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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR CONSÓRCIO CEDERJ/UAB – PÓLO SAQUAREMA CURSO DE LICENCIATURA EM TURISMO WALLEF MENDONÇA DA MOTA PADILHA PORTAS FECHADAS PARA O TURISMO E PARA A CULTURA: O MUSEU ARQUEOLÓGICO DE ARARUAMA ARARUAMA 2021/2 UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR CONSÓRCIO CEDERJ/UAB – PÓLO SAQUAREMA CURSO DE LICENCIATURA EM TURISMO WALLEF MENDONÇA DA MOTA PADILHA PORTAS FECHADAS PARA O TURISMO E A PARA A CULTURA: O MUSEU ARQUEOLÓGICO DE ARARUAMA Trabalho de conclusão de curso como parte dos requisitos para obtenção do título de licenciatura plena em turismo sobre a orientação da Profª. Drª. Claudia C. A. Moraes. ARARUAMA 2021/2 UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR CONSÓRCIO CEDERJ/UAB – PÓLO SAQUAREMA CURSO DE LICENCIATURA EM TURISMO WALLEF MENDONÇA DA MOTA PADILHA PORTAS FECHADAS PARA O TURISMO E A PARA A CULTURA: O MUSEU ARQUEOLÓGICO DE ARARUAMA Aprovado em:17 de Dezembro de 2021. __________________________________________________________ Prof. Dr. Claudia Corrêa de Almeida Moraes (Orientador) Universidade Federal Fluminense __________________________________________________________ Sirley da Conceição Ferreira Doutorando em Memória Social Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro __________________________________________________________ Inácio Botto Ferreira Mestrando em Turismo Universidade Federal Fluminense Araruama 2021 AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, agradeço ao meu querido primo Weverson Faria Mota, que foi responsável pelo meu ingresso na UFRRJ. Aos meus queridos pais, José Marcio da Silva Padilha e Maria de Fátima Mendonça Mota, que foram primordiais para que eu não desistisse do processo até aqui. Ao meu amigo Leonardo da Mota Sampaio, que passou noites em claro estudando comigo para o Enem 2016, onde tive boa nota para passar no vestibular CEDERJ. Ao amigo Osmar Alves de Amorim Oliveira, que contribuiu com sua intelectualidade para com as pesquisas de campo. A minha querida madrinha Lica e em memória de meu padrinho Joaquim Mauricio Padilha. Ao Memorialista, folclorista, pesquisador e professor Wellington Mello, que me guiou nas pesquisas de campo na cidade de Araruama. A minha querida orientadora Claudia C. A. Moraes, a quem fiquei extremamente apaixonado por sua simpatia e intelectualidade logo no primeiro contato. Ao Tadeu Peres Baptista de Carvalho, que por um determinado período de tempo contribuiu para a minha trajetória. A todos os meus professores e professoras das escolas públicas em que estudei, tais como: Escola municipal Governador Carlos Lacerda, escola municipal Jeronimo Carlos do Nascimento, escola municipal Agostinho Franceschi, escola municipal Honorino Coutinho, Colégio Estadual Profª Clarisse Coelho Moreira Caldas, CIEP 253 e UFRRJ. Em especial, Josina Teixeira Perrut. Também aqueles que estiveram comigo nesta luta diária de faculdade, os meus amigos e amigas de sala de aula, que acabaram virando meus amigos de vida, sendo estes: Thauana Marins de Oliveira, Nelio Mathias Gomes, Maria Helena de Oliveira Braga, Nathalia Laryssa do Amaral Peixoto, Emerson Ceschini de Oliveira, Celso Luiz Brasil de Carvalho, Isabela Cristina Ferreira Silveira, Rodrigo de Oliveira Batista, Jurema Morais Lemo do Amaral, Paulo Souza e Regina Pimentel Cler. Para finalizar, ao menino que sempre está ao meu lado, nos melhores e piores momentos, ele que já foi meu crush, namorado e atualmente meu noivo, Caio Tomas Alécio Machado Pereira. Dedico a Cenira Francisca da Silva, Joaquim Alvim Padilha, Custodio Luiz da Mota e Maria Mendonça Mota. Meus avós paternos e maternos, que não tiveram a oportunidade de se alfabetizarem, mas que deixaram em mim um grande legado. “A valorização do patrimônio histórico-cultural é a valorização da identidade que molda as pessoas. Por isso, preservar as paisagens, as obras de arte, as festas populares, a culinária ou qualquer outro elemento cultural de um povo, é manter a identidade desse povo”. (Francisco Porfirio) RESUMO Em Araruama-RJ, o patrimônio arqueológico tupiguarani é considerado o segundo mais importante do Brasil. Em seus sítios históricos foram encontradas peças de mais de três mil anos que permitem desvelar o passado fluminense e nacional. Essa memória, atualmente, está presente nos sítios arqueológicos e na Casa de Cultura. Até 2016, em um edifício histórico do século XIX, localizado na Fazenda Aurora, que já foi produtora de cana-de- açúcar, café e comercializadora de escravos, estava instalado o Museu Arqueológico de Araruama-MAA. Alegando falta de segurança pelo estado de conservação do edifício, o poder público local fechou o museu. A situação atual é bastante preocupante quanto aos danos que podem ocorrer pela ausência de cuidados. Entendendo que o turismo cultural pode ser uma possibilidade de diversificar a oferta de um destino que tem seu principal produto, o turismo de sol e mar, cuidar dos atrativos turístico culturais é fundamental e ainda mais quando ele é tombado pelo órgão estadual de preservação da cultura pela sua importância histórico-cultural. Diante da situação exposta, para desvelar o posicionamento frente a inação do poder público e das governanças turística e cultural, desenvolvemos uma pesquisa qualitativa que teve como procedimentos metodológicos a pesquisa documental, visita in loco e entrevista. Baseado nos estudos das potencialidades turísticas obtivemos resultados que apontaram a sua existência, porém, somente se houver intervenções no edifício que abriga o museu. Quanto à inação dos responsáveis, podemos aferir que há a possibilidade de ela ocorrer por causa da burocracia que envolve os órgão de proteção em liberar as intervenções dos bens tombados. Julgar como ação de apagamento de memória, pareceu-nos não correta, por ter outras ações referentes à preservação da arqueologia local. No entanto, o estudo não conseguiu obter o depoimento do poder público, assim, embora tenha avançado na análise da situação, a limitação não permite afirmar que realmente somente a questão burocrática está impedindo as intervenções no bem cultural. Palavras-chave: Preservação de bens culturais. Atrativos Turísticos. Turismo Cultural. Arqueologia. Museu. Araruama-RJ. RESUMEN En Araruama-RJ, o patrimonio arqueológico de Tupiguarani, es considerado el segundo más importante de Brasil. En sus sitios históricos, encontramos piezas de más de tres mil años que nos permiten develar el pasado brasileño y nacional. Este recuerdo está presente actualmente en nuestros sitios arqueológicos en la Casa da Cultura. Hasta 2016, el Museo Arqueológico de Araruama-MAA estaba instalado en un edificio histórico del siglo XIX, ubicado en la Finca Aurora, que en su día fue productora de caña de azúcar, café y tratante de esclavos. Alegando falta de seguridad por el estado de conservación del edificio, o autoridad pública local, fecha o museo. La situación actual es bastante preocupante por cuántos años de daño se pueden producir por falta de atención. Entender que el turismo cultural puede ser una posibilidad para diversificar la oferta de un destino que es su principal producto, es decir, el turismo de sol y mar, atendiendo dos atractivos culturales y fundamentales, y másaún cuando es asumido por la agencia estatal de preservación. de cultura despoja de su importancia histórico-cultural. El día de la situación expuesta, para revelar o tomar posición frente a la inacción de las autoridades públicas y los gobiernos turísticos y culturales, se desarrolló una investigación cualitativa cuyos procedimientos metodológicos fueron la investigación documental, la visita in loco y la entrevista. En base a nuestros estudios de potencial turístico obtendremos resultados que avalen su existencia, por tanto, algunas intervenciones no se realizan en un edificio que alberga o en un museo. En cuanto a la omisión de dos responsabilidades, podemos asegurar que es posible que el hecho se produzca por la burocracia que involucra al organismo de protección en liberar la intervención de dos víctimas. A juzgar como un acto de desactivación de la memoria, parece que no estamos corriendo, por otras acciones relacionadas con la preservación de la arqueología local. Sin embargo, esté logrando o no obtener el testimonio del gobierno, sin embargo, se ha avanzado en el análisis de la situación, ya que no nos permite afirmar que, de hecho, sujeto al tema burocrático, está impidiendo. intervenciones no culturales.Palabras-clave: Atrativos Turísticos. Turismo Cultural. Políticas Culturais. Políticas de Turismo. Araruama-RJ. Palabras clave: Conservación de bienes culturales. Atracciones turísticas. Turismo cultural. Arqueología. Museo. Araruama-RJ. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 Potencialidades dos Atrativos Naturais 24 Figura 2: Hierarquia dos Atrativos 26 Figura 3 Mapa de Localização 27 Figura 4 Distritos e Bairros de Araruama 28 Figura 5 Quadro dos Atrativos Naturais 41 Figura 6 Quadro dos Atrativos Culturais 42 Figura 7 Mapa do Museu dentro do território do 2° Distrito 44 Figura 8 Fachada do Museu Arqueológico de Araruama 45 Figura 9 Vista aérea da antiga Fazenda Aurora. 45 Figura 10: Jardim lateral e armazéns e cavalariça da Fazenda Aurora. 46 Figura 11 Pinturas internas no Casarão da Fazenda Aurora - MAA. 48 Figura 12 Pinturas internas e a expografia no Casarão da Fazenda Aurora - MAA 49 Figura 13 Escolares visitando o Museu 49 Figura 14 Placa Turística Informativa. 