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Responsabilidade Social Desenvolvimento Sustentável - Unyleya Livro

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Prévia do material em texto

Responsabilidade social e 
desenvolvimento sustentável
VERÔNICA BRITO AGUIAR
1ª Edição
Brasília/DF - 2020
Autores
Verônica Brito Aguiar
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e 
Editoração
Sumário
Organização do Livro Didático........................................................................................................................................5
Introdução ..............................................................................................................................................................................7
Capítulo 1
Um olhar sobre a contemporaneidade: contextualizando a discussão ......................................................9
1.1 Contextualizando: a crise como ponto de partida ................................................................................. 10
1.2 O desenvolvimento humano como ferramenta para se conhecer o nosso contexto .................. 14
Capítulo 2
Para entender o desenvolvimento sustentável ................................................................................................ 19
2.1 A sustentabilidade e suas dimensões ......................................................................................................... 20
2.2 O desenvolvimento sustentável ..................................................................................................................... 23
Capítulo 3
Responsabilidade social: primeiras aproximações ......................................................................................... 28
3.1 Os três setores e suas finalidades ................................................................................................................. 30
3.2 O terceiro setor e a sua composição ............................................................................................................ 32
3.3 A responsabilidade social: histórico conceitual ........................................................................................ 34
3.4 A responsabilidade social e o desafio ético ............................................................................................... 39
Capítulo 4
Gestão de responsabilidade social: estratégias e possibilidades .............................................................. 42
4.1 É preciso gestão ................................................................................................................................................... 42
4.2 Os três estágios da responsabilidade social.............................................................................................. 45
4.3 A gestão da responsabilidade social (interna e externa) ...................................................................... 47
4.4 Os sistemas de gestão da responsabilidade social nas organizações .............................................. 52
Capítulo 5
Educação ambiental e desenvolvimento sustentável ................................................................................... 61
5.1 O que é e para que serve a educação ambiental? ................................................................................. 62
5.2 Fundamentos teóricos e conceituais da gestão ambiental .................................................................. 66
5.3 Os âmbitos da educação ambiental ............................................................................................................. 69
5.4 A concepção de cidadania e responsabilidade pela vida ...................................................................... 72
4
Capítulo 6
Responsabilidade social e voluntariado ............................................................................................................. 77
6.1 Responsabilidade social, desenvolvimento sustentável e concepção de cidadania ................... 77
6.2 Voluntariado: contextualização e definições ............................................................................................. 81
6.3 Voluntariado: marco legal e princípios ........................................................................................................ 83
6.4 Os benefícios do voluntariado à sociedade .............................................................................................. 86
Referências .......................................................................................................................................................................... 89
5
Organização do Livro Didático
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e 
coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros 
recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, 
fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
Cuidado
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o 
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
Importante
Indicado para ressaltar trechos importantes do texto.
Observe a Lei
Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem, 
a fonte primária sobre um determinado assunto.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa 
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. 
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus 
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas 
conclusões.
6
ORgAnIzAçãO DO LIVRO DIDátICO
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Gotas de Conhecimento
Partes pequenas de informações, concisas e claras. Na literatura há outras 
terminologias para esse termo, como: microlearning, pílulas de conhecimento, 
cápsulas de conhecimento etc.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Posicionamento do autor
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o 
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
7
Introdução
Como o próprio nome diz, neste Livro Didático, vamos nos dedicar ao estudo, reflexão e 
problematização sobre questões ligadas à ética, à responsabilidade social e ao 
desenvolvimento sustentável. O que é ética? Por que temos ouvido falar, de forma 
recorrente, desse termo? O que está sendo chamado de responsabilidade social? Em 
que sentido as discussões sobre ética e responsabilidade social afetam nossa vida 
pessoal e/ou profissional? Como podemos inserir os princípios do desenvolvimento 
sustentável em nossos processos de gestão? Essas são algumas das principais 
reflexões que serão desenvolvidas neste Livro Didático.
Objetivos
Este Livro Didático contribuirá com o desenvolvimento das seguintes competências do 
aprendiz:
 » Analisar, de modo sistêmico, complexo e crítico, a contemporaneidade e as 
questões de responsabilidade social e desenvolvimento sustentável.
 » Identificar as atuais mudanças no mundo do trabalho.
 » Correlacionar as transformações contemporâneas aos desafios e possibilidades de 
sua área de formação/atuação profissional.
 » Compreender as dimensões e discussões relacionadasao conceito de 
desenvolvimento humano e de desenvolvimento sustentável.
 » Identificar e diferenciar o que são e como atuam os três setores produtivos.
 » Examinar a noção de responsabilidade social no atual mundo do trabalho.
 » Aplicar, com visão estratégica, práticas da responsabilidade social nos processos de 
gestão.
 » Analisar o papel do ser humano como parte do meio ambiente e sua 
responsabilidade junto à sua preservação e conservação.
 » Empregar a perspectiva da sustentabilidade nos processos de gestão.
 » Implementar iniciativas de educação ambiental nos negócios e organizações.
 » Compreender e discutir algumas das principais ferramentas de gestão de 
voluntariado e sua relação com a responsabilidade social.
8
9
Introdução 
Neste capítulo começaremos a contextualizar o modo como os temas Responsabilidade 
Social e Desenvolvimento Sustentável atingiram as discussões mais modernas e a 
repercussão internacional vigente. Vamos trazer alguns elementos, dados e fatos 
históricos que nos ajudem a compreender melhor o porquê de estarmos estudando 
esses assuntos. Por isso, é importante, analisar o momento sócio-histórico-cultural 
que estamos vivendo e compreender o impacto das ações corporativas no cenário 
social contemporâneo.
Objetivos
 » Analisar, de modo sistêmico, complexo e crítico, a contemporaneidade e as 
questões de responsabilidade social e desenvolvimento sustentável.
 » Identificar as atuais mudanças no mundo do trabalho.
 » Correlacionar as transformações contemporâneas aos desafios e possibilidades 
de sua área de formação/atuação profissional.
 » Compreender as dimensões e discussões relacionadas ao conceito de 
desenvolvimento humano e de desenvolvimento sustentável.
 » Descrever as dimensões do estudo do conceito de desenvolvimento humano 
e discutir criticamente questões relacionadas. 
 » Compreender o impacto das ações corporativas no cenário social contemporâneo.
1
CAPÍTULO
UM OLHAR SOBRE A 
COntEMPORAnEIDADE: 
COntEXtUALIzAnDO A DISCUSSãO
10
CAPÍTULO 1 • UM OLHAR SOBRE A COntEMPORAnEIDADE: COntEXtUALIzAnDO A DISCUSSãO
1.1 Contextualizando: a crise como ponto de partida 
Estamos imersos em uma realidade histórica e, por vezes, não nos damos conta de 
que muitas mudanças têm acontecido neste contexto, pois a produção moderna nos 
impõe um ritmo acelerado de trabalho e as mudanças tecnológicas acontecem de 
modo tão natural e sutil que não podemos notar a proporção que tomam em escala 
global. 
Por isso, quando queremos conhecer determinado assunto, devemos, de forma 
simples, levantar algumas informações sobre o tema e analisar dados de modo 
aplicado à realidade. Então, é relevante conhecer o desenvolvimento histórico do 
tema de estudo e compreender em que contexto as mudanças de entendimento e 
aplicação acontecem. 
Logo, ao estudarmos a Responsabilidade Social e o Desenvolvimento Sustentável 
é importante que possamos compreender suas bases conceituais e os fatores 
históricos que levaram a comunidade científica a estudá-los. Após a compreensão 
dos fatores sócio-histórico-culturais que abarcam os conceitos citados, trataremos 
da definição precisa de cada um deles. E, após essa construção de saberes, você 
será capaz de analisar de modo reflexivo e crítico as demandas que a sociedade 
moderna impõe às corporações por sustentabilidade. 
A crise como ponto de partida
É muito comum, nos dias de hoje, ouvirmos falar que estamos vivendo um momento de 
crise: social, de valores, de identidade, na família, na educação... Entretanto, ao olharmos 
ao longo do tempo, de forma mais minuciosa, perceberemos que a noção de crise faz 
parte da história da humanidade.
Saiba mais
A Filosofia nos ensina a importância do exercício de reflexão. 
Filosofia é um termo que vem do grego Philos-sophia e significa amizade pela sabedoria. Já o conceito de reflexão 
vem do latim reflectere e quer dizer fazer retroceder, voltar atrás, revelar, pensar, espelhar. 
Ou seja, o trabalho filosófico-científico que estamos fazendo implica uma reflexão profunda do mundo, que requer 
necessariamente o entendimento dos fatos históricos e da conjuntura posta na atualidade. 
Isso significa que a Filosofia parte de um entendimento de mundo prévio para a ação pragmática. 
11
UM OLHAR SOBRE A COntEMPORAnEIDADE: COntEXtUALIzAnDO A DISCUSSãO • CAPÍTULO 1
Vivemos em um mundo de constantes mutações e incertezas. E diante da nossa 
incapacidade de controlar absolutamente os fenômenos naturais, percebe-se 
imediatamente que a crise acompanha o desenvolvimento humano desde suas 
origens. Por exemplo, a fome, processo biológico humano, é oriunda de um 
desequilíbrio entre a energia demandada pelo corpo e o consumo de alimento. 
Nesse sentido, há uma “crise” quando o sujeito não é capaz de se nutrir. Do mesmo 
modo, fala-se em crise quando faltam insumos básicos para a produção de bens de 
consumo. Ou podemos falar em crise ao pensarmos na má distribuição de renda, 
na exploração predatória da natureza etc. 
Sabe-se, entretanto, que a capacidade reativa humana, em geral, explora a criatividade 
para a superação desses momentos de desequilíbrio. E, por isso, soluções são criadas e 
mudanças sociais e culturais são incorporadas em nosso padrão comportamental. 
