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Para aquelas que já utilizam a ferramenta da responsabilidade social e querem demonstrar a sua imagem de empresa cidadã, podem fazê-lo a partir do uso do instrumento Balanço Social e seus indicadores, que existem em alguns modelos disponíveis no mercado que, embora não sejam obrigatórias, muitas dessas organizações utilizam-na para apresentar aos seus stakeholders a sua forma de atuação de forma transparente e ética, bem como as dimensões da sustentabilidade econômica, social e ambiental. A seguir, caro(a) aluno(a), você compreenderá quais são os modelos de desagregação das dimensões que se constituem e se traduzem em responsabilidade social empresarial. A partir dos modelos Triple Botton Line e sua derivação, os 3 P’s, que representam, respectivamente, People, profit and planet (Pessoas, lucro e planeta), apesar do ceticismo, correspondem ao modelo utilizado por grandes corporações no contexto nacional e internacional. Por fim, prezado(a) estudante, você entenderá como o uso dos códigos de governança corporativa e o uso da ética se traduzem como Sustentabilidade Corporativa. Desenvolvimento Sustentável, Responsabilidade Social e Sustentabilidade A noção de desenvolvimento está muitas vezes atrelada ao crescimento econômico. Entretanto, esse conceito tem mudado bastante nas últimas décadas, demonstrando um consenso entre a busca pela preservação ambiental e melhores padrões de vida para a sociedade global. A partir do estabelecimento de relações entre o crescimento econômico, a exploração dos recursos naturais, a herança para as futuras gerações, a qualidade de vida e a distribuição de renda e pobreza, a exclusão social e a desigualdade social, busca-se um conceito aproximado para o desenvolvimento sustentável. https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 Figura 1.1 - Desenvolvimento sustentável Fonte: Sergey Nivens / 123RF. Dessa forma, estabelecendo a relação com o crescimento econômico entre países, observou-se, na década de 50, com a crise econômica dos países do terceiro mundo, que o progresso não era uma virtude natural para todos. Na década seguinte, a via de desenvolvimento do terceiro mundo foi impulsionada pela industrialização dos países ocidentais. De certo modo, as teorias desenvolvimentistas, quer sejam neoliberais ou marxistas, inspiravam-se nas sociedades ocidentais industrializadas para proporem modelos de desenvolvimento. As crises ambientais, econômicas e sociais colocaram em xeque as noções de desenvolvimento e progresso, principalmente pelo seu caráter eminentemente quantitativo analisado apenas sob o ponto de vista econômico (ALMEIDA, 1997). Na década de 1970, já eram formalizadas intenções disseminando a ideia da sustentabilidade, muito antes do conceito de desenvolvimento sustentável e sustentabilidade se tornarem conhecidos. O “Ecodesenvolvimento”, desenvolvido por Ignacy Sachs, refletia uma preocupação com o desenvolvimento e o papel do homem nesse processo em que o homem é colocado como protagonista ou vítima. O termo, em si, busca retratar o desenvolvimento socioeconômico de forma equitativa, incluindo a dimensão do meio ambiente com reconhecida importância (SACHS, 1994 apud CHACON, 2007). https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 Ao corroborar com Sachs (1994 apud VEIGA, 2002), alia a cultura a uma outra dimensão importante e promotora do desenvolvimento. Para ele, não se podia limitar o desenvolvimento unicamente a aspectos sociais e sua base econômica, pois se ignoraria questões complexas entre o porvir das sociedades humanas e a evolução da biosfera: [...] na realidade, estamos na presença de uma coevolução entre dois sistemas que se regem por escalas de tempo e escalas espaciais distintas. A sustentabilidade no tempo das civilizações humanas vai depender da sua capacidade de se submeter aos preceitos de prudência ecológica e de fazer um bom uso da natureza. É por isso que falamos em desenvolvimento sustentável. A rigor, a adjetivação deveria ser desdobrada em socialmente includente, ambientalmente sustentável e economicamente sustentado no tempo (VEIGA, 2002, p. 9-10). Em 1987, é publicado o “Relatório de Brundtland” intitulado Nosso futuro comum (Our common future). Esse relatório apontava para a desigualdade existente entre os países e a pobreza como uma das principais causas dos problemas ambientais, contribuindo, assim, para disseminar o conceito de “Desenvolvimento Sustentável”. Nesse contexto, há a introdução da ideia de que o desenvolvimento econômico da atualidade deveria ser realizado sem comprometer as necessidades das futuras gerações (CMMAD, 1991). De acordo com as premissas fundamentais, há o reconhecimento da “insustentabilidade” e inadequação econômica, social e ambiental, demonstrada pela finitude dos recursos naturais e das injustiças sociais provocadas pelo modelo de desenvolvimento vigente na maioria dos países. Entretanto, muito desses temas continuam sendo negligenciados ou insuficientemente considerados. Dessa forma, o desenvolvimento sustentável considera que o crescimento econômico deve ocorrer em harmonia com o meio ambiente, ao ter em vista que a maioria dos autores demonstram preocupações com o social e econômico (SOUZA FILHO, 2008). Para compreender o fenômeno da responsabilidade social, é preciso compreender as contingências que contribuíram para o seu advento. Uma delas, como expõe Dupas (1999), foi o contexto de exclusão social e suas consequências, pois o conceito é, em sua essência, multidimensional, e inclui a ideia de falta de acesso aos bens e serviços, à segurança, à justiça e à cidadania. O autor frisa o conceito de exclusão social e a pobreza, sua consequência, como os principais responsáveis pela não satisfação das necessidades básicas. A seguir, as suas palavras nos soam bem recentes. Um pouco mais de uma década, o quadro nos parece bem pior quanto ao desemprego estrutural, principalmente nos países europeus. A exclusão social apareceu na Europa na esteira do crescimento dos sem teto e da pobreza urbana, da falta de perspectiva urbana, da falta de perspectiva decorrente do desemprego de longo prazo, da falta de acesso a emprego e rendas por parte das minorias étnicas e imigrantes, da natureza crescentemente precária dos empregos disponíveis e da dificuldade que os jovens passaram a ter para ingressar no mercado de trabalho (DUPAS, 1999, p. 19). Como é possível perceber até o momento, a discussão sobre desenvolvimento sustentável está polarizada em duas grandes concepções: o ambiental e o social. De acordo com Almeida (1997), incorpora-se, desse modo, a “natureza” à cadeia de produção (a natureza como um bem de capital) e, de outro lado, uma ideia que tenta quebrar a hegemonia do discurso econômico, indo para além de uma visão instrumental e restrita que a economia impõe a ideia. Para Veiga (2002), o maior desafio é iniciar a construção de uma prosperidade multiplicadora de novos empreendimentos que, simultaneamente, passe a conservar a estabilidade e coloque fim às práticas de exploração predatória dos imensos recursos naturais. Isso exigiria um amplo rearranjo institucional. Esse processo é difícil e lento devido à inércia imposta por fortes interesses cristalizados. Conforme elucida Souza Filho (2008), os países desenvolvidos deveriam