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_1 FERREIRA - Conceitos_OCR

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30.4 Fluxos de investimentos 670
30.5 Métodos de elaboração 671
30.5.1 Método direto 672
30.5.1.1 Identificação de recebimentos e pagamentos 673
30.5.2 Método indireto 673
30.6 Fluxos de caixa em moeda estrangeira 677
30.7 Juros e dividendos 677
30.8 Imposto de Renda e contribuição social sobre o lucro líquido 677
30.9 Transações que não envolvem caixa ou equivalentes de caixa 677
Exercícios 678
Questões comentadas 680
Capítulo 31
Demonstração do valor adicionado
31.1 Conceitos 685
31.2 Aspectos legais 685
31.3 Modelo proposto pela CVM 686
Questões comentadas 688
Bibliografia e páginas da internet 691
Introdução
Capítulo 1
Introdução
1.1 Conceito
O estudo organizado de qualquer assunto deve começar por sua definição. Desse modo, 
torna-se inevitável perguntar:
O que é Contabilidade?
A palavra contabilidade deriva do latim computare (contar, computar, calcular)1. Apesar 
disso, não se deve confundir contabilidade com matemática. O contabilista não precisa 
conhecer matemática com profundidade. Na maioria das vezes, bastam-lhe os conhe­
cimentos matemáticos básicos necessários a qualquer profissional. Portanto, quem 
não gosta de matemática não precisa necessariamente detestar contabilidade.
A definição adequada da Contabilidade exige a sua divisão em duas áreas: Contabi­
lidade Teórica e Contabilidade Prática.
Contabilidade Teórica - Quando abordamos a Contabilidade como teoria, procura­
mos definir aquilo de que ela trata, estudamos seus princípios e suas possíveis apli­
cações. Ou seja, a Contabilidade como teoria estabelece princípios e regras de con­
duta a serem seguidas pelos profissionais da área contábil, com o objetivo de apri­
morar e uniformizar os procedimentos por eles adotados.
Em sua abordagem teórica, dizemos que a Contabilidade é uma ciência, ou seja, um 
conjunto organizado e aprofundado de conhecimentos sobre determinado assunto.
Diferente da Matemática, a Contabilidade não é uma ciência exata. Logo, para que 
as técnicas contábeis sejam aplicadas de maneira uniforme, faz-se necessário fixar 
princípios e regras a serem observados por todos os profissionais da área contábil.
Abordada pela perspectiva teórica, a Contabilidade pode ser definida assim:
Ciência que estuda o patrimônio do ponto de vista econômico e financeiro, bem co­
mo os princípios e as técnicas necessárias ao controle, à exposição e à análise dos 
elementos patrimoniais e de suas modificações.
O 1o Congresso Brasileiro de Contabilidade, realizado em 1924, definiu a Contabili­
dade como:
"A ciência que estuda e pratica as funções de orientação, de controle e de registro 
dos atos e fatos de uma administração econômica”.
1 A origem da palavra "contabilidade" para designar esta disciplina parece estar vinculada ao fato de se 
usar contas nos registros contábeis, e não de se fazer cálculos.
1 Capítulo 1
Contabilidade Básica
Portanto, no Brasil, oficialmente, a Contabilidade é uma ciência.
Contabilidade Prática - Envolve o uso de técnicas ou procedimentos por meio dos 
quais a Contabilidade Teórica e seus princípios são postos em prática. A Contabili­
dade como prática compreende o registro das operações de uma entidade em livros 
mantidos com essa finalidade. Sua função é controlar o patrimônio de uma determi­
nada pessoa ou organização, com o objetivo de fornecer informações sobre ele ao 
público interessado.
Contabilista pode ser a pessoa que se dedica ao estudo da ciência contábil (Contabi­
lidade Teórica) ou o profissional que atua na prestação de serviços contábeis (Con­
tabilidade Prática), denominado contador, no caso de ser bacharel em ciências con­
tábeis, ou técnico em contabilidade, se a sua formação é de nível médio.
1.2 Objeto da Contabilidade
O objeto é o assunto do qual a ciência cuida.
Qual é o objeto da Contabilidade?
O objeto ou assunto do qual trata a Contabilidade é o património.
