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Historia da Educação - Tema 2 - Educação na Idade Média

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Educação na Europa Ocidental no período da Idade Média (entre os séculos V e XV). Legados medievais na forma de pensar a Educação: Artes Liberais, “monopólio” do campo educacional pelo clero, influência árabe para a cultura europeia, método de ensino da Escolástica e aparecimento das universidades.
Demonstrar que a base da Educação ocidental é fortemente influenciada pelas tradições educacionais desenvolvidas na Idade Média, em especial o papel da Igreja e a formação moral do sujeito, marca recorrente ainda na maneira como a Educação é vista e empreendida no Brasil e no mundo.
	MÓDULO 1
Identificar as principais características da transição da Educação entre a Antiguidade e a Idade Média
	MÓDULO 2
Descrever a importância das artes liberais para a formação dos sujeitos na Idade Média
	MÓDULO 3
Comparar aspectos da Reforma Carolíngia e da Educação islâmica na Europa Ocidental
	MÓDULO 4
Determinar a importância da Escolástica para as escolas urbanas e universidades na Baixa Idade Média
INTRODUÇÃO
Como você imagina a Idade Média?
Castelos e princesas, lembrando as histórias infantis? Lutas de espadas e as ações da Igreja, como nos filmes e séries? Professores que explicam que a Idade Média era a Idade das Trevas?
Essas visões construídas fazem parte do nosso cotidiano e têm relação com os iluministas, que queriam se afirmar contra o pensamento da Igreja. Além disso, há o Romantismo, que idealizou as figuras do cavaleiro e da donzela e, por fim, o cinema e a literatura contemporânea que veem com certo fascínio a Idade Média.
A tarefa de resumir a Idade Média a esses conceitos é difícil, pois um milênio não é representado por uma coisa só. De fato, esse olhar europeu só tem sentido se pensamos nos legados medievais. As sociedades atuais são frutos de influências europeias e do seu auge, que gerou o colonialismo e o imperialismo. Esse período fez com que as instituições europeias e suas diversas formações dessem base às nossas estruturas sociais, políticas e, principalmente, educacionais.
A Idade Média concentra os fundamentos da moral ocidental, marcados pela tradição judaico-cristã da Igreja. As referências da Antiguidade foram reconstruídas e marcam nossa forma de ver o mundo. Apesar de ter sido reconhecida de maneira pejorativa como apenas um período de transição, uma ÉPOCA DE TREVAS, A IDADE MÉDIA apresenta práticas que fazem parte de nosso cotidiano mesmo que nós não percebamos.
Nosso objetivo, portanto, é demonstrar que as tais trevas tinham intelectuais importantes, debates vigorosos, além de disputas entre grupos sociais para organizar e manter a Educação.
MÓDULO 1: Transição da Educação entre a Antiguidade e a Idade Média
A Idade Média é um período marcado pelo surgimento de um novo tipo de intelectual na Europa Ocidental: os padres cristãos.  Esse grupo foi o principal responsável por manter uma Educação formal (escolas) na Europa entre os séculos V e XV. Os primeiros a inaugurarem esse novo pensamento são conhecidos como membros da Patrística.(Nomenclatura adotada para englobar os principais intelectuais que construíram os dogmas, as bases filosóficas e as práticas da Igreja Romana, que seria conhecida posteriormente pelo nome de Igreja Católica. O termo significa pais da Igreja, mas poderíamos também apresentá-lo como inauguradores da filosofia cristã, que muito contribuíram para o conhecimento e para a Educação)
A Igreja Cristã foi a única instituição que atravessou todo o período de transição da Antiguidade para a Idade Média.
Em meados do século III, o Império Romano apresentava graves sinais de crise econômica e política. Na busca de reformulações que permitissem sua permanência, foram procuradas novas formas de governo – chega-se a ter quatro imperadores de uma só vez.
Outra tentativa foi a organização das mensagens e preceitos religiosos que dessem sentido à nova construção imperial. Quando o Imperador Constantino se converteu ao cristianismo, houve um movimento que pode ser interpretado como uma tentativa de coesão pela religião.
Mesmo assim, após a fragmentação do Império Romano Ocidental, a Educação foi creditada à Igreja, já que valorizava os princípios educacionais herdados da Antiguidade para ocupação dos seus quadros e para sua pregação.
Fragmentação do Império Romano Ocidental
No lugar de um império, passamos a ter reinos menores, conhecidos como “reinos bárbaros”. Esses reinos tinham um modelo político aristocrático – o rei comandava um conselho de senhores em que cada um mandava na sua região – e passaram a ter forte relação com a Igreja depois da conversão dos reis e de seus povos germânicos ao cristianismo.
O diálogo entre esses grupos foi iniciado pela religião cristã e gerou, com a conversão, a construção de um novo mundo.
O império romano deixou de existir, tornou-se um conjunto fragmentado de reinos com a mistura de três grandes tradições:
1. As romanas - com a maior parte da população.
2. As germânicas - reunião de características dos novos senhores.
3. A cristã – grupo que se difundia e se fazia presente no cotidiano, marcando intensamente a Educação no período.
A Igreja, por meio de seus membros, transmitiu uma mistura das culturas antigas (greco-romana) cristianizadas. Sua pregação era levada às praças, para o cotidiano dos reis, para todos que ouviam a Igreja, fazendo com que a Educação fosse difundida por meios não formais. No entanto, sua estrutura de manutenção era formal, organizada em centros de formação desses clérigos.
O saber antigo preservou-se nos livros que os mosteiros e as igrejas agasalharam carinhosamente (NUNES, 2018).
CURIOSIDADE HISTÓRICA
O clero impulsionou fundamentalmente o fenômeno de latinização nos séculos IV e V, o que representou o embrião das línguas neolatinas, fio condutor que fez possível também a transmissão de elementos culturais da Antiguidade Clássica até a Baixa Idade Média.
CONCEITOS
Nessa época, a Igreja Católica(O termo católico, derivação da palavra grega katholikos, que significa universal, passou a ser adotado pela Igreja no século XII, mas, mesmo antes, muitos dos seus membros já utilizavam esse nome.) foi muito importante para o desenvolvimento da ciência e para a preservação da cultura. Além disso, foi fundamental na manutenção da Educação. Os monges copistas foram responsáveis pela armazenagem do saber, pois copiavam e guardavam os registros escritos. Assim, toda a produção de conhecimento nas civilizações antigas – principalmente dos sábios gregos – foi preservada e retomada no período do Renascimento.( Movimento do fim da Idade Média em que intelectuais, pintores e filósofos alegavam recuperar os valores romanos. Na prática, esses valores nunca desapareceram, só foram adaptados à forma de um discurso cristão.)
Mesmo com a expansão do cristianismo, ainda na Antiguidade, bem como nos séculos subsequentes, os jovens romanos e cristãos frequentavam as mesmas escolas, liam os mesmos textos, recebiam a mesma instrução. O ensino da cultura clássica era necessário, sobretudo para aqueles oriundos das classes médias e altas, que formariam os quadros das carreiras administrativas.
Por conta dessa característica, a cultura clássica influenciava os principais intelectuais da Igreja de forma intensa.
O modelo educacional da Igreja era uma cópia do modelo do Império Romano.
	A arte da transição é um bom exemplo dessa mistura. De um lado, a forma é romana, de outro, o discurso é cristão. Repare nesta imagem. A Bíblia e a cruz, o pergaminho em grego e as roupas da nobreza.
