proibidas a prorrogação e a compensação. Caso o aprendiz já tenha terminado o ensino fundamental, a jornada poderá ser de até 8 horas, desde que nela estejam computadas as horas destinadas à aprendizagem teórica. Nos contratos de aprendizagem, o Empregador deverá recolher 2% de FGTS. Disciplina Legal: arts. 428 a 433 da CLT. 2.3 Empregado em Domicílio – Teletrabalho – Regulamentação home office De acordo com o art. 75 da CLT, o trabalhador em domicílio é aquele que executa o trabalho na sua habitação ou em oficina de família. Lembre-se: para a caracterização do vínculo de emprego somente é necessária a presença dos requisitos do art. 3º da CLT. O local da prestação do serviço não é um requisito e, por isso não pode ser utilizado para descaracterizar a relação. Sobre isso, importante a leitura do art. 6º, CLT. ATENÇÃO! REFORMA TRABALHISTA: Antes da reforma não havia regulamentação do chamado trabalho em casa, ou home office. A partir de agora, o trabalho home office foi devidamente regulamentado com a reforma trabalhista. Há possibilidade de regime misto (teletrabalho e trabalho presencial em determinados eventos) e de alteração entre os dois regimes, desde que mediante mútuo acordo entre as partes. AQUI NÃO HÁ CONTROLE DE JORNADA. 403 Art. 75-C. A prestação de serviços na modalidade de teletrabalho deverá constar expressamente do contrato individual de trabalho, que especificará as atividades que serão realizadas pelo empregado. § 1 o Poderá ser realizada a alteração entre regime presencial e de teletrabalho desde que haja mútuo acordo entre as partes, registrado em aditivo contratual. § 2 o Poderá ser realizada a alteração do regime de teletrabalho para o presencial por determinação do empregador, garantido prazo de transição mínimo de quinze dias, com correspondente registro em aditivo contratual.’ Qual a diferença entre o empregado em domicílio e o trabalhador autônomo? A subordinação! O autônomo não é subordinado, já o empregado em domicílio é! Tem-se a Subordinação jurídica virtual. Para fins de subordinação jurídica houve equiparação dos meios telemáticos e informatizados aos meios pessoais e diretos. EX.: Jornalistas, Analistas de Sistema, Revisores, Publicitários, etc. É possível um acidente de trabalho dentro de casa, desse sujeito que realiza teletrabalho? Sim! 2.4 Empregado Doméstico É o tema mais frequente na OAB, já caiu diversas vezes. A Lei Complementar nº 150/15 regulamenta essa espécie de empregado. O art. 1º assim define empregado doméstico, e o primeiro aspecto a ser notado refere-se à presença dos requisitos que configuram a relação de emprego. O artigo deixa bem claro que, para ser considerado empregado doméstico é preciso a continuidade, a subordinação, a onerosidade e a pessoalidade. Outro aspecto a ser notado é a prestação de serviço de finalidade não lucrativa no âmbito residencial (externo e interno). Não depende da formação da pessoa, pode-se ter um médico doméstico, etc. Ou seja, para se considerar trabalho doméstico a pessoa não pode auxiliar em atividade que vise lucro. EX.: : Tarefas domésticas diárias, babá, caseiro, cuidador de idoso, cozinha particular, motorista particular, piloto de helicóptero, marinheiro do iate, passeador de cães etc. Assim, por exemplo, se o empregador fornece alimentação a terceiros mediante pagamento e o empregado o auxilia nesta atividade, ele não pode ser considerado doméstico, ele terá vínculo urbano, já que aufere lucro. O aspecto mais importante a ser notado no dispositivo acima diz respeito à quantidade de dias necessário para a configuração do vínculo de emprego. Muito se discutiu doutrinária e jurisprudencialmente sobre a diferença entre empregadodoméstico e diarista. Com a edição da Lei Complementar, a celeuma foi resolvida. Todo aquele que prestar serviço 3 vezes ou mais por semana será empregado. Abaixo disso, diarista. Atenção! Menor de 18 anos não pode ser empregado doméstico! 2.6.1 Jornada O empregado doméstico está sujeito à mesma limitação de jornada que os demais empregados, a saber: 8 horas diárias e 44 horas semanais. Caso faça horas extraordinárias, terá direito ao acréscimo de 50% sobre o valor da hora normal, a não ser que seja estipulado regime de compensação. Diferentemente dos demais empregados, o doméstico pode estabelecer o regime de compensação mediante acordo escrito com seu empregador. Entretanto, deve-se atentar para o disposto no § 5º do art. 2º da LC 150/15. O regime de compensação somente pode atingir as horas extraordinárias que ultrapassem o limite de 40. Desta forma, se o empregado fizer 45 horas extraordinárias, 40 devem ser pagas com o adicional devido e 5 podem ser compensadas. Caso não tenha havido a compensação e o contrato de trabalho vier a ser rescindido, o empregado tem direito ao recebimento do valor das horas, acrescido do percentual. Neste caso, a hora será paga pelo valor da data da rescisão e não pelo valor da hora no momento de sua prestação. O empregado pode morar em seu local de trabalho? Como fica a jornada de trabalho neste caso? Sim, pode. Nada impede que o empregado habite a residência do empregador. Neste caso, a jornada de trabalho é computada excluindo-se os intervalos legais, o tempo de repouso, as horas não trabalhadas, os feriados e os domingos livres em que o empregado, embora permaneça em seu local de trabalho, não exerça atividade laborativa (§ 7º). Caso o empregado doméstico preste trabalhos em domingos e feriados terá direito a receber o seu valor em dobro, sem prejuízo da remuneração relativa ao repouso semanal, caso não haja compensação. O doméstico pode trabalhar em escala 12x36? 404 Sim, pode. O art. 10 da Lei dos Domésticos determina que a escala 12x36 pode ser pactuada mediante acordo escrito. O doméstico poderá acompanhar seu empregador em viagens. O art. 11 determina que, em caso de viagens, somente são consideradas na jornada, as horas efetivamente trabalhadas e elas serão acrescidas de, no mínimo, 25%. Caso sejam feitas horas extraordinárias, elas poderão ser compensadas em outro dia, desde que ultrapassem 40 horas. É importante destacar que é preciso acordo escrito para que haja o acompanhamento. É obrigatório o controle de jornada? No caso dos domésticos é preciso o registro de ponto que poderá ser manual, mecânico ou eletrônico, independentemente do número de empregados domésticos. Se eu tiver um ou 100 empregados domésticos, todos eles devem ter controle de jornada. E o intervalo intrajornada? Os domésticos possuem direito a intervalo para repouso e alimentação de, no mínimo, 1 hora e, no máximo, 2 horas. Ocorre, contudo, que através de acordo escrito, o intervalo poderá ser reduzido para 30 minutos (tal regra não é permitida para os empregados urbanos). O intervalo pode ser desmembrado em dois períodos, desde que cada um deles tenha no mínimo 1 hora, limitados a 4 horas, quando o empregado mora em seu local de trabalho. O desmembramento deve ser anotado no registro de ponto. Trabalho Noturno De acordo com o art. 14, será considerado trabalho noturno aquele realizado entre 22 horas de um dia e 5 horas de outro. A hora noturna é reduzida, assim sua duração é de 52 minutos e 30 segundos. É devido adicional noturno de, no mínimo, 20%. Entre duas jornadas, é devido o intervalo intrajornada de, no mínimo, 11 horas consecutivas destinadas ao descanso. O doméstico tem direito ao repouso semanal remunerado de, no mínimo, 24 horas consecutivas, preferencialmente aos domingos. 