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Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Diretora Editorial ANDRÉA CÉSAR PEDROSA Projeto Gráfico MANUELA CÉSAR ARRUDA Autor DANIELI PULGA Desenvolvedor CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS Olá. Meu nome é Danieli Pulga. Sou Bacharel em Administração e especialista em Administração Financeira, Contábil e Controladoria, com uma experiência profissional na área Financeira e Custos de mais de 10 anos. Trabalhei em empresas prestadoras de serviços aplicando todo o conhecimento da Administração e da Contabilidade, implantando métodos de controle e rotinas de trabalho. Essas experiências contribuíram para minha formação profissional e em paralelo venho realizando trabalhos como docente, há quase 9 anos. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! Autor DANIELI PULGA INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimen- to de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser prioriza- das para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofun- damento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma ativi- dade de autoapren- dizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; Iconográficos Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo pro- jeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: SUMÁRIO Introdução......................................................................................10 Competências................................................................................11 Introdução à contabilidade.......................................................12 A História da Contabilidade........................................................................12 Conceito de Contabilidade.........................................................................15 Usuários da Contabilidade.........................................................................17 Pessoa Física e Pessoa Jurídica.............................................................19 Atos e Fatos Administrativos ou Contábeis...................................20 Fatos Permutativos e Fatos Modificativos......................20 Postulados, princípios e convenções da contabilidade...........21 Postulados..............................................................................................21 Princípios.................................................................................................22 Convenções.........................................................................................26 A técnica contábil e os relatórios básicos...........................29 Escrituração – métodos e sistemas...................................30 Introdução ao lançamento........................................................32 Livros contábeis................................................................................33 O comitê de pronunciamentos contábeis............................37 Regimento interno do Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC...............................................................................................40 Pronunciamento Conceitual Básico (R1)..........................................46 Pronunciamento Conceitual Básico (R1): Objetivo da elaboração e divulgação do relatório Contábil-Finan ceiro...........................................................................................................47 Bibliografia.....................................................................................53 Fundamentos Contábeis 9 UNIDADE 01 Fundamentos Contábeis10 Você já parou para pensar em Contabilidade? E já percebeu que você tem contato imediato com algo dessa área praticamente todos os dias? Agora você deve estar se perguntando: “como assim? Contabilidade é uma ciência específica e somente contadores têm contato com a Contabilidade!” Estou aqui para desmistificar essa idéia de que contabilidade é só para contadores. Você enquanto pessoa física, correntista bancário que adquire bens, gerencia seus negócios ou os negócios de terceiros é alguém que tem contato com a Contabilidade sim! Para entender melhor e descobrir onde vocês se esbarram, venha estudar esta unidade letiva e mergulhar neste universo! INTRODUÇÃO Fundamentos Contábeis 11 Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Conhecer a origem da Contabilidade e a utilização nos dias de hoje. 2. Entender os conceitos que fazem parte da Contabilidade e a importância deles na gestão financeira e patrimonial. 3. Aplicar os conceitos e técnicas à rotina gerencial. 4. Entender e conhecer sobre órgãos que interferem nas normas e técnicas contábeis. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Venha junto para esse mundo de novidades! COMPETÊNCIAS Fundamentos Contábeis12 Introdução à Contabilidade Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funciona a Contabilidade e quais são os seus pilares. Toda vez que falamos nesse assunto, parece haver conceitos muito distintos e isto é verdade, no entanto, será muito fácil e esclarecedor, pois a partir desses conceitos, poderá entender o quanto a Contabilidade está presente em seu dia a dia tornando mais simples a forma de lidar com questões relacionadas à área. Conhecerá um pouco mais desse mundo de “fazer contas” e quem sabe até sempre em alta! E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! A Contabilidade é sim uma ciência, com seus conceitos, princípios e regras utilizadas por muitos. E com ela, há um amplo mercado profissional com diversas áreas de atuação. No Brasil e no mundo conceitos e técnicas da Contabilidade são utilizados como recursos para controle e respaldo de dados e informações. Há alguns anos, grandes empresas apresentaram necessidades de controle e proteção ao seu Patrimônio, desenvolvendo métodos extremamente eficazes, evitando fraudes e desvios monetários. Até mesmo o Estado se utiliza dos métodos contábeis para conhecer e controlar o rendimento das grandes áreas produtivas, aplicando a cobrança de impostos e arrecadações de recursos para a gestão do país. A História da Contabilidade Você faz ideia de quando e como surgiu a Contabilidade? Fundamentos Contábeis 13 Figura 1: Papiro, tipo de planta adaptada pelos egípcios para registrar os números resultantes na agricultura. Fonte: Wikimedia Commons | CC BY-SA 3.0 https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Papirus.gif Se analisarmos os fatos, a Contabilidade é uma ciência tão antiga quanto à própria humanidade. Existem autores que consideram que o próprio homem das cavernas já contabilizava seus instrumentos de caça, porém, foi na Mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates, atualmente região do Iraque, que foram encontrados os primeiros registros patrimoniais. Fundamentos Contábeis14 