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Desenho e Projeto Auxiliado por Computador Ananias de Assis Godoy Filho Denise Borges Alonge © 2015 por Editora e Distribuidora Educacional S.A Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente: Rodrigo Galindo Vice-Presidente Acadêmico de Graduação: Rui Fava Diretor de Produção e Disponibilização de Material Didático: Mario Jungbeck Gerente de Produção: Emanuel Santana Gerente de Revisão: Cristiane Lisandra Danna Gerente de Disponibilização: Nilton R. dos Santos Machado Editoração e Diagramação: eGTB Editora 2015 Editora e Distribuidora Educacional S. A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041 -100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Godoy Filho, Ananias de Assis ISBN 978-85-8482-208-9 1. Desenho por computador. 2. Computação gráfica. 3. Projeto auxiliado por computador. 4. Projeto gráfico. I. Alonge, Denise Borges. II. Título CDD 620.00420285 G589d Desenho e projeto auxiliado por computador / Ananias de Assis Godoy Filho, Denise Borges Alonge. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S. A., 2015. 288 p. : il. Sumário Unidade 1 | Noções Gerais de Desenho Técnico Seção 1 - Introdução ao Desenho Técnico, à sua Simbologia e às Normas da Abnt 1.1 | Origem do Desenho Técnico 1.2 | Tipos de Desenho Técnico 1.3 | Terminologia e Elementos dos Desenhos Técnicos 1.4 | Padronização do Desenho (Normas ABNT) 9 13 13 17 21 24 Seção 2 - Escalas para Desenho Técnico 2.1 | Conceito de Escala — Escalas Métricas Normalizadas 2.2 | Relação da Escala com a Representação 35 35 45 Unidade 2 | Desenho Projetivo Seção 1 - Geometria Descritíva Básica 1.1 | Épura, Diedros, Traçados no 1º e 3º Diedros 1.2 | Projeção Ortogonal: Vistas Ortogonais 1.3 | Utilização dos Materiais e Instrumentos 1.4 | Retas, Ângulos, Círculos e Tangências 1.5 | Uso Das Linhas Contínuas, Tracejadas e Traço‑Ponto 61 65 65 74 77 82 94 Seção 2 - Representação Gráfica em Desenho Técnico 2.1 | Cortes, Seções, Encurtamentos e Hachuras 2.2 | Caligrafia Técnica – Anotação e Simbologia em Desenho Técnico 2.3 | Cotagem em Desenho Técnico 2.4 | Perspectivas Axonométricas: Perspectiva Isométrica, Cavaleira, Dimétrica e Trimétrica 101 101 105 106 109 Seção 3 - Planejando a Prancha de Desenho Técnico 3.1 | Análise do Objeto a ser Representado 3.2 | Peças Gráficas Essenciais, Opcionais e Legendas 3.3 | Escolhendo a Escala Adequada e a Prancha 3.4 | Diagramação da Prancha 3.5 | Boas Práticas e Produtividade ao Desenhar 3.6 | Finalização, Revisão E Entrega Do Desenho 117 117 119 120 122 123 126 Unidade 3 | Autocad: Criação e Edição do Desenho Técnico Seção 1 - Apresentação da Interface do Autocad 2015 1.1 | Iniciando o Programa 1.2 | Ambiente de Trabalho do Autocad – Interface 1.3 | 2D Drafting & Annotation 133 139 139 139 141 Seção 2 - Configuração da Área de Trabalho – Workspace 2.1 | Limites da Área de Trabalho 2.2 | Configurações da Caixa de Diálogo Options 2.3 | Criando Arquivos de Desenhos 2.4 | Recuperar arquivos perdidos 145 145 145 146 147 Unidade 4 | Modelagem de Desenho Técnico Seção 1 - Modelagem em Perspectiva Isométrica 2D 1.1 | A Geometria Descritiva e as Perspectivas Militar e Isométrica em 2D 1.2 | Polar Tracking On 203 209 209 213 Seção 3 - Criação de Linas e uso de Coordenadas 3.1 | Comandos de Zoom 3.2 | Sistema de Coordenadas Cartesianas 3.3 | Recursos de Precisão e Captura de Pontos do Desenho 3.4 | Criando Linhas 151 151 154 156 157 Seção 4 - Criação de Objetos Geométricos 161 Seção 5 - Edição de Objetos Geométrico 5.1 | Selecionando Objetos 5.2 | Modificando Objetos 169 169 171 Seção 6 - Edição de Propriedades do Objeto Geométrico 6.1 | Propriedades dos Objetos 6.2 | Cálculos de Área, Distância, e Listagem de Informações sobre Objetos 6.3 | Dividindo Objetos 185 185 187 190 Seção 7 - Configuração de Camadas/Layers 7.1 | Layers: Camadas de Desenho 193 193 Seção 2 - Configuração e Hachuras e Gradientes 2.1 | Hatch 2.2 | Gradient 217 217 218 Seção 3 - Configuração de Blocos 3.1 | Criação de Bloco com Block 3.2 | Criação de Bloco com Wblock 3.3 | Inserção de Blocos no Desenho ‑ Insert Block 221 221 223 224 Seção 4 - Dimensionamento e Configuração de Cotas Anotativas 4.1 | Objetos Anotativos ou Annotative 4.2 | Dimension Style – Configuração de Cotas 4.3 | Comandos de Dimensionamento 227 227 228 238 Seção 5 - Configuração de Textos e Linhas de Chamada 5.1 | Text Style Settings ‑ Estilo Configurações Texto 5.2 | Multileader Style – Configuração de linha de chamada 255 255 260 Seção 6 - Modos de Visualização para Auxílio do Desenho 6.1 | Viewports 6.2 | Barra View 6.3 | Viewcube 6.4 | 3Dorbit 265 265 266 268 268 Seção 7 - Apresentação e Configurações do Layout de Impressão 7.1 | Mview 271 271 Seção 8 - Configuração de Impressão/Plotagem 8.1 | Introdução à Impressão 8.2 | Plotagem ‑ Estilo Básico de Impressão 8.3 | Plotagem para Gerar Arquivos para Web 8.4 | Finalização 277 277 278 280 280 Apresentação No exercício das engenharias é necessária uma grande dose de criatividade. Neste caso, a criatividade vem junto com a necessidade de informações precisas, embasadas em medidas, cálculos e normas técnicas que deem suporte à tomada de decisões na resolução de problemas. Os profissionais de engenharia, em geral, não são aqueles indivíduos que vão executar pessoalmente, com suas próprias mãos e ferramentas, as obras de construção, fabricar os produtos, nem construir as peças das máquinas. São profissionais que, em colaboração multidisciplinar com vários outros, participam do planejamento e coordenação da execução do ambiente construído, estudam e pesquisam as soluções mais adequadas. Em outras palavras, projetam o que virá a existir, e comunicam as ideias desse futuro imaginado usando para isso uma linguagem gráfica. É disso que trata este livro. Ao longo de quatro unidades, você aprenderá a ler, escrever e expressar ideias nesta interessante linguagem: o desenho técnico. Mais que interessante, ela é fácil e agradável de aprender. Na primeira unidade, Noções Gerais de Desenho Técnico, você aprenderá os fundamentos do trabalho com desenhos técnicos. Conhecerá as origens dessa linguagem e seus elementos essenciais, os tipos de desenhos de um projeto, bem como as principais normas relativas ao desenho técnico que vigoram no Brasil. Você compreenderá o conceito de escala e entenderá a relação desta com o objeto a ser desenhado. Na Unidade 2, que trata especificamente do Desenho Técnico Projetivo, faremos uma revisão dos conceitos de Geometria Plana e lhe apresentaremos os conceitos básicos da Geometria Descritiva. Você conhecerá os instrumentos para desenho técnico e como usá‑los. Ao final da unidade, aprenderá a desenhar tipos diferentes de perspectiva, o que é muito útil para a visualização de suas propostas. Você aprenderá também como planejar e quantificar os desenhos necessários. Daremos a você dicas de produtividade para ganhar velocidade na elaboração dos desenhos técnicos, além de mostrar algumas boas práticas de trabalho nessa área. A terceira unidade deste livro apresenta a você Desenho e Projeto Auxiliados por Computador, com uso de software para CAD (Computer‑Aided Design). O software que será abordado neste curso é o AutoCAD®, da desenvolvedora Autodesk®. Você conhecerá a interface do programa, aprenderá a configurar a tela conforme a sua preferência e iniciará o uso de comandos básicos. Entenderá a importância do trabalho em camadas (layers) e do sistema de coordenadas cartesianas. Veremos também um conjunto maiorde comandos para criação e edição de desenhos mais elaborados, o que inclui textos, símbolos, medidas, mudanças de escala, texturas e outros comandos. Finalmente, na quarta e última unidade, A Representação do Projeto na Prática, você será levado a elaborar o produto final do desenho técnico: as pranchas do projeto. Vai organizar o trabalho no AutoCAD® e saber como definir a folha de papel para os desenhos. Saberá como configurar o trabalho para impressão das cópias físicas em papel (plotagem). Assim como fizemos no final da segunda unidade, vamos também mostrar a você como desenhar em perspectiva, agora no AutoCAD®. Desejamos a você, acadêmico, um período de estudos muito gratificante através desse território de conhecimentos tão interessante, útil e fundamental à profissão como é o desenho técnico. Procure com afinco fazer os exercícios propostos em meio às seções, bem como dedicar‑se aos apresentados ao final de cada unidade. Conte com a ajuda dos professores e tutores. Bom estudo! NOÇÕES GERAIS DE DESENHO TÉCNICO Objetivos de aprendizagem: Esta unidade pretende apresentar a você as noções elementares do desenho técnico, abrangendo um conjunto de conhecimentos amplo, que vai desde a origem desta linguagem até o modo de representação dos objetos em perspectiva. A unidade está dividida em quatro seções, cujo conhecimento é essencial para que você possa avançar para a Unidade 2. Procure fazer os exercícios e consolidar seus conhecimentos desta etapa inicial, pois isso lhe dará maior facilidade quando for estudar e praticar com o AutoCAD®, nas duas unidades finais deste curso. Ananias de Assis Godoy Filho Unidade 1 Nesta seção, você conhecerá a origem do modo como se desenham hoje os projetos, a terminologia utilizada e as normas da ABNT que regulamentam e padronizam todo o trabalho com desenhos técnicos, desde os tamanhos de papéis até as linhas que os formam. Seção 1 | Introdução ao Desenho Técnico, à sua Simbologia e às Normas da ABNT Esta seção vai apresentar a você as escalas de desenho e a relação delas com o objeto que você vai representar. Veremos também como, por que e quando produzir desenhos de detalhes dos objetos. Seção 2 | Escalas para Desenho Técnico Noções Gerais de Desenho Técnico U1 10 Noções Gerais de Desenho Técnico U1 11 