priorizar políticas,como a reciclagem, o uso eficiente de energia, a conservação, a recuperação das áreas degradadas, bem como perseguir maior equidade, justiça, respeito às leis, redistribuição e criação de riqueza. A partir da constatação de que o desenvolvimento sustentável serviria para discutir a permanência ou durabilidade da estrutura de funcionamento do processo produtivo, atendendo às necessidades da geração presente, sem impedir que as gerações futuras também o façam, vê-se o conceito de desenvolvimento sustentável sendo disseminado em todo o mundo. Nesse sentido, o ato de envolver as organizações como parte desse processo, haja vista as atividades que lhe são inerentes ao processo produtivo, confronta a inter-relação entre o movimento do desenvolvimento sustentável e o da responsabilidade social, confluindo em sustentabilidade. Todos aqueles que possam vir a fazer parte desse processo, promotores e coadjuvantes no Desenvolvimento Sustentável, são convidados à discussão. Importantes eventos de caráter mundial, como a Conferência do Desenvolvimento Sustentável que ocorreu no Brasil em 2012 – RIO+20 –, trouxeram importantes discussões sobre os aspectos culturais e étnico-raciais. As práticas das culturas afrodescendentes e africanas e a justiça ambiental foram apresentadas no Seminário Quilombos, Terreiros e Juventudes, com importantes personalidades brasileiras e mundiais. Todos os países, pessoas e organizações são chamados, também, a se incluírem na gestão, estratégias e ações que colaborem com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), os quais são, ao todo, 17, com 169 metas. Vejamos a seguir. Objetivo 1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares. Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável. Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem- estar para todos, em todas as idades. Objetivo 4. Assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos. Objetivo 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. Objetivo 6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos. Objetivo 7. Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos. Objetivo 8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno, produtivo e trabalho decente para todos. Objetivo 9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação. Objetivo 10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles. Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis. Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis. Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos (*) Reconhecendo que a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima [UNFCCC] é o fórum internacional intergovernamental primário para negociar a resposta global à mudança do clima. Objetivo 14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável. Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir, de forma sustentável, as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade. Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis. Objetivo 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável (CONHEÇA…, 2015, on-line). De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), essa agenda Universal, elaborada em 2015, visa a transformar o mundo até 2030, ou seja, nos próximos 15 anos, busca-se concretizar os direitos humanos, alcançar a igualdade de gênero e empoderamento das mulheres e meninas, erradicar a pobreza no mundo equilibrada nas três dimensões do Desenvolvimento Sustentável que conhecemos (CONHEÇA…, 2015). Assim, para cada objetivo, os governos, empresas e demais organizações terão de traçar metas e estratégias que envolvam a todos, por meio de relatórios e da prestação de contas. A cultura e a diversidade têm relação direta com o processo produtivo: por um lado, devido ao crescimento dos movimentos em defesa do meio ambiente em relação ao uso dos recursos naturais e, por outro, como força produtiva, ou seja, mão de obra nas empresas. A discussão do desenvolvimento sustentável é para todos os atores da sociedade. Independentemente das relações étnico-raciais, todos devem estar envolvidos. https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 Figura 1.2 - Movimentos em defesa do meio ambiente Fonte: 3000ad / 123RF. Face ao crescimento dos movimentos em defesa do meio ambiente e do consumidor, que estão cada vez mais exigentes em relação à atuação das organizações, tem-se observado uma preocupação cada vez maior com as obrigações sociais da empresa. A inter-relação da empresa com o seu ambiente nunca foi tão intensa como nos dias atuais, principalmente porque as suas decisões influenciam a prosperidade comunitária e as atividades nacionais e internacionais. Há três considerações básicas para aumentar o interesse dos gestores organizacionais, empresários e acionistas no seu papel social: [...] 1. são forçados a se preocupar, pois a sociedade está mais bem informada e mais exigente em relação aos seus direitos e da preservação de leis que assegurem seu bem-estar e sua sobrevivência; 2. são persuadidos a se tornarem mais atentos, pelo fato de contribuírem para a formação e desenvolvimento de atitudes e valores da sociedade; 3. o próprio desenvolvimento de teorias administrativas modernas, tais como a ecologia de empresas, não pode ficar https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 esquecido, pois, se não as acompanharem, a sua empresa tende a desaparecer (KWASNICKA, 2006, p. 324). Um dos problemas em relação à responsabilidade social é o de definir, com certo grau de precisão, a real responsabilidade social com que cada uma das empresas deve arcar, dada a multiplicidade de conceitos acerca do tema. De maneira bastante sucinta, o Instituto Ethos (2016, on-line) assim define: A forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais que impulsionem o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução de desigualdades sociais. Da mesma forma, o conceito de sustentabilidade parece não estar exatamente construído, já que muitos pesquisadores o relacionam ao Desenvolvimento Sustentável proposto na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, em 1992 (RIO, 92), que está relacionado ao desenvolvimento sustentável como: “aquele que atende às necessidades do presentesem comprometer a possibilidade das gerações futuras de atenderem as suas próprias necessidades” (CMMAD, 1991, p. 46). Diante do exposto, o conceito de [...] sustentabilidade ou desenvolvimento sustentável se popularizou mundialmente a partir de 1987, quando foi utilizado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas, em seu relatório “Nosso Futuro comum”, também conhecido como relatório de Brundtland. O relatório dessa comissão vem difundindo, desde então, o conceito de desenvolvimento sustentado, que passou a figurar sistematicamente na semântica de linguagem internacional, servindo como eixo central de pesquisas realizadas por organismos multilaterais e, até mesmo, por grandes empresas (CLARO; CLARO; AMÂNCIO, 2008, p. 291). Conforme expõe Ricardo Young, do Instituto Ethos (2016, on-line), e Barbieri e Cajazeira (2009, p. 116), “a Responsabilidade Social Empresarial (RSE), definitivamente, tornou-se uma importante ferramenta para a sustentabilidade das organizações”. Dilemas Acerca da Responsabilidade Empresarial As organizações não têm ainda uma postura definida