50 Figura 15 Morcego em decomposição e cupim no teto do MAA 51 Figura 16 Mofos nas paredes e assoalho do teto danificado por cupins 51 Figura 17 Cartaz comemorativo dos 161 anos de Araruama 54 SUMÁRIO INTRODUÇÃO.............................................................................. 12 1 A CULTURA COMO POSSIBILIDADE DE ALAVANCAGEM DO TURISMO...................................................................................... 18 1.1 A CULTURA COMO MOTIVADORA DO TURISMO...................... 18 1.2 ATRATIVOS TURÍSTICOS, ATRATIVIDADE E POTENCIALIDADES.................................................................... 22 2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE ARARUAMA- RJ...... 27 2.1 ASPECTOS GEOGRÁFICOS....................................................... 27 2.2 ASPECTOS HISTÓRICOS, POLÍTICOS E ECONÔMICOS........ 31 2.3 ASPECTOS TURÍSTICOS........................................................... 37 3 ATRATIVO TURÍSTICO CULTURAL: MUSEU ARQUEOLÓGICO DE ARARUAMA: PESQUISA E ANÁLISE DOS RESULTADOS.................................................................... 44 MUSEU ARQUEOLÓGICO DE ARARUAMA 44 CONSIDERAÇÕES...................................................................... 57 REFERÊNCIAS............................................................................ 61 APÊNDICE A................................................................................ 67 APÊNDICE B................................................................................ 68 12 INTRODUÇÃO O legado cultural de um povo é fundamental para a sua memória e a sua identidade. A salvaguarda da memória permite que este povo compreenda quem é e quais caminhos percorrer para tornar-se o que é. Nem todas as memórias são boas, mas tanto estas como aquelas que enchem as pessoas de orgulho permitem que haja uma construção comum durante o tempo e que dá esse sentido cultural de pertencer a um território, a uma cultura. As coisas que nos rodeiam influenciam a reter na memória e Nora (1993) explicita que as memórias acionam a sua presença por meio das lembranças de acontecimentos fazendo com que eles tornem parte de um lugar, quando a imaginação lhe designa uma carga simbólica em uma unidade temporal específica. As coisas (objetos) podem ser inseridas no que se denomina lugar de memória (NORA, 1993). No entanto, um objeto só constitui um lugar de memória a partir do momento em que escapa do esquecimento e uma comunidade o reinveste com seus afetos e suas emoções, referenciando-se assim a uma história coletiva Em muitos municípios, a relação dos sujeitos com os seus referenciais culturais pode ser escassa, fazendo com que eles não reconheçam a importância de sua memória. Conhecer e usufruir do seu legado permite que eles desenvolvam o sentimento de pertencimento em relação a um lugar e/ou a uma cultura. O patrimônio cultural entendido como resultado da cultura humana é composto tanto de bens materiais como os bens imateriais. Embora a cultura de todos contribua para a identidade cultural de uma comunidade, o significado atribuído ao bem material ou imaterial difere de pessoa para pessoa pela sua trajetória cultural (BARRETO, 2000). Nesse sentido, o que se pode significar patrimônio para uma pessoa pode não ser para outra. Assim, percebemos que há um olhar para o patrimônio coletivo e outro individual, e que ambos constituem a percepção, o entendimento e o pertencimento que o sujeito irá atribuir ao seu patrimônio. Toledo (2005, [s/p].) conceitua patrimônio cultural como: 13 A riqueza comum que nós herdamos como cidadãos, transmitida de geração em geração. Constitui a soma dos bens culturais de um povo. Ele conserva a memória do que fomos e somos, revela a nossa identidade. Expressa o resultado do processo cultural que proporciona ao ser humano o conhecimento e a consciência de si mesmo e do ambiente que o cerca. Apresenta, no seu conjunto, os resultados do processo histórico. Permite conferir a um povo a sua orientação, pressupostos básicos para que se reconheça como comunidade, inspirando valores, estimulando o exercício da cidadania, a partir de um lugar social e da continuidade do tempo. Considerando as palavras de Toledo, o patrimônio pode ser entendido como herança cultural que conserva a memória de um povo, revelando sua identidade, reconhecendo-se como comunidade e seus valores. Esta identidade e seus valores podem oferecer aos que dela participam e se reconhecem a sensação de pertencimento e de continuidade temporal para uma sociedade. Tratar de patrimônio implica ter presente os princípios básicos da sua construção social e compreendê-lo como produto dos significados e valores atribuídos por um grupo a esse bem cultural que, portanto, vem a ser considerado patrimonial pelas qualidades que lhes são outorgadas. Nesse sentido, os significados podem alimentar-se de memórias, de conflitos e de histórias. Ramos (2016) explica o pensar o patrimônio, É discutir de que forma ele se apresenta em diferentes contextos e entender as relações entre História, memória, identidade e o patrimô- nio. Os grupos sociais constroem e também definem o que pode ou não ser identificado como patrimônio, atendendo às concepções em vigor. Definições de âmbito privado já nortearam o significado de pa- trimônio até que a modernidade, a partir da construção dos Estados Nacionais estabeleceu necessidades de atribuir bens comuns à cole- tividade como forma de reconhecer e formar identidades e memórias partilhadas e valorizadas na construção de nacionalidade. Igualmente, há umadiferença entre os conceitos do patrimônio enquanto construção social e enquanto produto dos significados e valores atribuídos por um grupo ao bem cultural. o primeiro advém do ato de valorar que uma sociedade exerce sobre determinado bem cultural e o segundo da dependência que os processos de patrimonialização possui ao poder político e à sociedade, quanto à negociação, pela qual confere valor patrimonial ao bem (MICHELON, MACHADO JR; GONZÁLEZ, 2012, p.19). 14 Em vista disso, a salvaguarda, a conservação, a preservação e a divulgação do patrimônio é algo pertencente às políticas públicas culturais. É ela que acaba definindo o que salvaguardar e o que pertence ao rol do que aquela sociedade elenca como seu patrimônio. A política pode ser entendida como a governança do Estado e das relações de poder e, também, uma arte de negociação para compatibilizar interesses. Ao ser aplicada no setor cultural público constitui-se em um conjunto de ações tomadas pelo Estado com o objetivo de atender aos diversos setores da sociedade civil. De acordo com Salvati (2004), o setor público tem a prerrogativa de sugerir políticas orientadoras voltadas ao planejamento e gestão nas diferentes instâncias de governo e nas diversas atividades e setores econômicos, inclusive nas áreas do turismo e da cultura. Para isso, criam-se e fiscalizam-se os direitos que devem ser garantidos aos cidadãos. Sendo um dos direitos, o da salvaguarda do patrimônio cultural da sua sociedade. Como as sociedades não são homogêneas, o que e como conservar a memória daquela sociedade acaba sendo definida pelos que conseguem ter mais força de decisão, assim, existem os apagamentos propositais e as lembranças. Apagamentos são ações voluntárias de esquecimentos de acontecimentos que ficam relegados ao passado incluindo as lições que eles carregam consigo e quando aplicados aos patrimônios culturais, são denominados apagamentos nas dinâmicas patrimoniais. Esses são definidos pelos interesses de quem está com a condução das políticas, pois são eles que direcionam as ações de manter ou não aquele le- gado ativo. Sempre será uma questão de escolha e esta irá privilegiar um ou outro bem O turismo é um fenômeno social contemporâneo que movimenta pessoas e capitais, pode gerar emprego e renda e dinamizar a sociedade pelos negócios que são necessários à sua existência e entre os motivos que as pessoas decidem praticá-lo, está o conhecer da sua cultura e de outrem. Além das já citadas vantagens, preservação e/ou da conservação do legado de uma comunidade, o turismo ao apropriar-se deste legado pode oferecer condições para mantê-lo e divulgá-lo, entre outros benefícios para o destino turístico. No entanto, também existem os aspectos negativos que o 15 turismo poderá ocasionar ao patrimônio. Em consequência disso, a política cultural e a turística devem se associar ao desenvolver os seus caminhos para os patrimônios culturais apropriados pelo turismo. Parte do legado histórico-cultural do município de Araruama, localizado no litoral fluminense, na Região das Baixadas Litorâneas, está associado à história dos antigos moradores do território da região: os povos dos sambaquis, os goitacás e os tupinambás e também ao seu passado agrícola e escravocrata e ao turismo de veraneio e do cassinismo. Alguns desses bens estão turistificado e incluídos na oferta turística do destino. Araruama não tem como sua principal motivação turística o turismo cultural, mas o turismo de sol e praia, entretanto, possui atrativos culturais que são ofertas que complementam o turismo de sol e praia e possuem potencialidades para desenvolver um turismo cultural mais robusto, diversificando sua oferta turística (ARARUAMA, 2021). O autor deste trabalho, morador de Araruama, sempre teve interesse pelo patrimônio cultural do seu município e ao estudar turismo seu interesse aumentou, levando-o a realizar visitas a diversos patrimônios no sentido de conhecê-los melhor e entendê-los no contexto do turismo. Em suas andanças, deparou-se com duas situações que levaram ao interesse em compreender os motivos pelos quais os bens tão significativos se encontravam