2.6.2 Regime parcial É possível o trabalho em regime parcial, quando a duração não exceda a 25 horas semanais, como salário também proporcional. Por meio de acordo escrito, o empregado em regime parcial poderá prestar horas extraordinárias, limitadas a 1 hora por dia; porém, a jornada total não poderá exceder seis horas. Essa é a inteligência do § 2º do art. 3º da LC 150/15. 2.6.3 Férias Como todo empregado, os domésticos também possuem direito a férias, ainda que o trabalho seja a tempo parcial, conforme determinação do § 3º do mesmo dispositivo legal: § 3 o Na modalidade do regime de tempo parcial, após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias, na seguinte proporção: I - 18 (dezoito) dias, para a duração do trabalho semanal superior a 22 (vinte e duas) horas, até 25 (vinte e cinco) horas; II - 16 (dezesseis) dias, para a duração do trabalho semanal superior a 20 (vinte) horas, até 22 (vinte e duas) horas; III - 14 (quatorze) dias, para a duração do trabalho semanal superior a 15 (quinze) horas, até 20 (vinte) horas; IV - 12 (doze) dias, para a duração do trabalho semanal superior a 10 (dez) horas, até 15 (quinze) horas; V - 10 (dez) dias, para a duração do trabalho semanal superior a 5 (cinco) horas, até 10 (dez) horas; VI - 8 (oito) dias, para a duração do trabalho semanal igual ou inferior a 5 (cinco) horas. O empregado em tempo integral tem direito a 30 dias de férias anuais, remuneradas, com acréscimo de, pelo menos, 1/3 do salário normal. O direito a férias reflete na cessação do contrato de trabalho, ou seja, quando o contrato de trabalho for extinto, o doméstico tem direito a receber o valor das férias relativamente ao período incompleto, na proporção de doze avos por mês de serviço ou fração superior a 14 dias. Este direito não se aplica em caso de encerramento por justa causa. O período de férias do doméstico pode ser fracionado em dois; contudo, um deles deve ter, no mínimo, 14 dias corridos. Lembra-se, por oportuno, que para os empregados urbanos, o mínimo de férias no período fracionado é de 10 (dez) dias. Poderá haver 405 conversão de 1/3 de férias em abono pecuniário, mas este deverá ser requerido até 30 dias antes do término do período aquisitivo. 2.6.4 Contratação por prazo determinado O art. 4º da Lei Complementar autoriza a contratação de doméstico por prazo determinado em duas situações: a) por contrato de experiência; b) para atender necessidades familiares transitórias; c) para substituição de empregado doméstico, cujo contrato está interrompido ou suspenso. Nestes dois últimos casos, a contratação não pode ultrapassar 2 anos. Já o contrato de experiência não pode ser superior a 90 dias. Se, durante estes lapsos temporais, o empregador demitir sem justa causa o empregado, deverá lhe indenizar com a metade da remuneração a que teria direito, se o contrato prosseguisse até seu termo final. O mesmo vale para o empregado; porém, a indenização versará sobre os prejuízos advindos da rescisão antecipada. Não é devido aviso prévio. 2.6.5 CTPS O empregado doméstico deve ter seu trabalho anotado na Carteira de Trabalho e Previdência Social, no prazo de 48 horas, conforme art.9º, da LC. 2.6.6 Descontos O empregador está proibido de descontar do salário do empregado doméstico valores relativos ao fornecimento de alimentação, vestuário, higiene, moradia, bem como transporte, hospedagem e alimentação quando houver acompanhamento em viagem. Poderá, contudo, descontar a parcela salarial que foi descontada e, se houver acordo escrito, as despesas referentes à inclusão do empregado em plano de saúde, de seguro e de previdência privada, desde que não ultrapassem 20% do salário. Em relação à moradia, é importante frisar que não se pode efetuar desconto quando o empregado habita o local de seu trabalho. Se, porém, o empregado residir em local diverso, o desconto é permitido. 2.6.7 Previdência Social e FGTS O art. 20 da LC 150/15 determina que o empregado doméstico é segurado obrigatório daPrevidência Social. O doméstico deve ser incluído no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço; logo, o empregador tem a obrigação de promover sua inscrição e de efetuar os recolhimentos devidos (art. 21). Tem ainda o empregador a obrigação de depositar valor destinado a indenizar o empregado pela perda do emprego sem justa causa ou por culpa do empregador. Sobre isso, leia o art. 22 da LC 150/15. 2.6.8 Extinção do Contrato de Trabalho Se o contrato for por tempo indeterminado a parte que desejar rescindi-lo deverá comunicar a outra. Se o empregado contar até um ano de serviço para o mesmo empregador, o aviso prévio será de 30 dias. Se o empregado contar com mais de um ano de serviço, o aviso prévio será acrescido de três dias por ano de serviço prestados ao mesmo empregador, limitados a 60 dias, o que perfazerá 90 dias totais, similar ao trabalhador com vínculo urbano. E se não for dado o aviso prévio? A falta de aviso prévio gera implicações. Caso o empregador não tenha cumprido com esse dever, o empregado terá direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso e o tempo também será contado como de efetivo serviço. Já se a falta for do empregado, o empregador tem direito a descontar os valores correspondentes aos salários do período. É importante destacar que o valor das horas extras habituais integra o aviso prévio indenizado. Durante o aviso prévio o empregado terá sua jornada reduzida em duas horas ou, caso queira, a jornada será mantida, mas haverá o direito de faltar por sete dias consecutivos. Mas, essa regra só é aplicável em caso de rescisão promovida pelo empregador. O empregado despedido sem justa causa tem direito ao seguro desemprego se reenchido os requisitos legais. O art. 27 expõe os motivos que são considerados justa causa. O contrato de trabalho também pode ser rescindido por culpa do empregador, é o que se chama de despedida indireta (art. 27) 2.6.9 Licença-maternidade 406 A empregada doméstica tem direito à licença-maternidade de 120 dias, período no qual goza de estabilidade, igual a todas as demais empregadas. A estabilidade existe mesmo que a confirmação da gravidez se dê durante o aviso prévio. 