Com isso, podemos afirmar que, na história do desenvolvimento humano, todas as 
sociedades sempre viveram momentos de crise (MOREIRA, 2006).
Para entender nossa multifacetada crise cultural, precisamos adotar 
uma perspectiva extremamente ampla e ver a nossa situação no 
contexto da evolução cultural humana. Temos que transferir nossa 
perspectiva do final do século XX para um período de tempo que 
abrange milhares de anos; substituir a noção de estruturas sociais 
estáticas por uma percepção de padrões dinâmicos de mudança. Vista 
desse ângulo, a crise apresenta-se como um espaço de transformação. 
Os chineses, que sempre tiveram uma visão inteiramente dinâmica 
do mundo e uma percepção aguda da história, parecem estar bem 
cientes dessa profunda conexão entre crise e mudança. O termo que 
eles usam para “crise”, wei-ji, é composto dos caracteres: “perigo” e 
“oportunidade”. (CAPRA, 1982, p. 28).
No que tange à responsabilidade social e ao desenvolvimento sustentável, devemos 
re f l e t i r s o b re o que caracteriza a crise moderna. Inicialmente, sabe-se que o 
meio ambiente e a desigualdade econômica vêm impondo ao modelo produtivo 
adaptações e atitudes éticas.
Importante
Entenda! Crise é um estado em que a dúvida, a incerteza e o declínio se sobrepõem, temporariamente ou não, ao que 
estava estabelecido como ordem econômica, ideológica, política etc. Perpassa pela ideia de ausência ou deficiência 
de algo; carência, escassez, falta. Ou seja, significa decisão, sentença, juízo, separação, e envolve distintos campos de 
análise, tais como Sociologia, Política, Economia, Medicina, Psicopatologia, entre outras. 
12
CAPÍTULO 1 • UM OLHAR SOBRE A COntEMPORAnEIDADE: COntEXtUALIzAnDO A DISCUSSãO
Penteado e Fortunato (2010) demonstram especificidades da crise moderna quando 
destacam fatores como tragédias ambientais, acidentes oriundos de interferência 
humana nas comunidades e crimes praticados no meio social. Os autores afirmam que 
a degradação das matas, a poluição dos rios, o extermínio dos animais, o aquecimento 
global, a violência nas cidades, entre outros fatores, causam verdadeira necrose nas 
relações sociais e demandam soluções imediatas. 
Segundo Capra (2006), tudo isso é reflexo de uma crise de percepção que leva o 
indivíduo a pensar de forma linear e, assim, acreditar que, para cada ação, há somente 
uma reação. Dete modo, o sujeito não compreende as demais consequências oriundas 
de seu consumo em massa.
Logo, neste capítulo queremos desenvolver o olhar crítico do aprendiz. Vamos pensar, 
em linhas gerais, o que vem gerando as crises sociais e ecológicas nas últimas cinco 
ou seis décadas e sensibilizar você para o fato de que ações éticas e responsáveis são 
o meio para superartais questões.
A seguir são apresentados alguns fatores principais que caracterizam o momento 
atual e que nos ajudarão a melhor contextualizar o estudo sobre a relação entre ética 
e responsabilidade social.
Figura 1. globo.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/old-globe-on-vintage-map-background-1397061767. Acesso em: 28 
abr. 2020.
Os avanços da ciência e da tecnologia aliados às mudanças no mundo econômico 
vêm impactando nossas formas de conviver. Sabe-se que a ciência, desde que surgiu, 
entre os séculos XVII e XVIII, está diretamente associada às ideias de progresso e 
bem-estar. Romano (2019, p. 30) cita que a ética repousa sobre o natural, o correto. 
Por isso, em geral, espera-se que o desenvolvimento científico gere necessariamente 
desenvolvimento humano. Entretanto, algumas conquistas tecnológicas e científicas 
trazem também um caráter, no mínimo, ambivalente – para não dizer paradoxal – pois, 
13
UM OLHAR SOBRE A COntEMPORAnEIDADE: COntEXtUALIzAnDO A DISCUSSãO • CAPÍTULO 1
além do esperado progresso, estão relacionadas a desastres e ameaças ambientais a 
ponto de colocar a própria ideia de vida e o futuro da humanidade em risco (KERN; 
MORIN, 1995).
Conflitos de diversas ordens compõem, então, o cenário atual, e podem ser, 
didaticamente, assim elencados:
 » há paradoxos associados aos progressos econômicos e científicos;
 » o desenvolvimento é desigual e gera a má distribuição de riquezas e de 
conhecimentos;
 » a incerteza em relação ao futuro gera “desencantamento” com o mundo e falta de 
pensamento ético;
 » o aumento do desemprego e da exclusão social geram desequilíbrios sociais;
 » as ameaças ambientais e os acidentes tecnológicos colocam os direitos básicos 
em risco;
 » há complexidade para articular os fatores econômico, social, humano, ecológico ao 
desenvolvimento;
 » a celeridade dos meios de transporte e de comunicação favorece que os atores 
sociais percam as raízes de suas comunidades originárias;
 » a globalização tende a abafar a particularidade de cada cultura, de cada indivíduo;
 » os riscos e os desafios das tecnologias da informação geram a necessidade de se 
adaptar ao novo, mas, também, podem cercear a autonomia ou singularidade 
humana;
 » as necessidades de soluções em curto prazo podem gerar impactos negativos em 
longo prazo;
 » a ênfase em processos competitivos pode anular a igualdade de oportunidades, por 
vezes necessária. Daí surge a necessidade de se encontrar um equilíbrio possível entre 
competição, cooperação e solidariedade;
 » a falta de valores morais que balizariam as decisões humanas pode fazer com que os 
tomadores de grande decisões desprezem valores de justiça.
14
CAPÍTULO 1 • UM OLHAR SOBRE A COntEMPORAnEIDADE: COntEXtUALIzAnDO A DISCUSSãO
1.2 O desenvolvimento humano como ferramenta para se 
conhecer o nosso contexto
Entendendo o contexto de crise global vigente e as diversas necessidades humanas 
oriundas do novo sistema econômico, é importante definir “desenvolvimento” e frisar 
que, apesar das dificuldades elencadas, os ganhos agregados pelo desenvolvimento 
humano são enormes, uma vez que permitem que a humanidade implemente em seu 
cotidiano qualidade de vida.
Muitas vezes o conceito de desenvolvimento é associado apenas a critérios de 
urbanização, industrialização e mecanização. Neste caso, o avanço tecnológico fica 
no centro da análise. 
Entretanto, é preciso pensar se os atores sociais estão integrados a esta faceta do 
“desenvolvimento tecnológico” e se a dignidade humana e a preservação do meio 
ambiente acompanham a evolução industrial. Ou seja, a ideia de desenvolvimento 
abarca não apenas a ideia estrutural, mas, também, uma noção de aprendizagem e 
evolução moral e ética. 
Sugestão de estudo
Sugerimos, neste ponto, duas leituras complementares que serão fundamentais à ampliação e consolidação desse 
panorama inicial apresentado. Uma primeira leitura recomendada é o livro Terra-pátria, de Edgar Morin e Anne 
Kern. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/307749/mod_resource/content/1/LIVRO%20-%20
Terra%20P%C3%A1tria%20-%20EDGAR%20MORIN.pdf Acesso em 28 abr. 2020.
Destacamos, ainda, o livro Educação. Um tesouro a descobrir. Relatório para a Unesco da Comissão Internacional 
sobre Educação para o século XXI, organizado por Jacques Delors. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/
ark:/48223/pf0000109590_por Acesso em: 28 abr. 2020.
Ambos os livros trazem importantes elementos para auxiliar a nossa compreensão desta virada de século e os 
impactos, desafios e perspectivas colocadas.
Salientamos apenas que o segundo tem um foco maior sobre o campo da educação – trata-se, enfim, do Relatório 
da Unesco sobre o tema – mas pelas próprias características dessa área e suas múltiplas interfaces com os demais 
campos de atuação profissional, acreditamos tratar-se igualmente de uma publicação de grande interesse e 
relevância.
15
UM OLHAR SOBRE A COntEMPORAnEIDADE: COntEXtUALIzAnDO A DISCUSSãO • CAPÍTULO 1
Moreira e Carvalho (2018, p. 142), na primeira versão livro didático da Faculdade 
Unyleya redigido para esta disciplina, afirmam que: 
O desenvolvimento humano, de acordo com o Programa das Nações Unidas 
para o Desenvolvimento (PNUD), é aquele que situa as pessoas no centro do 
desenvolvimento, promovendo a realização do seu potencial, o aumento de 
suas possibilidades e o desfrute da liberdade de viver a vida que elas desejam.
Segundo Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil(2020) – plataforma de 
consulta de 200 indicadores de demografia, educação, renda, trabalho, habitação 
e vulnerabilidade – o desenvolvimento humano deve ter o foco na ampliação do 
bem-estar das pessoas. Por isso, o conceito supera a ideia de acúmulo de riqueza, 
e trata da capacidade de liberdade de escolha dos sujeitos. Nesse sentido, a renda 
não é um fim em si mesmo, mas meio para que as pessoas possam viver uma vida 
digna.
Saiba mais
O desenvolvimento é um processo de transformação social, relacionado a mudanças qualitativas significativas, que 
acontecem de forma cumulativa. 
No que se trata do caráter da vida humana, alterações no nível de expectativa de vida estão associadas a diversas 
oportunidades sociais que são cruciais como serviços de saúde, desempenho educacional, liberdades políticas 
que fomentam uma melhor qualidade de vida para a população (VEIGA, 2010). Esse conceito caracteriza o 
Desenvolvimento Humano.