Por intermédio daOontabilidade, o administrador de uma empresa, ou até mesmo de 
uma residência, pode, por exemplo, gerenciar melhor os recursos disponíveis, obter 
informações úteis ao planejamento de suas atividades, saber o custo do que é pro­
duzido ou consumido, apurar o lucro ou prejuízo, controlar e reduzir despesas, au­
mentar receitas e prevenir e identificar erros e fraudes.
Em resumo, por meio da Contabilidade, podemos ter o controle e o conhecimento 
detalhado do estado em que se encontra um patrimônio e acompanhar sua evolução, 
seja na exploração de um determinado negócio, seja em nossa própria residência.
1.3 Finalidade
A Contabilidade é mantida com a finalidade de fornecer às pessoas interessadas 
informações sobre um patrimônio determinado.
1.4 Pessoas interessadas nas informações contábeis
As pessoas que têm interesse na divulgação das informações contábeis podem ser 
divididas em dois grupos:
1 “ público interno - os administradores e os acionistas ou sócios controladores:
2 - público externo - os acionistas ou sócios não controladores, bancos, fornecedo­
res, governo, entre outros.
Os administradores necessitam das informações contábeis para melhor desempenhar 
as funções de gestão do patrimônio. Para eles, essas informações podem ser úteis ao 
planejamento, ao controle, à tomada de decisões. A Contabilidade pode informar ao
Ricardo J. Ferreira 2
Introdução
administrador qual é o produto mais rentável, quanto custa produzir um bem ou servi­
ço, qual será o resultado provável num determinado nível de produção e venda etc.
Uma das principais preocupações da legislação que rege as sociedades anônimas é 
a proteção aos acionistas não controladores. Os controladores têm o poder de no­
mear os administradores, que irão agir de acordo com os interesses daqueles. Ocor­
re que muitas vezes os interesses dos controladores são conflitantes com os dos não 
controladores. Para estes as informações contábeis são um instrumento importante 
na fiscalização da atuação dos controladores. Com base nesta ótica, a Lei das Socie­
dades por Ações (Lei n° 6.404/76) exige das sociedades anônimas a elaboração e 
publicação de certas demonstrações contábeis.
Em relação ao público externo, os bancos, fornecedores e financiadores em geral 
querem saber se a empresa apresenta situação económico-financeira que lhe permi­
ta assumir e saldar dívidas; os clientes precisam verificar se ela tem condições de 
realizar adequadamente o fornecimento de bens ou serviços; e o governo deve fisca­
lizar se o pagamento dos tributos está sendo feito da maneira correta.
1.5 Funções da Contabilidade
Entre as funções da Contabilidade, temos:
1 - função administrativa - controlar o patrimônio;
2 - função econômica - nas empresas, consiste em apurar o lucro ou prejuízo, ou
seja, calcular o resultado econômico.
1.6 Identificação dos aspectos patrimoniais
A identificação dos elementos que compõem o patrimônio (bens, direitos e obriga­
ções) diz respeito ao seu aspecto qualitativo. Já a mensuração desses elementos, a 
sua identificação em valores monetários, é relativa ao aspecto quantitativo. A Conta­
bilidade se ocupa dos dois aspectos: da identificação dos elementos patrimoniais 
(aspecto qualitativo) e da mensuração, da indicação do valor em moeda desses ele­
mentos (aspecto quantitativo).
1.7 Áreas ou ramos da Contabilidade
Para efeitos didáticos, a Contabilidade normalmente é dividida em áreas ou ramos, o 
que tem por objetivos o aprimoramento das técnicas aplicadas a determinadas ativi­
dades ou pessoas e o estudo de aspectos específicos dessa ciência.
As áreas da Contabilidade podem ser estudadas de forma autônoma. No entanto, não 
são matérias independentes, pois têm o mesmo objeto que a Contabilidade, ou seja, 
tratam do mesmo assunto: o patrimônio. Assim, a Contabilidade pode ser dividida em 
Contabilidade Geral, Contabilidade de Custos, Contabilidade Bancária, Contabilidade 
Pública, Contabilidade de Seguros, Análise das Demonstrações, Auditoria etc.
1.8 Campo de aplicação da Contabilidade
£Lprincipal camoo de aplicação da Contabilidade são as aziendas.