Introdução à unidade Você certamente já ouviu alguém dizer que um desenho fala mais que mil palavras. Essa afirmação é especialmente verdadeira para as profissões que lidam com os projetos dos objetos que nos cercam, seja uma geladeira ou um navio, seja um edifício ou um chip de telefone celular. Os artefatos tecnológicos com que lidamos em nosso cotidiano são realidades espaciais complexas. Sua descrição apenas com palavras é impossível. Imagine quantos volumes escritos teriam de ser produzidos para descrever em todos os detalhes um motor de automóvel, por exemplo. Ainda assim não seria possível construí‑lo, pois há muitas coisas que fogem ao poder explicativo das palavras. Uma realidade tridimensional complexa como a do exemplo só pode ser explicada através de outra linguagem, também de natureza espacial, que forneça as informações necessárias através da visão, não apenas por palavras. É por isso que se usam maquetes e desenhos técnicos em todas as áreas do design industrial, das engenharias, arquitetura, cenografia, cinema e outras. O nosso assunto é justamente aprender como uma realidade espacial pode ser usada para explicar outra, ou seja, aprender como os desenhos técnicos no plano do papel, segundo certos métodos e convenções, podem explicar realidades espaciais tridimensionais mais complexas. Noções Gerais de Desenho Técnico U1 12 Noções Gerais de Desenho Técnico U1 13 Seção 1 Introdução ao Desenho Técnico, à sua Simbologia e às Normas da ABNT Introdução à seção Esta seção pretende enriquecer seu conhecimento sobre o desenho técnico, contando um pouco da história dessa técnica. Ela relaciona‑se à necessidade de construção dos novos artefatos da cultura material e tecnológica do Ocidente. Esse processo de busca pela precisão da representação gráfica se intensifica a partir do Renascimento (séculos XIV a XVII), se aperfeiçoa no período do Iluminismo (século XVIII) e se consolida durante a Revolução Industrial (século IXX). Você aprenderá sobre os diferentes tipos de desenhos técnicos e os pontos comuns entre eles. Conhecerá a terminologia utilizada e as normas da ABNT que regulamentam e padronizam todo o trabalho com desenhos técnicos, desde os tamanhos de papéis até as linhas que os formam. Você sabia que a ABNT é o principal, mas não é o único órgão normalizador de produtos e processos no Brasil? Existem muitas outras normas além das que você conhecerá nesta seção. Diversos órgãos federais, estaduais e municipais expedem (i.e., publicam) normas específicas sobre os mais variados temas. Exemplos são as normas de apresentação de projetos para o corpo de Bombeiros, para a Vigilância Sanitária, para as prefeituras. Antes de iniciar a produção de algum desenho técnico, procure se informar do destino do desenho. É sempre mais producente iniciar o desenho já sabendo as normas exigidas! 1.1 ORIGEM DO DESENHO TÉCNICO Tentativas de representar de maneira convincente nas duas dimensões de Noções Gerais de Desenho Técnico U1 14 um plano os objetos no espaço foram feitas durante séculos por pintores e arquitetos interessados em obter um maior realismo de seus trabalhos de pintura ou da representação do projeto de arquitetura. No período do Renascimento, pela necessidade de desenhar com mais exatidão os projetos arquitetônicos grandiosos que seriam propostos na Europa, vários arquitetos debruçaram‑se sobre a tarefa de estabelecer um sistema de representação mais comunicativo e que guardasse maior semelhança com os prédios que imaginavam. Dentre estes, destacou‑se Filippo Brunelleschi (1377‑1446). Arquiteto e engenheiro, foi um dos personagens mais importantes do Renascimento italiano. Ele é mais conhecido pelo desenvolvimento da perspectiva linear e por ter concebido a solução de engenharia para a cúpula da Catedral de Florença, mas suas realizações também incluem outras obras de arquitetura e escultura, engenhos para construção e até mesmo projetos de navios. Seu processo de desenho em perspectiva, ao obter uma representação bidimensional extremamente semelhante à nossa percepção de espaço e distância, foi um avanço considerável para a época. A Figura 1.1 mostra um desenho em perspectiva do interior da igreja Santo Spirito, em Florença, feito por Brunelleschi. Figura 1.1 | Desenho do Interior da igreja Santo Spirito Fonte: Brunelleschi (ca. 1428) Muito do desenvolvimento da perspectiva foi impulsionado por pintores como Giotto (1266‑1337), nos séculos 13 e 14, e Albrecht Dürer (1471‑1528), nos séculos XV e XVI. Este último já concebia uma espécie de sistema de coordenadas para Noções Gerais de Desenho Técnico U1 15 visualização e estudo das proporções precisas de um objeto. Na Figura 1.2, vemos o estudo de proporções de um pé, feito pelo pintor, gravador, estampador e matemático Dürer. Figura 1.2 | Desenho de estudo de proporções do pé utilizando um sistema de projeções ortogonais Fonte: Dürer (1528) A percepção da inerente dificuldade de descrever objetos tridimensionais para fabricação, apenas através de desenhos em planta e perspectivas, foi o que levou o matemático Gaspar Monge, entre 1765 e 1795, a formular os princípios e métodos da Geometria Descritiva, para resolver o problema da representação das fortificações que precisava desenhar. Antes da criação desse método, as representações dos projetos careciam de exatidão matemática. Observe a Figura 1.3, com um desenho feito por Henry Beighton do invento de Thomas Newcomen, que retrata, de modo ainda um pouco impreciso, uma máquina a vapor para bombear água de um poço. Este desenho é de 1717, portanto, anterior ao processo mongeano da Geometria Descritiva. Observeas pequenas indicações de peças e os textos, numa tentativa de descrever um conjunto intricado de peças em um desenho em perspectiva, i.e., com sugestão de volume, profundidade e distância. Noções Gerais de Desenho Técnico U1 16 Figura 1.3 | Gravura da máquina de Newcomen, instalada em Griff, Reino Unido Fonte: Beighton (1717) A formulação da Geometria Descritiva – GD – trouxe um original sistema de projeções, baseado em “raios visuais” que incidem em ângulos retos sobre planos imaginários, além da possibilidade de resolução de problemas matemáticos através de desenhos geométricos. O sistema de representação gráfica inventado por Gaspar Monge foi tão bem‑sucedido que se tornou a base de todos os tipos de desenhos técnicos que se utilizam até hoje e que você vai aprender neste livro. As regras de Monge permitem desenhar um objeto imaginário de tal maneira que ele pode ser fabricado com precisão em 3D. Todos os aspectos geométricos do objeto imaginado são tomados em sua verdadeira grandeza ou reduzidos proporcionalmente segundo um coeficiente (chamado “escala”), e assim ele pode ser desenhado numa superfície bidimensional, visto por vários ângulos. Na segunda metade do século 19, em plena Revolução Industrial, o método já havia se consolidado como o padrão para representar em desenhos os projetos de arquitetura e engenharia civil, projetos de máquinas diversas, represas, usinas, obras de expansão urbana e todo o aparato tecnológico que passou a integrar as cidades desde então. A Figura 1.4 mostra um típico desenho técnico dessa época, que descreve um moedor de café movido a manivela, já desenhado segundo os princípios mongeanos da GD. Noções Gerais de Desenho Técnico U1 17 Figura 1.4 | Moedor de café inventado por Jabez Burns e patenteado em 1881 Fonte: Burns (1881) Com o crescimento do número de especialidades da engenharia e o surgimento de novos tipos de projetos nas mais diferentes áreas, a linguagem do desenho técnico foi se especializando, criando pequenas diferenças de estilo e recursos gráficos, segundo o que era mais prático e fácil de ser aceito pelos projetistas e também pelos destinatários dessa forma de comunicação. É disso que tratará a próxima subseção, quando abordaremos brevemente os tipos de desenho técnico mais frequentes. 1.2 TIPOS DE DESENHO TÉCNICO Durante a Revolução industrial, houve uma multiplicação inédita e acelerada da quantidade e variedade de artefatos produzidos pela indústria. Todos esses objetos, para serem produzidos em série, tiveram de passar por uma fase de projeto, através de desenhos técnicos. A Revolução Industrial refinou ainda mais o campo do desenho técnico. A produção em massa e a terceirização de vários estágios da fabricação criaram a necessidade de adoção de convenções e padrões de comunicação técnica e ilustração que deveriam ser universalmente compreendidos por projetistas de diferentes áreas. Durante este período inicial do desenvolvimento do desenho técnico moderno, ilustradores técnicos e de produtos utilizaram linhas com pesos variáveis para enfatizar massa, proximidade e escala, o que ajudou a tornar o complexo desenho Noções Gerais de Desenho Técnico U1 18 linear mais compreensível para o leigo. Hachuras, pontilhados, tracejados e outras técnicas básicas deram maior profundidade e legibilidade ao desenho. No entanto, o desenho técnico, em grande parte, permaneceu em preto e branco, às vezes usando também "meios‑tons". Paralelamente, convenções e símbolos foram sendo criados de acordo com a necessidade e a conveniência para representar os elementos específicos dos projetos de cada área do design. Assim, surgiram as convenções particulares usadas em projetos de máquinas; em diagramas elétricos; em projetos de estruturas de concreto, que são diferentes dos de estruturas metálicas, por exemplo; as de projetos arquitetônicos e várias outras. Em 1946, logo após a Segunda Guerra Mundial, é fundada em Londres a Organização Internacional para a Padronização (International Organization for Standardization), conhecida como ISO. Atualmente, a sede desta importante organização não governamental fica em Genebra, na Suíça. As normas ISO, grande parte delas de aplicação