Importante
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, 2007) é uma:
Rede global para ajudar pessoas a satisfazerem suas necessidades de 
desenvolvimento e a construírem uma vida melhor. Está presente em 166 países, 
trabalhando como um parceiro confiável de governos, da sociedade civil e do 
setor privado no auxílio da busca de suas próprias soluções para desafios de 
desenvolvimento globais e nacionais.
Atenção
O crescimento econômico não se traduz necessariamente em qualidade de vida, pois depende que conquistas reais 
sejam alcançadas, tais como: promoção de saúde, oferta de educação de qualidade, ampliação da participação 
política dos cidadãos, preservação ambiental. 
Para maiores detalhes, acesse o site: http://atlasbrasil.o0,rg.br/2013/pt/radar-idhm/.
16
CAPÍTULO 1 • UM OLHAR SOBRE A COntEMPORAnEIDADE: COntEXtUALIzAnDO A DISCUSSãO
O conceito de desenvolvimento humano, bem como sua medida, o Índice de 
Desenvolvimento Humano (IDH), foram apresentados em 1990, no pr imeiro 
Relatório de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para 
o Desenvolvimento (PNUD). 
O IDH surgiu como medida para apurar o grau de desenvolvimento humano de 
um país, em alternativa ao Produto Interno Bruto (PIB) puro. O sucesso da nova 
medida adotada pelo PNUD deu-se em razão de este não ser apenas um número 
cego que expressa o acúmulo de riqueza de uma nação, mas, sim, a reunião de 
três dos requisitos mais importantes para a expansão das liberdades das pessoas: 
a oportunidade de se levar uma vida longa e saudável –saúde –, de ter acesso ao 
conhecimento – educação – e de poder desfrutar de um padrão de vida digno – 
renda. Na medida, cada um desses aspectos possui igual importância e é avaliado 
a partir de uma escala que varia entre 0 e 1:
 » Padrão de vida decente: incluindo a análise da Renda Nacional Bruta (RNB) per 
capita e corrigindo o poder de compra da moeda de cada país pela Paridade de 
Poder de Compra (PPC);
 » Saúde: aferindo a expectativa de vida da população ao nascer;
 » Conhecimento: articulando principalmente as variáveis “anos médios de estudo” 
(que mede o número médio de anos de educação recebidos pelas pessoas que têm 
25 anos ou mais) e “anos esperados de escolaridade” (que mede o número de anos 
de escolaridade que uma criança na idade de entrar na escola pode esperar receber).
Figura 2. O IDH.
Novo IDH 
Saúde Expectativa de Vida 
Conhecimento 
Anos Médios de 
Escolaridade 
Anos Esperados 
de Escolaridade 
Padrão de Vida 
decente RNB pc 
Fonte: Nota técnica de Apoio ao Lançamento do Relatório de Desenvolvimento Humano 2010 –“A verdadeira riqueza das 
nações”.
17
UM OLHAR SOBRE A COntEMPORAnEIDADE: COntEXtUALIzAnDO A DISCUSSãO • CAPÍTULO 1
A partir desse conceito, é possível analisar dimensões da sociedade moderna, a fim 
de sanar questões e conflitos de interesses de modo moderado e com ganhos para a 
comunidade, o ambiente e o produtor/prestador de serviços. 
Oriundo, dessa análise, está o fato histórico de 27 de novembro de 2007 o PNUD ter 
incluído o Brasil, pela primeira vez, no grupo de países de Alto Desenvolvimento 
Humano. Essa notícia veio com a divulgação do Relatório de Desenvolvimento 
Humano (RDH) 2007/2008. 
Tal documento permite a compreensão de que entre 1990 e 2018, o Brasil apresentou 
um crescimento de 24% no seu IDH e, atualmente, se mantém no grupo de países 
com Alto Desenvolvimento Humano. Em 2018, sua posição no ranking de 189 países 
é a 79ª, juntamente com a Colômbia (PNUD, 2020). 
No entanto, é possível notar que a nação brasi leira ainda apresenta grandes 
médias d e d e s i g u a l d a d e e c o n ô m i c o - s o c i a l . D i a n t e d o s a l a r m e s l e v a n t a d o s 
pelos relatór ios de IDH, o Brasi l identi f icou carências e pode agir no combate 
à fome e na disseminação de condições dignas de v ida aos brasi le iros, mas 
esse ainda é um processo longo que demanda das corporações e da população 
grande esforço e compromisso. 
Injustiças sociais precisam ser combatidas e é preciso posicionar-se e trazer a realidade 
social para nosso campo de trabalho, de forma ética e socialmente responsável.
A esta altura, é provável que você esteja se perguntando: “o que eu tenho a ver com 
tudo isso? Por que tenho que estudar essas ‘coisas’”? 
O mais importante para nossa reflexão, neste momento, é pensar sobre as consequências e 
desdobramentos dos dados coletados.
Os estudos mais recentes sobre o Brasil apontam que crianças e adolescentes, entre cinco e 17 
anos, recebem incentivos de políticas públicas para o acesso e frequência às escolas. No 
entanto, brechas de acesso ainda são observadas nos níveis finais dos ensinos fundamental 
e médio.
Para refletir
Apenas com esse olhar as sociedades podem falar de um desenvolvimento real, em que a concepção humana 
é plenamente respeitada e as condições mínimas de sobrevivência e de sustentabilidade são respeitadas. E, em 
breve, será sua oportunidade, como profissional no mercado de trabalho, de agir, ainda que em escolhas pontuais e 
regionais, de modo a sanar demandas sociais por dignidade e ética corporativa!
18
CAPÍTULO 1 • UM OLHAR SOBRE A COntEMPORAnEIDADE: COntEXtUALIzAnDO A DISCUSSãO
As informações compiladas entre 2012 e 2017 revelam, ainda, uma desigualdade racial: 
Comparando os dados do IDH para a população branca e negra no Brasil, sabe-se que 
o IDH dos negros em 2010 se equiparou ao IDHM dos brancos em 2000. Ou seja, a 
diferença entre o IDH de negros e brancos reduziu-se significativamente. Além disso, 
em 2017 o IDH dos negros apresentou mais um avanço, apesar de ainda estar 10% 
menor que o IDH da população branca. (ATLAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO 
NO BRASIL, 2020).
Diante desses fatos, entre outros pontos a desenvolver indicados nestes relatórios, 
é importante pensar “até quando nossa sociedade poderá suportar esses alarmantes 
índices de desigualdade social?”. Por isso, para o aprendiz, profissional em formação e 
futuro gestores, é preciso a formação de consciência e sensibilização para a importância 
da ação ética e socialmente responsável.
Por isso, neste primeiro capítulo, não nos propusemos a dar respostas, mas, sobretudo 
a exercitar reflexões. Encerramos, assim, essa primeira etapa de nossos estudos: cheios 
de questões e esperançosos por plantar boas sementes para os frutos dos capítulos que 
virão.
Observe a lei
É importante lembrar que o Artigo 26 da Declaração Universal dos Direitos Humanos estabelece:
Toda pessoa tem direito à educação (...) A educação terá por finalidade o pleno 
desenvolvimento da personalidade humana e o fortalecimento do respeito aos 
direitos humanos e às liberdades fundamentais; favorecerá a compreensão, a 
tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos étnicos ou religiosos... 
(ASSEMBLEIA GERAL DA ONU, 1948).
Sintetizando
Vimos até agora: 
 » Algumas aproximações em direção à importância de se estudar a relação entre ética, responsabilidade social e 
desenvolvimento sustentável.
 » A importância de desenvolvermos uma prática reflexiva, desnaturalizando e contextualizando nossos campos de 
estudo e trabalho.
 » Buscamos ainda compreender que as noções de crise e de mudança fazem parte da própria história da 
humanidade e devem, assim, ser incorporadas à análise que fazemos da realidade.
 » Alguns dados e informações atuais que nos ajudam a compreender, de forma mais ampliada, o atual contexto em 
que estamos vivendo.
 » A noção de Desenvolvimento Humano, apontando como essa perspectiva amplia o entendimento sobre o que é 
desenvolvimento, indo além do critério econômico.
19
Introdução 
A partir dos desafios e controvérsias que caracterizam a contemporaneidade, neste 
capítulo avançaremos sobre a definição de “desenvolvimento”, com ênfase no conceito 
de desenvolvimento sustentável.
Assim, examinar o conceito de desenvolvimento e, particularmente, alguns de seus 
modelos ora mais sintonizados, ora mais distantes da temática ambiental é o principal 
objetivo deste capítulo.
Associados à ideia de desenvolvimento, outros conceitos como crescimento e progresso 
são examinados em profundidade relacionados à atual realidade de crise ambiental. 
Leia, reflita e tire suas próprias conclusões.
Objetivos 
 » Analisar de forma aprofundada cada uma das seis principais dimensões da 
sustentabilidade, consciente de que não existe hierarquia entre elas e que estas 
estão inter-relacionadas.
 » Conhecer alguns dos principais autores, bem como práticas e estratégias 
relacionadas a cada uma dessas dimensões.
 » Refletir sobre os desafios de uma sustentabilidade real e concreta a partir do 
compromisso da sociedade em âmbito planetário.
 » Entender que a construção da sociedade sustentável é uma necessidade que não 
pode esperar pelo outro, mas deve começar por nós mesmos.
2
CAPÍTULO
PARA EntEnDER O 
DESEnVOLVIMEntO SUStEntáVEL
20
CAPÍTULO 2 • PARA EntEnDER O DESEnVOLVIMEntO SUStEntáVEL
2.1 A sustentabilidade e suas dimensões 
Um dos maiores desafios que as nações do mundo têm enfrentado na contemporaneidade é a 
conquista da sustentabilidade. 