3 Capítulo 1
Contabilidade BásicaAzienda é o patrimônio considerado juntamente com a pessoa que tem sobre ele 
poderes de administração e disponibilidade. Seu conceito reúne o patrimônio ~e a 
pessoa que o administra.
Azienda = Patrimônio + Gestão
Gestão é o ato de administrar, de gerir os bens, direitos e obrigações, além dos re­
cursos humanos.
Considerado o patrimônio de uma determinada empresa, a partir do momento em que 
passe a ser administrado, com o objetivo de lucro, ele irá sofrer modificações significa­
tivas. Surge, então, a Contabilidade como instrumento necessário ao controle e à in­
formação dos efeitos provocados pelos fatos decorrentes da gestão patrimonial.
O patrimônio pode ser administrado com finalidade econômica ou social. Na adminis­
tração com fins econômicos, o objetivo é o lucro. As pessoas jurídicas com finalidade 
econômica são denominadas “sociedades", “sociedades empresárias” ou “empresas”. 
Já as pessoas jurídicas com finalidades sociais (filantrópicas, científicas, religiosas) 
são designadas “associações”.
“Empresa” e “azienda” têm significados diferentes: a primeira é uma espécie da se­
gunda. Empresa é uma azienda com finalidade lucrativa.
A Contabilidade também é aplicada às entidades sem finalidade lucrativa, como é o 
caso da União, dos estados, dos municípios, das autarquias. Trata-se de pessoas 
jurídicas de direito público, às quais se aplica a Contabilidade Pública.
Para entender a diferença entre azienda e patrimônio, imagine um patrimônio que 
não estivesse sendo administrado. Por ele não estar sofrendo alterações significati­
vas, de pouca importância seria o trabalho do contabilista. Entretanto, quando esse 
patrimônio começa a ser gerido com uma finalidade qualquer, temos a azienda. Em 
razão das diversas modificações a que o patrimônio fica sujeito, o trabalho do conta­
bilista ganha destaque, pois é por intermédio dele que as alterações patrimoniais 
serão controladas e informadas.
Apesar de o patrimônio poder ter como titular pessoa física ou jurídica, trataremos 
quase que exclusivamente das jurídicas, especialmente das que têm finalidade lucra­
tiva: as sociedades empresárias.
Na prática, apenas as pessoas jurídicas obrigadas por lei mantêm registros contábeis 
regulares.
1.9 Titular do patrimônio
O titular do patrimônio pode ser pessoa física ou jurídica.
Pessoa Física - A pessoa natural ou física é o ser humano, sem distinção de sexo, 
idade, raça.
A partir do momento em que nasce com vida, a pessoa natural pode ser titular de um 
patrimônio, quer dizer, é capaz para adquirir bens e direitos e contrair obrigações, in­
clusive por herança. Com a morte, natural ou presumida, o patrimônio é transferido aos 
sucessores (herdeiros ou legatários - aqueles que recebem bens por testamento).
Ricardo J. Ferreira 4
Introdução
No direito romano, não se reconhecia personalidade ao escravo, que era tratado 
como bem e integrava o patrimônio de seu senhor.
Pessoas Jurídicas - Além de reconhecer a personalidade da pessoa natural, a lei 
também atribui personalidade à pessoa juridica (ente moral).
Em regra, as pessoas jurídicas são resultantes da união de duas ou mais pessoas, 
físicas e/ou jurídicas, para o desenvolvimento de atividades de interesse comum. 
Quando o objetivo é econômico, quer dizer, se há finalidade lucrativa, a pessoa jurí­
dica é denominada “sociedade” ou “sociedade empresária”. Se não há fins lucrativos, 
“associação”.
Nèm sempre a pessoa jurídica é formada pelo agrupamento de duas ou mais pesso­
as. A Lei n° 6.404/76, art. 251, admite a constituição de pessoa jurídica (subsidiária 
integral), mediante escritura pública, tendo como único acionista uma sociedade bra­
sileira.
Há também a fundação. Para criá-la, seu fundador, por instrumento público ou tes­
tamento, deve destinar bens livres para esse fim e especificar a que ela se destina. O 
fundador pode declarar, se quiser, a maneira como a fundação deverá ser adminis­
trada.
