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Consulta ginecológica adulta

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1 May Freitas (Saúde da Mulher) 
CONSULTA GINECOLÓGICA 
AVALIAÇÃO CLÍNICA COMO BASE DO ATENDIMENTO EM GINECOLOGIA 
A consulta ginecológica segue o roteiro habitual das consultas médicas: anamnese, exame físico, 
elaboração de hipóteses diagnósticas, solicitação de exames complementares, conduta quanto à terapêutica e 
ao seguimento da paciente. No entanto, há particularidades muito importantes que merecem atenção: 
• A consulta abordará assuntos íntimos ligados à sexualidade, à higiene menstrual, ao 
planejamento familiar e a sintomas percebidos nas mamas e no sistema urogenital. É 
preciso, portanto, que o médico procure deixar a paciente à vontade para que ela possa 
falar livremente de suas queixas e preocupações, e abstenha-se de emitir julgamentos ou 
fazer observações que possam constrangê-la, respeitando a fragilidade da paciente neste 
momento. 
Da mesma maneira, durante o exame físico procura-se respeitar ao máximo o pudor da paciente, 
tomando alguns cuidados fundamentais: 
• Deve-se permanecer afastado quando a paciente, preparando-se para o exame, troca de roupa 
e veste o avental, com ou sem a ajuda de uma profissional de enfermagem. Isso também é 
válido para o fim do exame, quando a paciente veste-se novamente. 
• Durante o exame ginecológico, deixa-se exposta apenas a parte do corpo que está sendo 
examinada, e o resto do corpo da paciente permanecem coberto. 
• A cada passo do exame, explica-se à paciente o que será feito e, se necessário, ela é 
tranquilizada sobre algum temor que expresse no momento. 
Seguir essas recomendações vai deixar a paciente mais relaxada e vai gerar confiança no 
profissional. 
É importante lembrar que, como em qualquer atendimento médico, a avaliação clínica inicial 
constitui a base de todo o atendimento em ginecologia. Uma consulta inicial bem feita vai reduzir os riscos 
de exames desnecessários e diagnóstico e conduta incorretos. 
ANAMNESE 
➢ Deve-se realizá-la de forma cordial e atenciosa, evitando constrangimentos que poderiam 
comprometer a qualidade das informações. 
➢ Deve-se ter a compreensão e acolher os receio do exame ou com preocupações acerca do 
diagnóstico que possa ser feito. 
➢ Compreender sua ansiedade e procurar estabelecer um diálogo que a tranquilize e a permita 
ouvir com calma os seus sintomas e questionamentos 
➢ Reforçar o estabelecimento de uma boa relação médico-paciente que já inicia no primeiro 
momento de cada consulta. 
O ROTEIRO DA ANAMNESE 
IDENTIFICAÇÃO 
✓ Nome completo da paciente 
✓ Idade 
✓ Cor autodeclarada 
✓ Estado civil (esclarecendo também se a paciente, independentemente do estado civil 
oficial, tem companheiro ou companheira). 
✓ Profissão, grau de instrução, naturalidade, procedência, contatos de endereços e telefones 
 
2 May Freitas (Saúde da Mulher) 
AH!! Essas informações podem auxiliar na avaliação de possíveis fatores de risco para desenvolver 
determinadas doenças, como aquelas associadas à faixa etária, à atividade laboral e à procedência. 
QUEIXA PRINCIPAL E HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL 
A queixa principal deve ser registrada da forma como a paciente a expressa e na sua linguagem, 
observando que, por vezes, o motivo da consulta não é propriamente uma queixa, mas necessidade de 
alguma orientação a respeito da saúde, realização de exame periódico de rotina ou orientação sobre 
planejamento familiar. 
São detalhados, então, a evolução e o comportamento dos sintomas referidos no item história da 
doença atual. Aqui interessa saber: 
✓ Quando eles iniciaram? 
✓ Qual é sua duração e intensidade? 
✓ Fatores associados que os aliviam, agravam ou desencadeiam, explorando cada detalhe. 
REVISÃO DE SISTEMAS 
Particular atenção merecem os sintomas urinários e os sintomas relativos ao hábito intestinal, 
pois muitas vezes motivam sintomas no baixo ventre e no abdome, e, nesse caso, é importante estabelecer se 
há patologia ginecológica associada ou não. 
Da mesma forma, sintomas relacionados à coluna, ao aparelho locomotor e aos membros 
inferiores também são úteis, pois eventualmente podem estar associados à dor pélvica. 
Informações gerais sobre bem-estar, apetite, humor e qualidade do sono são relevantes, assim como 
sintomas nos demais sistemas, como sistema nervoso central, circulatório, respiratório, digestório, 
endócrino, osteoarticular, pele e fâneros. 
ANTECEDENTES GINECOLÓGICOS E OBSTÉTRICOS 
São itens da anamnese muito importantes para o ginecologista. Ao não abordar algum dos conteúdos 
deste item, pode-se perder uma informação fundamental para estabelecer as hipóteses diagnósticas mais 
adequadas e compreender o que se passa com a paciente. 
✓ Primeira menstruação (menarca) e sobre os ciclos menstruais subsequentes, sua 
regularidade, intervalo, duração, intensidade do fluxo, cólicas ou outros sintomas 
associados, atrasos menstruais, data da última menstruação e se ela teve as características 
habituais ou foi atípica. 
✓ Se a paciente já parou de menstruar, anota-se também a data da menopausa. 
✓ Se for possível, resgatam-se dados sobre o desenvolvimento puberal (telarca, pubarca). 
✓ Quando indicado, investigam-se sintomas climatéricos, em especial, alterações menstruais e 
uso de terapia hormonal. 
✓ Aborda-se a vida sexual da paciente de maneira respeitosa, sem manifestar aprovações ou 
desaprovações, e sem emitir julgamentos. 
✓ Se houver alguma recomendação a dar sobre cuidado ou prevenção de doenças 
sexualmente transmissíveis (DSTs), o momento de oferecê-la será ao estabelecer a conduta, 
na conclusão da consulta. 
✓ Anota-se se a paciente já iniciou sua vida sexual e a data da primeira relação (sexarca), 
informações sobre os parceiros sexuais, uso de métodos de prevenção para as DSTs, 
libido, prazer e orgasmo, práticas sexuais, dispareunia, vaginismo e sangramento nas 
relações sexuais. 
 
3 May Freitas (Saúde da Mulher) 
o Dispaureunia (dor genital durante ou após a relação sexual); Vaginismo (contrações 
espasmódicas e involuntárias dos músculos da parede vaginal no momento da 
penetração do pênis, o que torna o ato sexual doloroso ou o impossibilita). 
 
