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Tutorial 1 - Elementos sanguíneos

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Tutorial 1
• O sangue é um tecido conectivo, composto de elementos celulares suspensos em uma extensa matriz fluida, chamada de plasma. O plasma constitui um quarto do líquido extracelular, o meio interno que banha as células, e atua como intermediário entre as células e o meio externo. O sangue é a porção circulante do líquido extracelular responsável por transportar material de uma parte do corpo para outra.
Produção de células sanguíneas 
•Todas as células sanguíneas são descendentes da célula tronco hematopoiética pluripontente. Esse tipo de célula é encontrado primariamente na medula óssea, um tecido mole que preenche o centro oco dos ossos. As células-tronco pluripotentes possuem a notável habilidade de desenvolver-se formando vários tipos diferentes de célula. Quando se especializam, elas diminuem seus possíveis destinos. Primeiramente, elas tornam-se células-tronco não comprometidas e, em seguida, células progenitoras, que se comprometem a se desenvolverem em um ou, talvez, dois tipos celulares. As células progenitoras diferenciam-se em eritrócitos, linfócitos, outros leucócitos e em megacariócitos, as células que dão origem às plaquetas.
• A hematopoiese começa no início do desenvolvimento embrionário e continua ao longo da vida. Por volta da terceira semana de desenvolvimento fetal, células especializadas do saco vitelino do embrião formam aglomerados. Alguns desses aglomerados de células estão destinados a se tornarem o revestimento endotelial dos vasos sanguíneos, ao passo que outros se tornam células sanguíneas. À medida que o embrião se desenvolve, a produção das células sanguíneas estende-se do saco vitelino para o fígado, o baço e a medula óssea. Após o nascimento, o fígado e o baço param de produzir células sanguíneas. A hematopoiese continua ocorrendo na medula de todos os ossos do esqueleto até a idade de 5 anos. Em adultos, as únicas áreas que produzem células sanguíneas são a pelve, a coluna vertebral, as costelas, o crânio e as extremidades próximas dos ossos longos.
• A medula óssea ativa é vermelha pq contem hemoglobina, a medula inativa é amarela decida à abundância de adipócitos. Embora a síntese sanguínea nos adultos seja limitada, o fígado, o baço e as regiões inativas (amarelas) da medula óssea podem retomar a produção de células sanguíneas se houver necessidade.
• O tempo de vida dos leucócitos é bem mais curto do que o dos eritrócitos; por isso, os leucócitos devem ser substituídos mais frequentemente. Por exemplo, os neutrófilos têm uma meia-vida de 6 horas, e o corpo precisa produzir mais de 100 milhões de neutrófilos a cada dia, a fim de substituir os que morrem. Os eritrócitos, por outro lado, vivem cerca de quatro meses na circulação.
• O que controla a produção e o desenvolvimento das células sanguíneas são os fatores químicos, chamados de citocinas. São proteínas liberadas de uma célula que afetam o crescimento ou a atividade de outra célula. Algumas das citocinas mais conhecidas na hematopoiese são os fatores estimuladores de colônia, moléculas produzidas por células endoteliais e leucócitos. Outros são as interleucinas, como a IL-3. O nome interleucina foi inicialmente dado a citocinas liberadas por um leucócito para agirem em outro leucócito. Outra citocina hematopoiética é a eritropoietina (sintetizada nos rins), que controla a síntese de eritrócitos. A eritropoetina (EPO) é frequentemente chamada de hormônio, mas tecnicamente ela se encaixa na definição de uma citocina, uma vez que ela é produzida a partir da demanda, em vez de estocada em vesículas, como os hormônios peptídicos. O estímulo para a síntese e liberação da EPO é a hipóxia, baixos níveis de oxigênio nos tecidos. A hipóxia estimula a produção de um fator de transcrição, chamado de fator induzível por hipóxia 1 (HIF-1), que ativa o gene EPO. São vários os fatores nutricionais essenciais para a eritropoese, entre eles, os mais importantes são o ferro, a vitamina B12 e os folatos. 
