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Responsabilidade social e desenvolvimento sustentável VERÔNICA BRITO AGUIAR 1ª Edição Brasília/DF - 2020 Autores Verônica Brito Aguiar Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário Organização do Livro Didático........................................................................................................................................5 Introdução ..............................................................................................................................................................................7 Capítulo 1 Um olhar sobre a contemporaneidade: contextualizando a discussão ......................................................9 1.1 Contextualizando: a crise como ponto de partida ................................................................................. 10 1.2 O desenvolvimento humano como ferramenta para se conhecer o nosso contexto .................. 14 Capítulo 2 Para entender o desenvolvimento sustentável ................................................................................................ 19 2.1 A sustentabilidade e suas dimensões ......................................................................................................... 20 2.2 O desenvolvimento sustentável ..................................................................................................................... 23 Capítulo 3 Responsabilidade social: primeiras aproximações ......................................................................................... 28 3.1 Os três setores e suas finalidades ................................................................................................................. 30 3.2 O terceiro setor e a sua composição ............................................................................................................ 32 3.3 A responsabilidade social: histórico conceitual ........................................................................................ 34 3.4 A responsabilidade social e o desafio ético ............................................................................................... 39 Capítulo 4 Gestão de responsabilidade social: estratégias e possibilidades .............................................................. 42 4.1 É preciso gestão ................................................................................................................................................... 42 4.2 Os três estágios da responsabilidade social.............................................................................................. 45 4.3 A gestão da responsabilidade social (interna e externa) ...................................................................... 47 4.4 Os sistemas de gestão da responsabilidade social nas organizações .............................................. 52 Capítulo 5 Educação ambiental e desenvolvimento sustentável ................................................................................... 61 5.1 O que é e para que serve a educação ambiental? ................................................................................. 62 5.2 Fundamentos teóricos e conceituais da gestão ambiental .................................................................. 66 5.3 Os âmbitos da educação ambiental ............................................................................................................. 69 5.4 A concepção de cidadania e responsabilidade pela vida ...................................................................... 72 4 Capítulo 6 Responsabilidade social e voluntariado ............................................................................................................. 77 6.1 Responsabilidade social, desenvolvimento sustentável e concepção de cidadania ................... 77 6.2 Voluntariado: contextualização e definições ............................................................................................. 81 6.3 Voluntariado: marco legal e princípios ........................................................................................................ 83 6.4 Os benefícios do voluntariado à sociedade .............................................................................................. 86 Referências .......................................................................................................................................................................... 89 5 Organização do Livro Didático Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Cuidado Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. Importante Indicado para ressaltar trechos importantes do texto. Observe a Lei Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem, a fonte primária sobre um determinado assunto. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. 6 ORgAnIzAçãO DO LIVRO DIDátICO Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Gotas de Conhecimento Partes pequenas de informações, concisas e claras. Na literatura há outras terminologias para esse termo, como: microlearning, pílulas de conhecimento, cápsulas de conhecimento etc. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Posicionamento do autor Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. 7 Introdução Como o próprio nome diz, neste Livro Didático, vamos nos dedicar ao estudo, reflexão e problematização sobre questões ligadas à ética, à responsabilidade social e ao desenvolvimento sustentável. O que é ética? Por que temos ouvido falar, de forma recorrente, desse termo? O que está sendo chamado de responsabilidade social? Em que sentido as discussões sobre ética e responsabilidade social afetam nossa vida pessoal e/ou profissional? Como podemos inserir os princípios do desenvolvimento sustentável em nossos processos de gestão? Essas são algumas das principais reflexões que serão desenvolvidas neste Livro Didático. Objetivos Este Livro Didático contribuirá com o desenvolvimento das seguintes competências do aprendiz: » Analisar, de modo sistêmico, complexo e crítico, a contemporaneidade e as questões de responsabilidade social e desenvolvimento sustentável. » Identificar as atuais mudanças no mundo do trabalho. » Correlacionar as transformações contemporâneas aos desafios e possibilidades de sua área de formação/atuação profissional. » Compreender as dimensões e discussões relacionadasao conceito de desenvolvimento humano e de desenvolvimento sustentável. » Identificar e diferenciar o que são e como atuam os três setores produtivos. » Examinar a noção de responsabilidade social no atual mundo do trabalho. » Aplicar, com visão estratégica, práticas da responsabilidade social nos processos de gestão. » Analisar o papel do ser humano como parte do meio ambiente e sua responsabilidade junto à sua preservação e conservação. » Empregar a perspectiva da sustentabilidade nos processos de gestão. » Implementar iniciativas de educação ambiental nos negócios e organizações. » Compreender e discutir algumas das principais ferramentas de gestão de voluntariado e sua relação com a responsabilidade social. 8 9 Introdução Neste capítulo começaremos a contextualizar o modo como os temas Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável atingiram as discussões mais modernas e a repercussão internacional vigente. Vamos trazer alguns elementos, dados e fatos históricos que nos ajudem a compreender melhor o porquê de estarmos estudando esses assuntos. Por isso, é importante, analisar o momento sócio-histórico-cultural que estamos vivendo e compreender o impacto das ações corporativas no cenário social contemporâneo. Objetivos » Analisar, de modo sistêmico, complexo e crítico, a contemporaneidade e as questões de responsabilidade social e desenvolvimento sustentável. » Identificar as atuais mudanças no mundo do trabalho. » Correlacionar as transformações contemporâneas aos desafios e possibilidades de sua área de formação/atuação profissional. » Compreender as dimensões e discussões relacionadas ao conceito de desenvolvimento humano e de desenvolvimento sustentável. » Descrever as dimensões do estudo do conceito de desenvolvimento humano e discutir criticamente questões relacionadas. » Compreender o impacto das ações corporativas no cenário social contemporâneo. 1 CAPÍTULO UM OLHAR SOBRE A COntEMPORAnEIDADE: COntEXtUALIzAnDO A DISCUSSãO 10 CAPÍTULO 1 • UM OLHAR SOBRE A COntEMPORAnEIDADE: COntEXtUALIzAnDO A DISCUSSãO 1.1 Contextualizando: a crise como ponto de partida Estamos imersos em uma realidade histórica e, por vezes, não nos damos conta de que muitas mudanças têm acontecido neste contexto, pois a produção moderna nos impõe um ritmo acelerado de trabalho e as mudanças tecnológicas acontecem de modo tão natural e sutil que não podemos notar a proporção que tomam em escala global. Por isso, quando queremos conhecer determinado assunto, devemos, de forma simples, levantar algumas informações sobre o tema e analisar dados de modo aplicado à realidade. Então, é relevante conhecer o desenvolvimento histórico do tema de estudo e compreender em que contexto as mudanças de entendimento e aplicação acontecem. Logo, ao estudarmos a Responsabilidade Social e o Desenvolvimento Sustentável é importante que possamos compreender suas bases conceituais e os fatores históricos que levaram a comunidade científica a estudá-los. Após a compreensão dos fatores sócio-histórico-culturais que abarcam os conceitos citados, trataremos da definição precisa de cada um deles. E, após essa construção de saberes, você será capaz de analisar de modo reflexivo e crítico as demandas que a sociedade moderna impõe às corporações por sustentabilidade. A crise como ponto de partida É muito comum, nos dias de hoje, ouvirmos falar que estamos vivendo um momento de crise: social, de valores, de identidade, na família, na educação... Entretanto, ao olharmos ao longo do tempo, de forma mais minuciosa, perceberemos que a noção de crise faz parte da história da humanidade. Saiba mais A Filosofia nos ensina a importância do exercício de reflexão. Filosofia é um termo que vem do grego Philos-sophia e significa amizade pela sabedoria. Já o conceito de reflexão vem do latim reflectere e quer dizer fazer retroceder, voltar atrás, revelar, pensar, espelhar. Ou seja, o trabalho filosófico-científico que estamos fazendo implica uma reflexão profunda do mundo, que requer necessariamente o entendimento dos fatos históricos e da conjuntura posta na atualidade. Isso significa que a Filosofia parte de um entendimento de mundo prévio para a ação pragmática. 