mundial, têm sido referenciais para muitas das normas adotadas aqui no Brasil pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Os padrões da ISSO (Organização Internacional para Padronização) são referências em muitos países. No Brasil, a ABNT disponibiliza em seu portal http://www.abnt.org.br/ o acesso à coleção de desenho técnico ISSO 128, que servem de base para as normas nacionais. Nesta subseção, vamos apresentar a você alguns exemplos de desenhos técnicos de diferentes tipos, usados em campos diferentes da atividade de projetar. Para iniciar nossa exposição, saiba que os desenhos técnicos classificam‑se em dois grandes grupos: • O desenho técnico projetivo, mais facilmente identificável como desenho técnico, porque retrata objetos concretos. Um desenho de fachada de um prédio é geralmente reconhecível, assim como o de uma máquina, mesmo que não saibamos para que ela serve. Há neles certa semelhança com realidades espaciais que conhecemos. • O desenho não projetivo, que são os gráficos, diagramas, fluxogramas, Noções Gerais de Desenho Técnico U1 19 organogramas, esquemas e outros. Tais desenhos costumam explicar processos, relações entre fatores ou pessoas, e relações entre tempo e realizações, como no caso dos cronogramas, gráficos diversos etc. As figuras 1.1 até 1.4, mostradas anteriormente, são exemplos típicos de desenhos técnicos projetivos. A figura 1.5, a seguir, é um exemplo de desenho técnico não projetivo e mostra o esquema elétrico de um automóvel. Figura 1.5 | Esquema elétrico de um automóvel Fonte: Disponível em: <http://carocha.forumeiros.com/t589-electricidade>. Acesso em: 16 abr. 2015. Noções Gerais de Desenho Técnico U1 20 Figura 1.6 | Detalhe de estrutura de concreto armado, um desenho projetivo bastante esquemático Fonte: Athayde (2012) Não pretendemos aqui fazer uma relação extensa de todos os tipos de desenhos técnicos, mas você pode ver a diferença entre as figuras 1.6 e 1.7, que mostram, respectivamente, um desenho de estruturas de concreto armado e outro de um projeto de um telefone celular, ambos classificados como desenhos projetivos. Noções Gerais de Desenho Técnico U1 21 Figura 1.7 | Desenho em perspectiva "explodida" de um telefone celular. Esquema de montagem Fonte: Dabov et al. (2011) 1.3 TERMINOLOGIA E ELEMENTOS DOS DESENHOS TÉCNICOS Na subseção anterior, você aprendeu que existem diferenças entre os tipos de desenho técnico, geradas há muito tempo pela necessidade e conveniência de representar situações específicas de cada área do design. No entanto, alguns elementos são sempre os mesmos, não importa o tipo de desenho. Nesta subseção, você conhecerá os nomes dos elementos que fazem parte de qualquer desenho Noções Gerais de Desenho Técnico U1 22 Figura 1.8 - Os dez elementos de qualquer prancha de desenho técnico Fonte: O autor (2015) técnico. Procure memorizar os termos, porque eles serão utilizados durante todo o seu estudo neste livro e, é claro, no exercício da profissão de engenheiro(a). Vamos utilizar a figura 1.8 para lhe mostrar como se chamam os elementos que compõem um desenho técnico. Cada número no desenho tem seu significado, que explicaremos logo em seguida. Noções Gerais de Desenho Técnico U1 23 1) Limite do papel – O papel de desenho, i.e., a folha onde o desenho se apresenta é chamado de prancha. Cada folha de desenhos que compõe o projeto é uma prancha. Este nome deriva das antigas pranchas de madeira usadas para se desenhar, antes de existir a fabricação de folhas grandes de papel. Os tamanhos das pranchas de desenho são regulamentados pela norma NBR 10068 da ABNT. Para não haver confusão, a norma estabelece que o termo margem se refere ao espaço entre o limite do papel e o quadro,que varia conforme o tamanho da prancha (ABNT, 1987). 2) Quadro – Limita o espaço disponível na folha para os desenhos. É traçado na prancha com linha mais larga (grossa), para maior destaque. As espessuras das linhas do quadro também são determinadas pela NBR 10068 ABNT. 3) Desenhos – Constituem o assunto da prancha e são chamados individualmente de peças gráficas. Cada desenho é uma peça gráfica, independente do que representa, se uma peça de máquina, se uma planta arquitetônica, um esquema, ou outra. 4) Textos auxiliares aos desenhos – Normalmente, as peças gráficas costumam trazer muitas informações escritas, além das figuras em símbolos ou no carimbo. 5) Cotagem – “Representação gráfica no desenho da característica do elemento, através de linhas, símbolos, notas e valor numérico numa unidade de medida” (ABNT, 1987). São os elementos que expressam as dimensões que deverão ter os elementos do projeto quando realizado. A colocação de cotas nos desenhos é regida pela NBR 10126. 6) Nome de cada desenho – Cada peça gráfica na prancha deve ter um nome, único e expressivo, que não se confunda com outros, facilitando assim a referência a ela. Em geral, logo abaixo do nome do desenho, também chamado título, vem a indicação da escala em que está desenhado. 7) Número do desenho na prancha – É um elemento opcional na maioria dos projetos, mas é obrigatório no caso das pranchas de desenhos arquitetônicos. Veja bem, caro aluno, que a numeração dos desenhos inicia e termina na prancha em que figuram, e não segue por diversas pranchas. Isso facilita muito a referência a eles quando você estiver num contato telefônico, por exemplo. Você poderá dizer à pessoa do outro lado da linha: “Veja na prancha 12 o desenho 5”. Isso simplifica muito a comunicação entre escritório e local da execução, evitando mal‑entendidos. Mas atenção: número de desenho não é número da prancha. 8) Legenda explicativa dos símbolos – Quadro com uma reprodução dos símbolos usados na prancha, nas diversas peças gráficas, seguido de sua explicação. É um elemento de suma importância, principalmente quando houver necessidade de criação de algum símbolo fora das normas usuais. Atenção! Pesquise e conheça as normas técnicas e os símbolos já existentes. Eles dão conta da vasta maioria das situações, e quase sempre haverá um que vai suprir a sua necessidade. Em outras palavras, somente crie símbolos fora de padrão se houver realmente Noções Gerais de Desenho Técnico U1 24 necessidade. E, neste caso, a legenda é indispensável. 9) Carimbo – Também chamado de selo ou legenda. Tem esse nome porque antigamente era usado um carimbo mesmo, de grande formato, desses de madeira e borracha, para carimbar essa área da prancha. O carimbo normalmente é um retângulo de dimensões variáveis, posicionado sempre no canto inferior direito da prancha. É um elemento obrigatório em toda folha de desenhos técnicos, e nele se escrevem todas as informações relevantes, como: assunto da prancha, nome do contratante, nome e logotipo da empresa de engenharia, endereços, telefones, escala, data, número da revisão, se houver, número daquela prancha dentro do conjunto de pranchas, nomes dos responsáveis pelo serviço, tanto de projeto, como do desenho, campo para assinatura do revisor e outras. É praxe cada empresa ter um design de carimbo, de acordo com o tipo de trabalho que realiza e as informações que lhe são relevantes. 10) Nomes: Cliente, projetista e revisor final – Toda prancha de desenho técnico precisa passar por uma revisão, antes de ser considerada finalizada para entrega aos destinatários. Como praxe, é recomendável que outro projetista revise seu trabalho. No carimbo também consta o nome do cliente que está encomendando o trabalho e o nome do projeto ou empreendimento. O nome dos responsáveis é de grande importância. 1.4 PADRONIZAÇÃO DO DESENHO (NORMAS ABNT) Na subseção 1.2, você ficou sabendo que o desenho técnico, embora tenha mantido determinadas características comuns a todas as áreas do design, foram apresentadas algumas variações ao longo de seu desenvolvimento histórico, como consequência da necessidade de adaptações para dar conta de situações específicas de representação. No Brasil não foi diferente, por isso a Associação Brasileira de Normas Técnicas formou comitês para estudar o desenho técnico que se fazia no país e prover sua normalização. As normas que vamos apresentar brevemente a você são as mais importantes que dizem respeito ao desenho técnico: • NBR 10647 – Desenho técnico – Terminologia. Apresenta as definições exatas de termos e expressões como “croqui”, “desenho preliminar”, “desenho de detalhe” e outros. • NBR 10067 – Princípios gerais de representação em desenho técnico – É a norma‑matriz, a mais importante de todas. Você deve conhecê‑la completamente porque é a mais abrangente. • NBR 10068 – Folha de desenho – Leiaute e dimensões – Como já vimos, trata das folhas de desenho, margens e outros elementos da prancha. • NBR 10582 – Apresentação da folha para desenho técnico – Trata de itens Noções Gerais de Desenho Técnico U1 25 relativos à colocação do carimbo, posição das faixas para textos informativos, tábuas de revisão e outros elementos. • NBR 13142 – Desenho técnico - Dobramento de cópia – Estabelece a maneira correta de dobrar as pranchas físicas de modo a acomodá‑las em pastas. • NBR 8402 – Execução de caractere para escrita em desenho técnico – Disciplina o modo de escrita nas pranchas de desenho técnico. Esta norma está praticamente em desuso, uma vez que o desenho técnico executado à mão tende ao desaparecimento e que os softwares de desenho já possuem fontes ISO, como as recomendadas pela norma. No entanto, há uma parte relativa às alturas e espacejamentos recomendados que é de grande utilidade. • NBR 8403 – Aplicação de linhas em desenhos – Tipos de linhas – Larguras das linhas ‑ Fixa tipos e o escalonamento de larguras de linhas para uso em desenhos técnicos e documentos semelhantes. É de grande utilidade e deve ser seguida para um melhor resultado visual e de legibilidade do desenho. • NBR 8196 – Desenho técnico – Emprego de escalas – Outra norma de grande importância para o desenho. Conheç a‑a totalmente. • NBR 12298 – Representação de área de corte por meio de hachuras em desenho técnico – Uma norma que esclarece muitas dúvidas que surgem quando se inicia no campo do desenho técnico. É de consulta obrigatória. As hachuras acrescentam qualidade e legibilidade ao desenho, por isso conhecer seu emprego é essencial. • NBR10126 – Cotagem em desenho técnico – Sem dúvida, uma das normas mais importantes e úteis para o trabalho com desenhos técnicos. Este documento é cheio de exemplos e desenhos, e também traz explicações diversas que guardam estreita relação com a fabricação dos artefatos que projetamos. Conheça esta norma e estude cada mínimo detalhe dela. • NBR8404 – Indicação do estado de superfície em desenhos técnicos – Uma norma específica para o desenho de peças metálicas a serem usinadas. Conheça e estude bem esta norma, pois muitos projetos de máquinas e equipamentos com que você terá contato trarão essas convenções gráficas. • NBR 6158 – Sistema de tolerâncias e ajustes – É a norma que fixa o conjunto de princípios, regras e tabelas que se aplicam à tecnologia mecânica, a fim de permitir escolha racional de tolerâncias e ajustes, visando à fabricação de peças intercambiáveis. Seu conhecimento é essencial no design e produção de peças mecânicas. • NBR 8993 – Representação convencional de partes roscadas em desenho técnico – Norma que determina as condições exigíveis do método de representação convencional simplificada de partes roscadas em desenho Noções Gerais de Desenho Técnico U1 26 técnico. O conhecimento desta norma vai ajudar você a desenhar de maneira correta e simplificada as partes das peças que têm roscas, eliminando muito trabalho desnecessário de detalhamento gráfico. • NBR 13273 – Desenhotécnico – Referência a itens – Esta norma fixa as condições exigíveis para a referência a itens em desenho técnico. É a norma que define como fazer indicações nos desenhos, chamadas para textos auxiliares, numeração de itens e referenciamento dos mesmos a tabelas de componentes e outras situações. Assim, caro estudante, cabe a você estudar estas normas técnicas e definir aquelas que mais se adequam ao trabalho que terá nas mãos quando necessitar produzir ou interpretar desenhos técnicos projetivos. Vale lembrar que existem duas outras normas de desenho técnico específicas para o trabalho com projetos arquitetônicos: a NBR 13532, que fixa as condições exigíveis para a elaboração de projetos de arquitetura para a construção de edificações e a NBR 6492, para representação gráfica de projetos de arquitetura. No final da Unidade 2, veremos a aplicabilidade dessas normas e comentaremos suas particularidades. Pelo momento, vamos apresentar a você as folhas padronizadas de desenho técnico, conforme as NBR 10068 e 10582. As folhas que usamos em desenho técnico são as da chamada “”série A”. Esta série de tamanhos de papel deriva do tamanho básico de uma folha de papel retangular, com área de 1 m² (um metro quadrado) que tem a propriedade de um lado ser sempre e o outro . Veja a Figura 1.9 abaixo e isto ficará mais compreensível. As medidas estão em mm. Figura 1.9 | Origem dos formatos da série A Fonte: Athayde (2012) Noções Gerais de Desenho Técnico U1 27 Portanto, parte‑se de um quadrado de lado = . Traça‑se a diagonal e rebate‑se ela obre a reta horizontal, dando origem a um segmento Y de comprimento = . Resolvendo‑se a equação, para uma área de 1 m², chega‑se aos resultados de lados X = 841 mm e Y = 1189 mm. Se você converter as medidas em milímetros para metros, e multiplicar uma pela outra, ou seja: 1,189 m x 0,841 m, achará um resultado = 0,9999 m²; ou seja, 1 m² para todos os efeitos práticos. Os demais formatos da série “A” derivam de subdivisões dessa prancha, sempre pelo meio do formato que resultar. Veja a figura 1.10, adiante, retirada da NBR 10068: Figura 1.10 | Subdivisão do formato A0 em formatos menores Fonte: ABNT (1987) Uma característica interessante dos formatos da série “A” é a semelhança geométrica de proporções entre os tamanhos de papel, como se pode ver na Figura 1.11: Noções Gerais de Desenho Técnico U1 28 Figura 1.11 | Semelhança geométrica dos formatos da série "A" Fonte: ABNT (1987) Então, temos a Tabela 1.1 – Formatos da série “A” –, com as dimensões em milímetros das pranchas que você utilizará, conforme a NBR 10068: Tabela 1.1 | Formatos da série "A" Designação Dimensões A0 841 x 1189 A1 594 x 841 A2 420 x 594 A3 297 x 420 A4 210 x 297 Fonte: ABNT (1987) As folhas de desenho, como vimos na Figura 1.8, devem possuir uma margem, que é o espaço entre o limite do papel e o quadro, desenhado com uma linha mais larga. Veja a figura 1.12: Figura 1.12 | Margem da folha de desenho Fonte: ABNT (1987) Noções Gerais de Desenho Técnico U1 29 A norma NBR 10068 estabelece as distâncias das margens das folhas de desenho, bem como as larguras das linhas, com base na NBR 8403. São estas que você deve usar para traçar o quadro, caso não utilize folhas com o quadro pré‑impresso. Veja, a seguir, a Tabela 1.2, que consta na NBR 10068: Tabela 1.2 | Largura das linhas e das margens Fonte: ABNT (1987) Formato Margem Largura da linha do quadro, conforme a NBR 8403 Esquerda Direita A0 25 10 1,4 A1 25 10 1,0 A2 25 7 0,7 A3 25 7 0,5 A4 25 7 0,5 Repare que a tabela aqui reproduzida fielmente da NBR 10068 não menciona a dimensão das margens superior e inferior, somente a esquerda e a direita. Diante dessa omissão da norma, a praxe profissional consagrou o uso da mesma distância da margem direita, ou seja, 10 ou 7 mm para as margens superior e inferior, conforme o tamanho da prancha. Quanto ao carimbo ou legenda, há também recomendações importantes. Segundo a NBR 10068, a posição do carimbo deve estar dentro do quadro para desenho de tal forma que contenha a identificação do desenho (número de registro, título, origem etc.). Deve também estar situado no canto inferior direito, tanto nas folhas posicionadas horizontalmente (ver Figura 1.13) como verticalmente (ver Figura 1.14). Figura 1.13 | Prancha na horizontal e carimbo Figura 1.14 | Prancha na vertical e carimbo Fonte: ABNT (1987) Noções Gerais de Desenho Técnico U1 30 Existem alguns casos excepcionais em que os formatos normalizados não darão conta da representação do projeto. Nesses casos, você poderá propor um formato de papel diferente, desde que ele siga algumas condições estabelecidas no item 3.1.3 da NBR 10068. Recomenda‑se que a escolha dos formatos especiais seja de tal maneira que a largura ou o comprimento corresponda ao múltiplo ou submúltiplo de um dos formatos normalizados. Vale ainda chamar a atenção para o fato de que nas dimensões das folhas pré‑impressas, enquanto não recortadas, deve haver um excesso de 10 mm de papel sobrando nos quatro lados, além da linha que define o formato. A Figura 1.15 esclarece este quesito: Figura 1.15 | Excesso de papel nas pranchas com quadro pré-impresso, segundo a NBR 10068 Fonte: O autor (2015) Uma vez finalizado o desenho, são tiradas as cópias necessárias e guarda‑se o original em local livre de umidade, onde possa caber sem necessidade de dobramento, numa mapoteca, por exemplo. As cópias, porém, serão acomodadas em pastas práticas de se transportar para a oficina ou a obra, sendo de fácil arquivamento e classificação. Para isso, devem ser dobradas até o formato A4, segundo certos procedimentos. Existe uma norma técnica específica para isso, a NBR 13142, cujos pontos principais apresentaremos a você agora. Observe as figuras 1.16 a 1.19, retiradas dessa norma. Você deve memorizar as distâncias e posições das dobras, e sempre efetuar primeiro as verticais, depois as horizontais, como nas pranchas A0, A1 e A2. É evidente que a prancha A3, por já ter a altura de 297 mm, não sofre dobra horizontal; e a prancha A4 já está no tamanho conveniente para arquivamento e transporte, portanto não sofre dobra alguma. Noções Gerais de Desenho Técnico U1 31 Figura 1.16 | Esquema de dobramento da prancha A0 Fonte: ABNT (1999) Figura 1.17 | Esquema de dobrmento da prancha A1 Fonte: ABNT (1999) Noções Gerais de Desenho Técnico U1 32 Figura 1.18 | Esquema de dobramento da prancha A2 Fonte: ABNT (1999) Figura 1.19 | Esquema de dobramento da prancha A3 Fonte: ABNT (1999) Você já viu nesta seção que os desenhos técnicos são produtos gráficos altamente normalizados. Ao longo da próxima seção vamos mostrar a você os fundamentos da prática com desenhos técnicos, de modo a capacitá‑lo a produzir as peças gráficas necessárias para o seu trabalho. Para tanto, iniciamos com o conceito de escala, fundamental para a produção das peças gráficas que comporão suas pranchas. Noções Gerais de Desenho Técnico U1 33 1. Dentre os produtos gráficos relacionados abaixo, marque com “P” os desenhos técnicos projetivos e com “NP” os desenhos técnicos não projetivos. 1. [______] — Desenho técnico, em escala, com peças gráficas descritivas de uma máquina, em que figuram as suas partes e detalhes. 2. [______] — Projeto de arquitetura de uma casa de máquinas, feito em escala, com planta, cortes e fachada. 3. [______] — Perspectiva cônica com aparência realista, para venda de unidades de um empreendimento imobiliário. 4. [______]— Fluxograma do processo de produção de derivados da nafta. 5. [______] — Organograma de uma empresa, esclarecendo relações de hierarquia, controle e interdependência dos cargos e funções. 2. Quanto à necessidade de normalização dos desenhos técnicos, é correto afirmar: 1. Desenhos técnicos normalizados devem ser apresentados apenas quando o contratante exige. 2. A experiência do projetista é o fator mais importante na elaboração do desenho técnico,deixando assim grande liberdade de expressão gráfica, de acordo com os critérios dele. 3. As normas da ABNT são totalmente abrangentes, o que dispensa e proíbe a criação de símbolos e legendas específicas. 