	
As obras clássicas foram adotadas, seus pensadores reconhecidos, sua forma de educar valorizada, mas os objetivos e formas universalistas foram abandonados e substituídos por elementos cristãos.
	Por outro lado, a cultura romana também foi muito influenciada pelo catolicismo. As pinturas, as esculturas e os livros eram marcados pela temática religiosa. Os vitrais das igrejas apresentavam cenas bíblicas, pois essa era uma forma didática de transmitir o evangelho a uma população quase toda formada por iletrados. Assim como os romanos faziam com seusmonumentos e afrescos, a Igreja repaginou e permaneceu com sua utilização.
	
Curiosidade histórica
Gregório (papa entre os anos 590 e 604) criou o canto gregoriano – outra forma de disseminar as informações e os conhecimentos religiosos por meio de um instrumento simples e interessante da tradição romana: a música.
CORRENTES FILOSÓFICAS MEDIEVAIS
Pode-se dividir, de forma generalista, a Idade Média, no que diz respeito à Educação, em duas linhas principais:
	Patrística
Pretende expor racionalmente a doutrina religiosa, com destaque para Agostinho de Hipona.
	Escolástica
Predominante nos espaços escolares durante o Renascimento Carolíngio e readaptada a partir do racionalismo cristão e de Tomás de Aquino.
O termo patrística foi criado para designar os primeiros intelectuais da Igreja Romana, como Justino, Tertuliano, Orígenes, Atenágoras, Clemente. No entanto, dedicaremos nosso olhar a um membro tardio, mas fundamental para a Educação na Idade Média: Agostinho de Hipona
A Patrística se configurou como uma corrente de pensamento fundada pelos padres da Igreja Católica que procuravam estabelecer uma concepção racional dos fundamentos dos dogmas da fé cristã e uma resposta às suas perspectivas antagônicas, que eles denominavam de heresias.
EDUCAÇÃO: A base do pensamento educacional na Idade Média é o neoplatonismo cristão.(O prefixo neo indica o novo ou a retomada.) Essa corrente filosófica misturava traços da leitura de Platão e princípios diversos filosóficos do Mediterrâneo, como estoicismo(Movimento filosófico romano que defendia que o homem deve lutar contra a natureza e seus desejos) e os preceitos da religião cristã.
O nome mais importante para a Educação formulada para a Igreja e para além dela é o bispo africano Agostinho de Hipona (354-430). Ele estruturou seu pensamento como os demais membros da Patrística, isto é, combinando elementos da fé a princípios filosóficos de nomes importantes da cultura clássica, como Platão (428 a.C.-347 a.C.) e Plotino (204 d.C.-270 d.C.).
A INFLUÊNCIA DE AGOSTINHO DE HIPONA NO CAMPO EDUCACIONAL FOI NOTÓRIA NA IDADE MÉDIA COM SUAS OBRAS:
	A doutrina cristã
A obra que mais influenciou a Educação medieval, servindo de guia para os estudos dos intelectuais cristãos, bem como de ideário e planejamento para as escolas desse período. Para Agostinho, o lugar de aprendizagem era a Bíblia.
Além disso, para ele, Deus era o único mestre. Os professores, na realidade, nada ensinavam, apenas despertavam em seus alunos a busca pelo conhecimento.
Agostinho idealizou a Educação como um processo por meio do qual o “homem exterior”, material, mutável e mortal cedia espaço para o “homem interior”, espiritual, imutável e imortal. Essa transformação se dava à medida que o homem se aproximava e se familiarizava com Cristo: a Verdade, a Palavra de Deus que se fez homem (MELO, 2002, p. 67).
Assim, fica claro que o Bispo de Hipona acreditava que a aprendizagem se dava por intermédio de Deus, uma vez que Ele permitia que se captassem as coisas da verdade essencial.
	De Magistro 
Em De Magistro, Agostinho dedica-se a explicar a postura do mestre (professor). A estrutura é de um diálogo filosófico entre Agostinho, no papel de mestre, sendo questionado por um discípulo chamado Adeodato. Um dos elementos centrais da obra é a forma como a Educação pode ser atingida e para que ela serve. A proposta é mostrar que o conhecimento pelo conhecimento, como muito era pensado e visto na tradição romana, não levaria a lugar algum.
Assim, o único mestre possível era Jesus, e a Salvação era atingir o mundo real, abandonar a ilusão e as dificuldades desse mundo. O professor seria, portanto, um guia, alguém que deveria mostrar que as paixões e prazeres desse mundo são insignificantes diante do peso e da beleza da Salvação efetiva.
Esse sentido pode parecer religioso, mas ainda é recorrente na maneira do senso comum interpretar a Educação em nossos dias. A percepção de que o conhecimento deve formar o sujeito para que ele se torne um ser melhor, aqui possui sentido religioso; mas podemos pensar no âmbito da moral. A Educação como o caminho de formação do ser humano, incutindo valores sociais necessários é, sem dúvida, parte do legado agostiniano.
Um dos legados é a ideia de que religião e Educação podem ser tratadas como elementos indissociáveis, isto é, a formação educacional e a formação religiosa podem e devem ser feitas com base nos mesmos instrumentos e para o mesmo fim. Veja que as escolas de matriz religiosa, por exemplo, continuam fortemente reconhecidas no nosso cotidiano. Além disso, os pastores, padres e afins assumem funções didáticas com seus fiéis nas pregações e nas homílias,( Sermão religioso ministrado por um sacerdote no decorrer de uma celebração religiosa após a leitura da Bíblia, destinado a explicar o tema ou texto religioso.) demonstrando a proximidade, que bebe, sem dúvida, na tradição inaugurada por Agostinho.
Vimos que para Agostinho o conhecimento era advindo de Deus, mas para quem se destinava os ensinamentos?
Quem eram os alunos? Quem estudava, nesse momento, era a elite. Essa escola servia para formar novos quadros de clérigos, mas acabava também servindo à elite local.
	
	FIGURAS RELEVANTES: Vamos conhecer alguns dos sujeitos que foram apresentados ao longo deste módulo.
1. Quando o historiador medievalista Ronaldo Amaral afirma que, “para predicar a verdade contida na literatura cristã, sobretudo a bíblica, poder-se-ia usar as doutrinas dos pagãos, sendo tal postura apenas permissível, caso preparassem para o entendimento daquela (...)”, possibilita que compreendamos o processo em que se deu a transição da Idade Antiga para a Medieval. Neste sentido, podemos afirmar:
A) As obras clássicas foram destituídas de suas essências e sentido abrangente, sendo utilizadas conforme as necessidades do cristianismo.( A Igreja reutilizou parte da cultura clássica, evidentemente adaptada segundo os preceitos dessa nova cultura cristã buscou-se “cristianizar” a literatura didática herdada dos romanos.)
B) O cristianismo conquistou a história e nesta se colocou em decorrência de seu Deus ter encarnado.
C) Autores como Platão foram utilizados, ganhando características cristianizadas em suas proposições.
D) Os padres da Igreja não fizeram uso de absolutamente nada da cultura clássica porque consideravam que ela era imprópria para os desígnios divinos.
2. O latim “foi o fundamento da unidade cultural que viria a ser proporcionada pelas escolas mantidas pela Igreja” (Arminda Campos). Ao entendermos a frase no contexto do processo educacional que se concebe no início da Idade Média, como podemos resumir a posição de Agostinho de Hipona?