fechados e abandonados pelo poder público. Os bens encontrados nestas condições foram: o Museu Arqueológico de Araruama (MAA) e o antigo Parque Hotel Cassino Araruama. E como objeto do presente estudo escolhemos como MAA. Todo patrimônio cultural poderá ser considerado como altamente relevante para o desenvolvimento do turismo cultural, mesmo que esteja em bom ou mau estado de conservação. Os que estão em mau estado precisam da ação do Estado e da comunidade para a sua salvaguarda e para torná-lo apto ao usufruto. Quanto mais ativo um bem, mas possível o interesse em salvaguardá-lo. No caso do atrativo da pesquisa, este não tem sido adequadamente considerado em ações do setor público para desenvolvimento e expansão do turismo, a preservação e a difusão de sua cultura. No contexto do que foi apresentado sobre as escolhas entre o apagamento e a conservação dos bens culturais, estes dois bens e atrativos 16 turísticos podem ser considerados na opção apagamento por parte das políticas públicas culturais e turísticas pelo estado em que se encontram? Assim, perguntamos que motivos levaram os dirigentes responsáveis pelas políticas públicas culturais e turísticas do município de Araruama a permitir que estes bens não fossem escolhidos como prioritários, especialmente o MAA, para o setor cultural e turístico? Para responder a esse questionamento, desenvolvemos como objetivo geral da pesquisa: compreender que argumentos são expostos pelo poder público e pela sociedade civil organizada que justificam a inação na manutenção e preservação desses bens. E traçamos como objetivos secundários: apropriar-se de conhecimentos que explicitam a cultura como alavancadora do turismo; conhecer os aspectos que caracterizam o município de Araruama; levantar e analisar os aspectos histórico-culturais ambientais, econômicos e turísticos do atrativo Museu Arqueológico e, desvelar a opinião do dirigente público e dos conselhos de turismo e de cultura sobre a conservação e uso turístico dos bens culturais selecionados para a pesquisa e suas políticas. Como procedimentos metodológicos escolhemos realizar uma pesquisa qualitativa de cunho descritivo tendo como base teórica artigos, livros e reportagens que abordam a temática sobre cultura, preservação e conservação patrimonial, turismo, turismo cultural, turismo potencial e atratividade e, políticas públicas de cultura e de turismo. Na coleta de dados, desenvolvemos quatro procedimentos: o primeiro foi um estudo documental procurando obter dados que permitissem conhecer o atrativo turístico relacionados a sua história, geografia, sua gestão e o uso cultural e turístico. Após, realizamos uma visita in loco ao MAA. Durante a visita, observamos a estrutura física do local e a situação atual do atrativo. Fotografamos o espaço para que as fotos também servissem como documentos para análise do estado de conservação. Também foram retirados das redes sociais e sites dispostos na Web, as impressões dos visitantes sobre o atrativo. Por fim, foi realizada uma entrevista com um especialista em cultura de Araruama, Wellington Mello (Memorialista e folclorista) e pretendia conseguir ainda o posicionamento do poder público, (Secretária Municipal de Desenvolvimento Econômico, Cultura, Turismo, Esporte e Lazer) e dos conselhos de cultura e turismo, mas infelizmente, após 17 algumas tentativas não obtivemos respostas ao nosso pedido de entrevista e tivemos que usar as informações apenas do especialista e do que coletamos em documentos. Como instrumento de coleta para esta etapa, usamos um roteiro estruturado composto de perguntas que tratam sobre as políticas e ações para a preservaçãodo patrimônio cultural e turístico municipal (Apêndice A). Depois, com os dados obtidos iniciamos a descrição do objeto de estudos e da análise. Passando essa fase, foi realizada a análise da potencialidade do atrativo utilizando de dois instrumentos: a proposta de Pelegrine Filho (1993) para análise de potencialidade de Atrativos Naturais e a metodologia de Cárdenas Tabares (2006) adaptada da CICATUR de hierarquização dos atrativos. Elas permitiram que avaliássemos qual seria o estado atual da potencialidade do atrativo. Com as análises feitas, tratou-se os dados dos respondentes frente ao questionamento feito tendo como fio condutor o referencial teórico estudado e os dados coletados nos site e nas redes sociais. O trabalho foi construído em três capítulos. O primeiro aborda sobre a cultura utilizada como possibilidade de alavancagem do turismo, para tanto analisamos a cultura como o papel motivador do turista ao escolher visitar um destino, abordamos sobre os atrativos turísticos - objeto de estudo do trabalho - e as possibilidades de eles terem potencialidades e atratividades para trazer um fluxo turístico a um destino. No segundo a temática tratada foi a contextualização do município de Araruama-RJ em seus aspectos geográficos, histórico-culturais, políticos, econômicos e turísticos. Na sequência, descrevemos o atrativo estudado e o resultado da visita in loco, depois discorremos sobre a entrevista realizada e finalizamos o capítulo com as análises confrontando às respostas com a teoria estudada. O último capítulo são as considerações. 18 1 A CULTURA COMO POSSIBILIDADE DE ALAVANCAGEM DO TURISMO O presente capítulo aborda sobre a cultura enquanto motivadora de visitas turísticas. A apropriação da cultura pelo turismo para se transformar em atrativos culturais e as suas definições e importância serão aqui tratados. 1.1 A cultura como motivadora do turismo A cultura pode ser compreendida antropologicamente como um conjunto dos hábitos, comportamentos e práticas sociais apreendidos a cada nova geração, o que ocasiona uma soma de saberes acumulados e transmitidos. Para Benedict (2013), ela é entendida como a lente que o homem vê o mundo. Esta lente revela o modo como os indivíduos ou grupos sociais respondem às suas próprias necessidades e desejos. Geertz (2008), explicita que a cultura é o padrão de significados incorporados nas formas simbólicas que consente aos sujeitos uma maneira de comunicar e dividir suas crenças, concepções e experiências. De acordo com Santos (2006), cada realidade cultural tem sua lógica interna, assim, devemos procurar conhecer esta lógica para que se faça sentido as práticas, os costumes, as conceções e as transformações pelas quais cada grupo social passa e, consequentemente, a sua cultura. Desta feita, cada sociedade ou grupo social pode diferenciar-se em relação a sua cultura e é, esta diversidade, que torna tão instigante conhecer culturas diferentes. Ao identificarmos na cultura de outrem ou conhecer outras formas de saberes criados por sujeitos, o conhecimento sobre o mundo e sobre os povos de quem conhece é amplificado e, este enriquecimento cultural, poderá ampliar horizontes, diminuir preconceitos e levar as pessoas a respeitarem-se mais em suas relações humanas. Então, a cultura tem condições de ser entendida como algo que, ao conhecê-la e interpretá-la, permite que quem passe a usufruí-la tenha um crescimento enquanto ser humano e as pessoas que a desenvolveram podem ser reconhecidas como portadoras de algo significativo para a humanidade. Neste sentido, a troca cultural tende a levar a reflexões significativas e o 19 turismo caracteriza-se como um dos instrumentos que possibilita que ocorra essa trocas e novos conhecimentos. Campodonico e Chalar (2013, p.52), definem turismo como um fenômeno socioeconômico, ambiental e político e multidimensional, resultado da interrelação de múltiplos atores em diversos contextos espaciais-temporais, indivíduos em diferentes níveis de atividades e manifestações que dão lugar a turistas, comunidades receptoras, operadores, trabalhadores dos diferentes serviços, empresários, atores governamentais e organizadores que incidem no [fenômeno] e dão forma a realidade turística. Completando este pensamento, Gastal e Moesch (2007, p.11) explicitam que o turismo é um campo de práticas histórico-sociais que pressupõem o deslocamento dos sujeitos em tempos e espaços diferentes daqueles dos seus cotidianos. É um deslocamento coberto de subjetividade, que possibilita afastamentos concretos e simbólicos do cotidiano, implicando, portanto, novas práticas e novos comportamentos diante da busca do prazer. Este deslocamento de sujeitos em tempos e espaços permite vivenciar novas culturas ou mesmo conviver com culturas que já conhece. Durante a viagem, o turista pode entrar em contato com outros costumes, com outras práticas ou outros conhecimentos no contexto histórico e na lógica interna da sociedade que está visitando. Para a população local, a visita turística pode gerar nos moradores um orgulho pelos visitantes conhecerem e valorizarem os seus patrimônios. Também este interesse dos visitantes pode auxiliar o poder público e/ou a comunidade a terem estímulo em manter conservado seu patrimônio. Azevedo (2002, p.23), aclara as consequências dos interesses dos turistas em viajarem para experenciar a cultura como turismo cultural. O turismo cultural desponta fortalecido como uma das vertentes mais significativas da dimensão cultural do desenvolvimento: pela riqueza de variantes que comporta; pelas interfaces que motiva; pelos desdobramentos que pode estimular; pelos efeitos possíveis na construção da cidadania; pela valorização da alteridade, isto é, a compreensão da existência de outros patrimônios e ações culturais que, assim como nosso, merecem respeito. Também pelo retorno econômico que propicia e, sobretudo, pelo compromisso que assume com as gerações futuras. 