✓ Questiona-se sobre os antecedentes obstétricos: número de gestações e sua evolução (pré-
natal) – partos espontâneos ou instrumentados, cesarianas, abortos, gestações ectópicas, 
partos prematuros, curetagens, peso e condição dos recém-nascidos, períodos de 
amamentação, e eventuais complicações decorrentes dos partos, como lacerações, infecções 
de parede e outras infecções (endometrites, mastites). 
✓ Investiga-se sobre sintomas relacionados à vulva, à vagina e ao colo uterino (também 
denominado cérvice): secreção vaginal e corrimento, características do fluxo (cor, odor, 
prurido associado), lesões ou alterações da pele e da mucosa observadas pela paciente, 
adenomegalias associadas, sensações de peso ou saliências na vagina sugestivas de distopias, 
incontinência ou urgência urinária e suas características. 
✓ Também é importante saber sobre tratamentos de infecções com medicamentos tópicos ou 
sistêmicos, cauterizações ou outros procedimentos ambulatoriais. 
✓ Por fim, pergunta-se sobre sintomas relacionados às mamas: dor relacionada ou não ao 
ciclo menstrual e sua localização, percepção de nódulos, derrame papilar espontâneo ou 
provocado pela expressão e suas características (seroso, sanguinolento, purulento, leitoso) 
ANTECEDENTES MÓRBIDOS 
Interrogar a paciente sobre problemas de saúde ocorridos no passado e sua evolução e resolução. 
✓ Doenças e seu tratamento, internações hospitalares, cirurgias e o período de recuperação, 
alergias (com especial atenção à alergia associada a medicamentos), transfusões de sangue 
e vacinação. 
ANTECEDENTES FAMILIARES 
Toda história de patologias em familiares é relevante – em especial: 
✓ Doenças cardiovasculares (hipertensão arterial, varizes, tromboembolismo), 
✓ Endócrinas (doenças da tireoide, diabetes) 
✓ Osteoporose 
✓ Obesidade 
✓ Ttumoresda mama 
✓ Tumores ginecológicos 
Anotando-se a idade em que ocorreram, sua gravidade e desfecho. 
PERFIL PSICOSSOCIAL – CONDIÇÕES E HÁBITOS DE VIDA 
Contribui para entender quais são as condições gerais de vida da paciente, suas condições de 
habitação, hábitos de higiene e de cuidado com sua saúde. Pergunta-se sobre sua casa (se é de alvenaria, 
se há luz, água encanada, esgoto, se há animais na casa) e sobre a estrutura de sua família (com quem 
vive). São também itens importantes: escolaridade, alimentação, trabalho, lazer, exercícios e atividades 
físicas, etilismo, tabagismo, uso de outras drogas ou medicamentos. 
AH!! Ao concluir o roteiro de anamnese, é oportuno perguntar à paciente se há algo mais que ela gostaria de 
contar, algo que a preocupe ou que ela só tenha lembrado neste momento. Esse cuidado leva em 
consideração as inibições e os receios que a paciente pode apresentar quando inicia a consulta. 
 
 
4 May Freitas (Saúde da Mulher) 
EXAME FÍSICO 
Embora o foco do exame seja relacionado aos aspectos ginecológicos, ele deve iniciar por uma avaliação 
geral que inclua peso, altura, observação do estado geral da paciente, ectoscopia (pele e distribuição de 
pelos), pressão arterial, palpação da tireoide, ausculta cardíaca e pulmonar e avaliação das extremidades. A 
paciente deve ser orientada sobre a necessidade da realização de exame físico ginecológico anual e sobre 
como o exame será feito. 
EXAME DAS MAMAS 
Deve seguir a seguinte ordem: 
I. Inspeção estática: Paciente com tronco desnudo, na posição sentada e com braços ao longo do corpo 
é observada para afastar ou diagnosticar áreas de hiperemia, edema, inversão de mamilos, alteração 
de volume. 
II. Inspeção dinâmica: Na posição sentada, com as mãos apoiadas na cintura, a paciente é orientada a 
contrair os músculos peitorais com o objetivo de expor possíveis abaulamentos, retrações e 
assimetrias. 
III. Palpação das cadeias de linfonodos: Os linfonodos que podem ser acometidos por metástases de 
câncer de mama sempre devem ser avaliados. Inicialmente, palpam-se os linfonodos da cadeia 
supraclavicular, cervical posterior, cervical anterior e, por último, da cadeia axilar. 
IV. Palpação de mamas: A paciente deve estar na posição supina e com os braços apoiados sob a 
cabeça. A palpação deverá seguir movimento circular, abrangendo todos os quadrantes, a região 
retroareolar e o prolongamento axilar. A palpação deverá ser feita com as duas mãos espalmadas 
para dar mais precisão ao exame, como percepção de adensamentos e nódulos. No fim da palpação, 
pode-se realizar a expressão suave dos mamilos para avaliar a presença de derrame papilar. 
 
EXAME DO ABDOME 
Posiciona-se a paciente em decúbito dorsal e inicia-se pela inspeção, observando o aspecto da pele, estrias, 
hérnias, cicatrizes e diástases dos músculos retos do abdome. A ausculta pode ser feita para pesquisar a 
presença de ruídos hidroaéreos. Segue-se a percussão e a palpação do abdome, investigando a presença 
eventual de massas abdominais, de sinais de ascite ou de irritação peritoneal. 
EXAME PÉLVICO 
Enluvam-se as mãos para realizar o exame pélvico. 
 
Exame da vulva e do períneo 
Deve ser realizado de forma sistemática, abrangendo a área desde o monte púbico até o ânus. Os linfonodos 
inguinais também devem ser palpados. 
Observa-se pele e trofismo vulvar, eventuais alterações como eritema e outras mudanças na coloração da 
pele, lacerações perineais, secreções e lesões, aspecto do hímen e carúnculas himenais, pequenos lábios e 
clitóris. Prolapsos urogenitais podem ser investigados, pedindo-se que a paciente faça esforço (manobra de 
Valsalva). A uretra também deve ser observada quanto à eventual presença de secreções que podem indicar 
infecções ou a alterações de coloração ou irregularidade da superfície associadas ao prolapso uretral. 
 
Exame especular 
A técnica exige a introdução oblíqua do espéculo em relação ao períneo, aprofundando em direção ao fundo 
da vagina, ao mesmo tempo em que é feita a rotação para a direita até a posição transversa. Dessa forma, 
evita-se pressionar a uretra e provocar dor. Deve-se evitar o uso de lubrificantes, porém, se necessário, pode-
 
5 May Freitas (Saúde da Mulher) 
se usar soro fisiológico com o objetivo de umedecer o introito vulvar e introduzir o espéculo com mais 
facilidade. Além da inspeção da vagina e do colo do útero, esse exame permite coleta de secreção vaginal. 
Com o objetivo de diminuir o desconforto, o espéculo deverá ser o menor possível para permitir a 
visualização adequada das paredes vaginais e do colo do útero. Na clínica diária, a maioria dos exames 
poderá ser realizada com espéculo 1 de Collins, salvo em exame de grande multípara, mulher 
obesa ou com distopia genital. 
 