A) A ideia de que o homem deve seguir sua natureza, explorá-la e melhorá-la como processo educacional.(Agostinho é um membro da patrística, pensadores que formulam as bases da Igreja romana. A força do pensamento patrístico é a associação e diálogo com as tradições romanas. O pensamento expresso na letra A, seguir a natureza, tem base em Cícero, e na melhoria do sujeito pela educação. Isso prova, que somente aquilo que fosse dogmaticamente inaceitável do pensamento romano não-cristão seria criticado, se não afetasse o que é base do pensamento religioso cristão, que o homem deva resistir às tentações mundanas, uma vez que não é por si que se alcança a Salvação, mas por Jesus, o restante poderia ser lido e utilizado. Noções como reconhecimento das autoridades seculares, uso de autores da tradição clássica e introdução às dinâmicas de debates – inclusive nos concílios – foram adaptadas e bem vistas por Agostinho e pelos principais membros da Igreja, como a própria manutenção do uso do latim deixa claro.)
B) A ideia de que o imperador romano era uma liderança política e deveria ser tratado como tal.
C) A ideia de usar autores não cristãos, o que poderia configurar uma heresia, para explicações religiosas.
D) A ideia de formular debates teológicos, uma vez que a divindade e a mensagem divina não deveriam ser discutidas.
MÓDULO 2: Descrever a importânciadas artes liberais para a formação dos sujeitos na Idade Média
INTRODUÇÃO: Boa parte do conhecimento originário da Antiguidade foi preservado graças ao papel desempenhado pelos mosteiros e igrejas, que reproduziram manuscritos clássicos e elaboraram manuais e enciclopédias. Depois da Patrística, uma nova geração de bispos se notabilizou por escrever, defender e disseminar a Educação, como Marciano Capela, Cassiodoro, Boécio, Isidoro de Sevilha e Beda. Curiosidade histórica: No século IV, houve o aparecimento do códice, que levou ao desaparecimento do papiro – formato de pergaminho. Tal invenção teve consequências psicológicas fundamentais, pois permitiu dispensar um escravo leitor quando havia necessidade de se tomar nota. Podia-se estudar o texto com uma das mãos e escrever com a outra, ou seja, ler e escrever simultaneamente, o que reforçou a prática da leitura mental. Também ofereceu a facilidade de copiar um texto ou comparar vários exemplares ao mesmo tempo.
Devemos lembrar que o pensamento de Agostinho é referência na orientação dos estudos nessa fase, o que significa que continuamos com a figura dos mestres e dos discípulos, com a relação pessoal e com a Educação como um caminho para a Salvação. Por outro lado, os conhecimentos do mundo antigo permanecem vivos e presentes.O modelo patrístico é um dos mais longos e presentes. Por isso, neste segundo módulo, estudaremos seu modelo “curricular”. As aspas não são à toa, pois seria anacronismo imaginar a existência de um currículo escolar nesse momento. Porém, há conteúdos que são centrais para a Educação ao longo de toda Idade Média e um legado que ainda nos influencia atualmente.
Contexto histórico
AS SETE ARTES LIBERAIS: Quando falamos em Educação no período em questão, notamos a prevalência do modelo chamado de Sete Artes Liberais, que foi criado por Marciano Capela. Essa divisão é marcada por três artes da alma (Trivium), inspiradas por Deus, e quatro artes humanas (Quadrivium), como veremos a seguir.
· Trivium:A capacidade de bem falar, bem escrever e bem argumentar é atribuída à Santíssima Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo.
	DIALÉTICA
Exercício filosófico do convencimento, o ponto preciso para se atingir a verdade. É uma das grandes bases de relação entre o exercício da cultura greco-romano e a religião.
	RETÓRICA
Exercício do bem falar, da praça pública, e lida com estilo, com o envolvimento.
	GRAMÁTICA
Exercício de escrever, dominar os aspectos do que já havia sido escrito, reproduzir e construir a escrita com perfeição. O latim era uma língua entendida como sagrada.
· Quadrivium: As artes humanas tinham relação direta com a mão humana, trabalhos artesanais e com a interpretação do mundo.
	ARITMÉTICA
Representa a interpretação do mundo, a base matemática de explicação das coisas. Ela fez com que muitos clérigos virassem contadores, ou controladores dos reinos. Os números são seu principal objeto.
	GEOMETRIA
Era usada nos exercícios de medida, normalmente voltados à prática e à interpretação da prática, como construção de moinhos, rodas de transportes e construções como igrejas e muralhas. Envolve também a medida de distâncias, rios e trajetos diversos.
	MÚSICA
Muitos não sabem, mas existiam escalas e teoria musical na Idade Média. No entanto, é importante destacar que, para a Igreja, só era música aquilo que tinha as escalas corretas, tocadas nos ambientes corretos e com o objetivo de aproximar o homem de Deus. Músicas de festa e cantos de guerra eram duramente recriminados.
	ASTRONOMIA
A mais contestada das artes. Muitos defendiam que era perigosa por ser confundida com relações pagãs, pois era responsável pelas colheitas, marcação de datas e calendários e ainda efeitos.
Todas as artes eram adaptações ordenadas de estudos que já existiam no mundo grego. De alguma forma, é como se tivessem criado um currículo.
O homem comum aprendia o quadrivium, mas o trivium era para aqueles que gostariam de assumir uma outra condição, de líderes, de próximos à Igreja.
Ao passo que as instituições escolares oficiais e a dos mestres particulares (literatores) iam sumindo, a Igreja passou a adotar medidas para garantir a formação dos pretendentes ao sacerdócio, com o objetivo de promover a instrução básica indispensável para o ofício do ministério sacerdotal. A fase inicial desse ensino era realizada nas escolas paroquiais, enquanto o nível superior nas episcopais/catedralícias.
Também devemos destacar as escolas monásticas. Estas se originaram a partir dos mosteiros, ainda sem a adesão dos estudos filosóficos. A regra agostiniana, por exemplo, recomenda muitas horas de estudo, enquanto a Regula Monachorum, de São Jerônimo, sugere instruir-se com os filósofos segundo a sua utilidade religiosa. Por fim, os mosteiros beneditinos, na prática, podem ser avaliados como “escola”, afinal, a própria Regra de São Bento indica duas noções pedagógicas em seu capítulo 30:
“Cada idade e cada inteligência deve ser tratada segundo medidas próprias e os que cometem faltas serão punidos com muitos jejuns ou refreados com ásperas varas, acris verberibus”. – SÃO BENTO
É importante informar que a cultura intelectual estava monopolizada pela Igreja. Isso fazia da Educação um campo feito de sacerdotes para sacerdotes, com os conteúdos orientados às necessidades do culto. Desse modo, nas escolas paroquiais, episcopais e, especialmente, nas monásticas – diga-se de passagem, na realidade, as únicas existentes –, lecionava-se as denominadas Sete Artes Liberais.
	Você sabe por que 7 é um número tão importante para o cristianismo? O numeral é a referência da perfeição, são as idades do mundo, é marca do escolhido.
	
Ainda não entendeu o conceito e o papel das artes liberais? Veja os exemplos a seguir:
O bispo Isidoro de Sevilha, pensador visigodo da passagem do século VI para o VII, em sua obra Etimologias, definiu as artes liberais da seguinte forma:
“As artes liberais consistem em sete disciplinas. A primeira é a gramática, isto é, a capacidade de falar. A segunda, a retórica, que, pela elegância e recursos da eloquência, é considerada extremamente essencial nos assuntos civis. Terceiro, a dialética, também chamada de lógica, que, com os argumentos mais sutis, separa o verdadeiro do falso. Quarta, aritmética, cujo conteúdo são os fundamentos e divisões dos números. A quinta é a música, que lida com esquemas e métricas. O sexto, a geometria, que inclui as medidas e dimensões terrestres. E a sétima, astronomia, que lida com as leis das estrelas”.