2.5 Empregado Rural O empregado rural é regulamentado pela Lei nº 5.889/73. A CLT só é aplicada em caso de não conflitar com a lei especial. O art. 2º define empregado rural. O que define um empregado rural não é o local da prestação do serviço e sim a atividade desenvolvida pelo empregador. Desta forma, são considerados empregados rurais todos aqueles que prestem serviços a empregador que desenvolva atividade agroeconômica com finalidade de lucro. Ainda para ser considerado empregado rural é necessária a presença dos requisitos que configuram relação de emprego. Gatos são aliciadores de trabalhadores, funcionando como intermediador de mão-de-obra. A intermediação é ilícita, e o vínculo empregatício será direto com o empregador rural. No aviso prévio, o empregado rural terá direito à redução de um dia por semana para buscar o novo emprego, sem prejuízo da remuneração. O empregado urbano terá redução de duas horas diárias ou sete dias corridos, de acordo com o artigo 488, da CLT. No que tange à hora noturna, na Pecuária vai das 21 às 05 e na Lavoura das 20 às 04, e o adicional é de 25%. O salário pode ser pago em dinheiro ou em utilidades, como alimentos e moradia. Essa forma de pagamento é chamada de salário in natura ou utilidades. Há possibilidade de desconto do salário-mínimo para o pagamento das utilidades, nos seguintes percentuais: a) Até 20% MORADIA b) Até 25% ALIMENTAÇÃO SADIA E FARTA Entretanto, há necessidade de autorização do Trabalhador. Para os urbanos pode haver desconto de 25% MORADIA e 20% ALIMENTAÇÃO, não há necessidade de prévia autorização, pela CLT. 2.6 Empregado Público O empregado público é o trabalhador que presta serviços a um dos entes da federação, suas autarquias e fundações, bem como para empresas públicas e sociedades de economia mista. É regido pela CLT. São três as principais diferenças desses empregados para os demais servidores: EMPREGADO PÚBLICO SERVIDOR ESTATUTÁRIO Tem função Ocupa cargo Regime contratual (CLT) Regime estatutário (estatuto) É regido pelo Direito do Trabalho É regido pelo Direito Administrativo Vale lembrar que a Constituição Federal exige concurso público para se tornar empregado público. 2.7 Quem não é Empregado Como dito no início deste capítulo, nem todo trabalhador é empregado, porquanto para se configurar este último é necessária a presença dos requisitos legais. Desta forma, não são empregados: a) Estagiário: É o ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho que visa à preparação para o trabalho produtivo do educando. É uma relação de trabalho em sentido amplo. Possui todos os requisitos da relação de emprego, mas a Lei expressamente diz que não é uma relação de emprego, não possuindo os estagiários os direitos celetistas, justamente para incentivar a formação de novos profissionais. É regido pela Lei nº 11.788/08. Ou seja, se você não saiu preparado, você não fez estágio. Sobre o estagiário, importante a Orientação Jurisprudencial 366. Em regra, toda vez que a natureza do estágio é desvirtuada, há o direito ao reconhecimento da relação de emprego. Isto, porém, não ocorre se o estágio é realizado em órgão ou entidade da Administração Direta e Indireta, porquanto, neste caso, a Constituição Federal exige a aprovação em concurso. Estágio obrigatório é aquele definido como tal no projeto do curso, cuja carga horária é requisito para aprovação e obtenção de diploma. Estágio Não Obrigatório é aquele desenvolvido como atividade opcional, 407 acrescida à carga horária regular e obrigatória, aqui há necessidade de contraprestação e a concessão de vale-transporte. A jornada do estagiário não pode ser superior a 06 horas diárias e 30 semanais. Estudantes da educação especial e nos anos finais do ensino fundamental têm jornada de 04 horas diárias e 20 semanais. A jornada será reduzida, pelo menos à metade, nos períodos de avaliação. O estágio durará, no máximo, 02 anos com a mesma parte concedente. Tal prazo não se aplica aos portadores de deficiência. A bolsa dependerá de acordo entre as partes, sendo esta obrigatória no caso de estágio não obrigatório. Se o estágio for por mais de 01 ano, haverá de ser concedido um recesso de no mínimo 30 dias, usufruído preferencialmente durante às férias escolares. Número máximo de Estagiários (esse limite que não se aplica aos estágios de nível superior e de nível médio profissional): a.1) 1 a 5 empregados: até 1 a.2) 6 a 10: 2 a.3) 11 a 25: 5 a.4) Acima de 25: 20% b) trabalhador voluntário: a Lei nº 9.608/98 que regulamenta o trabalho voluntário exige para sua configuração termo de adesão de voluntariado. Resta evidente que somente a pessoa física pode prestar trabalho voluntário, bem como não podem ser seus tomadores as empresas privadas com fins lucrativos. Embora não seja devido salário ao trabalho voluntário, haja vista que se trata de um contrato não oneroso, é possível o ressarcimento das despesas que o voluntário tiver com o exercício do trabalho, como por exemplo, com o transporte e alimentação. c) trabalhador prisional: o trabalho prisional é regido pela Lei de Execução Penal e tem por objetivo a ressocialização daquele que cumpre pena. d) Associado de cooperativa: ao menos teoricamente, o associado de cooperativa é também seu dono, dado que há distribuição de lucros e poderes nesta sistemática. O parágrafo único do art. 442 da CLT expressamente prevê que o associado de cooperativa não é empregado. O mesmo ocorre com o art. 90 da Lei nº 5.764/71 Para casa: ler a Lei nº 12.690/12 e Lei 11.788/2008. e) Cabo eleitoral: de acordo com o art. 100 da Lei nº 9.504/97, o cabo eleitoral não é empregado. f) MédicoResidente: a residência médica tem natureza de pós-graduação, por isso é regulamentada pelo MEC. Seu objetivo é a formação do profissional; logo, não se pode classificá-la como relação de emprego. Fixando Não são empregados: - Estagiário; - Cabo Eleitoral; - Médico Residente; - Associado de Cooperativa; - Trabalhador voluntário; e - Trabalhador prisional. 2.8 Empregador Vide art. 2º da CLT. Da leitura do dispositivo, é possível perceber que podem ser empregadores tanto pessoas físicas, quanto jurídicas, bem como o grupo de empresas. O empregador possui alguns poderes, a saber: a) Poder de Organização: consiste na distribuição das tarefas aos empregados, fixação de horário de trabalho, utilização de uniforme, etc. Insere-se, aqui, a possibilidade do empregador de expedir ordens gerais, por meio de Regulamento da Empresa. 408 b) Poder de Controle: é o direito de fiscalizar e controlar as atividades de seus empregados. É por conta deste poder que o empregador pode, por exemplo, realizar revista em seus empregados. A Constituição, porém, impede que qualquer pessoa tenha sua intimidade violada, bem como proíbe o tratamento desumano ou degradante. Sendo assim, o direito de revistar os empregados é limitado pelos direitos e garantias constitucionais. O TST tem admitido a revista em bolsas, sacolas e pertences desde que não submeta o trabalhador à situação constrangedora. Não é só a revista que se limita pelos direitos e garantias constitucionais, mas todo o poder de controle. Prevalece o entendimento de que se o email for corporativo, ou seja, da empresa, utilizado como ferramenta de trabalho, há possibilidade de fiscalização. c) Poder Disciplinar: é o poder que tem o empregador de aplicar penalidades aos empregados que violem as normas da empresa ou da CLT. O empregado está subordinado às ordens do empregador, como forma de dinamizar e organizar os trabalhos desenvolvidos pela empresa. PENALIDADES: Advertência verbal ou escrita (não é prevista em Lei, mas é admitida pela Doutrina e pela Jurisprudência), Suspensão disciplinar de no máximo 30 dias consecutivos. (o empregado fica afastado e não recebe remuneração. Não há depósito de FGTS) e Dispensa por justa causa (Coloca fim ao contrato de trabalho – Art. 482, CLT). CUIDADO COM A REFORMA TRABALHISTA! Agora, para se