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1 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi Sistemas orgânicos integrados OBJETIVOS: 1. Entender a morfofisiologia mamária 2. Compreender as alterações benignas e malignas da mama, etiologia, fisiopatologia, manifestações clínicas, diagnostico (menos tratamento) 3. Relembrar o exame físico da mama Morfofisiologia das mamas As mamas são anexos da pele e do sistema reprodutivo humano. São constituídas por: • Parênquima de tecido glandular: glândulas mamárias (glândulas cutâneas modificadas), que se dividem em lobos mamários, e se destinam à secreção láctea; • Estroma de tecido conjuntivo: envolvem cada lobo e a glândula como um todo; • Pele: dotada de glândulas sebáceas e sudoríparas. Anatomia A glândula mamária se localiza na parede anterior do tórax. Possui tamanho médio de 10 a 12 cm de diâmetro. Sua espessura central é de 5 a 7 cm. Os limites da mama variam em função do seu tamanho e da sua forma, a saber: • Superior: 2ª ou 3ª costela; • Inferior: 6ª ou 7ª costela; • Medial: borda do osso esterno; • Lateral: linha axilar média ou borda anterior do músculo grande dorsal. A extensão do conteúdo glandular é maior do que a da mama, de forma que pode atingir a axila em graus variáveis. Nesta topografia, forma a cauda ou prolongamento axilar. Esta estrutura também é denominada cauda ou prolongamento de Spence ou processo lateral axila A base cônica das mamas nas mulheres estende-se da segunda costela superiormente até a sexta costela inferiormente. Sua margem medial coincide com o esterno e seu limite lateral é a linha medioaxilar, que é reta e se estende inferiormente a partir do meio da axila. Os músculos profundos às mamas são, a cada lado, o peitoral maior e menor e partes do serrátil anterior e oblíquo externo. Problema S P 2 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi As artérias principais para a mama são a artéria torácica lateral e os ramos cutâneos da torácica interna e das intercostais posteriores. Os vasos linfáticos que drenam as mamas se dirigem aos linfonodos paraesternais (nódulos ao longo das artérias torácicas internas) e para os linfonodos axilares na axila. Divisão das mamas Didaticamente, a mama é dividida em quatro quadrantes. Esta divisão permite a descrição da localização das lesões mamárias: • Quadrante Superior Externo ou Lateral (QSE ou QSL); • Quadrante Inferior Externo ou Lateral (QIE ou QIL); • Quadrante Superior Interno ou Medial (QSI ou QSM); • Quadrante Inferior Interno ou Medial (QII ou QIM). A mama é envolta por uma fáscia superficial constituída por um folheto anterior e por outro posterior. O mamilo (papila mamaria), a área central saliente da qual o bebê suga o leite, é circundado por um anel de pele pigmentada, a aréola (“pequena área aberta”). Durante a amamentação, grandes glândulas sebáceas na aréola produzem uma secreção oleosa que minimiza cortes e rachaduras na pele do mamilo. Internamente, a glândula mamária consiste em 15 a 25 lobos, sendo cada um deles uma glândula alveolar composta (glândulas mamárias) que se abre no mamilo. 3 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi Os lobos são separados uns dos outros por uma grande quantidade de tecido adiposo e por faixas de tecido conjuntivo interlobar que formam os ligamentos suspensores das mamas, dão suporte para as mamas. Esses ligamentos tornam-se mais soltos com a idade ou com a tensão excessiva que pode ocorrer na prática prolongada de corrida ou atividade aeróbica de alto impacto. Os lobos da mama consistem em unidades menores chamadas lóbulos, compostas de minúsculos alvéolos, ou ácinos, agrupados como um cacho de uva. As paredes dos alvéolos consistem em um epitélio cuboide simples de células secretoras de leite. A contração das células mioepiteliais em torno dos alvéolos ajuda a impulsionar o leite em direção às papilas mamárias. Quando está sendo produzido leite, ele passa dos alvéolos por vários túbulos secundários e, em seguida, para os ductos mamários. Próximo do mamilo, os ductos mamários se expandem discretamente para formar seios chamados seios lactíferos, onde um pouco de leite pode ser armazenado antes de ser drenado para um ducto lactífero. Cada ducto lactífero normalmente transporta leite de um dos lobos para o exterior. A estrutura glandular da mama é pouco