11 UM OLHAR SOBRE A COntEMPORAnEIDADE: COntEXtUALIzAnDO A DISCUSSãO • CAPÍTULO 1 Vivemos em um mundo de constantes mutações e incertezas. E diante da nossa incapacidade de controlar absolutamente os fenômenos naturais, percebe-se imediatamente que a crise acompanha o desenvolvimento humano desde suas origens. Por exemplo, a fome, processo biológico humano, é oriunda de um desequilíbrio entre a energia demandada pelo corpo e o consumo de alimento. Nesse sentido, há uma “crise” quando o sujeito não é capaz de se nutrir. Do mesmo modo, fala-se em crise quando faltam insumos básicos para a produção de bens de consumo. Ou podemos falar em crise ao pensarmos na má distribuição de renda, na exploração predatória da natureza etc. Sabe-se, entretanto, que a capacidade reativa humana, em geral, explora a criatividade para a superação desses momentos de desequilíbrio. E, por isso, soluções são criadas e mudanças sociais e culturais são incorporadas em nosso padrão comportamental. Com isso, podemos afirmar que, na história do desenvolvimento humano, todas as sociedades sempre viveram momentos de crise (MOREIRA, 2006). Para entender nossa multifacetada crise cultural, precisamos adotar uma perspectiva extremamente ampla e ver a nossa situação no contexto da evolução cultural humana. Temos que transferir nossa perspectiva do final do século XX para um período de tempo que abrange milhares de anos; substituir a noção de estruturas sociais estáticas por uma percepção de padrões dinâmicos de mudança. Vista desse ângulo, a crise apresenta-se como um espaço de transformação. Os chineses, que sempre tiveram uma visão inteiramente dinâmica do mundo e uma percepção aguda da história, parecem estar bem cientes dessa profunda conexão entre crise e mudança. O termo que eles usam para “crise”, wei-ji, é composto dos caracteres: “perigo” e “oportunidade”. (CAPRA, 1982, p. 28). No que tange à responsabilidade social e ao desenvolvimento sustentável, devemos re f l e t i r s o b re o que caracteriza a crise moderna. Inicialmente, sabe-se que o meio ambiente e a desigualdade econômica vêm impondo ao modelo produtivo adaptações e atitudes éticas. Importante Entenda! Crise é um estado em que a dúvida, a incerteza e o declínio se sobrepõem, temporariamente ou não, ao que estava estabelecido como ordem econômica, ideológica, política etc. Perpassa pela ideia de ausência ou deficiência de algo; carência, escassez, falta. Ou seja, significa decisão, sentença, juízo, separação, e envolve distintos campos de análise, tais como Sociologia, Política, Economia, Medicina, Psicopatologia, entre outras. 12 CAPÍTULO 1 • UM OLHAR SOBRE A COntEMPORAnEIDADE: COntEXtUALIzAnDO A DISCUSSãO Penteado e Fortunato (2010) demonstram especificidades da crise moderna quando destacam fatores como tragédias ambientais, acidentes oriundos de interferência humana nas comunidades e crimes praticados no meio social. Os autores afirmam que a degradação das matas, a poluição dos rios, o extermínio dos animais, o aquecimento global, a violência nas cidades, entre outros fatores, causam verdadeira necrose nas relações sociais e demandam soluções imediatas. Segundo Capra (2006), tudo isso é reflexo de uma crise de percepção que leva o indivíduo a pensar de forma linear e, assim, acreditar que, para cada ação, há somente uma reação. Dete modo, o sujeito não compreende as demais consequências oriundas de seu consumo em massa. Logo, neste capítulo queremos desenvolver o olhar crítico do aprendiz. Vamos pensar, em linhas gerais, o que vem gerando as crises sociais e ecológicas nas últimas cinco ou seis décadas e sensibilizar você para o fato de que ações éticas e responsáveis são o meio para superartais questões. A seguir são apresentados alguns fatores principais que caracterizam o momento atual e que nos ajudarão a melhor contextualizar o estudo sobre a relação entre ética e responsabilidade social. Figura 1. globo. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/old-globe-on-vintage-map-background-1397061767. Acesso em: 28 abr. 2020. Os avanços da ciência e da tecnologia aliados às mudanças no mundo econômico vêm impactando nossas formas de conviver. Sabe-se que a ciência, desde que surgiu, entre os séculos XVII e XVIII, está diretamente associada às ideias de progresso e bem-estar. Romano (2019, p. 30) cita que a ética repousa sobre o natural, o correto. Por isso, em geral, espera-se que o desenvolvimento científico gere necessariamente desenvolvimento humano. Entretanto, algumas conquistas tecnológicas e científicas trazem também um caráter, no mínimo, ambivalente – para não dizer paradoxal – pois, 13 UM OLHAR SOBRE A COntEMPORAnEIDADE: COntEXtUALIzAnDO A DISCUSSãO • CAPÍTULO 1 além do esperado progresso, estão relacionadas a desastres e ameaças ambientais a ponto de colocar a própria ideia de vida e o futuro da humanidade em risco (KERN; MORIN, 1995). Conflitos de diversas ordens compõem, então, o cenário atual, e podem ser, didaticamente, assim elencados: » há paradoxos associados aos progressos econômicos e científicos; » o desenvolvimento é desigual e gera a má distribuição de riquezas e de conhecimentos; » a incerteza em relação ao futuro gera “desencantamento” com o mundo e falta de pensamento ético; » o aumento do desemprego e da exclusão social geram desequilíbrios sociais; » as ameaças ambientais e os acidentes tecnológicos colocam os direitos básicos em risco; » há complexidade para articular os fatores econômico, social, humano, ecológico ao desenvolvimento; » a celeridade dos meios de transporte e de comunicação favorece que os atores sociais percam as raízes de suas comunidades originárias; » a globalização tende a abafar a particularidade de cada cultura, de cada indivíduo; » os riscos e os desafios das tecnologias da informação geram a necessidade de se adaptar ao novo, mas, também, podem cercear a autonomia ou singularidade humana; » as necessidades de soluções em curto prazo podem gerar impactos negativos em longo prazo; » a ênfase em processos competitivos pode anular a igualdade de oportunidades, por vezes necessária. Daí surge a necessidade de se encontrar um equilíbrio possível entre competição, cooperação e solidariedade; » a falta de valores morais que balizariam as decisões humanas pode fazer com que os tomadores de grande decisões desprezem valores de justiça. 14 CAPÍTULO 1 • UM OLHAR SOBRE A COntEMPORAnEIDADE: COntEXtUALIzAnDO A DISCUSSãO 1.2 O desenvolvimento humano como ferramenta para se conhecer o nosso contexto Entendendo o contexto de crise global vigente e as diversas necessidades humanas oriundas do novo sistema econômico, é importante definir “desenvolvimento” e frisar que, apesar das dificuldades elencadas, os ganhos agregados pelo desenvolvimento humano são enormes, uma vez que permitem que a humanidade implemente em seu cotidiano qualidade de vida. Muitas vezes o conceito de desenvolvimento é associado apenas a critérios de urbanização, industrialização e mecanização. Neste caso, o avanço tecnológico fica no centro da análise. Entretanto, é preciso pensar se os atores sociais estão integrados a esta faceta do “desenvolvimento tecnológico” e se a dignidade humana e a preservação do meio ambiente acompanham a evolução industrial. Ou seja, a ideia de desenvolvimento abarca não apenas a ideia estrutural, mas, também, uma noção de aprendizagem e evolução moral e ética. Sugestão de estudo Sugerimos, neste ponto, duas leituras complementares que serão fundamentais à ampliação e consolidação desse panorama inicial apresentado. Uma primeira leitura recomendada é o livro Terra-pátria, de Edgar Morin e Anne Kern. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/307749/mod_resource/content/1/LIVRO%20-%20 Terra%20P%C3%A1tria%20-%20EDGAR%20MORIN.pdf Acesso em 28 abr. 2020. Destacamos, ainda, o livro Educação. Um tesouro a descobrir. Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI, organizado por Jacques Delors. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ ark:/48223/pf0000109590_por Acesso em: 28 abr. 2020. Ambos os livros trazem importantes elementos para auxiliar a nossa compreensão desta virada de século e os impactos, desafios e perspectivas colocadas. Salientamos apenas que o segundo tem um foco maior sobre o campo da educação – trata-se, enfim, do Relatório da Unesco sobre o tema – mas pelas próprias características dessa área e suas múltiplas interfaces com os demais campos de atuação profissional, acreditamos tratar-se igualmente de uma publicação de grande interesse e relevância. 