Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ANATOMIA EXAME DAS MAMAS Inspeção estática: é realizada com a paciente sentada e tórax desnudo. O examinador se posiciona de frente à paciente. Observa-se a pele que recobre as mamas e as aréolas. Avalia-se tamanho, forma, simetria, presença de abaulamentos ou retrações, presença de sinais flogísticos, presença de lesões. Inspeção dinâmica: - Movimento dos braços para cima e para baixo: torna mais evidente as retrações e as assimetrias, além de possibilitar a avaliação do comprometimento muscular. - Contração dos peitorais: avalia a mobilidade das mamas, que pode estar preservada, diminuída ou ausente. Palpação: paciente deitada com as mãos atrás da nuca e examinador do lado da mama examinada. Embora haja variações nas técnicas, todos os quadrantes mamários e a região subareolar devem ser palpados e quaisquer alterações devem ser medidas e anotadas. Na presença de nódulos, devem ser observados tamanho, consistência, mobilidade, regularidade do contorno e fixação à pele ou aos tecidos adjacentes e profundos. A palpação pode ser realizada utilizando-se a face palmar das falanges distais dos dedos indicador, médio, anular e mínimo. Expressão areolopapilar: faz-se uma delicada pressão no nível da aréola e da papila, que irá produzir uma compressão do sistema ductal, podendo resultar em saída de secreção através da papila. Serão avaliados a cor e quantidade das secreções. Secreção associada a quadros sugestivos de malignidade deverá ser submetida a exame citológico. Palpação axilar e supraclavicular: o examinador deve se posicionar ao lado da paciente. A paciente deve ser instruída a fletir o antebraço aproximadamente a 90o e apoiá-lo no braço homolateral do examinador. Com a mão esquerda palpa-se a axila direita, apoiando o cotovelo direito da paciente na mão direita. Com a mão direita palpa-se a axila esquerda, apoiando o cotovelo esquerdo da paciente na mão esquerda. Depois, de frente para a paciente, palpam-se as fossas supraclaviculares. Se algum linfonodo estiver palpável, deve-se analisar: número, tamanho, consistência, sensibilidade, mobilidade e fixação aos planos profundos e superficiais. DEFINIÇÃO É definido como um tumor presente na glândula mamária, palpável ou não ao exame clínico, podendo ter conteúdo cístico ou sólido. Nas mulheres, os nódulos palpáveis mais comuns são os cistos e os fibroadenomas. Porém, outras causas mais raras podem ser observadas, tais como: tumor filoides, lipomas e hamartomas. Fator de risco: - Genética: BRCA, P-53 - Nuliparidade - Progesterona - Tabagismo (isquemia de ductos distais → abcessos periareolares → carcinoma inflamatório). Fator de proteção: - Amamentação (antes dos 20 anos) - Menopausa precoce FISIOPATOLOGIA O parênquima da glândula mamária sofre profundas mudanças durante o desenvolvimento e amadurecimento feminino, sobretudo no período entre a menarca e a menopausa. Inicia-se pela predominância de ductos, lóbulos e do estroma intra e interlobular observados no início da menacme até as alterações fibróticas e formações císticas, atualmente denominadas alterações fibrocísticas das mamas ou alterações funcionais benignas das mamas, comumente abreviadas como AFBM. No fim, após a menopausa, a mama sofre um processo de lipossubstituição em torno de 75% dos casos ou de fibro-substituição, presente nos 25% restantes. A maioria dos nódulos sólidos é decorrente de lesões fibroepiteliais. O mais comum é o fibroadenoma. Sua fisiopatologia pode ser explicada por uma resposta exagerada na mama aos estímulos hormonais fisiológicos após a menarca. Trata-se de nódulo de crescimento limitado e, em geral, não ultrapassa 2 cm, com tendência à involução após a menopausa. Cerca de 50% dos fibroadenomas contêm outras lesões proliferativas, como adenose esclerosante, adenose, hiperplasia ductal usual e microcalcificações epiteliais. Esses são os chamados fibroadenomas complexos. Algumas variações, como o tumor filoide e o fibroadenoma gigante, apresentam maior celularidade do estroma e normalmente atingem tamanhos maiores. Os cistos mamários são estruturas redondas ou ovóides, preenchidas por líquido. Derivam-se da unidade ducto lobular terminal, acometendo as mulheres entre a quarta década e o início da menopausa. A maioria é subclínica, sendo chamados microcistos. Os cistos complexos