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Ementa e Acórdão 06/10/2017 SEGUNDA TURMA AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 929.591 PARANÁ RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI AGTE.(S) :ESTADO DO PARANÁ PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO PARANÁ AGDO.(A/S) :FEDERAÇÃO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE DE PASSAGEIROS DOS ESTADOS DO PARANÁ E SANTA CATARINA - FEPASC ADV.(A/S) :SACHA BRECKENFELD RECK ADV.(A/S) :DANIELLE WARDOSWKI CINTRA MARTINS INTDO.(A/S) :MUNICÍPIO DE CASCAVEL ADV.(A/S) :GENESIO FELIPE DE NATIVIDADE ADV.(A/S) :LUIZ ALBERTO GONÇALVES ADV.(A/S) :GUILHERME CYMBALISTA GONÇALVES ADV.(A/S) :MARIELLE MAZALOTTI NEJM TOSTA INTDO.(A/S) :CÂMARA MUNICIPAL DE CASCAVEL ADV.(A/S) :PASCOAL MUZELI NETO EMENTA Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. Ação Direta de Inconstitucionalidade. Lei nº 4.166/05 do Município de Cascavel/PR. Lei de iniciativa parlamentar que concede gratuidade no transporte coletivo urbano às pessoas maiores de 60 anos. Equilíbrio econômico-financeiro dos contratos. Reserva de Administração. Separação de Poderes. Violação. Precedentes. Recurso extraordinário parcialmente provido. 1. O Supremo Tribunal Federal tem declarado a inconstitucionalidade de leis de iniciativa do poder legislativo que preveem determinado benefício tarifário no acesso a serviço público concedido, tendo em vista a interferência indevida na gestão do contrato administrativo de concessão, matéria reservada ao Poder Executivo, estando evidenciada a ofensa ao princípio da separação dos poderes. 2. Não obstante o nobre escopo da referida norma de estender aos Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13924076. Supremo Tribunal FederalSupremo Tribunal Federal Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 16 Ementa e Acórdão ARE 929591 AGR / PR idosos entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos, independentemente do horário, a gratuidade nos transportes coletivos urbanos esteja prevista no art. 230, § 2º, da Constituição Federal, o diploma em referência, originado de projeto de iniciativa do poder legislativo, acaba por incidir em matéria sujeita à reserva de administração, por ser atinente aos contratos administrativos celebrados com as concessionárias de serviço de transporte coletivo urbano municipal (art. 30, inciso V, da Constituição Federal). 3. Agravo regimental não provido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, em sessão virtual de 29/9 a 5/10/2017, na conformidade da ata do julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Brasília, 6 de outubro de 2017. MINISTRO DIAS TOFFOLI Relator 2 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13924076. Supremo Tribunal Federal ARE 929591 AGR / PR idosos entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos, independentemente do horário, a gratuidade nos transportes coletivos urbanos esteja prevista no art. 230, § 2º, da Constituição Federal, o diploma em referência, originado de projeto de iniciativa do poder legislativo, acaba por incidir em matéria sujeita à reserva de administração, por ser atinente aos contratos administrativos celebrados com as concessionárias de serviço de transporte coletivo urbano municipal (art. 30, inciso V, da Constituição Federal). 3. Agravo regimental não provido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, em sessão virtual de 29/9 a 5/10/2017, na conformidade da ata do julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Brasília, 6 de outubro de 2017. MINISTRO DIAS TOFFOLI Relator 2 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13924076. Inteiro Teor do Acórdão - Página 2 de 16 Relatório 06/10/2017 SEGUNDA TURMA AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 929.591 PARANÁ RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI AGTE.(S) :ESTADO DO PARANÁ PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO PARANÁ AGDO.(A/S) :FEDERAÇÃO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE DE PASSAGEIROS DOS ESTADOS DO PARANÁ E SANTA CATARINA - FEPASC ADV.(A/S) :SACHA BRECKENFELD RECK ADV.(A/S) :DANIELLE WARDOSWKI CINTRA MARTINS INTDO.(A/S) :MUNICÍPIO DE CASCAVEL ADV.(A/S) :GENESIO FELIPE DE NATIVIDADE ADV.(A/S) :LUIZ ALBERTO GONÇALVES ADV.(A/S) :GUILHERME CYMBALISTA GONÇALVES ADV.(A/S) :MARIELLE MAZALOTTI NEJM TOSTA INTDO.(A/S) :CÂMARA MUNICIPAL DE CASCAVEL ADV.(A/S) :PASCOAL MUZELI NETO RELATÓRIO O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI (RELATOR): Estado do Paraná interpõe tempestivo agravo regimental (29/5/17) contra decisão em que dei parcial provimento ao recurso extraordinário para declarar a inconstitucionalidade tão somente da Lei nº 4.166/2005 do Município de Cascavel/PR. Eis o teor da referida decisão: “Vistos. A Federação das Empresas de Transporte de Passageiros dos Estados do Paraná e Santa Catarina - FEPASC interpõe recurso extraordinário, com fundamento na alínea ‘a’ do permissivo constitucional, contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, que julgou improcedente o pedido de representação de inconstitucionalidade ajuizada contra as Leis nº 3.211/2001 e nº 4.166/2005 do Município de Cascavel/PR. A Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13924077. Supremo Tribunal Federal 06/10/2017 SEGUNDA TURMA AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 929.591 PARANÁ RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI AGTE.(S) :ESTADO DO PARANÁ PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO PARANÁ AGDO.(A/S) :FEDERAÇÃO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE DE PASSAGEIROS DOS ESTADOS DO PARANÁ E SANTA CATARINA - FEPASC ADV.(A/S) :SACHA BRECKENFELD RECK ADV.(A/S) :DANIELLE WARDOSWKI CINTRA MARTINS INTDO.(A/S) :MUNICÍPIO DE CASCAVEL ADV.(A/S) :GENESIO FELIPE DE NATIVIDADE ADV.(A/S) :LUIZ ALBERTO GONÇALVES ADV.(A/S) :GUILHERME CYMBALISTA GONÇALVES ADV.(A/S) :MARIELLE MAZALOTTI NEJM TOSTA INTDO.(A/S) :CÂMARA MUNICIPAL DE CASCAVEL ADV.