ter um grupo econômico, não basta a mera identidade de sócios para a configuração do grupo econômico, são necessárias a demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes. Também houve mudanças na sucessão trabalhista, antes não havia um dispositivo claro sobre o tema, sendo que os Tribunais interpretavam a norma, chegou-se a decidir, por exemplo, sobre a responsabilidade da sucedida. Os Ministros integrantes da Segunda Turma do TST já entenderam que a sucessora responderá integralmente pelos débitos contraídos pela sucedida, entretanto, tal premissa não poderá ser aplicada nas situações em que a transferência da propriedade é feita para empresa deficitária, que não dispõe de patrimônio suficiente para a garantia das dívidas trabalhistas contraídas com os empregados. Agora, está expressamente previsto que na hipótese de sucessão empresarial ou de empregadores, as obrigações trabalhistas são de responsabilidade do sucessor, sendo que a empresa sucedida somente responderá somente quando ficar comprovada fraude na transferência. GRUPO ECONÔMICO Importante alteração advinda com a lei n 13.467/2017. Vejamos: Art. 2º, § 2 o Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego. § 3 o Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios, sendo necessárias, para a configuração do grupo, a demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes Empresas integrantes de um mesmo grupo econômico são solidariamente responsáveis pelas obrigações trabalhistas uma das outras. A reforma trabalhista trouxe novas regras para o conceito de grupo econômico, estabelecendo que, não basta a mera identidade do sócio para a configuração do grupo econômico, são necessárias a demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes. SUCESSÃO TRABALHISTA Antes da reforma trabalhista não havia nenhum dispositivo claro sobre o tema, dessa forma os Tribunais interpretavam a norma, decidindo por exemplo, sobre a responsabilidade da sucedida. Porém, com a chegada da lei 13.467/2017 foi registrado que, na hipótese de sucessão empresarial ou de empregadores, em regra as obrigações trabalhistas são de responsabilidade do sucessor. A empresa sucedida responderá somente quando ficar comprovada fraude de transferência. DO SÓCIO RETIRANTE 409 Antes da reforma trabalhista não existia no ordenamento jurídico norma explícita sobre o limite temporal da responsabilidade do sócio retirante quanto aos créditos trabalhistas, cabia então ao intérprete buscar os limites a serem aplicados ao litígios. Vejamos o disposto no artigo 10 da CLT: Art. 10-A. O sócio retirante responde subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas da sociedade relativas ao período em que figurou como sócio, somente em ações ajuizadas até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, observada a seguinte ordem de preferência: I - a empresa devedora; II - os sócios atuais; e III - os sócios retirantes. Parágrafo único. O sócio retirante responderá solidariamente com os demais quando ficar comprovada fraude na alteração societária decorrente da modificação do contrato A nova lei trouxe novos parâmetros para a responsabilidade do sócio retirante em relação às dívidas trabalhistas da sociedade, qual seja, em regra, ele responde subsidiariamente, depois da empresa devedora e dos sócios atuais, e somente em ações ajuizadas em até dois anos depois de averbada a modificação do contrato social que registrou sua saída. 3 Elementos essenciais do contrato de trabalho a) Partes capazes: a pessoa pode começar a trabalhar com 16 anos, salvo o aprendiz que pode começar a trabalhar a partir dos 14 anos (art. 7º, XXXIII, CF). O menor de 18 anos não pode trabalhar em atividades insalubres, perigosas e noturno. b) Forma: não depende de forma específica, como regra. Temos exceções. Alguns contratos de trabalhos devem ser escritos. Ex.: Aprendiz e Temporário (esse cai na prova). c) Consenso. Trabalho escravo não é trabalho. A pessoa tem que querer trabalho. d) Objeto Lícito: Objeto Ilícito (contrato de trabalho é nulo): é aquele que contraria a Lei, a moral e os bons costumes, portanto, gera nulidade ex tunc . Ex.: contratos envolvendo tráficos de drogas. A mula que entra com uma ação contra o traficante. Contrato envolvendo jogo do bicho. Apontador que quer vínculo empregatício com o bicheiro – OJ 199 SDI-1 - TST. Envolve crimes e contravenções penais. Ex.: Contrato de Cassino. Objeto Proibido (contrato de trabalho é nulo): contraria apenas a Lei, por uma opção legislativa, por isso, gera nulidade ex nunc , relativa. Ex.: Trabalho do menor. O trabalho infantil não é crime. A criança vai ter todos os seus direitos garantidos. Ex.: Contratação da administração pública sem concurso, quais os direitos que eles terão? Súmula 363 – TST: No contrato da administração sem concurso público, o empregado terá direito apenas a salários e depósitos do FGTS. 3.1 Contrato de Trabalho por Tempo Determinado Como se denota, o contrato de trabalho pode ser por prazo determinado. De acordo com o § 1º doartigo 443, será por prazo determinado o contrato de trabalho cuja vigência dependa de termo prefixado ou da execução de serviços especificados ou ainda, da realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada. Note-se que a regra é o contrato por prazo indeterminado. Justamente por isso, o legislador deixou expresso os casos em que o contrato por tempo determinado será válido: § 2º - O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando: a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo; b) de atividades empresariais de caráter transitório; c) de contrato de experiência Serviço de natureza transitória é aquele que é breve, que visa atender às necessidades do empregador. A atividade é duradoura, mas a necessidade é transitória. Ex: contratação de pessoal em época natalina. 410 Atividade empresarial transitória é aquela precária, que surge para atender uma demanda de mercado e nada mais. Finda a demanda, extingue-se a empresa. Ex: fábrica de ovos de páscoa. São considerados contratos por tempo determinado: a) o contrato de safra: porquanto sua duração depende de variações estacionais da atividade agrária. Lei nº 5.889/73, art. 14, parágrafo único; b) o contrato de atleta profissional: cuja vigência não pode ser inferior a três meses, nem superior a cinco anos. Lei nº 9.615/98, art. 30; c) o contrato de artista: Lei nº 6.533/78; d) o contrato de técnico estrangeiro: Decreto-lei nº 691/69; e) o contrato de obra certa: Lei nº 2.959/56; f) contrato de aprendizagem: art. 428, CTL. O art. 1º da Lei nº 9.601/98 prevê que convenções e acordos coletivos poderão instituiu contrato de trabalho por prazo determinado, independentemente das condições estabelecidas no § 2º do art. 443 da CLT. Para casa: ler a Lei nº 9.601/98 O contrato de trabalho por prazo determinado não pode ser superior a dois anos, exceto o contrato de experiência que não pode ser superior a 90 dias. Essas são as regras contidas no art. 445 da CLT. Caso esse prazo não seja respeitado, o contrato se tornará por tempo indeterminado, segundo o art. 451, CLT. Há também prazo mínimo de seis meses entre um contrato de trabalho por tempo determinado