4. As normas da ABNT cobrem uma vasta gama de situações de desenho técnico e, por isso, devem ser obedecidas. No entanto, há algumas situações de representação em que se admite a criação de símbolos específicos, que sempre deverão ser explicados em uma legenda própria. 5. As normas da ABNT são as únicas aceitáveis para elaboração de desenhos técnicos, dispensadas quaisquer outras. Noções Gerais de Desenho Técnico U1 34 Ao longo desta seção, você aprendeu que as normas da ABNT são de cumprimento obrigatório em praticamente todos os campos da Engenharia. Atualmente, mesmo não sendo produzidas por algum ente público (União, estados ou municípios), e sim por uma organização não governamental, elas têm ganho uma importância e uma força que se equipara à das leis. Talvez, por isso, muitos não se conformam em pagar para ter acesso às normas técnicas, ao contrário das leis, que são públicas e de acesso gratuito. Mas, pense bem: não é melhor pagar pelas normas, para que a ABNT continue sendo uma organização não governamental (e, portanto, independente), do que ela ser um órgão estatal, sujeito a todo tipo de influência de políticos e de grandes interesses econômicos? Noções Gerais de Desenho Técnico U1 35 Seção 2 Escalas para Desenho Técnico Introdução à seção Esta seção vai mostrar a você o que se entende por escala e a importância de saber trabalhar adequadamente com elas. Verá que existem normas para a aplicação das escalas em desenho técnico e compreenderá a relação da escala com a representação dos objetos no espaço do papel. Mostraremos a você alguns critérios importantes para decidir o que deve ser detalhado e quando usamos o recurso de detalhamento. Uma boa maneira de ganhar prática com o uso das diversas escalas é observar atentamente desenhos técnicos produzidos por boas empresas de projetos. Você verá que existe uma relação muito clara entre o que se pretende representar e a escala adequada. Como nem sempre é fácil obter desenhos das empresas, pois eles fazem parte do patrimônio intelectual dessas, procure estagiar em empresas de renome e elevada capacidade técnica, que produzem esses desenhos, e observe as opções de escalas que os projetistas experientes fazem no momento em que precisam desenhar! 2.1 CONCEITO DE ESCALA — ESCALAS MÉTRICAS NORMALIZADAS Imagine uma folha de papel tamanho A3. Ela mede 42 cm de largura na base por 29,7 cm de altura. Imagine ainda que você precisa desenhar nessa folha uma pequena peça de uma máquina, usando para isso três peças gráficas: uma vista de frente, uma vista de cima e uma vista pelo lado esquerdo. E imagine também que essa peça, por suas medidas, poderia caber numa caixa de 17 cm de comprimento, por 10 cm de largura, por 5 cm de altura. A Figura 1.20 mostra um exemplo fictício de uma peça com essas características. Noções Gerais de Desenho Técnico U1 36 Figura 1.20 | Exemplo de uma peça e sua caixa Fonte: O autor (2015) Dadas tais características e dimensões, seria possível desenhar esta peça com suas reais medidas na folha de papel. A prancha de desenho teria possivelmente este aspecto, mostrado na Figura 1.21: Figura 1.21 | Desenhos da peça na prancha A3 Fonte: O autor (2015) Como todas as dimensões da peça são bem menores do que a folha de papel, não haveria dificuldade em desenhá‑la com seu tamanho real. Mas, e se a peça fosse muito maior do que esta folha de nosso exemplo? Só haveria uma maneira de desenhar a peça: você teria de “reduzir” todas as medidas da peça, de acordo com uma determinada proporção. Assim, talvez você tivesse que reduzir tudo até a metade do tamanho, ou mesmo à quinta parte desse tamanho para os desenhos caberem na folha. Mas, e se o objeto a ser descrito em desenhos fosse, ao contrário, muito pequeno? Você teria de desenhá‑lo maior para poder mostrá‑lo com todos os minúsculos detalhes. Noções Gerais de Desenho Técnico U1 37 Aquilo a que chamamos escala, em desenho técnico, é exatamente essa proporção determinada que usamos para reduzir ou ampliar proporcionalmente a representação de um objeto no desenho. A escala é sempre expressa como uma divisão, ou uma fração. Como expressamos, por exemplo, a metade de uma dúzia? Não podemos escrever “½ dúzia”? Seria o mesmo se escrevêssemos dúzia, não é? A fração poderia também ser escrita com dois pontos, assim: “1:2”, e estaria correto também. As escalas que você usará em desenho técnico expressam justamente o quanto você está reduzindo proporcionalmente (=dividindo) as medidas, ou o quanto você está ampliando proporcionalmente (=multiplicando) as medidas para tornar viável o desenho no papel que está usando. Segundo a NBR 8196: A escala a ser escolhida para um desenho depende da complexidade do objeto ou elemento a ser representado e da finalidade da representação. Em todos os casos, a escala selecionada deve ser suficiente para permitir uma interpretação fácil e clara da informação representada. A escala e o tamanho do objeto ou elemento em questão são parâmetros para a escolha do formato da folha de desenho (ABNT, 1999, p. 2, grifo nosso). Assim sendo, compreendemos que conhecer as escalas usuais de desenho técnico é um requisito essencial para o projetista, pois elas se relacionam com a legibilidade dos desenhos e nos ajudam a definir o tamanho da folha necessária para o trabalho. Quanto à designação da escala do desenho na prancha, a norma recomenda a escrita da palavra “ESCALA”, seguida da indicação se é de ampliação ou redução. A norma admite também o uso da abreviatura “ESC.”, quando em referência à Escala. Quanto ao sinal de divisão, a norma determina o uso de dois pontos, e não de “ / ” (barra) ou como fração. Em resumo, você deve escrever em seus desenhos técnicos: • ESCALA 1:1 para a escala natural. No caso do desenho da peça fictícia que mencionamos no início desta seção, a escala usada foi 1:1, pois caberia na prancha A3 (Figura 1.21). • ESCALA X:1 para escalas de ampliação (X > 1). Noções Gerais de Desenho Técnico U1 38 • ESCALA 1:X para escalas de redução (X < 1). Os valores de X são os da Tabela 1.3, extraída da norma técnica: Tabela 1.3 | Escalas, segundo a NBR 8196 ABNT Fonte: Adaptada de ABNT (1999, p. 2) Redução Natural Ampliação 1:2 1:1 2:1 1:5 5:1 1:10 10:1 NOTA ‑ As escalas desta tabela podem ser reduzidas ou ampliadas à razão de 10. Quando a norma diz que as escalas podem ser reduzidas ou ampliadas à razão de 10, expressa com isso a ideia de que a escala de máxima redução seria 1:100 (lê‑se: “um para cem”), e a de máxima ampliação seria de 100:1 (lê‑se: “cem para um”). Escalas intermediárias de redução seriam, nesse caso, 1:20 (“um para vinte”) e 1:50 (“um para cinquenta”); e as de ampliação seriam 20:1 (“vinte para um”) e 50:1 (“cinquenta para um”). Portanto, podemos resumir esse conhecimento numa tabela, onde agrupamos as escalas, de acordo com o que acabamos de concluir. Veja a Tabela 1.4: Tabela 1.4 | Escalas de desenho admitidas pela NBR 8196 Redução Ampliação 1:2 2:1 1:5 5:1 1:10 10:1 1:20 20:1 1:50 50:1 1:100 100:1 Fonte: O autor (2015) O instrumento de desenho que você vai usar para marcar ou ler os tamanhos em escala no papel é o escalímetro. Existem de vários tipos, com diferentes conjuntos de escalas, para diferentes tipos de desenhos. O escalímetro mais usual Noções Gerais de Desenho Técnico U1 39 é uma régua de perfil triangular, com seis escalas métricas diferentes, como os mostrados na Figura 1.22: Figura 1.22 | Escalímetros triangulares de 15 e 30 cm de comprimento Fonte: Disponível em: <http://www.trident.com.br/produto_conteudo.php?prod=130>. Acesso em : 17 abr. 2015. Os escalímetros que usaremos em nossos exercícios de desenho técnico trazem as escalas 1:20, 1:25, 1:50, 1:75,1:100 e 1:125. Reparou que a NBR 8196 não admite as escalas 1:25, 1:75 e 1:125? No entanto, essas são escalas bastante utilizadas em projetos arquitetônicos. Essa é uma das diferenças entre os vários tipos de desenhos técnicos que foram se consolidando ao longo do tempo, motivadas por especificidades de cada área, como vimos na Seção 1. Reparou também que o escalímetro não traz as escalas 1:2, 1:5 e 1:10? Porém, essas escalas podem ser obtidas facilmente, a partir das escalas 1:20, 1:50 e 1:100, bastando para isso “andar com a vírgula” uma casa decimal para a esquerda. Para que fique mais claro, primeiro vamos mostrar a você como efetuar leituras no escalímetro. Veja a Figura 1.23. Neste exemplo, o escalímetro está na posição de uso da escala 1:50. Nessa escala, a distância entre o 0 (zero) e o 1 (um) representa 1,00 m (um metro). Figura 1.23 - Leitura de 1,00 m na escala 1:50 Fonte: O autor (2015) Noções Gerais de Desenho Técnico U1 40 Observe agora as subdivisões de 1,00 m (um metro) nessa escala. Note que o espaço entre o “0” e o “1” mostra subdivisões feitas com traços verticais de quatro comprimentos diferentes: os maiores indicam as unidades (números inteiros), e tem abaixo deles os numerais “1”, “2”, “3” e assim por diante. O segundo mais longo, sem numeral abaixo, está posicionado bem no centro do espaço entre o “0” e o “1”, e indica 0,50 m (meio metro). Em seguida, temos os traços de comprimento um pouco menor, que formam dez intervalos entre o “0” e o “1”, cada um desses intervalos valendo do metro, ou seja, 0,10 m. Finalmente, você pode observar traços bem curtos, no meio dos intervalos definidos pelos anteriores. Essas subdivisões valem do metro, ou 0,05 m. Então, veja a Figura 1.24, a seguir, e confira em seu próprio escalímetro essas medidas. Figura 1.24 | Subdivisões da escala 1:50 Fonte: O autor (2015) Vamos retomar, então, o que dissemos sobre as escalas 1:2, 1:5 e 1:10: Para efetuar leituras nessas escalas, é só “andar com a vírgula” uma casa