Seguindopela história, no Baixo Nilo, os egípcios com sua técnica milenar da agricultura, contabilizavam a produção e seus estoques de mantimentos em papiros, e então, temos nossos primeiros livros contábeis. Os fenícios, grandes navegadores, formam outro povo contribuinte, pois registravam suas operações de troca através de símbolos. E lembram dos Romanos? Aquele povo que quase dominou o mundo? Bem, sabemos que foi um povo que expandiu seu domínio por uma região muito grande. E divido à forma de organização das informações e anotações patrimoniais, considera-se que foram os criadores de um sistema jurídico de Contabilidade. Mas foi no final da idade média, com o aquecimento do comércio na Europa, mais especificamente na Itália, que surgiu a necessidade de escrituração dos itens patrimoniais para a visão do consumidor e para a visão do fornecedor e aí surgiu a sistematização dos controles. Na sequência, no Renascimento, um frade franciscano, chamado Lucca Paccioli, foi o criador do método das partidas dobradas: no qual, todo crédito precisa de um lançamento a débito, de igual valor. E esse tem sido o método mais popular da Contabilidade. REFLITA: onde você vê ou ouve falar de débito e crédito? Mas a história da Contabilidade não acaba aqui! Só para recordar, no ano de 1500, houve o descobrimento do Brasil e com isso, junto com a família real vieram os provedores da fazenda, na época, contadores que registravam o patrimônio. Fundamentos Contábeis 15 Para qualificar os profissionais da época foram ministradas aulas de ensino contábil e surgiu também a mais antiga associação da classe, chamada “Associação dos Guarda Livros da Corte”. Foi em 1905, no governo do Presidente Eurico Gaspar Dutra que a Contabilidade foi reconhecida como profissão. E de lá para cá, muitas leis foram criadas e para assegurar o exercício legal da profissão, temos como fiscalizadores o CFC/CRC – Conselho Federal da Contabilidade / Conselho Regional da Contabilidade. São essas instituições que garantem que o Contador está apto para a profissão e que as normas impostas estão sendo cumpridas. E aí? Deu para conhecer de onde veio a necessidade de registros e a origem da Contabilidade? Conceito de Contabilidade Podemos definir a Contabilidade da seguinte forma: DEFINIÇÃO: A Contabilidade é a ciência que estuda o Patrimônio. Ou ainda, “sistema de informação que controla o patrimônio de uma entidade. (Padoveze, 2014). Em outras palavras, a Contabilidade é uma ciência que se utiliza de métodos e técnicas de registro e controle do Patrimônio de uma entidade. Inclusive, temos aqui grandes caracterizadores dessa ciência, pois o Patrimônio é o objeto de estudo. E controlar do Patrimônio é o objetivo da Contabilidade. Fundamentos Contábeis16 IMPORTANTE: Patrimônio é o objeto. Controlar é o objetivo. Para cumprir como esse objetivo, a Contabilidade tem como atribuições: captar, registrar, acumular, resumir e apresentar as informações pertinentes ao objeto de estudo! Figura 2: Atribuições da contabilidade. Patrimônio Resumir Apresentar Captar Registrar Acumular Fundamentos Contábeis 17 EXPLICANDO MELHOR: é necessário captar informações e dados através de documentos e sistemas. Podemos observar melhor essa atribuição se pensarmos que existem notas fiscais e contratos com informações de objetos e valores de transações. Essas informações contribuirão para o registro, ou seja, de forma sistemática e padronizada, serão escritos e guardados dados. Acumular esses dados ou informações possibilitará a mensuração. Afinal, é importante sabermos o que temos e também quanto temos, de forma resumida, para uma leitura facilitada. E quando se trata de elaborarmos relatórios para devidos interessados, temos através da Contabilidade a possibilidade de apresentar essas informações em um padrão universal de fácil entendimento. Imagine que você é gestor de uma grande corporação que recebe a oferta de compra de parte desse conglomerado. Como você aconselharia o proprietário a formar o preço de venda e a defender esse valor? Acertou se você pensou em acionar a Contabilidade e se utilizar dos relatório por ela apresentados, bem como das explicações e análises por ela realizadas. Podemos concluir então, que através dos registros e relatórios contábeis é possível aprimorar o controle do Patrimônio e os mesmos formam um pilar seguro que pode embasar a tomada de decisões. Usuários da Contabilidade Outro ponto importante a lembrar é que os Administradores não são os únicos interessados nas informações contábeis. São considerados usuários da Fundamentos Contábeis18 Contabilidade, todos aqueles que têm algum tipo de interesse nas informações de determinada corporação. São eles: Figura 3: usuários das informações contábeis. Investidores (acionistas, sócios), procuram estar “por dentro” das informações de rendimento e lucratividade para tomarem decisões de investimento; Stakeholders (demais interessados no bom e perfeito funcionamento da organização) cobrança de medidas e resultados; Analistas de mercado que poderão identificar itens que agreguem valor ou não à organização; Bancos que periodicamente solicitam relatórios contábeis para analisar e determinar escores de crédito às organizações; Fornecedores também voltados para análise e concessões de crédito; Clientes que poderão sentir-se mais confiantes transacionar itens com entregas com prazos; Fundamentos Contábeis 19 Funcionários interessados em formar carreiras dentro das organizações; Governo que é um grande interessado em conhecer a renda e o crescimento das áreas produtivas, pelas quais também recebe recursos em seus caixas para realizar a gestão da grande máquina que é o país. Pessoa Física e Pessoa Jurídica Após observarmos todos os usuários podemos dizer de uma forma resumida que a Contabilidade é mantida para as Pessoas Físicas e para as Pessoas Jurídicas, ou seja, qualquer um dos dois pode perfilar algum dos tipos de usuários citados acima. Mas, o que é uma Pessoa Física e uma Pessoa Jurídica? Qualquer ser humano é uma pessoa física e uma empresa é uma pessoa jurídica. Uma pessoa jurídica não tem vontade própria. Normalmente é formada por uma ou mais pessoas físicas que em comum acordo iniciam uma sociedade e tomam decisões no decorrer da vida. O Código Civil pontua muitas diferenças entre ambas, mas aqui, observaremos que uma Pessoa Jurídica só passa a existir a partir da disposição de uma Pessoa Física investir tempo e recursos. IMPORTANTE: O Governo, através da Receita Federal se utiliza de um documento de 11 dígitos, chamado CPF – Cadastro de Pessoa Física, para identificar os contribuintes. E outro código com 14 dígitos para identificar as pessoas jurídicas, o CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica. Ambos contém informações sobre movimentação financeira e