 
Toque vaginal bimanual 
Com as mãos enluvadas para realizar o toque vaginal bimanual, pode-se lubrificar os dedos indicador e 
médio que serão introduzidos no canal vaginal, fazendo pressão uniforme para trás enquanto os pequenos 
lábios são afastados. Palpa-se a musculatura pélvica, as paredes da vagina, o colo uterino e os fundos de 
saco vaginais. 
Colocando-se a outra mão espalmada no hipogástrio, comprime-se a parede abdominal enquanto o colo 
uterino é delicadamente elevado pelos dedos que realizam o exame vaginal, palpando-se o útero entre as 
duas mãos. Por meio desse exame, é possível avaliar o útero quanto ao seu volume, posição, mobilidade, 
consistência, regularidade de superfície e dor à mobilização do colo uterino. 
 
A seguir, faz-se a palpação bimanual das regiões anexiais: 
I. Ovários: podem ser palpados na mulher não obesa, quando adequadamente relaxada durante o 
exame. 
II. Tubas uterinas: Algumas vezes o exame pode revelar aumento das tubas causado por inflamações 
ou acúmulo de líquido em seu interior. 
III. Fundo de saco de Douglas: Para buscar alguma alteração que possa ser causada por tumores ou por 
endometriose. 
 
Ainda que frequentemente os anexos não sejam palpáveis, sua pesquisa no exame é de grande valor, pois 
pode detectar anexos anormalmente aumentados por tumores e processos infecciosos. 
 
Toque retal 
O toque retal não é feito rotineiramente em todas as consultas. Ele é útil nas avaliações de pacientes com dor 
ou massa pélvica identificada, suspeita de endometriose ou neoplasia, na presença de sintomas intestinais ou 
sangramento ou, ainda, quando for considerada a possibilidade de um tumor nessa área. 
IMAGEM EM GINECOLOGIA 
São solicitados pelos ginecologistas para auxiliar no diagnóstico e na definição de conduta a ser adotada na 
prática diária. A ultrassonografia (US) é uma das técnicas auxiliares de diagnóstico mais utilizadas em 
ginecologia. 
Em todo exame de imagem, devem constar o nome da paciente, a data de realização, o número de registro e 
o médico solicitante. Os médicos executores devem ser informados sobre o motivo da solicitação do exame 
e os resultados anteriores relacionados. 
EXAMES COMPLEMENTARES 
Os exames complementares realizados na rotina da consulta ginecológica são de secreção vaginal e coleta 
de CP de colo uterino; 
TECNICA DE COLETA PARA SECREÇÃO VAGINAL: 
 
6 May Freitas (Saúde da Mulher) 
É realizado com a espátula de Ayre (ponta arredondada); 
A secreção é colhida do fundo de saco vaginal e colocada sobre uma lâmina previamente preparada com 
uma gota de soro fisiológico e outra lamina com hidróxido de potássio a 10%; 
Em seguida, os materiais são cobertos com lamínulas para análise microbiológica; que é realizada no próprio 
consultório; 
O exame com hidróxido de potássio facilita a visualização de hifas e de esporos de fungos; 
TÉCNICA DE COLETA PARA CP 
Exige amostragem da junção escamocolunar (JEC – fica entre os epitélios colunar e escamoso) para que o 
exame seja satisfatório; 
Espátula de Ayre : utiliza a ponta, colocando a parte mais longa no orifício cervical e girando 360º; dessa 
forma, será coletado células representativasda JEC; 
Em seguida, espalha o material sobre a lamina previamente identificada; 
Depois, utiliza a escova endocervical; esta deve ser girada em 360º para descamação e coletaa de células 
endocervicais; e é colocado em lâmina; 
Depois de colocados na lâmina, separadamente, os materiais devem ser sobrepostos e fixados com álcool 
etílico 95% ou outro fixador; 
OUTROS EXAMES 
Podem ser necessários, dependendo da clinica do paciente, como achados físicos durante a consulta ou 
devido ao resultado de CP colhido anteriormente; 
Estes exames são: coloposcopia; biópsia de colo uterino, vulva, vagina, de endométrio ou endocérvice; 
Os exames das mamas tambpem podem exigir exames complementares como: punção aspirativa por agulha 
fina (PAAF) para CP, ou biopsia com agulha grossa para exame histopatológico; 
COLOPOSCOPIA 
É incorporado ao exame ginecológico para avaliação das patologias cervicais; 
Este exame permite a ampliação do trato genital inferior, buscando as alterações estruturais da vagina e do 
colo uterino; 
Também é utilizado para avaliar a vulva, nesse caso é chamado de vulvoscopia; 
Indicações de coloposcopia: quando há resultado de CP de colo uterino alterado, alterações macroscópicas 
observadas no exame especular (lesões, ulcerações, massas tumorais etc) e sangramento pós-coital sem 
causa definida; 
Por meio da coloposcopia é possível realizar biópsia dirigida das áreas suspeitas de lesão de alto grau; 
▪ Caso haja sangramento durante o procedimento, usa-se o bastão de nitrato de prata ou sulfato férrico; 
▪ Raramente é feita sutura após biópsia, mas os instrumentos e suprimento necessários devem estar 
disponíveis; 
 