decimal para a esquerda, e imaginar que existe um “0,” (zero vírgula) antes do numeral que indica a leitura. Veja a Figura 1.25 e as indicações que fizemos. Figura 1.25 | Leitura de 0,1 m na escala 1:5, baseada na escala 1:50 Fonte: O autor (2015) Noções Gerais de Desenho Técnico U1 41 Seguindo, então, este raciocínio, e imaginando os zeros e vírgulas, veja na Figura 1.26 como ficaria a leitura das subdivisões entre unidades na escala 1:5: Figura 1.26 | Leitura das subdivisões entre unidades na escala 1:5 Fonte: O autor (2015) Tomemos como exemplo uma marcação de 1,25 m na escala 1:50, e vejamos o quanto a mesma distância significa na escala 1:5. Observe a Figura 1.27: Figura 1.27 | Marcação de 1,25 m na escala 1:50 Fonte: O autor (2015) Agora, veja quanto essa mesma distância significa na escala 1:5. A Figura 1.28 mostra os zeros e vírgulas imaginários, acrescentados por nossa mente, quando se “anda com a vírgula” uma casa decimal para a esquerda: Noções Gerais de Desenho Técnico U1 42 Figura 1.28 | Significado da mesma distância, quando lida na esc. 1:5 Fonte: O autor (2015) Penso que já está ficando mais clara para você a questão das escalas de representação. Para ampliar e reforçar seu aprendizado, vamos agora conhecer as escalas 1:20 e 1:100, bem como suas subdivisões. Veja as Figuras 1.29 e 1.31 e tire você mesmo suas conclusões. Figura 1.29 | Escala 1:20 e suas subdivisões Fonte: O autor (2015) Vejamos então como se apresenta a medida de 1,25 m na escala 1:20. Repare que a leitura da extremidade direita da distância não é feita sobre um traço, e sim apenas aproximada, sendo lida entre dois traços de distâncias 1,24 m e 1,26 m. Veja a Figura 1.30 e confira em seu próprio escalímetro. Noções Gerais de Desenho Técnico U1 43 Figura 1.30 | Leitura de 1,25 m na escala 1:20 Fonte: O autor (2015) Antes de finalizar esta subseção, vamos conhecer a escala 1:100 e suas subdivisões. Vamos, também, um pouco mais adiante, ver uma comparação entre as escalas gráficas e uma régua comum em centímetros. Veja a Figura 1.31: Figura 1.31 | Escala 1:100 e suas subdivisões Fonte: O autor (2015) Você pode aprender um pouco mais sobre a relação entre as escalas gráficas comparando a distância equivalente a uma unidade numa dada escala e o comprimento no papel, medido com uma régua comum graduada em centímetros (cm). Observe as figuras 1.32, 1.33 e 1.34, nas quais comparamos o comprimento de 1,00 m nas escalas 1:20, 1:50 e 1:100 com a régua comum. Noções Gerais de Desenho Técnico U1 44 Figura 1.32 | Comparação entre 1,00 m na escala 1:20 e o comprimento em cm numa régua comum Fonte: O autor (2015) Veja que uma distância de 1,00 m lida na escala 1:20 corresponde a um comprimento de 5 cm no papel. Nada mais lógico, não? Afinal a expressão 1:20 pode ser escrita 1/20, como vimos, como se fosse uma fração, ou seja: . Ora, quanto vale, em cm, de 1,00 m? Lembre‑se de que 1,00 m = 100 cm, portanto = 5 cm! Então, sabendo disso, você pode considerar que, para cada metro representado na escala 1:20, você vai precisar de 5 cm de comprimento real no papel. Vejamos como fica a correspondência entre 1,00 m na escala 1:50 e o comprimento medido no papel. A Figura 1.33 esclarece: Figura 1.33 | Comparação entre 1,00 m na escala 1:50 e o comprimento em cm numa régua comum Fonte: O autor (2015) A mesma lógica matemática do exemplo anterior pode ser usada no exemplo acima. Em um desenho na escala 1:50 os comprimentos que você vai marcar Noções Gerais de Desenho Técnico U1 45 no papel valem do tamanho no objeto projetado (imaginado na realidade, ou mesmo medido, se existente). Assim sendo, quanto vale de 1,00 m (=100 cm), medido em cm no papel? Vale 2 cm, exatamente o comprimento lido no escalímetro. Então, para finalizar esta subseção, vejamos quanto vale 1,00 m na escala 1:100, e o que podemos fazer com esse conhecimento. A Figura 1.34 nos mostra claramente a semelhança entre a escala 1:100 e uma régua comum graduada em centímetros. Figura 1.34 | Comparação entre leituras na escala 1:50 e o comprimento em cm numa régua comum Fonte: O autor (2015) Pelo mesmo raciocínio dos exemplos anteriores, ficamos sabendo que 1,00 m na escala 1:100 é marcado ou lido nos desenhos como um comprimento de 1 cm no papel. Então, constatamos que existe uma correspondência perfeita de proporções entre a escala 1:100 e os tamanhos reais medidos em centímetros ou milímetros, caso se use também as subdivisões dessa escala. Portanto, caro estudante, quando precisar desenhar algum objeto na escala 1:1, ou seja, com suas dimensões reais (diz‑se: desenho em “escala natural”, ou “tamanho real”, ou “verdadeira grandeza” e outras expressões sinônimas), esta é a escala que usará. A partir do que explicamos a você nesta subseção, tente marcar distâncias também nas escalas 1:10 e 1:2. Use aquele artifício de imaginar que você está “andando com a vírgula” uma casa decimal à esquerda, para que as unidades medidas em seu projeto, nas escalas 1:2, 1:5 e 1:10 (derivadas de 1:20, 1:50 e 1:100) correspondam precisamente ao que deseja desenhar. 2.2 RELAÇÃO DA ESCALA COM A REPRESENTAÇÃO Nesta subseção, você aprenderá que existe uma importante relação entre as Noções Gerais de Desenho Técnico U1 46 escalas usadas em desenho técnico e o modo de representação dos objetos. Este tópico, embora bastante breve e objetivo, acrescenta ao seu aprendizado as noções necessárias para saber escolher qual escala usar para representar os componentes de seu projeto. Estude‑a com atenção, pois voltaremos a falar do assunto com mais profundidade e enfoque prático na subseção 3 da próxima unidade. A NBR 8196, vista na subseção anterior desta unidade, esclarece que a escolha da escala a ser usada para um desenho depende da complexidade do objeto ou elemento a ser representado e da finalidade da representação. A escala selecionada deve ser suficiente para permitir uma interpretação fácile clara da informação representada. A escolha da escala vai influenciar diretamente o tamanho da representação no papel, por isso a escala e o tamanho do objeto ou elemento em questão servem de parâmetros para escolher o formato normalizado necessário. Na subseção anterior, vimos também como a escala influencia o tamanho da peça gráfica. No exemplo da escala 1:20, você pôde verificar que para cada metro desenhado na escala seriam necessários 5 cm de papel. Mas um desenho técnico não tem apenas as peças gráficas, ou seja, a prancha não contém apenas desenhos. Vimos isso quando falamos dos dez elementos comuns a toda prancha (Figura 1.8). Vamos agora mostrar a você como usar esse conhecimento para definir a escala de representação dos componentes do projeto. Os critérios constantes no Quadro 1.1 lhe ajudarão nessa tarefa. Quadro 1.1 | Escalas e usos recomendados Fonte: O autor (2015) Escala Recomendação de uso 100:1 Escalas de ampliação para desenho descritivo e de detalhamento de peças mecânicas muito reduzidas e desenho de componentes em microeletrônica com alto grau de detalhe. 50:1 20:1 10:1 Escalas de ampliação usuais, para desenho descritivo e de detalhamento de pequenas peças mecânicas ou elétricas, com elevado grau de detalhe. 5:1 2:1 1:1 Escala frequentemente usada em desenho técnico geral, para peças com dimensões tais que sua representação em escala natural caiba nos formatos da série A, do A0 ao A4. 1:2 Escalas de redução de uso geral e muito frequente para desenho mecânico, detalhamento de mobiliário e equipamentos em geral.1:5 1:10 1:20 Desenho técnico de conjuntos mecânicos maiores, maquinário de porte grande, desenhos para construção civil e arquitetura, plantas industriais, locação de equipamentos em linhas de produção, desenhos abrangentes e de conjunto. 1:50 1:100 Noções Gerais de Desenho Técnico U1 47 As recomendações dadas neste quadro não são rígidas. Podem servir a você como uma primeira referência. Elas admitem, claro, variações. Existe uma infinidade de projetos diferentes, contextos de projeto diversos. E existe a inovação, as ideias inéditas, que às vezes vão requerer do projetista imaginação e um forte conhecimento das normas técnicas, para dar conta de situações especiais de representação. Para finalizar o estudo desta subseção e da Unidade 1, mostraremos agora a você alguns exemplos de objetos reais, analisando‑os segundo os critérios do Quadro 1.1. Veja as figuras e leia os comentários. Fazendo isso, você terá uma ideia bastante aproximada de como deverá escolher as escalas em função das características dos objetos (em processo de projeto ou existentes). Figura 1.35 | Disco de embreagem de automóvel Fonte: Disponível em: <http://www.widmen.com.br/dicasautomotivas/a/admin/>. Acesso em: 17 abr. 2015. Esta é uma peça que por suas pequenas dimensões e certo grau de detalhes, poderia ser desenhada em escala 1:1, isto é, na escala natural. Veja na foto a relação do tamanho da peça com a mão humana e terá uma noção aproximada das proporções. Noções Gerais de Desenho Técnico U1 48 Figura 1.36 | Bloco de motor de um caminhão Fonte: Disponível em: <http://www.carrosinfoco.com.br/carros/2013/ /principio-e- funcionamento-do-motor-de-um-carro/>. Acesso em: 17 abr. 2015. Neste outro exemplo, as dimensões da peça são grandes, e o desenho poderia ser com a metade do tamanho, ou seja: na escala 1:2. Figura 1.37 | Conjunto gerador a diesel em uma indústria Fonte: Disponível em: <http://www.aecweb.com.br/tematico/img_figu/img-1- 508$$3629.jpg>. Acesso em: 17 abr. 2015. O conjunto gerador mostrado na Figura 1.37 é um artefato que gera uma grande quantidade de desenhos, em várias escalas. Um desenho capaz de abranger o conjunto inteiro, no entanto, poderia ser desenhado em escala 1:10, por exemplo, ou mesmo 1:20, a depender da finalidade do desenho. Noções Gerais de Desenho Técnico U1 49 Figura 1.38 | Pendrive e seus elementos internos Fonte: Disponível em: <http://whiteangel89.altervista.org/immagi.html>. Acesso em: 17 abr. 2015. Um dispositivo de armazenamento de dados, como o pendrive da Figura 1.38, para ser desenhado, vai requerer uma escala de ampliação, de 5:1 ou 10:1. Caro estudante, esperamos que esta unidade de estudo tenha contribuído para lhe dar uma boa noção desse campo de conhecimentos que é o desenho técnico. Procure, em seu dia a dia, ser observador, buscando nas formas e estruturas dos artefatos que nos rodeiam, suas geometrias ocultas, seu aspecto construtivo e de funcionamento. Na próxima unidade, você vai aprofundar seus conhecimentos e aprenderá mais sobre o desenho técnico, porém com um foco mais voltado à produção das pranchas. Vamos explorar o desenho técnico projetivo e mais uma vez abordar as normas técnicas. Bom estudo! 