patrimonial dos contribuintes. Fundamentos Contábeis20 Atos e Fatos Administrativos ou Contábeis Retomando o raciocínio onde uma ou mais pessoas físicas iniciam uma sociedade que dá origem a uma pessoa jurídica, com o intuito de lucro e continuidade. Para que isso aconteça, os diretores ou administradores da empresa, ou os próprios sócios nessas posições, praticam atos administrativos ou empresariais. Ou seja, a administração patrimonial faz-se pela prática dos atos. Alguns desses atos podem afetar o patrimônio empresarial e passam a ser chamados de fatos. Periodicamente o sócio faz visitas ao gerente da conta bancária, com o intuito de relacionamento, não afetando assim o Patrimônio da empresa, no entanto, se ele decide encerrar a conta no banco, temos então um fato, que ocasionará uma modificação patrimonial. Fatos Permutativos e Fatos Modificativos Os fatos contábeis podem ocorrer de duas formas: na primeira delas, o Patrimônio sofre uma alteração apenas em qualidade e na outra, sofre alteração, em quantidade, ou seja, a primeira vamos chamar de fatos permutativos,onde ocorrem alterações dos itens patrimoniais, sem modificação de valores, como por exemplo, a compra de Materiais para Estoque, utilizando dinheiro do Caixa. O segundo tipo de fato chamaremos de modificativo, pois ocorrerá uma alteração no Patrimônio, porém de forma quantitativa, ou seja, o fato será gerador de um resultado de Lucro ou Prejuízo podendo aumentar ou diminuir o Patrimônio Líquido desta entidade. SAIBA MAIS: Vamos falar com mais propriedade sobre o Patrimônio na Unidade 2 Fundamentos Contábeis 21 Postulados, Princípios e Convenções da Contabilidade Estamos falando da Contabilidade sendo utilizada por pessoas físicas e jurídicas com interesses em informações. Também falamos que numa sociedade de pessoas físicas, que é a pessoa jurídica, os sócios e gestores tomam decisões que poderão alterar qualitativamente e quantitativamente o Patrimônio da Entidade. Já falamos também que um dos objetivos da Contabilidade é registrar esses fatos de foram que sejam visíveis e de fácil entendimento. E foi no momento de registrar esses fatos que surgiu a necessidade de criar regras e padronizar a forma de realização dos registros, então, mediante dúvidas e resoluções, os antigos contadores adotaram regras que passaram a ser aceitas e seguidas por todos. Essas regras básicas são denominadas Princípios Contábeis que sustentam a estrutura teórica para escrituração e análise contábil. Para ilustrar a importância dos princípios, utilizaremos como muitos autores, o “edifício contábil” Postulados Os postulados são tomados como elementos vitais, básicos e de estruturação da Contabilidade. Como podemos observar na figura 3, é a base da construção, ou seja, a base da Contabilidade. São dois postulados: Entidade Este postulado define que a contabilidade de uma entidade (empresa ou pessoa) não pode ser confundida com a contabilidade dos membros que a possuem. Fundamentos Contábeis22 EXPLICANDO MELHOR: A escrituração de uma empresa tem de ser completamente separada da escrituração de seus proprietários. Ou seja, se determinado bem é de posse da Pessoa Jurídica, ela deverá ser registrada como tal, já não será considerada de posse do sócio, pessoa física Na prática, esse Postulado evita que se misturem as contas e bens dos sócios com as contas e bens da empresa. Continuidade A própria palavra nos remete ao entendimento de que não haverá extinção. A empresa deve ser avaliada e escriturada, na suposição de que a entidade nunca será extinta. Os ativos dessa empresa serão avaliados partindo desse pressuposto, porém, ao contrário disso, caso esteja ocorrendo um encerramento de atividades, mudarão os critérios de avaliação dos ativos. Este postulado também baliza a apuração dos resultados. Logo, imagine que você decide abrir uma empresa. O objetivo é que ela cresça e perdure ao longo dos tempos e passe de geração por geração. Princípios Para que a escrituração acontecesse de forma assertiva e imune a dúvidas, numa tentativa de normalizar e se chegar a uma melhor forma de controle do patrimônio, estabeleceram-se os princípios como forma de exteriorização de critérios aceitos pela maioria dos contadores. São eles: Fundamentos Contábeis 23 Denominador comum monetário Este princípio trata de que a contabilidade deve ser feita numa única moeda e que todos os itens devem ser avaliados por essa mesma moeda. No Brasil, a moeda oficial é o Real, logo, mesmo que um determinado item seja adquirido em outra moeda, dólar, por exemplo, o registro deverá ser convertido e realizado em Reais. Da mesma forma que a avaliação de bens. Competência de exercícios a) Princípio da Realização da Receita b) Princípio do Confronto das Despesas com as Receitas. O princípio que estamos tratando é aplicado para a contabilização das receitas e das despesas. Podemos dizer que ambas passam por dois momentos possíveis de contabilização dos fatos, o momento econômico (de sua ocorrência ou geração) e o momento financeiro (de sua efetivação financeira, através do pagamento ou recebimento). Considerando na necessidade de optar por um dos dois momentos, foi estabelecido que as receitas e as despesas devem ser contabilizadas quando ocorrem, ou seja, no momento econômico de sua geração, e não quando recebidas ou pagas. Essa decisão tornou-se o princípio da competência do exercício, que diz: DEFINIÇÃO: “as receitas e as despesas devem ser contabilizadas como tais, no momento de sua ocorrência, independente de seu pagamento ou recebimento.” Fundamentos Contábeis24 IMPORTANTE: Um exercício contábil é o período de um ano, em que se faz a apuração do resultado. Nem sempre, o exercício contábil coincide com o ano civil, podendo ser determinado pela empresa, no entanto ele deve ter 12 meses. Ressaltamos que a legislação comercial e fiscal exige no mínimo um Balanço Patrimonial e uma Demonstração dos Resultados de cada exercício. SAIBA MAIS: Regime de caixa: Existe outra forma de registro das contas contábeis, porém, sua aplicação é restrita a entidades sem fins lucrativos. Neste tipo, no que chamamos regime de caixa, as receitas são contabilizadas no momento do recebimento e as despesas no momento do pagamento. Também é um método utilizado para alguns relatórios financeiros. Fundamentos Contábeis 25 As Demonstrações Financeiras mostram bons lucros! É, mas o Fluxo de Caixa mostra que não temos dinheiro para pagar o nosso salário. Figura 4: A tirinha nos mostra o Homem analisando um relatório conforme Regime de Competência, e a mulher, analisando um relatório conforme Regime de Caixa, onde os recebimentos ainda não aconteceram. Fonte: Freepik Custo como base de valor Este princípio diz que as aquisições de ativos deverão ser contabilizadas pelo seu valor histórico, ou