A sustentabilidade é um conceito complexo que abarca várias dimensões, estratégias 
e processos com reflexos em diferentes áreas. Este ideal não pode ser alcançado por 
meio de projetos mirabolantes e propostas gestadas nos gabinetes e escritórios dos 
grandes chefes de Estado. Pequenas vitórias alçadas nessa área têm mostrado que 
sem a participação da sociedade civil organizada, incluindo nessa esfera a atuação deONGs, comunidades, empresas, instituições diversas, bem como as universidades e a 
imprensa, não será possível alcançá-la. Em outras palavras, é importante esclarecer 
desde já que a sustentabilidade é fruto de uma conquista coletiva, em que todos 
precisam se ajudar se quisermos de fato torná-la uma realidade viável.
Figura 3. Dimensões da sustentabilidade.
Econômica
Social
Desenvolvimental
Fonte: própria autora, s.d. 
O conceito de sustentabilidade considera vinculações com temas como responsabilidade 
social, pobreza, meio ambiente, desenvolvimento, globalização e outros. Por isso, é 
importante o entendimento da temática e da necessidade da reflexão humana para 
que o desenvolvimento respeite a manutenção da vida e da saúde do planeta. Logo, 
este é, sem dúvida, o principal objetivo deste estudo: auxiliar a compreensão e o 
entendimento do que seja sustentabilidade. A partir daí, sensibilizar os que a ela 
tiverem acesso a serem também um de seus agentes promotores, fazendo a sua parte 
para que, paulatinamente, esta possa vir a ter chances de se concretizar. 
21
PARA EntEnDER O DESEnVOLVIMEntO SUStEntáVEL • CAPÍTULO 2
Su s t e n t a b i l i d a d e d e n o m i n a a “t e n d ê n c i a d o s e c o s s i s t e m a s à e s t a b i l i d a d e, 
à h o m e o s t a s e, a o e q u i l í b r i o d i n â m i c o, b a s e a d o n a i n t e rd e p e n d ê n c i a e 
complementaridade das formas vivas diversificadas” (HERCULANO, 2013). Existem 
diversas definições de sustentabilidade, contribuindo sensivelmente para uma 
dificuldade operacional do conceito. Assim sendo, examinemos suas origens. 
Quando o conceito surgiu, algumas críticas foram dirigidas à ideia de uma sustentabilidade 
como “manutenção” de ecosistemas e de modelos socioeconômicos. Assim sendo, lutar pela 
sustentabilidade social implicaria lutar para manter o quadro social atual em que os países 
ricos continuam cada vez mais ricos e os países pobres, cada vez mais pobres. Surgiu, assim, 
a necessidade de explicitar os diferentes sentidos do termo e as dimensões a ele atreladas. 
Comecemos pelo estudo de suas dimensões: 
 » Sustentabilidade social: tal dimensão está pautada nos princípios da equidade 
na distribuição de renda, da igualdade de direitos à dignidade humana e da 
solidariedade dos laços sociais. Almeja-se que todas as pessoas tenham 
condições iguais de acesso a bens e serviços necessários para uma vida digna.
 » Sustentabilidade ecológica: está ancorada no princípio da solidariedade com o 
planeta. Esta dimensão exige o entendimento de que o ser humano nada mais é 
do que apenas uma das partes que compõem o ecossistema. Por isso, deve fazer 
uso controlado e sustentável dos recursos naturais, respeitando sua capacidade 
de renovação.
 » Sustentabilidade econômica: nessa dimensão estão englobados fatores como 
geração de trabalho, distribuição de renda, promoção do desenvolvimento das 
potencialidades locais, assim como das atividades econômicas. Isso implica não 
apenas a necessidade de manter fluxos regulares de investimentos, mas, também, 
uma gestão produtiva eficiente e que respeite o meio ambiente.
 » Sustentabilidade espacial: norteada pelo alcance de uma equanimidade nas relações 
inter-regionais e na distribuição populacional entre o meio rural e o urbano. A 
conquista desta dimensão implica um uso adequado e planejado do território 
onde todas as pessoas tenham condições de viver de forma digna, tendo acesso à 
infraestrutura básica de moradia e de habitação (saneamento, água, coleta de lixo) 
sem agressões ao meio ambiente.
Importante
O conceito de sustentabilidade é complexo e pode ser desmembrado em seis dimensões: social, ecológica, espacial, 
cultural, político-institucional e econômica. Vale ressaltar que existe uma íntima relação entre elas, de maneira que 
ao promover intervenções em uma, estamos ajudando na promoção da outra. 
22
CAPÍTULO 2 • PARA EntEnDER O DESEnVOLVIMEntO SUStEntáVEL
 » Sustentabilidade político-institucional: implica a sensibilização e a mobilização das 
pessoas, de modo a ampliar sua cidadania. A ideia central dessa dimensão repousa 
na promoção da compreensão dos problemas e oportunidades locais para que se 
possa superar as práticas e políticas de exclusão.
 » Sustentabilidade cultural: baseia-se no respeito aos costumes locais, aos regionais 
e nacionais. Há a tentativa de preservar e divulgar as tradições e os valores 
regionais. Sachs (2002) acrescenta que esta dimensão se dedica a promover 
o respeito às diferentes culturas e às suas contribuições para a construção de 
modelos de desenvolvimento apropriados às especificidades de cada ecossistema, 
de cada cultura e de cada local.
Sugestão de estudo
Em sua obra, Vilson Carvalho analisa a importância da cultura local como elemento fundamental para a valorização 
da memória local e, consequentemente, da identidade daqueles que vivem ali, bem como para a mobilização 
de forças em prol de uma causa comum. A valorização de elementos culturais representa mais do que a mera 
preservação do passado, mas a possibilidade de construir um futuro valorizando o que as gerações passadas fizeram 
e evitando cometer com elas os mesmos erros.
Confira em: CARVALHO, V. Educação ambiental urbana. RJ: WAK, 2008.
Saiba mais
Sobre Ignacy Sachs
Figura 4. Ignacy Sachs.
Fonte: http://amazonia.org.br/2012/07/ignacy-sachs-desenvolvimento-sustent%C3%A1vel-s%C3%B3-%C3%A9-
poss%C3%ADvel-com-interven%C3%A7%C3%A3o-do-estado-no-mercado/. Acesso em: 5 abr. 2020.
Sachs foi pioneiro ao pensar as diferentes dimensões da sustentabilidade. Original da Polônia e naturalizado francês, 
Ignacy Sachs é um dos sociólogos mais respeitados da atualidade. O estudioso foi Assessor especial da ONU, durante 
a Rio-92, e atua, hoje, como professor da École des Hautes Études Sociales de Paris.
Convém citar que das seis dimensões adotadas pelo Ministério do Meio Ambiente brasileiro, cinco delas foram 
propostas por Sachs, tendo sido incluída apenas a dimensão político-institucional.
23
PARA EntEnDER O DESEnVOLVIMEntO SUStEntáVEL • CAPÍTULO 2
Vale reforçar que todas as dimensões da sustentabilidade citadas atuam de forma 
inter-relacionada, de modo que a promoção de uma delas auxilia a conquista da outra, 
assim como os obstáculos ao alcance de uma afetam o sucesso da outra.
2.2 O desenvolvimento sustentável
A palavra desenvolver significa literalmente “desenrolar”. Apesar de o termo 
desenvolvimento possuir muitos conceitos e diferentes significados, durante décadas, 
predominou a ideia de crescimento ou avanço econômico. Segundo Moreira e Carvalho 
(2018), “podemos definir desenvolvimento como o processo de promoção da melhoria 
qualitativa das condições de vida da população de um país, de uma região ou de um 
local específico”. 
Além disso, embora alguns autores achassem que os termos desenvolvimento e 
sustentabilidade fossem contraditórios, uma vez que desenvolvimento traz a ideia 
de expansão e sustentabilidade de manutenção, é importante notar que a concepção 
de equilíbrio afasta a noção de que o sistema econômico precise estar estagnado para 
que a sociedade e o meio ambiente sejam preservados. Ou seja, o desenvolvimento 
sustentável requer sucessivas ações para se manter o movimento e o equilíbrio. 
Em seus estudos, Tarté (1995, p. 49) indica que: “a ideia de sustentabilidade induz a 
uma ótica de desenvolvimento por si só, uma vez que trata de dimensões econômicas 
e sociais orientadas a satisfazer as necessidades e aspirações humanas essenciais”.
Neste sentido, se a sustentabilidade, em sua concepção original, significa “a possibilidade 
de se obterem condições iguais, ou superiores de vida, para um grupo de pessoas e seus 
sucessores em um dado ecossistema” (CAVALCANTI, 1995, p. 165), o desenvolvimento 
sustentável refere-se a uma limitação para o progresso desenfreado. Para o equilíbrio, 
em que se faz necessária a adoção de políticas e estratégias para garantir que o homem 
mantenha o suporte à vida digna.Dando força à noção de que “desenvolvimento sustentável” não é uma ideia moderna, 
pois os fatos históricos, citados por Meadows et al. (1972, p. 98), demonstram que 
“o Clube de Roma, em 1972, já havia utilizado o termo sustentável, ao defender a 
importância do desenvolvimento de um sistema mundial sustentável capaz de satisfazer 
as necessidades materiais básicas de todos os habitantes do planeta”.
24
CAPÍTULO 2 • PARA EntEnDER O DESEnVOLVIMEntO SUStEntáVEL
Desenvolvimento sustentável: fim ou meio?
Quando se pensa em desenvolvimento sustentável, existem duas visões cuja diferença 
diz respeito à forma como entendemos o que este seja e qual a sua real importância.
A primeira entende o desenvolvimento sustentável como um fim em si mesmo, enquanto 
a segunda vê o desenvolvimento sustentável como um meio para se alcançar uma 
série de conquistas como, por exemplo, a equidade social e o equilíbrio ecológico. 