desenvolvida nas mulheres não grávidas. Durante a infância, as mamas das meninas consistem apenas em ductos rudimentares, como as mamas dos homens durante toda a vida. Quando uma menina chega à puberdade, esses ductos crescem e ramificam-se, mas os lóbulos e alvéolos ainda não existem. O aumento da mama na puberdade deve-se à deposição de gordura. Os alvéolos glandulares finalmente se formam — a partir dos ductos menores — mais ou menos no meio da gravidez, e a produção de leite começa alguns dias após o parto. O câncer de mama, que geralmente surge no sistema de ductos, é uma causa importante de morte por câncer nas mulheres As funções das glândulas mamárias são a síntese, a secreção e a ejeção de leite; estas funções, chamadas de lactação, estão associadas à gestação e ao parto. A produção de leite é estimulada em grande parte pelo hormônio prolactina liberado pela adeno-hipófise, com contribuições da progesterona e dos estrogênios. A ejeção do leite é estimulada pela ocitocina, que é liberada pela neuro- hipófise em resposta à sucção do bebê na papila mamária da mãe. 4 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi Alterações benignas e malignas da mama Benignas: mastalgia, derrame papilar e adensamento e cisto Fibroadenoma: nódulo mamário Processos inflamatórios: mastite puerperal (benigna) Mastalgia: A mastalgia é um sintoma e não uma doença. É simplesmente a dor nas mamas. Mas também pode ser relatada como um aumento da sensibilidade ou, até mesmo, um ingurgitamento mamário. Ela é um sintoma relevante, pois responde por 40% do volume de consultas ginecológicas na idade reprodutiva da mulher (menacme). Etiologia: A etiologia precisa da mastalgia não está determinada, mas é provável que esteja relacionada com alterações no conteúdo aquoso intersticial e, consequentemente, na pressão intersticial, mediadas por estrogênio e progesterona. Estratégia diagnóstica A história clínica e o exame físico devem ser realizados preferencialmente após a menstruação. A anamnese deve pesquisar todas as características da dor, tais como: localização, tipo, intensidade, duração, relação com atividades diárias, alimentação e uso de novos medicamentos (hormônios, ansiolíticos, antidepressivos). O exame físico deve ser completo. Durante esta avaliação, o mais importante é coletar dados que diferenciem a dor cíclica da acíclica. Em uma paciente com queixa de dor nas mamas, algumas perguntas devem ser obrigatoriamente respondidas: • A dor é cíclica ou acíclica? • A dor é intra ou extramamária? 5 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi • Existem fatores predisponentes? • Qual é a intensidade da dor? Classificação Existem três grupos de dor nas mamas. A dor relacionada com o ciclo menstrual (cíclica), a dor que não se relaciona com o ciclo menstrual (acíclica) e a dor que tem origem no tórax ou em outras localizações, mas que é percebida nas mamas ou nas axilas (dor extramamária). A maioria das mulheres portadoras de mastalgia aguda possui níveis elevados de depressão e ansiedade. A seguir, detalhamos esta classificação: Mastalgia Cíclica A ocorrência da dor varia com o ciclo menstrual. Normalmente, ocorre na fase lútea tardia, frequentemente dois a três dias antes da menstruação. É bilateral e referida nos quadrantes superiores externos, porque aí predomina o tecido glandular. Pode apresentar intensidades diferentes nas duas mamas. Mastalgia Acíclica Corresponde à dor mamária que não possui associação com o ciclo menstrual. A dor pode ser constante ou intermitente. As causas mamárias mais importantes são a ectasia ductal (dilatação dos ductos), aadenose esclerosante, a esteatonecrose e as mastites agudas e crônicas. Intensidade da dor A definição da intensidade da dor facilita a escolha do tratamento para a mastalgia, que pode ser classificada em: Mastalgia Leve Não interfere na qualidade de vida (sono, relações sexuais) e nas atividades diárias (trabalho). Mastalgia Moderada Interfere na qualidade de vida, mas não nas atividades diárias. Mastalgia Grave Interfere na qualidade de vida e nas atividades diárias. Fatores de risco Os fatores de risco devem ser identificados e, se possível, corrigidos. 