15 UM OLHAR SOBRE A COntEMPORAnEIDADE: COntEXtUALIzAnDO A DISCUSSãO • CAPÍTULO 1 Moreira e Carvalho (2018, p. 142), na primeira versão livro didático da Faculdade Unyleya redigido para esta disciplina, afirmam que: O desenvolvimento humano, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), é aquele que situa as pessoas no centro do desenvolvimento, promovendo a realização do seu potencial, o aumento de suas possibilidades e o desfrute da liberdade de viver a vida que elas desejam. Segundo Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil(2020) – plataforma de consulta de 200 indicadores de demografia, educação, renda, trabalho, habitação e vulnerabilidade – o desenvolvimento humano deve ter o foco na ampliação do bem-estar das pessoas. Por isso, o conceito supera a ideia de acúmulo de riqueza, e trata da capacidade de liberdade de escolha dos sujeitos. Nesse sentido, a renda não é um fim em si mesmo, mas meio para que as pessoas possam viver uma vida digna. Saiba mais O desenvolvimento é um processo de transformação social, relacionado a mudanças qualitativas significativas, que acontecem de forma cumulativa. No que se trata do caráter da vida humana, alterações no nível de expectativa de vida estão associadas a diversas oportunidades sociais que são cruciais como serviços de saúde, desempenho educacional, liberdades políticas que fomentam uma melhor qualidade de vida para a população (VEIGA, 2010). Esse conceito caracteriza o Desenvolvimento Humano. Importante O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, 2007) é uma: Rede global para ajudar pessoas a satisfazerem suas necessidades de desenvolvimento e a construírem uma vida melhor. Está presente em 166 países, trabalhando como um parceiro confiável de governos, da sociedade civil e do setor privado no auxílio da busca de suas próprias soluções para desafios de desenvolvimento globais e nacionais. Atenção O crescimento econômico não se traduz necessariamente em qualidade de vida, pois depende que conquistas reais sejam alcançadas, tais como: promoção de saúde, oferta de educação de qualidade, ampliação da participação política dos cidadãos, preservação ambiental. Para maiores detalhes, acesse o site: http://atlasbrasil.o0,rg.br/2013/pt/radar-idhm/. 16 CAPÍTULO 1 • UM OLHAR SOBRE A COntEMPORAnEIDADE: COntEXtUALIzAnDO A DISCUSSãO O conceito de desenvolvimento humano, bem como sua medida, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), foram apresentados em 1990, no pr imeiro Relatório de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O IDH surgiu como medida para apurar o grau de desenvolvimento humano de um país, em alternativa ao Produto Interno Bruto (PIB) puro. O sucesso da nova medida adotada pelo PNUD deu-se em razão de este não ser apenas um número cego que expressa o acúmulo de riqueza de uma nação, mas, sim, a reunião de três dos requisitos mais importantes para a expansão das liberdades das pessoas: a oportunidade de se levar uma vida longa e saudável –saúde –, de ter acesso ao conhecimento – educação – e de poder desfrutar de um padrão de vida digno – renda. Na medida, cada um desses aspectos possui igual importância e é avaliado a partir de uma escala que varia entre 0 e 1: » Padrão de vida decente: incluindo a análise da Renda Nacional Bruta (RNB) per capita e corrigindo o poder de compra da moeda de cada país pela Paridade de Poder de Compra (PPC); » Saúde: aferindo a expectativa de vida da população ao nascer; » Conhecimento: articulando principalmente as variáveis “anos médios de estudo” (que mede o número médio de anos de educação recebidos pelas pessoas que têm 25 anos ou mais) e “anos esperados de escolaridade” (que mede o número de anos de escolaridade que uma criança na idade de entrar na escola pode esperar receber). Figura 2. O IDH. Novo IDH Saúde Expectativa de Vida Conhecimento Anos Médios de Escolaridade Anos Esperados de Escolaridade Padrão de Vida decente RNB pc Fonte: Nota técnica de Apoio ao Lançamento do Relatório de Desenvolvimento Humano 2010 –“A verdadeira riqueza das nações”. 17 UM OLHAR SOBRE A COntEMPORAnEIDADE: COntEXtUALIzAnDO A DISCUSSãO • CAPÍTULO 1 A partir desse conceito, é possível analisar dimensões da sociedade moderna, a fim de sanar questões e conflitos de interesses de modo moderado e com ganhos para a comunidade, o ambiente e o produtor/prestador de serviços. Oriundo, dessa análise, está o fato histórico de 27 de novembro de 2007 o PNUD ter incluído o Brasil, pela primeira vez, no grupo de países de Alto Desenvolvimento Humano. Essa notícia veio com a divulgação do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) 2007/2008. Tal documento permite a compreensão de que entre 1990 e 2018, o Brasil apresentou um crescimento de 24% no seu IDH e, atualmente, se mantém no grupo de países com Alto Desenvolvimento Humano. Em 2018, sua posição no ranking de 189 países é a 79ª, juntamente com a Colômbia (PNUD, 2020). No entanto, é possível notar que a nação brasi leira ainda apresenta grandes médias d e d e s i g u a l d a d e e c o n ô m i c o - s o c i a l . D i a n t e d o s a l a r m e s l e v a n t a d o s pelos relatór ios de IDH, o Brasi l identi f icou carências e pode agir no combate à fome e na disseminação de condições dignas de v ida aos brasi le iros, mas esse ainda é um processo longo que demanda das corporações e da população grande esforço e compromisso. Injustiças sociais precisam ser combatidas e é preciso posicionar-se e trazer a realidade social para nosso campo de trabalho, de forma ética e socialmente responsável. A esta altura, é provável que você esteja se perguntando: “o que eu tenho a ver com tudo isso? Por que tenho que estudar essas ‘coisas’”? O mais importante para nossa reflexão, neste momento, é pensar sobre as consequências e desdobramentos dos dados coletados. Os estudos mais recentes sobre o Brasil apontam que crianças e adolescentes, entre cinco e 17 anos, recebem incentivos de políticas públicas para o acesso e frequência às escolas. No entanto, brechas de acesso ainda são observadas nos níveis finais dos ensinos fundamental e médio. Para refletir Apenas com esse olhar as sociedades podem falar de um desenvolvimento real, em que a concepção humana é plenamente respeitada e as condições mínimas de sobrevivência e de sustentabilidade são respeitadas. E, em breve, será sua oportunidade, como profissional no mercado de trabalho, de agir, ainda que em escolhas pontuais e regionais, de modo a sanar demandas sociais por dignidade e ética corporativa! 18 CAPÍTULO 1 • UM OLHAR SOBRE A COntEMPORAnEIDADE: COntEXtUALIzAnDO A DISCUSSãO As informações compiladas entre 2012 e 2017 revelam, ainda, uma desigualdade racial: Comparando os dados do IDH para a população branca e negra no Brasil, sabe-se que o IDH dos negros em 2010 se equiparou ao IDHM dos brancos em 2000. Ou seja, a diferença entre o IDH de negros e brancos reduziu-se significativamente. Além disso, em 2017 o IDH dos negros apresentou mais um avanço, apesar de ainda estar 10% menor que o IDH da população branca. (ATLAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO NO BRASIL, 2020). Diante desses fatos, entre outros pontos a desenvolver indicados nestes relatórios, é importante pensar “até quando nossa sociedade poderá suportar esses alarmantes índices de desigualdade social?”. Por isso, para o aprendiz, profissional em formação e futuro gestores, é preciso a formação de consciência e sensibilização para a importância da ação ética e socialmente responsável. Por isso, neste primeiro capítulo, não nos propusemos a dar respostas, mas, sobretudo a exercitar reflexões. Encerramos, assim, essa primeira etapa de nossos estudos: cheios de questões e esperançosos por plantar boas sementes para os frutos dos capítulos que virão. Observe a lei É importante lembrar que o Artigo 26 da Declaração Universal dos Direitos Humanos estabelece: Toda pessoa tem direito à educação (...) A educação terá por finalidade o pleno desenvolvimento da personalidade humana e o fortalecimento do respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais; favorecerá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos étnicos ou religiosos... (ASSEMBLEIA GERAL DA ONU, 1948). Sintetizando Vimos até agora: » Algumas aproximações em direção à importância de se estudar a relação entre ética, responsabilidade social e desenvolvimento sustentável. » A importância de desenvolvermos uma prática reflexiva, desnaturalizando e contextualizando nossos campos de estudo e trabalho. » Buscamos ainda compreender que as noções de crise e de mudança fazem parte da própria história da humanidade e devem, assim, ser incorporadas à análise que fazemos da realidade. » Alguns dados e informações atuais que nos ajudam a compreender, de forma mais ampliada, o atual contexto em que estamos vivendo. » A noção de Desenvolvimento Humano, apontando como essa perspectiva amplia o entendimento sobre o que é desenvolvimento, indo além do critério econômico. 19 Introdução A partir dos desafios e controvérsias que caracterizam a contemporaneidade, neste capítulo avançaremos sobre a definição de “desenvolvimento”, com ênfase no conceito de desenvolvimento sustentável. Assim, examinar o conceito de desenvolvimento e, particularmente, alguns de seus modelos ora mais sintonizados, ora mais distantes da temática ambiental é o principal objetivo deste capítulo. Associados à ideia de desenvolvimento, outros conceitos como crescimento e progresso são examinados em profundidade relacionados à atual realidade de crise ambiental. Leia, reflita e tire suas próprias conclusões. Objetivos » Analisar de forma aprofundada cada uma das seis principais dimensões da sustentabilidade, consciente de que não existe hierarquia entre elas e que estas estão inter-relacionadas. » Conhecer alguns dos principais autores, bem como práticas e estratégias relacionadas a cada uma dessas dimensões. » Refletir sobre os desafios de uma sustentabilidade real e concreta a partir do compromisso da sociedade em âmbito planetário. » Entender que a construção da sociedade sustentável é uma necessidade que não pode esperar pelo outro, mas deve começar por nós mesmos. 