e única sobre a responsabilidade social. Essas visões contrastantes se resumem a dois enfoques principais (SILVA, 2005, p. 71): a) visão clássica: a única responsabilidade é conduzir os negócios com máximo lucro – o chamado modelo do acionista (visão de Milton Friedman), que envolve lucros reduzidos da atividade, custos maiores do negócio, diluição do propósito do negócio e poder demasiado para os negócios; e b) visão socioeconômica: assegura que qualquer organização deve se interessar pelo bem-estar social e não somente pelos lucros (sustentada por Paul Samuelson) e envolve: lucros de longo prazo e melhor imagem pública para os negócios, evitar regulamentações governamentais, já que as organizações têm recursos e obrigação ética e os negócios devem prover melhores condições para cada um e para todos. Um dos grandes dilemas acerca da responsabilidade social se encontra já na definição do tema. Há diversos conceitos para Responsabilidade Social. Em estudo recente, Vieira (2007) apresenta alguns dados levantados em pesquisa bibliográfica, conforme é verificável no quadro a seguir. CONCEITOS SOBRE RESPONSABILIDADE SOCIAL Autores/ano Para uns, é tomada como uma responsabilidade legal ou obrigação social; para outros, é o comportamento socialmente responsável em que se observa a ética; para outros, ainda, não passa de contribuições de caridade que a empresa deve fazer. Há, também, os que admitam que a responsabilidade social seja, exclusivamente, a responsabilidade de pagar bem aos Zenisek (1984). empregados e dar-lhes bom tratamento. Logicamente, a responsabilidade social das empresas é tudo isso, muito embora não se corresponda apenas a esses itens isoladamente. “[...] está ligada a questões e princípios éticos adotados pela empresa no que diz respeito aos problemas de ordem social que enfrenta. Surge a ideia de empresa como elo entre sociedade, indivíduos e governo, enquanto instrumento capaz de melhorar a qualidade de vida via desenvolvimento econômico.” Richard Eells e Clarence Walton (1984). “[...] no envolvimento social da empresa, seja com os empregados, com as pessoas que estão ligadas tecnicamente à empresa ou à sociedade, a grande questão é mesmo quanto custa a adoção de comportamentos socialmente responsáveis e não o simples fato de adotar tais comportamentos [...]”. Archie Carrol (1984). “[...] a obrigação do empresário de adotar práticas, tomar decisões e acompanhar linhas de ação desejáveis, segundo os objetivos e valores da sociedade”. Howard Bowen (1984). “[...] uma obrigação pessoal de cada um de quando age em seu próprio interesse, garantir que os direitos e legítimos interesses dos outros não sejam prejudicados [...]. O indivíduo, certamente, tem direito de agir e falar em seu próprio interesse, mas precisa sempre ter o devido cuidado para que essa liberdade não impeça os outros de fazerem a mesma coisa”. Harold Koontz e Cyril O’Donnell (1982). “[...] responsabilidade social é um comportamento antimaximização de lucros, assumido para beneficiar outros de fazerem a mesma coisa”. Milton Friedman e Theodore Levitt (1958). “Quando uma nova empresa abre suas portas para a comunidade, ela também abre a porta para um conjunto de obrigações que ultrapassam a tarefa de comprar ou vender, produzir ou distribuir. Junto com a obrigação de ser uma possibilidade de bom crédito - pagando suas contas, pagando seus impostos -, ela assume a obrigação de ser uma boa ‘cidadã’ e uma boa vizinha [...]. Se um negócio adotar práticas que estejam contra o interesse público, o público irá procurar o regulamento para corrigir a prática”. Lundborg (1950). Quadro 1.1 - Conceitos sobre Responsabilidade Social Fonte: Adaptado de Vieira (2007). A verdade é que as declarações de que a empresa deve dedicar parte de seus recursos econômicos a ações que beneficiem a sociedade nem sempre têm sido bem recebidas, de acordo com Montana e Charnov (2006). Para os autores, há uma divergência quanto ao nível apropriado de ação social da empresa, bem como se ela tem motivos legítimos para destinar esses recursos às ações sociais. Dois importantes autores, Dr. Milton Friedman e o Dr. Keith Davis, enfrentaram esse dilema, argumentando contra e a favor da responsabilidade social da empresa. Esses argumentos são apresentados no quadro a seguir. MILTON FRIEDMAN (1932-) KEITH DAVIS (1918-) Argumentos teóricos contra 1. Essa é a função maior do governo que, ao vincular a empresa ao governo, criará uma força poderosa demais na sociedade e, em última instância, comprometerá o papel do governo na regulamentação da empresa. 2. A empresa precisa medir desempenho e os programas de ação social, muitas vezes, não conseguem medir índices de sucesso. Geralmente, há um conflito inerente entre o modo como a empresa funciona e o modo como operam os programas sociais. 3. A função da empresa é maximizar lucros. Assim, exigir que recursos sejam destinados a programas de ação social viola essa meta empresarial, uma vez que ela reduz os lucros. 4. Não há razão para supor que os líderes empresariais tenham a capacidade de determinar o que é de interesse social. Cientistas sociais e administradores do governo, muitas vezes, não conseguem chegar a um acordo sobre metas de interesse social. Por que supor que os líderes empresariais possam fazer um trabalho melhor de definir o interesse social? Argumentos teóricos a favor 1. Teoricamente, é de melhor interesse da empresa melhorar as comunidades nas quais estão inseridas e nas quais fazem negócios. A melhoria dos ambientes comunitários, em última instância, reverterá em benefício para a empresa. 2. Programas de responsabilidade social ajudam a evitar que pequenos problemas possam se tornar grandes problemas. Em última análise, isso será benéfico à sociedade e à empresa. 3. Ser socialmente responsável é a coisa ética ou correta a se fazer. 4. Demonstrar sensibilidade a questões sociais ajudará a evitar a intervenção governamental na empresa. 5. O sistema de valores mais generalizado, a tradição judaico-cristã, incentiva fortemente os atos de caridade e a preocupação social. Argumentos práticos contra 1. Os gerentes têm uma responsabilidade fiduciária (de confiança) para com os interessados no sentido de maximizar o valor do patrimônio líquido; Argumentos práticos a favor 1. Ações que demonstram sensibilidade social, se efetivadas dentro de um modelo econômico sustentável, podem, de fato, ser lucrativas para a empresa. Novas utilizar os recursos financeiros da empresa para realizar objetivos sociais pode ser uma violação dessa responsabilidade, portantoé ilegal. 2. O custo dos programas sociais seria um ônus para a empresa e teria de ser repassado aos consumidores na forma de aumento de preços. 3. O público pode querer que o governo tenha programas sociais, mas há pouco apoio para a empresa assumir tais programas. 4. Não há razão para supor que os líderes empresariais disponham das habilidades especializadas necessárias para alcançar as metas de interesse social. máquinas de controle de poluição, por exemplo, podem ser mais eficientes e econômicas. 2. Ser socialmente responsável melhora a imagem de relações públicas da empresa em termos de cidadania. 3. Se nós mesmos não o fizermos, nem a opinião pública, nem o governo exigirão que o façamos. 