Gómez (1998) assinala que o desenvolvimento sustentável, quando entendido como a 
finalidade em si, só será de fato alcançado se houver melhor distribuição de renda e 
preservação dos recursos naturais. Todavia, quando o conceito passa a ser considerado 
um meio de promoção de equidade, é responsável por criar condições para atingir 
uma sociedade mais igualitária ou menos injusta.
O desenvolvimento sustentável deve ser encarado como um programa de ação. 
Seu ideal é reformar a economia global e regional, de modo a criar meios para 
gerir o processo de desenvolvimento econômico e fazer com que não se destruam 
Importante
Entenda! O Clube de Roma é um grupo que se reúne para debater assuntos relacionados a política, economia 
internacional, meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Tal grupo tornou-se mais conhecido a partir de 1972, 
ao publicar o relatório “Os Limites do Crescimento” ou “Relatório do Clube de Roma” ou “Relatório Meadows”.
Esse documento trata de problemas cruciais para o futuro desenvolvimento da humanidade, tais como energia, 
poluição, saneamento, saúde, ambiente, tecnologia e crescimento populacional. Após publicado, vendeu mais de 30 
milhões de cópias em 30 idiomas, tornando-se o livro sobre ambiente mais vendido da história.
Além do grupo citado, outra instituição de relevância na história do tema é o Conselho de desenvolvimento 
sustentável (CDS) – da Organização das Nações Unidas (ONU). Essa comissão foi criada em 1992, visando assegurar 
continuidade da Conferência das Nações Unidas para Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92). Por isso, é 
responsável por acompanhar o processo de implementação da Agenda 21 e a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente 
e Desenvolvimento. 
A Comissão encontra-se, atualmente, sediada em Nova Iorque e, de dois em dois anos, reúne líderes mundiais e 
organizações não governamentais para tentar trazer soluções para a degradação ambiental.
Saiba mais
E você, como se posiciona? Seria o desenvolvimento sustentável um meio ou um fim?
Para saber mais, leia o artigo de Gómez, W.: “Desenvolvimento Sustentável, Agricultura e Capitalismo” (p. 95-116) no 
livro de BECKER, D. Desenvolvimento sustentável: necessidade e/ou possibilidade. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 
1999. 
25
PARA EntEnDER O DESEnVOLVIMEntO SUStEntáVEL • CAPÍTULO 2
os ecossistemas e os sistemas comunitários (ICLEI, 1996). No âmbito local, o 
desenvolvimento sustentável requer que a economia apoie a vida e o poder da 
comunidade, usando os talentos e os recursos regionais. 
A proposta do desenvolvimento sustentável é endossada como aquela que implica um 
processo em que a exploração de recursos, a direção dos investimentos, as mudanças 
institucionais e a orientação do desenvolvimento tecnológico se harmonizariam para 
reforçar os potenciais no presente e futuro e garantir a satisfação das necessidades 
e aspirações futuras da humanidade, compreendendo um duplo comprometimento 
com os seres humanos e a ambiência destes. Logo, para o alcance do desenvolvimento 
sustentável ações graduais são importantes, uma vez que se trata de mudança na ordem 
econômica posta. Assim, sua aplicabilidade e consequente possibilidade de sucesso 
não são tarefas fáceis, uma vez que requerem, segundo a Comissão Brundtland, uma 
complexa sustentação de diferentes sistemas interligados e dependentes: 
Um sistema político que assegure a efetiva participação dos cidadãos no 
processo decisório; um sistema econômico capaz de gerar excedentes 
e know-how técnico em bases confiáveis e constantes; um sistema 
social que possa resolver as tensões causadas por um desenvolvimento 
não equilibrado; um sistema de produção que respeite a obrigação de 
preservar a base ecológica do desenvolvimento; um sistema tecnológico 
Atenção
Entenda que o desenvolvimento sustentável deve estar aportado no seguinte tripé:
Figura 5. Sustentabilidade.
O Tripé da Sustentabilidade 
Ambiente Social Economia 
Energia 
Água 
Gases do efeito estufa 
Emissões 
Reeducação de 
desperdício/lixo 
Reciclagem 
Reprocessamento/reuso 
Limpeza verde 
Agricultura/alimentos 
orgânicos 
Biodiversidade 
Políticas públicas 
Investimento comunitário 
Condições de trabalho 
Saúde/nutrição 
Diversidade 
Direitos Humanos 
Investimento social 
responsável 
Anticorrupção e suborno 
Segurança 
Transparência contábil 
Governança corporativa 
Performance econômica 
Objetivos financeiros 
Social 
Ambiente Economia 
Sustentabilidade
Fonte: https://projetobatente.com.br/o-que-e-sustentabilidade/tripe-sustentabilidade/. Acesso em: 9 abr. 2019.
26
CAPÍTULO 2 • PARA EntEnDER O DESEnVOLVIMEntO SUStEntáVEL
que busque constantemente novas soluções e um sistema administrativo 
flexível capaz de autocorrigir-se. (BRUNDTLAND, 1991, p. 70).
Desenvolvimento sustentável: concepções modernas
Na sequência dos fatos históricos e dos avanços na gestão do desenvolvimento 
sustentável, é importante citar os anos de 2012 e de 2015 como novos marcos de avanço 
das discussões globais sobre o tema. Mais especificamente, no ano de 2012 rememora-
se a realização da Rio+20 – Conferência da ONU realizada no Rio de Janeiro, Brasil 
– para traçar uma agenda de desenvolvimento pós-2015. Nesse contexto, governos, 
sociedade civil e outros parceiros trabalharam para definir ações estratégicas e 
objetivos sustentáveis a serem alcançados até o ano de 2030. 
Foi deliberado, assim, que entre 2015 e 2030, haverá um esforço internacional para 
dar fim à pobreza e à fome. Além disso, nos países signatários visam-se combater 
as desigualdades; construir sociedades pacíficas, justas e inclusivas; proteger os 
direitos humanos e promover a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres 
e meninas; e assegurar a proteção duradoura do planeta e seus recursos naturais. 
Segundo a ONU (2015), a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável “é um 
plano de ação para as pessoas, para o planeta e para a prosperidade. Ela também 
busca fortalecer a paz universal com mais liberdade”.
É importante citar que, além das questões sobre a dignidade humana, os países 
participantes da Rio+20 demonstraram preocupação com a produção e o consumo 
sustentável. Segundo Pimenta e Nardelli (2015), foi adotado, então, um quadro de 
programas sobre produção e consumo sustentável estabelecido com o objetivo de guiar 
os países nos próximos dez anos para tornar seus padrões mais sustentáveis. Além 
disso, há um incentivo ao fortalecimento de pesquisas sobre as melhores tecnologias 
para uma produção mais limpa.
Esse momento reflete a realidade dos esforços implementados sobre o desenvolvimento 
sustentável e promove a reflexão sobre como podemos auxiliar o mundo nesse sentido.
Saiba mais
Para conhecer todos os objetivos elencados pela Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável visite o site da 
ONU: https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/.
27
PARA EntEnDER O DESEnVOLVIMEntO SUStEntáVEL • CAPÍTULO 2
Com essa reflexão encerramos mais este capítulo. Em breve nos aprofundaremos 
sobre as ações que podemos tomar, como gestores e colaboradores institucionais, 
para colaborare para ancorar nossas atuações em um padrão ético e responsável. 
Sintetizando
Vimos até agora:
 » O desenvolvimento sustentável propõe a conciliação entre desenvolvimento socioeconômico, gerando riquezas, 
conforto, emprego etc., aliado conjuntamente ao conservacionismo e que esta proposta leva em consideração o 
uso racional dos recursos naturais, pois, afinal de contas, não seremos a última geração da Terra, então é necessária 
a preservação para as futuras gerações.
 » O desenvolvimento sustentável possui seis aspectos prioritários que devem ser entendidos como metas: 1) a 
satisfação das necessidades básicas da população (educação, alimentação, saúde, lazer); 2) a solidariedade para 
com as gerações futuras (preservação da realidade ambiente para elas); 3) a participação da população envolvida 
(conscientização da necessidade de conservar o ambiente e fazer cada um a parte que lhe cabe para tal); 4) a 
preservação dos recursos naturais (água, oxigênio); 5) a elaboração de um sistema social garantindo emprego, 
segurança social e respeito a outras culturas (erradicação da miséria, do preconceito e do massacre de populações 
oprimidas como, por exemplo, os índios); 6) a efetivação dos programas educativos (viabilização de sua criação e 
continuidade).
 » Para aplicação, pelo menos parcial, de uma política de desenvolvimento sustentável, é preciso que diferentes 
setores se comprometam com sua aplicabilidade no cotidiano. 
28
Introdução 
Neste capítulo, vamos nos aprofundar um pouco mais. Para isso, vamos reunir 
alguns conceitos e discutir os vieses de cada definição sob os prismas da ética e da 
responsabilidade social. Vale dizer que vamos fazer essa análise sempre de forma 
contextualizada.
Logo, em um primeiro momento, vamos conhecer a definição de cada um dos setores 
produtivos para, em seguida, compreender como surgiu a noção de responsabilidade 
social e como cada um destes setores pode colaborar com a efetiva sustentabilidade. 
Objetivos
 » Identificar e diferenciar o que são e como atuam os três setores.
 » Compreender a noção de responsabilidade social no atual mundo do trabalho.
 » Identificar, de forma crítica, práticas de responsabilidade social.
Nos primeiros capítulos, reconhecemos o valor da responsabilidade social para o 
desenvolvimento da humanidade. Além disso, falamos de como o tema vem tomando 
maiores proporções de importância nas ações globais e como o contexto atual demanda 
o apoio dos gestores das corporações modernas na busca pela sustentabilidade. 
Discutimos, também, a noção de crise e entendemos como ela é necessária à 
transformação social. Agora sabemos que as mudanças são inerentes à humanidade 
e são definidas a partir de uma realidade complexa de elementos que interagem 
entre si, tais quais evolução cultural, direitos trabalhistas, nível de educação e grau 
de inclusão social, entre outros. 