2 CAPÍTULO PARA EntEnDER O DESEnVOLVIMEntO SUStEntáVEL 20 CAPÍTULO 2 • PARA EntEnDER O DESEnVOLVIMEntO SUStEntáVEL 2.1 A sustentabilidade e suas dimensões Um dos maiores desafios que as nações do mundo têm enfrentado na contemporaneidade é a conquista da sustentabilidade. A sustentabilidade é um conceito complexo que abarca várias dimensões, estratégias e processos com reflexos em diferentes áreas. Este ideal não pode ser alcançado por meio de projetos mirabolantes e propostas gestadas nos gabinetes e escritórios dos grandes chefes de Estado. Pequenas vitórias alçadas nessa área têm mostrado que sem a participação da sociedade civil organizada, incluindo nessa esfera a atuação deONGs, comunidades, empresas, instituições diversas, bem como as universidades e a imprensa, não será possível alcançá-la. Em outras palavras, é importante esclarecer desde já que a sustentabilidade é fruto de uma conquista coletiva, em que todos precisam se ajudar se quisermos de fato torná-la uma realidade viável. Figura 3. Dimensões da sustentabilidade. Econômica Social Desenvolvimental Fonte: própria autora, s.d. O conceito de sustentabilidade considera vinculações com temas como responsabilidade social, pobreza, meio ambiente, desenvolvimento, globalização e outros. Por isso, é importante o entendimento da temática e da necessidade da reflexão humana para que o desenvolvimento respeite a manutenção da vida e da saúde do planeta. Logo, este é, sem dúvida, o principal objetivo deste estudo: auxiliar a compreensão e o entendimento do que seja sustentabilidade. A partir daí, sensibilizar os que a ela tiverem acesso a serem também um de seus agentes promotores, fazendo a sua parte para que, paulatinamente, esta possa vir a ter chances de se concretizar. 21 PARA EntEnDER O DESEnVOLVIMEntO SUStEntáVEL • CAPÍTULO 2 Su s t e n t a b i l i d a d e d e n o m i n a a “t e n d ê n c i a d o s e c o s s i s t e m a s à e s t a b i l i d a d e, à h o m e o s t a s e, a o e q u i l í b r i o d i n â m i c o, b a s e a d o n a i n t e rd e p e n d ê n c i a e complementaridade das formas vivas diversificadas” (HERCULANO, 2013). Existem diversas definições de sustentabilidade, contribuindo sensivelmente para uma dificuldade operacional do conceito. Assim sendo, examinemos suas origens. Quando o conceito surgiu, algumas críticas foram dirigidas à ideia de uma sustentabilidade como “manutenção” de ecosistemas e de modelos socioeconômicos. Assim sendo, lutar pela sustentabilidade social implicaria lutar para manter o quadro social atual em que os países ricos continuam cada vez mais ricos e os países pobres, cada vez mais pobres. Surgiu, assim, a necessidade de explicitar os diferentes sentidos do termo e as dimensões a ele atreladas. Comecemos pelo estudo de suas dimensões: » Sustentabilidade social: tal dimensão está pautada nos princípios da equidade na distribuição de renda, da igualdade de direitos à dignidade humana e da solidariedade dos laços sociais. Almeja-se que todas as pessoas tenham condições iguais de acesso a bens e serviços necessários para uma vida digna. » Sustentabilidade ecológica: está ancorada no princípio da solidariedade com o planeta. Esta dimensão exige o entendimento de que o ser humano nada mais é do que apenas uma das partes que compõem o ecossistema. Por isso, deve fazer uso controlado e sustentável dos recursos naturais, respeitando sua capacidade de renovação. » Sustentabilidade econômica: nessa dimensão estão englobados fatores como geração de trabalho, distribuição de renda, promoção do desenvolvimento das potencialidades locais, assim como das atividades econômicas. Isso implica não apenas a necessidade de manter fluxos regulares de investimentos, mas, também, uma gestão produtiva eficiente e que respeite o meio ambiente. » Sustentabilidade espacial: norteada pelo alcance de uma equanimidade nas relações inter-regionais e na distribuição populacional entre o meio rural e o urbano. A conquista desta dimensão implica um uso adequado e planejado do território onde todas as pessoas tenham condições de viver de forma digna, tendo acesso à infraestrutura básica de moradia e de habitação (saneamento, água, coleta de lixo) sem agressões ao meio ambiente. Importante O conceito de sustentabilidade é complexo e pode ser desmembrado em seis dimensões: social, ecológica, espacial, cultural, político-institucional e econômica. Vale ressaltar que existe uma íntima relação entre elas, de maneira que ao promover intervenções em uma, estamos ajudando na promoção da outra. 22 CAPÍTULO 2 • PARA EntEnDER O DESEnVOLVIMEntO SUStEntáVEL » Sustentabilidade político-institucional: implica a sensibilização e a mobilização das pessoas, de modo a ampliar sua cidadania. A ideia central dessa dimensão repousa na promoção da compreensão dos problemas e oportunidades locais para que se possa superar as práticas e políticas de exclusão. » Sustentabilidade cultural: baseia-se no respeito aos costumes locais, aos regionais e nacionais. Há a tentativa de preservar e divulgar as tradições e os valores regionais. Sachs (2002) acrescenta que esta dimensão se dedica a promover o respeito às diferentes culturas e às suas contribuições para a construção de modelos de desenvolvimento apropriados às especificidades de cada ecossistema, de cada cultura e de cada local. Sugestão de estudo Em sua obra, Vilson Carvalho analisa a importância da cultura local como elemento fundamental para a valorização da memória local e, consequentemente, da identidade daqueles que vivem ali, bem como para a mobilização de forças em prol de uma causa comum. A valorização de elementos culturais representa mais do que a mera preservação do passado, mas a possibilidade de construir um futuro valorizando o que as gerações passadas fizeram e evitando cometer com elas os mesmos erros. Confira em: CARVALHO, V. Educação ambiental urbana. RJ: WAK, 2008. Saiba mais Sobre Ignacy Sachs Figura 4. Ignacy Sachs. Fonte: http://amazonia.org.br/2012/07/ignacy-sachs-desenvolvimento-sustent%C3%A1vel-s%C3%B3-%C3%A9- poss%C3%ADvel-com-interven%C3%A7%C3%A3o-do-estado-no-mercado/. Acesso em: 5 abr. 2020. Sachs foi pioneiro ao pensar as diferentes dimensões da sustentabilidade. Original da Polônia e naturalizado francês, Ignacy Sachs é um dos sociólogos mais respeitados da atualidade. O estudioso foi Assessor especial da ONU, durante a Rio-92, e atua, hoje, como professor da École des Hautes Études Sociales de Paris. Convém citar que das seis dimensões adotadas pelo Ministério do Meio Ambiente brasileiro, cinco delas foram propostas por Sachs, tendo sido incluída apenas a dimensão político-institucional. 23 PARA EntEnDER O DESEnVOLVIMEntO SUStEntáVEL • CAPÍTULO 2 Vale reforçar que todas as dimensões da sustentabilidade citadas atuam de forma inter-relacionada, de modo que a promoção de uma delas auxilia a conquista da outra, assim como os obstáculos ao alcance de uma afetam o sucesso da outra. 2.2 O desenvolvimento sustentável A palavra desenvolver significa literalmente “desenrolar”. Apesar de o termo desenvolvimento possuir muitos conceitos e diferentes significados, durante décadas, predominou a ideia de crescimento ou avanço econômico. Segundo Moreira e Carvalho (2018), “podemos definir desenvolvimento como o processo de promoção da melhoria qualitativa das condições de vida da população de um país, de uma região ou de um local específico”. Além disso, embora alguns autores achassem que os termos desenvolvimento e sustentabilidade fossem contraditórios, uma vez que desenvolvimento traz a ideia de expansão e sustentabilidade de manutenção, é importante notar que a concepção de equilíbrio afasta a noção de que o sistema econômico precise estar estagnado para que a sociedade e o meio ambiente sejam preservados. Ou seja, o desenvolvimento sustentável requer sucessivas ações para se manter o movimento e o equilíbrio. Em seus estudos, Tarté (1995, p. 49) indica que: “a ideia de sustentabilidade induz a uma ótica de desenvolvimento por si só, uma vez que trata de dimensões econômicas e sociais orientadas a satisfazer as necessidades e aspirações humanas essenciais”. Neste sentido, se a sustentabilidade, em sua concepção original, significa “a possibilidade de se obterem condições iguais, ou superiores de vida, para um grupo de pessoas e seus sucessores em um dado ecossistema” (CAVALCANTI, 1995, p. 165), o desenvolvimento sustentável refere-se a uma limitação para o progresso desenfreado. Para o equilíbrio, em que se faz necessária a adoção de políticas e estratégias para garantir que o homem mantenha o suporte à vida digna.Dando força à noção de que “desenvolvimento sustentável” não é uma ideia moderna, pois os fatos históricos, citados por Meadows et al. (1972, p. 98), demonstram que “o Clube de Roma, em 1972, já havia utilizado o termo sustentável, ao defender a importância do desenvolvimento de um sistema mundial sustentável capaz de satisfazer as necessidades materiais básicas de todos os habitantes do planeta”. 