4. Ela pode ser boa para os acionistas, já que tais medidas obterão a aprovação pública, levarão a empresa a ser vista pelos analistas financeiros como menos exposta à crítica social e produzirão um aumento no preço das ações. Quadro 1.2 - Dilemas contra e a favor da responsabilidade social da empresa Fonte: Adaptado de Montana e Charnov (2006). Nesse dilema, como podemos observar a partir de Montana e Charnov (2006), Friedman afirma, categoricamente, que a tarefa principal da empresa é maximizar o lucro do acionista (proprietário) pelo prudente uso dos recursos organizacionais, atuando dentro da legalidade. Isso, de certa forma, pode ter influências pela relação de poder sobre as suas atividades empresariais. Muitos têm acusado Friedman sobre a sua posição não considerar aqueles que se encontram em dificuldade econômica e não ter interesse pela justiça social. Além disso, para Friedman e seus seguidores, bastaria que a empresa alcançasse o máximo lucro dentro das regras da sociedade e isso, por si só, já a beneficiaria, principalmente pela geração de novos empregos e pagamento de altos salários que melhoram a vida de seus trabalhadores, contribuindo para o bem-estar deles. Assim, a empresa estaria atuando com eficiência e eficácia sem desviar recursos para as obrigações sociais. Por outro lado, Keith Davis defende a responsabilidade social e afirma que ela caminha de mãos dadas com o poder social. Atribui à empresa uma força poderosa que tem como obrigação assumir a responsabilidade social correspondente, uma vez que a sociedade a faz prestar contas de tal poder. Dessa forma, a empresa deve estar aberta à análise dos problemas sociais, mesmo sendo ela dispendiosa, já que tais custos podem ser legitimados ao serem repassados, também, aos consumidores na força de preços mais altos. A empresa tem a perícia necessária e obrigação de ajudar a solucionar os problemas, mesmo que não esteja diretamente envolvida, pois essa obrigação é em favor do bem social geral, do qual todos se beneficiarão. Ambos sustentam, entretanto, que a empresa deve obedecer à lei e realizar os atos de sensibilidade social que forem exigidos. De acordo com Montana e Charnov (2006), a sensibilidade social de uma organização é mensurada a partir da sua sensibilidade às obrigações sociais e pode ser mensurada mediante a avaliação da eficiência e eficácia com que ela se esforça para empreender ações que satisfaçam as obrigações sociais. Como reflexo a esses dilemas de que a organização tem responsabilidade social porque é conferido o poder econômico e social, as instituições têm assumido diferentes graus de sensibilidade social (algumas empresas são mais ou menos envolvidas), conforme se verifica nas abordagens da obrigação social, da responsabilidade social e da sensibilidade social (MONTANA; CHARNOV, 2006). Abordagem da obrigação social: esse grau de envolvimento é menor, de forma que a empresa busca cumprir apenas com as obrigações legais. Tem como objetivos principais a maximização dos lucros e o patrimônio dos acionistas, sendo adeptos de cumprir com as obrigações sociais mínimas impostas pela legislação. As ideias são muito próximas aos argumentos de Friedman, de maneira que os gerentes selecionam as ações que melhor contribuem para o resultado econômico da empresa. Inclusive, as instituições podem até participar de campanhas de associações comerciais no intuito de atender à lei ou alterar a legislação e limitar a sua responsabilidade social. Da mesma forma, as empresas podem até contribuir para a assistência social, citando-as como boa reputação, com responsabilidades dos indivíduos e não suas. A obrigação legal ou o benefício próprio é o único determinante da responsabilidade social – caso contrário, pertence a outros. Os seus gerentes limitam a reação da empresa a obrigações sociais, mesmo frente às críticas, porém procuram agir dentro da legalidade em todas as esferas. Em resumo, as instituições cumprem apenas com as obrigações legais e dedicam somente os recursos organizacionais necessários para cumprir o que são também consideradas obrigações sociais, porém sem empreender esforços voluntários. Abordagem da responsabilidade social: esse grau de envolvimento, em relação à sensibilidade social, é intermediário e supõe que a empresa não possui somente objetivos econômicos, mas também de responsabilidades sociais. Cumpre com as suas obrigações legais e sociais, mesmo que afete apenas diretamente a empresa, com base na obediência à lei e no critério do benefício social. Contudo, busca-se, ativamente, a aprovação da comunidade, além de participar de projetos sociais e se dispõe a gastar alguns recursos organizacionais para a promoção do bem-estar social, embora não se escolheria nenhuma ação que trouxesse prejuízo econômico para a empresa. Assim, as instituições desejam ser vistas como boas cidadãs empresariais e buscam reconhecimento público. Os gerentes cooperam com entidades sociais municipais na definição das dimensões de problemas sempre buscando a solução. Os funcionários também são incentivados a participar, sendo que o reconhecimento, muitas vezes, será dado à empresa, compensando o funcionário com fundos da organização. Pratica-se a adaptação reativa, de maneira a contribuir para providenciar a ação correta de problemas sociais. Em resumo, as empresas têm responsabilidades econômicas e sociais. As suas responsabilidades econômicas são maximizadas em forma de lucro e aumento do patrimônio dos acionistas. As responsabilidades sociais consistem em lidar com problemas correntes, mas até o ponto que não afete, negativamente, a empresa. As instituições também agem por meio do incentivo aos seus funcionários e atuam a partir de adaptação reativa, um processo de reação aos problemas. Abordagem da sensibilidade social: essas empresas atuam no grau máximo de envolvimento e, já que atuam sob essa perspectiva, não têm somente metas econômicas e sociais, mas também devem antecipar problemas sociais futuros e agir no presente em resposta a esses transtornos. Cumprem com as obrigações legais e sociais relativas às tendências e problemas que estão surgindo, mesmo que afetem apenas indiretamente a empresa. Primeiramente, antecipam-se e lidam com os problemas. Em seguida, lidam com os problemas sociais futuros, fazendo uso dos recursos no presente e levando esse bem-estar para o futuro, o que afeta, negativamente, a maximização dos lucros do presente. Acredita-se que a boa cidadania implica assumir um papel proativo, verdadeiro na sociedade, fazendo uso do poder conferido para a melhoria da sociedade. Assim, ao final, também produzirá um efeito benéfico para a empresa. Essas instituições adotam uma postura de adaptação proativa, antecipando problemas futuros antes que se tornem graves demais, de forma a apoiar a legislação para que atenda às necessidades sociais previstas. Geralmente, estão à frente do padrão de desempenhos das demais empresas, conferindo-lhes uma excelente reputação na sociedade, ao agir, inclusive, para a intervenção e a regulamentação governamentais. Em resumo, as empresas não têm somente responsabilidades econômicase sociais. Elas se antecipam a problemas sociais, destinando recursos organizacionais ao tratamento dessas questões por meio de adaptação preventiva. É uma abordagem muito aberta e admite a responsabilidade dos gerentes com os proprietários da empresa (acionistas) e