20 Outro autor que também trata do tema é Cherem (1990), ele aponta que os princípios do turismo cultural como: ajuda ativamente na perpetuação do patrimônio; ressalta e mostra a identidade patrimonial de uma área com única do mundo; baseia-se na aplicação de habilidade de interpretação do patrimônio; habilita os anfitriões locais para que interpretem seu próprio patrimônio aos visitantes; cria orgulho nos anfitriões locais pelo seu patrimônio e melhora suas habilidades de relação com os visitantes e os serviços; ajuda a perpetuar o estilo de vida e os valores locais; habilita os anfitriões locais para que planejem e facilitem a seus visitantes experiências autênticas e significativas; é transcultural para que o anfitrião e o visitante recebem uma experiência de enriquecimento que recompensa ambos; apresenta uma programação que se pode aplicar em qualquer nível de desenvolvimento e praticamente em qualquer localização turística; pode representar um método de desenvolvimento turístico sustentável quando respeita o patrimônio de uma área e habilita seus habitantes gerando uma base verdadeira para o desenvolvimento. Apesar de aspectos positivos apontados pelo autor, a possível insustentabilidade cria um paradoxo entre a sustentabilidade e o turismo cultural. O excesso de visitantes ou o desrespeito do visitante com a cultura da comunidade anfitriã podem ser aspectos negativos do turismo cultural. Portanto, será positivo para a comunidade anfitriã e a sua cultura um turismo cultural que tenha um número de turistas dentro de uma capacidade de carga que mantenha o patrimônio preservado e onde haja respeito a cultural local. Em 2020, o Ministério do Turismo (MTur) publicou os resultados da ‗Demanda Turística Internacional do Brasil‘. Os dados foram coletados em 2019, e suas análisesmostraram que o turismo cultural foi a motivação para a 21 viagem para 13,4% dos entrevistados, embora seja menor que as porcentagens (18,6%) do turismo de natureza, ecoturismo e aventura (BRASIL, 2021). No entanto, comparado com os dados de 2018, o turismo motivado pela cultura cresceu mais que o turismo de natureza, ecoturismo ou aventura. No citado ano, correspondia a 9,5% para turismo cultural e 16,3% para turismo de natureza, ecoturismo ou aventura. Este crescimento de 3,9% para o cultural e 2,3 turismo de natureza, ecoturismo ou aventura aponta que os interesses dos turistas internacionais ao realizarem suas viagens ao Brasil estão se diversificando, ainda que continue como principal motivo o Sol e Praia (71,7%). Outro dado publicado pelo MTur (BRASIL, 2021) é o da pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ‗Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continua‘ - PNAD, que em agosto de 2019, mostrou que a cultura representou 27,2% das motivações das viagens realizadas e 34,3% as viagens para o sol e praia. Em 2020, o mundo deparou-se com a pandemia provocada pela Covid- 19 e o turismo foi um dos setores mais afetados antes de se desenvolverem as vacinas, pois, a maneira possível de se evitar o contágio era o isolamento social. Com esta medida, o turismo decaiu muito, inclusive, as cidades para se protegerem proibiram o uso de espaços públicos, fecharam atrativos e fizeram barreiras sanitárias. Municípios pequenos e médios do litoral e da região serrana fluminense acabaram sendo escolha para aqueles que possuíam segundas residências a ter uma vida mais isolada do que nas grandes cidades. Outros passaram a comprar ou alugar imóveis nestes destinos. O denominado de ‗turismo de isolamento‘, esta modalidade foi a que mais movimentou o turismo brasileiro até a abertura dos destinos turísticos depois do fechamento por causa da Covid-19 (LOBO ET AL, 2020). Quando ocorre a abertura, no segundo semestre de 2020, algumas instituições culturais retornam às suas atividades possibilitando o turismo cultural. Ademais, em muitos destinos, houve uma grande demora do retorno por causa ainda do perigo do contágio. Não sendo assim possível, devido a pandemia de Covid-19, ter novos dados sobre o Turismo Cultural, como isso os dados disponíveis mais recentes foram os de 2019. Observamos com estes dados que, há um crescente interesse pela cultura nas motivações dos turistas, principalmente, nos 22 nacionais que são o público em maior número do turismo de Araruama. Embora as motivações mais presentes para o turismo em Araruama seja o turismo de sol e praia, o turismo cultural pode ser uma opção complementar ou principal para determinados tipos de públicos. Para tanto, o que move os turistas a se deslocarem de seus locais de residências são os atrativos turísticos. 1.2 Atrativos turísticos, atratividades e potencialidades Os atrativos podem ser entendidos como ―recursos naturais ou culturais formatados em negócios, que atenda todas as especificações necessárias para a comercialização e recepção de turistas, com responsabilidade social, ambiental e cultural‖ (SEBRAE, 2021). Este olhar do atrativo enquanto negócio aponta uma visão de empreendimento que necessita ter uma gestão eficaz, ter estrutura mínima para receber os turistas, oferecer experiências memoráveis de forma organizada e profissional, com o objetivo de produzir resultados positivos. A Organização Mundial do Turismo (OMT, 2001, p. 121) explicita que existe a necessidade de uma intervenção humana para a consolidação do atrativo. Quando isso não ocorre ainda não se pode chamar de atrativo real, mas denomina-se atrativo potencial ou recurso turístico. Neste sentido, quando no citado conceito do Sebrae aparece o ‗recurso natural ou cultural‘ na sequência, explicita que ele precisa ser formatado em ‗negócio‘. Pearce (1991) trabalha como o Sebrae (S/D) com a ideia de gestão dos atrativos e inclui ainda a classificação de atrativos. Para ele, os atrativos podem ser classificados como local, natural ou antropizado, sendo que o foco desta classificação está nos visitantes e a sua atenção direcionada a sua gestão. Em visões do turismo menos voltadas ao atrativo ‗negócio‘, mas pensado no contexto do turismo como um fenômeno social, político, econômico, cultural e natural, amplia-se o conceito de atrativo como força de valor paisagístico, cultural, histórico, artísticos entre outros, capaz de exercer intensidade motivacional sobre o visitante. Assim, ele é um negócio, mas antes de tudo é algo que atrai, motiva, faz as pessoas querem usufruí-lo e, para tanto, deslocam-se de suas residências praticando o turismo. 23 Corroborando com esta visão holística, Beni (2001) explicita que os atrativos turísticos podem ser lugares, objetos ou acontecimentos, desde que sejam os motivadores do deslocamento de grupos humanos para conhecê-los. Valls (2006) tem um posicionamento semelhante, ao afirmar que atrativo ―é o elemento que desencadeia o processo turístico‖ (2006, p. 27). Os dois autores atribuem aos atrativos a capacidade de iniciar o movimento turístico. Boullón (2002) concorda com os autores citados ao considerar os atrativos turísticos como a matéria prima do turismo e completa que sem ela, nem um país ou região poderia empreender o desenvolvimento turístico. Diante do posicionamento dos autores, é possível sistematizar que os atrativos são oriundos de recursos que, recebem intervenções humanas para serem dotados de condições que permitam serem usufruídos. Essas intervenções são realizadas num contexto de gestão competente para que se obtenha o que se espera do atrativo: que seja um elemento de valor na atratividade de turistas para um determinado destino turístico. Quando se trata de atrativos turísticos culturais, as consequências desta geração de valor estará no que já foi apontado anteriormente como as vantagens de se desenvolver o turismo cultural. Portanto, um atrativo turístico cultural bem formatado, gerenciado e divulgado, pode atuar como motivador da atratividade do destino e das vantagens que a visitação turística possa trazer. O conceito de atratividade turística é uma discussão recente e tem suas raízes a partir das publicações de Gearing et al. (1974) e outros autores, como Ritchie e Zins (1978), que começam a identificar os diferentes fatores que tornam um destino turístico atrativo ao público. O potencial turístico aparece posteriormente correlacionando a oferta turística (infraestrutura básica e urbana, serviços e equipamentos turísticos e atrativos turísticos). Oliani; Rossi e Gervasoni (2011), alcança que quando não há atrações turísticas também não existe destino turístico. É a atratividade de um destino a principal razão pelo qual um turista busca algo de especial e interessante. Por isso, os destinos turísticos precisam motivar turistas oferecendo uma oferta estruturada, composta de produtos e posicionada no mercado turístico, com capacidade de mover fluxo de visitantes significativos. 