24 CAPÍTULO 2 • PARA EntEnDER O DESEnVOLVIMEntO SUStEntáVEL Desenvolvimento sustentável: fim ou meio? Quando se pensa em desenvolvimento sustentável, existem duas visões cuja diferença diz respeito à forma como entendemos o que este seja e qual a sua real importância. A primeira entende o desenvolvimento sustentável como um fim em si mesmo, enquanto a segunda vê o desenvolvimento sustentável como um meio para se alcançar uma série de conquistas como, por exemplo, a equidade social e o equilíbrio ecológico. Gómez (1998) assinala que o desenvolvimento sustentável, quando entendido como a finalidade em si, só será de fato alcançado se houver melhor distribuição de renda e preservação dos recursos naturais. Todavia, quando o conceito passa a ser considerado um meio de promoção de equidade, é responsável por criar condições para atingir uma sociedade mais igualitária ou menos injusta. O desenvolvimento sustentável deve ser encarado como um programa de ação. Seu ideal é reformar a economia global e regional, de modo a criar meios para gerir o processo de desenvolvimento econômico e fazer com que não se destruam Importante Entenda! O Clube de Roma é um grupo que se reúne para debater assuntos relacionados a política, economia internacional, meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Tal grupo tornou-se mais conhecido a partir de 1972, ao publicar o relatório “Os Limites do Crescimento” ou “Relatório do Clube de Roma” ou “Relatório Meadows”. Esse documento trata de problemas cruciais para o futuro desenvolvimento da humanidade, tais como energia, poluição, saneamento, saúde, ambiente, tecnologia e crescimento populacional. Após publicado, vendeu mais de 30 milhões de cópias em 30 idiomas, tornando-se o livro sobre ambiente mais vendido da história. Além do grupo citado, outra instituição de relevância na história do tema é o Conselho de desenvolvimento sustentável (CDS) – da Organização das Nações Unidas (ONU). Essa comissão foi criada em 1992, visando assegurar continuidade da Conferência das Nações Unidas para Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92). Por isso, é responsável por acompanhar o processo de implementação da Agenda 21 e a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. A Comissão encontra-se, atualmente, sediada em Nova Iorque e, de dois em dois anos, reúne líderes mundiais e organizações não governamentais para tentar trazer soluções para a degradação ambiental. Saiba mais E você, como se posiciona? Seria o desenvolvimento sustentável um meio ou um fim? Para saber mais, leia o artigo de Gómez, W.: “Desenvolvimento Sustentável, Agricultura e Capitalismo” (p. 95-116) no livro de BECKER, D. Desenvolvimento sustentável: necessidade e/ou possibilidade. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 1999. 25 PARA EntEnDER O DESEnVOLVIMEntO SUStEntáVEL • CAPÍTULO 2 os ecossistemas e os sistemas comunitários (ICLEI, 1996). No âmbito local, o desenvolvimento sustentável requer que a economia apoie a vida e o poder da comunidade, usando os talentos e os recursos regionais. A proposta do desenvolvimento sustentável é endossada como aquela que implica um processo em que a exploração de recursos, a direção dos investimentos, as mudanças institucionais e a orientação do desenvolvimento tecnológico se harmonizariam para reforçar os potenciais no presente e futuro e garantir a satisfação das necessidades e aspirações futuras da humanidade, compreendendo um duplo comprometimento com os seres humanos e a ambiência destes. Logo, para o alcance do desenvolvimento sustentável ações graduais são importantes, uma vez que se trata de mudança na ordem econômica posta. Assim, sua aplicabilidade e consequente possibilidade de sucesso não são tarefas fáceis, uma vez que requerem, segundo a Comissão Brundtland, uma complexa sustentação de diferentes sistemas interligados e dependentes: Um sistema político que assegure a efetiva participação dos cidadãos no processo decisório; um sistema econômico capaz de gerar excedentes e know-how técnico em bases confiáveis e constantes; um sistema social que possa resolver as tensões causadas por um desenvolvimento não equilibrado; um sistema de produção que respeite a obrigação de preservar a base ecológica do desenvolvimento; um sistema tecnológico Atenção Entenda que o desenvolvimento sustentável deve estar aportado no seguinte tripé: Figura 5. Sustentabilidade. O Tripé da Sustentabilidade Ambiente Social Economia Energia Água Gases do efeito estufa Emissões Reeducação de desperdício/lixo Reciclagem Reprocessamento/reuso Limpeza verde Agricultura/alimentos orgânicos Biodiversidade Políticas públicas Investimento comunitário Condições de trabalho Saúde/nutrição Diversidade Direitos Humanos Investimento social responsável Anticorrupção e suborno Segurança Transparência contábil Governança corporativa Performance econômica Objetivos financeiros Social Ambiente Economia Sustentabilidade Fonte: https://projetobatente.com.br/o-que-e-sustentabilidade/tripe-sustentabilidade/. Acesso em: 9 abr. 2019. 26 CAPÍTULO 2 • PARA EntEnDER O DESEnVOLVIMEntO SUStEntáVEL que busque constantemente novas soluções e um sistema administrativo flexível capaz de autocorrigir-se. (BRUNDTLAND, 1991, p. 70). Desenvolvimento sustentável: concepções modernas Na sequência dos fatos históricos e dos avanços na gestão do desenvolvimento sustentável, é importante citar os anos de 2012 e de 2015 como novos marcos de avanço das discussões globais sobre o tema. Mais especificamente, no ano de 2012 rememora- se a realização da Rio+20 – Conferência da ONU realizada no Rio de Janeiro, Brasil – para traçar uma agenda de desenvolvimento pós-2015. Nesse contexto, governos, sociedade civil e outros parceiros trabalharam para definir ações estratégicas e objetivos sustentáveis a serem alcançados até o ano de 2030. Foi deliberado, assim, que entre 2015 e 2030, haverá um esforço internacional para dar fim à pobreza e à fome. Além disso, nos países signatários visam-se combater as desigualdades; construir sociedades pacíficas, justas e inclusivas; proteger os direitos humanos e promover a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres e meninas; e assegurar a proteção duradoura do planeta e seus recursos naturais. Segundo a ONU (2015), a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável “é um plano de ação para as pessoas, para o planeta e para a prosperidade. Ela também busca fortalecer a paz universal com mais liberdade”. É importante citar que, além das questões sobre a dignidade humana, os países participantes da Rio+20 demonstraram preocupação com a produção e o consumo sustentável. Segundo Pimenta e Nardelli (2015), foi adotado, então, um quadro de programas sobre produção e consumo sustentável estabelecido com o objetivo de guiar os países nos próximos dez anos para tornar seus padrões mais sustentáveis. Além disso, há um incentivo ao fortalecimento de pesquisas sobre as melhores tecnologias para uma produção mais limpa. Esse momento reflete a realidade dos esforços implementados sobre o desenvolvimento sustentável e promove a reflexão sobre como podemos auxiliar o mundo nesse sentido. Saiba mais Para conhecer todos os objetivos elencados pela Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável visite o site da ONU: https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/. 27 PARA EntEnDER O DESEnVOLVIMEntO SUStEntáVEL • CAPÍTULO 2 Com essa reflexão encerramos mais este capítulo. Em breve nos aprofundaremos sobre as ações que podemos tomar, como gestores e colaboradores institucionais, para colaborare para ancorar nossas atuações em um padrão ético e responsável. Sintetizando Vimos até agora: » O desenvolvimento sustentável propõe a conciliação entre desenvolvimento socioeconômico, gerando riquezas, conforto, emprego etc., aliado conjuntamente ao conservacionismo e que esta proposta leva em consideração o uso racional dos recursos naturais, pois, afinal de contas, não seremos a última geração da Terra, então é necessária a preservação para as futuras gerações. » O desenvolvimento sustentável possui seis aspectos prioritários que devem ser entendidos como metas: 1) a satisfação das necessidades básicas da população (educação, alimentação, saúde, lazer); 2) a solidariedade para com as gerações futuras (preservação da realidade ambiente para elas); 3) a participação da população envolvida (conscientização da necessidade de conservar o ambiente e fazer cada um a parte que lhe cabe para tal); 4) a preservação dos recursos naturais (água, oxigênio); 5) a elaboração de um sistema social garantindo emprego, segurança social e respeito a outras culturas (erradicação da miséria, do preconceito e do massacre de populações oprimidas como, por exemplo, os índios); 6) a efetivação dos programas educativos (viabilização de sua criação e continuidade). » Para aplicação, pelo menos parcial, de uma política de desenvolvimento sustentável, é preciso que diferentes setores se comprometam com sua aplicabilidade no cotidiano. 