Como vimos anteriormente, o progresso científico e o avanço tecnológico não são elementos 
suficientes para assegurar o bem-estar e o desenvolvimento social. Por isso, é necessária a 
3
CAPÍTULO
RESPOnSABILIDADE SOCIAL: 
PRIMEIRAS APROXIMAçÕES
29
RESPOnSABILIDADE SOCIAL: PRIMEIRAS APROXIMAçÕES • CAPÍTULO 3
formação de uma consciência ética e responsável da sociedade como um todo e em 
especial dos líderes e gestores das corporações modernas. 
Na contextualização dos estudos sobre responsabilidade social, compreendemos 
ainda que decisões políticas, sociais e econômicas contribuíram para um crescente 
cenário de desigualdade e exclusão social que precisa ser enfrentado nos dias de hoje. 
E ao aproximar nosso olhar da realidade brasileira, percebemos que o País vive uma 
história muito recente de democratização e de formação cidadã. 
Com a promulgação da Carta Magna de 1988, a população readquiriu direitos básicos 
incluindo direitos individuais (ex.: locomoção, manifestação de ideiais, propriedade 
privada), sociais (ex.: trabalho e associação) e políticos (ex.: voto). Condição que 
interpôs mudanças nas trocas econômicas e no mundo do trabalho. 
Importante
Figura 6. Ditadura.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/vector-propaganda-poster-obey-style-follow-1102336421. 
Acesso em: 29 abr. 2020.
Entenda o que foi a Ditadura no Brasil!
Entre 1o de abril de 1964 e 15 de março de 1985, a nação viveu sob comando de governos militares, de caráter 
autoritário. Esse regime assumiu as diretrizes do poder através de um golpe, com o discurso de que faria uma 
intervenção breve em prol do desenvolvimento do País. Entretanto, mediante o empoderamento de classes 
favorecidas, o regime antidemocrático pôs em prática vários Atos Institucionais e afastou o processo democrático de 
mudança de governo.
Diante disso, a redemocratização só teve início em 1985 e atingiu seu ponto alto com a Constituição de 1988, quando 
foi devolvido aos cidadãos direitos e liberdades civis e passaram a combater as injustiças e desigualdades sociais.
30
CAPÍTULO 3 • RESPOnSABILIDADE SOCIAL: PRIMEIRAS APROXIMAçÕES
Assim, a edição de direitos trabalhistas e as respectivas mutações nas relações 
contratuais mudaram completamente a forma como o setor produtivo atua, pois, a 
partir desse momento, foi exigido que o Estado, a iniciativa privada e a sociedade 
civil se unissem na busca do desenvolvimento social do Brasil.
3.1 Os três setores e suas finalidades
O movimento da responsabilidade social das empresas brasileiras tomou força entre 
os anos 1980 e 1990, diante da compreensão de que as próprias corporações precisam 
de uma sociedade economicamente equilibrada e de um ambiente saudável para que 
sejam prósperas.
A nova legislação prevê que, além do Estado, a iniciativa privada também deve assumir 
um papel ativo no desenvolvimento social. Assim, a sociedade civil e as empresas do 
mercado produtivo estão imbuídas de responsabilidades no que tange à manutenção 
e à promoção da responsabilidade social, conjuntamente, do desenvolvimento.
Essa postura vai ao encontro dos achados de Oliveira (1984, p. 205), um dos primeiros 
estudiosos do tema responsabilidade social no Brasil, que afirmam que há uma 
“capacidade da empresa de colaborar com a sociedade, considerando seus valores, 
normas e expectativas para o alcance de seus objetivos” e que ao aplicar práticas 
de responsabilidade social, empresas e sociedade podem atingir seus objetivos com 
maior efetividade.
De modo complementar, os estudos de Reis (2007, p. 1) afirmam:
Assim como as empresas têm responsabilidade pelos problemas sociais, 
também têm capacidade de utilizar ferramentas empresariais para seu 
enfrentamento. Ou seja, confirma-se a relevância da contribuição da 
iniciativa privada no desenvolvimento nacional.
Entretanto, é preciso compreender que o mercado produtivo é um grupo heterogêneo 
composto por diferentes atores econômicos. Por isso, alguns teóricos defendem que 
a organização da sociedade pode ser dividida em três grandes setores:
O primeiro setor: o Estado
Atua como fonte de políticas públicas e regulador de ações privadas, e orienta o destino 
econômico e desenvolvimentista da nação na busca do bem-estar de todos. Para tanto, 
em nome da finalidade pública e com respeito aos princípios da universalização e da 
impessoalidade, interfere no meio social a partir de recursos públicos.
31
RESPOnSABILIDADE SOCIAL: PRIMEIRAS APROXIMAçÕES • CAPÍTULO 3
Por isso, o setor primário está relacionado aos recursos naturais, uma vez que estes 
pertencem a todos os cidadãos da nação. 
O segundo setor: a iniciativa privada 
São os geradores de riquezas. Para tanto, usam recursos privados para fins privados. 
Neste setor estão as indústrias que compram recursos naturais para transformá-los em 
produtos. 
Pelo fato de conhecimentos tecnológicos estarem agregados aos produtos do setor 
secundário, há valor agregado na produção e o lucro obtido na comercialização é expressivo. 
Isso significa que países com bom grau de desenvolvimento possuem uma expressiva base 
econômica concentrada nosetor secundário.
O terceiro setor: a sociedade civil organizada
Neste setor estão as instituições que não são públicas, por não pertencerem à 
Administração direta estatal, nem privada, por não visarem essencialmente ao lucro. 
Em outros termos, nesse grupo estão as organizações com capital privado que possuem 
objetivos sociais ou públicos.
Ou seja, tal ramo de atuação é composto pelas organizações com fins não econômicos 
que trabalham pela transformação social e buscam beneficiar grupos ou coletividades. 
São as organizações não governamentais (ONGs), as associações comunitárias, 
os movimentos sociais, as entidades filantrópicas, as fundações e os institutos 
empresariais.
A figura a seguir exemplifica as fontes dos recursos que financiam o terceiro setor. 
Atenção
Para compreender melhor a diferença entre os três setores, observe a tabela comparativa a seguir:
tabela 1. Comparação entre os três setores.
SETOR ENTE CORPORATIVO RECURSOS FINS
1o Estado Públicos Públicos
2o Empresas Privados Privados
3o Sociedade Civil Organizada Privados e Públicos Públicos
Fonte: própria autora, s.d.
32
CAPÍTULO 3 • RESPOnSABILIDADE SOCIAL: PRIMEIRAS APROXIMAçÕES
Figura 7. Fontes de recursos para o terceiro setor.
Financiam o 
Terceiro Setor 
Fonte: própria autora, s.d.
3.2 O terceiro setor e a sua composição
Entenda que os três setores coexistem e são complementares entre si. O Estado 
organiza, a iniciativa privada produz riquezas e o terceiro setor apoia a sociedade 
em demandas não alcançadas pela mão ampla do estado. Logo, não há que se pensar 
em oposição entre surgimento do terceiro setor e o Governo ou a iniciativa privada. 
Pois a organização da sociedade civil, sem fins econômicos, surge dos movimentos 
sociais e populares e vem complementar e fortalecer estratégias desenvolvidas pelo 
Poder Público e pelas empresas. Assim, segundo Moreira e Carvalho (2018, p. 35), são 
reunidas “iniciativas e possibilidades de participação de toda a sociedade em ações 
coletivas de transformação social”, o que “inclui e oportuniza a participação de todos 
os cidadãos e cidadãs na construção de uma ‘sociedade livre, justa e solidária’.”
Porém, vale destacar a importância do terceiro setor, uma vez que as instituições 
que o integram compõem um híbrido de interesses entre o bem-estar social e o 
desenvolvimento econômico. Além disso, enquanto o primeiro setor abarca políticas 
amplas e extensivas a todos, o terceiro setor tem a oportunidade de estar próximo 
das comunidades, e, assim, pode direcionar esforços para transformar realidades 
específicas. Um exemplo são as ONGs que trabalham com a recuperação de jovens 
nas comunidades carentes do Brasil. Estas instituições possuem grande capacidade de 
recuperação desses adolescentes, pois podem mitigar as desigualdades promovendo 
saúde mental e educação nas esferas em que o Estado é ausente em cada uma das 
comunidades. 
33
RESPOnSABILIDADE SOCIAL: PRIMEIRAS APROXIMAçÕES • CAPÍTULO 3
Isso não significa eximir o governo de suas responsabilidades, mas 
reconhecer que a parceria com a sociedade permite a formação de 
uma sociedade melhor. Portanto, o Terceiro Setor não é, e não pode ser 
substituto da função do Estado. A ideia é de complementação e auxílio 
na resolução de problemas sociais. (BRANDÃO et al., 2014).
Vale explicar que a expressão terceiro setor sugere uma forma de propriedade que se 
encontra entre a natureza privada e a estatal; é a terceira via da gestão organizacional. 
Essa terminologia sociológica inclui as iniciativas privadas de utilidade pública. 
Segundo Brandão et al. (2014), delimitar o vasto espectro de atuação do terceiro 
setor não é tarefa fácil. Parte das dificuldades reside no fato de que a divisão da 
realidade social em três setores distintos, é artifício precário. Até porque suas ações 
são customizadas a cada região que atendem. 
Segundo Peter Drucker (1994), o terceiro setor é, atualmente, o setor que mais cresce, 
gerando emprego e mobilizando recursos de forma progressiva. No Brasil, segundo 
dados do IBGE de 2018, o terceiro setor já gera mais de 2 milhões de empregos e se 
distribui nas seguintes atividades:
Figura 8. Dados do IBgE.