7 May Freitas (Saúde da Mulher) 
BIÓPSIA NA REGIÃO VULVAR E DA VAGINA 
É feita utilizando anestesia local; 
O melhor jeito para obter a amostra é: fazer uma excisão com o bisturi ou uma biópsia por punção Keyes, o 
qual é torcido na pele e penetra na derme fazendo uma incisão circular; 
Após procedimento, pode haver sangramento, que e resolvido com bastão de nitrato de prata ou sulfato 
férrico; 
Sangramentos maiores podem precisar de suturas interrompidas; 
BIOPSIA ENDOMETRIAL OU ENDOCERVICAL 
É um exame de baixo custo que pode ser feito no consultório; 
É realizado às cegas, por aspiração com cânulas pequenas e flexíveis (Cateter de Pipelle) ou cureta de 
Novak; 
Nos casos de suspeita de malignidade, um resultado negativo não deve interromper a investigação; 
CONSULTÓRIOS GINEOLÓGICOS 
Há tendência de os consultórios serem cada vez mais esquipados para realização de exames diagnósticos 
complementares, de forma que, em uma única consulta, a paciente possa ter seu diagnóstico firmado e, 
muitas vezes, resolvidos; 
▪ Por exemplo: a avaliação da cavidade uterina sob visualização direta e realização da biópsia dirigida, 
podendo também ser terapêuticas pois permitem excisão de pequenos miomas e pólios; 
APARELHOS DE ULTRASSONOGRAFIA 
É um dos métodos auxiliares mais utilizados pelos ginecologistas para diagnósticos e tomadas de conduta na 
prática; 
Este permite diagnóstico rápido e, até mesmo, punções que podem ser feitas em nível ambulatorial com 
baixo custo; 
Possui inúmeras indicações; por exemplo: avaliação uterina (da vida fetal até a senescência); avaliação da 
espessura do endométrio, avaliação de anexos, avaliação de ciclo com monitorização do desenvolvimento 
folicular ovariano e ovulação, avaliação de massas pélvicas; 
CONCLUSÃO DA CONSULTA GINECOLÓGICA 
É fundamental que a consulta seja concluída com a mais completa orientação que se possa oferecer à 
paciente; para isso, faz-se necessário aplicar um raciocínio clínico e uma avaliação que inclua o exame da 
paciente com todos os recursos e equipamentos disponíveis; 
É preciso explicar a paciente em linguagem simples e acessível, quais são as hipóteses diagnósticas e sua 
fundamentação, a necessidade eventual de exames complementares (que ainda não tenham ido realizados) e 
como eles serão feitos; 
Explicar também, quais são as primeiras medidas terapêuticas a serem estabelecidas e a programação do seu 
seguimento a partir dessa consulta; 
 
8 May Freitas (Saúde da Mulher) 
A paciente e acompanhante (se tiver) devem ter a oportunidade de expressar as suas duvidas e solicitar o 
esclarecimento que julgarem necessário; 
Quando medicamentos são prescritos, é preciso assegurar que a paciente e acompanhante (se tiver) 
compreenderam como se deve utiliza-lo e como proceder se surgir algum efeito colateral; 
Deve-se combinar a periodicidade das consultas e os exames de prevenção que devem ser realizados. Dessa 
maneira, é feito um planejamento que tem por objetivo promoção da saúde e acompanhamento mais 
adequado para cada paciente; 
ASPECTOS TÉCNICOS DO EXAME ULTRASSONOGRÁFICO E INDICAÇÕES 
A US ginecológica deve iniciar por via transabdominal, com a bexiga cheia até uma capacidade cômoda, o 
que permite investigar a pelve superior e o abdome, as grandes massas (miomas, tumores ovarianos que se 
estendem para o abdome superior) e os ovários em posição mais alta na pelve. A seguir, a paciente deve 
esvaziar a bexiga para a avaliação pélvica transvaginal. A US pélvica transabdominal é a escolha em 
crianças e em mulheres que não tiveram sexarca. 
 
Ultrassonografia transvaginal (USTV) 
Deve ser realizada com a paciente em posição de litotomia, geralmente com uma almofada sob as nádegas 
para elevar a pelve, e com os membros inferiores flexionados e os joelhos afastados. Um preservativo é 
utilizado para manter a sonda transvaginal protegida durante os exames. Gel é aplicado sobre e sob o 
preservativo colocado na sonda da USTV. 
Os transdutores usados para USTV têm frequências mais altas (≥ 5 MHz) que os usados para US 
transabdominal (≥ 3,5 MHz), o que garante maior resolução da imagem, mas menor penetração tecidual. A 
resolução das sondas transvaginais é boa até uma profundidade de 6 a 8 cm. 
 
Inicia-se o exame com uma visão geral da pelve, seguida de verificação específica de cada órgão e aspecto 
da anatomia, sempre ajustando os parâmetros ultrassonográficos (tamanho da imagem, profundidade de 
penetração, zona focal, ganho e harmônica) para obter boas imagens. 
As sondas transvaginais são manipuladas por rotação e por angulação com a linha média. Como o campo 
de visão é muito menor com essa sonda quando comparada à sonda transabdominal, a orientação correta é 
essencial para o entendimento da imagem. Na US transabdominal, como a sonda pode ser movimentada em 
diversas direções, a orientação da imagem é limitada somente pela flexibilidade da mão que a segura. A 
visualização transvaginal é limitada pela posição dos órgãos e pela presença de eventuais massas pélvicas. 
Assim, em alguns casos, pressionar o abdome enquanto realiza a USTV, para mobilizar útero ou intestinos, 
pode ser útil para melhorar a visualização dos ovários. 
 
Se a US transabdominal não é suficiente e a paciente não tolera a USTV, um exame transperineal ou 
transretal pode ser considerado. Técnicas ultrassonográficas adicionais que podem complementar a 
avaliação-padrão são: 
I. US tridimensional (US3D): As indicações para seu uso em ginecologia não estão bem definidas. No 
entanto, tem se mostrado especialmente útil para a visualização da cavidade uterina e de anomalias 
uterinas estruturais e de dispositivo intrauterino (DIU) supostamente malposicionado; 
II. Histerossonografia: É a infusão intrauterina de solução salina que pode proporcionar melhor 
visualização do endométrio durante a USTV; 
III. Ultrassonografia com Doppler colorido: Pode ajudar na avaliação do fluxo sanguíneo de tumores 
pélvicos. 
 