seja, pelo valor de compra/aquisição. Um exemplo disso é a compra de um veículo, que sobre desvalorização rapidamente, no entanto, o registro é feito a partir do valor de compra, mesmo que tenha sido desvalorizado. Há uma restrição a este princípio em situações onde numa aquisição, o valor de custo é superior ao valor de venda ou mercado, então devemos avaliar este ativo pelo mercado. Cabe colocarmos neste princípio, outra situação muito comum, que é o tratamento e registro de mercadorias em estoque. No caso de empresas comerciais, com a finalidade de revenda, existe a intenção de obtenção de lucro, logo, o princípio do Custo como base de valor diz que os bens Fundamentos Contábeis26 adquiridos devem ser registrados pelo preço de compra ou o também chamado preço de custo. E mesmo sabendo que será vendido por valor maior ao custo de aquisição, o registro deve ser efetuado e mantido pelo preço de custo. Quando ocorrer a venda, a mercadoria sairá do estoque e a baixa de estoque deverá ser realizada novamente pelo preço de custo. O valor da venda será registrado numa conta chamada Receita, pelo preço de venda, ou seja, muito provavelmente por um valor maior. Logo, a diferença entre os valores da Receita de vendas, menos o valor do Custo da Mercadoria Vendida, significa o Lucro Bruto na venda de mercadorias. Essência sobre a forma Este princípio é relacionado com os aspectos legais e fiscais que levam a determinadas interpretações sobre alguns eventos. Para a contabilidade deve prevalecer a natureza econômica do evento a ser registrado e não a forma em que está legalmente apresentado. Um bom exemplo disso é o leasing financeiro, cuja forma é despesas de aluguel, no entanto, a essência do evento é a compra de um ativo. Convenções As convenções fazem restrições aos princípios contábeis. Podem ser consideradas como normas ou até mesmo como um guia prático para o trabalho do contador. Descreve e limita como devem ser feitos os registros. São elas: Objetividade. O contador deve ser objetivo ao efetuar a escrituração de um fato. Deve se apoiar em elementos objetivos, evitando o máximo possível qualquer subjetividade,lembrando que a Contabilidade é uma ciência exata. O lançamento registrado deve ser avalizado Fundamentos Contábeis 27 por um documento hábil respaldando a mensuração do objeto. Conservadorismo. Em situações de dúvida, o contador deve optar pela forma mais conservadora de escrituração. Para o caso de dúvida, fazer o lançamento de todas as despesas sempre que possível, já no caso de receita, se houver dúvida, não deve-se lançar. Materialidade. Voltamos à questão da exatidão, agora, com um olhar para o custo-benefício da informação. O contador deve sempre buscar a exatidão numérica do lançamento, levando em consideração que o custo não seja prejudicial à empresa. Aqui, a tratativa de lançamentos com valores maiores deve ser mais cautelosa, enquanto a tratativa de lançamentos de valores menores exigem menos rigor. Consistência ou uniformidade. Depois que o contador adotou determinado critério de avaliação de um ativo ou passivo, ele deverá adotar esse critério consistentemente e uniformemente ao longo dos anos. Como as informações e registros contábeis perduram durante toda a existência da entidade, o critério deve se manter inalterado. Existe a possibilidade de alteração, no entanto, a mesma deverá ser evidenciada em nota explicativa. Mudanças não devem ser repetitivas. Comentários. A contabilidade se utiliza de uma metodologia prática e a demanda de informações dos diversos usuários da informação contábil podem se alterar com o passar do tempo. Inclusive, muitas normas foram alteradas mediante fatos que aconteceram no meio corporativo de grandes empresas trazendo a necessidade de mudanças e melhorias nos controles, logo, . Evidenciação. Toda e qualquer informação que não for dada por suficientemente explicativa deverá ser reforçada com notas explicativas. Informações necessárias à facilitação do entendimento dos relatórios devem fazer Fundamentos Contábeis28 parte das notas explicativas, sejam detalhamentos de números ou qualificação às informações numéricas. RESUMINDO: os postulados, os princípios e convenções norteiam os contadores sobre como tratarem as informações e como registrarem as mesmas. Existe um padrão de registro para que qualquer usuário da informação contábil esteja apto à leitura e entendimento das mesmas. Fundamentos Contábeis 29 A técnica contábil e os relatórios básicos Vimos até aqui conceitos introdutórios da contabilidade, as regras básicas para registro dos fatos ocorridos em uma entidade, úteis e necessárias para o conhecimento dos diversos usuários. Agora, vamos entrar no usos da contabilidade como ferramenta operacional de forma que cumpre com seus objetivos. Podemos dizer que a Contabilidade é o conjunto de teorias, conceitos e técnicas utilizadas para atingir o objetivo de controlar uma massa patrimonial. (Padoveze, 2014). Podemos lembrar da contabilidade como ferramenta para o controle do Patrimônio. “Como ciência de controle do patrimônio empresarial, ela teve de fazer diversas ramificações, ou especializações, para poder atender melhor aos diversos aspectos de controles patrimoniais que foram surgindo e que mereciam atendimento especial, em face das necessidades de informações dos diversos usuários internos e externos. De qualquer forma, o método contábil é o único, e é utilizado indistintamente para atender a todos os segmentos específicos da contabilidade.” (Padoveze, 2014) Na tabela abaixo, podemos observar as esses segmentos que facilitarão a didática desta ciência: Fundamentos Contábeis30 Tabela 1: Segmentos da Contabilidade 1 Escrituração 2 Relatórios Básicos I: - Balanço Patrimonial - Demonstração de Resultados 3 Relatórios Básicos II: - Demonstração de lucros acumulados - Demonstração de mutações do Patrimônio Líquido - Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos e Fluxo de Caixa - Notas explicativas 4 Contabilidade de Custos 5 Contabilidade Orçamentária 6 Análise das Demonstrações Financeiras Básicas 7 Contabilidade Gerencial (Análise e Administração Finan- ceira 8 Contabilidade em outras moedas Fonte: Padoveze, Luis Clovis. 