correspondem a 5% dessas lesões. O diagnóstico se realiza por meio da ultrassonografia, que identifica a presença de área sólida no seu interior. Nesses casos, é importante o estudo histopatológico para diferenciar as alterações benignas das malignas, raramente presentes. DIAGNÓSTICO É impossível distinguir a massa mamária entre benigna e maligna, ou cística e sólida pelo exame clínico. Entretanto, os achados do exame, interpretados em conjunto com a imagem e o exame patológico (teste triplo), contribuem significativamente para as decisões sobre o tratamento. Exame físico A mama possui o formato de uma vírgula e seu prolongamento axilar corresponde à cauda de Spence. Essa extensão pode ser volumosa, em especial durante a gravidez e a lactação, e costuma ser confundida com uma massa axilar. O exame clínico da mama começa com sua inspeção para determinar se há ondulação, retração do mamilo ou alterações na pele. A presença e a característica de descarga mamilar são registradas. Além disso, a localização de uma massa deve ser especificamente documentada de acordo com sua posição no quadrante, e a distância desde seu centro até o centro do mamilo deve ser aferida com o uso de régua ou compasso. Anotação: definição da localização e do tamanho da massa. Características benignas: consistência macia, formato arredondado e mobilidade. Avaliação cuidadosa das axilas, fossa infraclavicular e fossa supraclavicular. Diagnóstico por imagem Mamografia: magnificação, compressão extra ou visões extras além das habituais incidências mediolaterais oblíquas e craniocaudais que costumam ser usadas para rastreamento. Diferentemente da mamografia de rastreamento, a mamografia diagnóstica pode ser adequada para mulheres de qualquer idade. Além disso, a ultrassonografia é inestimável para determinar se uma massa é cística ou sólida e faz parte da maioria dos algoritmos de imagem diagnóstica. Certas características das massas sólidas, como margens irregulares, ecos internos ou proporção entre largura e altura, sugerem malignidade. Sistema de banco de dados e relatórios das imagens das mamas (BI-RADS) Características ultrassonográficas de benignidade: Biópsia de mama A avaliação de uma massa sólida de mama é finalizada com biópsia por agulha. Essas biópsias devem ser realizadas após exame de imagem ou, no mínimo, duas semanas antes do exame de imagem, uma vez que o trauma tecidual resultante pode produzir artefatos de imagem que simulam malignidade. As opções incluem biópsia por punção aspirativa com agulha fina (PAAF) ou biópsia por agulha grossa. A tendência dos últimos anos tem sido a preferência por biópsia com agulha grossa. Embora a PAAF demande menos tempo para sua realização e tenha custo menor do que a biópsia por agulha grossa, a probabilidade de que produza um diagnóstico específico é menor e apresenta taxa mais alta de amostragem insuficiente. A PAAF extrai grupos de células epiteliais que podem ser interpretadas como benignas ou malignas, além de não permitir diferenciar, com certeza, entre lesões proliferativas benignas e neoplasias fibroepiteliais, ou entre carcinoma ductal in situ e câncer invasivo. Por outro lado, a biópsia por agulha grossa é realizada usando um dispositivo automatizado que retira um fragmento de cada vez, ou um dispositivo assistido a vácuo que, uma vez posicionado, coleta múltiplos fragmentos. A biópsia por agulha de massas sólidas é preferencialmente realizada antes da excisão, já que os resultados da biópsia contribuem de forma significativa para o planejamento cirúrgico. Teste triplo A combinação de exame clínico, de imagem e biópsia por agulha é denominada teste triplo. Quando todas essas avaliações sugerem lesão benigna ou câncer de mama, o teste triploé considerado concordante. Um teste triplo concordante benigno é 99% acurado, e os nódulos mamários nessa categoria podem ser acompanhados apenas com exame clínico a cada seis meses. Se qualquer uma das avaliações sugerir malignidade, o nódulo deve ser retirado independentemente dos resultados das outras duas avaliações. Considera-se apropriada a conduta de oferecer à paciente a possibilidade de retirada de um nódulo mamário avaliado por completo, mesmo com teste concordante benigno, já que esses nódulos podem ser fonte de ansiedade significativa. DESCARGA PAPILAR É possível obter líquido por expressão dos