 
9 May Freitas (Saúde da Mulher) 
TÓPICOS DA SISTEMATIZAÇÃO DO EXAME USG 
 AVALIAÇÃO DA BEXIGA 
Na US transabdominal, a bexiga cheia desloca as alças intestinais e proporciona janela acústica para 
visualização dos órgãos pélvicos. A avaliação do conteúdo e da parede vesicais permite o diagnóstico de 
lesões (endometriose,papilomas, carcinomas) e cálculos vesicais. Os óstios ureterais podem ser vistos na 
base da bexiga. Quando a bexiga está vazia, não é possível o seu estudo pela US. 
AVALIAÇÃO DA VAGINA 
A vagina mede aproximadamente 8 a 10 cm de comprimento. Com a bexiga vazia, forma ângulo 
de 90° com o eixo uterino. Com o enchimento vesical, esse ângulo aumenta proporcionalmente e a vagina é 
identificada como uma cavidade virtual formada por ecos fortemente ecogênicos. Pode ser mais bem 
visualizada pela US translabial (com o transdutor entre os pequenos lábios). 
Os cistos vaginais representam a maioria dos diagnósticos nessa localização. Se a US demonstrar a 
presença de lesão sólida, deve-se pensar em leiomioma, pois lesões malignas são raras nesse sítio. A US 
com Doppler colorido também pode auxiliar nessa diferenciação. 
AVALIAÇÃO UTERINA 
Ocorrem alterações uterinas dinâmicas conforme a idade, a paridade e o estado hormonal da 
paciente. O útero evolui da forma infantil para a adulta diminuindo o colo em favor do corpo. O útero é 
dividido anatomicamente em corpo e colo, os quais são separados pelo istmo. 
1. O istmo é uma região de estreitamento (= 1 cm de comprimento), mal delimitada, que aumenta 
consideravelmente no fim da gestação. 
2. O corpo uterino localizada acima da inserção das tubas é chamada de fundo. 
3. O colo uterino (cérvice) tem uma porção supravaginal que está dentro da cavidade peritoneal, 
formando um bloco comum com o istmo e o corpo uterino, e uma porção vaginal que faz 
saliência para o interior da vagina, sendo, portanto, extraperitoneal. 
Normalmente, o útero da mulher em idade reprodutiva está em leve anteversão e anteflexão. 
“Versão” refere-se ao ângulo formado entre o eixo longitudinal da vagina e o eixo longitudinal do colo. O 
útero retrovertido é considerado uma variação da normalidade. “Flexão” refere-se ao ângulo entre o eixo 
longitudinal do colo e o eixo longitudinal do corpo uterino, que varia entre 100 e 140° e se encontra no local 
mais fixo do útero (istmo). Se o ângulo estiver aberto para trás, diz-se que o útero está em retroflexão. O 
grau de distensão vesical e o enchimento do retossigmoide podem alterar a posição do útero. 
 
 
 
10 May Freitas (Saúde da Mulher) 
 
Em geral, a textura do útero é homogênea, com ecogenicidade de baixa para média. Pequenos vasos 
(1-3 mm) podem ser identificados na USTV, bem como calcificações vasculares das artérias arqueadas. 
Deve-se descrever qualquer alteração uterina de contorno, ecogenicidade, bem como a presença de 
massas ou cistos. Toda patologia identificada, que mereça acompanhamento ou intervenção, deve ser 
medida em dois planos. A US bidimensional (US2D) e a histerossalpingografia (HSG) são as ferramentas de 
primeira linha na investigação de anomalias uterinas estruturais, mas geralmente necessitam de exames 
adicionais para estabelecer o diagnóstico definitivo. 
MAL FORMAÇÕES CONGÊNITAS UTERINAS 
Os três defeitos de desenvolvimento do sistema mülleriano são: defeitos de fusão lateral, defeitos de fusão 
vertical e agenesia. 
Os defeitos de fusão lateral são os mais comuns e incluem: 
A. Útero septado/arqueado – Tem uma superfície externa normal, mas duas cavidades endometriais; 
B. Útero unicorno – Uma cavidade é normal, com tuba uterina e colo do útero, enquanto o ducto de 
Müller afetado pode não se desenvolver ou vir como um corno rudimentar (que se comunica ou não 
com o útero). Pode estar associado com um ovário ectópico e, em torno de 40% dos casos, com 
alterações renais; 
C. Útero bicorno – Tem fundo com entalhamento = 1 cm e duas cavidades endometriais, e vagina 
geralmente normal. O grau de separação dos cornos uterinos pode ser completo, parcial ou mínimo 
(útero arqueado); 
D. Útero didelfo – É o útero duplo, sendo que a duplicação geralmente limita-se ao útero e ao colo 
uterino, embora possa ocorrer com a vulva, a vagina, a bexiga, a uretra e o ânus. 
Os defeitos da fusão vesical, resultam em septo vaginal ou agenesia/disgenesia cervical. E a agenesia 
mülleriana resulta na síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser (ausência de vagina com útero ausente 
ou parcialmente desenvolvido). Suspeita-se de anomalia uterina quando o eco endometrial está separado 
longitudinalmente (sugerindo duplicação), ou se a porção intersticial de uma das tubas não pode ser 
identificada (sugerindo agenesia). A histerossonografia é útil para delinear a cavidade uterina. 
A ressonância magnética (RM) e a US3D são os melhores métodos não invasivos de diagnóstico das 
anomalias uterinas estruturais. A RM pode ser útil no diagnóstico de anomalias uterinas, porém, a princípio, 
deve-se iniciar a investigação pelo exame ultrassonográfico pélvico transvaginal; tem a desvantagem do alto 
custo, sendo muitas vezes reservada para os casos que necessitam de complementação. 
MIOMATOSE 
Os leiomiomas uterinos são tumores benignos provenientes de células musculares lisas do miométrio, 
que podem estar associados ao sangramento menstrual intenso ou prolongado e à dor ou à pressão pélvica. 
O tamanho, a localização no útero (direita, esquerda, central, fúndico ou cervical) e a classificação 
(submucoso, intramural, subseroso ou pediculado) dos miomas clinicamente relevantes devem ser 
documentados na US. 
Os miomas podem ser classificados em: 
A. Miomas submucosos – Derivam das células miometriais logo abaixo do endométrio, projetando-
se para o interior da cavidade uterina. 
B. Miomas intramurais – Desenvolvem-se dentro da parede uterina. Podem crescer a ponto de 
distorcer a cavidade uterina ou a serosa. Alguns podem ser transmurais (estendem-se da serosa à 
superfície mucosa); 
C. Miomas subserosos – Originam-se do miométrio junto à superfície serosa do útero. Eles podem 
ter base larga ou pediculada e podem ser intraligamentares (entre as dobras do ligamento largo); 
D. Miomas cervicais – Localizados no colo uterino. 
 