a sociedade como um todo. Para Silva (2008), as organizações apresentam diferentes graus de comprometimento, que vão da estratégia obstrucionista, de um lado, seguido da defensiva e da acomodativa, e a estratégia proativa, do outro. Estratégia obstrucionista: refere-se àquela organização que evita responsabilidades sociais e reflete, principalmente, prioridades econômicas, combatendo as demandas sociais. Estratégia defensiva: é aquela que protege a organização fazendo o mínimo legalmente requerido para satisfazer às expectativas sociais. Estratégia acomodativa: refere-se à organização que aceita as responsabilidades sociais e tenta satisfazer aos critérios legais econômicos e éticos, fazendo o mínimo eticamente requerido. Estratégia proativa: refere-se à organização que preenche todos os critérios de desempenho social, incluindo o discricionário, ao ter liderança na iniciativa local. O seu comportamento é preventivo dos impactos sociais adversos de atividades econômicas da empresa e, algumas vezes, antecipa a identificação da resposta dos aspectos sociais emergentes. As estratégias do continuum do grau de comprometimento da organização para com as responsabilidades sociais são apresentadas na figura a seguir. https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 Figura 1.3 - Estratégias da responsabilidade social Fonte: Adaptada de Silva (2008). Como vimos por meio da figura, algumas empresas negam as suas responsabilidades mantendo uma estratégia obstrucionista, ou seja, atuam contra as demandas sociais e se preocupam apenas com as atividades econômicas. Demonstra-se, assim, um baixo grau de responsabilidade social, enquanto, no outro extremo, temos organizações que atuam estrategicamente, de forma proativa, pois corroboram com um alto grau de comprometimento com a responsabilidade social. Balanço Social e os Indicadores de Sustentabilidade Os primeiros discursos no Brasil, em prol da mentalidade empresarial, mais voltada para o social, foram notados na década de 60, com a publicação da “Carta de princípios do Dirigente Cristão de empresas”, que, segundo Moratelli (2005 apud ALLEDI FILHO et al., 2012), tinha o objetivo de discutir o balanço social das organizações. https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 Durante as próximas décadas, devido à ascensão da ditadura militar no Brasil, a sociedade civil estava desarticulada, mas, na década de 80, destaca-se o trabalho do Instituto IBASE, que visava a valorizar as empresas envolvidas com a sociedade, incentivando-as a publicarem o Balanço Social. Em 1984, a Nitrofértil publicou o seu primeiro balanço. Dois anos depois, foi criada a FIDES – Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social –, que tinha como meta humanizar as empresas e integrá-las à sociedade, segundo princípios éticos, elaborando, também, a primeira tentativa de estabelecer rotina para balanços sociais entre empresas (ALLEDI FILHO et al., 2012). O balanço social pode ser definido como uma medição comportamental da empresa, buscando a satisfação dos objetivos sociais que almeja alcançar. Trata-se de um instrumento estabelecido a partir de indicadores representativos da situação atual da organização, em termos de sociedade, ambiente e das condições de trabalho da própria organização. A sua utilização implica um estágio de reflexão e aceitação por parte do empresariado. Embora já exista a consciência empresarial da necessidade de sua utilização, ainda estamos em um estágio de maturação (KWASNICKA, 2006). Há várias correntes sobre as formas de compor um balanço social. Apesar de países, como a França e a Alemanha, já se utilizarem desse instrumento de forma legal, no Brasil, ainda é preciso divulgar os conhecimentos adquiridos a esse respeito, procurando formar uma consciência empresarial. Para Kwasnicka (2006, p. 328), “[...] o balanço social representa um instrumento de gestão, que mede ou informa a situação das empresas, sua evolução, as distorções eventuais sobre objetivos”. Dentre as formas de compor um balanço social, citam-se: 1. a concepção de que o documento deveria ser financeiro e demonstrar as despesas voluntárias incorridas em melhorias de condições de seu quadro de pessoas e sua posição social; 2. a concepção de que é um instrumento que serve para mensurar o impacto dos esforços organizacionais sobre o pessoal em termos de avaliar o grau de satisfação; 3. a concepção do desempenho social das organizações, em que o balanço seria um demonstrativo, tendo, no passivo, os fatores de tensão social e, no ativo, os fatores de satisfação social. Ambos os fatores seriam avaliados por meio de indicadores diretamente mensuráveis. Os relatórios de sustentabilidade ou de responsabilidade socioambiental eram representados, até recentemente, por três gerações de relatórios. Salienta-se que a quarta geração estava em construção para lançamento, em 2013, pelo GRI (MARQUES, 2012). 1º GERAÇÃO Estrutura fragmentada com integração de indicadores de forma limitada, não representando uma base em sistemas de gestão e tecnologia para medição adequada. Apresentam apenas informações selecionadas para atender à necessidade de determinado grupo. Agora, que tal conhecer alguns modelos de balanços mais utilizados e os seus indicadores econômicos, sociais e ambientais? A seguir, os modelos de balanço do IBASE, do GRI, do CEBDS, do Instituto Ethos e os indicadores relacionados ao mercado financeiro ISE, o DJSI, entre outros, serão salientados. Balanço Social IBASE Criado em 1997 pelo sociólogo Herbert de Souza, o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) tem como objetivo demonstrar a importância e a necessidade da realização do balanço social. Junto com o relatório e buscando estimular a participação de um número maior de empresas, o IBASE lançou um selo denominado “Balanço Social IBASE/Betinho”, a fim de que a empresa demonstrasse a sua atitude cidadã. SAIBA MAIS Modelo IBASE De acordo com o modelo IBASE apresentado pelo portal IBASE (2018), o balanço social é composto, basicamente, por 7 indicadores: 1. Base de cálculo; 2. Indicadores sociais internos; 3. Indicadores sociais externos; 4. Indicadores ambientais; 5. Indicadores do corpo funcional; 6. Informações relevantes quanto ao exercício da cidadania empresarial; e 7. Outras informações. Saiba mais a respeito acessando o link: https://ibase.br/pt/balanco-social/ Fonte: Elaborado pela autora. Modelo GRI O Global Reporting Initiative (GRI, 2019) é uma Organização Não Governamental (ONG) internacionalmente conhecida. O seu modelo de elaboração de relatórios de sustentabilidade é aplicável a todos os tipos de organizações. Foi fundada em 1997 pelo CERES e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). No relatório de sustentabilidade, é divulgado o desempenho econômico, social e de governança da organização, incluindo as questões de gênero. As diretrizes do GRI e o seu conjunto de protocolos de indicadoresse relacionam às dimensões: econômico, meio ambiente, direitos humanos, práticas trabalhistas e trabalho decente, responsabilidades pelo produto e sociedade. https://ibase.br/pt/balanco-social/ FIQUE POR DENTRO Modelos de GRI-4 Conheça o modelo GRI-4 por meio do Relatório da Empresa EMBRAER disponível em: https://www.embraer.com/relatorio_anual2016/pt/sumario-de- conteudo-gri.htm. Acesso em: 25 