A pessoa jurídica adquire personalidade a partir da inscrição de seus atos constitutivos 
no registro estabelecido pela legislação. Quer dizer, para ser iegalmente reconhecida 
como titular de um patrimônio, ela deve ter uma cópia do seu contrato ou estatuto social 
regularmente arquivada em entidade responsável pelo registro de pessoas jurídicas. 
O distrato (desfazimento da sociedade) também depende de registro.
As sociedades sem contrato ou estatuto validamente registrado são sociedades irre­
gulares ou de fato, constituindo-se num agrupamento de bens, direitos e obrigações 
sem personalidade jurídica. Não obstante, elas têm capacidade processual e são 
representadas ativa e passivamente em juízo pela pessoa a quem cabe a adminis­
tração de seus bens.
O patrimônio da pessoa juridica não se confunde com o patrimônio de seus titulares. 
Os bens, direitos e obrigações são d£ sociedade e não de seus sócios. Assim, quan­
do um empregado da sociedade reclama na Justiça seus direitos trabalhistas, a prin­
cípio a ação deve ser proposta contra a pessoa jurídica.
As sociedades são representadas ativa e passivamente por seus administradores.
Empresário e Sociedade Empresária - O titular do patrimônio explorado com finalidade 
econômica pode ser “empresário” ou “sociedade empresária”. Trata-se do titular do em­
preendimento, ou melhor, da pessoa que desenvolve a atividade ou empresa.
Uma atividade pode ser explorada por meio de empresa individual ou de empresa 
coletiva. A primeira tem como titular pessoa física (empresário), que a explora em 
seu próprio nome, e não se confunde com pessoa jurídica. A pessoa física titular da 
empresa individual responde com seu patrimônio, de forma ilimitada, pelas obriga­
ções assumidas na exploração da atividade.
O empreendimento explorado por pessoa jurídica é denominado empresa coletiva.
5 Capítulo 1
Contabilidade Básica
Resumo do capítulo 1
Definição - Contabilidade é a ciência que estuda o patrimônio do ponto de vista eco­
nômico e financeiro, bem como os princípios e as técnicas necessárias ao controle, à 
exposição e à análise dos elementos patrimoniais e de suas modificações.
O 1o Congresso Brasileiro de Contabilidade, realizado em 1924, definiu a Contabili­
dade como: “A ciência que estuda e pratica as funções de orientação, de controle e 
de registro dos atos e fatos de uma administração econômica”.
Objeto - O assunto do qual trata a Contabilidade é o patrimônio.
Por intermédio da Contabilidade, podemos ter o controle e o conhecimento detalhado 
da situação patrimonial, além de acompanhar a sua evolução.
Finalidade - A Contabilidade é mantida com a finalidade de fornecer informações 
sobre o patrimônio de uma determinada pessoa. Essas informações são destinadas 
aos públicos interno e externo.
Funções - Entre as funções da Contabilidade, temos:
1 - função administrativa - controlar o patrimônio;
2 - função econômica - nas empresas, a função econômica consiste em apurar o
lucro ou prejuízo, ou seja, calcular o resultado econômico.
Aspectos Patrimoniais - A Contabilidade se ocupa da identificação dos elementos 
patrimoniais (aspecto qualitativo) e da mensuração, da indicação do valor em moeda 
desses elementos (aspecto quantitativo).
Áreas - As áreas da Contabilidade podem ser estudadas de forma autônoma, dividi­
das em Contabilidade Geral, Contabilidade de Custos, Contabilidade Bancária, Con­
tabilidade Pública, Contabilidade de Seguros, Análise das Demonstrações, Auditoria 
etc.
Campo de Aplicação - O principal campo de aplicação da Contabilidade são as azien- 
das (o patrimônio considerado juntamente com a pessoa que tem sobre ele poderes de 
administração e disponibilidade). O conceito de azienda reúne o patrimônio e a pessoa 
que o administra: Azienda = Patrimônio + Gestão.
Titular do Patrimônio - Pode ser pessoa física ou jurídica.
Dissolução, Liquidação e Extinção - Para que uma sociedade seja extinta, é neces­
sário que haja a sua dissolução, caracterizada pelo início da liquidação - realização 
do ativo e pagamento do passivo exigível. O ativo remanescenteé rateado entre os 
sócios, de acordo com a participação de cada um. Aprovadas as contas do liquidan- 
te, encerra-se a liquidação e a pessoa jurídica é extinta.