9ª. Ed (2014)]] Neste momento, vamos nos atentar ao primeiro ponto, a escrituração que é o primeiro passo antes de partir para qualquer outra área da contabilidade. Escrituração – métodos e sistemas A escrituração é uma técnica de lançar apontamentos em livros. Com a tecnologia, parece um pouco ultrapassado pensarmos em lançamentos em livros, no entanto, a contabilidade mesmo utilizando com a utilização da tecnologia, gera lançamentos em livros. Os registros são realizados ao longo de um exercício contábil e ao final do mesmo, os livros são impressos, registrados e guardados ou apresentados aos usuários de interesse. Mas é Fundamentos Contábeis 31 importante lembrar, que toda a movimentação patrimonial de uma entidade, estará registrada e impressa em um livro, devidamente documentado. REFLITA: independente do sistema utilizado para registro, o método de registro deverá ser único! O método utilizado é o MÉTODO DAS PARTIDAS DOBRADAS. EXPLICANDO MELHOR: Tem este nome porque o mesmo valor é lançado em duas contas (itens patrimoniais ou de resultado), no mínimo, através dos débitos e créditos. Retomando o Renascimento, quando Lucca Paccioli criou o Método das partidas dobradas, onde para um débito existe um ou mais créditos de igual valor, ou, vice-versa. O método decorre da seguinte forma: Partida == Registro == Escrituração == Lançamento IMPORTANTE: a finalidade de se lançar em dois lugares é manter a equação de trabalho ou de equilíbrio patrimonial em situação de igualdade! Fundamentos Contábeis32 Isso nos faz lembrar que a contabilidade, é em alguns momentos simbolizada pela balança, representando equilíbrio, igualdade. Figura 5: A balança simboliza o equilíbrio do patrimônio de uma entidade. Fonte: Freepik Introdução ao lançamento DEFINIÇÃO: Lançamento é o registro ou escrituração de cada transação ou evento econômico nos livros contábeis O lançamento deve conter a data, a conta de débito, a conta de crédito, o histórico e o valor. Vamos demonstrar melhor os lançamentos na Unidade II. As informações que compõem o lançamento devem ser originados ou baseados em um documento que o habilite chamado documento hábil. Nenhum lançamento poderá ser feito nos livros contábeis sem que haja um documento como respaldo das informações, comprovando-as tanto em nível fiscal, quanto em nível comercial e mesmo em nível de controle patrimonial. Fundamentos Contábeis 33 Essa documentação pode ter origem interna ou externa. São exemplos de documentação externa: recibos de depósitos bancários, comprovantes de aplicações financeiras, cópias de cheques, notas fiscais, faturas, escrituras, duplicatas, recibos em geral, etc. Certamente você já utilizou e já teve conhecimento com pelo menos três desses documentos. Já os documentos internos podem ser as requisições de almoxarifados, comunicados de transferência, notificações, notas de débito ou crédito, relatórios de despesas de viagem, etc. Livros contábeis É importante retomar o fato de que a tecnologia veio como uma ferramenta que agrega valor e promove agilidade e a segurança da informação, no entanto, a didática é construída em cima de uma contabilidade tradicional, no entanto, alguns termos podem parecer antigos e inadequados ou até mesmo sem muita relação com a prática contábil atual, mas ainda assim, faz parte da ciência e é a base conceitual para o funcionamento e aplicação do método. Os próprios livros de que vamos falar eram utilizados pelos contadores registrarem os fatos, atualmente, eles são chamados de livros, contém a mesma essência, porém são relatórios gerados e apresentados, mas ainda chamados como livros. São os dois: Livro Diário e Livro Razão. Livro diário: É um livro contábil de preenchimento obrigatório (exigido por lei), onde são lançadas as operações do dia a dia de uma entidade. Nele, são registradosos fatos contábeis em partidas dobradas, ou seja, os totais de débito e de crédito deverão ser sempre iguais. Fundamentos Contábeis34 Os lançamentos devem ser realizados, em ordem cronológica, com individualização, clareza e referência ao documento hábil, todas as operações ocorridas, e quaisquer outros fatos que provoquem variações patrimoniais. Deve conter: Data da operação (transação); Título da conta débito e da conta crédito; Valor do débito e do crédito; Histórico (alguns dados fundamentais sobre a operação em registro: número da nota fiscal, cheque, terceiros envolvidos, etc. O histórico deve ser o mais breve possível, escrito de forma reduzida). SAIBA MAIS: Para aprofundar seus conhecimentos acerca dos livros contábeis, acesse o site https://blog.sage. com.br/livros-contabeis-o-que-sao-e-para-que- servem-2/ Figura 6: modelo de Livro Diário Data Histórico Valor Conta de débito Conta de crédito Fundamentos Contábeis 35 Figura 7: Modelo de Livro Razão Livro Razão é um livro fundamental ao processo contábil e exigido pela legislação brasileira para empresas cuja tributação do Imposto de Renda seja com base no Lucro Real. Por meio do razão é possível controlar separadamente o movimento de todas as contas. O controle individualizado das contas é importante para se conhecer os seus saldos, possibilitando a apuração de resultados e elaboração de demonstrações contábeis, como o balancete de verificação do razão, balanço patrimonial, etc. Através deste livro temos o detalhamento por contas individuais dos lançamentos realizados no diário, sendo usado para resumir e totalizar, por conta ou sub-conta, estes lançamentos. Empresa XYZ Comércio Ltda Data: CNPJ 00.001.002/0001-12 Conta: Data Histórico da Operação Débito Crédito Saldo Fundamentos Contábeis36 De forma resumida, podemos descrever o fluxo contábil da seguinte maneira: Figura 8: Resumo do fluxo contábil. Captar Partida dobrada DiárioRegistrar Acumular Razão Balancete Demonstrações Financeiras Resumir Apresentar Fundamentos Contábeis 37 O Comitê de Pronunciamentos Contábeis No Brasil e no mundo a contabilidade é utilizada como método e técnicas de escrituração e registro dos fatos econômicos das empresas. Para que seja utilizado um padrão único e assertivo existem órgãos reguladores e fiscalizadores. Estes mesmos também são responsáveis por criar novas normas e regras de funcionamento ou modificações em normas existentes. Esse olhar tem o intuito da convergência da contabilidade brasileira com os padrões internacionais. Essas alterações se tornam necessárias por motivos de modificações de leis e lançadas pelo governo ou até mesmo devido a fraudes ocorridas no meio corporativo. Temos alguns exemplos de fraudes de grandes empresas que manipularam seus documentos contábeis fazendo com que milhões de acionistas, funcionários e até a sociedade saíssem lesados pela má gestão e por crimes cometidos. São alguns exemplos: Enron, empresa de energia americana, localizada em Houston, Texas, que empregava 21.000 funcionários, decretou falência em 2001 após denúncia de fraude contábil e fiscal. O que houve: inflou os ganhos e diminuiu os prejuízos; Xerox companhia norte-americana auditada em e envolvida em escândalo de fraude contábil e fiscal, no ano de 2002. O que houve: elevou artificialmente seus resultados. Apresentou lucro maior do que o auferido num período de quase 5 anos. Além dos dois escândalos, aconteceram outros que levaram às órgãos reguladores dos países voltarem sua atenção a uma reformulação de normas e procedimentos. Fundamentos Contábeis38 Criando