jan. 2019. Conheça, também, o modelo GRI-4 do Banco do Brasil disponível em: http://www45.bb.com.br/docs/ri/ra2015/pt/13.htm. Fonte: Elaborado pela autora. Atualmente, o GRI Standard, lançado pelo Global Sustainability Standards Board (GSSB), representa um novo conjunto de normas globais que substituirão a atual versão, a G4, em 2018. O GRI Standard é o primeiro padrão global pautado em 05 módulos, 03 normas de caráter geral e 33 outros tópicos, trazendo um formato mais claro dado aos requisitos. Essa mudança está ocorrendo, porque muitas empresas declaravam reportar com G4, porém não seguiam a metodologia de forma adequada. Nesse sentido, esse modelo estabelece maior rigor ao conteúdo, contudo com mais flexibilidade para relatar as dimensões da sustentabilidade (GRI, 2019). Indicadores do Balanço CEBDS Fundado em 1997, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), representante no Brasil do World Business Council Sustainable Development (WBCSD), lidera os esforços do setor empresarial para a implementação do Desenvolvimento Sustentável no Brasil. Foi a primeira instituição a falar em https://www.embraer.com/relatorio_anual2016/pt/sumario-de-conteudo-gri.htm https://www.embraer.com/relatorio_anual2016/pt/sumario-de-conteudo-gri.htm http://www45.bb.com.br/docs/ri/ra2015/pt/13.htm Sustentabilidade no Brasil dentro do conceito do Triple Bottom Line (TBL) – tema a ser tratado na seção a seguir – e responsável pelo primeiro relatório de Balanço Social no Brasil, que ajudou a implantar no país, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e o World Resources Institute (WRI), a partir de 2008, a principal ferramenta de medição dos gases do efeito estufa (GHF Protocol). Atualmente, o conselho promove diversas sugestões práticas e publicações que visam a otimizar a performance das empresas sob a perspectiva do desenvolvimento sustentável. Indicadores do Balanço do Ethos O Instituto Ethos é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) e tem como missão “mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-se parceiras na construção de uma sociedade justa e sustentável” (INSTITUTO ETHOS, 2016, on-line). O pensar e o agir imbuídos de responsabilidade social significariam práticas empresariais socialmente responsáveis no sentido de as empresas e a sociedade alcançarem um desenvolvimento social, econômico e ambiental sustentáveis. O modelo de indicadores utilizado pelas empresas como um instrumento em 2013 se denomina Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e Responsáveis. De acordo com o Instituto Ethos (2016), eram 54 indicadores com exercício de integração com as normas da responsabilidade social ISO 26.000 e com a GRI. A norma internacional ISO 26000 – Diretrizes sobre responsabilidade social – é uma ferramenta que tem caráter transformador e, ao contrário de outras normas, não é certificável, tampouco tem caráter de gestão, mas, sim, de orientação sobre a integração da responsabilidade social da organização. Dentre as funcionalidades do Relatório do Instituto Ethos (2016), destaca-se a de ser totalmente on-line. Esse sistema iniciou o seu pleno funcionamento em outubro de 2013 e o grande diferencial foi o compartilhamento entre as partes interessadas, bem como o monitoramento dos compromissos e pactos estabelecidos. A nova geração dos indicadores Ethos (INSTITUTO ETHOS, 2016) tem diversos indicadores e permite a flexibilidade da ferramenta, na qual a empresa ou organização pode selecionar quais indicadores quer utilizar de acordo com o seu interesse. São separados em quatro tipos abordados na sequência. 1. Indicadores Ethos com o questionário principal com 47 indicadores. 2. Indicadores Ethos-Sebrae - Diagnóstico para pequenos negócios com 12 indicadores. 3. Guia Temático - Integridade, Prevenção e Combate à Corrupção com 14 indicadores. 4. Guia Temático - Promoção da Equidade e Gênero - 12 indicadores. SAIBA MAIS Ferramentas Baixe as ferramentas listadas do seu interesse disponíveis em: https://www3.ethos.org.br/conteudo/indicadores-ethos- publicacoes/#.W8M5WmhKiUm. Fonte: Elaborado pela autora. Indicadores do Modelo ISE A Bolsa de Mercadorias e Futuro e a Bolsa de Valores de São Paulo (B3..., 2017) assumiram uma atitude de protagonismo no desenvolvimento de ações para o aprimoramento das boas práticas de governança corporativa das empresas no suporte à criação de novos mercados e no incremento à agenda social em face de exigências de um mercado cada vez mais rigoroso. A exemplo do Dow Jones (DJSI), o ISE é a tendência mundial dos investidores em procurarem empresas https://www3.ethos.org.br/conteudo/indicadores-ethos-publicacoes/#.W8M5WmhKiUm https://www3.ethos.org.br/conteudo/indicadores-ethos-publicacoes/#.W8M5WmhKiUm socialmente responsáveis, sustentáveis e rentáveis para aplicarem os seus recursos, empresas denominadas organizações de “investimentos socialmente responsáveis”, consolidando-se a cada dia. O ISE foi lançado em 2005 e marca o entendimento da Bolsa de Mercadorias e Futuro e a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBOVESPA) de que a sustentabilidade pode criar vantagem competitiva para a empresa e valor para os seus acionistas enquanto promove um mercado saudável e perene. O seu desenho metodológico foi desenvolvido pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces) da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP). Tornou-se uma das maiores referências em práticas de gestão sustentável no Brasil e no mundo. A avaliação realizada pelo International Finance Corporation (IFC), em 2010, mostrou, por exemplo, que 64% das empresas participantes apresentam o ISE como o principal fator para o aprimoramento de suas práticas de sustentabilidade (B3..., 2017). O seu objetivo é refletir o retorno de uma carteira composta por ações de empresas com um reconhecido comprometimento com a responsabilidade social e empresarial, bem como atuar como promotora de boas práticas no meio empresarial brasileiro, representado pelas 200 ações mais líquidas, escolhidas por um conselho a partir do balanço social e revisado anualmente. No ano de 2017, foram convidadas 179 companhias, emissoras das 200 ações mais líquidas; destas, 41 se inscreveram no processo, sendo 37 inteligíveis, 3 na categoria simulado e 1 na Treineira. Indicadores do DJSI – Dow Jones Sustainability Index De acordo com Marques (2012), esse Indicador foi lançado em 1999 como o primeiro benchmark mundial em avaliação de desempenho financeiro relacionado à sustentabilidade. Em 2001, foi lançado o DJSI STOXX, voltado para portfólios europeus. Assim, a DJSI World seleciona as 10% mais bem capitalizadas a partir de 2500 empresas líderes globais em sustentabilidade. Por sua vez, a DJSI STOXX seleciona companhias líderes em sustentabilidade europeias, tendo como ponto de partida Dow Jones STOXX 600, dos quais são extraídas 20% sob os critérios de sustentabilidade. Nesse sentido, os “seus principais usuários são investidores e gestores de fundos que pagam para ter acesso às informações da companhia” (MARQUES, 2012, p. 217). A avaliação engloba cerca de 50 critérios, como mudança climática, água, alimentos, accountability, saúde, governança corporativa, gestão do conhecimento, desempenho ambiental e políticas de direitos humanos, verificados pela análise da SAMGroup. Dentre as empresas