e outro. Assim, se uma pessoa cumpriu um contrato desta natureza, não poderá ser recontratado antes de decorridos 6 meses, sob pena de o contrato ser considerado por prazo indeterminado. Essa regra contém uma exceção, qual seja: o caso de a expiração depender da execução de serviços especializados ou da realização de certos acontecimentos, como ocorre com os trabalhadores de hotéis e pousadas que dependem da alta temporada. Sobre isso, veja-se o art. 452 da CLT: Art. 452 - Considera-se por prazo indeterminado todo contrato que suceder, dentro de 6 (seis) meses, a outro contrato por prazo determinado, salvo se a expiração deste dependeu da execução de serviços especializados ou da realização de certos acontecimentos. Como as partes, neste tipo de contrato, já conhecem o seu termo final, não há que se falar em aviso prévio. Essa regra é excetuada pelo art. 481 da CLT. Também não há que se falar em garantia de emprego (estabilidade), posto que o termo final é conhecido das partes. O empregador que demitir o empregado sem justa causa será obrigado a lhe indenizar. A indenização corresponderá à metade dos salários que receberia se o contrato chegasse ao seu termo final. Mesmo vale se o empregado rescindir o contrato. Essa é a inteligência dos arts. 479, 480 e 481 da CLT. 3.2 CONTRATO DE TRABALHO INTERMITENTE – Lei. 13.467/2017 De acordo com o art. 443, §3º da CLT, o trabalho intermitente compreende o contrato de trabalho, cuja prestação dos serviços ocorre com subordinação, mas não é contínua, havendo alternância de período de prestação de serviços e de inatividade. A prestação de serviços pode ser determinada em horas, dias ou meses, independentemente da atividade desenvolvida pelo empregado ou pelo empregador. Trata-se de um contrato solene, pois deve necessariamente ser firmado por escrito e deve conter o valor da hora de trabalho, que não pode ser inferior ao valor do horário do salário mínimo ou aquele devido aos demais empregados do estabelecimento que exerçam a mesma função em contrato intermitente. De acordo om o §1º do art. 452-A da CLT, o empregador deverá convocar o empregado para a prestação de serviços com, pelo menos, 3 dias corridos de antecedência. Para tanto, poderá ser utilizado qualquer meio de comunicação eficaz. Ademais, na convocação deverá ser informada a jornada de trabalho do empregado, assegurando-se o prazo de 01 dia útil para que o empregado responda ao chamado, entendendo- se o silencia como recusa a prestação de serviços. 411 Aceita a oferta de trabalho intermitente pelo empregado, as partes que descumprirem o acordo, sem justo motivo, estarão sujeitas ao pagamento de multa a outra parte no valor de 50% da remuneração que seria devida, sendo possível a compensação no prazo de 30 dias. Após o trabalho, o empregado receberá o pagamento das seguintes parcelas: remuneração; férias proporcionais com acréscimo de 1/3; 13º salário proporcional; repouso semanal remunerado e adicionais legais. O FGTS e a contribuição previdenciária serão recolhidos pelo empregador na forma da lei. Poderá o trabalhador intermitente prestar serviços a outros empregadores. Leitura obrigatória do artigo 452-A da CLT. 3.3 SUSPENSÃO E INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO É um dos temas que mais cai no exame de Ordem. Suspensão: aqui o empregado fica s em salário e s em contagem de tempo de serviço. Ex.: falta injustificada, Greve (Art. 9º, da CF); Aposentadoria por invalidez (Art. 475, CLT); Empregado eleito diretor de sociedade (Súmula 269 – TST, em tese, ele se torna chefe). Os mais cobrados são GREVE e APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. EXCEÇÕES!!! Excepcionalmente, existem situações nas quais o contrato fica suspenso, mas havendo cômputo do período e depósitos do FGTS. 1) Prestação de serviço militar obrigatório; 2) Acidente de trabalho após o 15º dia; Para a empresa não é legal ter um cara desse, para o INSS também não. Hoje, é muito difícil “encostar” pelo INSS. O trabalhador então volta à Empresa, e o médico desta não dá alta. O trabalhador não recebe nem da empresa, nem do INSS, esse é o chamado LIMBO PREVIDENCIÀRIO TRABALHISTA, resta ao trabalhador entrar com um pedido de indenização. Interrupção: O empregado tem salário e o tempo conta como de efetivo serviço. Ex: férias, faltas justificadas (art. 473, CLT). Em conformidade com o art. 471 da CLT quando o empregado afastado voltar a exercer a atividade laborativa lhe serão asseguradas todas as vantagens atribuídas à categoria. O afastamento, nos contratos por prazo determinado, pode não ser computado, desde que haja acordo entre as partes. O art. 473 da CLT dispõe sobre as faltas justificadas, casos em que se tem a interrupção do contrato de trabalho. 8.1 Mais Casos de Interrupção do Contrato de Trabalho O homem tem ainda direito a cinco dias de licença paternidade de 5 dias nos termos do art. 7º, XIX, CF c.c. art. 10, §1º do ADCT. Entretanto, em 2016 foi publicada o DECRETO Nº 8.737, DE 3 DE MAIO DE 2016, garantido a licença paternidade para 20 dias, desde que a empresa seja cadastrada no Programa Empresa Cidadã. Em caso de aborto, determina o art. 395 da CLT que a mulher tem direito a repouso remunerado de duas semanas. A CLT impõe, em seu art. 320, §3º, a justificação de faltas diferenciadas para os professores, de maneira que estes profissionais têm direito a se ausentar do trabalho por 09 dias em caso de gala ou luto (quando falecer seu cônjuge, pai, mãe ou filho). A gestante tem direito à licença de 120 dias (art. 7º, XVIII, CF). A Lei Complementar nº 146/14 e o art. 392-B da CLT estendem a licença e a estabilidade ao cônjuge ouao companheiro quem detiver a guarda do filho, em caso de falecimento da gestante. A licença maternidade também é concedida em caso de adoção ou guarda, nos termos do art. 392- A da CLT. Também é considerada interrupção do contrato de trabalho o afastamento do representante dos empregados na Comissão de Conciliação Prévia, quando for convocado para atuar como conciliador (art. 625-B, §2º, CLT). O art. 3º, § 2º da Lei nº 8.036/90 determina que o tempo em que o representante dos empregados no Conselho Curador do FGTS, convocado para atuar como conciliador, será computado como de efetivo 412 serviço. O mesmo ocorre com o representante dos empregados no Conselho Nacional de Previdência Social (art. 3º, §6º, Lei nº 8.213/91). 8.2 Outras Observações O empregador poderá aplicar ao empregado a pena de suspensão; porém, esta não poderá ser superior a 30 dias; do contrário, ocorrerá a rescisão injusta do contrato de trabalho (art. 474, CLT). IMPORTANTE: O empregado aposentado por invalidez terá seu contrato de trabalho suspenso. Já o empregado que tiver recebendo seguro doença ou auxílio-enfermidade, somente terá seu contrato de trabalho suspenso após o 15º dia. Por meio de Acordo ou Convenção Coletiva, o empregado poderá ter seu contrato de trabalho suspenso para participar de curso ou programa de qualificação profissional, oferecido pelo empregador (art. 476-B, CLT). 