Ricardo J. Ferreira 12
Patrimônio
Capítulo 2
Patrimônio
2.1 Conceito
Estão compreendidas no campo de atuação do contabilista as atividades de estudo, 
controle, exposição e análise do patrimônio, de maneira a poder informar a situação 
patrimonial em determinado momento, suas variações e a natureza das operações 
que o afetaram.
O que é patrimônio?
E o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma pessoa, física ou jurídica, que pos­
sam ser avaliados em dinheiro.
Do ponto de vista contábil, não são considerados os bens, direitos e obrigações sem 
valor econômico, quer dizer, não mensuráveis em moeda.
O contabilista pode controlar o dinheiro, os imóveis, as mercadorias, as contas a 
receber, as dívidas e demais bens, direitos e obrigações avaliáveis economicamente. 
Todavia, ele não se ocupará das relações familiares ou de amizade, do caráter, da 
dignidade e de outros valores que não se traduzam em dinheiro.
O patrimônio é composto por elementos positivos e negativos. Os bens e direitos 
representam o aspecto positivo patrimonial. As obrigações, o aspecto negativo. Ain­
da que as dívidas superem os bens e direitos, o patrimônio existe.
Os bens e direitos formam o ativo. As obrigações, o passivo exigível (ou simplesmen­
te passivo).
Ativo = Bens + Direitos
Passivo Exigível = Dívidas
O patrimônio pode ser considerado do ponto de vista estático ou dinâmico. Sob a ótica 
daquele, a Contabilidade estuda, controla, expõe e analisa os elementos patrimoniais. 
Do ponto de vista dinâmico, ela estuda, controla, expõe e analisa as modificações ocorri­
das no patrimônio, principalmente em razão das atividades desempenhadas na sua 
gestão.
2.2 Bens
Contabilmente, só nos interessam os bens de natureza patrimonial (avaliáveis em moe­
da). Bens são todos os elementos materiais e imateriais que integram o patrimônio.
Segundo a Economia, bens são coisas que servem para satisfazer uma necessidade 
humana.
13 Capítulo 2
Contabilidade Básica
Por definição jurídica, bem é tudo aquilo que pode ser objeto de direito e está sujeito 
a utilização e apropriação. Quando dizemos que algo é um bem patrimonial, isso 
significa que ele pode ser avaliado em dinheiro e que integra o patrimônio de alguém, 
vale dizer, que é de propriedade de uma pessoa.
Bens Corpóreos - São bens materiais, quer dizer, têm existência física. Podem ser 
tocados e vistos. São exemplos de bens corpóreos, também denominados bens ma­
teriais ou tangíveis:
- Dinheiro
- Edificações
- Terrenos
- Veículos
- Móveis e utensílios de escritório
- Equipamentos de informática
- Máquinas e equipamentos industriais
- Instalações elétricas e hidráulicas
- Ferramentas
- Estoques de:
Material de escritório
Mercadorias *
Matérias-primas
Produtos em fabricação
Produtos acabados
Bens Incorpóreos - Não existem fisicamente. Embora não sejam visíveis ou palpá­
veis, também podem ser traduzidos em moeda. No caso de um programa de compu­
tador, por exemplo, o relevante não é o CD ou meio que o contém, e sim a produção 
intelectual de quem o elaborou.
Ao se depararem com produtos idênticos, é de acordo com a marca que alguns con­
sumidores decidem qual deles irão comprar. Nesse caso, o que importa é o nome do 
tênis ou a etiqueta da calça, mesmo que custem mais caro.
Ainda que os produtos sejam iguais em termos de qualidade, a marca pode transmitir 
ao consumidor a sensação de mais status ou de confiança naquilo que adquire. Por­
tanto, em relação à marca, o que está em evidência não são as características mate­
riais ou físicas de um produto, mas certos aspectos psicológicos.
Conhecedoras disso, as empresas investem na criação ou aquisição de marcas que 
possam ajudá-las a conquistar o consumidor e a aumentar os lucros.