contempladas no DJSI World 2010/2011, o relatório abarcou mais de 300, sendo sete delas brasileiras: Fibria Celulose S/A, Banco Bradesco S/A, Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), Itaú Unibanco Holding S/A, Itaúsa – Investimentos Itaú S/A –, Petrobrás S/A e Redecard S/A (MARQUES, 2012). Há, ainda, outros indicadores compostos por organizações com os critérios da sustentabilidade. A maioria utiliza a filosofia TBL, como o FTSE4good (Londres), companhia independente de propriedade do Financial Times e da Bolsa de Londres, JSE SRI Index (Johannesburg Stock Exchange Socially Responsible Investment Index – África do Sul), S&P ESG Índia Index (Índia), em parceria com Standard&Poors e IFC. Por fim, tem-se a Domini 400 Social Index (EUA), lançada em 1990, pela KLF Research & Analytics, Inc., em Boston (MARQUES, 2012). Triple Bottom Line e 3 Ps (Profit, People and Planet) A sustentabilidade, como entendemos, é a consequência de um modelo de desenvolvimento que estaria pautado em um tripé, ou seja, três pilares que representam, respectivamente, as dimensões econômica, social e ambiental. O grande paradigma está em conciliar sinergicamente as três sustentabilidades: econômica, social e ambiental. Nesse sentido, o modelo Triple Bottom Line (tríplice linha de resultados líquidos) e os Três Ps (profit, people and planet) se tornaram populares. Na figura a seguir, apresenta-se a inter-relação entre as dimensões. https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 Figura 1.4 - Modelo TBL Fonte: Adaptada de Afnor (2003 apud ALLEDI FILHO et al., 2012). Originado do livro de Elkington, Cannibals with forks (1997), a metáfora do garfo se refere às três dimensões da sustentabilidade como uma forma de concebê-las no âmbito das empresas. O modelo busca responder à seguinte questão: o capitalismo, assim como um canibal, tornar-se-ia civilizado se comesse com garfo e faca? Conforme descrevem Barbieri e Cajazeira (2009), no âmbito empresarial e na dimensão econômica, é reconhecida a obtenção de lucros a partir do aumento no valor de mercado e da geração de riquezas para os seus acionistas. Há deficiências ligadas ao lucro convencional de como as externalidades não são conhecidas, por exemplo, o custo ambiental ou social com que a sociedade irá arcar ou, talvez, a própria empresa, como é o caso das organizações que adotam práticas de gestão para evitar a poluição, tornando-se a mitigação da externalidade negativa de um custo para empresa. Destaca-se que o inverso pode ocorrer, uma vez que há, ainda, faces ocultas da natureza que até o próprio homem desconhece pela ciência. Modelo 3 Ps – PROFIT, PEOPLE, PLANET https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 Os três Ps – Profit, people and Planet (Lucro, pessoas e planeta) – foi originado do Modelo TBL e serve, também, para explicitar o modelo de uma organização sustentável. O seu direcionamento considera as dimensões (econômica, social e ambiental) no âmbito de empresas. A única diferença é que eles não servem para todos os tipos de organizações, já que, em algumas organizações, como cooperativas, organizações não governamentais e governos, o critério que associa a dimensão econômica não é o lucro, aqui representado pelo profit (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009). Para Foladori (2001 apud ALLEDI FILHO et al., 2012, p. 34), “a questão ambiental tem a particularidade de ser tão ampla e de seus elementos estarem tão interconectados que sua delimitação não é tarefa fácil”. De acordo com Barbieri e Cajazeiras (2009), outras formas de apuração – não somente o conceito do lucro contábil ou convencional – devem estar em pauta quando tratamos as dimensões ambiental e social. Responsabilidade Social: Governança Corporativa e Ética A responsabilidade social corporativa também é discutida na literatura como cidadania corporativa, filantropia corporativa, responsabilidade corporativa, governança, ambientalismo e desenvolvimento sustentável. Todos esses conceitos são utilizados para caracterizar tanto as responsabilidades da organização para com as suas diferentes partes interessadas como também com os impactos sociais, ambientais e econômicos causados por sua operação (MURRAY; HAZLETT et al., 2007 apud ALLEDI FILHO, 2012). O conceito inclui tanto o desempenho econômico das organizações ao longo prazo quanto o relacionamento com os seus stakeholders e ética – assunto que abordaremos nesta seção. No quadro a seguir, são evidenciadas algumas definições associadas à responsabilidade social corporativa. CONCEITO AUTOR Um conceito por meio do qual as organizações, de forma voluntária, integram as suas preocupações sociais e ambientais (operação e gestão) com as dos seus negócios, como também com todas as diferentes partes que interagem com a organização. Comunidade Econômica Europeia – Green Paper. A responsabilidade social não é separada no negócio da empresa. A empresa que não for socialmente responsável não terá espaço no mercado. Oded Grajew – Instituto Ethos. Responsabilidade Corporativa Global é o termo mais amplo em relação à Responsabilidade Social Corporativa ou Cidadania Corporativa. Refere-se às obrigações da empresa em um mundo globalizado e cada vez mais interligado e interdependente, tanto em relação à sociedade quanto ao meio ambiente cultural. EFMD – European Foundation for Management Development. O dever das corporações de promover o desenvolvimento social passou a ser acompanhado na década de 1970 com o termo “responsabilidade social corporativa”. As perguntas passaram a ser consideradas um dever delas. Patrícia A. Ashley. O desejo contínuo das organizações de se comportar de forma ética e contribuir para o desenvolvimento econômico melhorou a qualidade de vida da força de trabalho e das suas famílias, como também das comunidades e da sociedade como um todo. World Business Council for Sustainable Development (WBCSD). Quadro 1.3 - Definições associadas à responsabilidade social corporativa Fonte: Alledi Filho et al. (2012, p. 12). A ética é uma necessidade em todos os níveis da organização e os seus negócios, sendo um dos maiores desafios conduzir as atividades, de maneira ética, como se fosse impossível atrelar negócios lucrativos a ela. Nos anos recentes, vem crescendo a atenção à ética dos negócios devido, em grande parte, à cobertura dada pela mídia às diversas ações não éticas, de forma a refletir costumes e a moral estabelecida, bem como as relações humanas fundamentais que podem variar conforme a cultura organizacional. As demandas éticas que os administradores e outros empregados enfrentam têm crescido significativamente a partir da década de 90 devido à atenção dos acionistas para os efeitos das decisões internas tomadas pelos seus administradores. Assim, a ética é um conjunto de valores e regras que definem a conduta dos indivíduos como certa ou errada, envolvendo princípios morais gerais de comportamento aceitáveis ou não pelas pessoas. Ao longo dos anos, quatro visões de comportamento ético têm sido identificadas: Visão utilitarista: considera o comportamento ético aquele que entrega os melhores produtos para um grande número de pessoas. Visão individualista: considera comportamento ético aquele que eleva osautointeresses, respeitando a condição do indivíduo ao longo prazo. Visão de direitos morais: considera