ductos mamilares em pelo menos 40% das mulheres na pré-menopausa, 55% das multíparas e 74% daquelas que tenham amamentado nos últimos dois anos. Em geral, o líquido tem origem em mais de um ducto e sua coloração pode variar de branca leitosa a verde-escura ou marrom. A cor esverdeada está relacionada à presença de diepóxido de colesterol, não sendo sugestiva de infecção ou de malignidade subjacente. As descargas multiductais, que ocorrem apenas após expressão manual, são consideradas fisiológicas e não exigem avaliação adicional. Entretanto, as descargas espontâneas devem ser consideradas patológicas e merecem avaliação. A descarga espontânea leitosa, também denominada galactorreia, pode ter várias causas. A gravidez é outra causa frequente de nova descarga espontânea, e descarga multiductal hemorrágica é comum durante a gravidez. Define-se a descarga papilar como patológica quando é uniductal, espontânea, serosa ou hemorrágica. A taxa de malignidade subjacente varia de 2%, para mulheres jovens sem achados associados nos exames de imagem ou físicos, até 20% mulheres idosas com achados associados. A maioria das descargas patológicas do mamilo é causada por papilomas intraductais benignos, que são pólipos simples nos ductos lactíferos. Esses papilomas surgem nos ductos lactíferos principais, em geral até 2 cm do mamilo, e contêm epitélio papilar aveludado sobre uma base fibrovascular central. A avaliação de uma descarga patológica do mamilo se inicia com o exame da mama. Em geral, a avaliação cuidadosa pode localizar o ponto de gatilho no canto areolar que induz a descarga quando pressionado. O teste de sangue oculto e o exame microscópico da descarga podem fornecer informações adicionais. Uma lâmina com amostra da descarga e imediatamente fixa em álcool a 95% pode ser usada na avaliação citológica. As amostras do fluido do mamilo são acelulares em 25% dos casos, por isso não se pode excluir malignidade subjacente. No entanto, a identificação de células malignas mantém alta correlação com a presença de câncer subjacente. Após esses exames, há indicação de mamografia diagnóstica e de avaliação dos ductos subareolares por ductografia, ductoscopia ou ultrassonografia mamária. Em geral, a mamografia diagnóstica é negativa, mas, às vezes, será possível identificar carcinoma ductal in situ (CDIS) subjacente. A ductografia mamária, também conhecida como galactografia, requer punção do ducto afetado, injeção de radiocontraste e, a seguir, mamografia. Por outro lado, a ductoscopia envolve dilatação e punção do ducto mamário com descarga, seguidas da passagem de endoscópio medindo apenas 0,6 a 1,2 mm de diâmetro. A avaliação dos ductos subareolares, como descrito, é necessária para localizar lesão intraductal para excisão subse- quente. Entretanto, a descarga patológica do mamilo é diagnosticada e tratada definitivamente com a excisão do ducto subareolar, procedimento também conhecido como micro- ductectomia. A retirada do ducto subareolar também pode ser usada para tratar as descargas multiductais incômodas não associadas a prolactinoma. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS Fibroadenoma Os fibroadenomas são tumores firmes, elásticos, apresentando bordas regulares e lisas. Apresentam bilateralidade em 10% das vezes e são múltiplos em 10% a 15% dos casos. Podem alterar o tamanho conforme a fase do ciclo menstrual, geralmente aumentam na gestação e amamentação, e involuem na menopausa. Tumor phyllodes Possuem as características clínicas do fibroadenoma, porém as dimensões habitualmente são superiores e apresentam crescimento rápido. Mais comum entre os 30 e 50 anos. Histologicamente, caracterizam-se por lesões proliferativas fibroepiteliais e maior celularidade do estroma. Podem apresentar-se sob a forma benigna, borderline e maligna de acordo com o número de mitoses e celularidade do estroma. Como principal complicação, apresentam recorrência local, sobretudo quando com margens menores 1 cm, e raramente risco para o desenvolvimento de metástases, principalmente para pulmões. Fibroadenoma juvenil Mesmo quadro clínico do tumor phyllodes, porém acomete mulheres mais jovens (menos de 20 anos) e costuma aparecer após dois a três anos da menarca. Caracteriza-se por uma massa única, palpável, móvel e indolor que cursa com crescimento rápido, podendo causar assimetria