6 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi Estresse A tensão emocional é um fator que pode estar envolvido. A liberação central de opioides, como a serotonina, pode diminuir a liberação de dopamina e resultar em aumento da liberação de prolactina. O aumento deste hormônio é uma das teorias que tentam explicar a dor mamária cíclica. Tabagismo Alguns estudos descrevem uma associação do fumo com a dor mamária cíclica. Retenção Hídrica Pode ser responsável pelo aparecimento ou piora da mastalgia. Ingestão de Cafeína ou Metilxantinas Pode ser responsável pelo aparecimento ou piora da mastalgia, de acordo com alguns autores. Atividades Diárias e Uso de Medicamentos (Hormônios, Antidepressivos e Ansiolíticos) Podem ser responsáveis pelo aparecimento ou piora da mastalgia. Necessidade de exames complementares A necessidade de exames complementares depende dos achados da anamnese e do exame físico. É importante saber que a indicação de exames complementares nas pacientes com dor mamária geralmente se baseia em um único princípio: excluir a possibilidade de câncer. Normalmente, a Ultrassonografia (USG) das mamas e/ou a Mamografia (MMG) são os exames mais solicitados. Nas pacientes com mastalgia acíclica e dor extramamária, a radiografia de tórax pode ser útil. Derrame papilar: Saída de secreção pela papila. O derrame ou descarga papilar ocorre em várias afecções dos ductos mamários que, por sua vez, podem se manifestar como secreção, retração, infecção ou massa do complexo areolopapilar. Classificação A presença de derrame papilar não necessariamente representa um sinal de malignidade. Pelo contrário, em 95% dos casos, os derrames são de origem benigna. Classificam-se em: • Fisiológicos; • Patológicos; • Galactorreia: define uma secreção láctea, normalmente bilateral; • Pseudoderrames: podem ser causados por mamilos invertidos, lesões eczematoides, infecção nas glândulas sebáceas de Montgomery e erosões traumáticas. Coloração do derrame papilar de acordo com as afecções de base: 7 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi O derrame papilar sanguinolento ou em água de rocha, acompanhado de secreção espontânea, uniductal, possui maior valor preditivo para câncer. Além disso, a associação com nódulo ou massa aumenta em torno de 60% o risco de malignidade. Causas/características Galactorreia Láctea, bilateral. A sua principal causa é farmacológica, sobretudo por medicamentos psicotrópicos. No entanto, pode ser idiopática ou secundária a adenomas hipofisário. Pseudos derrames Papilas invertidas, erosões traumáticas, lesões eczematoides AFBM: Presença de descarga multiductal, bilateral e um aspecto seroesverdeado. Ectasia ductal Dilatação dos ductos e a estagnação de secreções neles. Ela acomete os pacientes entre a 5ª e a 8ª década da vida. Amarelo-esverdeado; espesso Papiloma Intraductal Corresponde à principal causa de derrame papilar sanguinolento (50% dos casos) ou serossanguinolento (50% dos casos). Normalmente, acomete os ductos principais subareolares e pode gerar nódulo subareolar palpável, em alguns casos, visível. Em geral, não excede 2 a 3 mm, é solitário e se localiza nos ductos terminais. O pico de incidência desta afecção ocorre entre os 30 e 50 anos. Carcinoma O carcinoma geralmente causa derrame papilar quando associado a um nódulo. 8 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi O derrame papilar espontâneo, uniductal, aquoso (água de rocha) ou sanguíneo possui maior valor preditivo positivo para o câncer de mama. Gravidez Sanguinolento/ láctea. Hipervascularização do sistema ductal. É uma condição benigna. Mastite Purulento Causas principais: 1º papiloma intraductal 2º carcinoma Diagnostico Anamnese: uso de fármacos; risco para CA de mama Exame físico: responder: 1. É REALMENTE UM DERRAME? 2. O DERRAME É ESPONTÂNEO OU PROVOCADO? Aproximadamente dois terços das mulheres não lactantes apresentarão derrame papilar se estimuladas. A descarga de maior valor semiológico é a persistente e espontânea. 3. QUAL É A COLORAÇÃO DA SECREÇÃO? A descarga fisiológica possui coloração que varia de amarelo-esverdeado ao azulado. 