comportamento ético aquele que respeita e protege os direitos fundamentais das pessoas. Visão de justiça: considera comportamento ético aquele que trata as pessoas imparcialmente e de maneira justa de acordo com regras e padrões iguais (SILVA, 2008, p. 67). A ética não é prescritiva, porém alguns códigos de condutas podem ser documentados e escritos e servir de orientação geral para o comportamento. Entretanto, muitas dificuldades são encontradas no dia a dia nos negócios e as pessoas criam racionalizações para os seus comportamentos não éticos, como: convencer-se de que o comportamento não é ilegal, de que é realmente do melhor interesse de todos, de que ninguém descobrirá e de que a organização protegerá tal comportamento. Dessa forma, é bastante conveniente criar um código de ética para melhorar o desempenho da organização e orientar, de forma pessoal, a sociedade em geral (SILVA, 2008). Nesse sentido, é preciso fazer uma gestão responsável e ética. A Governança Corporativa representa um sistema do qual as organizações se utilizam para demonstrar as suas melhores práticas de gestão corporativa. De acordo com Meiriño (2012), as boas práticas convertem princípios em recomendações objetivas, contribuindo para a longevidade da organização. Muitas empresas buscaram esse modelo formal de gestão principalmente para se profissionalizar em virtude da alta competitividade do mercado cada vez mais globalizado. São apontados como código de melhores práticas de governança corporativa os códigos do Instituto Brasileiro de Gestão Corporativa (IBGC), o qual fora lançado em 1999. Em 2009, foi lançada a quarta edição do código motivada pelas mudanças no cenário corporativo brasileiro. Os princípios básicos se inspiram em transparência, equidade, prestação de contas (accountability) e Responsabilidade Corporativa (MEIRIÑO, 2012). Atualmente, o termo mais utilizado para definir o papel das empresas perante o desenvolvimento sustentável é “Sustentabilidade Corporativa”, que consiste na busca por sobrevivência a longo prazo a partir de sua viabilidade econômica e a coexistência harmônica com o meio ambiente e a sociedade. Para Sousa (2011), os principais benefícios de abordar a sustentabilidade, segundo a Sustainability: the embracers seize advantage, The Boston Consulting Group e MIT Sloan Management Review, são apresentados a seguir. a) Melhor imagem institucional ou da marca da empresa: 49%. b) Redução de custos pela eficiência energética: 28%. c) Vantagem competitiva ampliada: 26%. d) Redução de custos pela eficiência em materiais e resíduos: 25%. e) Acesso a novos mercados: 22%. f) Aumento de margem e de participação de mercado: 21%. Você, como gestor(a), em que quadrante está em termos de estratégia de sustentabilidade? A ferramenta categoriza os objetivos corporativos: Figura 1.5 - Impulsionadores e resultados esperados de uma estratégia de sustentabilidade Fonte: Adaptada de Sousa (2011). https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 https://moodle.faculdadefama.edu.br/pluginfile.php/55197/mod_resource/content/3/unidade-1.html?embed=1 Ao representar exemplos de empresas sustentáveis no mundo, cinco organizações brasileiras estavam entre as 100 corporações, de acordo com o relatório “Global 100, ano 2013”, realizado pela revista canadense Knights. Em primeiríssimo lugar, no Brasil, é representada a Empresa “Natura Cosméticos S/A” (classificada em 2º lugar no mundo). Por sua vez, em segundo lugar, é representada a “CEMIG – Cia energética de Minas Gerais” (classificada em 43º lugar no mundo); em terceiro lugar, a “Vale” (classificada em 49º lugar no mundo); em quarto lugar, o “Grupo Pão de Açúcar” (classificado em 74º lugar no mundo); e, em quinto lugar, está o “Banco do Brasil” (classificado em 100º lugar no mundo). Lidera o ranking mundial a “Umicore”, empresa de materiais de construção, seguida pela “Natura” e a Norueguesa “Statoil”. No novo ranking, de acordo com a Corporate Knights, para o “Global 100, ano 2018” das empresas mais sustentáveis do mundo, cinco são brasileiras. Em primeiro lugar, no Brasil, continua líder a Empresa Natura (classificada em 14º); em segundo lugar, a Empresa CEMIG (classificada em 18º); em terceiro lugar, no ranking brasileiro, está o Banco do Brasil (classificado em 49º); em quarto lugar, a Empresa Angie Brasil Energia (classificada em 52º); e, em quinto lugar, o Banco Santander (classificado em 76º). Em cinco anos, observamos que a Empresa Natura saiu da 2ª colocação no ranking mundial para a 14ª. Entretanto, o Banco do Brasil melhorou muito a sua classificação, saindo da 100ª posição para a 49ª (2018 GLOBAL…, 2018). REFLITA O crescimento econômico e socioambiental É realmente possível conciliar crescimento econômico e socioambiental no atual contexto de economia globalizada e ser uma empresa sustentável? Fonte: Elaborado pela autora. As empresas sustentáveis buscam, cada vez mais, adequar-se às exigências de uma produção na qual preserve o meio ambiente. Concomitantemente, devem manter a sua produção no mesmo nível, ou seja, é preciso assegurar a economia da empresa sempre em ascensão, porém cumprindo com o seu papel socioambiental. Considerações Finais Prezado(a) estudante, principalmente a partir da década de 80 em diante, o paradigma do desenvolvimento tem se modificado, surgindo a necessidade de se pensar a longo prazo, em um novo contexto no qual o “desenvolvimento sustentável” e a “responsabilidade social” são suscitados por uma questão de sobrevivência. Trata-se de uma responsabilidade atribuída diretamente aos gestores organizacionais por serem grandes agentes de transformação nas atividades globais a partir de suas atividades. Eles, agora, veem-se forçados a pensar ou são persuadidos por uma sociedade cada vez mais atenta e exigente. Apesar dos dilemas em relação às ações da responsabilidade social, as empresas, em grau maior ou menor, estão participando. Cada qual tem um grau de comprometimento ou envolvimento, porém aquelas que têm sensibilidade social, em sua maioria, já buscam formas de ir além do que lhes é cobrado. Algumas já dispõem, por meio dos balanços sociais, da transparência de suas ações que são apresentadas à sociedade. Conhecemos, também, o modelo TBL e os 3 Ps. Compreendemos que, apesar de serem os mais utilizados por organizações nacionais e internacionais, estas ainda se apresentam incapazes. Entretanto, as organizações buscam encontrar outros meios de fazer uma gestão cada vez melhor. Assim, a governança corporativa, por meio de sua sistemática, parece que está surtindo resultados positivos. Por fim e não menos importante, discutimos sobre a ética, uma vez que se suscita a procura por organizações que atuem correta e eticamente e de modo socialmente responsável. Para aquelas que só buscam demonstrar uma melhor imagem institucional ou de marca, como é constatado nas pesquisas, é melhor repensarem a sua atuação. Àquelas que conseguiram demonstrar sustentabilidade, como as apresentadas no Global 100, parabéns! Porém, o caminho ainda é árduo e há muitos desafios para os gestores e demais atores da sociedade, em especial quando o processo de globalização e exclusão social, principalmente das minorias presentes na sociedadeglobal, está cada vez mais aumentando face ao desemprego.
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