• Leucopoiese: Os fatores estimuladores de colônia (CSFs) foram identificados e nomeados por sua capacidade de estimular o crescimento de colônias de leucócitos em cultura. Estas citocinas, produzidas por células endoteliais, fibroblastos medulares e leucócitos, regulam a produção e o desenvolvimento de leucócitos, ou leucopoiese. Os CSFs induzem a divisão celular (mitose) e a maturação celular das células-tronco. Quando um leucócito fica maduro, ele perde sua capacidade mitótica. A produção de novos leucócitos é regulada em parte pelos leucócitos existentes. Essa forma de controle permite que o desenvolvimento dos leucócitos seja muito específico e conforme as necessidades do corpo. Quando o sistema de defesa do corpo é chamado para combater invasores estranhos, o número absoluto de leucócitos e as proporções relativas dos diferentes tipos de leucócitos na circulação mudam.
• A trombopoetina regula a produção de plaquetas: A trombopoetina (TPO) é uma glicoproteína (uma citocina) que regula o crescimento e a maturação dos megacariócitos, as células progenitoras das plaquetas. (trombócito é um nome alternativo para plaqueta.) A TPO é produzida principalmente no fígado.
Elementos celulares 
Plasma
• Matriz fluida dentro do sangue, dentro do qual os elementos celulares estão suspensos. A água é o principal componente do plasma (92%), as proteínas correspondem por outros 7% e os 1% remanescentes são moléculas orgânicas dissolvidas, íons, elementos traço e vitaminas, além de O2 e CO2.
• O plasma é idêntico em composição ao líquido intersticial, exceto pela presença de proteínas plasmáticas. As albuminas são o tipo de proteína mais prevalente no plasma, constituindo cerca de 60% do total. As albuminas e nove outras proteínas – incluindo globulinas, a proteína de coagulação fibrinogênio e a proteína transportadora de ferro transferrina – correspondem a mais de 90% de todas as proteínas plasmáticas. A presença de proteínas no plasma torna a pressão osmótica do sangue mais alta do que a do líquidos intersticial e este gradiente tende a puxar a água do líquido intersticial para os capilares e compensar a filtração os capilares criada pela pressão do sangue.
• As proteínas plasmáticas: 
• 3 elementos principais encontrados no sangue: glóbulos vermelhos ou eritrócitos (hemácias); glóbulos brancos também chamados de leucócitos; e plaquetas ou trombócitos. 
• Os leucócitos são as únicas células plenamente funcionais na circulação. Os eritrócitos perdem seus núcleos no momento em que entram na corrente circulatória, e as plaquetas, que também não possuem núcleo, são fragmentos celulares originados de uma grande célula-mãe, chamada de megacariócito.
• Os eritrócitos desempenham um papel-chave no transporte de oxigênio dos pulmões para os tecidos e de dióxido de carbono dos tecidos para os pulmões. As plaquetas são fundamentais para a coagulação. Os leucócitos desempenham um papel-chave na resposta imune, defendendo o corpo contra invasores externos, como parasitos, bactérias e vírus. A maioria dos leucócitos circulam através do corpo no sangue, mas seu trabalho é geralmente levado a cabo nos tecidos.
• Tipos de leucócitos: linfócitos, monócitos, neutrófilos, eosinófilos e basófilos. Monócitos que deixam a circulação e entram nos tecidos se diferenciam em macrófagos. Basófilos teciduais são chamados de mastócitos. Neutrófilos, monócitos e macrófagos são coletivamente conhecidos como fagócitos, pois eles podem englobar e ingerir partículas estranhas, como bactérias. Os basófilos, os eosinófilos e os neutrófilos são denominados granulócitos, uma vez que contêm inclusões citoplasmáticas que lhes dão uma aparência granular.