Ações de Assessoramento e Defesa e Garantia de Direitos 
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Fonte: https://mapaosc.ipea.gov.br/dados-indicadores.html. Acesso em: 22 abr. 2020.
Há de se considerar o caráter prático da proliferação das organizações do terceiro 
setor em virtude da autonomia de ação frente às comunidades que apoiam a solução 
de problemas socioeconômicos. Essa autonomia advém do fato de as instituições do 
terceiro setor não possuírem os entraves burocráticos do primeiro, e, ainda assim, 
voltarem-se ao fim público. 
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CAPÍTULO 3 • RESPOnSABILIDADE SOCIAL: PRIMEIRAS APROXIMAçÕES
Por não trabalharem com recursos públicos, a prestação de contas das organizações 
sociais é simplificada. Portanto, essas instituições são mais ágeis do que as organizações 
públicas no atendimento às demandas sociais, fator que as colocam como ferramentas 
aplicadas na promoção de desenvolvimento.
Além disso, não há dúvida de que o serviço social brasileiro avançou muito nas últimas 
décadas. As ONGs, com o objetivo de diminuir as vulnerabilidades e de providenciar 
uma vida social mais satisfatória se profissionalizaram. Suas atuações, atualmente, 
contribuem para a formatação de uma ordem social, política e econômica menos 
desigual. Segundo Brandão et al. (2014, p. 9), as organizações sociais “são muito mais 
do que pessoas unidas em prol de uma causa, são organizações dispostas a transformar 
realidades, dar novas oportunidades, mudar paisagens”.
É importante pensar como o País pode se fortalecer com a aliança e o equilíbrio 
na atuação dos três setores, por isso nossos estudos chamam tanta atenção para a 
atuação ética e responsável do mercado privado, que visa lucro. Uma vez que, tendo 
gestores conscientes e ações geradoras de renda implementada, todos ganham: há 
desenvolvimento nacional e fortalecimento do comércio e da corporação.
3.3 A responsabilidade social: histórico conceitual 
É difícil precisar exatamente quando surge a noção de responsabilidade social. Até 
porque esse modo de atuação emana da ética e da reflexão humana sobre seus legados 
à sociedade. Entretanto, é possível perceber que a reflexão sobre o modo predatório 
de atuação da iniciativa privada tornou-se mais frequente a partir das primeiras 
décadas do século XX.
Reis (2007) aponta que o movimento institucionalizado da responsabilidade social 
nas empresas iniciou-se nos anos 1960, nos Estados Unidos e na Europa. Entretanto, 
definir um marco formal dos estudos sobre o tema é difícil, uma vez que no início 
do século XIX já era possível identificar cientistas que recriminavam a atuação 
predatória das empresas em busca de lucros. Outra fonte de questionamento da falta 
de compromisso das instituições com o bem-estar de seus funcionários pôde ser 
notada nos movimentos sociais e nas ações dos sindicatos em busca de formas mais 
equilibradas de gestão após as revoluções industriais. 
Segundo Moreira e Carvalho (2018, p. 37):
O escopo da responsabilidade social abrange projetos e programas 
sociais, ações de mobilização e organização comunitária e também 
as diversas relações entre cidadãos e organizações, incluindo aí o 
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RESPOnSABILIDADE SOCIAL: PRIMEIRAS APROXIMAçÕES • CAPÍTULO 3
tratamento que as empresas dedicam a seus funcionários, a forma como 
tratam seus clientes internos e externos, as condutas em relação ao seu 
entorno ou meio ambiente, os valores que pautam as ações.
No Brasil, no decorrer das últimas décadas, a responsabilidade social ganhou visibilidade e 
importância através de algumas instituições, são elas:
Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase)Foi pioneira ao propor a noção de Balanço Social, um relatório anual que reúne 
informações sobre os projetos, benefícios e ações sociais dirigidas aos empregados, 
investidores, analistas de mercado, acionistas e à comunidade. 
Considera-se que esse instrumento estratégico “teve como principal função tornar 
pública a responsabilidade social empresarial, construindo maiores vínculos entre a 
empresa, a sociedade e o meio ambiente” (IBASE, 2020). E, além disso, a ferramenta 
serviu de base publicitária relevante para multiplicar o exercício da responsabilidade 
social corporativa. 
Figura 9. Logo do Balanço Social.
Fonte: https://ibase.br/pt/balanco-social/. Acesso em: 28 jul. 2020.
Importante
Entenda que a ideia de responsabilidade social se distingue da concepção de filantropia.
O Dicionário Online de Português assim define filantropia: Caridade; demonstração de generosidade; tendência 
para ajudar os mais necessitados.
Isso significa que as ações sociais filantrópicas são pautadas pelo assistencialismo e pela abnegação.
No que tange à responsabilidade social há uma ação estratégica corporativa no sentido de apropriar-se do seu 
potencial para promover uma ação estratégica na qual a instituição e a comunidade sejam beneficiadas. Neste caso, o 
foco está na cidadania e não na caridade.
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CAPÍTULO 3 • RESPOnSABILIDADE SOCIAL: PRIMEIRAS APROXIMAçÕES
Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social (Ethos)
Instituição com a missão de “mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus 
negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de 
uma sociedade justa e sustentável”. (ETHOS, 2020).
Figura 10. Logo do Ethos.
Fonte: https://www.ethos.org.br/conteudo/o-instituto/. Acesso em: 23 abr. 2020.
O grupo realiza pesquisas anuais e atua em áreas como a redução da desigualdade 
e empoderamento de grupos minoritários; promoção da ética no desenvolvimento 
econômico; auxí l io ao gover no na redução do aquecimento g lobal ; apoio a 
empresas para a implementação da gestão sustentável. 
grupo de Institutos, Fundações e Empresas (gife)
Associação de investidores sociais do Brasil (institutos, fundações ou empresas) 
interessados em “gerar conhecimento a par t ir de ar t iculações em rede para 
aperfeiçoar o ambiente político institucional do investimento social e ampliar a 
qualidade, legitimidade e relevância da atuação dos investidores sociais privados” 
(GIFE, 2020).
Figura 11. Logo da gife.
Fonte: https://gife.org.br/quem-somos-gife/. Acesso em: 23 abr. 2020.
O grupo realiza capacitações e reuniões com o objetivo de debater questões do campo 
social, realiza pesquisas e contribui para a promoção do desenvolvimento sustentável 
do Brasil e presta suporte aos investidores sociais privados.
Importante
Note que nos últimos tempos a economia mundial opera integrada em um contexto mundial. Portanto, há integração 
de mercados e queda das barreiras comerciais que favorecem as trocas comerciais e aceleram o fluxo produtivo. Essa 
revolução tecnológica e de perspectiva comercial exige das corporações uma competição por insumos e clientela em 
escala mundial. Portanto, essas instituições precisam ser reativas às mudanças e estar preparadas para adaptar suas 
estratégias de negócio e seus padrões gerenciais para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades decorrentes 
da ampliação de seus mercados potenciais.
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RESPOnSABILIDADE SOCIAL: PRIMEIRAS APROXIMAçÕES • CAPÍTULO 3
Diante do conhecimento da realidade do País, da evolução dos estudos, investimentos em 
responsabilidade social e do contexto econômico global é preciso que as corporações 
trabalhem suas imagens e sejam cuidadosas com as ações gerenciais que tomam, uma 
vez que serão cobradas, de modo sistêmico, pelo Estado em que operam, pela 
população que atendem, por seus funcionários e pelo equilíbrio econômico. Portanto, 
a legitimidade de suas ações deve estar no foco das estratégicas institucionais. 
Além disso, mediante a interação integrada entre os setores produtivos, alteram-se 
as propostas políticas e os modos de ação dos Estados nacionais, das empresas e das 
pessoas. Uma vez que agora todos devem agir, previamente, na solução de medidas 
de redução da desigualdade e do bem-estar social. Portanto, redefine-se a noção de 
cidadania. A qual, em tempos remotos seria exercida de modo ativo pelo governante 
de um país e agora deve ser promovida por todos que integram a comunidade. Por 
exemplo, quando nos deparamos com notícias de que uma empresa explora seus 
trabalhadores ou quando sabemos que alguns produtos destroem economias locais 
ou recursos ambientais deixamos de consumi-lo imediatamente. Entretanto, quando 
sabemos que algum recurso da instituição será destinado a alguma causa de saúde 
ou em ajuda a necessitados, muitas vezes damos preferência ao consumo através 
daquela marca. Todos nós conhecemos esses exemplos de ações negativas e positivas 
e já discutimos sobre isso com nossos familiares e amigos, não é verdade?
Também se constituem modalidades inovadoras de defesa dos direitos coletivos, tais quais 
os diversos modos de cuidado com o meio ambiente – exercidos pelo consumo consciente 
e pelos modelos de reflorestamento de biomas – ou as defesas dos grupos LGBT – incluindo 
representatividade em publicidades. Há, também, o fortalecimento do terceiro setor, 
por meio de mídias sociais e pela disseminação de informações e da cultura de 
corresponsabilidade. 
Na evolução natural e como modo de adaptação, as empresas passam a investir em 
qualidade. Esse investimento inicia-se na entrega de bons produtos, evolui para o 
cuidado com os processos internos e pode vir a tomar tamanha importância que 
passa a abranger a relação da corporação com a comunidade em geral: empregados, 
fornecedores, clientes, cidadãos em geral e meio ambiente.