4. HÁ NÓDULO PALPÁVEL? Caso haja nódulo palpável, a investigação dominante é a do nódulo. Pesquisar características, identificar ponto de gatilho; 5. É UMA DESCARGA UNIDUCTAL OU MULTIDUCTAL, UNILATERAL OU BILATERAL, PERSISTENTE OU INTERMITENTE? Citopatologia: se negativo, não exclui o CA. Possui baixo valor preditivo positivo, pois é de difícil interpretação e normalmente hipocelular. Não possui muito valor na indicação de biópsia cirúrgica. Mamografia: exclui nódulos e microcalcificações USG das mamas: complementar a MMG; indicada em jovens Investigação: Exame físico suspeito Espontâneo; uniductal, unilateral, “água de rocha” ou sanguinolento, se for sim, USGM ou MMG alt (exame de imagens). Se for não, cirurgia e levar para a biopsia. Se for sim, investigar conforme a anormalidade. 9 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi Mastite As mastites são processos infecciosos que ocorrem no tecido mamário, podendo ocorrer durante a gravidez e o puerpério (mastite puerperal) ou não puerperais. A infecção puerperal tem como principal agente etiológico o Staphylococcus aureus, costumando está associada a formação de abscessos. A mastite puerperal costuma ser aguda, caracterizada por eritema e calor difuso, aumento do volume mamário, podendo apresentar sinais de infecção sistêmica associada, como: febre, mal-estar, mialgia e leucocitose. Há também um início de estase láctea e depois os sintomas típicos de inflamação. Profilaxia durante o período da amamentação – Manter boa higiene e evitar ingurgitamento mamário ou fissuras mamilares. Havendo a formação de abscessos, além do tratamento medicamentoso, recomenda-se a drenagem do mesmo. A mastite não puerperal costuma ter evolução lenta, ser redicivantes, surgir em surtos e muitas vezes sequer percebida por infecções agudas. Neste caso, deve-se realizar o diagnóstico diferencial com CA de mama inflamatório. Cistos A maioria dos cistos mamários forma-se a partir de metaplasia apócrina de ácino lobular. Em geral, são revestidos por uma única camada de epitélio, que varia de plano a colunar. Assim, são lesões arredondadas, circunscritas e móveis, que podem ter consistência amolecida ou endurecida ao exame físico. A história clínica típica do cisto é o surgimento de um nódulo doloroso de crescimento rápido. Os cistos de mama são diagnosticados e classificados a partir de exame ultrassonográfico. Existem três tipos de cistos: simples, complicado e complexo. Os cistos simples possuem margem definida e reforço acústico posterior. Bem circunscritos, com sombra acústica posterior. Os cistos recorrentes podem ser submetidos a novos exames de imagem e à nova punção com aspiração, mas caso sejam sintomáticos a melhor conduta é sua excisão. Os cistos complicados apresentam ecos internos à ultrassonografia e algumas vezes não é possível distingui-los de massas sólidas. Em geral, os ecos internos são causados por resíduos proteicos, mas todos os cistos complicados devem ser aspirados. O material aspirado pode ser submetido à cultura, se for purulento, ou à citologia, se houver características 10 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi clínicas ou imagempreocupantes. Se a anormalidade ultrassonográfica não se resolver por completo com a aspiração, deve-se realizar biopsia por agulha grossa. Os cistos complexos são aqueles caracterizados por presença de material sólido internamente (muitas vezes, de ecogenicidade heterogênea à ultrassonografia), paredes espessas ou septos grosseiros (maior que 0,5 mm). Fibroadenoma Os fibroadenomas representam uma anormalidade focal no desenvolvimento de um lóbulo mamário e, como tal, não são neoplasias verdadeiras. Histologicamente, são constituídos por estruturas glandulares e epiteliais císticas envolvidas por estroma celular. Tumor sólido e benigno. Na maioria das vezes, são lesões unilaterais, móveis à palpação, bem delimitadas, ovais ou lobuladas, de consistência fibroelástica, que atingem dimensões de até 3 cm. Apresentam bilateralidade em 10% das vezes e são múltiplas em 10 a 15% dos casos. Quando acometem mulheres mais jovens e apresentam crescimento rápido e tamanhos superiores a 5 cm, deve-se suspeitar da variante juvenil do fibroadenoma. Em geral, os fibroadenomas surgem na adolescência, são identificados frequentemente na pré́-menopausa e costumam sofrer involução espontânea após a menopausa. Os fibroadenomas classificados como benignos no teste triplo concordante podem ser acompanhados com segurança sem excisão. Em razão de alguns fibroadenomas crescerem bastante e de os tumores filoides benignos frequentemente serem indistinguíveis dos fibroadenomas por exame de imagem ou por biópsia com agulha, um fibroadenoma que esteja crescendo deve ser excisado. Nódulo palpável Exame clínico: • Móvel x aderido • Regular x irregular • Fibroelástico x pétreo Fazer a PAAF agulha fina Amarelo esverdeado, sem lesõa residual; Depois da PAAF fazer um exame de imagem: USG/MMG (vai depender da idade da paciente) Se puncionar e sair sangue: preocupar >2 recidivas (aspirei uma vez, aspirei a segunda e veio de novo, prognostico ruim) fazer uma USG/MMG/Bx Não tem problema usar o exame de imagem antes da PAAF. Pode-se usar a PAAF para terapia de esvaziamento do cisto. USG: sugere malignidade: misto, mal delimitado, sombra acústica. 