28 Introdução Neste capítulo, vamos nos aprofundar um pouco mais. Para isso, vamos reunir alguns conceitos e discutir os vieses de cada definição sob os prismas da ética e da responsabilidade social. Vale dizer que vamos fazer essa análise sempre de forma contextualizada. Logo, em um primeiro momento, vamos conhecer a definição de cada um dos setores produtivos para, em seguida, compreender como surgiu a noção de responsabilidade social e como cada um destes setores pode colaborar com a efetiva sustentabilidade. Objetivos » Identificar e diferenciar o que são e como atuam os três setores. » Compreender a noção de responsabilidade social no atual mundo do trabalho. » Identificar, de forma crítica, práticas de responsabilidade social. Nos primeiros capítulos, reconhecemos o valor da responsabilidade social para o desenvolvimento da humanidade. Além disso, falamos de como o tema vem tomando maiores proporções de importância nas ações globais e como o contexto atual demanda o apoio dos gestores das corporações modernas na busca pela sustentabilidade. Discutimos, também, a noção de crise e entendemos como ela é necessária à transformação social. Agora sabemos que as mudanças são inerentes à humanidade e são definidas a partir de uma realidade complexa de elementos que interagem entre si, tais quais evolução cultural, direitos trabalhistas, nível de educação e grau de inclusão social, entre outros. Como vimos anteriormente, o progresso científico e o avanço tecnológico não são elementos suficientes para assegurar o bem-estar e o desenvolvimento social. Por isso, é necessária a 3 CAPÍTULO RESPOnSABILIDADE SOCIAL: PRIMEIRAS APROXIMAçÕES 29 RESPOnSABILIDADE SOCIAL: PRIMEIRAS APROXIMAçÕES • CAPÍTULO 3 formação de uma consciência ética e responsável da sociedade como um todo e em especial dos líderes e gestores das corporações modernas. Na contextualização dos estudos sobre responsabilidade social, compreendemos ainda que decisões políticas, sociais e econômicas contribuíram para um crescente cenário de desigualdade e exclusão social que precisa ser enfrentado nos dias de hoje. E ao aproximar nosso olhar da realidade brasileira, percebemos que o País vive uma história muito recente de democratização e de formação cidadã. Com a promulgação da Carta Magna de 1988, a população readquiriu direitos básicos incluindo direitos individuais (ex.: locomoção, manifestação de ideiais, propriedade privada), sociais (ex.: trabalho e associação) e políticos (ex.: voto). Condição que interpôs mudanças nas trocas econômicas e no mundo do trabalho. Importante Figura 6. Ditadura. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/vector-propaganda-poster-obey-style-follow-1102336421. Acesso em: 29 abr. 2020. Entenda o que foi a Ditadura no Brasil! Entre 1o de abril de 1964 e 15 de março de 1985, a nação viveu sob comando de governos militares, de caráter autoritário. Esse regime assumiu as diretrizes do poder através de um golpe, com o discurso de que faria uma intervenção breve em prol do desenvolvimento do País. Entretanto, mediante o empoderamento de classes favorecidas, o regime antidemocrático pôs em prática vários Atos Institucionais e afastou o processo democrático de mudança de governo. Diante disso, a redemocratização só teve início em 1985 e atingiu seu ponto alto com a Constituição de 1988, quando foi devolvido aos cidadãos direitos e liberdades civis e passaram a combater as injustiças e desigualdades sociais. 30 CAPÍTULO 3 • RESPOnSABILIDADE SOCIAL: PRIMEIRAS APROXIMAçÕES Assim, a edição de direitos trabalhistas e as respectivas mutações nas relações contratuais mudaram completamente a forma como o setor produtivo atua, pois, a partir desse momento, foi exigido que o Estado, a iniciativa privada e a sociedade civil se unissem na busca do desenvolvimento social do Brasil. 3.1 Os três setores e suas finalidades O movimento da responsabilidade social das empresas brasileiras tomou força entre os anos 1980 e 1990, diante da compreensão de que as próprias corporações precisam de uma sociedade economicamente equilibrada e de um ambiente saudável para que sejam prósperas. A nova legislação prevê que, além do Estado, a iniciativa privada também deve assumir um papel ativo no desenvolvimento social. Assim, a sociedade civil e as empresas do mercado produtivo estão imbuídas de responsabilidades no que tange à manutenção e à promoção da responsabilidade social, conjuntamente, do desenvolvimento. Essa postura vai ao encontro dos achados de Oliveira (1984, p. 205), um dos primeiros estudiosos do tema responsabilidade social no Brasil, que afirmam que há uma “capacidade da empresa de colaborar com a sociedade, considerando seus valores, normas e expectativas para o alcance de seus objetivos” e que ao aplicar práticas de responsabilidade social, empresas e sociedade podem atingir seus objetivos com maior efetividade. De modo complementar, os estudos de Reis (2007, p. 1) afirmam: Assim como as empresas têm responsabilidade pelos problemas sociais, também têm capacidade de utilizar ferramentas empresariais para seu enfrentamento. Ou seja, confirma-se a relevância da contribuição da iniciativa privada no desenvolvimento nacional. Entretanto, é preciso compreender que o mercado produtivo é um grupo heterogêneo composto por diferentes atores econômicos. Por isso, alguns teóricos defendem que a organização da sociedade pode ser dividida em três grandes setores: O primeiro setor: o Estado Atua como fonte de políticas públicas e regulador de ações privadas, e orienta o destino econômico e desenvolvimentista da nação na busca do bem-estar de todos. Para tanto, em nome da finalidade pública e com respeito aos princípios da universalização e da impessoalidade, interfere no meio social a partir de recursos públicos. 31 RESPOnSABILIDADE SOCIAL: PRIMEIRAS APROXIMAçÕES • CAPÍTULO 3 Por isso, o setor primário está relacionado aos recursos naturais, uma vez que estes pertencem a todos os cidadãos da nação. O segundo setor: a iniciativa privada São os geradores de riquezas. Para tanto, usam recursos privados para fins privados. Neste setor estão as indústrias que compram recursos naturais para transformá-los em produtos. Pelo fato de conhecimentos tecnológicos estarem agregados aos produtos do setor secundário, há valor agregado na produção e o lucro obtido na comercialização é expressivo. Isso significa que países com bom grau de desenvolvimento possuem uma expressiva base econômica concentrada nosetor secundário. O terceiro setor: a sociedade civil organizada Neste setor estão as instituições que não são públicas, por não pertencerem à Administração direta estatal, nem privada, por não visarem essencialmente ao lucro. Em outros termos, nesse grupo estão as organizações com capital privado que possuem objetivos sociais ou públicos. Ou seja, tal ramo de atuação é composto pelas organizações com fins não econômicos que trabalham pela transformação social e buscam beneficiar grupos ou coletividades. São as organizações não governamentais (ONGs), as associações comunitárias, os movimentos sociais, as entidades filantrópicas, as fundações e os institutos empresariais. A figura a seguir exemplifica as fontes dos recursos que financiam o terceiro setor. Atenção Para compreender melhor a diferença entre os três setores, observe a tabela comparativa a seguir: tabela 1. Comparação entre os três setores. SETOR ENTE CORPORATIVO RECURSOS FINS 1o Estado Públicos Públicos 2o Empresas Privados Privados 3o Sociedade Civil Organizada Privados e Públicos Públicos Fonte: própria autora, s.d. 32 CAPÍTULO 3 • RESPOnSABILIDADE SOCIAL: PRIMEIRAS APROXIMAçÕES Figura 7. Fontes de recursos para o terceiro setor. Financiam o Terceiro Setor Fonte: própria autora, s.d. 3.2 O terceiro setor e a sua composição Entenda que os três setores coexistem e são complementares entre si. O Estado organiza, a iniciativa privada produz riquezas e o terceiro setor apoia a sociedade em demandas não alcançadas pela mão ampla do estado. Logo, não há que se pensar em oposição entre surgimento do terceiro setor e o Governo ou a iniciativa privada. Pois a organização da sociedade civil, sem fins econômicos, surge dos movimentos sociais e populares e vem complementar e fortalecer estratégias desenvolvidas pelo Poder Público e pelas empresas. Assim, segundo Moreira e Carvalho (2018, p. 35), são reunidas “iniciativas e possibilidades de participação de toda a sociedade em ações coletivas de transformação social”, o que “inclui e oportuniza a participação de todos os cidadãos e cidadãs na construção de uma ‘sociedade livre, justa e solidária’.” Porém, vale destacar a importância do terceiro setor, uma vez que as instituições que o integram compõem um híbrido de interesses entre o bem-estar social e o desenvolvimento econômico. Além disso, enquanto o primeiro setor abarca políticas amplas e extensivas a todos, o terceiro setor tem a oportunidade de estar próximo das comunidades, e, assim, pode direcionar esforços para transformar realidades específicas. Um exemplo são as ONGs que trabalham com a recuperação de jovens nas comunidades carentes do Brasil. Estas instituições possuem grande capacidade de recuperação desses adolescentes, pois podem mitigar as desigualdades promovendo saúde mental e educação nas esferas em que o Estado é ausente em cada uma das comunidades. 33 RESPOnSABILIDADE SOCIAL: PRIMEIRAS APROXIMAçÕES • CAPÍTULO 3 Isso não significa eximir o governo de suas responsabilidades, mas reconhecer que a parceria com a sociedade permite a formação de uma sociedade melhor. Portanto, o Terceiro Setor não é, e não pode ser substituto da função do Estado. A ideia é de complementação e auxílio na resolução de problemas sociais. (BRANDÃO et al., 2014). Vale explicar que a expressão terceiro setor sugere uma forma de propriedade que se encontra entre a natureza privada e a estatal; é a terceira via da gestão organizacional. Essa terminologia sociológica inclui as iniciativas privadas de utilidade pública. Segundo Brandão et al. (2014), delimitar o vasto espectro de atuação do terceiro setor não é tarefa fácil. Parte das dificuldades reside no fato de que a divisão da realidade social em três setores distintos, é artifício precário. Até porque suas ações são customizadas a cada região que atendem. Segundo Peter Drucker (1994), o terceiro setor é, atualmente, o setor que mais cresce, gerando emprego e mobilizando recursos de forma progressiva. No Brasil, segundo dados do IBGE de 2018, o terceiro setor já gera mais de 2 milhões de empregos e se distribui nas seguintes atividades: Figura 8. Dados do IBgE. Ações de Assessoramento e Defesa e Garantia de Direitos Outras ofertas Serviços de Proteção Social Especial de Alta Complexidade Benefícios Eventuais Serviços de Proteção Social Básica Serviços de Proteção Social Especial de Média Complexidade 9% 9% 25% 15% 36% 6% Fonte: https://mapaosc.ipea.gov.br/dados-indicadores.html. Acesso em: 22 abr. 2020. Há de se considerar o caráter prático da proliferação das organizações do terceiro setor em virtude da autonomia de ação frente às comunidades que apoiam a solução de problemas socioeconômicos. Essa autonomia advém do fato de as instituições do terceiro setor não possuírem os entraves burocráticos do primeiro, e, ainda assim, voltarem-se ao fim público. 