normas e leis que regem a política monetária do pais existem órgãos e comitês governamentais, tais como o Banco Central do Brasil (BACEN), Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB), Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) além de outras relacionadas às áreas produtivas do país, bem como o rendimento e recolhimento de tributos. Esses são órgãos reguladores. Para que a contabilidade Brasileira atenda às leis impostas, devem ocorrer alterações e adaptações então, foi criado através da Resolução CFC nº 1.055/05, o CPC - Comitê de Pronunciamentos Contábeis que através de uma união de esforços e objetivos comuns das seguintes entidades: Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca); Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec Nacional); B3 Brasil Bolsa Balcão; Conselho Federal de Contabilidade (CFC); Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon); Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi); Entidades representativas de investidores do mercado de capitais. O CPC tem como objetivo “o estudo, o preparo e a emissão de documentos técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais” Fundamentos Contábeis 39 Lembra quando falamos dos Princípios e Convenções? São procedimentos básicos complementados por novas técnicas ou por aperfeiçoamento de técnicas estudadas e preparadas pelo CPC. Foi em necessidade da convergência internacional das normas contábeis (redução de custo de elaboração de relatórios contábeis, redução de riscos e custo nas análises e decisões, redução de custo de capital); com a intenção de centralização na emissão de normas dessa natureza (no Brasil, diversas entidades o fazem); e representação e processo democráticos na produção dessas informações (produtores da informação contábil, auditor, usuário, intermediário, academia, governo) que tornou necessária a criação do CPC. Suas características básicas: CPC Autônomo das entidades representadas Pode ser formado por inúmeras entidades Os membros não auferem remuneração Estrutura fornecida pelo CFC Fundamentos Contábeis40 Regimento interno do Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC SAIBA MAIS: Abaixo está o regulamento do CPC, preste atenção aos artigos sublinhados, eles trazem informações bem interessantes. Deste Regimento Interno Art. 1º O Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC, idealizado a partir da união de esforços e comunhão de objetivos das entidades que o constituem, por expressa solicitação desses seus membros componentes iniciais, formalmente criado pela Resolução nº. 1.055, de 07 de outubro de 2.005 do Conselho Federal de Contabilidade – CFC, para que este, além de dele participar, lhe desse a infra- estrutura de apoio que viabilizasse o alcance de sua missão. Art. 2º O CPC será regido pela Resolução que o criou e, complementarmente, por este Regimento Interno, aprovado unanimemente, em sua versão original, pela Assembléia dos Presidentes das entidades que constam dessa Resolução. Do Funcionamento do CPC Art. 3º O CPC se reunirá preferencialmente uma vez por mês, com a presença de mais da metade dos seus membros, preferencialmente na sede do Conselho Federal de Contabilidade em Brasília (DF), ou na do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo, em São Paulo (SP), ou, então, na sede de uma das entidades componentes deste CPC. Fundamentos Contábeis 41 Art. 4º A convocação para essas reuniões será efetuada pelo Coordenador Técnico do CPC, ou por 1/3 (um terço) dos seus membros, por e-mail a ser fornecido e mantido cadastrado relativamente a cada membro ou por outra forma aprovada em reunião do próprio CPC, sempre acompanhada de pauta com os assuntos a serem tratados, com pelo menos 15 (quinze) dias de antecedência, sendo que esse prazo poderá ser reduzido se todos os membros assim concordarem. § Único: A ausência, no ano, a três reuniões ordináriasconsecutivas ou a cinco intercaladas, exceto quando estiver representando oficialmente o CPC na mesma data, acarretará a perda do mandato do membro do CPC. Art. 5º A aprovação dos Pronunciamentos Técnicos, das Orientações e das Interpretações se dará, sempre, por no mínimo 2/3 (dois terços) dos membros do CPC presentes, observado o quórum mínimo de, pelo menos, 50% (cinqüenta por cento) para a instalação das reuniões do CPC. Art. 6º Para as demais deliberações, inclusive eleição dos Coordenadores e Vice-Coordenadores do CPC, a aprovação se dará por maioria simples, observadas as indicações do Conselho Curador da FACPC. Art. 7º Revogado. Art. 8º Os votos vencidos nas deliberações de que trata o Art. 5o poderão ser acompanhados de declaração de voto e constarão da ata. Art. 9º Serão sempre convidados a participar das reuniões do CPC até dois representantes de cada uma das seguintes entidades: Comissão de Valores Mobiliários – CVM, Banco Central do Brasil – BACEN, Superintendência dos Seguros Fundamentos Contábeis42 Privados – SUSEP, Secretaria da Receita Federal do Brasil – SRFB, Federação Brasileira de Bancos – FEBRABAN, Confederação Nacional da Indústria – CNI e Superintendência Nacional de Previdência Complementar – PREVIC. Art. 10 O CPC poderá convidar ainda para suas reuniões, a critério do seu Coordenador Técnico ou por deliberação de 1/3 dos seus membros, especialistas e representantes das agências reguladoras e de entidades que possam colaborar com temas específicos. Art. 11 Os convidados referidos nos arts. 9º e 10 terão direito a voz, mas não a voto. Art. 12 O CPC poderá, em caráter temporário, criar Comissões compostas por entidades e/ou especialistas para assessoramento em assuntos de interesse específico. Dos documentos emitidos pelo CPC Art. 13 De acordo com a Resolução CFC nº. 1.055/05, é atribuição do CPC estudar, pesquisar, discutir, elaborar e deliberar sobre o conteúdo e a redação de Pronunciamentos Técnicos, podendo, inclusive, emitir Interpretações, Orientações, e Comunicados. Art. 14 Os Pronunciamentos Técnicos estabelecem conceitos doutrinários, estrutura técnica e procedimentos a serem aplicados. § 1º O Pronunciamento Técnico é identificado pela sigla CPC, seguida de numeração sequencial, seguido de hífen e denominação, por exemplo, CPC 01 –“Denominação”. § 2º Os Pronunciamentos Técnicos, após aprovados, serão divulgados juntamente com: Fundamentos Contábeis 43 Sumário; Termo de Aprovação; Relatório de Audiência Pública. Art. 15 As Interpretações são emitidas para esclarecer, de forma mais ampla, os Pronunciamentos Técnicos. § 1º A Interpretação é identificada pela sigla ICPC, seguida de numeração sequencial, seguido de hífen e denominação, por exemplo, ICPC 01 – “Denominação”. § 2º As Interpretações, após aprovadas, serão divulgadas juntamente com: Termo de Aprovação; Relatório de Audiência Pública, quando houver. Art. 