4 JORNADA DE TRABALHO A jornada de trabalho está prevista tanto na Constituição Federal (art. 7º, inciso XIII), quanto na CLT (Art. 58). Da leitura dos dispositivos é possível notar que o legislador estabeleceu uma jornada máxima diária (8 horas) e uma semanal (44 horas). Ambas constituem limites que devem ser conjugados, de maneira que nenhum deve ser extrapolado (Nada impede que a lei que regulamenta uma profissão determine limite diferente, mas ainda neste caso não se poderá extrapolar os limites.) A regra acima contém exceções, quais sejam: a) empregados que trabalham em turno ininterrupto de revezamento: a eles é aplicado o art. 7º, XIV da Constituição que determina jornada máxima de seis horas, salvo negociação coletiva, hipótese em que poderá chegar a oito horas. A jornada menor é justificada pelo fato de o revezamento prejudicar tanto a saúde, quanto a vida social e familiar do empregado. Sobre esse tipo de jornada, leia a súmula 360 – TST. c) trabalhadores em escala 12x36 – alterado pela lei 13.467/2017: A reforma trabalhista trouxe a possibilidade de adoção do regime 12x36. Está previsto no artigo 59-A da CLT, vejamos: Art. 59-A. Em exceção ao disposto no art. 59 desta Consolidação, é facultado às partes, mediante acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, estabelecer horário de trabalho de doze horas seguidas por trinta e seis horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação. Parágrafo único. A remuneração mensal pactuada pelo horário previsto no caput deste artigo abrange os pagamentos devidos pelo descanso semanal remunerado e pelo descanso em feriados, e serão considerados compensados os feriados e as prorrogações de trabalho noturno, quando houver, de que tratam o art. 70 e o § 5º do art. 73 desta Consolidação. Registre-se também que, neste regime, a remuneração mensal inclui o repouso semanal remunerado e os feriados, sendo considerados compensados os feriados e as prorrogações de trabalho noturno. Além do mais, não se exige licença prévia do Ministério do Trabalho para a implantação do regime 12x36 em atividades insalubres (Art. 60, Parágrafo único). 4.1 Horas Extraordinárias O Empregado pode se recusar a prestação de horas extraordinárias? Na prática, manda quem pode, obedece quem tem juízo. Na teoria, o Empregado pode sim se recusar a prestar horas extras. O empregado somente estará obrigado à prestação de horas extras, se isso for estipulado por acordo escrito entre empregado e empregador ou então em negociação coletiva de trabalho – Art. 59, caput, da CLT. Dessa forma, a jornada normal poderá ser prorrogada por duas horas, são as chamadas horas extraordinárias. De acordo com o art. 59 da CLT é preciso acordo escrito entre empregado e empregador ou contrato coletivo de trabalho. 413 Atenção! O número máximo de horas extras permitidas em condições normais é de duas horas; contudo em caso de força maior ou necessidade imperiosa do serviço, a jornada poderá ser prorrogada por mais duas horas. Esta é a regra contida no art. 61 da CLT. Entende-se por necessidade imperiosa de serviço a real necessidade de se realizar ou concluir um serviço inadiável ou cuja inexecução possa acarretar prejuízo manifesto. Concluindo: jornada normal: máximo 8 horas + horas extras do art. 59 (2 horas) = 10 horas + horas extras do art. 61 (2 horas) = 12 horas Há pessoas que estão legalmente impedidas de prestar horas extraordinárias, seja pela lei que regulamenta a profissão, seja pela CLT. Neste último caso estão os trabalhadores em regime parcial (art. 58-A) e o aprendiz e o menor de 18 anos (art. 413, CLT – salvo em caso de força maior ou se houver compensação de jornada). As horas extras podem ser incorporadas? Em regra não, porque em nosso ordenamento os adicionais são tidos como adicional-condição (A única exceção a essa regra é a gratificação de chefia. Para fazer jus à incorporação é preciso que a pessoa tenha exercido a chefia por mais de 10 anos (súmula 372, TST); portanto, se o empregado não cumpre a condição, não tem direito ao adicional. Entretanto, em se tratando especificamente de horas extraordinárias, o TST editou a Súmula 29. Para compreender o conteúdo da súmula, imagine que uma pessoa prestou horas extraordinárias por 5 anos seguidos. É óbvio que durante este tempo, o trabalhador se acostumou com o salário “maior”, por isso o TST entende que não pode haver a supressão abrupta. A solução proposta na súmula é conferir ao trabalhador um mês de adicional para cada ano em que o recebeu. No nosso exemplo, a pessoa terá direito a receber o adicional por 5 meses. É importante destacar que os adicionais compõem a base de cálculo dos direitos trabalhistas. 4.2 Intervalos e horas extraordinárias Os intervalos têm como escopo, como finalidade evitar o cansaço do empregado, garantido às normas de proteção da saúde do trabalhador. Existem dois tipos de intervalos, a saber: a) interjornada: é aquele que ocorre entre uma jornada e outra. Deve ser de, no mínimo, 11 horas (art. 66, CLT). Se isto não for respeitado, o empregador deve pagar as horas faltantes como extraordinárias. A esse respeito, importante a OJ 355. A súmula 110 do TST traz uma regra bastante interessante. Todo trabalhador tem direito a 24 horas seguidas de descanso na semana. Essas horas não prejudicam o intervalo interjonada, de maneira que o empregado descansará 35 horas totais. Caso isso não ocorra, deve-se pagar horas extraordinárias. b) intrajornada: Ocorre entre jornadas, é o período destinado ao descanso e a alimentação. Tais períodos, em regra, não são computados na jornada de trabalho do empregado, ou seja, não são remunerados pelo empregador, é uma suspensão do trabalho. O tempo de intervalo varia de acordo com a jornada, veja- se: a) jornada de até 4 horas: não tem intervalo; b) jornada de 4 a 6 horas: 15 minutos; c) jornada acima de 6 horas: mínimo de 1 hora e máximo de 02 horas desde que haja negociação coletiva. Caso o intervalo para repouso e alimentação não tenha sido concedido, deve-se pagar hora extraordinária. Já se foi concedido de forma reduzida, deve-se pagar a hora cheia (súmula 437, TST). É POSSÍVEL A REDUÇÃO DO INTERVALO? AGORA É POSSÍVEL! Antes da reforma trabalhista apenas era possível a redução do intervalo em apenas duas hipóteses: aos motoristas, cobradores, fiscalização de campo e afins nos serviços de operaçãode veículos rodoviários, empregados no setor de transporte coletivo de passageiros, bem como para o caso de empresas que atendem integralmente às exigências concernentes à organização dos refeitórios, e quando os respectivos empregador não estiverem sob regime de trabalho prorrogado a horas suplementares. Porém, conforme alteração na reforma trabalhista, será possível, além dos casos acima, a redução de meia hora do intervalo intrajornada, desde que seja feito mediante Acordo Coletivo de Trabalho e Convenção Coletiva de Trabalho!!! 