1. A NBR 8196 ABNT trata das escalas admitidas em desenho técnico, bem como da possibilidade de elas poderem ser reduzidas ou ampliadas à razão de 10 vezes. Dentre as alternativas a seguir, qual apresenta apenas escalas admitidas por essa norma? 1. 1:10; 1: 100 e 1:125. 2. 1:50; 1:5 e 10:1. 3. 2:1; 5:1 e 1:500. Noções Gerais de Desenho Técnico U1 50 4. 1:1; 2:1; 1:125 5. 1:10; 1:20; 1:75 2. Uma reta de comprimento igual a 2,0 cm no papel representa quantos metros na escala de 1:50? 1. 2 m 2. 5 m 3. 2,5 m 4. 1 m 5. 25 m Nesta unidade você ficou sabendo que: 1. O desenho técnico é uma linguagem, e, como tal, pressupõe: um emissor (o projetista), um receptor (quem lerá o desenho), um meio (sinais gráficos bidimensionais em papel ou na tela do computador), além de um código estabelecido (convenções gráficas e normas técnicas) e compartilhado (conhecido por todos que o utilizarão). 2. Foram vários os fatores históricos que levaram à consolidação da forma de expressão gráfica que resultou no que hoje se chama desenho técnico, todos eles relacionados à urbanização e ao desenvolvimento da tecnologia. A própria existência da Organização Internacional para a Padronização (ISO) foi um desdobramento desse processo. 3. Existe uma variedade de normas técnicas que regulamentam a elaboração de desenhos técnicos, uma para cada pormenor a ser representado. Essa representação deve seguir uma lógica clara, no sentido da legibilidade dos projetos. 4. Escala é uma razão entre o tamanho do objeto real e o tamanho de sua representação em desenhos. Esta representação poderá ser uma ampliação ou uma redução das reais medidas do objeto, dependendo das dimensões reais dele. Noções Gerais de Desenho Técnico U1 51 5. Os desenhos de um objeto em escalas diferentes apresentarão tamanhos diferentes no papel, mas haverá sempre, em cada representação (i.e., desenho), a igualdade de proporções das partes do objeto entre si e delas com o todo representado. 6. Tamanhos diferentes de objetos obrigarão a determinadas escalas, porque os desenhos deverão caber nos formatos de papel normalizados. 7. Antes de iniciar a elaboração do desenho técnico, você deverá decidir a escala a ser usada, pois ela influencia a escolha do tamanho de prancha. Você pode usar o Quadro 1.1 como uma referência inicial, mas isso não exclui sua obrigação de analisar o caso específico com que vai trabalhar e decidir a melhor opção para ele. Nesta unidade você aprendeu que o desenho técnico é uma linguagem, com todos os elementos de um idioma, apenas não é constituída prioritariamente por palavras e sim por sinais gráficos que seguem convenções — as normas técnicas. Conheceu um pouco da história do desenvolvimento dessa técnica e compreendeu a importância da normalização de todas as suas fases e detalhes. Ficou sabendo da importância da escala para a representação e aprendeu a decidir qual melhor usar. Procure estudar com afinco as normas técnicas da ABNT e também se informar de outras normas pertinentes ao trabalho de desenho técnico que pretende desenvolver. Noções Gerais de Desenho Técnico U1 52 1. Antes da criação do método mongeano das projeções,base do ramo da matemática que ficou conhecido como Geometria Descritiva, havia uma dificuldade em desenhar os projetos, devido à ausência de precisão da representação. No entanto, já havia, desde o Renascimento (entre os séculos 13 e 16), dois recursos de desenho que produziam representações bastante úteis de objetos tridimensionais e espaços. Quais eram esses recursos? 1. Plantas baixas e perspectivas cônicas. 2. Desenho técnico projetivo e desenho de observação. 3. Escalas e perspectivas cônicas. 4. Planos e projeções oblíquos. 5. Escalímetro e normas técnicas. 2. A norma técnica regulamentadora NBR 10068 ABNT estabelece os tamanhos normalizados para as pranchas de desenhos técnicos, a partir das medidas de uma folha de papel retangular com 1,0 m² de área e relação entre seus lados igual a (≈1,4142). Já a NBR 8196 ABNT define que as escalas a serem usadas em desenho técnico são parâmetros para a escolha do formato da folha de desenho. Com base no estabelecido por essas duas normas, qual das alternativas abaixo seria um tamanho de papel conveniente para desenhar, em escala 1:20, o armário para medidores mostrado na figura 1, sendo três peças gráficas: uma vista de frente, uma vista de lado e uma vista de cima? Considere uma distância mínima de 50 mm e máxima de 80 mm entre um desenho e outro, bem como entre os desenhos e o quadro. Use a figura 2 para calcular os tamanhos dos desenhos, considerar os espaçamentos e definir a prancha. Noções Gerais de Desenho Técnico U1 53 Figura 1 – Perspectiva com medidas Fonte: O autor (2015) 1. Formato A4 (210 mm alt. x 297 mm larg.) 2. Formato A3 (420 mm larg. x 297 mm alt.) 3. Formato A2 (594 mm larg. x 420 mm alt.) Figura 2 – Rascunho da prancha e posição dos desenhos Fonte: O autor (2015) Noções Gerais de Desenho Técnico U1 54 Figura 1 | Plano de arranjo geral de um iate Fonte: O autor. Adaptado de <http://www.charterworld.com/news/wp-content/uploads/2010/11/ Galeon-78m-Yacht-General-Arrangement-Image-courtesy-of-Tony-Castro.jpg>. Acesso em: 13 jun. 2015. Uma engenheira de produção, trabalhando em um estaleiro que constrói iates e veleiros, com comprimento entre 60 e 70 pés (1 pé = 0,3048 m) e boca (largura) entre 16 e 25 pés percebeu que no departamento de projetos havia uma despesa excessiva com cópias de desenhos. Ao observar como os projetistas trabalhavam, constatou que as pranchas com desenhos de planos de arranjo geral, todas em escala 1:20, eram feitas em formatos de papel A0 (1188 x 840 mm), o que gerava um desperdício de papel em branco, uma vez que esse 4. Formato A1 (840 mm larg. x 594 mm alt.) 5. Formato A0 (1188 mm larg. x 840 mm alt.) 3. As cópias de desenhos feitos em pranchas normalizadas devem ser dobradas, a fim de poderem ser acomodadas em pastas comuns e transportadas com facilidade. Qual o formato a que devem ser dobradas para esse fim? 1. Devem ser dobradas até o formato A3. 2. Devem ser dobradas até o formato A4. 3. Devem ser dobradas ao meio sucessivamente, até caberem numa pasta comum. 4. Devem ser dobradas até o formato ofício (215 x 315 mm). 5. Devem ser dobradas até o formato carta (216 x 279 mm). 4. No ramo da Engenharia Naval, o desenho técnico que representa a disposição dos espaços internos de uma embarcação é chamado de “plano de arranjo geral”. A figura 1, abaixo, é um exemplo desse tipo de desenho. Noções Gerais de Desenho Técnico U1 55 Figura 2 | Croqui sem escala. Prancha típica encontrada pela engenheira Fonte: O Autor. Adaptado de <http://www.dixonyachtdesign.com/designs/ superyachts-sail/performanceyachts/125images/ga.jpg>. Acesso em: 13 jun. 2015. tipo de desenho costuma ser muito mais longo do que alto. A figura 2 ilustra o que a engenheira encontrou tipicamente no departamento de projetos: A engenheira, então, buscando o formato de papel mínimo possível para esses desenhos, lembrou-se do item 3.1.3. da NBR 10068 ABNT – Folha de Desenho – Leiaute e Dimensões, no qual está escrito: 3.1.3 Formato especial - Sendo necessário formato fora dos padrões estabelecidos em 3.1.2, recomenda-se a escolha dos formatos de tal maneira que a largura ou o comprimento corresponda ao múltiplo ou submúltiplo do formato padrão. (ABNT, 1987, p. 2). Assim, determinou ao departamento de projetos que estabelecesse um padrão para as pranchas de planos de arranjo geral, baseado neste item da NBR 10068, sendo que deveria sobrar sempre um espaço igual ou maior que 50 mm entre o desenho e as linhas superior, esquerda e direita do quadro. A figura 3 ilustra a proposta da engenheira aos projetistas: Noções Gerais de Desenho Técnico U1 56 Figura 3 | Croqui sem escala. Proposta da engenheira aos projetistas Fonte: O Autor. Adaptado de <http://www.dixonyachtdesign.com/designs/ superyachts-sail/performanceyachts/125images/ga.jpg>. Acesso em: 13 jun. 2015. Diante da situação exposta, qual das opções abaixo apresenta um formato de prancha que atende às condições da NBR 10068 ABNT para problemas como este, e ao mesmo tempo cumpre o determinado pela engenheira aos projetistas? 1. 2 vezes o formato A2, na horizontal. 2. 2 vezes o formato A1, na horizontal. 3. 1 formato A2 na horizontal + 1 formato A3 na vertical. 4. 1 formato A1 na horizontal + 1 formato A2 na vertical. Noções Gerais de Desenho Técnico U1 57 5. 3 formatos A1 na vertical. 5. Ao representar os projetos é necessário escolher uma escala adequada. Associe os projetos da coluna da esquerda com as escalas de representação na coluna da direita, que sejam as mais adequadas para o desenho técnico desses projetos. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de associações. 