34 CAPÍTULO 3 • RESPOnSABILIDADE SOCIAL: PRIMEIRAS APROXIMAçÕES Por não trabalharem com recursos públicos, a prestação de contas das organizações sociais é simplificada. Portanto, essas instituições são mais ágeis do que as organizações públicas no atendimento às demandas sociais, fator que as colocam como ferramentas aplicadas na promoção de desenvolvimento. Além disso, não há dúvida de que o serviço social brasileiro avançou muito nas últimas décadas. As ONGs, com o objetivo de diminuir as vulnerabilidades e de providenciar uma vida social mais satisfatória se profissionalizaram. Suas atuações, atualmente, contribuem para a formatação de uma ordem social, política e econômica menos desigual. Segundo Brandão et al. (2014, p. 9), as organizações sociais “são muito mais do que pessoas unidas em prol de uma causa, são organizações dispostas a transformar realidades, dar novas oportunidades, mudar paisagens”. É importante pensar como o País pode se fortalecer com a aliança e o equilíbrio na atuação dos três setores, por isso nossos estudos chamam tanta atenção para a atuação ética e responsável do mercado privado, que visa lucro. Uma vez que, tendo gestores conscientes e ações geradoras de renda implementada, todos ganham: há desenvolvimento nacional e fortalecimento do comércio e da corporação. 3.3 A responsabilidade social: histórico conceitual É difícil precisar exatamente quando surge a noção de responsabilidade social. Até porque esse modo de atuação emana da ética e da reflexão humana sobre seus legados à sociedade. Entretanto, é possível perceber que a reflexão sobre o modo predatório de atuação da iniciativa privada tornou-se mais frequente a partir das primeiras décadas do século XX. Reis (2007) aponta que o movimento institucionalizado da responsabilidade social nas empresas iniciou-se nos anos 1960, nos Estados Unidos e na Europa. Entretanto, definir um marco formal dos estudos sobre o tema é difícil, uma vez que no início do século XIX já era possível identificar cientistas que recriminavam a atuação predatória das empresas em busca de lucros. Outra fonte de questionamento da falta de compromisso das instituições com o bem-estar de seus funcionários pôde ser notada nos movimentos sociais e nas ações dos sindicatos em busca de formas mais equilibradas de gestão após as revoluções industriais. Segundo Moreira e Carvalho (2018, p. 37): O escopo da responsabilidade social abrange projetos e programas sociais, ações de mobilização e organização comunitária e também as diversas relações entre cidadãos e organizações, incluindo aí o 35 RESPOnSABILIDADE SOCIAL: PRIMEIRAS APROXIMAçÕES • CAPÍTULO 3 tratamento que as empresas dedicam a seus funcionários, a forma como tratam seus clientes internos e externos, as condutas em relação ao seu entorno ou meio ambiente, os valores que pautam as ações. No Brasil, no decorrer das últimas décadas, a responsabilidade social ganhou visibilidade e importância através de algumas instituições, são elas: Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase)Foi pioneira ao propor a noção de Balanço Social, um relatório anual que reúne informações sobre os projetos, benefícios e ações sociais dirigidas aos empregados, investidores, analistas de mercado, acionistas e à comunidade. Considera-se que esse instrumento estratégico “teve como principal função tornar pública a responsabilidade social empresarial, construindo maiores vínculos entre a empresa, a sociedade e o meio ambiente” (IBASE, 2020). E, além disso, a ferramenta serviu de base publicitária relevante para multiplicar o exercício da responsabilidade social corporativa. Figura 9. Logo do Balanço Social. Fonte: https://ibase.br/pt/balanco-social/. Acesso em: 28 jul. 2020. Importante Entenda que a ideia de responsabilidade social se distingue da concepção de filantropia. O Dicionário Online de Português assim define filantropia: Caridade; demonstração de generosidade; tendência para ajudar os mais necessitados. Isso significa que as ações sociais filantrópicas são pautadas pelo assistencialismo e pela abnegação. No que tange à responsabilidade social há uma ação estratégica corporativa no sentido de apropriar-se do seu potencial para promover uma ação estratégica na qual a instituição e a comunidade sejam beneficiadas. Neste caso, o foco está na cidadania e não na caridade. 36 CAPÍTULO 3 • RESPOnSABILIDADE SOCIAL: PRIMEIRAS APROXIMAçÕES Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social (Ethos) Instituição com a missão de “mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade justa e sustentável”. (ETHOS, 2020). Figura 10. Logo do Ethos. Fonte: https://www.ethos.org.br/conteudo/o-instituto/. Acesso em: 23 abr. 2020. O grupo realiza pesquisas anuais e atua em áreas como a redução da desigualdade e empoderamento de grupos minoritários; promoção da ética no desenvolvimento econômico; auxí l io ao gover no na redução do aquecimento g lobal ; apoio a empresas para a implementação da gestão sustentável. grupo de Institutos, Fundações e Empresas (gife) Associação de investidores sociais do Brasil (institutos, fundações ou empresas) interessados em “gerar conhecimento a par t ir de ar t iculações em rede para aperfeiçoar o ambiente político institucional do investimento social e ampliar a qualidade, legitimidade e relevância da atuação dos investidores sociais privados” (GIFE, 2020). Figura 11. Logo da gife. Fonte: https://gife.org.br/quem-somos-gife/. Acesso em: 23 abr. 2020. O grupo realiza capacitações e reuniões com o objetivo de debater questões do campo social, realiza pesquisas e contribui para a promoção do desenvolvimento sustentável do Brasil e presta suporte aos investidores sociais privados. Importante Note que nos últimos tempos a economia mundial opera integrada em um contexto mundial. Portanto, há integração de mercados e queda das barreiras comerciais que favorecem as trocas comerciais e aceleram o fluxo produtivo. Essa revolução tecnológica e de perspectiva comercial exige das corporações uma competição por insumos e clientela em escala mundial. Portanto, essas instituições precisam ser reativas às mudanças e estar preparadas para adaptar suas estratégias de negócio e seus padrões gerenciais para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades decorrentes da ampliação de seus mercados potenciais. 37 RESPOnSABILIDADE SOCIAL: PRIMEIRAS APROXIMAçÕES • CAPÍTULO 3 Diante do conhecimento da realidade do País, da evolução dos estudos, investimentos em responsabilidade social e do contexto econômico global é preciso que as corporações trabalhem suas imagens e sejam cuidadosas com as ações gerenciais que tomam, uma vez que serão cobradas, de modo sistêmico, pelo Estado em que operam, pela população que atendem, por seus funcionários e pelo equilíbrio econômico. Portanto, a legitimidade de suas ações deve estar no foco das estratégicas institucionais. Além disso, mediante a interação integrada entre os setores produtivos, alteram-se as propostas políticas e os modos de ação dos Estados nacionais, das empresas e das pessoas. Uma vez que agora todos devem agir, previamente, na solução de medidas de redução da desigualdade e do bem-estar social. Portanto, redefine-se a noção de cidadania. A qual, em tempos remotos seria exercida de modo ativo pelo governante de um país e agora deve ser promovida por todos que integram a comunidade. Por exemplo, quando nos deparamos com notícias de que uma empresa explora seus trabalhadores ou quando sabemos que alguns produtos destroem economias locais ou recursos ambientais deixamos de consumi-lo imediatamente. Entretanto, quando sabemos que algum recurso da instituição será destinado a alguma causa de saúde ou em ajuda a necessitados, muitas vezes damos preferência ao consumo através daquela marca. Todos nós conhecemos esses exemplos de ações negativas e positivas e já discutimos sobre isso com nossos familiares e amigos, não é verdade? Também se constituem modalidades inovadoras de defesa dos direitos coletivos, tais quais os diversos modos de cuidado com o meio ambiente – exercidos pelo consumo consciente e pelos modelos de reflorestamento de biomas – ou as defesas dos grupos LGBT – incluindo representatividade em publicidades. Há, também, o fortalecimento do terceiro setor, por meio de mídias sociais e pela disseminação de informações e da cultura de corresponsabilidade. Na evolução natural e como modo de adaptação, as empresas passam a investir em qualidade. Esse investimento inicia-se na entrega de bons produtos, evolui para o cuidado com os processos internos e pode vir a tomar tamanha importância que passa a abranger a relação da corporação com a comunidade em geral: empregados, fornecedores, clientes, cidadãos em geral e meio ambiente. 