414 Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre III- intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas superiores a seis horas; c) intervalos especiais: Tais intervalos estão inseridos na jornada de trabalho, como se o empregado estivesse realizando serviços, esses intervalos são remunerados. Ou seja, são casos de interrupção. São eles: – Art. 72, CLT. A cada 90 minutos de trabalho continuo, corresponderá a um intervalo de 10 minutos; – Art. 253, CLT Mudança de Temperatura é Prejudicial. Após uma hora e 40 minutos de trabalho contínuo, o empregado terá direito a um intervalo de 20 minutos. Minas de Subsolo – ART. 298, CLT. Após 03 horas, um intervalo de 15 minutos. – Art. 396. CLT: Até que a criança complete 06 meses de vida, a mulher terá direito a dois intervalos de meia hora cada um deles. Nada impede que o empregador conceda outros intervalos aos empregados; porém, ele não poderá ser descontado do tempo da jornada. Vale dizer: o tempo de intervalo concedido voluntariamente pelo empregador é considerado de efetivo serviço. Esse é o entendimento do TST expressado na súmula 118. De acordo com o § 1º do art. 58 da CLT não são descontados do empregado e nem mesmo geram direito ao adicional de horas extraordinárias, as variações de horário não excedentes a 5 minutos, observado o máximo de 10 minutos diários. O sistema de ponto deve ficar na Portaria, na entrada da empresa. EX.: Sujeito que trabalha num silo da empresa, até ele chegar no silo demora 20 minutos e o cartão de ponto fica justamente no silo. *** No Serviço Militar e no acidente de trabalho há suspensão do contrato de trabalho. O empregado não trabalha para o empregador, não recebe salário, mas conta como tempo de serviço. INTERVALO ANTES DE HORAS EXTRAORDINÁRIAS De acordo com a CLT, a mulher fazia jus ao intervalo de 15 (quinze) minutos antes da prorrogação da jornada de trabalho. Porém, tal afirmação não é mais verdadeira, uma vez que a reforma trabalhista acabou com tal obrigatoriedade. Sendo assim, se uma empregada for cumprir horas extras, a mesma não terá direito de 15 (quinze) minutos antes de iniciar a jornada extraordinária. 4.3 Hora in itinere: Em regra, o tempo gasto entre a residência do empregado e o local de seu trabalho não é computado na jornada de trabalho. Contudo, esta regra comporta exceções e elas recebem o nome de horas in itinere (art. 58, § 2º, CLT) Para configurar esta exceção se faz necessário que o local de trabalho não seja servido por transporte público. Pode ainda ser configurada quando, mesmo servida por transporte público, mas ele for incompatível com os horários do empregado. Vide Súmula 90 do TST . ATENÇÃO --- De acordo com a reforma trabalhista, não há mais que se falar em tempo à disposição do empregador o fato de o local de trabalho ser de difícil acesso e não abrangido por transporte público. Ou seja, as horas in itinere não mais serão remuneradas. Não recebem horas extraordinárias: a) o trabalhador externo: art. 62, I, CLT b) aqueles que têm poder de chefia, de direção, ou seja, que estejam no comando de determinada empresa. ***Se o sujeito é vendedor externo, mas mesmo assim ele tem que comparecer na empresa nos horários pré-determinados há desconfiguração do art. 62. Essa pessoa terá controle de jornada. 415 CUIDADO!!! No caso das agências bancárias, teremos o Gerente da Agência e os demais gerentes (gerente de pessoa física, gerente de pessoa jurídica, etc.). Para estes deve ser observado o art. 224, CLT e a Súmula 102 do TST. Para o gerente de agência aplica-se o art. 62, da CLT e a Súmula 287, TST. 4.4 Sobreaviso e prontidão: A CLT define os regimes de sobreaviso e prontidão nos §§ 2º e 3º do art. 244: § 2º Considera-se de "sobreaviso" o empregado efetivo, que permanecer em sua própria casa, aguardando a qualquer momento o chamado para o serviço. Cada escala de "sobreaviso" será, no máximo, de vinte e quatro horas, As horas de "sobreaviso", para todos os efeitos, serão contadas à razão de 1/3 (um terço) do salário normal. § 3º Considera-se de "prontidão" o empregado que ficar nas dependências da estrada, aguardando ordens. A escala de prontidão será, no máximo, de doze horas. As horas de prontidão serão, para todos os efeitos, contadas à razão de 2/3 (dois terços) do salário-hora normal. O art. 244 da CLT trata dos ferroviários; porém, tais dispositivos são aplicados a outros empregados, como se observa na súmula 428, TST. 4.5 Banco de horas ATENÇÃO! REFORMA TRABALHISTA O banco de horas também chamado de compensação é uma alternativa para as horas extraordinárias. Antes da reforma trabalhista só era possível haver banco de horas se o mesmo fosse deliberado juntamente com o Sindicato, por meio de acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva de trabalho. Agora, após a reforma trabalhista, será possível banco de horas de até seis meses através de acordo individual entre empresa e empregado. GUARDE!!! É POSSIVEL BANCO DE HORAS DE ATÉ SEIS MESES POR MEIO DE ACORDO INDIVIDUAL ENTRE EMPRESA E EMPREGADO! 4.6 Hora Noturna O trabalho noturno está regulamentado no art. 73 da CLT. Considera-se noturno o período compreendido entre 22 horas de um dia e 5 horas do dia seguinte. A hora noturna é reduzida, ou seja, não é de 60 minutos e sim de 52 minutos e 30 segundos. O trabalhador noturno tem direito a adicional de 20% sobre o valor da hora. O adicional não é devido quando o trabalho noturno é realizado em revezamento semanal ou quinzenal. Em se tratando de horários mistos, o adicional é devido. O mesmo vale para as horas extraordinárias. 416 4.7 Tempo Parcial CUIDADO COM A REFORMA! Art. 58-A. Considera-se trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja duração não exceda a trinta horas semanais, sem a possibilidade de horas suplementares semanais, ou, ainda, aquele cuja duração não exceda a vinte e seis horas semanais, com a possibilidade de acréscimo de até seis horas suplementares semanais. 4.8 Cartão de ponto O registro de jornada mediante cartão ponto só é obrigatório se a empresa tiver mais de 10 empregados – Art. 74, §2º, CLT. Vide Súmula 366 – TST. Se o sujeito chega atrasado 15 minutos, não há o desconto de 05 minutos. Jornada Britânica: falta de variação entre os horários de entrada e saída do empregado. O ônus da prova é do empregador. Súmula 338 TST. Jornada Espanhola: somente é admitida através de negociação coletiva, trata-se da variação da jornada de trabalho de 40 horas em uma semana e 48 horas na outra semana, o sujeito trabalha um sábado sim, outro não, OJ 323 SDI-1. Lembra-se, mais uma vez, que há pessoas que estão legalmente impedidas de prestar horas extraordinárias, seja pela lei que regulamenta a profissão, seja pela CLT. Neste último caso estão os trabalhadores em regime parcial (art. 58-A), o aprendiz e o menor de 18 anos. 4.9 Compensação de Jornada no mesmo mês Antes da reforma trabalhista, para haver compensação de jornada das horas que ultrapassasse a semana, era exigido a negociação coletiva. Porém, agora, estabeleceu-se a possibilidade de instituição, por meio de acordo individual escrito, de qualquer outro regime no quala compensação ocorra dentro do mesmo mês. RESUMO: COMPENSAÇÃO – BANCO DE HORAS Banco de Horas – ACT OU CCT = 1 ANO Banco de Horas – ACORDO INDIVIDUAL = 6 MESES Compensação – ACORDO INDIVIDUAL TÁCITO OU ESCRITO = MESMO MÊS 5 FÉRIAS As férias são o período destinado ao descanso e à reposição de energias gastas com o trabalho. Por isso, a CLT determina que o empregado tem direito a gozar de um período de férias por ano. Para adquirir o direito às férias, faz-se necessário cumprir com o período aquisitivo que ocorre após 12 meses de vigência do contrato de trabalho. Desta forma, o empregado trabalha um ano para adquirir o direito às férias. Entretanto, ele não as gozará de imediato porque, findo o período aquisitivo, tem início o período concessivo, que corresponde aos 12 meses seguinte, quando o empregador deverá, à sua escolha, conceder às férias. Caso o empregador não respeite esse período deverá pagar em dobro a remuneração das férias e o empregado tem o direito de ajuizar reclamação trabalhista com o fim de pedir a fixação do gozo de férias por sentença. Caso isso ocorra, a sentença cominará pena diária de 5% do salário mínimo a ser paga ao empregado até que a sentença seja cumprida e o empregador ainda poderá sofrer sanção administrativa, posto que cópia da sentença é remetida ao órgão local do Ministério do Trabalho. 