Mas por que elas eram tão importantes para o bispo? Ele era um conselheiro do rei, líder de uma das cidades mais importantes do reino. Assim, mostrar o quanto era educado para seus pares e para o povo indicava o quão diferente ele era.
Na Alta Idade Média, a erudição e o domínio das Sete Artes Liberais eram considerados fatores de diferenciação e importância dentro e fora da Igreja.
	O reino ostrogodo tinha, ao longo do século VI, a referência do monarca Teodorico, seguidor de uma versão herética do cristianismo conhecida como arianismo. Depois de vencer os romanos, negociou com o bispo de Roma, Gregório Magno.
Para que uma certa autonomia fosse dada à Igreja na cidade de Roma, ao mesmo tempo, a Igreja deveria legitimar e reconhecer o seu poder.
Para facilitar esse trabalho, foi chamado Boécio, retórico importante, membro vinculado à Igreja, que deveria comandar a construção legislativa nas negociações com as lideranças locais e na articulação política de Teodorico.
	
Teodorico adotou práticas dos antigos imperadores romanos e, como forma de garantir essa disseminação, permitiu a ampliação das escolas – escolas de bispos e monásticas que formavam novos clérigos e um corpo burocrático cristão para administrar querelas(Discussão; debate; contestação; disputa. 2. Pendência.) que remetessem à atuação econômica, como cobrança de impostos, e mediadores em questões políticas. 
Os “currículos” dessas escolas eram todos pautados nas Sete Artes Liberais.
HISTÓRIAS ARTURIANAS
Durante a Alta Idade Média, os reinos viviamum quadro de constante disputas, quedas e substituição das estruturas políticas. Nesse momento, aparece uma das principais iconografias representativas da Idade Média: as histórias arturianas.
Nos séculos anteriores, as ilhas britânicas eram o verdadeiro fim do mundo romano. As muralhas de Adriano representavam, de alguma forma, o fim da civilidade. A ideia de fim do mundo acaba sendo um processo dúbio. Por um lado, o centro-sul da Ilha se afirmava com um bastião romano. O norte e a Irlanda, por sua vez, eram um espaço místico, bárbaro e iconográfico. Durante as “invasões saxônicas” à ilha, passaram a coexistir três tradições – as locais, tidas como místicas, as romanas e a dos novos grupos, entendidos como bárbaros. Ainda que derrotados pelos saxões, a ideia de que um libertador reuniria as forças locais e expulsaria os inimigos passa a ser fortemente construída. A figura de Arthur só ganhou seus contornos mais típicos nos textos franceses do século XII, mas já revelava um certo espírito das ilhas britânicas em imaginar um salvador político.
Por que essa história é importante para a Educação?
A ideia de um unificador, um salvador que uniria aqueles povos, também seria utilizada pela religião, mas de forma diferente. Se um une pela espada, o outro une pela palavra, pela proposta de unir as pessoas sob uma mensagem de cunho religioso. A Educação teria a função de mostrar esse papel. Existem muitos “mitos” britânicos nesse sentido, mas o mais famoso é Beda, o Venerável, que, na Irlanda, fundou mosteiros, recuperou Patrício como herói que trouxe o cristianismo aos bárbaros e explicou como a Educação, pautada nas Sete Artes Liberais, era o caminho para a religião e, por consequência, para a Salvação.
ESTUDO DA TEOLOGIA
Finalizadas as etapas do Trivium e do Quadrivium, passava-se para o último nível: o estudo da Teologia. Vale lembrar que a Teologia era considerada na Idade Média o saber capital, ao qual os eclesiásticos se voltariam por toda a vida. Em razão do ambiente cultural e do próprio objetivo que se conferia ao conhecimento, o pleno desenvolvimento das “ciências investigativas” ficava restrito. Prevalecia o princípio de que o fim último do homem era chegar ao Reino de Deus e que a Revelação se encontrava nas Sagradas Escrituras. Dessa maneira, não se procurava contemplar a natureza com o intuito de formular deduções explicativas ou mesmo elaborar hipóteses, mas unicamente para procurar os símbolos dos desígnios divinos.
	
	
	1. Herdadas da Antiguidade Clássica e organizadas na Idade Média, as artes liberais eram divididas em:
Resposta: Trivium (Dialética, Gramática e Retórica) e Quadrivium (Aritmética, Astronomia, Música e Geometria).( As Sete Artes Liberais, que representavam as disciplinas acadêmicas, eram desempenhadas por homens livres, devidamente direcionados pelos membros da Igreja. Lembrando que o Trivium corresponde às artes do espírito e o Quadrivium, às artes do corpo.)
	2. Marciano Capela foi um dos que mais contribuiu para o desenvolvimento e consolidação das Sete Artes Liberais. O conjunto conhecido como Quadrivium tem no seu entorno um grupo de conhecimentos que listamos, cujo fim era:
Resposta: Fazer com que o sujeito pudesse se desenvolver neste mundo.( O “currículo” escolar medieval era dividido em duas fases. Na primeira parte, estudava-se o Trivium (Gramática, Retórica e Dialética). Na segunda fase, aprendia-se as disciplinas que compõem o Quadrivium (Aritmética, Geometria, Astronomia e Música). O objetivo desse currículo era preparar o homem para o mundo, sendo uma herança das artes mecânicas.)
MÓDULO 3
Comparar aspectos da Reforma Carolíngia e da Educação islâmica na Europa Ocidental
INTRODUÇÃO
Agora vamos falar da segunda grande reforma da Educação na Idade Média: a Escolástica(Termo que significa produção intelectual ligada à escola). Muitos manuais de História da Educação citariam Tomás de Aquino e a recuperação de textos aristotélicos, um movimento chamado de racionalismo cristão. Mas falta uma peça desse quebra-cabeça, pois, é claro, que não foi uma mudança repentina a ideia de mudar o caminho filosófico que seguíamos e, com isso, a Educação.
A Escolástica é um movimento que vem de diversas influências. Optamos por duas delas:
	REFORMA CAROLÍNGIA
Termo histórico inventado para mostrar como importantes mudanças da Educação NA CORTE DE CARLOS MAGNO foram iniciadas e abriram caminho para a Escolástica.
	INFLUÊNCIA DOS MUÇULMANOS
Maomé não trouxe só outra religião. A partir da sua fundação, um novo mundo, um novo sistema de governo e uma nova forma de ver a Educação foram criados. O tamanho e o poder dessa presença foram tão grandes que fizeram com que eles dominassem norte da África, sul da Europa e partes importantes da Ásia. Mas não era pela espada, era uma EXPANSÃO QUE TINHA MUITO COMÉRCIO E CULTURA.
Contexto: Império carolíngio x Islamismo
Essas duas culturas desempenharam importante papel na História da Educação e a junção dessas influências possibilitam a compreensão do surgimento da Escolástica. A seguir, identificaremos o ponto de vista dessas culturas tão diferentes e muito importantes para o desenvolvimento da Educação.