1. Desenho técnico mecânico, para peças com dimensões usuais, cujos desenhos em tamanho natural caibam nos formatos da série A. Escala 1:5 2. Detalhamento de mobiliário e equipamentos em geral. Escala 1:20 3. Grandes conjuntos mecânicos, maquinário de porte grande. Escala 10:1 4. Desenho de placas de circuitos em microeletrônica, com alto grau de detalhe. Escala 1:1 5. Desenhos comuns de arquitetura e construção civil. Escala1:50 1. A 1 B 2 C 4 D 3 E 5 2. A 4 B 1 C 5 D 2 E 3 3. A 4 B 1 C 2 D 3 E 5 4. A 3 B 4 C 1 D 2 E 5 5. A 2 B 3 C 5 D 4 E 1 Noções Gerais de Desenho Técnico U1 58 Noções Gerais de Desenho Técnico U1 59 Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10067 – Princípios gerais de representação em desenho técnico. Rio de Janeiro, 1989. ______. NBR 10068 – Folha de desenho ‑ Leiaute e dimensões. Rio de Janeiro, 1987. ______. NBR 10126 – Cotagem em desenho técnico. Rio de Janeiro, 1987. ______. NBR 10582 – Apresentação da folha para desenho técnico. Rio de Janeiro, 1988. ______. NBR 10647 – Desenho técnico ‑ Terminologia. Rio de Janeiro, 1989. ______. NBR 12298 – Representação de área de corte por meio de hachuras em desenho técnico. Rio de Janeiro, 1995. ______. NBR 13142 – Desenho técnico ‑ Dobramento de cópia. Rio de Janeiro, 1999. ______. NBR 13273 – Desenho técnico – Referência a itens. Rio de Janeiro, 1999. ______. NBR 13532 – Elaboração de projetos de edificações – Arquitetura. Rio de Janeiro, 1995. ______. NBR 6158 – Sistema de tolerâncias e ajustes. Rio de Janeiro, 1995. ______. NBR 6492 – Representação de projetos de arquitetura. Rio de Janeiro, 1995. ______. NBR 8196 – Desenho técnico – Emprego de escalas. Rio de Janeiro, 1999. ______. NBR 8402 – Execução de caractere para escrita em desenho técnico. Rio de Janeiro, 1994. ______. NBR 8403 – Aplicação de linhas em desenhos – Tipos de linhas – Larguras das linhas. Rio de Janeiro, 1984. ______. NBR 8993 – Representação convencional de partes roscadas em desenho técnico. Rio de Janeiro, 1985. ______. NBR8404 – Indicação do estadode superfície em desenhos técnicos. Rio U1 60 Noções Gerais de Desenho Técnico de Janeiro, 1984. ATHAYDE, Marcelo. Conversa com o Mestre – Exemplo 4. Boa Engenharia: Engenharia Civil Fácil e Inteligente! S.l.: Blog na Internet. Postagem de 22 fev. 2012. Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/‑zAZCChjehpk/T0UyV3X4rZI/ AAAAAAAAAFM/nGHp88p8xLY/s /zdfadf1.png>. Acesso em: 17 mar. 2015. BEIGHTON, Henry. The ENGINE for Raising Water (with a power made) by Fire. Gravura em papel, emoldurada em madeira, com vidro. Retrata a máquina a vapor de Thomas Newcomen. Col. Science Museum, Londres, objeto nº. 1730‑ 785. Imagem disponível em: <http://www.sciencemuseum.org. uk/online_science/ explore_our_collect ions/objects/index/smxg‑50905#na>. Acesso em: 13 mar. 2015. BRUNELLESCHI, Filippo. [Sem título]. Desenho em perspectiva do interior da igreja Santo Spirito, em Florença (Ca. 1428). Imagem de domínio público. Disponível em: <https://www.khanacademy.org/humanities/renaissance‑reformation/ early‑renaissance1/ beginners‑renaissance‑florence/a/early‑applications‑of‑ linear‑perspective>. Acesso em: 13 mar. 2015. BURNS, Jabez. Coffee Roaster. Fotolitografia de N. Peters. Washington‑DC: 1881. Imagem disponível em: <http://blog.invention.smithsonian.org/wp‑content/ uploads/2014/06 /coffee‑roaster‑patent.jpg>. Acesso em: 13 mar. 2015. DABOV, T. et al. Handheld computing device. 2011‑1‑11 2011. Disponível em: <http://www.google.com/patents/US7869206 >. Acesso em: 17 mar. 2015. DÜRER, Albrecht. [Sem título]. Desenho de estudo de proporções do pé. In: _____. Hierinn sind begriffen vier Bucher… Nuremberg(?): Hieronymus Andreae, 1528, p. 52, il. Imagem licenciada como domínio público via Wikimedia Commons. <http://commons .wikimedia.org/wiki>. Disponível em: <http://archive.org/stream/ hierinnsindbegri00dure #page/52/mode/1up>. Acesso em: 13 mar. 2015. Nesta seção, você conhecerá os princípios básicos da Geometria Descritiva, como a representação em épura, os planos convencionais de projeção que compõem os diedros sobre os quais se farão as projeções dos objetos. Verá o sistema mongeano de projeções ortogonais como recurso para manutenção da proporção entre os elementos do desenho. Aprenderá como manusear os instrumentos tradicionais de desenho técnico, cuja prática constitui a base para o traçado de qualquer desenho em CAD. Saberá como traçar retas, ângulos, círculos e tangências, bem como os diversos tipos de linhas, segundo seus significados. Seção 1 | Geometria Descritiva Básica Objetivos de aprendizagem: Esta unidade pretende capacitar você a utilizar as noções elementares da Geometria Descritiva, base de toda representação em desenho técnico projetivo. Vai conhecer e utilizar também as convenções gráficas para o desenho de cortes, seções, hachuras e encurtamentos. Você vai conhecer os instrumentos de desenho técnico e como utilizá‑los. Aprenderá a anotar e cotar seus desenhos, de acordo com as normas técnicas pertinentes, e conhecerá os tipos de representação de objetos em perspectivas axonométricas. A unidade está dividida em três seções, focalizando a parte prática da elaboração de desenhos técnicos. Ananias de Assis Godoy Filho Unidade 2 DESENHO PROJETIVO Desenho Projetivo U2 62 A segunda seção desta unidade completa o estudo das projeções ortogonais e vai falar também sobre como descrever completamente um objeto, através de desenhos em corte, com uso de hachuras, seções e encurtamentos. Você aprenderá sobre um dos mais importantes assuntos em desenho técnico: o dimensionamento ou cotagem. A Seção 2 termina mostrando a você os recursos mais usados para a produção de desenhos em perspectivas axonométricas, isto é, desenhos com aparência de possuírem volume, com elevado poder descritivo e de comunicação. Seção 2 | Representação Gráfica em Desenho Técnico Esta seção mostrará a você como se planeja o trabalho de desenho técnico, desde a análise do objeto a ser representado, passando pela escolha das peças gráficas essenciais, opcionais e legendas, até a definição da escala adequada e tamanho da prancha para a representação. Você também vai conhecer alguns critérios e princípios para uma boa diagramação da prancha. Ao final desta unidade, mostraremos a você algumas boas práticas que farão com que desenvolva seu trabalho de desenho de modo inteligente e produtivo, dentre estas a revisão final antes da entrega, de acordo com uma lista de verificação previamente elaborada (checklist). Seção 3 | Planejando a prancha de desenho técnico Desenho Projetivo U2 63 Introdução à unidade Quando Gaspard Monge terminou de formular os procedimentos da Geometria Descritiva e publicou seu livro, em fins do século XVIII, estabeleceu o mais original, genial, rigoroso e abrangente sistema de representação gráfica de objetos, que é usado até hoje em todos os tipos de indústrias. Os princípios deste ramo da Matemática são tão exatos, simples e robustos que se tornaram a base da representação gráfica usada por todos os softwares de desenho técnico que utilizamos no presente, seja para o desenho em duas dimensões ou para a modelagem tridimensional. A Geometria Descritiva, ou método mongeano das projeções, consolidou‑se como a base matemática para o desenho técnico projetivo — assunto desta unidade de ensino que você passa a estudar agora. Nesta unidade, você vai conhecer os procedimentos elementares da Geometria Descritiva, na justa medida em que poderão ser úteis para o seu trabalho com desenhos técnicos. A Geometria Descritiva, no entanto, é bem mais vasta, e belíssima em seus métodos e procedimentos, todos de uma elegância ímpar. Temos certeza que você vai querer conhecê‑la mais a fundo quando terminar seus estudos desta matéria. Pelo momento, vamos levar você à compreensão e utilização prática de seus princípios fundamentais, como as projeções ortogonais nos espaços entre dois planos imaginários, a que o monge denominou diedros. Com ajuda do método mongeano das projeções ortogonais, você vai saber desenhar vistas, cortes, detalhes e tudo o que necessitar para descrever graficamente os componentes de seus projetos. Nesta seção, apresentaremos a você as normas para anotação e cotagem dos desenhos, a utilização de texturas indicativas de superfícies (hachuras) e outros itens importantes. Depois de aprender a representar seus projetos a contento, inclusive com recursos de perspectivas axonométricas, você será capaz de planejar seu trabalho de desenho de acordo com a necessidade e características do componente do projeto. Para encerrar a unidade e levá‑lo a ter mais facilidade com o software gráfico (AutoCAD® ou QCAD®), vamos mostrar ainda algumas boas práticas que lhe darão produtividade no momento de produzir o desenho técnico. Desenho Projetivo U2 64 Desenho Projetivo U2 65 Seção 1 Geometria Descritíva Básica Introdução à seção Como mencionamos, nesta seção mostraremos a você os procedimentos gráficos fundamentais da Geometria Descritiva, como a épura, os planos de projeções que compõem os diedros e o sistema mongeano de projeções ortogonais. Este recurso gráfico simples e poderoso mantém a proporção entre os elementos do desenho ao fazer uso da escala, possibilitando a perfeita semelhança entre o objeto imaginado e a representação dele. É essa característica de perfeita semelhança que permite a fabricação precisa dos artefatos, exatamente como projetamos. Vamos mostrar também como manusear os instrumentos tradicionais de desenho técnico. A prática no desenho manual tem‑se revelado um precioso recurso de aprendizagem, que vai lhe dar mais facilidade no desenho em CAD. Vamos abordar ainda o traçado de retas, ângulos, círculos e tangências, bem como os diversos tipos de linhas, segundo seus significados atribuídos pelas normas técnicas. Que tal se você fizesse uma revisão dos conceitos da Geometria Plana que aprendeu no Ensino Fundamental e Médio? É possível que você tenha visto essa matéria com o nome de Desenho
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