12 meses 12 meses -------------------------------------------------------|-------------------------------------------------- Período aquisitivo Período concessivo É o empregador meses escolhe, dentro do período aquisitivo, o mês em meses empregado gozará suas férias; todavia, o empregado tem o direito de ser comunicado com, no mínimo, 30 dias de antecedência. É possível que os membros de uma mesma família que trabalhem para o mesmo empregador gozem de férias juntos, desde que isso não resulte prejuízo para o serviço. 417 Já o empregado menor de 18 anos que ainda estudar tem o direito de gozar as férias no mesmo período das férias escolares. As férias devem ser anotadas na CTPS, motivo pelo qual a CLT proíbe que o empregado entre em férias sem a apresentação da mesma. As férias são período destinado a descanso, razão pela qual o art. 138 da CLT veda que o empregado preste serviços a outro empregador durante este período. Esta regra encontra uma exceção, qual seja, a prestação de trabalho oriunda de contrato de trabalho regularmente mantido com outro empregador. Em regra, o empregado tem direito a 30 dias de férias; porém, esse número poderá ser reduzido de acordo com as faltas injustificadas do empregado, veja-se: DIAS DE FÉRIAS FALTAS INJUSTIFICADAS 30 Até 5 24 De 6 a 14 18 De 15 a 23 12 De 24 a 32 Se o regime de trabalho for de tempo parcial a regra é um pouco diferente, veja-se: DIAS DE FÉRIAS DURAÇÃO SEMANAL DO TRABALHO 18 Mais de 22 até 25 horas 16 Mais de 20 até 22 horas 14 Mais de 15 até 20 horas 12 Mais de 10 até 15 horas 10 Mais de 5 até 10 horas 08 Igual ou inferior a 5 horas O empregado perderá metade de seus dias de férias quando tiver mais que 07 faltas injustificadas ao longo do período aquisitivo. 5.1 Fracionamento de férias ATENÇÃO! REFORMA TRABALHISTA É sabido que o empregado apenas poderia fracionar suas férias em dois períodos, desde que um deles não fosse menor que 10 (dez) dias. Porém, após reforma trabalhista será permitido o fracionamento em até 3 (três) períodos, desde que o empregado concorde que um dos períodos não seja inferior a 14 (quatorze) dias e os outros dois não sejam inferiores a 05 (cinco) dias. A nova lei veda o início das férias no período de dois dias que antecede feriado ou dia de repouso semanal remunerado. Art. 134. § 1 o Desde que haja concordância do empregado, as férias poderão ser usufruídas em até três períodos, sendo que um deles não poderá ser inferior a quatorze dias corridos e os demais não poderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada um. De acordo com o art. 8º, II da Convenção 132 da OIT parte grifada. § 2 o (Revogado). Revogação a proibição à divisão de férias menor de 18 anos e maior de 50 anos. Art. 7º caput proíbe o retrocesso. § 3 o É vedado o início das férias no período de dois dias que antecede feriado ou dia de repouso semanal remunerado.” Antes da Reforma Trabalhista Após a Reforma Trabalhista Fracionamento em dois períodos, desde que um deles não fosse menor que 10 dias. Fracionamento em três períodos. O empregado tem que concordar e um dos períodos não pode ser inferior a 14 dias e os demais não inferior a 05 dias. 5.2 Faltas Justificadas O art. 131 da CLT dispõe sobre as faltas justificadas. 418 5.3 Perda do Direito de Férias O empregado perderá o direito às férias quando incorrer em qualquer dos comportamentos descritos no art. 133 da CLT. 5.4 Férias Coletivas É possível que o empregador conceda férias coletivas a todos os seus empregados ou aos empregados de determinado estabelecimento ou setor. Há, contudo, que comunicar o Ministério do Trabalho e os sindicatos representativos da categoria profissional com antecedência mínima de 15 dias. Para que haja a conversão das férias coletivas em abono é preciso acordo ou convenção coletiva (§2º, art. 143, CLT). 5.5 Remuneração e Abono Durante o período que goza as férias o empregado tem direito a perceber remuneração. Caso seu salário seja pago por hora, com jornadas variaríeis, o §1º do art. 142 determina que se deve apurar a média do período aquisitivo. Se, porém, o salário for pago por tarefa, deve-se tomar como base a média da produção no período aquisitivo. Também deve ser apurada a média, caso o salário seja pago por percentagem, comissão ou viagem. O empregado tem direito ao cômputo da parte do salário que é paga em utilidades. O mesmo ocorre com os adicionais de horas extras, noturno, de insalubridade ou periculosidade. Pode o empregado converter 1/3 de suas férias em abono pecuniário; entretanto, deverá requerê-lo até 15 dias antes do término do período aquisitivo. Atenção! Trabalhadores em regime de tempo parcial não podem converter férias em abono! (§3º, art. 143, CLT). Atenção 2! O abono de férias, quando não exceder a 20 dias não integra a remuneração do empregado para os efeitos legais. De acordo com o art. 145 da CLT, o pagamento da remuneração de férias, bem como o do abono deve ser realizado até dois dias antes do início de seu gozo. O inciso XVII do art. 7º da Constituição Federal impõe que seja concedido ao empregado adicional de 1/3 sobre o salário normal no período de férias. 5.6 Fim do Contrato de Trabalho e Prescrição No encerramento do contrato de trabalho, o empregado tem direito ao pagamento das férias. Atenção! Esse pagamento de férias tem natureza salarial. De acordo com o art. 149 da CLT, a prescrição do direito de reclamar a concessão das férias ou o pagamento de sua remuneração é contada do fim do período concessivo ou da cessação do contrato de trabalho. Questão: Jorge, Luiz e Pedro trabalham na mesma empresa. Na época designada para o gozo das férias, eles foram informados pelo empregador que Jorge não teria direito às férias porque havia faltado, injustificadamente, 34 dias ao longo do período aquisitivo; que Luiz teria que fracionar as férias em três períodos de 10 dias e que Pedro deveria converter 2/3 das férias em abono pecuniário, podendo gozar de apenas 1/3 destas, em razão da necessidade de serviço do setor de ambos. Diante disso, assinale a afirmativa correta. A) A informação do empregador foi correta nos três casos. B) Apenas no caso de Jorge o empregador está correto. C) O empregador agiu corretamente nos casos de Jorge e de Luiz, mas não no de Pedro. D) O empregador está errado nas três
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