Veremos, a seguir, como cada cultura, cristã e islâmica, se desenvolveu, além de suas influências na Educação durante a passagem da Alta Idade Média para a Baixa Idade Média.
CULTURA CRISTÃ X ISLÂMICA
Será que é possível comparar as duas culturas? Sim, é. Vamos perceber as características de um modelo e de outro e, dessa forma, mostrar como a Escolástica bebe desta relação.
ERUDIÇÃO
	ISLAMISMO
Essa cultura teve dois tipos de escola: elementar e superior. Na escola elementar, o foco do ensino era o Alcorão, que possui um conteúdo interdisciplinar, pois aborda, além da questão religiosa, assuntos sobre direito, política, sociedade e noções básicas sobre ciências. Já no ensino superior, além da abordagem religiosa, havia várias áreas do saber, como a Química e a Erontologia, estudo do sexo, e a Medicina – inclusive com o desenvolvimento de cirurgias.
A erudição se manifestava pela tradução de intelectuais de diversas religiões e partes do mundo para o árabe, permitindo que suas ideias circulassem.
	CRISTIANISMO
O que dá legitimidade a algum elemento, ou seja, o que deixa algo reconhecido de forma viva e valorizada? Mostrar que existem antecessores importantes e pares poderosos. Esse é um traço da cultura escolar construída. O tempo todo afirma-se por meio de herdeiros de santos, herdeiros de intelectuais, pares de reis, bispos, ou seja, criando uma rede, que é valorizada ao dizer que um estudou com o outro e isso foi tônica durante o Renascimento Carolíngio.
A pregação é feita sempre usando as Sagradas Escrituras, mas nunca apenas elas. Primeiramente, o pregador mostra como é erudito e busca as palavras de um clérigo importante que tenha comentado sobre a mesma passagem.
ESCRITA
	 O sentimento de que o mundo falava árabe era comum aos cronistas que, ao andar pelo mundo, sempre encontravam alguém que conhecia o idioma. A expansão do islamismo teve diversos desafios, mas um dos maiores foi integrar povos tão diversos. Os muçulmanos não impunham a sua religião, no entanto, davam vantagens a quem se convertia.
Mesmo para grupos tão diferentes, todos os que buscavam a conversão precisavam escrever e falar em árabe. O entendimento era de que o Alcorão não era uma revelação só pela mensagem, mas na forma. O árabe era a língua em que a mensagem se manifestou.
Assim, durante a aquisição das primeiras letras, nas escolas fundamentais, a instrução aos jovens começava pelo mesmo caminho: ensino da língua e domínio da escrita árabe.
	Para mostrar e difundir este olhar sobre a Educação, não basta uma revisão superficial do texto bíblico, que já tinha sido modificado no decorrer dos séculos. Era preciso ir além. Assim, duas inovações foram seguidas. 
A adoção de uma escrita de melhor qualidade. Dessa forma, os clérigos carolíngios generalizam o uso da MINÚSCULA CAROLÍNGIA, espécie de letra menor e mais elegante, que foi utilizada nos séculosprecedentes. Essa mudança tornou os livros mais manuseáveis e legíveis.
Também na época carolíngia, foi a adoção do hábito de SEPARAR AS PALAVRAS E AS FRASES UMAS DAS OUTRAS com um novo sistema de pontuação em oposição ao modo antigo de escrita que o ignorava completamente.
Essas duas alterações, acrescidas de uma melhor organização dos scriptoria(Locais em que os monges copistas ficavam reunidos para as cópias, verdadeiras fábricas de produção com revisores, coordenadores para tirar dúvidas, ilustradores e preparadores dos documentos finais), favoreceu a popularização da escrita.
LÍNGUA
	O crescimento de seu domínio e o despertar do interesse de governos gerava uma ampla circulação de pessoas, que desejavam conhecer e dominar a língua e os ensinamentos. O reino do Gana, por exemplo, vai aos principais intelectuais pedir ajuda para se converter. Turcos e mongóis, que surgem como inimigos da religião e do domínio muçulmano, acabam sendo convertidos pelos seus líderes à nova religião.
Professores e intelectuais eram contratados nas cidades maiores e circulavam pelo mundo muçulmano dedicados a ensinar a língua e outros fundamentos da cultura e da religião. Esse interesse se dava pelo que representava seus conhecimentos. Sua expansão fazia com que o mundo conhecesse seus domínios de medicina, leis, navegação etc. As trocas constantes e intensas geraram uma rica dinâmica comercial e cultural. Não é exagero dizer que, durante a Idade Média, o mundo muçulmano representava os mais importantes centros de cultura, pesquisa e comércio, atraindo vários povos.
	Outra forma de divulgação das obras antigas é a perpetuação de um conhecimento regular das regras do latim, que faz com que a gramática e a retórica sejam as principais disciplinas da erudição carolíngia. Vale lembrar que estamos em um período em que a língua latina evolui de maneira distinta em cada região. Nesse momento, os eclesiásticos carolíngios adotam uma decisão que conduziu o futuro linguístico da Europa. Eles admitiam que as línguas faladas pelas populações se distanciavam irrevogavelmente do latim clássico, a ponto de aconselharem que os sermões fossem traduzidos para as distintas línguas vulgares.
De um lado, havia uma multiplicidade de línguas vernáculas faladas localmente pela população e, de outro, uma língua erudita, aquela do texto sagrado e da Igreja, incompreensível para os fiéis.
ESCOLAS
	A instrução básica ocorria em centros formados dentro das mesquitas. Deveria ser ensinado a todos uma formação básica no idioma e alguns rudimentos de filosofia/religião islâmica.
Os estudos avançados eram realizados em centros maiores conhecidos como “Casas de Cultura” chamados por muitos de embriões das universidades medievais. Esses espaços reuniam escritos, sábios de regiões diversas e o ensino era marcado pelo ecletismo. Só poderiam participar muçulmanos ou povos dos livros – salvo quando cristãos e muçulmanos estavam em conflito.
	As escolas cristãs eram organizadas principalmente nos mosteiros. A partir dos oito anos, as crianças seguiam para esses locais e, ao completarem 18 anos, poderiam escolher se seguiriam a vida eclesiástica ou não. No período do governo Franco de Carlos Magno, surgem as primeiras escolas nas cidades, com profissionais que ofereciam seus serviços como professores particulares. Esses locais eram reconhecidos como escolas menores. Elas eram depreciadas pelas grandes escolas monacais e, por isso, tratadas com desdém, como escolinhas ou Escolástica. Em pouco tempo, esses professores e as escolas dos centros urbanos motivaram uma importante mudança no pensamento medieval.
Podemos dizer que os francos salvaram a cultura ocidental? Claro que não! Há outros povos importantes. Quer conhecer mais? Leia o texto Os visigodos no Explore +.
Curiosidade histórica: Muitos imaginam que somente os homens escreviam e que as mulheres estavam fora desse processo, mas não era bem assim. Alcuíno, conselheiro de Carlos Magno, é também o conselheiro de Gisele, irmã de Carlos Magno e abadessa de Chelles. Ela foi estimulada a desenvolver uma vida intelectual e uma intensa atividade de cópia de manuscritos em seu mosteiro. Uma grande aristocrata da Aquitânia, Dhuoda, longe da corte, transmitiu saber, no começo do século IX, ao seu filho Bernardo, duque de Septimânia, redigindo para ele um manual educativo.
DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO NA CULTURA ISLÂMICA
O povo árabe foi, de alguma forma, aquele que reinseriu a cultura clássica no Ocidente. Esse fato foi possível em virtude, do entendimento que tiveram da ciência grega, o que não se caracterizou como imitação. Dessa maneira, ao inserir seus elementos religiosos e científicos, acabaram difundindo elementos gregos que tinham sido remodelados. O ensino árabe também recebeu forte influência das escolas gregas e romanas.
Em parte, isso se deu pelo ensinamento de Maomé que mandou que seu povo fosse atrás do conhecimento não importando onde tivesse que chegar. Trilhando esse princípio, filósofos e sábios árabes edificaram uma grande civilização que incorporou a cultura e o conhecimento de outros povos. Foi dessa maneira que os árabes transmitiram grande conhecimento à Europa, como ocorreu, por exemplo, com a bússola, o astrolábio, o papel e a pólvora (PILETTI; PILETTI, 2012, p. 51-52).
A religião islâmica se expandiu para além das fronteiras do mundo árabe. Em 711, consolidava seu domínio na península Ibérica, dominando uma parte importante deste território.
A expansão muçulmana cessa com a vitória de Carlos Martel em Poitiers. Ainda que os carolíngios sejam exaltados por essa vitória, não devemos imaginar anos de conflito na relação entre cristãos e muçulmanos. Depois da expansão no século VIII, os séculos seguintes foram marcados pela intensa troca comercial entre esses povos. Como sabemos, o comércio leva bem mais que seus produtos. Dessa forma, elementos da cultura árabe-islâmica se difundiram e influenciaram o pensamento cristão.
Durante o domínio muçulmano na península Ibérica, os cristãos que permaneceram em suas regiões aprenderam a falar e escrever em árabe e nas línguas locais. Essa troca permitiu que tradutores recuperassem textos da Grécia Clássica – Aristóteles, principalmente –, que só existiam, até então, em árabe para as línguas conhecidas, fundamentando o caminho para o racionalismo cristão no século XII.
Normalmente, imaginamos um mundo de conflito, em especial quando começam os movimentos das Cruzadas, em 1095, mas a relação de troca no mundo mediterrânico foi intensa. Em um primeiro momento, os textos gregos traduzidos para o árabe ajudam a consolidar os espaços culturais muçulmanos conhecidos como casas de cultura. Depois, esses mesmos materiais foram traduzidos do árabe para as línguas românticas (início das línguas modernas).
DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO NA CULTURA CRISTÃ
	As reformas realizadas por Carlos Magno e seus conselheiros foram importantes. A principal delas foi a reforma da escrita. A nova escrita, minúscula carolíngia, é clara, normalizada, elegante, mais fácil de ler e escrever. Podemos dizer que foi a primeira escrita europeia. Numa intensa atividade de cópia de manuscritos nos scriptoria monásticos, reais e episcopais, Alcuíno introduziu uma nova preocupação com a clareza e a pontuação.
Carlos Magno também buscou corrigir o texto da Bíblia. Esse cuidado de correção, que animará a grande atividade de exegese bíblica no Ocidente Medieval, é uma preocupação importante que concilia o respeito pelo texto sagrado original e a legitimidade das emendas devidas ao progresso dos conhecimentos e da instrução.
A renascença carolíngia impõe-se ainda hoje, sobretudo pela riqueza de sua ilustração, as iluminuras.(Na acepção atual, a iluminura é uma imagem realizada em um manuscrito, do mesmo modo como a miniatura. Não obstante, no período medieval, o verbo latino iluminare significava o ato de pintar, e não propriamente a fabricação das imagens dos livros em si.)
Alguns evangeliários ou saltérios (salmos) são obras de arte carolíngia. O gosto pelo texto dos salmos,que atravessará a Idade Média, fez nascer na Europa um atrativo pela poesia bíblica que dura até hoje.
	
RUMO À ESCOLÁSTICA
A Educação urbana, considerada menor, que passou a se organizar e se difundir a partir da Reforma Carolíngia, é fortalecida com o crescimento das cidades. Assim, aumentaram as trocas comerciais e culturais com o mundo muçulmano. A soma destes dois fatores criou um terreno fértil para outra cultura educacional.
Por isso, o movimento intelectual conhecido como Escolástica, que marca a mudança do pensamento educacional medieval, só pode ser compreendido a partir do entendimento deste novo mundo.
FIGURAS RELEVANTES: Vamos conhecer alguns dos sujeitos que foram apresentados ao longo deste módulo
Maomé: O profeta dos muçulmanos. Como portador da mensagem, lidera o processo político-religioso de fundamentar a uma – união dos seguidores do profeta – sua ação praticamente unifica a península Arábica e, com suas propostas, fundamenta os pilares da nova religião.
Carlos Magno: Foi coroado pelo papa em Roma e aclamado como imperador. Manteve uma apurada política de vitórias militares e não se afastou dos ideais políticos francos, deixando o reino para todos seus filhos.
Alcuíno: Foi importante conselheiro de Carlos Magno, fundamentando a organização das principais escolas do reino, tanto para formar nobres como para organizar os mosteiros – femininos e masculinos.
Alfarabi: Filósofo e teólogo que fundamenta um movimento aristotélico no mundo muçulmano, atuando na aproximação entre as questões políticas e filosóficas. O conhecimento é algo integrado.
Averróis: Filósofo que fundamentava seu olhar em Aristóteles, estudou Teologia, Medicina, Direito, Filosofia e Matemática. Sua grande contribuição foi por seus comentários às obras de Aristóteles, que foram de suma importância para o Renascimento na Europa medieval.
	1. O povo árabe teve grande relevância para a cultura ocidental e, na questão educacional, contribuiu muito para o avanço da ciência e filosofia do período medieval. O ensino do árabe e sua difusão era parte fundamental deste processo, ainda que as populações islâmicas não fossem necessariamente de origem árabe. O domínio da língua árabe como base do fundamento da educação constituiu-se por qual motivo?
Resposta: Os árabes acreditavam que a sua grafia era divina, inspirada por Alá para difundir a religião e, por isso, precisava ser preservada.( Os árabes foram aqueles que colaboraram para inserir a cultura clássica no Ocidente. Esse fato foi possível em virtude do entendimento que tiveram da ciência grega, que não se caracterizou como imitação. O ensino árabe também recebeu forte influência das escolas gregas e romanas.)
	2. O Império Carolíngio, com Carlos Magno, cercou-se de letrados e de sábios, os chamados “intelectuais do Palácio”. Entre os nomes estão, por exemplo, o lombardo Paulo, o Diácono, o italiano Paulino de Aquileia, o espanhol Teodulfo de Orleans, o abade de Fleury-sur-Loire e, sobretudo, o anglo-saxão Alcuíno. Esse movimento ficou conhecido por Renascimento Carolíngio por ter promovido uma série de avanços na questão cultural e educacional que impactaram a Europa medieval. Com base nisso, identifique quais foram os dois principais avanços desse período:
Resposta: Fizeram uso de uma escrita de melhor qualidade, a minúscula carolíngia, e os escribas adotaram uma escrita com a separação das palavras, ou seja, um sistema de pontuação.( No plano educacional, o Renascimento Carolíngio foi muito além do que uma simples revisão dos textos sagrados. Eles desenvolveram uma nova maneira de escrever, com letras menores e uma escrita mais elegante, bem como desenvolveram um novo sistema de pontuação.)