(A/S) :PASCOAL MUZELI NETO RELATÓRIO O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI (RELATOR): Estado do Paraná interpõe tempestivo agravo regimental (29/5/17) contra decisão em que dei parcial provimento ao recurso extraordinário para declarar a inconstitucionalidade tão somente da Lei nº 4.166/2005 do Município de Cascavel/PR. Eis o teor da referida decisão: “Vistos. A Federação das Empresas de Transporte de Passageiros dos Estados do Paraná e Santa Catarina - FEPASC interpõe recurso extraordinário, com fundamento na alínea ‘a’ do permissivo constitucional, contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, que julgou improcedente o pedido de representação de inconstitucionalidade ajuizada contra as Leis nº 3.211/2001 e nº 4.166/2005 do Município de Cascavel/PR. A Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número13924077. Inteiro Teor do Acórdão - Página 3 de 16 Relatório ARE 929591 AGR / PR ementa do acórdão é a seguinte: ‘AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PROPOSTA PELA FEDERAÇÃO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE DE PASSAGEIROS DOS ESTADOS DO PARANÁ E SANTA CATARINA – FEPASC – OBJETO LEIS MUNICIPAIS N.º 3.211/2001 E Nº 4.166/2005 QUE CONCEDEM GRATUIDADE NO TRANPORTE COLETIVO URBANO DE CASCAVEL ÀS PESSOAS COM IDADE SUPERIOR A 60 ANOS – SERVIÇO PÚBLICO – MATÉRIA NÃO RESTRITA À INICIATIVA PRIVATIVA DO PREFEITO. EVENTUAL DESEQUILÍBRIO NO CONTRATO DE CONCESSÃO DEVE SER RECOMPOSTO NAS VIAS ORDINÁRIAS - NÃO OCORRÊNCIA DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES. CONSTITUCIONALIDADE DAS NORMAS – PEDIDO IMPROCEDENTE’ (fl. 509). Opostos embargos de declaração (fls. 526/534), foram rejeitados (fls. 540/547). A recorrente alega ofensa aos artigos 2º, 61, § 1º, inc. II, ‘b’, e 84, VI, ‘a’, da Constituição Federal. Nesse sentido, sustenta que a Lei municipal nº 4.166/2005, oriunda de projeto de lei de iniciativa do poder legislativo, versa sobre prestação de serviço público, matéria de iniciativa do Chefe do Poder Executivo. Sustenta, outrossim, violação do artigo 37, inc. XXI, da CF/88, sob a alegação de que o benefício tarifário criado pelas leis questionadas ‘alterou fatores que compõem a arrecadação tarifária (diminuindo a quantidade de passageiros pagantes), o que, por seguinte, afetará a remuneração das concessionárias, atitude essa que viola frontalmente o princípio constitucional do equilíbrio econômico-financeiro’ (fl. 585). Aduz também ofensa aos artigos 22, inc. XXVII, e 30, da Constituição Federal, ao argumento de que as leis municipais reputadas constitucionais pelo Tribunal de Justiça contrariam os artigos 9º, 2 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13924077. Supremo Tribunal Federal ARE 929591 AGR / PR ementa do acórdão é a seguinte: ‘AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PROPOSTA PELA FEDERAÇÃO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE DE PASSAGEIROS DOS ESTADOS DO PARANÁ E SANTA CATARINA – FEPASC – OBJETO LEIS MUNICIPAIS N.º 3.211/2001 E Nº 4.166/2005 QUE CONCEDEM GRATUIDADE NO TRANPORTE COLETIVO URBANO DE CASCAVEL ÀS PESSOAS COM IDADE SUPERIOR A 60 ANOS – SERVIÇO PÚBLICO – MATÉRIA NÃO RESTRITA À INICIATIVA PRIVATIVA DO PREFEITO. EVENTUAL DESEQUILÍBRIO NO CONTRATO DE CONCESSÃO DEVE SER RECOMPOSTO NAS VIAS ORDINÁRIAS - NÃO OCORRÊNCIA DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES. CONSTITUCIONALIDADE DAS NORMAS – PEDIDO IMPROCEDENTE’ (fl. 509). Opostos embargos de declaração (fls. 526/534), foram rejeitados (fls. 540/547). A recorrente alega ofensa aos artigos 2º, 61, § 1º, inc. II, ‘b’, e 84, VI, ‘a’, da Constituição Federal. Nesse sentido, sustenta que a Lei municipal nº 4.166/2005, oriunda de projeto de lei de iniciativa do poder legislativo, versa sobre prestação de serviço público, matéria de iniciativa do Chefe do Poder Executivo. Sustenta, outrossim, violação do artigo 37, inc. XXI, da CF/88, sob a alegação de que o benefício tarifário criado pelas leis questionadas ‘alterou fatores que compõem a arrecadação tarifária (diminuindo a quantidade de passageiros pagantes), o que, por seguinte, afetará a remuneração das concessionárias, atitude essa que viola frontalmente o princípio constitucional do equilíbrio econômico-financeiro’ (fl. 585). Aduz também ofensa aos artigos 22, inc. XXVII, e 30, da Constituição Federal, ao argumento de que as leis municipais reputadas constitucionais pelo Tribunal de Justiça contrariam os artigos 9º, 2 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13924077. Inteiro Teor do Acórdão - Página 4 de 16 Relatório ARE 929591 AGR / PR § 4º, da Lei federal nº 8.987/95 e o art. 35, caput, da Lei federal nº 9.074/95, que estabelecem que nenhum benefício será criado ou majorado por lei que não apresente a respectiva fonte de custeio ou reveja a remuneração do concessionário. Por fim, aduz ofensa ao art. 195, § 5º, da Constituição Federal, visto que as leis questionadas teriam criado benefício de natureza assistencial sem a respectiva fonte de custeio. O parecer da Procuradoria-Geral da República é pelo provimento do recurso extraordinário (fls. 747/772). Decido. O acórdão recorrido merece reforma tão somente no ponto em que julgou improcedente do pedido de declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 4.166/2005 do Município de Cascavel/PR. Com efeito, não obstante o nobre escopo da referida norma, de estender, aos idosos entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos, independentemente do horário, a gratuidade nos transportes coletivos urbanos, prevista no art. 230, § 2º, da Constituição Federal, nota-se que o diploma em referência, originado de projeto de iniciativa do poder legislativo, acaba por incidir em matéria sujeita à reserva de administração, por ser atinente aos contratos administrativos celebrados com as concessionárias de serviço de transporte coletivo urbano municipal (art. 30, inc. V, da Constituição Federal). Em mais de uma ocasião, este Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade de leis de iniciativa do poder legislativo que previam determinado benefício tarifário no acesso a serviço público concedido. Nestes casos, a Corte entendeu haver interferência indevida na gestão do contrato administrativo de concessão, matéria esta reservada ao Poder Executivo, restando evidenciada ofensa ao princípio da separação dos poderes. Nesse sentido, o seguinte julgado: ‘AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI N. 7.304/02 DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO. EXCLUSÃO DAS MOTOCICLETAS DA RELAÇÃO DE 3 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13924077. Supremo Tribunal Federal ARE 929591 AGR / PR § 4º, da Lei federal nº 8.987/95 e o art. 35, caput, da Lei federal nº 9.074/95, que