11 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi Doença Mamária Proliferativa Benigna A maioria das alterações proliferativas da mama desenvolvem-se nos ductos terminais e nos ácinos dos lóbulos, de modo que, a proliferação de células epiteliais resulta em ductos terminais ou ácinos com várias camadas de células sendo as alterações chamadas de hiperplasia ductal ou lobular, respectivamente. Quando esse processo evolui e começam a surgir atipias celulares o que leva às condições de hiperplasia ductal e lobular atípicas. Ambas são proliferações neoplásicas que acarretam risco de cerca de 4,5 de desenvolver CA de mama, já que quanto mais os ductos e ácinos ficam envolvidos por aquelas proliferações de atipias estes passam a caracterizar o carcinoma ductal e lobular in situ. Câncer de mama Fatores de risco: • Idade >40 anos • História familiar (parentes de 1º grau) • Nuliparidade (sem filhos) (tempo de hormônio) • Menacme longo • Sexo feminino (homem é 1%) Rastreio MS mamografia bienal de 50 a 69 anos Autoexame Método tradicionalmente difundido no passado como estratégia de prevenção secundária de câncer de mama, o autoexame deixou de ser recomendado pelo Ministério da Saúde. Além de já existirem evidências robustas de que o autoexame não diminui mortalidade por câncer de mama, também há aumento do número de consultas e exames desnecessários. Muitas pacientes podem palpar áreas de parênquima mamário mais denso ou mesmo o rebordo costal e entender que se trata de um nódulo. Isso acaba gerando angústia, demanda de exames e talvez até biópsias que acabam sendo desnecessárias. Por essas razões, o autoexame não é mais recomendado. Exame clínico Em consulta preventiva de paciente, o exame clínico das mamas por profissional de saúde tem resultados conflitantes quanto ao seu real benefício. Por isso, o Ministério da Saúde não se posiciona nem a favor nem contra tal exame. Isso significa que, se o profissional está habilitado para a sua realização, pode fazê-lo. Todavia, se não apresenta habilitação e treinamento, também não é errado que não o faça. Mamografia É o único exame que, comprovadamente, diminui mortalidade por câncer de mama quando indicado na idade prescrita pelo Ministério da Saúde. Deve ser recomendado para mulheres de baixo risco e assintomáticas a partir dos 50 anos. A sua periodicidade é bienal (a cada 2 anos) até os 69 anos. As pacientes de alto risco para desenvolvimento de câncer de mama devem iniciar o rastreamento mais cedo, a partir dos 35 anos. Nesses casos de alto risco, o intervalo entre as mamografias deve ser anual. São consideradas pacientes de alto risco: • Paciente com história de familiar de primeiro grau com câncer de mama antes dos 50 anos; • Paciente com história de familiar de primeiro grau com câncer de ovário em qualquer idade; • Paciente com história de familiar de primeiro grau com câncer de mama bilateral em qualquer idade; • Paciente com história de familiar com câncer de mama masculino; • História pessoal de biópsia mamária com lesões proliferativas, com atipias ou carcinoma lobular in situ. 12 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi Mamografia BI-RADS A partir do 4 eu já faço biopsia. Exame físico da mama O exame clínico da mama começa com sua inspeção para determinar se há́ ondulação, retração do mamilo ou alterações na pele. A presença e a característica de descarga mamilar são registradas. Além disso, a localização de uma massa deve ser especificamente documentada de acordo com sua posição no quadrante, e a distância desde seu centro até́ o centro do mamilo deve ser aferida com o uso de régua ou compasso. INSPEÇÃO ESTÁTICA A inspeção estática tem o objetivo de identificar visualmente sinais sugestivos