MÓDULO 4
Determinar a importância da Escolástica para as escolas urbanas e universidades na Baixa Idade Média
INTRODUÇÃO
A Escolástica não é algo fácil de entender. Para facilitar a compreensão, veja algumas chaves de explicação:
	Ela é um movimento relacionado ao crescimento do comércio e dos centros urbanos na Europa e, consequentemente, marcado pela disputa de intelectuais.
	Ela muda o lugar de Deus. Sim! Se Deus era algo a ser alcançado, agora Ele está dentro de cada um de nós e alcançá-lo é uma operação racional.
	O papel da Educação nisso é preparar o sujeito para que ele possa ativar sua centelha divina, seu lugar de razão e mergulhar em si para poder alcançar a Deus e explicar o mundo.
NEOPLATONISMO X NEOARISTOTELISMO
De um lado, temos uma tradição histórica, monástica(é a prática da abdicação dos objetivos comuns dos homens em prol da prática religiosa), que bebe nos chamados pais da Igreja, com uma forma reconhecida e reafirmada: o modelo neoplatônico. Do outro lado, aparecem os movimentos urbanos e as novas tendências educacionais recebidas pelo mundo árabe. As cidades se tornam um local de debates públicos e valorização da razão. Lembrando que é uma razão cristianizada.
Filosoficamente, esses modelos têm questões fundamentais com a Educação:
	NEOPLATONISMO
Herdeiro da Patrística, partindo especialmente de Agostinho 
– Deus deve ser sentido, ele não precisa de uma explicação racional. Precisamos de mestres para conduzir os sujeitos pela prática, pela repetição de nomes da Igreja para alcançar Deus. Como Deus é tudo, inclusive todo o conhecimento, a busca por Ele é um exercício constante de alcançar a verdade em algum lugar.
	NEOARISTOTELISMO
Herdeiro da Escolástica, em especial de Tomás de Aquino – Deus deve ser explicado. Todo homem tem uma essência, um caminho racional que explica tudo. Essa essência, no caso dos homens, é divina. Logo, Deus não está em um lugar que deva ser alcançado, mas deve ser buscado dentro de cada um. Se minha capacidade de pensar e entender o mundo é centelha divina e a razão é divina, é divino fomentar o conhecimento e o racionalismo. Deus deve ser conhecido.
	O século XIII europeu, caracterizado pelo crescimento urbano e comercial, foi também, no ambiente citadino, o século da Europa escolar e universitária. Assistiu-se, a partir do século XII, beneficiadas pelos burgueses, a multiplicação das escolas urbanas. Por extensão, criou-se uma fundação capital para o ensino na Europa, o nascimento mais extraordinário e que introduziu uma tradição ainda viva atualmente: a das “escolas superiores”, também chamadas de universidades.
Essas escolas superiores ganharam, ao término do século XII, a denominação de stadium generale (escola geral), que significava uma condição superior e uma instrução de traço enciclopédico. As universidades, localizadas em regiões de grande presença de organização de ofícios urbanos, aparelharam-se em corporação como os outros ofícios e adotaram a terminação “universidade”, que expressava corporação. Tal vocábulo foi usado pela primeira vez em Paris, no ano de 1221, para indicar o grupo de mestres e de estudantes parisienses (universitas magistrorum et scholarium).
	
Manuscrito medieval mostrando uma reunião de doutores na Universidade de Paris.
	
MODELO BOLONHÊS
Apenas os alunos constituíam juridicamente a universitas.
	
MODELO PARISIENSE
Mestres e estudantes compunham uma única comunidade.
Somente o exemplar parisiense chegou aos dias atuais.
AS UNIVERSIDADES
A primeira universidade foi a de Bolonha, ainda que tenha sido regulamentada pelo papa apenas em 1252. Desde 1154, o Imperador Frederico Barba Ruiva conferira prerrogativas aos mestres e aos estudantes de Bolonha. Só para entendermos, há várias associações de mestres que transformavam as cidades em polos de atração de alunos. Esses alunos eram famosos pelas bebedeiras, festas e pelo conhecimento, mas estas escolas não eram reconhecidas como nada diferente do que um centro de cultura.
A partir do final do século XII, principalmente ao longo do XIII, vemos a consolidação de uma instituição, com regras e cátedras (cadeiras) reconhecidas pelo papa. Seu modelo era semelhante ao de um mosteiro, mas, ao invés de um abade, havia um rector (reitor). Além disso, o reconhecimento do título passa a ter uma cerimônia em que o mestre, representandoser o portador do conhecimento, dá a outorga ao aluno, transformando-o em um novo portador do dom.
Para entender isso melhor, olhe para os cerimoniais de formatura que ainda existem hoje. Todos ainda se baseiam na tradição e sua reprodução. O magnífico reitor outorga o grau – não mais por Deus, mas pelo Estado e pela instituição – colocando o aluno na condição de membro da Universitas.
A Universidade de Bolonha é um exemplo. Podemos ver processos parecidos destas duas fases – organização e status formal de universidade – igualmente em Paris:
As novas universidades não nasceram do nada. São filhas das escolas que se formaram desde Carlos Magno, mas seu modo de pensar e operar, sua formalização, dependeu do novo momento político, vivido no século XIII. As universidades são campos abertos para novas ideias. Não à toa, são espaços vitais da Escolástica e do pensamento aristotélico.
Curiosidade histórica: A Bula Universitas Parens Scientiarum conferida à Universidade de Paris pelo Papa Gregório IX continha um elogio famoso a respeito da instituição universitária e da Teologia, que se tornara na universidade, segundo expressão do Padre Chenu, uma “ciência”.
FUNDAMENTO ARISTOTÉLICO DA ESCOLÁSTICA
Dois grandes nomes se destacam na corrente Escolástica. São eles:
	ARISTÓTELES
De certo modo, foi o principal teórico das universidades do século XIII e, especialmente, da Universidade de Paris. Apesar de seus textos já terem sido traduzidos para o latim há muitos séculos, foi a partir do século XIII que se destacaram nessas traduções oriundas do árabe para línguas vernáculas(((ver·ná·cu·lo
(latim vernaculus, -a, -um, de escravo nascido em casa, de escravo) adjetivo
1. Próprio do país ou da nação a que pertence.=NACIONAL
2. [Figurado] Diz-se da linguagem sem incorreções e sem inclusão de estrangeirismos.=CASTIÇO
3. Que se expressa de modo rigoroso e sem incorreções (ex.: escritor vernáculo).
substantivo masculino
4. Língua própria de um país ou de uma região))) a sua metafísica, sua ética e sua política. Assim, podemos afirmar que houve um aristotelismo medieval por volta de 1260-1270, pois suas ideias estavam presentes em quase todo o ensino universitário.
	TOMÁS DE AQUINO
Foi um dos grandes introdutores do pensamento aristotélico nas universidades. No entanto, aproximadamente em 1270, o aristotelismo recuou por causa da condenação de tradicionalistas, como Estêvão Tempier, e pelos ataques de mestres mais “modernos”, que opunham a ele ideias mais místicas e menos racionalistas, tais como os franciscanos João Duns Escoto (1266-1308) e Guilherme de Ockham (1285-1347), além do dominicano Meister Eckhart (1260-1328).
O legado da ação intelectual, especialmente a universitária, do século XIII, foi a série de métodos e de textos que foram categorizados como Escolástica, inicialmente no século XII, e, mais profundamente, nas universidades no século XIII.