estabelecem que nenhum benefício será criado ou majorado por lei que não apresente a respectiva fonte de custeio ou reveja a remuneração do concessionário. Por fim, aduz ofensa ao art. 195, § 5º, da Constituição Federal, visto que as leis questionadas teriam criado benefício de natureza assistencial sem a respectiva fonte de custeio. O parecer da Procuradoria-Geral da República é pelo provimento do recurso extraordinário (fls. 747/772). Decido. O acórdão recorrido merece reforma tão somente no ponto em que julgou improcedente do pedido de declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 4.166/2005 do Município de Cascavel/PR. Com efeito, não obstante o nobre escopo da referida norma, de estender, aos idosos entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos, independentemente do horário, a gratuidade nos transportes coletivos urbanos, prevista no art. 230, § 2º, da Constituição Federal, nota-se que o diploma em referência, originado de projeto de iniciativa do poder legislativo, acaba por incidir em matéria sujeita à reserva de administração, por ser atinente aos contratos administrativos celebrados com as concessionárias de serviço de transporte coletivo urbanomunicipal (art. 30, inc. V, da Constituição Federal). Em mais de uma ocasião, este Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade de leis de iniciativa do poder legislativo que previam determinado benefício tarifário no acesso a serviço público concedido. Nestes casos, a Corte entendeu haver interferência indevida na gestão do contrato administrativo de concessão, matéria esta reservada ao Poder Executivo, restando evidenciada ofensa ao princípio da separação dos poderes. Nesse sentido, o seguinte julgado: ‘AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI N. 7.304/02 DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO. EXCLUSÃO DAS MOTOCICLETAS DA RELAÇÃO DE 3 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13924077. Inteiro Teor do Acórdão - Página 5 de 16 Relatório ARE 929591 AGR / PR VEÍCULOS SUJEITOS AO PAGAMENTO DE PEDÁGIO. CONCESSÃO DE DESCONTO, AOS ESTUDANTES, DE CINQUENTA POR CENTO SOBRE O VALOR DO PEDÁGIO. LEI DE INICIATIVA PARLAMENTAR. EQUILÍBRIO ECONÔMICO-FINANCEIRO DOS CONTRATROS CELEBRADOS PELA ADMINISTRAÇÃO. VIOLAÇÃO. PRINCÍPIO DA HARMONIA ENTRE OS PODERES. AFRONTA. 1. A lei estadual afeta o equilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão de obra pública, celebrado pela Administração capixaba, ao conceder descontos e isenções sem qualquer forma de compensação. 2. Afronta evidente ao princípio da harmonia entre os poderes, harmonia e não separação, na medida em que o Poder Legislativo pretende substituir o Executivo na gestão dos contratos administrativos celebrados. 3. Pedido de declaração de inconstitucionalidade julgado procedente’ (ADI 2733, Relator o Ministro Eros Grau, Tribunal Pleno, DJ de 3/2/06). No mesmo sentido: ‘AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI Nº 3.449/04 DO DISTRITO FEDERAL. PROIBIÇÃO DE COBRANÇA DE ASSINATURA BÁSICA NOS SERVIÇOS DE ÁGUA, LUZ, GÁS, TV A CABO E TELEFONIA. INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA DA UNIÃO PARA LEGISLAR E PRESTAR OS SERVIÇOS PÚBLICOS DE TELECOMUNICAÇÕES E ENERGIA ELÉTRICA (CF, ART. 21, XI E XII, ‘b’, E 22, IV). FIXAÇÃO DA POLÍTICA TARIFÁRIA COMO PRERROGATIVA INERENTE À TITULARIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO (CF, ART. 175, PARÁGRAFO ÚNICO, III). AFASTAMENTO DA COMPETÊNCIA CONCORRENTE DO ESTADO- MEMBRO PARA LEGISLAR SOBRE CONSUMO (CF, 4 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13924077. Supremo Tribunal Federal ARE 929591 AGR / PR VEÍCULOS SUJEITOS AO PAGAMENTO DE PEDÁGIO. CONCESSÃO DE DESCONTO, AOS ESTUDANTES, DE CINQUENTA POR CENTO SOBRE O VALOR DO PEDÁGIO. LEI DE INICIATIVA PARLAMENTAR. EQUILÍBRIO ECONÔMICO-FINANCEIRO DOS CONTRATROS CELEBRADOS PELA ADMINISTRAÇÃO. VIOLAÇÃO. PRINCÍPIO DA HARMONIA ENTRE OS PODERES. AFRONTA. 1. A lei estadual afeta o equilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão de obra pública, celebrado pela Administração capixaba, ao conceder descontos e isenções sem qualquer forma de compensação. 2. Afronta evidente ao princípio da harmonia entre os poderes, harmonia e não separação, na medida em que o Poder Legislativo pretende substituir o Executivo na gestão dos contratos administrativos celebrados. 3. Pedido de declaração de inconstitucionalidade julgado procedente’ (ADI 2733, Relator o Ministro Eros Grau, Tribunal Pleno, DJ de 3/2/06). No mesmo sentido: ‘AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI Nº 3.449/04 DO DISTRITO FEDERAL. PROIBIÇÃO DE COBRANÇA DE ASSINATURA BÁSICA NOS SERVIÇOS DE ÁGUA, LUZ, GÁS, TV A CABO E TELEFONIA. INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA DA UNIÃO PARA LEGISLAR E PRESTAR OS SERVIÇOS PÚBLICOS DE TELECOMUNICAÇÕES E ENERGIA ELÉTRICA (CF, ART. 21, XI E XII, ‘b’, E 22, IV). FIXAÇÃO DA POLÍTICA TARIFÁRIA COMO PRERROGATIVA INERENTE À TITULARIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO (CF, ART. 175, PARÁGRAFO ÚNICO, III). AFASTAMENTO DA COMPETÊNCIA CONCORRENTE DO ESTADO- MEMBRO PARA LEGISLAR SOBRE CONSUMO (CF, 4 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13924077. Inteiro Teor do Acórdão - Página 6 de 16 Relatório ARE 929591 AGR / PR ART. 24, V E VII). USUÁRIO DE SERVIÇOS PÚBLICOS CUJO REGIME GUARDA DISTINÇÃO COM A FIGURA DO CONSUMIDOR (CF, ART. 175, PARÁGRAFO ÚNICO, II). PRECEDENTES. SERVIÇOS DE FORNECIMENTO DE ÁGUA E GÁS. PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERES. RESERVA DE ADMINISTRAÇÃO (CF, ART. 2º). PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. (…) 4. Ofende a denominada reserva de administração, decorrência do conteúdo nuclear do princípio da Separação de Poderes (CF, art. 2º), a proibição de cobrança de tarifa de assinatura básica no que concerne aos serviços de água e gás, em grande medida submetidos também à incidência de leis federais (CF, art. 22, IV), mormente quando constante de ato normativo emanado do Poder Legislativo fruto de iniciativa parlamentar, porquanto supressora da margem de apreciação do Chefe do Poder Executivo Distrital na condução da Administração Pública, no que se inclui a formulação da política pública remuneratória do serviço público. 5. Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada procedente’ (ADI 3343, Relator o Ministro Ayres Britto, Relator p/ Acórdão o Ministro Luiz Fux, Tribunal Pleno, DJe de 22/11/11, grifo nosso). Na mesma linha, as seguintes decisões monocráticas, da minha relatoria: RE 492.125, DJe de 6/4/11, em que mantido acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo no qual fora declarada a inconstitucionalidade de lei que, tal como o diploma em questão, previa a gratuidade do transporte coletivo urbano às pessoas maiores de 60 (sessenta) anos; RE 472.025, DJe de 24/6/10, na qual mantive acórdão também do TJ/SP que declarara a inconstitucionalidade de lei municipal que instituía em favor das gestantes passe livre no uso do transporte coletivo urbano. No que tange à Lei municipal nº 3.211/2001 – alterada pela Lei municipal nº 4.166/2005 e que concedia a gratuidade no 5 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13924077. Supremo Tribunal Federal ARE 929591 AGR / PR ART. 24, V E VII). USUÁRIO DE SERVIÇOS PÚBLICOS CUJO REGIME GUARDA DISTINÇÃO COM A FIGURA DO CONSUMIDOR (CF, ART. 175, PARÁGRAFO ÚNICO, II). PRECEDENTES. SERVIÇOS DE FORNECIMENTO DE ÁGUA E GÁS. PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERES. RESERVA DE ADMINISTRAÇÃO (CF, ART. 2º). PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. (…) 4. Ofende a denominada reserva de administração, decorrência do conteúdo nuclear do princípio da Separação de Poderes (CF, art. 2º), a proibição de cobrança de tarifa de assinatura básica no que concerne aos serviços de água e gás, em grande medida submetidos também à incidência de leis federais (CF, art. 22, IV), mormente quando constante de ato normativo emanado do Poder Legislativo fruto de iniciativa parlamentar, porquanto supressora da margem de apreciação do Chefe do Poder Executivo Distrital na condução da Administração Pública, no que se inclui a formulaçãoda política pública remuneratória do serviço público. 5. Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada procedente’ (ADI 3343, Relator o Ministro Ayres Britto, Relator p/ Acórdão o Ministro Luiz Fux, Tribunal Pleno, DJe de 22/11/11, grifo nosso). Na mesma linha, as seguintes decisões monocráticas, da minha relatoria: RE 492.125, DJe de 6/4/11, em que mantido acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo no qual fora declarada a inconstitucionalidade de lei que, tal como o diploma em questão, previa a gratuidade do transporte coletivo urbano às pessoas maiores de 60 (sessenta) anos; RE 472.025, DJe de 24/6/10, na qual mantive acórdão também do TJ/SP que declarara a inconstitucionalidade de lei municipal que instituía em favor das gestantes passe livre no uso do transporte coletivo urbano. No que tange à Lei municipal nº 3.211/2001 – alterada pela Lei municipal nº 4.166/2005 e que concedia a gratuidade no 5 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13924077. Inteiro Teor do Acórdão - Página 7 de 16 Relatório ARE 929591 AGR / PR transporte coletivo aos maiores de 60 (sessenta) anos apenas em determinados horários – o acórdão recorrido não merece qualquer reparo. Isso porque, conforme se depreende do relato constante da petição inicial da representação de inconstitucionalidade, a qual foi ajuizada, pela federação ora recorrente, a Lei municipal nº 3.211/2001 é oriunda de projeto de lei de iniciativa do Chefe do Poder Executivo municipal, não havendo que se falar, nesse caso, em invasão de matéria reservada à Administração Pública. No que tange à alegação de ofensa ao princípio constitucional do equilíbrio econômico-financeiro, cumpre rememorar a decisão desta Corte na ADI nº 3.768 (Rel. Min. Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, Dje de 26/10/07). A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos alegava que a aplicação do benefício de gratuidade no transporte público coletivo conferido ao idoso pelo art. 39 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) – norma que, inclusive, fundamenta as leis municipais ora examinadas – deveria ser precedida de legislação acerca da forma de compensação das perdas financeiras decorrentes dessa política. Sustentava-se que, enquanto não editada a referida legislação, a norma do estatuto seria inconstitucional. Na assentada, a Corte afirmou, em síntese, que a garantia do art. 39 do Estatuto do Idoso decorre diretamente do art. 230, § 2º, da Constituição Federal, o qual tem aplicabilidade imediata. Outrossim, a possibilidade de ruptura do equilíbrio econômico-financeiro do contrato não é questão que se resolve com a declaração de inconstitucionalidade da norma garantidora. Eventual ruptura desse equilíbrio é circunstância a ser aferida concretamente e resolvida caso a caso, por meio dos necessários ajustes entre poder concedente e concessionária. A relatora, Ministra Cármen Lúcia, enfrentou a questão nos seguintes termos: ‘12. Imprópria juridicamente é a assertiva de que 6 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13924077. Supremo Tribunal Federal ARE 929591 AGR / PR transporte coletivo aos maiores de 60 (sessenta) anos apenas em determinados horários – o acórdão recorrido não merece qualquer reparo. Isso porque, conforme se depreende do relato constante da petição inicial da representação de inconstitucionalidade, a qual foi ajuizada, pela federação ora recorrente, a Lei municipal nº 3.211/2001 é oriunda de projeto de lei de iniciativa do Chefe do Poder Executivo municipal, não havendo que se falar, nesse caso, em invasão de matéria reservada à Administração Pública. No que tange à alegação de ofensa ao princípio constitucional do equilíbrio econômico-financeiro, cumpre rememorar a decisão desta Corte na ADI nº 3.768 (Rel. Min. Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, Dje de 26/10/07). A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos alegava que a aplicação do benefício de gratuidade no transporte público coletivo conferido ao idoso pelo art. 39 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) – norma que, inclusive, fundamenta as leis municipais ora examinadas – deveria ser precedida de legislação acerca da forma de compensação das perdas financeiras decorrentes dessa política. Sustentava-se que, enquanto não editada a referida legislação, a norma do estatuto seria inconstitucional. Na assentada, a Corte afirmou, em síntese, que a garantia do art. 39 do Estatuto do Idoso decorre diretamente do art. 230, § 2º, da Constituição Federal, o qual tem aplicabilidade imediata. Outrossim, a possibilidade de ruptura do equilíbrio econômico-financeiro do contrato não é questão que se resolve com a declaração de inconstitucionalidade da norma garantidora. Eventual ruptura desse equilíbrio é circunstância a ser aferida concretamente e resolvida caso a caso, por meio dos necessários ajustes entre poder concedente e concessionária. A relatora, Ministra Cármen Lúcia, enfrentou a questão nos seguintes termos: ‘12. Imprópria juridicamente é a assertiva de que 6 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13924077. Inteiro Teor do Acórdão - Página 8 de 16 Relatório ARE 929591 AGR / PR não se poderia exercer aquele direito constitucional do idoso antes que se fixasse, contratualmente (entre o ente delegante e a empresa delegada), a forma de assunção dos ônus financeiros pelo ente público. Ao reconhecimento de que o Estado pode alterar, unilateralmente, as condições fixadas para os contratos de concessão e permissão, tem-se, de um lado, que o particular tem a garantia da preservação do equilíbrio econômico-financeiro do contrato e, de outro, que as normas constitucionais devem ser cumpridas. Compete ao contratado particular comprovar perante o ente contratante a ruptura do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, em quanto, como e porque para que seja refeito se for o caso e segundo dados específicos. A constitucionalidade da garantia não ficará comprometida, em qualquer caso, pois o idoso tem, estampado na Constituição, o direito ao transporte coletivo urbano gratuito. Quem assume o ônus financeiro não é questão que se resolve pela inconstitucionalidade da norma que repete o quanto constitucionalmente garantido. Isso bastaria para aniquilar o argumento da Autora, segundo o qual a exigência de cumprimento do direito dos idosos à gratuidade dos transportes estaria a romper com o equilíbrio econômico-financeiro. A argumentação da Autora, nesse ponto, há de ser tido como perverso. Os idosos não são em número suficiente para aniquilar os ganhos dos empresários. De outra parte, não há direito adquirido a se contrapor a direitos previstos constitucionalmente, como os que se referem aos idosos. Logo, mesmo nos contratos de concessão ou permissão assinados antes da promulgação da Constituição, em respeito à garantia de equilíbrio, o máximo que poderiam requerer os delegados dos serviços de transporte municipal e intermunicipal seria da alteração dos contratos para cobrir-se, 7 Documento assinado digitalmenteconforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13924077. Supremo Tribunal Federal ARE 929591 AGR / PR não se poderia exercer aquele direito constitucional do idoso antes que se fixasse, contratualmente (entre o ente delegante e a empresa delegada), a forma de assunção dos ônus financeiros pelo ente público. Ao reconhecimento de que o Estado pode alterar, unilateralmente, as condições fixadas para os contratos de concessão e permissão, tem-se, de um lado, que o particular tem a garantia da preservação do equilíbrio econômico-financeiro do contrato e, de outro, que as normas constitucionais devem ser cumpridas. Compete ao contratado particular comprovar perante o ente contratante a ruptura do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, em quanto, como e porque para que seja refeito se for o caso e segundo dados específicos. A constitucionalidade da garantia não ficará comprometida, em qualquer caso, pois o idoso tem, estampado na Constituição, o direito ao transporte coletivo urbano gratuito. Quem assume o ônus financeiro não é questão que se resolve pela inconstitucionalidade da norma que repete o quanto constitucionalmente garantido. Isso bastaria para aniquilar o argumento da Autora, segundo o qual a exigência de cumprimento do direito dos idosos à gratuidade dos transportes estaria a romper com o equilíbrio econômico-financeiro. A argumentação da Autora, nesse ponto, há de ser tido como perverso. Os idosos não são em número suficiente para aniquilar os ganhos dos empresários. De outra parte, não há direito adquirido a se contrapor a direitos previstos constitucionalmente, como os que se referem aos idosos. Logo, mesmo nos contratos de concessão ou permissão assinados antes da promulgação da Constituição, em respeito à garantia de equilíbrio, o máximo que poderiam requerer os delegados dos serviços de transporte municipal e intermunicipal seria da alteração dos contratos para cobrir-se, 7 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13924077. Inteiro Teor do Acórdão - Página 9 de 16 Relatório ARE 929591 AGR / PR financeiramente, com os ônus comprovados em planilha sobre o uso dos transportes delegados pelos idosos. Teriam, para tanto, de provar quantos e em que condições aqueles serviços onerariam os seus contratos. De novo, a espécie não estaria a contemplar inconstitucionalidade do art. 39 da Lei n. 10.741/2003, senão que a forma de implementar o quanto nela posto. Ademais, após a promulgação da Constituição da República, todos os concessionários e permissionários estão submetidos às suas normas, não podendo, desde então, alegar que não sabiam do direito dos idosos ao transporte coletivo gratuito. Mais ainda, os custos advindos da gratuidade fazem parte de estudos de viabilidade do negócio assumido pelo particular e estão incluídos entre os custos do serviço, os quais são tidos, como ponderado pelo Advogado-Geral da União, ‘como fator importante na fixação da política tarifária, os aspectos econômicos atinentes à efetivação de tal direito.’ (fl. 158) Conforme lembrado no Parecer do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, ‘qualquer cidadão sabe que, independentemente da quantidade de pessoas que utilizam o transporte público, ele deverá ser prestado em horários pré-determinados pela Administração. O custo desta operacionalização é estável. O que se quer demonstrar é que a empresa não tem um custo maior por estar transportando pessoas idosas. O transporte encontra-se ali, disponível, com o custo já estabelecido’. Logo, a compensação pela gratuidade de transporte coletivo urbano aos idosos, pleiteada pela Autora, que não encontra previsão na Constituição da República, só é admitida quando ficar provado que houve ‘(...) prejuízo real para as empresas de transporte público em regime de concessão ou permissão, um desequilíbrio extraordinário e inesperado.’ (fl. 142)’ (fls. 6-7 do voto, 8 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13924077. Supremo Tribunal Federal ARE 929591 AGR / PR financeiramente, com os ônus comprovados em planilha sobre o uso dos transportes delegados pelos idosos. Teriam, para tanto, de provar quantos e em que condições aqueles serviços onerariam os seus contratos. De novo, a espécie não estaria a contemplar inconstitucionalidade do art. 39 da Lei n. 10.741/2003, senão que a forma de implementar o quanto nela posto. Ademais, após a promulgação da Constituição da República, todos os concessionários e permissionários estão submetidos às suas normas, não podendo, desde então, alegar que não sabiam do direito dos idosos ao transporte coletivo gratuito. Mais ainda, os custos advindos da gratuidade fazem parte de estudos de viabilidade do negócio assumido pelo particular e estão incluídos entre os custos do serviço, os quais são tidos, como ponderado pelo Advogado-Geral da União, ‘como fator importante na fixação da política tarifária, os aspectos econômicos atinentes à efetivação de tal direito.’ (fl. 158) Conforme lembrado no Parecer do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, ‘qualquer cidadão sabe que, independentemente da quantidade de pessoas que utilizam o transporte público, ele deverá ser prestado em horários pré-determinados pela Administração. O custo desta operacionalização é estável. O que se quer demonstrar é que a empresa não tem um custo maior por estar transportando pessoas idosas. O transporte encontra-se ali, disponível, com o custo já estabelecido’. Logo, a compensação pela gratuidade de transporte coletivo urbano aos idosos, pleiteada pela Autora, que não encontra previsão na Constituição da República, só é admitida quando ficar provado que houve ‘(...) prejuízo real para as empresas de transporte público em regime de concessão ou permissão, um desequilíbrio extraordinário e inesperado.’ (fl. 142)’ (fls. 6-7 do voto, 8 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13924077. Inteiro Teor do Acórdão - Página 10 de 16 Relatório ARE 929591 AGR / PR grifo nosso). Portanto, no ponto em que declarou a constitucionalidade da Lei municipal nº 3.211/2001, o acórdão recorrido não divergiu da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Ante o exposto, dou parcial provimento ao recurso para declarar a inconstitucionalidade tão somente da Lei nº 4.166/2005 do Município de Cascavel/PR.” Sustenta o agravante, in verbis, que “[e]ventual invasão de competência do Poder Executivo a macular formalmente a lei inquinada só existiria se o Legislativo desse início a processo legislativo sobre matéria de iniciativa reservada ao Executivo, o que não é o caso, já que a matéria de transportes ou serviços públicos não se trata daquelas reservadas à iniciativa de lei privativa do Poder Executivo. É dizer que a introdução da gratuidadeno que toca à tarifa no transporte público não se insere no contexto da ‘organização e funcionamento da administração municipal’, nem mesmo pode ser visto como primordialmente atinente aos contratos administrativos celebrados com as concessionárias de serviço de transporte coletivo urbano municipal. A Constituição Estadual não reserva a iniciativa de lei sobre transporte público, serviço público, ou sobre a suplementação à legislação federal atinente à garantia do idoso. E a Constituição da República também não trata o tema de forma diversa. (…) (…) Nesse diapasão, a Constituição Federal resguardou a competência privativa quanto à regulamentação do serviço público ao Presidente da República apenas em caráter excepcional quando se referir aos territórios (art. 61, §1°, inciso II, alínea b)”. 9 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13924077. Supremo Tribunal Federal ARE 929591 AGR / PR grifo nosso). Portanto, no ponto em que declarou a constitucionalidade da Lei municipal nº 3.211/2001, o acórdão recorrido não divergiu da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Ante o exposto, dou parcial provimento ao recurso para declarar a inconstitucionalidade tão somente da Lei nº 4.166/2005 do Município de Cascavel/PR.” Sustenta o agravante, in verbis, que “[e]ventual invasão de competência do Poder Executivo a macular formalmente a lei inquinada só existiria se o Legislativo desse início a processo legislativo sobre matéria de iniciativa reservada ao Executivo, o que não é o caso, já que a matéria de transportes ou serviços públicos não se trata daquelas reservadas à iniciativa de lei privativa do Poder Executivo. É dizer que a introdução da gratuidade no que toca à tarifa no transporte público não se insere no contexto da ‘organização e funcionamento da administração municipal’, nem mesmo pode ser visto como primordialmente atinente aos contratos administrativos celebrados com as concessionárias de serviço de transporte coletivo urbano municipal. A Constituição Estadual não reserva a iniciativa de lei sobre transporte público, serviço público, ou sobre a suplementação à legislação federal atinente à garantia do idoso. E a Constituição da República também não trata o tema de forma diversa. (…) (…) Nesse diapasão, a Constituição Federal resguardou a competência privativa quanto à regulamentação do serviço público ao Presidente da República apenas em caráter excepcional quando se referir aos territórios (art. 61, §1°, inciso II, alínea b)”. 9 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13924077. Inteiro Teor do Acórdão - Página 11 de 16 Relatório ARE 929591 AGR / PR É o relatório. 10 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13924077. Supremo Tribunal Federal ARE 929591 AGR / PR É o relatório. 