16 As Orientações possuem caráter informativo, destinando-se a dar esclarecimentos sobre a adoção dos Pronunciamentos Técnicos e/ou Interpretações. § 1º A Orientação é identificada pela sigla OCPC, seguida de numeração sequencial, seguido de hífen e denominação, por exemplo, OCPC 01 – “Denominação”. § 2º As Orientações, após aprovadas, serão divulgadas juntamente com: Termo de Aprovação; Relatório de Audiência Pública, quando houver. Parágrafo único. Quando houver a revogação de um Pronunciamento Técnico, Interpretação ou Orientação, sua numeração não será reutilizada. Art. 17 O CPC dará conhecimento público da aprovação ou revogação de seus documentos, por meio dos seguintes termos: Fundamentos Contábeis44 Termo de Aprovação – contendo, obrigatoriamente, a informação da Ata da Reunião do CPC em que se deu a aprovação do documento; Termo de Revogação – contendo, obrigatoriamente, a informação da Ata da Reunião do CPC em que se deu a revogação do documento; Art. 18 Com o objetivo de que todos os documentos emitidos pelo CPC estejam convergentes às normas internacionais de contabilidade emitidas pelo International Accounting Standards Board (IASB), o CPC dará conhecimento público da inclusão de aprimoramentos e de correções em documentos já editados, por meio do documento intitulado “Revisão CPC No “X””. § 1º A Revisão CPC é seguida de numeração sequencial, por exemplo, REVISÃO CPC Nº. “X”. § 2º As Revisões CPC, após aprovadas, serão divulgadas juntamente com: Termo de Aprovação; Relatório de Audiência Pública, se houver. § 3º Os documentos revisados serão identificados pela sigla do documento a que se refere, seguido da letra R, numeração sequencial, seguido de hífen e denominação, por exemplo, CPC 01 (R1) – “Denominação”. A letra R identifica que aquele CPC foi revisado e o número 1 identifica que foi realizada uma primeira revisão. § 4º Os itens revisados serão identificados ao final do novo texto do Pronunciamento Técnico, Interpretação ou Orientação, pela sigla NR, entre parênteses. § 5º A aprovação do documento de Revisão CPC se dará nos termos do Art. 5º deste Regimento Interno. Art. 19 Os Comunicados têm como objetivo chamar Fundamentos Contábeis 45 a atenção para algum esclarecimento adicional sobre a adoção dos Pronunciamentos Técnicos e/ ou Interpretações, além de outros comentários sobre a adoção das normas internacionais no Brasil, junto à mídia e demais interessados no tema. Parágrafo único. Os Comunicados do CPC serão seguidos de numeração seqüencial, por exemplo, Comunicado CPC Nº “X”. Fonte: http://www.cpc.org.br/CPC/CPC/Regimento-Interno Figura 10: Hierarquia de funcionamento, aprovação e pronunciamento do CPC. Fonte: José Carlos Marion. Atualizadora Ana Carolina Marion Santos, 2018 Siglas: RESUMINDO: Abaixo, entenda o fluxograma da Hierarquia CPC e demais instituições Fundamentos Contábeis46 IASB Conselho de Normas Internacionais da Conta- bilidade International Accouting Standards Boards IFRS Normas Internacionais de Relatório FinanceiroInternational Financial Reporting Standards CPC Comitê de Pronunciamentos Contábeis BACEN Banco Central CVM Comissão de Valores Mobiliários SRF Secretaria da Receita Federal SUSEP Superintendência de Seguros Privados tabela 2: legenda siglas Pronunciamento Conceitual Básico (R1) O CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis determina métodos para elaboração de documentos contábeis, logo, veremos algumas revisões. É importante salientar que muitas empresas são sociedades de capital aberto, as S.A´s, sociedades Anônimas, ou em outras palavras, as empresas que abriram seu capital para venda de ações, buscando investidores que passam a ser sócios de pequenas partes do Capital Social. Para viabilizar a interpretação dos investidores e a tomada de decisão, o CPC padronizou os relatórios contábeis de forma que as entidades possam expor de forma detalhada e resumida os dados colhidos pela contabilidade, como o objetivo de relatar os principais fatos financeiros registrado em um determinado período. Podemos observar abaixo, a alteração da CPC 00 (R2) - Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação Fundamentos Contábeis 47 de Relatório Contábil-Financeiro, aprovada em 01/11/2010, divulgada em 10/112/2019: SITUAÇÃO E FINALIDADE DA ESTRUTURA CONCEITUAL SP1.1 A Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro (Estrutura Conceitual) descreve o objetivo do, e os conceitos para, relatório financeiro para fins gerais. A finalidade desta Estrutura Conceitual é: (a) auxiliar o desenvolvimento das Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS) para que tenham base em conceitos consistentes; (b) auxiliar os responsáveis pela elaboração (preparadores) dos relatórios financeiros a desenvolver políticas contábeis consistentes quando nenhum pronunciamento se aplica à determinada transação ou outro evento, ou quando o pronunciamento permite uma escolha de política contábil; e (c) auxiliar todas as partes a entender e interpretar os Pronunciamentos.Pronunciamento Conceitual Básico (R1): Objetivo da elaboração e divulgação do relatório Contábil- Financeiro Um relatório contábil-financeiro tem como objetivo fornecer informações contábeis qualitativas e quantitativas de determinada entidade que sejam úteis a investidores e credores para que os mesmos possam tomar decisões a respeito desta entidade. Retirado de: http://static.cpc.aatb.com.br/ Documentos/573_CPC00(R2).pdf 1.1. O objetivo do relatório financeiro para fins gerais forma a base desta Estrutura Conceitual. Outros aspectos desta Estrutura Conceitual – as características qualitativas de http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/573_CPC00(R2).pdf http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/573_CPC00(R2).pdf Fundamentos Contábeis48 informações financeiras úteis e a restrição de custo sobre tais informações, o conceito de entidade que reporta, elementos das demonstrações contábeis, reconhecimento e desreconhecimento, mensuração, apresentação e divulgação – decorrem logicamente do objetivo. 1.2. Objetivo, utilidade e limitações do relatório financeiro para fins gerais é fornecer informações financeiras sobre a entidade que reporta que sejam úteis para investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes e potenciais, na tomada de decisões referente à oferta de recursos à entidade. Essas decisões envolvem decisões sobre: (a) comprar, vender ou manter instrumento de patrimônio e de dívida; (b) conceder ou liquidar empréstimos ou outras formas de crédito; ou (c) exercer direitos de votar ou de outro modo influenciar os atos da administração que afetam o uso dos recursos econômicos da entidade. 