24 Entendemos assim, que a atratividade está relacionada à qualidade e que os turistas procuram serviços que satisfaçam suas necessidades e vá além de suas expectativas, que tragam experiências memoráveis. Gomes (2019) em seus estudos, aponta que o ―atrativo refere-se a um local transformado, construído para se tornar o foco do turista. Porém, como os estudos abordam recurso e atrativo como algo semelhante, essa similaridade culmina também no entendimento de potencial turístico‖. Para ela, a compreensão do potencial turístico está, desta forma, vinculada à infraestrutura do destino. Portanto, quanto mais estruturado, maior será seu potencial. Potencialidade é um termo recorrente na literatura turística. É usual tratar de potenciais atrativos turísticos, potenciais destinos turísticos,de um potencial turístico que não é bem aproveitado. Contudo, na revisão bibliográfica são poucas as produções que esclarecem o que venha ser potencialidade turística e, mais escassas ainda, como se faz para mensurá-la. Segundo Almeida (2006), a expressão ―potencial turístico‖ tem se vulgarizado e é utilizada como expressões equivalentes de ―vocação turística‖ e ‗dom natural‘ e que, se fosse realmente assim, não seriam necessários o planejamento e a gestão turística. O autor explicita que ao se aplicar as palavras potenciais e atrativos juntas, encontram-se literatura turística duas principais linhas: os potenciais atrativos (ou atrativos potenciais) que são os recursos turísticos ainda não desenvolvidos para a atividade turística e a potencialidade do atrativo, como uma hierarquização da atratividade do atrativo (CÁRDENAS TABARES, 2006). A avaliação de atrativo é realizada por alguns autores por meio da hierarquização, como o que propõem Pellegrini (1993) para atrativos naturais (Figura 1). Figura 1: Potencialidades dos Atrativos Naturais Potencialidade total Potencialidade fracamente realizada Potencialidade parcialmente realizada Potencialidade realizada Enormes potencialidades de aproveitamento, indicando que nada ou quase nada existe de realização racional Grandes viabilidades de ampliação e/ou melhoria do que já existe Viabilidade de ampliação e melhoria Restando em alguns casos poucas e pequenas opções de acréscimo, sem sobrecarregar equipamentos e serviços Fonte: Pellegrini Filho (1993). 25 Observamos que na classificação de Pellegrini Filho (1993), a potencialidade realizada seria o estado dentro da classificação mais próximo do atrativo potencial ou recurso tornar-se um atrativo real e seu inverso seria a potencialidade total. Para melhor compreensão da avaliação e hierarquização dos atrativos, são analisados pontos que se relacionam com o meio onde ele está inserido sendo, valor para a comunidade e respeito por esse atrativo, a infraestrutura, como chegar, os serviços que são oferecidos, a representatividade para o turis- ta e para a população. Para Ruschmann (1997, p. 142), o ―conhecimento prévio e a avaliação das atrações são fundamentais para a determinação das medi- das a serem implantadas para o desenvolvimento turístico‖. Estes aspectos podem qualificar e quantificar a importância que o atrativo possui. Cárdenas Tabares (2006, p. 46-47) oferece uma hierarquização dos atrativos turísticos (Figura 2) advinda e modificada da apresentada pelo Centro Interamericano de Capacitação Turística (CICATUR). Figura 2: Hierarquia dos Atrativos Hierarquia 5 atrativo excepcional, com grande significado para o mercado turístico internacional e capaz de pôr si só motivar uma corrente de visitantes; Hierarquia 4 atrativo com características excepcionais e que consegue motivar uma corrente de visitantes do mercado internacional também, mas com menos intensidade que o nível anterior; Hierarquia 3 o atrativo com características distintivas e chamativas, mas que interessa a visitantes, do mercado externo ou interno, que já estão na zona turística devido a outras motivações ou então a atração de visitantes de correntes turísticas locais; Hierarquia 2 o atrativo com características relevantes a serem consideradas para o mercado interno e que faz parte do patrimônio turístico, mas que não possui condição para o turismo receptivo; Hierarquia 1 atrativo com características insuficientes para integrar-se nas hierarquias anteriores, mas que faz parte do patrimônio turístico ao ligado a outros elementos de maior hierarquia; Hierarquia 0 atrativo que não possui qualidades o suficiente para ser incorporado à hierarquia 1 ou à uma maior. Fonte: Cárdenas Tabares (2006, p.46-47) Para Cárdenas Tabares, a avaliação do atrativo se dá com a extensão de sua capacidade de atração turística, sendo o de maior hierarquia aquele capaz de estimular o movimento turístico por si só e o de menor hierarquia aquele que não possui qualidades o suficiente para integrar nem mesmo na hierarquia 1. A hierarquização de atrativos pode ser utilizada pela gestão, para 26 entender o fluxo que o atrativo recebe e realizar o planejamento desejado ba- seado nesta informação. Além das classificações, os estudos para avaliar atrativos turísticos, mais recentemente, tem se apropriado de metodologias voltadas à qualidade dos serviços turísticos, que não serão abordadas neste estudo. 27 2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE ARARUAMA-RJ Neste segundo capítulo, contextualizamos o município de Araruama nos aspectos geográficos, históricos, econômicos, políticos e turísticos para que possamos ter uma base para análise da Oferta Cultural e seu uso turístico. 2.1 Aspectos Geográficos O destino turístico de Araruama está localizado no estado do Rio de Janeiro, na Região das Baixadas Litorâneas, numa altitude de 15 metros acima do nível do mar e com 635.4 km² de dimensão. Os limites do município estendem-se desde o litoral retilíneo compreendendo parte da Restinga de Massambaba, localizada entre o Oceano 1 Atlântico e as lagoas que caracterizam a região, das quais a mais importante é a Lagoa de Araruama, a maior do Estado que se encontra a Lagoa de Juturnaíba, no limite com o município de Silva Jardim. Figura 3: Mapa de Localização de Araruama no Estado do Rio de Janeiro Fonte: Wikipédia – Araruama, (c2021) A distância de Araruama até a capital do Estado é de aproximadamente 117 km e pode ser acessada pela BR 101, até Rio Bonito e, daí pela RJ 124 ou pela BR 116. O aeroporto mais próximo é o de Cabo Frio. O município (Figura 1 A Lagoa de Araruama, na verdade é uma laguna, um ecossistema recente, com idade estimada de 5 a 7 mil anos, estando sua origem vinculada à formação das restingas de Massambaba e de Cabo Frio (PRIMO; HIZERRIL, 2002). 28 3) faz divisa com: Arraial do Cabo, Cabo Frio, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia, Saquarema, Casimiro de Abreu, Silva Jardim e Rio Bonito (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, 2020). De acordo com o site Cidade-Brasil (2021) sua latitude é de 22º 52´ 35´sul e sua longitude é de 42° 20´21´ oeste. O território de Araruama compreende cinco distritos em uma área de 638.276 km² de acordo com o IBGE (2020), sendo o maior município em área territorial da Região da Costa do Sol. São cinco distritos, sendo dois entre os distritos estão em área rural, Morro Grande e São Vicente de Paula e três em área urbana: Araruama, Praia Seca e Iguabinha, (Figura 4). Os distritos são compostos por bairros, ao todo são 59 bairros. Figura 4: Distritos e Bairros de Araruama Fonte: Araruama (2021) O distrito-sede tem o mesmo nome do município de Araruama. É caracterizado pela concentração de edificações, instituições de saúde e de estudo, igrejas, centros de entretenimento, prefeitura e câmara de vereadores, shopping center e escolas. Sendo um dos principais centros comerciais da Região dos Lagos. Possui praias muito frequentadas como a do Centro e a da Pontinha. O distrito de Morro Grande (2º distrito) é um distrito rural e de produção agrícola. Nele está presente um importante sítio arqueológico, o de Morro 29 Grande, com 2.200 anos de existência. Localiza-se a 10 km do distrito-sede e possui uma população de 12 mil2 habitantes. O distrito de São Francisco de Paula (3º distrito) tem 25 mil habitantes e 1.200 propriedades rurais e 90% em agricultura familiar. Possui um número maior de propriedades agrícolas onde concentram os produtores de citrus, agricultura orgânica e a criação de gado. Onde fica também a Lagoa de Juturnaíba que abastece oito municípios da região. Na área urbana o distrito da PraiaSeca (4º distrito) é o com maior número de equipamentos e serviços turísticos. Possui praias oceânicas e concentra muitas casas de veraneio. Também é um território onde há a produção de sal. Outro distrito é o de Iguabinha (5º distrito), fica às margens da Lagoa de Araruama e nas margens da rodovia Amaral Peixoto, distante 8 km do Distrito-sede e 2 km do município vizinho de Iguaba Grande, possui muitos condomínios e casas de veraneio. Durante as férias e o carnaval concentram milhares de turistas. Territorialmente, a área de Araruama era subordinada ao Município de Cabo Frio até 1852, como freguesia de São Sebastião de Araruama, estabelecida em 1799. Na metade do século XIX passa a jurisdição de Saquarema. Por um período de tempo, a localidade de Mataruna, tornou-se sede do Município de Saquarema. Em 1890, foi criada a cidade de Araruama com três distritos e, atualmente, como citado anteriormente, são cinco distritos (IBGE, 2021). O desenvolvimento do núcleo urbano está associado à função portuária que serviu de escoadouro para a pesca e sal, economia local. Territorialmente, desenvolveu-se linearmente ao longo da rodovia RJ-106, ocupando áreas dos dois lados da estrada. Sua topografia urbana é plana nas áreas adjuntas à lagoa que recebe o nome da cidade e um pouco mais ondulada em trechos afastados (TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO -TCE, 2017). A população do município é composta por 112.008 habitantes segundo o Censo de 2010 e com estimativas para 2021 de 136.109 habitantes (IBGE, 2021). 2 Entrevista pessoal realizada com o Sr Wellington Costa de Mello, memorialista, folclorista e ex-coordenador do Centro de Memória Municipal Dr Sylvio Lamas de Vasconcellos, no período de 2011/2012, que explicou que o 2º Distrito Morro Grande possui aproximadamente 12 mil habitantes. 