de câncer. Deve ser iniciada com a paciente sentada e com os membros superiores pendentes, diante de boa iluminação. É importante o examinador comparar as mamas observando possíveis assimetrias, diferenças na cor da pele, textura e padrão de circulação venosa. Os aspectos a observar compreendem: • Volume; • Forma; • Simetria; • Retrações ou abaulamentos; • Alterações da rede venosa; • Alterações da pele; • Alterações do complexo areolopapilar; • Descarga papilar (unilateral ou bilateral, cor). INSPEÇÃO DINÂMICA Nesta etapa do exame, o examinador deve solicitar que a paciente: 1. Realize contração da musculatura peitoral, comprimindo, preferencialmente, o quadril com as mãos colocadas uma de cada lado ou comprimindo as palmas das mãos uma contra a outra adiante do tórax; 2. Eleve e abaixe os braços lentamente. PALPAÇÃO DOS LINFONODOS 13 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi A palpação consiste em examinar todas as áreas do tecido mamário e linfonodos (axilares, fossas supraclaviculares e infraclaviculares). A palpação das cadeias linfonodais supraclaviculares deve ser realizada com a paciente sentada, mantendo a cabeça semifletida e com leve inclinação lateral. Para palpar a região axilar e o seu prolongamento (cauda de Spence), a paciente deverá estar sentada, o braço homolateral relaxado e o antebraço repousando sobre o antebraço homolateral do examinador. Esta conduta visa promover o relaxamento da musculatura peitoral. A axila é avaliada com movimentos de cima para baixo. Por vezes, pode ser necessário o deslocamento do membro superior da paciente em direção à linha axilar média para facilitar o relaxamento muscular. PALPAÇÃO DAS MAMAS A palpação das mamas é feita com a paciente em decúbito dorsal, com a mão correspondente à mama a ser examinada colocada sob a cabeça. O sentido horário deve ser adotado na sequência semiológica da palpação. Deve ser iniciada pela mama normal, de modo suave e com a face palmar dos dedos indo de encontroao gradeado costal (técnica de Velpeaux). A seguir, a palpação deve ser realizada com as falanges distais do segundo e terceiro dedo, semelhante ao tocar de piano (técnica de Bloodgood). O pinçamento manual deve ser evitado, pois a superposição de glândulas e lóbulos gordurosos pode conferir a falsa impressão da existência de nódulos. A região da aréola e da papila (mamilo) deve ser palpada e não comprimida. No caso da mulher mastectomizada deve-se palpar a parede do tórax, a pele e a cicatriz cirúrgica. Durante a palpação, deve-se observar possíveis alterações na temperatura da pele e a existência de nódulos. A descrição de nódulos deve incluir informações quanto ao seu tamanho, consistência, contorno, superfície, mobilidade e localização. A pesquisa de descarga papilar deve ser feita aplicando-se compressão unidigital suave sobre a região areolar, em sentido radial, contornando a papila. A saída da secreção pode ser provocada pela compressão digital de um nódulo ou área de espessamento, que pode estar localizado em qualquer região da mama. A descrição da descarga deve informar se é uni ou bilateral, uni ou multiductal, espontânea ou provocada pela compressão de algum ponto específico, coloração e relação com algum nódulo ou espessamento palpável. Os resultados alterados do ECM devem ser avaliados e, em caso de suspeição, encaminhados para investigação diagnóstica em um serviço de referência para o diagnóstico do câncer de mama. Os principais sinais e sintomas que necessitam de referência urgente para investigação diagnóstica são: • Qualquer nódulo mamário em mulheres com mais de 50 anos; • Nódulo mamário em mulheres com mais de 30 anos, que persistem por mais de um ciclo menstrual; • Nódulo mamário de consistência endurecida e fixo ou que vem aumentando de tamanho, em mulheres adultas de qualquer idade; • Descarga papilar sanguinolenta unilateral; • Lesão eczematosa da pele que não responde a tratamentos tópicos; • Homens com mais de 50 anos com tumoração palpável unilateral; 14 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi • Presença de linfadenopatia axilar; • Aumento progressivo do tamanho da mama com a presença de sinais de edema, como pele com aspecto de casca de laranja; • Retração na pele da mama; • Mudança no formato do mamilo.
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