11 May Freitas (Saúde da Mulher) 
A USTV é o exame de imagem mais utilizado para identificar miomas por ter alta sensibilidade 
e ser acessível e de baixo custo. A localização/classificação de miomas em úteros muito grandes ou com 
muitos tumores é limitada. Achados ultrassonográficos na miomatose incluem nódulos sólidos bem-
definidos, geralmente múltiplos e hipoecogênicos, de dimensões variadas. Pode haver aumento do volume 
uterino, alteração do contorno uterino (lobulado), alterações fibróticas e calcificações, provocando sombra 
acústica, e alterações degenerativas. Se os nódulos forem pequenos, a ecotextura uterina pode ser 
difusamente heterogênea. 
Calcificação em um mioma geralmente indica que este sofreu necrose. Na US, as calcificações 
podem aparecer como aglomerados ou formações “tipo anel” dentro de uma massa. 
À US Doppler, a vascularização dos leiomiomas é, em geral, predominantemente periférica, mas 
depende do tamanho, da posição e da presença ou não de alterações degenerativas. 
A histerossonografia caracteriza melhor a extensão de miomas submucosos para a cavidade 
endometrial e permite a identificação de lesões intracavitárias não vistas na US convencional. 
A RM é a melhor modalidade para definir o tamanho e a localização dos miomas uterinos e para 
fazer a distinção entre mioma, adenomiose e adenomiomas. Por ser dispendiosa, geralmente é reservada para 
o planejamento cirúrgico de casos mais complicados. Também pode ser útil na diferenciação entre mioma e 
sarcoma uterino. 
SARCOMA 
Em geral, os leiomiomas não evoluem para sarcomas, com exceção de raras variantes atípicas ou 
celulares. Não há nenhum exame de imagem da pelve que possa diferenciar, de forma confiável, miomas 
uterinos benignos de sarcomas. As mulheres com massa pélvica recém-diagnosticada ou que mudou 
significativamente de tamanho ou mobilidade, sobretudo se na pós-menopausa, devem fazer US pélvica 
como estudo de imagem inicial. 
ADENOMIOSE 
Caracteriza-se pela presença de tecido endometrial na musculatura uterina,provocando hipertrofia e 
hiperplasia do miométrio em torno e, assim, aumento do volume, heterogeneidade difusa e consistência 
amolecida do útero. Algumas mulheres podem ter adenomiose mais localizada, restrita a pequenos nódulos 
denominados adenomiomas. Um diagnóstico definitivo pode ser feito somente por exame histológico após 
histerectomia. 
Os achados de adenomiose para USTV e RM incluem espessamento assimétrico do miométrio 
(parede posterior geralmente maior), aumento da heterogeneidade miometrial, perda do limite 
endomiometrial, estrias lineares partindo do endométrio e cistos miometriais. 
MASSAS CERVICAIS 
Podem ser identificadas lesões malignas, leiomiomas e pólipos. Os cistos de inclusão cervicais são 
muito comuns e não representam preocupação. 
AVALIAÇÃO ENDOMETRIAL E DA CAVIDADE UTERINA 
O endométrio deve ser avaliado quanto a sua espessura, anomalias focais, ecogenicidade e presença 
de líquido e/ou massas na cavidade uterina. Caso o endométrio não seja visto na sua totalidade ou não esteja 
bem definido, deve-se registrar no laudo. 
A medida da espessura endometrial (EE) é realizada com o útero em corte sagital e deve incluir as 
paredes anterior e posterior, de uma camada basal à outra, excluindo qualquer líquido que haja na cavidade 
uterina. Se houver lâmina líquida, os ecos endometriais devem ser medidos separadamente e somados. 
 
12 May Freitas (Saúde da Mulher) 
 
No período pós-menopáusico, o endométrio não deve medir mais do que 5 mm de espessura, e 
aparece como uma fina linha ecogênica Atrofia endometrial (endométrio apagado ou EE <2 mm) é frequente 
e pode causar sangramento. As pacientes submetidas à terapia de reposição hormonal apresentam EE maior 
comparadas às que não usam. O líquido na cavidade endometrial de mulheres pós-menopáusicas 
assintomáticas (sem sangramento) e com EE <3 mm geralmente relaciona-se com estenose cervical, 
devendo-se pensar em neoplasia endometrial quando o líquido vem acompanhado de endométrio espessado 
e há sangramento. 
PÓLIPOS 
Na US, caracterizam-se por espessamento endometrial, com área focal ecogênica em continuidade 
com o endométrio, e sempre inteiramente dentro da cavidade uterina, podendo apresentar pequenas áreas 
císticas de permeio. A realização da US logo após o término da menstruação facilita sua identificação. A US 
com Doppler colorido pode identificar sua vascularização (pedículo vascular). 
O diagnóstico definitivo de pólipo endometrial, bem como a determinação de se é maligno ou 
benigno, são feitos por meio da histologia, após a sua excisão. 
A USTV é o estudo de imagem de primeira linha na avaliação de mulheres com sangramento uterino 
anormal (SUA) e geralmente é suficiente para mulheres que têm indicação de retirar o pólipo por 
histeroscopia cirúrgica. 
 
HIPERPLASIA ENDOMETRIAL 
Em geral, a hiperplasia endometrial manifesta-se associada com SUA e em mulheres pós 
menopáusicas. A EE é maior que 5 mm, podendo apresentar líquido na cavidade uterina e aspecto 
pseudopolipoide. O aspecto na US pode ser de espessamento endometrial difuso e homogêneo ou focal e 
hiperecogênico. A diferenciação entre hiperplasia e carcinoma é feita apenas pela avaliação histológica. 
 
 
 
13 May Freitas (Saúde da Mulher) 
AVALIAÇÃO NO SNAGRAMENTO PÓS-MENOPÁUSICO 
A EE medida pela USTV é um método não invasivo utilizado para avaliar se o sangramento pós 
menopáusico relaciona-se com hiperplasia endometrial ou câncer, no caso de endométrio homogêneo. 
Qualquer lesão endometrial focal necessita de biópsia. 
DIPOSITUVO INTRAUTERINO 
Os DIUs mais utilizados atualmente são o T de cobre (com fio de cobre enrolado) e o DIU hormonal 
de levonorgestrel. Ambos são dispositivos plásticos em formato de T com um eixo central (vertical) e duas 
hastes transversais, e fio comum de náilon anexado na extremidade distal, o que torna sua verificação clínica 
e remoção mais fáceis. O DIU de cobre aparece na US como uma linha bastante ecogênica no interior da 
cavidade uterina, formando sombra acústica posterior. O DIU hormonal (revestido por membrana que libera 
progestogênio) aparece na US formando sombra acústica entre as extremidades ecogênicas proximal e distal 
do eixo vertical, diferente do DIU de cobre, que é mais completamente ecogênico. O fio, que se exterioriza 
na vagina, através do colo, pode ter aparência mais ecogênica. 
A US é utilizada para verificar a posição do DIU em casos de suspeita de deslocamento, não sendo 
indicação de rotina após inserção do dispositivo. Atualmente, considera-se um DIU normoposicionado 
quando sua borda distal se encontra acima do orifício cervical interno do colo uterino (o DIU não deve 
penetrar o canal endocervical). 
A US é importante para avaliar as complicações do DIU: infecção associada, migração para o 
miométrio, perfuração uterina, gestação associada e retenção do DIU. Se o DIU não é visualizado pela US, 
uma radiografia simples pode ser útil para avaliar a sua localização. Além disso, a US3D pode ajudar a 
identificar um DIU com suspeita de estar malposicionado pela facilidade de obter o plano coronal e, assim, 
visualizar os segmentos do DIU simultaneamente. 
AVLIAÇÃO DOS ANEXOS 
Ao avaliar os anexos, deve-se primeiro tentar identificar os ovários, pois servem como importante 
ponto de referência para analisar a presença de doenças anexiais. O volume ovariano varia de acordo com a 
faixa etária e a fase do ciclo menstrual, principalmente se ocorreu ovulação, e é calculado da seguinte 
maneira: 
 