30 O clima varia de acordo com as estações do ano, podendo chegar aos 31º C no verão e aos 19° C no inverno. Períodos chuvosos acontecem nos meses de Setembro, Outubro, Novembro, Dezembro, Janeiro, Fevereiro e Março, resumidamente entre a primavera e o verão. O índice de turismo, aponta que a melhor época do ano para visitar Araruama e realizar atividades de clima quente é do meio de maio ao fim de setembro, de acordo com Weather Spark (2021). Segundo Bergallo (RIO DE JANEIRO, 2017), a cobertura vegetal original do território de Araruama é constituída, principalmente, por Mata Atlântica e por formações típicas das áreas aluviais (vegetação herbácea e das praias, dunas e restingas, praias, dunas e restingas (vegetação arbórea). As áreas de restinga vem sendo muito modificadas e até suprimidas por causa da extensa ocupação urbana que ocorre há três décadas. Algumas medidas protetivas mantêm parte do ambiente de cenário excepcional formado por restingas, vegetação florestal e manguezais. No município encontram-se as Unidades de Conservação: APA da Bacia do Rio São João/Mico-Leão Dourado; APA Massambaba; PE Costa do Sol; ARIE Restinga Viva, APAM do Morro de Igarpiapunha e Morro da Boa Vista. Apenas, 4% da vegetação é natural no município (RIO DE JANEIRO, 2017). O relevo é formado por planícies, que se dividem em fluviais e marinhas, além de colinas e maciços, que ocupam a maior área do município. Nesse território, a hidrografia, é composta pela Lagoa (represa) de Juturnaíba, que abastece toda a cidade com água doce, além da Laguna de Araruama que abriga uma variedade de espécie marinha, também banhada por mares do oceano atlântico, que é um dos fortes atrativos turísticos da cidade e as Lagoas Pernambuco, Pitanga, Pitangui nhá e Vermelha. Os rios municipais são: Reio Mataruna, Moças, Bacaxá, Salgado, São João, Piripiri, Carijojó e do Limão e há ainda o manguezal em Bananeiras (BIDEGAIN; BIZERRIL, 2002). O município ainda está inserido no Geoparque Costões e Lagunas do Rio de Janeiro com alguns geossítios expressivos como os Estromatólitos e esteiras Microbianas da Lagoa Vermelha e Lagoa de Araruama; Lagoa Pitangui nhá e Ponta das Bananeiras. As praias de Araruama são lacustres (21 praias), no entorno da Lagoa de Araruama e oceânicas (quatro praias). As lacustres se localizam na margem 31 norte da laguna, ao longo da RJ-106 e as outras no distrito de Praia Seca, onde também se localizam as praias oceânicas. 2.2 Aspectos históricos, políticos e econômicos. A história que antecede o período do Brasil colônia está relacionada aos povos originários que habitavam o território onde atualmente está localizado o município de Araruama. Antes da chegada dos portugueses, os habitantes desta região pertenciam ao povo Tupinambá do tronco Tupi (Tupinambás), os Mataruna (THIEBLOT, 1979). Este povo habitava as costas brasileiras e organizavam-se em aldeias compostas por um número variável de malocas - em geral, de quatro a oito -, que se dispunham em torno de um pátio central e viviam da caça, coleta, pesca, além de praticarem a agricultura como a da mandioca e da horticultura. O trabalho era divido por sexo, aos homens cabiam as atividades da caça, coleta e pesca e as mulheres o trabalho agrícola, com exceção da abertura das clareiras para o plantio que era incumbência dos homens. Para as mulheres estava destinado o preparo das comidas e o artesanato e aos homens a construção de instrumentos de guerra, executados em pedra e madeira. A guerra, de acordo com Fernandes (1970), desempenhava uma função importante em suas sociedades, pois por meio dela, os guerreiros adquiriram prestígio social e ocorria a defesa do território. Ela também permitia que se acontecesse o ritual antropofágico presente na cultura tupinambá. No ritual antropofágico, comer o guerreiro capturado era uma maneira de obter forças energéticas do inimigo e se fortalecer. Foram os tupinambás que os europeus encontraram no território onde atualmente localiza-se o município de Araruama. Bueno (2002) explicita que no século XVI, os europeus ao se instalarem no Brasil, se interessaram em levar para a Europa o Pau-Brasil 3 e para extração dessa madeira fizeram um acordo com os povos indígenas por meio do escambo. Portanto, neste período inicial, havia apenas uma relação comercial entre os portugueses e os povos indígenas. 3 Madeira usada no tingimento de tecido encontrado na mata nativa litorânea. 32 Araruama, no período das Capitanias Hereditárias 4 (século XVI), integrava a capitania de São Vicente doada a Martim Afonso de Souza. No entanto, desse período inicial pouco se tem dados a respeito da ocupação portuguesa no território. O interesse maior de Martim Afonso concentrou-se na região onde hoje é o litoral sul do Estado de São Paulo, deixando de ocupar a região do Rio de Janeiro por causa dos custos e dos perigos constantes de invasões por piratas. Justamente pela ausência portuguesa, os franceses iniciaram uma ocupação no litoral fluminense, entre 1555 e 1567, denominando o território ocupado de França Antártica. Para tirar os franceses do território, os portugueses transformam esta região do Rio de Janeiro em Capitania Real do Rio de Janeiro e fundam a cidade homônima. Seu primeiro mandatário é Estácio de Sá, que faleceu em 1567 e o segundo é Antônio Salema, que foi o primeiro a registrar informações sobre Araruama, por parte portuguesa (SANTOS, 2015). Em 1575, por meio da expedição para retirar os franceses do território, Antônio Salema, ao ir para Cabo Frio, dizimou centenas de franceses e indígenas onde hoje é Araruama. De acordo com Fragoso (1950), os franceses para permanecer no território instituíram como fizeram os portugueses uma aliança com um dos povos indígenas que habitavam o território do atual Rio de Janeiro e moradores também de Araruama, os citados tupinambás. Por outro lado, os portugueses se aliaram a outro povo, os tupiniquins.Os povos tupinambás e tupiniquins eram inimigos e, neste contexto, a ocupação do território pelos europeus aproveitou-se da rivalidade dos povos indígenas que ocupavam as terras fluminenses para estipular suas parcerias. Esta união entre tupinambás e franceses fez com que a ocupação portuguesa não se estabelecesse na região de Araruama no começo da colonização brasileira pelos portugueses. 4 Para os portugueses, estas terras lhes pertenciam de acordo com o Tratado de Tordesilhas estipulado com a Espanha e, tinham o direito de ocupar estes territórios dos diversos povos que aqui viviam. A ocupação será feita pela força das armas e por uma organização territorial que valia para os portugueses. O sistema de ocupação e de administração do território realizado pelos portugueses ocorria pelo modelo Capitanias Hereditárias, onde um donatário (um nobre responsável pela capitania) tinha o poder hereditário tanto de administrar como de governar em nome do Rei e sua função era povoar as terras e promover seu desenvolvimento econômico. Depois, foi criado o cargo de governador-geral que tinha poderes sobre todo o Brasil. Porém, tendo acima do seu poder, um governador (ALENCASTRO, 2000). 33 Ao perderem as batalhas os povos indígenas derrotados eram transformados em escravos. Outros povos indígenas foram escravizados para o trabalho nas atividades desenvolvidas pelos portugueses no Brasil e, também, dizimados por doenças ou catequizados pela Igreja Católica, braço da colonização portuguesa. No contexto desta colonização no Brasil o trabalho escravo foi o cerne econômico. Tanto os povos indígenas como os povos africanos atuaram como sustentáculo da economia que se estabeleceu na colônia. Assim, a construção das vilas, cidades, das estradas, o serviço doméstico, a agricultura, o pastoreio, a pesca e a agroindústria eram atividades por eles realizadas. Nesta fase colonial, após a exploração extrativista iniciou a fase agrícola, lembrando que ainda não existia Araruama. Na região em 1616, foi erguido o Forte de Santo Inácio (onde havia uma fortificação francesa) e foi então fundada a Vila de Santa Helena de Cabo Frio, atual Cabo Frio e, em 1617, funda-se a Aldeia Jesuítica de São Pedro, hoje São Pedro da Aldeia. Esta aldeia foi formada com a presença de quinhentos índios trazidos do Espírito Santo, para manter a soberania naquele território, após a expulsão dos franceses (MOREIRA, 2010). A população que vivia na região e próxima a Lagoa de Araruama se sustentava da pesca ou atividade ligada como transporte, fabricação de utensílios, salga de peixe, entre outros e também eram os pescados embarcados para o Rio de Janeiro. A extração do sal foi também importante, inicialmente, o sal foi explorado não comercialmente, os primitivos moradores da região os exploravam conforme suas necessidades (THIEBLT, 1979). Em 1690, houve a sua proibição pelos portugueses de acordo com Holzer (2014). O autor cita que o sal brasileiro concorria com o português levando a sua proibição. Embora proibido, ainda se produzia um pouco de sal para consumo e venda. Mas, com a liberação da produção no início do século XIX, o sal passa a ser fundamental para a economia de Araruama. No período colonial, Araruama teve plantações de cana-de-açúcar como em toda a região litorânea e, depois também, passa a produzir café. Todavia, esta cultura decai e o açúcar volta a ser opção produtiva associada às outras citadas como a pesca e o sal, milho e farinha de mandioca, a função portuária e, posteriormente, o turismo. 