São exemplos de bens incorpóreos, também denominados bens imateriais ou intan­
gíveis:
- Programas de computador
- Marcas e signos de propaganda
- Patentes de fabricação
Ricardo J. Ferreira 14
Patrimônio
- Propriedade literária
- Propriedade científica
- Ponto comercial
- Concessões obtidas para a exploração de serviços públicos1
- Linhas telefônicas
Um comerciante põe seu estabelecimento à venda por 30.000. Os bens materiais e 
os direitos que ele pretende transferir são os seguintes:
- mercadorias para revenda
- móveis e utensílios de uso
- óontas a receber de clientes
10.000
5.000
2.000 
17.000
O comerciante não tem dívidas.
Apesar de os bens materiais e os direitos relacionados à atividade do comerciante 
serem avaliados em 17.000, o preço desejado para a transferência do estabeleci­
mento é de 30.000. Quer dizer, o comerciante incluiu, no preço de venda, 13.000 
pela cessão dos bens incorpóreos relacionados ao estabelecimento. Para chegar a 
este valor, ele considerou que (1) sua clientela continuará a comprar no estabeleci­
mento mesmo que haja a mudança de dono e (2) o local onde está situado o estabe­
lecimento é de grande circulação de pessoas, potenciais compradores. Dessa forma, 
no preço de transferência do estabelecimento, o comerciante computou:
Bens materiais e direitos:
- mercadorias para revenda
- móveis e utensílios de uso
- contas a receber de clientes
10.000
5.000
2.000 
17.000
Bens imateriais:
- clientela e ponto comercial 13.000
Critério para Registro dos Bens - Em regra, são demonstrados pela Contabilidade 
como integrantes do patrimônio de uma pessoa os bens de sua propriedade.2
Transmissão de Bens Móveis - A aquisição da propriedade de bens móveis se dá pela 
tradição, ou seja, pela entrega feita pelo transmitente ao adquirente. Por isso, quando 
compramos mercadoria ou qualquer outra coisa móvel, somente adquirimos a sua 
propriedade no momento em que o vendedor nos faz a entrega do bem. Mesmo que a 
venda seja a prazo, o comprador já será o proprietário da mercadoria a partir do instan­
te em que recebê-la do vendedor. Por outro lado, ainda que o pagamento tenha sido à 
vista, enquanto não houver a tradição, o comprador não será o dono do bem.
1 Os direitos sobre bens de propriedade de terceiros são classificados como bens incorpóreos.
2 Conforme a Estrutura Conceituai para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis, “ao 
avaliar se um item se enquadra na definição de ativo, passivo ou patrimônio líquido, deve-se atentar para 
a sua essência e realidade econômica e não apenas sua forma legal”.
15 Capítulo 2
Contabilidade Básica
Todavia, nem sempre a entrega do bem opera a transmissão da propriedade. Na 
locação, por exemplo, ainda que esteja servindo ao uso do locatário, o bem perma­
nece no patrimônio do locador, por ser de sua propriedade.
Transmissão de Bens Imóveis - No caso de imóveis, a propriedade depende do re­
gistro do documento de aquisição do bem (escritura de compra e venda, escritura de 
doação) no Registro de Imóveis. Não basta efetuar o pagamento, receber as chaves 
ou estar ocupando o imóvel. O que prova a propriedade é o registro.
Em resumo, à Contabilidade interessam os bens corpóreos ou incorpóreos, móveis 
ou imóveis, desde que avaliáveis economicamente.
2.3 Direitos
Em sentido contábil, direitos representam créditos. São valores a receber ou a recupe­
rar nas transações com terceiros.
Em regra, os direitos são representados por títulos e documentos.
Por que são emitidos títulos e documentos?
Se uma empresa efetuar a venda à vista de mercadorias, será necessário emitir ape­
nas a nota fiscal para a entrega dos bens. O dinheiro será recebido no ato da tradição, 
sem hecessidadè de um documento para posterior cobrança.
Nota Fiscal - A exigência de emissão de nota fiscal decorre da legislação tributária. 
Mesmo quando não há incidência de tributos, os contribuintes são obrigados a emitir 
nota fiscal para as operações que realizam, sob pena de apreensão das mercadorias e 
multa.