mamária importante. Hamartoma Também denominado de fibroadenolipoma, é uma lesão benigna infrequente. Geralmente, é diagnosticada por exames de imagem, porém, quando palpáveis, correspondem a tumores bem delimitados de limites precisos. Histologicamente é descrita como breast in a breast (área de tecido mamário normal encapsulado). Cistos Apresentam-se como nódulos essencialmente benignos, de bordas lisas e bem definidas. Podem ter pouca mobilidade, ser únicos ou múltiplos e de tamanho e consistência variáveis. Provocam dor quando crescem repentinamente. Podem ser classificados como simples (conteúdo líquido límpido) e complexos (apresentam vegetações ou debris em seu interior). Alteração funcional benigna das mamas Pacientes referem dor localizada, geralmente em quadrante superolateral das mamas, e ao exame clínico há espessamento fibroelástico, móvel, que involui após a menstruação. Neoplasias malignas Encontram-se nódulos endurecidos, limites indefinidos e aderidos a estruturas adjacentes. Podem-se encontrar fatores associados: alteração cutânea (retração, hiperemia, edema), fluxo papilar suspeito, linfadenomegalia axilar e supraclavicular. Geralmente são indolores. Esteatonecrose Possui característica semelhante à neoplasia maligna, porém são secundárias a trauma ou processo cirúrgico prévio. Caracteriza-se por massa irregular, firme e nodular associada geralmente à retração cutânea. Ectasia ductal A manifestação clínica dessa entidade corresponde a nódulo retroareolar endurecido, comumente associado à sensibilidade dolorosa durante a palpação, inversão de mamilo e fluxo papilar. Acomete mulheres na quarta década de vida e na perimenopausa. Pode mimetizar neoplasia maligna. Papiloma Geralmente acomete mulheres entre 30 e 50 anos, apresentando-se como fluxo papilar sanguinolento associado a nódulos próximos à aréola. TRATAMENTO A etapa inicial do tratamento dos nódulos benignos mamários consiste em explicar às pacientes que eles são decorrentes de alteração normal do desenvolvimento da mama e que não aumentam o risco para desenvolvimento de câncer de mama. Cistos Os cistos simples não palpáveis, diagnosticados apenas em ultrassonografia, não devem ser abordados ou acompanhados, e a paciente deve ser tranquilizada. A punção aspirativa com agulha fina é uma opção prática e eficaz nos nódulos palpáveis. Para os cistos simples, a PAAF é ao mesmo tempo diagnóstica e terapêutica. A citologia do líquido não é recomendada e só deve ser solicitada nos casos suspeitos, tais como: cistos com conteúdo hemorrágico e cistos que recidivam em curto espaço de tempo. A exérese cirúrgica deve ser restrita aos casos de cistos complexos (com conteúdo sólido), quando não for possível a realização de biópsia percutânea assistida a vácuo ou quando, após a realização desse procedimento, se observa presença de atipia ou malignidade. Os casos de papiloma, quando sintomáticos, ou com atipia ou ainda que não tenham sido completamente retirados pela biópsia vácuo-assistida, devem ser removidos cirurgicamente. Os cistos com conteúdo espesso, septos finos ou microcistos agrupadostêm pouco risco de malignidade e podem ser acompanhados clinicamente. O controle deve ser realizado em seis meses. Nódulos sólidos Quanto a nódulos com imagem suspeita, todos devem ser submetidos à biópsia percutânea, independentemente da idade. A retirada cirúrgica deve ser determinada de acordo com o resultado da biópsia. Em mulheres com idade abaixo de 30 anos com exame clínico e radiológico sugestivos de alterações benignas, que não causem incômodo clínico, não se recomenda biópsia, mas sim controle clínico e radiológico. A exérese cirúrgica deve ser reservada aos casos sintomáticos, sobretudo nos nódulos maiores que 2 cm. Diante da suspeita de tumor filoide ou fibroadenoma juvenil, recomenda-se a exérese do tumor com obtenção de margens livres, para reduzir o risco de recorrência Membrana basal: diferença do carcinoma in situ e invasivo. 4 tipos: - Luminal A e B - Her2 - Triplo negativo: nenhum receptor hormonal. Linfonodo endurecido: sinal de Troisier > 40 mamografia < 40 US, pode pedir para complementar. Mamografia ampliada: microcalcificações agrupadas (BIRADS 4A). BIRADS 3: acompanha de 6 em 6 meses, em 2 anos vira birads 2. Zona de tabar: nódulos nessa região são altamente sugestivos de malignidade.
Compartilhar