34 Deve-se atentar que a produção de sal retorna no século XIX e, neste período, portugueses de Aveiro e de Figueira da Foz com experiência nas salinas portuguesas migram para o Brasil e se instalam na Região dos Lagos. Novas tecnologias são implementadas e a cultura do sal começa a crescer, tendo o seu apogeu em 1930 a 1940 quando Araruama possuía 120 pontos de extração com 41 salinas. Com o tempo, perde espaço no mercado e no século XXI, só produz 15 mil toneladas frente às 80 mil toneladas do período de seu apogeu. O sal atual tem grande quantidade de impureza e o processo de limpeza o deixa muito caro, perdendo mercado frente à concorrência de outros produtores. Por ser uma cultura que não gera muito lucro, o salário não é alto e acaba sofrendo com a falta de mão de obra. Os trabalhadores disponíveis que preferem se empregar em outros setores econômicos que pagam mais, como a construção civil (G1, 2012). O sal em Araruama ajudou a desenvolver algumas indústrias relacionadas como o beneficiamento do sal e a fabricação de cal, gesso e barrilha. Estas indústrias estavam localizadas em Ponte dos Leite (no distrito de Araruama). Durante o século XX, houve um período em que havia a presença do transporte ferroviário com uma estação da Estrada de Ferro Maricá no citado distrito. Esta estação foi possível pela construção do prolongamento da ferrovia na segunda década do século XX, beneficiando Araruama. Há época, pela dinâmica econômica, o distrito passa ser mais importante que o distrito de Araruama. Porém, com os problemas decorrentes da administração das ferrovias e outros interesses fez com que o governo de Getúlio Vargas (1930-1945) encampasse as companhias de estradas de ferro que passaram a ser administradas pelo governo federal (RODRIGUEZ, 2004). Para Margarit (2009), com o asfaltamento da Rodovia Amaral Peixoto, nos anos de 1950 ligando Niterói a Macaé, o acesso à Região dos Lagos foi facilitado e tornou-se uma alternativa mais competitiva que a ferroviária. Assim, a ferrovia perdurou até a década de 1960, quando ocorreu o seu encerramento, como consequência as indústrias localizadas em Ponte dos Leites também fecharam as portas por falta de meio de transportes para escoamento de seus produtos. Na década de 1940, Araruama passa a conviver com outras formas de exploração de seus recursos. O ‗banho de mar‘ estabelecido em outras 35 regiões, começa também a ser estimulado por meio da criação de hotéis de repouso e cura. De acordo com Palmier (1948, p.77) ―É a nova era já em pleno apogeu quando está funcionando o Hotel de repouso e cura pelas boas condições climáticas ar puro, sol, água salgada e privilegiada da lagoa de Araruama sem remédios‖. Hotel foi parte de um plano urbanístico para o entorno da Lagoa de Araruama do governo Estadual de Ernani do Amaral Peixoto (1937-1945) no contexto do Plano de Urbanização das Cidades Fluminenses (PUCF) de Agache e Abelardo Coimbra Coelho, que visavam a integração física e econômica das regiões fluminenses, tendo como suporte a realização de grandes obras públicas, com destaque a ampliação do setor rodoviário estadual e o saneamento e drenagem das baixadas litorâneas. O PUCF, criado em 1940 pelo governo estadual, teve a intenção de estruturar o processo de substituição de importações a partir do ordenamento dos núcleos urbanos. Uma das propostas de ordenamento seria a realizada por meio do turismo de base urbana, considerado como um atrator para a reorientação dos fluxos regionais, podendo ser ou não um complemento para os mercados pesqueiros e contribuindo para recuperação econômica do estado (PARENTE-RIBEIRO; GÓIS; SOTRATTI, 2019). Os citados autores, apontam considerando o PUCF tem a cidade de Araruama como principal foco de interesse na baixada fluminense e a construção do empreendimento conhecido como ‗Vila Veraneio‘, atualmente o bairro ‗Parque Hotel‘. O Parque Hotel foi edificado e o também o loteamento adjacente (DAIBERT, 2016). O modelo implementado, segundo Parente- Ribeiro; Góis e Sotratti (2019) citando Lobo (2014), foi o ‗urbanismo balnear‘. Consta de uma via marginal, neste caso foi a Rodovia Amaral Peixoto, o Hotel e/ou o Casino como equipamento emblemático da estância balnear (Parque Hotel), que no futuro deveriareceber equipamentos esportivos e uma zona residencial balnear. Os lotes planejados próximos ao Hotel seriam para as moradias unifamiliares e os mais distantes seriam destinados a áreas de recreação e chácaras. Durante o período de 1940 a 1970, as companhias loteadoras compraram grandes fazendas que foram desmembradas em lotes, no entanto, foi apenas na década de 1970 que os loteamentos seriam colocados à venda, à espera da valorização. Mas, ocorreram loteamentos próximo à Vila Veraneio 36 e no Hospício e Paraty (primeiro momento de expansão). No entanto, eles não reproduziram o modelo proposto para a Vila Veraneio e apenas dispunham os lotes e os acessos sem infraestrutura básica (PARENTE-RIBEIRO; GÓIS; SOTRATTI, 2019). O turismo de veraneio balnear foi facilitado com a criação do serviço de viação Niterói-Araruama (1943), uma linha de ônibus de turismo que operava aos finais de semanas saindo do Hotel Imperial (Niterói) para o Parque Hotel (Araruama). Esta iniciativa não durou muito tempo devido à falta de combustíveis por causa da Segunda Guerra Mundial. O turismo em Araruama, como especificado, foi pensado na motivação da prática do repouso, contemplação e o ócio recreativo (IBGE, 1954, p. 203 Apud PARENTE-RIBEIRO; GÓIS; SOTRATTI, 2019 [s.p]), nos anos de 1970 com a construção da Ponte Rio-Niterói, diminui o tempo de deslocamento em relação a capital do estado e a construção de novas formas de acesso estimulam mais ainda o turismo de ‗segunda residência‘. Esta mudança provocou uma aceleração no desenvolvimento regional iniciado nos anos 1950. O turismo de sol e praia se estabelece na região com mais intensidade e passa a ser o segundo polo de atração turística do estado só perdendo para a cidade do Rio de Janeiro (RIBEIRO; OLIVEIRA, 2009). Os loteamentos alteraram a configuração espacial das cidades e a oferta de serviços de infraestrutura com a implantação dos citados loteamentos de baixa densidade no entorno da lagoa de Araruama, gerando problemas ambientais. Entre 1974-1990 ocorre a explosão dos loteamentos aprovados no município (192 loteamentos) e em 1991-2010 (70 loteamentos), percebendo a diminuição da oferta e da disponibilidade de terrenos (TEXEIRA, 2015). Atualmente, além do turismo, a produção de laranja e limão (citrus) é muito importante para a economia do município e da empregabilidade, movimentando 20 milhões de reais por ano, sendo o maior produtor de citros (com 80% de toda produção) do Estado (SANTOS, 2020). Além deste citrus plantam a tangerina, o Coco-da-baía e Maracujá (IBGE, 2021). Outras atividades econômicas são a indústria da construção civil, transportadoras, fábrica de panela, minhocário e extração da cal. 37 O pescado ainda é importante para os moradores, principalmente, a corvina, tainha, sardinha e o camarão. Muito do que é pescado nas Lagoas ou no mar aberto é comercializado no Mercado Local, o ‗Mercadão de Peixes‘. Na década de 1970, o petróleo emergiu como riqueza estadual e a produção de petróleo nas bacias de Campos e Santos abrem ampla janela de oportunidades para os municípios envolvidos. Araruama é beneficiada com os royalties da indústria do Petróleo e Gás, embora receba a menor porcentagem per capita em relação aos outros municípios da região das Baixadas Litorâneas, mas importante para a economia do município. 2.3 Aspectos turísticos Araruama pertence turisticamente a Região da Costa do Sol juntamente com os municípios: Armação dos Búzios; Arraial do Cabo; Cabo Frio; Casimiro de Abreu; Carapebus; Iguaba Grande; Macaé; Maricá; Quissamã; Rio das Ostras; Saquarema; São Pedro da Aldeia. Em Araruama, o turismo é gerido pelo poder público por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Cultura, Turismo, Esporte e Lazer. O quadro diretivo é formado por uma secretária e duas superintendências: Esporte e Lazer e Cultura. O turismo não possui uma superintendência específica da sua importância para a economia do município, principalmente nos distritos de Iguabinha e Praia Seca. Ao ter uma secretaria municipal responsável pelo turismo com tantas outras pastas e nem possuir um setor específico para o turismo, verificamos que, embora seja importante economicamente, na gestão municipal ele não possui uma deferência que poderia ter mais dedicação ao setor. O município conta com um Conselho Municipal de Turismo que foi reativado pela Lei nº 2.506, de 5 de maio de 2021 (ARARUAMA, 2021). O conselho se apresenta como órgão deliberativo com seis membros, sendo três oriundos da sociedade civil e três do poder público e seis suplentes um para cada membro. Uma questão bastante controversa, é a forma como ele foi instituído com a falta de autonomia da sociedade civil em sua representatividade, já que é o prefeito que indicará e nomeará os representantes da sociedade civil, sendo o seu presidente a própria secretária 38 da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Cultura, Turismo, Esporte e Lazer. Esse conselho foi reativado, entre outras questões, pois o município sem ele não podia participar do Conselho Regional da Costa do Sol (Condetur da Costa do Sol), a Instância de Governança Regional e, também, participar do Mapa do Turismo Brasileiro e da Federação de Convention Bureau do Estado do RJ. Outro organismo do turismo local é o Araruama Convention & Visitor Bureau, organismo sem fins lucrativos, não governamental e apartidário que visa apoiar o desenvolvimento do turismo captando eventos e divulgando o turismo. No Mapa do Turismo Brasileiro5 de 2019, o município foi excluído por não apresentar os requisitos necessários, como já explicitado, a ausência de um conselho ativo. Na classificação anterior sua categoria era C. Na região da Costa do