10 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13924077. Inteiro Teor do Acórdão - Página 12 de 16 Voto - MIN. DIAS TOFFOLI 06/10/2017 SEGUNDA TURMA AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 929.591 PARANÁ VOTO O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI (RELATOR): A irresignação não prospera. Conforme já consignado na decisão agravada, não obstante o nobre escopo da Lei nº 4.166/05 do Município de Cascavel/PR de estender aos idosos entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos, independentemente do horário, a gratuidade nos transportes coletivos urbanos esteja prevista no art. 230, § 2º, da Constituição Federal, nota-se que o diploma em referência, originado de projeto de iniciativa do poder legislativo, acaba por incidir em matéria sujeita à reserva de administração, por ser atinente aos contratos administrativos celebrados com as concessionárias de serviço de transporte coletivo urbano municipal (art. 30, inciso V, da Constituição Federal). Em mais de uma ocasião, o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade de leis de iniciativa do poder legislativo que previam determinado benefício tarifário no acesso a serviço público concedido. Nestes casos, a Corte entendeu haver interferência indevida na gestão do contrato administrativo de concessão, matéria reservada ao Poder Executivo, estando evidenciada a ofensa ao princípio da separação dos poderes. Sobre o tema, anote-se: “AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI N. 7.304/02 DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO. EXCLUSÃO DAS MOTOCICLETAS DA RELAÇÃO DE VEÍCULOS SUJEITOS AO PAGAMENTO DE PEDÁGIO. CONCESSÃO DE DESCONTO, AOS ESTUDANTES, DE CINQUENTA POR CENTO SOBRE O VALOR DO PEDÁGIO. LEI DE INICIATIVA PARLAMENTAR. EQUILÍBRIO ECONÔMICO- FINANCEIRO DOS CONTRATROS CELEBRADOS PELA ADMINISTRAÇÃO. VIOLAÇÃO. PRINCÍPIO DA Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13924078. Supremo Tribunal Federal 06/10/2017 SEGUNDA TURMA AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 929.591 PARANÁ VOTO O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI (RELATOR): A irresignação não prospera. Conforme já consignado na decisão agravada, não obstante o nobre escopo da Lei nº 4.166/05 do Município de Cascavel/PR de estender aos idosos entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos, independentemente do horário, a gratuidade nos transportes coletivos urbanos esteja prevista no art. 230, § 2º, da Constituição Federal, nota-se que o diploma em referência, originado de projeto de iniciativa do poder legislativo, acaba por incidir em matéria sujeita à reserva de administração, por ser atinente aos contratos administrativos celebrados com as concessionárias de serviço de transporte coletivo urbano municipal (art. 30, inciso V, da Constituição Federal). Em mais de uma ocasião, o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade de leis de iniciativa do poder legislativo que previam determinado benefício tarifário no acesso a serviço público concedido. Nestes casos, a Corte entendeu haver interferência indevida na gestão do contrato administrativo de concessão, matéria reservada ao Poder Executivo, estando evidenciada a ofensa ao princípio da separação dos poderes. Sobre o tema, anote-se: “AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI N. 7.304/02 DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO. EXCLUSÃO DAS MOTOCICLETAS DA RELAÇÃO DE VEÍCULOS SUJEITOS AO PAGAMENTO DE PEDÁGIO. CONCESSÃO DE DESCONTO, AOS ESTUDANTES, DE CINQUENTA POR CENTO SOBRE O VALOR DO PEDÁGIO. LEI DE INICIATIVA PARLAMENTAR. EQUILÍBRIO ECONÔMICO- FINANCEIRO DOS CONTRATROS CELEBRADOS PELA ADMINISTRAÇÃO. VIOLAÇÃO. PRINCÍPIO DA Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/sob o número 13924078. Inteiro Teor do Acórdão - Página 13 de 16 Voto - MIN. DIAS TOFFOLI ARE 929591 AGR / PR HARMONIA ENTRE OS PODERES. AFRONTA. 1. A lei estadual afeta o equilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão de obra pública, celebrado pela Administração capixaba, ao conceder descontos e isenções sem qualquer forma de compensação. 2. Afronta evidente ao princípio da harmonia entre os poderes, harmonia e não separação, na medida em que o Poder Legislativo pretende substituir o Executivo na gestão dos contratos administrativos celebrados. 3. Pedido de declaração de inconstitucionalidade julgado procedente” (ADI 2733, Relator o Ministro Eros Grau, Tribunal Pleno, DJ de 3/2/06). “AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI Nº 3.449/04 DO DISTRITO FEDERAL. PROIBIÇÃO DE COBRANÇA DE ASSINATURA BÁSICA NOS SERVIÇOS DE ÁGUA, LUZ, GÁS, TV A CABO E TELEFONIA. INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA DA UNIÃO PARA LEGISLAR E PRESTAR OS SERVIÇOS PÚBLICOS DE TELECOMUNICAÇÕES E ENERGIA ELÉTRICA (CF, ART. 21, XI E XII, b, E 22, IV). FIXAÇÃO DA POLÍTICA TARIFÁRIA COMO PRERROGATIVA INERENTE À TITULARIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO (CF, ART. 175, PARÁGRAFO ÚNICO, III). AFASTAMENTO DA COMPETÊNCIA CONCORRENTE DO ESTADO-MEMBRO PARA LEGISLAR SOBRE CONSUMO (CF, ART. 24, V E VII). USUÁRIO DE SERVIÇOS PÚBLICOS CUJO REGIME GUARDA DISTINÇÃO COM A FIGURA DO CONSUMIDOR (CF, ART. 175, PARÁGRAFO ÚNICO, II). PRECEDENTES. SERVIÇOS DE FORNECIMENTO DE ÁGUA E GÁS. PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERES. RESERVA DE ADMINISTRAÇÃO (CF, ART. 2º). PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. (…) 4. Ofende a denominada reserva de administração, decorrência do conteúdo nuclear do princípio da Separação de Poderes (CF, art. 2º), a proibição de cobrança de tarifa de assinatura básica no que concerne aos serviços de água e gás, em grande medida submetidos também à incidência de leis federais (CF, art. 22, IV), 2 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13924078. Supremo Tribunal Federal ARE 929591 AGR / PR HARMONIA ENTRE OS PODERES. AFRONTA. 1. A lei estadual afeta o equilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão de obra pública, celebrado pela Administração capixaba, ao conceder descontos e isenções sem qualquer forma de compensação. 2. Afronta evidente ao princípio da harmonia entre os poderes, harmonia e não separação, na medida em que o Poder Legislativo pretende substituir o Executivo na gestão dos contratos administrativos celebrados. 