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CAPÍTULO 3 • RESPOnSABILIDADE SOCIAL: PRIMEIRAS APROXIMAçÕES
Vale lembrar que as ações de responsabilidade social e os próprios estudos do tema 
são recentes e, além disso, estão se desenvolvendo junto com as mudanças econômicas 
e sociais. Por isso, e pelo fato de a responsabilidade social ser uma ação estratégica 
que deve estar alinhada aos valores de cada corporação, não há como definir ações 
específicas e fechadas que devem ou não ser implementadas nas instituições, mas 
certamente há diretrizes e orientações que podem ser implementadas por gestores, 
como por exemplo: Redução do impacto ambiental; oferta de ações educativas para 
os colaboradores, fornecedores, parceiros e, até, para o público-alvo; e alianças com 
instituições sociais do terceiro setor. 
O mesmo acontece no terceiro setor, ao nos aproximarmos, percebemos que as 
instituições definem responsabilidade social com base nas suas experiências e recortes 
de pesquisas e intervenções no meio em que operam. Por exemplo, segundo Moreira 
e Carvalho (2018, p. 38-39): 
o Gife trabalha com ideia de “Investimento Social Privado” (ISP) 
definindo-o como o “uso planejado, monitorado e voluntário de recursos 
privados – provenientes de pessoas físicas e jurídicas – em projetos sociais 
de interesse público”, ou seja, trata-se de recursos privados voltados 
para fins públicos, com vistas a beneficiar comunidades e grupos. Já 
o Ethos trabalha com a noção de Responsabilidade Social Empresarial 
(RSE) que implica a utilização de recursos privados voltados para fins 
também privados, pois se trata de ações éticas voltadas ao negócio.
Perceba que, para o Ethos, responsabilidade social é um meio de conduzir os negócios 
da empresa para que ela se torne parceira e corresponsável pelo desenvolvimento. 
Ao lado desses posicionamentos, poderemos encontrar diversos modos de definir 
e trabalhar com a responsabil idade social e o desenvolvimento sustentável . 
Saiba mais
Apresentamos aqui dois casos de empresas-modelo em responsabilidade socioambiental:
Bradesco
A instituição bancária lançou o projeto no Morro Dona Marta, no Rio de Janeiro, com a propostade levar educação 
financeira à população carente e reduzir o endividamento. Além disso, a corporação foi a primeira a oferecer seguro 
residencial a moradores dessa comunidade. O cuidado com o programa inclui os preços da apólice em valores 
populares e as indenizações chegam a R$10 mil. Além disso, o Banco investe em uma parceria com a Fundação 
Amazônia Sustentável e contribui para a preservação de milhões de hectares de mata.
Natura 
A corporação voltada à produção de cosméticos educa trabalhadores locais para extração sustentável de óleos 
vegetais, evitando queimadas. A ação, além de favorecer a comunidade local, preserva um bioma rico e deixa de 
derrubar milhares de palmeiras amazonenses. Além disso, é pago às famílias extratoras de matérias-primas uma 
espécie de royalty pelo conhecimento local sobre plantas que favorecem a cultura e os valores dos povos ribeirinhos.
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RESPOnSABILIDADE SOCIAL: PRIMEIRAS APROXIMAçÕES • CAPÍTULO 3
Tais conceitos, em geral, determinam o olhar e o modo de atuação estratégico 
a ser tomado. Mas não se pode negar que sempre há a centralidade da ética, na 
cidadania e no cuidado com o meio social que abordam. Por isso, neste momento, 
vamos ampliar nosso entendimento sobre o tema e analisá-lo, também, como um 
conjunto de valores e relações.
Melo Neto e Froes (2001) afirmam que a responsabilidade social pode ser compreendida por 
diversas acepções, entre elas:
 » Atitude e comportamento empresarial ético e responsável;
 » Conjunto de valores morais;
 » Estratégia (de relacionamento; de marketing; de recursos humanos; de 
desenvolvimento social etc.); 
 » Exercício da consciência ecológica;
 » Instrumento de promoção da cidadania; 
 » Ferramenta de integração social; 
 » Diretriz de capacitação;
 » Meio para valorização de produtos/serviços e, até, imagem. 
Entretanto, é importante que a corporação defina claramente sob que viés entende a 
responsabilidade social. Para isso, é necessário definir o foco e as estratégias de atuação, 
além de explicar o seu papel social dentro desta visão. A partir de então, é possível 
desenhar as ações a serem implementadas e os resultados esperados. Para isso, são 
essenciais a capacitação e a colaboração dos gestores e da equipe do trabalho. 
Por isso a importância de você estudar o tema!
3.4 A responsabilidade social e o desafio ético 
Ao tratarmos do desenvolvimento humano e da sustentabilidade já abordamos de 
modo amplo a relevância da ação ética das corporações. Além disso, no decorrer da 
análise do conceito de responsabilidade social compreendemos que o valor ético é 
indissociável da ação reta. Esse padrão de reflexão e produção deve compor a reflexão 
e a prática diária das corporações. Mais do que isso, a ética deve ser uma busca 
estratégica de uma instituição vinculada à responsabilidade social.
Entretanto, além das diversas acepções conceituais do quem vem a ser a responsabilidade 
social, é relevante compreender que a ética também não é uma ideia pronta e fechada, 
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CAPÍTULO 3 • RESPOnSABILIDADE SOCIAL: PRIMEIRAS APROXIMAçÕES
pois sua implementação depende de uma análise conjuntural, a qual inclui fatores 
como cultura local, condições situacionais, impactos oriundos das ações etc.
Destaca-se que no universo das ações éticas é básico, antes de mais nada, conhecer 
a intenção de uma ação. Logo, no caso do exercício laboral, a motivação de cada 
organização para desenvolver ações sociais é um primeiro ponto de análise para que 
possamos discutir a perspectiva ética.
Quando tratamos de responsabilidade social e de ética, precisamos pensar que ambos 
os termos incluem uma análise subjetiva e exclusiva das condições sociais e da 
tomada de decisões. Isso significa que as corporações, ao se estabelecerem em 
determinada comunidade ou em determinado contexto, consideram as conjunturas 
produtivas e escolhem entre os modelos de práticas que podem ser mais ou menos 
prejudiciais à sociedade de modo geral. Tudo isso está conectado com os valores 
da instituição, com os objetivos estratégicos a serem alcançados, com o modelo 
de negócios estabelecido e com o viés adotado pelos gestores. Ou seja, há uma 
dimensão subjetiva inegável tanto na ação de responsabilidade social como na 
prática da ética. 
Nesse sentido, mais uma vez cresce o valor do terceiro setor como modulador entre 
o enrijecimento estatal e a prática da iniciativa privada com fins lucrativos, pois 
a organização social, próxima à sociedade, gera conhecimento regionalizado e 
especializado que pode contribuir com o próprio repensar da atuação dos demais 
setores. 
O que nos importa nesse instante é salientar a intrínseca relação que deve haver 
entre responsabilidade social e ética. Além disso, é importante pensar a ética em 
uma conjuntura aplicada antes de pesar o valor da ação social, uma vez que cada 
momento socioeconômico conta com demandas próprias e capacidades de respostas 
institucionais distintas.
Figura 12. Ética.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/ethics-business-concept-colorful-wooden-blocks-1108182914. 
Acesso em: 1o mai. 2020.
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RESPOnSABILIDADE SOCIAL: PRIMEIRAS APROXIMAçÕES • CAPÍTULO 3
Falar em ética implica a busca do bem coletivo, por meio da análise do menor 
dano e maior ganho para todos. O equilíbrio entre a ação econômica e o emprenho 
socioambiental deve ser a meta maior. Assim sendo, Moreira e Carvalho (2018, p. 42) 
defendem que:
A organização que desenvolva ações de responsabilidade social deve, 
continuamente e de maneira integrada, ter a ética como princípio 
em tudo que faz, perpassando a relação com sua equipe técnica, com 
seus diretores ou acionistas, junto a seus parceiros, fornecedores, 
beneficiários ou mesmo concorrentes; frente à comunidade, entorno 
ou meio ambiente no qual se situa, seja local ou globalmente.
Essa ideia de integralidade na ação, tanto em nível micro quanto no contexto global, 
remete à própria concepção de ética de que o bem é seguramente desejável quando 
interessa a um único sujeito. Mas seu valor se reveste de um caráter ainda mais belo, 
mais profundo e mais divino quando interessa a um povo ou a um estado inteiro. 
Ou seja, A ética, de modo geral, exige articulação permanente e respeito necessário 
à transparência e à própria noção de responsabilidade social.
Sintetizando
Vimos até agora:
 » Um pouco mais o contexto de surgimento da noção de responsabilidade social.
 » As definições de primeiro, segundo e terceiro setores e as finalidades de cada um.
 » Quanto é amplo e complexo o nosso tema de estudos, conhecendo algumas das principais visões que se têm 
atualmente de responsabilidade social.
 » A importância de articular as questões éticas ao campo da responsabilidade social.
42
Introdução 
Após entender o contexto em que se desenvolveu a responsabilidade social e entender 
os limites conceituais do termo e do campo de estudo e prática, vamos voltar 
nossa atenção a algumas das principais tendências e ferramentas de gestão da 
responsabilidade social. 
A ideia central é aprender o caminho para implementar uma ação ética e respeitosa. 
Agora, nossa proposta é acompanhar algumas práticas de responsabilidade social, 
reunindo ferramentas, estratégias e possibilidades de gestão.
Esperamos que este capítulo seja inspirador de novas reflexões e de novas práticas, 
pautadas pelo exercício da ética e da responsabilidade social.
Objetivos
 » Discriminar os passos necessários para a implementação de ações de responsabilidade 
social.
 » Desenvolver olhar estratégico frente aos potenciais da corporação, de modo a ser capaz 
de definir ações de responsabilidade social nos processos de gestão.
 » Analisar e desenvolver iniciativas e estratégias de gestão da responsabilidade social 
interna e externa.
4.1 É preciso gestão
Para ampliar nossa trajetória no campo do saber, apontaremos algumas das principais 
tendências na gestão da responsabilidade social atuais. Já sabemos que a proposta 
da responsabilidade social difere das práticas

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