Sol, apenas Araruama não participou do Mapa do Turismo Brasileiro (2019) e entre os que participaram na região três se incluíram na categoria A, o mesmo número na categoria B, quatro na categoria C, um na D e um na E. A concorrência regional aponta que o município precisa se esforçar mais quanto a governança local para conseguir um bom posicionamento regional no Mapa do Turismo Brasileiro (2022). Quanto ao planejamento turístico municipal. O município possui um plano diretor de 2017 (ARARUAMA, 2017), onde em seu item VIII, do Título III – Das Diretrizes Gerais da Política Urbana Municipal, consiste em ‗fomentar a atividade turística, atendidas as peculiaridades regionais e no Título I – no item III a proteção ao meio ambiente e no VII a proteção ao patrimônio, artístico, cultural e paisagístico. No Capítulo I – Da Política Municipal do Meio Ambiente, no item III ‗manter as tradições e manifestações culturais do povo Araruamense, a paisagem local incluindo as salinas, o patrimônio histórico, natural e arqueológico e no IX ‗a proteção, preservação e recuperação de áreas degradadas do meio ambiente natural e construídas, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico, arqueológico e urbanístico. No Capítulo III – Da Zona Costeira, no artigo 14, inciso VIII ‗estimular a sinalização e criação de centros de informação turística e ambiental nas orlas‘. No Capítulo 5 O Mapa do Turismo Brasileiro é um instrumento que faz um recorte territorial para identificar o desempenho da economia do setor e elaborar políticas públicas. 39 IX: Da Política de Desenvolvimento Urbano da Urbanização e Uso do Solo, III - a promoção de Projetos de Estruturação Urbana (PEU) nos distritos de São Vicente, Morro Grande, Praia Seca e Iguabinha visando o desenvolvimento sustentável e homogeneidade urbana nestas localidades. Capítulo XIV: Do Desenvolvimento Econômico Sustentável, no Art. 35 ‗I – promover Araruama como polo turístico da região‘; ‗III – integrar as atividades econômicas rurais e urbanas e, especialmente quando participem de uma mesma cadeiaprodutiva‘. O Capítulo XV é todo dedicado ao Turismo. Art. 36. No desenvolvimento do turismo o poder público objetiva situar o Município entre os principais destinos turísticos estaduais e nacionais, oferecendo as diversas modalidades de turismo de lazer, negócios e saúde, de forma a reforçar a sua atual condição de vocação econômica. Para o presente trabalho interessa ressaltar: Parágrafo Único. São diretrizes da Política Municipal de Turismo: 1. a ampliação e valorização do acervo ambiental, cultural e histórico do município; 2. o maior incentivo ao turismo no desempenho das demais atividades econômicas no Município. No Plano da Prefeitura Plano de Governo 2021-2024 (TSE-RJ, 2019) da atual gestão, as propostas para o turismo e para a cultura foram: Implementação do PMT – Plano Municipal de Turismo (Documento que define ações para o fomento do turismo para os próximos 10 anos); Inventário de Oferta Turística Processo de identificação, pesquisa e registro dos atrativos turísticos, dos serviços, equipamentos turísticos e infraestrutura de suporte ao turismo; Definição dos segmentos turísticos a serem incentivados e apoiados, que certificará Araruama como cidade destino: - Turismo da Pesca - Turismo Religioso - Turismo Rural - Cicloturismo - Ecoturismo (Obs: Cresce de 15 a 25% ao ano enquanto o tradicional 7,5%) - Turismo Cultural - Turismo Científico Ambiental - Turismo de Aventura - Turismo de Esporte - Turismo de Lazer e entretenimento -Turismo Gastronômico; Implantação de Centros Históricos e Culturais com pontos de informações turísticas e inclusão em roteiros. Centro Histórico 40 Lagunar e Náutico de Araruama Centro Histórico-Cultural do Sal (Praia Seca) Centro Histórico-Cultural Tupinambá (Morro Grande) Centro Histórico-Cultural Juturnaíba (São Vicente) Centro Histórico-Cultural Afro-indígena - Fazenda Aurora; Restauração do prédio histórico Museu Aurora, onde ficará a sede da secretaria de turismo, como ponto de informações turísticas da nossa cidade; Promover e incentivar a valorização do Patrimônio Histórico Cultura Material e Imaterial de Araruama; Implantação de equipamentos públicos que promovam a história e a cultura local de forma moderna e interativa, possibilitando sensação de pertencimento e cidadania aos munícipes e opção de lazer aos turistas; Fomentar a profissionais e amadores dos grupos, coletivos e empresas culturais de Teatro, Dança, música, Capoeira e artes visuais, ampliando as ações culturais no Município; Atenção às Políticas Culturais, com a regulamentação do Sistema Municipal de Cultura;6 Estimular as atividades culturais nos Distritos, praças e espaços públicos em geral, por meio de eventos e ações de fomento da Economia Criativa; Fomentar a arte e a cultura por meio de festivais, exposições, encontros e oficinas. De acordo com o site da Prefeitura Municipal de Araruama, são 24 meios de hospedagem disponíveis no município. Não foram considerados aluguéis por aplicativos por não haver dados oficiais disponíveis. No Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur) foram cadastrados apenas três meios de hospedagem. Outro serviço e equipamento que também é possível acessar informações no site da prefeitura é o de Alimentos e Bebidas, tendo 48 estabelecimentos disponíveis. 6 Em negrito as ações relacionadas ao patrimônio estudado. 41 O município não possui um centro de informações turísticas ou outras formas de atendimento ao turista. Há informações sobre o turismo local nas redes sociais do município. Os meios de transportes mais utilizados para esse destino é o terrestre, através de carros particulares, locadoras e aplicativos e os meios rodoviários, através das linhas de ônibus municipal, intermunicipal e interestadual. A prefeitura Municipal de Araruama disponibilizou em 16 de Maio de 2017 o ônibus intitulado como folha verde, que leva residentes das Zonas Rurais ao centro de seus respectivos distritos. Não há dados sobre serviço de agenciamento. A alta temporada ocorre em Julho, Dezembro, Janeiro e Fevereiro, principalmente, pelo predomínio do turismo de sol e praia e das férias escolares. A infraestrutura não suporta o número grande de turistas, fazendo com que os serviços de água, luz e transportes sejam insuficientes. Há ainda muitos problemas de mobilidade urbana ocasionados pelo grande fluxo de carros particulares que causam engarrafamentos. De acordo com observações do pesquisador referente ao direcionamento das ações para o turismo municipal, já que não há estudos de demanda turística, o perfil do turista que frequenta o município é mais voltado ao segmento de sol e praia, mas também, em menor escala para o turismo náutico, cultural, rural e de eventos. Ainda por observação empírica, o destino recebe mais turistas no verão e durante os eventos. Os meios de transportes utilizados pelos turistas são os meios terrestres e aquaviários. Na aba que aponta os eventos não há calendário de eventos. No entanto, em ‗Pontos turísticos‘, são apresentados atrativos divididos por localidade. Nas figuras 5 e 6 foram construídos quadros dos atrativos de Araruama. Figura 5: Quadro dos Atrativos Naturais de Araruama7 Tipologia Atrativo Tipologia Atrativo Praia Praia do Hospício Lagoas Lagoa do Centro 7 Embora esportes não sejam atrativos naturais, aqui estão sendo considerados aqueles que dependem das condições naturais como relevo, hidrografia, clima ou vento para ser praticado o atrativo. 42 Praia das Bananeiras Lagoa de Iguabinha Praia do Coqueiral Lagoa de Pernambuco Praia do Barbudo Lagoa de Pitangui nhá Praia dos Amores Lagoa Vermelha Praia do Lake View Lagoa de Juturnaíba Praia das Espumas Salinas Salinas da Lagoa de Araruama Praia do Gavião Esportes Náuticos Kitesurf Praia da Pontinha Windsurf Praia do Ingá Surf Praia de Massambaba Jet-ski Praia do Vargas Vela Praia de Dentinho Stan up paddle Vela Clube Náutico e Ancoradores Ancoradouro da Praia dos Amores Caiaque Ancoradouro da Praia do Horizonte ou do Gavião Canoa Havaiana Ancoradouros da Praia das Bananeiras Pesca artesanal Ferry Boat Up Wind – Clube e escola de Wind, kite e SUP Clubes Sociais Clube Campestre Clube Náutico de Araruama Camping Club do Brasil Salinas Náutico Clube Esportes em Geral Patins Vôlei Áreas de Conservação Reserva Ecológica de Poço das Antas Beach soccer APA da Massambaba Skate Parque Estadual da Costa do Sol Caminhadas APA da Serra de Sapiatiba Corridas Lama Medicinal Praia da Pontinha Ciclismo Orla Mirante da Paz Rallys e passeios de bugre Oscar Niemeyer Esportes Radicais Mirante da Paz Fonte: Araruama (2021). Figura 6: Quadro dos atrativos culturais de Araruama Tipologia Atrativo Tipologia Atrativo Arquitetura Civil Antigo Hotel Cassino Lugares de Cultura Biblioteca Municipal Carlos Hélio Vogas da Silva Fazenda Aurora Casa de Cultura 43 Fazenda Monte Belo Teatro Municipal Prefeito Gracinto Torres Fazenda Tiririca Museu Arqueológico de Araruama Fazenda Capitão Francisco Leite Comunidades Tradicionais Quilombo Itapinoã Fazenda Parati Quilombo Sobara Complexo Família Biju Sítios Arqueológicos / Paleontológicos Arqueológico Cerâmico dos Índios Tupinambás Arquitetura Religiosa Capela de Nossa Senhora da Conceição Praças e Calçadão Praça Antônio Raposo Igreja Matriz de São Sebastião de Araruama Praça da Bíblia Igreja São Vicente de Paula Praça Menino João Hélio Arquitetura Industrial Antiga Estação ferroviária Ferry Boat Parque de Exposições Calçadão Cultural Gastronomia Dona Rê Itinerário Cultural Caminhos de Darwin Fonte: Araruama (2021).
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