3. Pedido de declaração de inconstitucionalidade julgado procedente” (ADI 2733, Relator o Ministro Eros Grau, Tribunal Pleno, DJ de 3/2/06). “AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI Nº 3.449/04 DO DISTRITO FEDERAL. PROIBIÇÃO DE COBRANÇA DE ASSINATURA BÁSICA NOS SERVIÇOS DE ÁGUA, LUZ, GÁS, TV A CABO E TELEFONIA. INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA DA UNIÃO PARA LEGISLAR E PRESTAR OS SERVIÇOS PÚBLICOS DE TELECOMUNICAÇÕES E ENERGIA ELÉTRICA (CF, ART. 21, XI E XII, b, E 22, IV). FIXAÇÃO DA POLÍTICA TARIFÁRIA COMO PRERROGATIVA INERENTE À TITULARIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO (CF, ART. 175, PARÁGRAFO ÚNICO, III). AFASTAMENTO DA COMPETÊNCIA CONCORRENTE DO ESTADO-MEMBRO PARA LEGISLAR SOBRE CONSUMO (CF, ART. 24, V E VII). USUÁRIO DE SERVIÇOS PÚBLICOS CUJO REGIME GUARDA DISTINÇÃO COM A FIGURA DO CONSUMIDOR (CF, ART. 175, PARÁGRAFO ÚNICO, II). PRECEDENTES. SERVIÇOS DE FORNECIMENTO DE ÁGUA E GÁS. PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERES. RESERVA DE ADMINISTRAÇÃO (CF, ART. 2º). PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. (…) 4. Ofende a denominada reserva de administração, decorrência do conteúdo nuclear do princípio da Separação de Poderes (CF, art. 2º), a proibição de cobrança de tarifa de assinatura básica no que concerne aos serviços de água e gás, em grande medida submetidos também à incidência de leis federais (CF, art. 22, IV), 2 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13924078. Inteiro Teor do Acórdão - Página 14 de 16 Voto - MIN. DIAS TOFFOLI ARE 929591 AGR / PR mormente quando constante de ato normativo emanado do Poder Legislativo fruto de iniciativa parlamentar, porquanto supressora da margem de apreciação do Chefe do Poder Executivo Distrital na condução da Administração Pública, no que se inclui a formulação da política pública remuneratória do serviço público. 5. Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada procedente” (ADI 3.343, Relator o Ministro Ayres Britto, Relator para o acórdão o Ministro Luiz Fux, Tribunal Pleno, DJe de 22/11/11, grifo nosso). Na mesma linha, as seguintes decisões monocráticas, da minha relatoria: i) RE 492.125, DJe de 6/4/11, em que mantido acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo no qual fora declarada a inconstitucionalidade de lei que, tal como o diploma em questão, previa a gratuidade do transporte coletivo urbano às pessoas maiores de 60 (sessenta) anos; e ii) RE 472.025, DJe de 24/6/10, na qual mantive acórdão também do TJSP em que o Tribunal declarara a inconstitucionalidade de lei municipal que instituía, em favor das gestantes, passe livre no uso do transporte coletivo urbano. Ante o exposto, voto pelo não provimento do agravo regimental. 3 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13924078. Supremo Tribunal Federal ARE 929591 AGR / PR mormente quando constante de ato normativo emanado do Poder Legislativo fruto de iniciativa parlamentar, porquanto supressora da margem de apreciação do Chefe do Poder Executivo Distrital na condução da Administração Pública, no que se inclui a formulação da política pública remuneratória do serviço público. 5. Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada procedente” (ADI 3.343, Relator o Ministro Ayres Britto, Relator para o acórdão o Ministro Luiz Fux, Tribunal Pleno, DJe de 22/11/11, grifo nosso). Na mesma linha, as seguintes decisões monocráticas, da minha relatoria: i) RE 492.125, DJe de 6/4/11, em que mantido acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo no qual fora declarada a inconstitucionalidade de lei que, tal como o diploma em questão, previa a gratuidade do transporte coletivo urbano às pessoas maiores de 60 (sessenta) anos; e ii) RE 472.025, DJe de 24/6/10, na qual mantive acórdão também do TJSP em que o Tribunal declarara a inconstitucionalidade de lei municipal que instituía, em favor das gestantes, passe livre no uso do transporte coletivo urbano. Ante o exposto, voto pelo não provimento do agravo regimental. 3 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13924078. Inteiro Teor do Acórdão - Página 15 de 16 Extrato de Ata - 06/10/2017 SEGUNDA TURMA EXTRATO DE ATA AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 929.591 PROCED. : PARANÁ RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI AGTE.(S) : ESTADO DO PARANÁ PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO PARANÁ AGDO.(A/S) : FEDERAÇÃO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE DE PASSAGEIROS DOS ESTADOS DO PARANÁ E SANTA CATARINA - FEPASCADV.(A/S) : SACHA BRECKENFELD RECK (38083/PR) ADV.(A/S) : DANIELLE WARDOSWKI CINTRA MARTINS (57151/PR) INTDO.(A/S) : MUNICÍPIO DE CASCAVEL ADV.(A/S) : GENESIO FELIPE DE NATIVIDADE (10747/PR) ADV.(A/S) : LUIZ ALBERTO GONÇALVES (8146/PR) ADV.(A/S) : GUILHERME CYMBALISTA GONÇALVES (0049229/PR) ADV.(A/S) : MARIELLE MAZALOTTI NEJM TOSTA (44205/PR) INTDO.(A/S) : CÂMARA MUNICIPAL DE CASCAVEL ADV.(A/S) : PASCOAL MUZELI NETO (32314/PR) Decisão: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. 2ª Turma, Sessão Virtual de 29.9 a 5.10.2017. Composição: Ministros Edson Fachin (Presidente), Celso de Mello, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli. Disponibilizou processos para esta sessão o Ministro Alexandre de Moraes, não tendo participado do julgamento desses feitos o Ministro Edson Fachin por suceder, na Segunda Turma, o Ministro Teori Zavascki. Ravena Siqueira Secretária Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o número 13851847 Supremo Tribunal Federal SEGUNDA TURMA EXTRATO DE ATA AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 929.591 PROCED. : PARANÁ RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI AGTE.(S) : ESTADO DO PARANÁ PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO PARANÁ AGDO.(A/S) : FEDERAÇÃO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE DE PASSAGEIROS DOS ESTADOS DO PARANÁ E SANTA CATARINA - FEPASC ADV.(A/S) : SACHA BRECKENFELD RECK (38083/PR) ADV.(A/S) : DANIELLE WARDOSWKI CINTRA MARTINS (57151/PR) INTDO.(A/S) : MUNICÍPIO DE CASCAVEL ADV.(A/S) : GENESIO FELIPE DE NATIVIDADE (10747/PR) ADV.(A/S) : LUIZ ALBERTO GONÇALVES (8146/PR) ADV.(A/S) : GUILHERME CYMBALISTA GONÇALVES (0049229/PR) ADV.(A/S) : MARIELLE MAZALOTTI NEJM TOSTA (44205/PR) INTDO.(A/S) : CÂMARA MUNICIPAL DE CASCAVEL ADV.(A/S) : PASCOAL MUZELI NETO (32314/PR) Decisão: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. 2ª Turma, Sessão Virtual de 29.9 a 5.10.2017. Composição: Ministros Edson Fachin (Presidente), Celso de Mello, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli. Disponibilizou processos para esta sessão o Ministro Alexandre de Moraes, não tendo participado do julgamento desses feitos o Ministro Edson Fachin por suceder, na Segunda Turma, o Ministro Teori Zavascki. Ravena Siqueira Secretária Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o número 13851847 Inteiro Teor do Acórdão - Página 16 de 16 Ementa e Acórdão Relatório Voto - MIN. DIAS TOFFOLI Extrato de Ata - 06/10/2017
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