• Eritrócitos: Estão entre os mais abundantes tipos celulares no sangue. A função principal dos eritrócitos é facilitar o transporte de O2 dos pulmões para as células e o transporte de CO2 das células para os pulmões. A proporção entre os eritrócitos e o plasma é indicada clinicamente pelo hematócrito e expressa como uma porcentagem do volume total de sangue. O hematócrito é determinado colocando-se uma amostrade sangue dentro de um tubo capilar estreito e centrifugando, de modo que os eritrócitos que são mais pesados vão para o fundo do tubo, deixando a fina “camada amarela” dos leucócitos e plaquetas que são mais leves no meio e o plasma no topo. Precursores eritroides se desenvolvem partir de dois progenitores funcionalmente idênticos, até o primeiro precursor reconhecível de eritrócito na medula óssea, o pró eritroblasto, que por meio de várias divisões celulares, origina uma série de normoblastos que tem quantidade crescente de hemoglobina. A próxima etapa é o eritroblasto ortocromático que perde o núcleo num processo aparentemente ativo de extrusão; o núcleo perdido é rapidamente fagocitado por macrófagos da medula óssea; com a perde do núcleo, o eritroblasto ortocromatico transforma-se em reticulócito. O reticulócito recém-formado permanece de um a três dias na medula óssea, sendo em seguida liberado para a circulação. Um ou dois dias depois de entrarem na circulação os reticulocitos perdem todas as organelas, têm o volume ligeiramente reduzido e adquirem coloração própria das hemácias maduras. Eritrócitos maduros de mamíferos em uma solução isotônica são discos bicôncavos. Eles são “sacos” membranosos simples preenchidos com enzimas e hemoglobina. Pelo fato de os eritrócitos não conterem mitocôndrias, eles não podem realizar metabolismo aeróbio. Assim, a glicólise é sua fonte principal de ATP. Sem um núcleo ou retículo endoplasmático para executar a síntese proteica, os eritrócitos são incapazes de produzir novas enzimas ou de renovar componentes de membrana. Essa incapacidade leva a uma perda da flexibilidade da membrana, tornando as células velhas mais frágeis e passíveis de ruptura.
-> Hemoglobina: Quatro cadeias polipeptídcas sendo duas cadeias alfa e duas beta, cada uma com seu próprio grupo heme. A medida que a Hb carrega e descarrega O2, as cadeias individuais de globina movimentam-se uma sobre a outra, os contatos entre as cadeias alfa e beta estabilizam a molécula e, durante a oxigenação e a desoxigenação da Hb, ocorrem alterações moleculares. Quando o O2 é descarregado, as cadeias beta são separadas, permitindo a entrada do metabólito 2,3-difosfoglicerato, diminuindo a afinidade da molécula por O2 (curva de dissociação do O2). 
• Plaquetas: Fragmentos de células, produzidas na medula, a partir de células enormes, chamadas de magacarióticos. As plaquetas são menores do que os eritrócitos, sem cor, e não possuem núcleo. Seu citoplasma contém mitocôndria, retículo endoplasmático liso e numerosas vesículas ligadas à membrana, chamadas de grânulos, que são preenchidos com uma variedade de citocinas e fatores de crescimento. São mais bem conhecidas por seu papel em ajudar a prevenir a perda de sangue.
Hemograma
• O hemograma é o estudo dos compostos do sangue, das hemácias, leucócitos e plaquetas.
• Um hemograma normalmente inclui as seguintes informações: 
1. Volume corpuscular médio de um eritrócito (VCM)
2. Hemoglobina corpuscular média (HCM): quantidade de hemoglobina por eritrócito
3. Concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM): a quantidade de hemoglobina por volume de um eritrócito 
4. Amplitude de distribuição das hemácias (RDW): variação dos tamanhos das hemácias
• O que interfere no hemograma: fase pré analítica (variáveis fisiológicas, de manipulação da amostra e variáveis endógenas, como por exemplo o uso de medicamentos), fase analítica (método de análise), fase pós analítica (interpretação)

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