Fatura - Se a venda for a prazo, haverá necessidade de um documento que sirva co­
mo prova da existênciado valor a receber para posterior cobrança. A nota fiscal não 
cumpre essa função, uma vez que o seu objetivo é permitir ao Fisco a verificação do 
correto recolhimento dos tributos incidentes nas operações com as mercadorias. Des­
sa maneira, na venda a prazo, além da nota fiscal, o comerciante precisa emitir um 
documento que sirva especificamente para a cobrança de seu crédito: a fatura.
Fatura comercial é um documento que lista as mercadorias vendidas, indicando sua 
quantidade, qualidade, espécie, preço, nomes e endereços do vendedor e comprador, 
data da sua emissão e da remessa das mercadorias, entre outras informações.
Caso a reconheça como representativa de dívida sua, o comprador deve assinar a 
fatura e devolvê-la ao vendedor.
De posse da fatura, caso o comprador se recuse, após o vencimento, a pagá-la, o 
vendedor terá como provar judicialmente que a venda a prazo foi efetuada e que as 
mercadorias foram entregues. Logo, o crédito existe.
Duplicata - Além da fatura, que é de emissão obrigatória nas vendas a prazo, o co­
merciante pode emitir duplicata. Apesar de não ser exigida por lei, sua emissão é 
comum nas vendas a prazo.
Ricardo J. Ferreira 16
Patrimônio
O que leva o vendedor a emitir duplicata para a cobrança, se já existe a fatura com a 
mesma finalidade?
São as vantagens que a duplicata proporciona em termos de circulação e cobrança 
judicial.
Ao contrário da fatura, a duplicata é um título de crédito. Por isso, pode ser transferi­
da por endosso e tem força executiva (serve como prova para instruir a ação judicial 
de execução contra o devedor).
Um comerciante que tenha duplicata para recebimento em certo prazo pode conver­
tê-la em dinheiro imediatamente, mediante desconto bancário. Para isto, o título deve 
ser transferido ao banco, por meio de endosso. O desconto bancário só pode envol­
ver títulos de crédito, deixando de fora a fatura.
Caso tenha de cobrar ao devedor na Justiça, o comerciante, que disponha apenas da 
fatura deverá ingressar num processo ordinário, que segue o rito comum. Neste ca­
so, há um ritual demorado a ser observado. Ciente dos argumentos do credor, o juiz 
chama o devedor, para que este apresente suas alegações, e decide se realmente a 
dívida existe e deve ser paga. Transitada em julgado a sentença (quando não cabe 
mais nenhum recurso) favorável ao credor, se mesmo assim o devedor não quiser 
efetuar o pagamento, o credor poderá propor a ação executiva. Desta vez, diante de 
dívida líquida e certa já reconhecida por decisão judicial transitada em julgado, o juiz 
citará o devedor para que pague o valor dentro de 3 dias, sob pena de ter bens pe­
nhorados para garantir o pagamento.
No entanto, se dispuser de uma duplicata aceita pelo comprador, em vez de ingres­
sar com a ação ordinária, o credor irá direto para a fase de execução.
De forma idêntica a uma sentença transitada em julgado, os títulos de crédito têm 
força executiva, isto é, servem para que o credor proponha ação de execução contra 
o devedor.
Ordem de Emissão dos Documentos - Quando da venda a prazo, o vendedor emite 
a nota fiscal, a fatura e a duplicata, nessa ordem.
Nota Fiscal —> Fatura —> Duplicata
Aceite - A duplicata é remetida ao comprador para que a aceite.
O aceite é o reconhecimento da dívida representada pelo título de crédito, mediante 
a assinatura do devedor.
Quando o comerciante vende a prazo e emite duplicatas, elas representam direitos. 
São duplicatas a receber. Se ele compra a prazo e aceita duplicatas, traduzem obri­
gações. São duplicatas a pagar.
As duplicatas de nossa emissão são contas a receber. As duplicatas de nosso aceite, 
contas a pagar.
17 Capítulo 2
Contabilidade Básica
Nota Fiscal-Fatura e Fatura-Duplicata - Um mesmo documento pode reunir os ele­
mentos necessários à emissão da nota fiscal e da fatura. Trata-se da nota fiscal- 
fatura. Também é admissível a emissão de fatura-duplicata.
Operações com Mercadorias ~ Por determinação da lei, nas operações com merca­
dorias, para documentar o saque do vendedor pela importância faturada contra o 
comprador, não se admite a emissão de nenhuma outra espécie de título de crédito 
que não seja a duplicata.