A Escolástica deriva do desenvolvimento da Dialética, uma das artes que compõem o Trivium, “a arte de argumentar por perguntas e respostas numa situação de diálogo”. O fundador da Escolástica é Anselmo de Cantuária (1033-1109), para quem a Dialética é o procedimento principal da sustentação da reflexão ideológica. O objetivo da Dialética é a inteligência da fé, cuja fórmula ficou famosa desde o período medieval: fé em busca de entendimento (fides quaerens intellectum).
ESSE MÉTODO ERA BASEADO EM TRÊS ETAPAS:
	QUAESTIO
Elaboração de um problema, ou seja, na exposição de uma questão.
	A DISPUTATIO
Discussão do questionamento entre mestres e alunos.
	A DETERMINATIO
Resolução do problema por parte do mestre.
Vale lembrar que, no século XII, no programa das universidades, havia um exercício cujo fim era a demonstração do talento intelectual dos mestres(((Uma importante prática intelectual desse momento era o duelo de correntes de pensamento. Seguidores do pensamento agostiniano, seguidores da forma aristotélica e ainda outras correntes cristãs se reuniam nos espaços da universidade e duelavam defendendo as suas ideias. Mestres ficavam famosos ou caiam em desgraça dependendo do seu desempenho. É interessante notar que a cultura circula. Essa mesma prática vai ser adotada por trovadores nas festas para ver quem era mais reconhecido. De trovadores e jogralesas, percebemos que uma prática da Educação chegava ao grande público.))). Nessas oportunidades, duas vezes ao ano, os discentes propunham ao mestre uma questão de qualquer temática. O renome e o status dos mestres, muitas vezes, se faziam em cima de sua competência de replicar a esses assuntos.
Curiosidade histórica: No século XIII, o filósofo que promoveu a transição real do platonismo para uma forma mais sofisticada de Filosofia foi Tomás de Aquino (1225-1274): o grande nome da Escolástica. Sua obra-prima, Summa Theologica (1485), é o maior exemplo desse método de aprendizagem.
A Escolástica ampliou-se quando Tomás de Aquino introduziu ao método elementos da Filosofia de Aristóteles. Historicamente, na Idade Média latina, a partir da segunda metade do século XIII e no século XIV, a Filosofia apresentava-se de duas formas distintas. Vejamos:
	FILOSOFIA ARTICULADA À TEOLOGIA
Sob a regência normativa da Teologia – ou, como diria Tomás de Aquino, subalternada a essa ciência –, tal Filosofia era oficialmente praticada nas Faculdades de Artes das universidades. Esse era o degrau necessário para atingir a Faculdade de Teologia.
	FILOSOFIA VOLTADA À TRADIÇÃO ANTIGA
Esta Filosofia retomava, pela mediação do ideal de vida filosófica – renascido em terras do Islã –, a tradição antiga do exercício de filosofar como fonte do mais alto prazer e da felicidade.
As universidades foram fundadas a partir das disciplinas disponíveis nas faculdades. Existiam quatro faculdades que faziam parte de todas as universidades:
	DIREITO
Elaboração de um problema, ou seja, na exposição de uma questão.
	TEOLOGIA
Estudo da exegese bíblica e da fundamentação filosófica de Deus.
	MEDICINA
Dava à Medicina uma aparência mais livresca e teórica do que experimental e prática.
	ARTES
Onde se lecionavam as Artes, principalmente as do Quadrivium.
Mas vale lembrar que, acima de todas elas, no que tange ao status e ao reconhecimento social, impunha-se a faculdade suprema: a de Teologia.
Com muita frequência, uma faculdade prevalecia por sua importância sobre as outras da universidade. Nesse sentido:
· Bolonha foi prioritariamente uma Faculdade de Direito;
· Paris foi uma Faculdade de Teologia.
· Montpellier foi uma Faculdade de Medicina.
Havia uma hierarquia pelo lugar no curriculum e pela reputação entre uma faculdade de base propedêutica(1. Introdução, prolegómenos de uma ciência. 2. Instrução preparatória, ciência preliminar, introdução a estudos mais desenvolvidos de determinada disciplina.). Na prática, a Faculdade de Artes foi frequentemente dominada pelas disciplinas que hoje chamaríamos de científicas. Do ponto de vista social, a faculdade foi povoada por estudantes mais jovens, mais turbulentos, menos ricos, e só uma minoria deles prosseguia seus estudos em uma faculdade superior (Direito, Teologia e Medicina).
Assista ao vídeo a seguir, que trata das universidades e suas características na Idade Média.
	Anselmo de Cantuária
A proximidade com a península Ibérica e as traduções de Aristóteles acabam por transformar Anselmo no fundador da Escolástica.
	Tomás de Aquino
Principal nome da Escolástica, foi um dos grandes introdutores do pensamento aristotélico nas universidades.
	Frederico Barba Ruiva
Imperador do Sacro Império Romano-Germânico. Morreu partindo para as Cruzadas antes mesmo de lutar.
	Duns Escoto
Filósofo escocês que seguiu a Escolástica e explicou a origem filosófica de Deus.
	Guilherme de Okham
Defendia que a única forma de atingir a verdade era a adoção da razão para chegar a fé.
	Urbano II
Papa que “convocou” a primeira Cruzada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: Finalizamos nossa jornada sobre a Educação na Idade Média estudando os elementos que a Igreja Católica resgatou da Antiguidade e as características das escolasromanas e do Trivium e Quadrivium e a readequação desses princípios da cultura clássica pela Patrística, com destaque para Agostinho de Hipona, o Renascimento Carolíngio e o contraponto da cultura do Islã e sua influência na Europa medieval até chegarmos nas universidades e o método da Escolástica com destaque para Tomás de Aquino.
Devemos pensar na Educação como um evento que pode assumir formas e maneiras diversas dependendo dos diferentes grupos humanos e suas correspondentes etapas de organização. Dessa forma, a Educação resulta em intencionalidade, bem como em imposição para alcançar seus propósitos, procurando que seus elementos cheguem a todas as partes que compõem a sociedade, como modo de se legitimar, buscando, assim, determinar uma série de valores e práticas particulares. No nosso caso, o período medieval.
1. A cultura europeia no período conhecido como Baixa Idade Média pode ser caracterizada pelo(a):
Resposta: Difusão do dogma escolástico baseado na negação da união entre a fé e a razão para a busca da verdade.( As universidades medievais apareceram em um contexto de crescimento urbano e comercial, marcas da Europa do século XII. Vale lembrar que foi nessa centúria que as escolas superiores ganharam a denominação de stadium generale (escola geral), que significava uma condição superior e uma instrução de traço enciclopédico. As universidades, localizadas em regiões de grande presença de organização de ofícios urbanos, aparelharam- se como os outros ofícios e adotaram a terminação “universidade”, que expressava corporação.)
2. O fundador da Escolástica foi Anselmo de Cantuária, para quem a Dialética era o procedimento principal que sustentava a reflexão ideológica. O objetivo da Dialética era a inteligência da fé, cuja fórmula ficou famosa – fé em busca de entendimento. De acordo com o que foi visto, como se dava a aplicação desse método nas universidades:
Resposta: Elaborar uma questão, discutir essa questão entre mestre e alunos e, por último, chegar a uma solução.( A valorização do debate como forma central de construir o argumento. Com isso, a questão era levantada. Esse método tinha dois efeitos: dava nova roupagem à dialogia que existia em Agostinho – substituição da condução pelo embate racional – e fomentava a disputa entre os mestres sobre quem tinha mais erudição.)

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