1.3. As decisões descritas no item 1.2 dependem dos retornos que os existentes e potenciais investidores, credores por empréstimos e outros credores esperam, por exemplo, dividendos, pagamentos de principal e juros ou aumentos no preço de mercado. As expectativas dos investidores, credores por empréstimos e outros credores quanto aos retornos dependem de sua avaliação do valor, da época e da incerteza (perspectivas) de futuros fluxos de entrada de caixa líquidos para a entidade e de sua avaliação da gestão de recursos da administração sobre os recursos econômicos da entidade. Investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes e potenciais, precisam de informações para ajudá-los a fazer essas avaliações. 1.4 Para fazer as avaliações descritas no item 1.3, os investidores, credores por empréstimos e outros credores, Fundamentos Contábeis 49 existentes e potenciais, precisam de informações sobre: (a) os recursos econômicos da entidade, reivindicações contra a entidade e alterações nesses recursos e reivindicações (ver itens de 1.12 a 1.21); e (b) a eficiência e eficácia da administração e do órgão de administração da entidade3 no cumprimento de suas responsabilidades sobre o uso dos recursos econômicos da entidade (ver itens 1.22 e 1.23). 1.5 Muitos investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes e potenciais, não podem exigir que as entidades que reportam forneçam informações diretamente a eles, devendo se basear em relatórios financeiros para fins gerais para muitas das informações financeiras de que necessitam. Conseqüentemente, eles são os principais usuários aos quais se destinam relatórios financeiros para fins gerais.4 1.6 Contudo, relatórios financeiros para fins gerais não fornecem nem podem fornecer todas as informações de que necessitam investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes e potenciais. Esses usuários precisam considerar informações pertinentes de outras fontes, como, por exemplo, condições e expectativas econômicas gerais, eventos políticos e ambiente político e perspectivas do setor e da empresa. 1.7 Relatórios financeiros para fins gerais não se destinam a apresentar o valor da entidade que reporta, mas fornecem informações para auxiliar investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes e potenciais, a estimar o valor da entidade que reporta. 1 Ao longo da Estrutura Conceitual, os termos “relatórios financeiros” (“financial reports”) e “relatório financeiro” (“financial reporting”) referem-se a relatórios financeiros para fins gerais e relatório financeiro para fins gerais, salvo se especificamente indicado de outro modo. 2 Ao longo da Estrutura Conceitual, o termo “entidade” refere-se à Fundamentos Contábeis50 entidade que reporta, salvo se especificamente indicado de outro modo. 3 Ao longo da Estrutura Conceitual, o termo “administração” refere-se à administração e ao órgão de administração da entidade, salvo se especificamente indicado de outro modo. 4 Ao longo da Estrutura Conceitual, os termos “principais usuários” e “usuários” referem-se a esses investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes e potenciais, que devem se basear em relatórios financeiros para fins gerais para muitas das informações financeiras de que necessitam. 1.8 Usuários primários individuais têm necessidades e desejos de informação diferentes e possivelmente conflitantes. Ao desenvolver os Pronunciamentos, busca- se fornecer um conjunto de informações que atenda às necessidades do maior número de principais usuários. Contudo, concentrar-se em necessidades de informação ordinárias não impede que a entidade que reporta inclua informações adicionais que sejam mais úteis para um subconjunto específico de principais usuários. 1.9 A administração da entidade que reporta também está interessada em informações financeiras sobre a entidade. Contudo, a administração não precisa se basear em relatórios financeiros para fins gerais, pois ela pode obter internamente as informações financeiras de que precisa. 1.10 Outras partes, como reguladores e o público em geral, que não investidores, credores por empréstimos e outros credores, podem também considerar relatórios financeiros para fins gerais úteis. Contudo, esses relatórios não são direcionados essencialmente a esses outros grupos. 1.11 Em grande medida, relatórios financeiros baseiam- se em estimativas, julgamentos e modelos e, não, em representações exatas. Esta Estrutura Conceitual estabelece os conceitos subjacentes a essas estimativas, julgamentos Fundamentos Contábeis 51 e modelos. Os conceitos são a meta que os responsáveis pela elaboração (preparadores) de relatórios financeiros se esforçam por atingir. Como na maioria das metas, a visão desta Estrutura Conceitual de relatório financeiro ideal é improvável de ser atingida integralmente, ao menos não em curto prazo, pois leva tempo para compreender, aceitar e implementar novas formas de analisar transações e outros eventos. Contudo, estabelecer uma meta a ser atingida é essencial para que o relatório financeiro evolua de modo a melhorar a sua utilidade. SAIBA MAIS: Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: CPC 00 (R2) - Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro, acessível pelo link: http:// www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/ Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=80 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=80 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=80 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=80 Fundamentos Contábeis52 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a Contabilidade é uma ciência que surgiu há muito tempo atrás. Através dessa ciência, são registrados fatos econômicos de entidades, que podem ser pessoas físicas ou jurídicas, de forma organizadaobedecendo princípios e convenções norteadoras da forma de registro, com o objetivo de tornar as informações visíveis e de fácil interpretação, pela padronização dos métodos de registro. Devido à demanda dessas informações pelos usuários da contabilidade e por essas informações serem universais, elas devem ser revistas periodicamente e reformuladas de forma que atendam às necessidades das entidades conforme leis e medidas aplicadas pelo Estado, lembrando da consonância com a normas internacionais. Isso se dá principalmente em função de investidores em empresas de capital aberto, que necessitam de informações para tomada de decisões de investimento e de crédito. Fundamentos Contábeis 53 BIBLIOGRAFIA MARION, JOSÉ CARLOS & ANA CAROLINA MARION SANTOS. Contabilidade Básica. 12ª. Ed. São Paulo: Atlas, 2018. MULLER, ADERBAL NICOLAS. Contabilidade Básica – Fundamentos especiais. Ver. São Paulo: Pearson, 2009. PADOVEZE, LUIS CLOVIS. Manual de Contabilidade Básica. 9ª. Ed. São Paulo: Atlas, 2014. Fundamentos Contábeis54
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