38 CAPÍTULO 3 • RESPOnSABILIDADE SOCIAL: PRIMEIRAS APROXIMAçÕES Vale lembrar que as ações de responsabilidade social e os próprios estudos do tema são recentes e, além disso, estão se desenvolvendo junto com as mudanças econômicas e sociais. Por isso, e pelo fato de a responsabilidade social ser uma ação estratégica que deve estar alinhada aos valores de cada corporação, não há como definir ações específicas e fechadas que devem ou não ser implementadas nas instituições, mas certamente há diretrizes e orientações que podem ser implementadas por gestores, como por exemplo: Redução do impacto ambiental; oferta de ações educativas para os colaboradores, fornecedores, parceiros e, até, para o público-alvo; e alianças com instituições sociais do terceiro setor. O mesmo acontece no terceiro setor, ao nos aproximarmos, percebemos que as instituições definem responsabilidade social com base nas suas experiências e recortes de pesquisas e intervenções no meio em que operam. Por exemplo, segundo Moreira e Carvalho (2018, p. 38-39): o Gife trabalha com ideia de “Investimento Social Privado” (ISP) definindo-o como o “uso planejado, monitorado e voluntário de recursos privados – provenientes de pessoas físicas e jurídicas – em projetos sociais de interesse público”, ou seja, trata-se de recursos privados voltados para fins públicos, com vistas a beneficiar comunidades e grupos. Já o Ethos trabalha com a noção de Responsabilidade Social Empresarial (RSE) que implica a utilização de recursos privados voltados para fins também privados, pois se trata de ações éticas voltadas ao negócio. Perceba que, para o Ethos, responsabilidade social é um meio de conduzir os negócios da empresa para que ela se torne parceira e corresponsável pelo desenvolvimento. Ao lado desses posicionamentos, poderemos encontrar diversos modos de definir e trabalhar com a responsabil idade social e o desenvolvimento sustentável . Saiba mais Apresentamos aqui dois casos de empresas-modelo em responsabilidade socioambiental: Bradesco A instituição bancária lançou o projeto no Morro Dona Marta, no Rio de Janeiro, com a propostade levar educação financeira à população carente e reduzir o endividamento. Além disso, a corporação foi a primeira a oferecer seguro residencial a moradores dessa comunidade. O cuidado com o programa inclui os preços da apólice em valores populares e as indenizações chegam a R$10 mil. Além disso, o Banco investe em uma parceria com a Fundação Amazônia Sustentável e contribui para a preservação de milhões de hectares de mata. Natura A corporação voltada à produção de cosméticos educa trabalhadores locais para extração sustentável de óleos vegetais, evitando queimadas. A ação, além de favorecer a comunidade local, preserva um bioma rico e deixa de derrubar milhares de palmeiras amazonenses. Além disso, é pago às famílias extratoras de matérias-primas uma espécie de royalty pelo conhecimento local sobre plantas que favorecem a cultura e os valores dos povos ribeirinhos. 39 RESPOnSABILIDADE SOCIAL: PRIMEIRAS APROXIMAçÕES • CAPÍTULO 3 Tais conceitos, em geral, determinam o olhar e o modo de atuação estratégico a ser tomado. Mas não se pode negar que sempre há a centralidade da ética, na cidadania e no cuidado com o meio social que abordam. Por isso, neste momento, vamos ampliar nosso entendimento sobre o tema e analisá-lo, também, como um conjunto de valores e relações. Melo Neto e Froes (2001) afirmam que a responsabilidade social pode ser compreendida por diversas acepções, entre elas: » Atitude e comportamento empresarial ético e responsável; » Conjunto de valores morais; » Estratégia (de relacionamento; de marketing; de recursos humanos; de desenvolvimento social etc.); » Exercício da consciência ecológica; » Instrumento de promoção da cidadania; » Ferramenta de integração social; » Diretriz de capacitação; » Meio para valorização de produtos/serviços e, até, imagem. Entretanto, é importante que a corporação defina claramente sob que viés entende a responsabilidade social. Para isso, é necessário definir o foco e as estratégias de atuação, além de explicar o seu papel social dentro desta visão. A partir de então, é possível desenhar as ações a serem implementadas e os resultados esperados. Para isso, são essenciais a capacitação e a colaboração dos gestores e da equipe do trabalho. Por isso a importância de você estudar o tema! 3.4 A responsabilidade social e o desafio ético Ao tratarmos do desenvolvimento humano e da sustentabilidade já abordamos de modo amplo a relevância da ação ética das corporações. Além disso, no decorrer da análise do conceito de responsabilidade social compreendemos que o valor ético é indissociável da ação reta. Esse padrão de reflexão e produção deve compor a reflexão e a prática diária das corporações. Mais do que isso, a ética deve ser uma busca estratégica de uma instituição vinculada à responsabilidade social. Entretanto, além das diversas acepções conceituais do quem vem a ser a responsabilidade social, é relevante compreender que a ética também não é uma ideia pronta e fechada, 40 CAPÍTULO 3 • RESPOnSABILIDADE SOCIAL: PRIMEIRAS APROXIMAçÕES pois sua implementação depende de uma análise conjuntural, a qual inclui fatores como cultura local, condições situacionais, impactos oriundos das ações etc. Destaca-se que no universo das ações éticas é básico, antes de mais nada, conhecer a intenção de uma ação. Logo, no caso do exercício laboral, a motivação de cada organização para desenvolver ações sociais é um primeiro ponto de análise para que possamos discutir a perspectiva ética. Quando tratamos de responsabilidade social e de ética, precisamos pensar que ambos os termos incluem uma análise subjetiva e exclusiva das condições sociais e da tomada de decisões. Isso significa que as corporações, ao se estabelecerem em determinada comunidade ou em determinado contexto, consideram as conjunturas produtivas e escolhem entre os modelos de práticas que podem ser mais ou menos prejudiciais à sociedade de modo geral. Tudo isso está conectado com os valores da instituição, com os objetivos estratégicos a serem alcançados, com o modelo de negócios estabelecido e com o viés adotado pelos gestores. Ou seja, há uma dimensão subjetiva inegável tanto na ação de responsabilidade social como na prática da ética. Nesse sentido, mais uma vez cresce o valor do terceiro setor como modulador entre o enrijecimento estatal e a prática da iniciativa privada com fins lucrativos, pois a organização social, próxima à sociedade, gera conhecimento regionalizado e especializado que pode contribuir com o próprio repensar da atuação dos demais setores. O que nos importa nesse instante é salientar a intrínseca relação que deve haver entre responsabilidade social e ética. Além disso, é importante pensar a ética em uma conjuntura aplicada antes de pesar o valor da ação social, uma vez que cada momento socioeconômico conta com demandas próprias e capacidades de respostas institucionais distintas. Figura 12. Ética. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/ethics-business-concept-colorful-wooden-blocks-1108182914. Acesso em: 1o mai. 2020. 41 RESPOnSABILIDADE SOCIAL: PRIMEIRAS APROXIMAçÕES • CAPÍTULO 3 Falar em ética implica a busca do bem coletivo, por meio da análise do menor dano e maior ganho para todos. O equilíbrio entre a ação econômica e o emprenho socioambiental deve ser a meta maior. Assim sendo, Moreira e Carvalho (2018, p. 42) defendem que: A organização que desenvolva ações de responsabilidade social deve, continuamente e de maneira integrada, ter a ética como princípio em tudo que faz, perpassando a relação com sua equipe técnica, com seus diretores ou acionistas, junto a seus parceiros, fornecedores, beneficiários ou mesmo concorrentes; frente à comunidade, entorno ou meio ambiente no qual se situa, seja local ou globalmente. Essa ideia de integralidade na ação, tanto em nível micro quanto no contexto global, remete à própria concepção de ética de que o bem é seguramente desejável quando interessa a um único sujeito. Mas seu valor se reveste de um caráter ainda mais belo, mais profundo e mais divino quando interessa a um povo ou a um estado inteiro. Ou seja, A ética, de modo geral, exige articulação permanente e respeito necessário à transparência e à própria noção de responsabilidade social. Sintetizando Vimos até agora: » Um pouco mais o contexto de surgimento da noção de responsabilidade social. » As definições de primeiro, segundo e terceiro setores e as finalidades de cada um. » Quanto é amplo e complexo o nosso tema de estudos, conhecendo algumas das principais visões que se têm atualmente de responsabilidade social. » A importância de articular as questões éticas ao campo da responsabilidade social. 42 Introdução Após entender o contexto em que se desenvolveu a responsabilidade social e entender os limites conceituais do termo e do campo de estudo e prática, vamos voltar nossa atenção a algumas das principais tendências e ferramentas de gestão da responsabilidade social. A ideia central é aprender o caminho para implementar uma ação ética e respeitosa. Agora, nossa proposta é acompanhar algumas práticas de responsabilidade social, reunindo ferramentas, estratégias e possibilidades de gestão. Esperamos que este capítulo seja inspirador de novas reflexões e de novas práticas, pautadas pelo exercício da ética e da responsabilidade social. Objetivos » Discriminar os passos necessários para a implementação de ações de responsabilidade social. » Desenvolver olhar estratégico frente aos potenciais da corporação, de modo a ser capaz de definir ações de responsabilidade social nos processos de gestão. » Analisar e desenvolver iniciativas e estratégias de gestão da responsabilidade social interna e externa. 4.1 É preciso gestão Para ampliar nossa trajetória no campo do saber, apontaremos algumas das principais tendências na gestão da responsabilidade social atuais. Já sabemos que a proposta da responsabilidade social difere das práticas
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