O que é mercadoria?
Nas empresas comerciais, mercadoria é coisa móvel adquirida para a revenda.
Em relação ao comprador, não são mercadorias os bens adquiridos para uso ou con­
sumo.
Um bem imóvel pode ser mercadoria?
Segundo a legislação brasileira, ainda que destinados á revenda, os imóveis não são 
mercadorias.
Concluímos, então, que, nas operações imobiliárias, não é admissível a emissão de 
duplicata, uma vez que não há transação com mercadoria.
Qs bancos também não se dedicam á compra e venda de mercadorias (mercancia). 
Logo, não emitem duplicatas.
Nota Promissória - Apesar de não poderem emitir duplicata, as sociedades imobiliá­
rias, os bancos e as demais pessoas que não operam com mercadorias podem emitir 
outros títulos de crédito, igualmente sujeitos a endosso e com força executiva. É o 
caso da nota promissória.
Para vender um imóvel a prazo, o proprietário pode condicionar a transação à emis­
são de nota promissória pelo devedor.
A nota promissória é uma promessa de pagamento feita pelo devedor em favor de seu 
credor. O emitente assina uma declaração de que pagará, na data combinada, certa 
quantia ao credor indicado no título. De posse do título de crédito, o credor poderá 
exigir o pagamento a partir da data de vencimento.
Ao contrário da duplicata, quem emite a nota promissória é o próprio devedor.
Não há necessidade de aceite na nota promissória, uma vez que, ao emitir o título, o 
devedor já reconhece a dívida.
As notas promissórias emitidas por uma empresa representam contas a pagar. As 
notas promissórias emitidas por terceiros em favor da empresa são contas a receber 
desta.
Cheque - Apesar de legalmente ser uma ordem de pagamento à vista, que deve ser 
paga pelo banco no momento da sua apresentação pelo beneficiário, na prática o 
cheque é largamente utilizado como se fosse uma promessa de pagamento, de for­
ma idêntica à nota promissória.
Ricardo J. Ferreira 18
Patrimônio
Se a empresa recebe cheques pré-datados de terceiros, eles representam direitos. 
Os cheques pré-datados emitidos pela empresa implicam obrigações.
Além dos direitos representados por títulos de crédito, existem os traduzidos por 
contratos e outros documentos.
2.4 Obrigações
As obrigações patrimoniais são representadas por contas a pagar ou a compensar 
nas transações com terceiros.
Entre as dívidas mais comuns de uma empresa, temos as decorrentes de:
- compra a prazo de mercadorias e bens para uso;
- empréstimos e financiamentos bancários ainda não pagos;
- salários a pagar aos empregados;
- impostos e demais tributos devidos e não pagos;
- adiantamentos recebidos de clientes por conta de bens e serviços ainda não entre­
gues ou prestados.
Quando compramos um bem a prazo, ele se integra ao nosso patrimônio a partir do 
momento em que nos é entregue pelo fornecedor. Temos uma obrigação com o ven­
dedor, representada por uma conta a pagar equivalente ao preço do bem. A compra 
a prazo de mercadorias (bens móveis destinados à revenda) aumenta, simultanea­
mente, o ativo e o passivo exigível. O bem recebido na compra aumenta o ativo, 
enquanto a dívida contraída aumenta o passivo exigível.
Quando do pagamento da dívida da compra a prazo, ocorrerá a redução simultânea 
do passivo exigível e do ativo. A dívida será quitada, mas também haverá a diminui­
ção dos bens numerários da empresa.
Determinada pessoa física resolveu fazer um levantamento de seu patrimônio e 
constatou que tinha:
- um veículo;
~ uma casa;
- móveis e utensílios domésticos;
- dinheiro em espécie;
- saldo em conta corrente bancária;
- contas a receber da sogra e do cunhado (mais adiante, falaremos da provisão para 
devedores duvidosos);
- saldo em caderneta de poupança;
- prestações a pagar do financiamento obtido para a compra da casa;
- prestações a pagar do financiamento obtido para a compra do veículo.O patrimônio dessa pessoa pode ser dividido da seguinte forma:
Bens:
- veículo;
- casa;
19 Capítulo 2

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