O volume ovariano médio na pré-menopausa é 4,9 ± 0,03 e na pós-menopausa, 2,2 ± 0,01 cm3. O 
limite superior do volume ovariano é em torno de 20 cm3 na pré-menopausa e de 10 cm3 na pós-menopausa 
Aproximadamente 30% dos ovários não são visualizados na pós-menopausa devido à atrofia do órgão. 
Se uma anormalidade anexial é observada, deve-se avaliar sua relação com ovários e útero, seu 
tamanho, características ultrassonográficas e padrão vascular à US Doppler. 
ACHADOS ANEXIAIS FISIOLÓGICOS NA USG 
A USTV detecta folículos como estruturas anecoicas, circundadas por tecido ovariano mais 
ecogênico, desde 2 mm de diâmetro. Nos dias 5 a 7 do ciclo menstrual, identificam-se pequenos folículos de 
2 a 6 mm em ambos os ovários.29 Por volta dos dias 8 a 10 do ciclo, um folículo alcança 30 10 mm de 
diâmetro (folículo dominante),30 e cresce aproximadamente 2 mm/dia até alcançar 20 a 25 mm na ovulação. 
Após a ovulação, aparece o corpo lúteo, que pode variar em tamanho e padrão sonográfico (o mais 
comum é um pequeno cisto irregular de paredes espessas e com ecos de baixa densidade), e a USTV pode 
detectar aumento de líquido livre no fundo de saco posterior. O diâmetro do corpo lúteo geralmente não 
excede 30 mm. Qualquer anormalidade em tamanho, formato, localização, ecogenicidade e padrão 
sonográfico (cístico, sólido, complexo, septado) deve ser descrita, bem como o diagnóstico diferencial das 
 
14 May Freitas (Saúde da Mulher) 
causas mais prováveis. As principais variações anatômicas da gônada feminina são os ovários policísticos e 
o ovário em fita. 
OVÁRIOS POLICÍSTICOS 
Os ovários policísticos representam uma das variantes anatômicas mais comuns e podem estar 
associados à síndrome dos ovários policísticos (SOP). Nesse caso, teriam formato arredondado, em geral 
maior do que o habitual, bilateral, e contendo mais de 10 folículos imaturos de até 9 mm de diâmetro, 
visualizados como pequenas áreas anecoicas bem-definidas na periferia. Cerca de um terço das pacientes 
com SOP pode apresentar ovários normais na US. 
A imagem multicística (multifolicular) evidencia período pós-puberal, lactação, perimenopausa, 
usuárias de contraceptivos orais e casos de hipogonadismo. Os ovários de volume normal e com inúmeros 
folículos de 4 a 10 mm, dispersos pelo parênquima, podem ser encontrados em mulheres sem nenhuma 
correlação patológica, em um percentual de até 15 a 20%. 
OVÁRIO EM FITA 
O ovário rudimentarou em fita está associado à síndrome de Turner e apresenta-se, na US, pequeno, 
tubular e de difícil definição. Entretanto, sua identificação confirma a síndrome. 
TUBAS UTERINAS 
As tubas normais geralmente não são identificadas. A US consegue diagnosticar as duas principais 
complicações relacionadas: a doença inflamatória pélvica (DIP) e a gestação ectópica (GE). 
Na DIP, pode-se identificar a sua forma crônica: hidrossalpinge, que se caracteriza por coleção 
líquida, cilíndrica, no interior tubário. 
A GE é a gravidez de implantação anômala, ou seja, fora da cavidade uterina. O sítio mais comum é 
a tuba, podendo também ser cervical, ovariana, cornual ou abdominal. A presença de massa anexial, líquido 
livre no fundo de saco posterior, útero vazio na US e ß –hCG acima de 1.000 mUI podem constituir a 
hipótese de GE. O diagnóstico diferencial é feito com gravidez tópica, DIP, hidrossalpinge e tumor de 
ovário. 
TORÇÃO OVARIANA 
Todo ovário aumentado de volume tem risco maior de sofrer torção, que é vista na US como uma 
área hipoecoica devida à hemorragia. A torção pode ser intermitente ou incompleta, resultando em edema 
importante e, então, surgem áreas ecoicas e hipoecoicas. Nesse tipo de torção, os achados na US com 
Doppler colorido serão mínimos ou ausentes. A obstrução venosa e linfática pode levar a ascite. 
DIFERENCIAÇÃO NA USG DE MASSAS ANEXIAIS BENIGNAS E MALIGNAS 
 O ultrassonografista deve levar em consideração a anatomia e a fisiologia normal e alterada, a 
informação clínica e a técnica ultrassonográfica. A US pélvica é o exame de imagem de primeira linha para 
caracterizar massa anexial. As massas anexiais geralmente são de etiologia ovariana, tubária ou provêm dos 
tecidos conectivos vizinhos (cistos peritoneais). Podem, ainda, ter sua origem em outros órgãos e ocupar a 
topografia anexial: leiomiomas uterinos, divertículos vesicais, neoplasias ou abscessos intestinais. 
 Podem ser sintomáticas (dor ou pressão pélvica) ou encontradas casualmente durante a US e podem 
ser fisiológicas (oriundas do processo de ovulação) ou patológicas. As fisiológicas constituem a principal 
etiologia nas mulheres pré-menopáusicas e geralmente são císticas: 
1. Cistos simples – Têm paredes lisas e finas, conteúdo anecoico e reforço acústico distal: 
a. Na pré-menopausa – Inclusive cistos de até 5 cm são considerados fisiológicos 
b. Na pós-menopausa – Limiar de 1 a 3 cm é aceitável, e recomenda-se fazer seguimento anual 
se for maior que esse limiar; 
 
15 May Freitas (Saúde da Mulher) 
c. Cistoadenoma – Neoplasia benigna que surge do ovário e, às vezes, da tuba. Deve ser 
considerado se há cisto simples> 5 cm na pré-menopausa ou> 3 cm na pós-menopausa. 
2. Cisto de corpo lúteo – Pode apresentar-se como cisto simples, geralmente maior que o folículo 
dominante ou, se houver hemorragia interna, como cisto de corpo lúteo hemorrágico (3-5 cm de 
diâmetro, podendo ser maior); 
3. Cisto hemorrágico – Pode ocorrer com o folículo dominante ou com o corpo lúteo; apresenta uma 
fina rede de ecos lineares ou curvilíneos (padrão reticular), que não se estende por todo o cisto (ao 
contrário de septos verdadeiros). A hemorragia pode simular septações e nódulos murais. 
A maioria das massas anexiais pode ser caracterizada usando US em escala de cinza ou associada com o 
Doppler colorido. 
Se não for um cisto simples, não tiver potencial para cisto fisiológico, não tiver características das 
condições específicas descritas, deve-se então verificar se a massa anexial tem características suspeitas 
de malignidade: 
1. Componente sólido – Nodular ou papilar, e que não é hiperecogênico. Se a massa anexial não 
possui áreas sólidas na US, a chance de malignidade é baixa; 
2. Septações – Irregularmente espessadas (> 2-3 mm); 
3. Ultrassonografia com Doppler colorido ou com Power Doppler – Com fluxo presente no 
componente sólido; 
4. Presença de ascite, massas peritoneais, linfonodos aumentados (difíceis de detectar na US) 
associados. 
Componente sólido é a característica mais significativa de malignidade na US com escala de cinza. 
 
 
GI-RADS 
A classificação de GI-RADS (Gynecologic Imaging Report and Data System), com base nos achados 
ultrassonográficos, visa identificar as massas anexiais com alto risco para malignidade, auxiliando no 
manejo clínico. Segundo esse protocolo, a classificação é a seguinte: 
 
16 May Freitas (Saúde da Mulher) 
 
 
A. Pacientes normais; 
B. Manejo expectante com seguimento por US por serem lesões funcionais; 
C. Pacientes provavelmente submetidas à cirurgia (laparoscopia – via preferencial) realizada porvseus 
ginecologistas clínicos por serem lesões provavelmente benignas e persistentes; 
D. Pacientes referenciadas para ginecologistas oncológicos para cirurgia, após realização devmétodo 
adicional de imagem (TC ou RM) por serem lesões provavelmente ou muitovprovavelmente 
malignas. 
A RM é indicada quando a US não for capaz de fornecer um diagnóstico confiável e os resultados da 
RM puderem mudar o manejo ginecológico da massa. 
ULTRASSONOGRAFIA MAMÁRIA 
É uma ferramenta que auxilia no esclarecimento de mamografias (MMGs) de rastreamento alteradas, 
principalmente para avaliar massas assimétricas e diferenciar massas sólidas das císticas; 
Não deve ser utilizada como exame único de rastreamento para câncer de mama, mas é suficiente para 
gestantes e mulheres com menos de 30 anos; e sintomas ou achados focais; 
Ela também pode ser útil para determinar a extensão local do câncer de mama, auxiliando no 
planejamento pré-operatótio e, inclusive, detectando outros locais com tumoração; 
Na avaliação de mamas com prótese, ela verifica a integridade da cápsula. Por exemplo, a presença de 
microgrânulos de silicone livre sugere ruptura. Mas a ressonância magnética é superior à US para avaliar 
essas pacientes, com custo mais elevado; 
OBS.: Nos casos de tumores malignos, a US Doppler pode ser utilizada para identificar padrão 
hipervascular. Porém, em lesões benignas o padrão é avascular; 
▪ Para casos duvidosos, pode usar a tomossíntese mamária/mamografia 3D; Novo método que auxilia 
no diagnóstico do câncer de mama e tem objetivo de reduzir os efeitos da sobreposição de tecido 
mamário denso na mamografia convencional 2D; 
 
 
17 May Freitas (Saúde da Mulher) 
Situações aplicáveis: 
▪ Pacientes sintomáticas com lesão mamária palpável; 
▪ MMG mostrando mama heterogênea e densa; 
▪ Massa palpável em pacientes com menos de 30 anos; 
▪ Pacientes grávidas ou amamentando com queixas mamárias; 
▪ Diferenciação do tecido mamário normal de uma anormalidade real; 
▪ Doença inflamatória, mastite, abscesso; 
▪ Trauma mamário, hematoma e necrose gordurosa; 
▪ Tecido mamário em mamas com próteses; 
▪ Classificação de padrões parenquimatosos; 
▪ Guia de punções diagnósticas de lesões císticas ou sólidas; 
▪ Pesquisa de doença primária em paciente com nódulos axilares biopsiados positivamente ou com 
doença metastática; 
▪ Nódulos mamários palpáveis em homens; 
▪ Acompanhamento de pacientes em tratamento de carcinoma de mama. 
 
A US aumenta a sensibilidade da MMG para diagnosticar pequenos tumores, com diminuição da 
especificidade em relação à MMG isolada. 
 
Principais características identificadas na US mamária, de acordo com os critérios utilizados pelo sistema 
BI-RADS (Btrast Imaging Reporting and Data System) de classificação. As categorias de BI-RADS e as 
recomendações de conduta são: 
 
1. Incompleta, necessita de imagem adicional; 
2. Normal, controle anual; 
3. Benigna, controle anual; 
4. Provavelmente benigna, recomenda-se controle de 6 meses; 
5. Suspeita, necessita de biópsia; 
6. Muito suspeita, necessita de biópsia ou cirurgia; 
7. Malignidade já definida, conduta conforme tipo e estadiamento. 
 
 
18 May Freitas (Saúde da Mulher) 
CISTOS MAMÁRIOS 
Eles podem ser simples, complicados ou complexos; 
 
▪ Simples: bem circunscritos, com parede lisa,anecoicos, com sombra posterior e ausência de 
componentes sólidos; 
▪ Complexos: tem ecos internos, misturam componentes sólidos e cístico (sempre deve ser 
investigado); 
FIBROADENOMAS 
Mais comum em mulheres entre 15 e 35 anos; 
Descritos como: nódulos de parede lisa, formato oval ou arredondado, com textura inferior homogênea, 
sendo que cerca de 20% podem não aparecer na UD; 
Geralmente se localizam na junção do subcutâneo com o parênquima mamário, e seu tamanho varia de 
alguns milímetros até 6cm (fibroadenoma gigante); 
 
REFERÊNCIAS: 
 
PASSOS, E. P.; RAMOS, J. G.; COSTA-MARTINS, S. H. Consulta ginecológica. In: PASSOS, E. 
P.; RAMOS, J. G.; COSTA-MARTINS, S. H. Rotinas em ginecologia. 7ª ed., Porto Alegre: 
ARTMED, 2017. p. 85-104. 
 
PASSOS, E. P.; RAMOS, J. G.; COSTA-MARTINS, S. H. Imagem ginecológica. In: PASSOS, E. 
P.; RAMOS, J. G.; COSTA-MARTINS, S. H. Rotinas em ginecologia. 7ª ed., Porto Alegre: 
ARTMED, 2017. p. 106-132.

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