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TCC - WALLEF PADILHA - TURISMO - SAQUAREMA 20212

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO 
INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR 
CONSÓRCIO CEDERJ/UAB – PÓLO SAQUAREMA 
CURSO DE LICENCIATURA EM TURISMO 
 
 
 
 
WALLEF MENDONÇA DA MOTA PADILHA 
 
 
 
 
 
 
 
PORTAS FECHADAS PARA O TURISMO E PARA A CULTURA: O MUSEU 
ARQUEOLÓGICO DE ARARUAMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ARARUAMA 
2021/2 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO 
INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR 
CONSÓRCIO CEDERJ/UAB – PÓLO SAQUAREMA 
CURSO DE LICENCIATURA EM TURISMO 
 
 
 
 
WALLEF MENDONÇA DA MOTA PADILHA 
 
 
 
 
 
 
PORTAS FECHADAS PARA O TURISMO E A PARA A CULTURA: O MUSEU 
ARQUEOLÓGICO DE ARARUAMA 
 
Trabalho de conclusão de curso como 
parte dos requisitos para obtenção do 
título de licenciatura plena em turismo 
sobre a orientação da Profª. Drª. 
Claudia C. A. Moraes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ARARUAMA 
2021/2 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO 
INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR 
CONSÓRCIO CEDERJ/UAB – PÓLO SAQUAREMA 
CURSO DE LICENCIATURA EM TURISMO 
 
 
WALLEF MENDONÇA DA MOTA PADILHA 
 
 
PORTAS FECHADAS PARA O TURISMO E A PARA A CULTURA: O MUSEU 
ARQUEOLÓGICO DE ARARUAMA 
 
 
 
 
 
Aprovado em:17 de Dezembro de 2021. 
 
 
 
__________________________________________________________ 
Prof. Dr. Claudia Corrêa de Almeida Moraes (Orientador) 
Universidade Federal Fluminense 
 
 
 
 
__________________________________________________________ 
Sirley da Conceição Ferreira 
Doutorando em Memória Social 
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro 
 
 
 
__________________________________________________________ 
Inácio Botto Ferreira 
Mestrando em Turismo 
Universidade Federal Fluminense 
 
 
 
 
 
 
Araruama 
2021 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Em primeiro lugar, agradeço ao meu querido primo Weverson Faria 
Mota, que foi responsável pelo meu ingresso na UFRRJ. 
Aos meus queridos pais, José Marcio da Silva Padilha e Maria de Fátima 
Mendonça Mota, que foram primordiais para que eu não desistisse do processo 
até aqui. 
Ao meu amigo Leonardo da Mota Sampaio, que passou noites em claro 
estudando comigo para o Enem 2016, onde tive boa nota para passar no 
vestibular CEDERJ. 
Ao amigo Osmar Alves de Amorim Oliveira, que contribuiu com sua 
intelectualidade para com as pesquisas de campo. 
A minha querida madrinha Lica e em memória de meu padrinho Joaquim 
Mauricio Padilha. 
Ao Memorialista, folclorista, pesquisador e professor Wellington Mello, 
que me guiou nas pesquisas de campo na cidade de Araruama. 
A minha querida orientadora Claudia C. A. Moraes, a quem fiquei 
extremamente apaixonado por sua simpatia e intelectualidade logo no primeiro 
contato. 
Ao Tadeu Peres Baptista de Carvalho, que por um determinado período 
de tempo contribuiu para a minha trajetória. 
A todos os meus professores e professoras das escolas públicas em que 
estudei, tais como: Escola municipal Governador Carlos Lacerda, escola 
municipal Jeronimo Carlos do Nascimento, escola municipal Agostinho 
Franceschi, escola municipal Honorino Coutinho, Colégio Estadual Profª 
Clarisse Coelho Moreira Caldas, CIEP 253 e UFRRJ. Em especial, Josina 
Teixeira Perrut. 
Também aqueles que estiveram comigo nesta luta diária de faculdade, 
os meus amigos e amigas de sala de aula, que acabaram virando meus amigos 
de vida, sendo estes: Thauana Marins de Oliveira, Nelio Mathias Gomes, Maria 
Helena de Oliveira Braga, Nathalia Laryssa do Amaral Peixoto, Emerson 
Ceschini de Oliveira, Celso Luiz Brasil de Carvalho, Isabela Cristina Ferreira 
Silveira, Rodrigo de Oliveira Batista, Jurema Morais Lemo do Amaral, Paulo 
Souza e Regina Pimentel Cler. 
 
 
Para finalizar, ao menino que sempre está ao meu lado, nos melhores e 
piores momentos, ele que já foi meu crush, namorado e atualmente meu noivo, 
Caio Tomas Alécio Machado Pereira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico a Cenira Francisca da Silva, Joaquim Alvim 
Padilha, Custodio Luiz da Mota e Maria Mendonça Mota. 
Meus avós paternos e maternos, que não tiveram a 
oportunidade de se alfabetizarem, mas que deixaram em 
mim um grande legado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A valorização do patrimônio histórico-cultural é a 
valorização da identidade que molda as pessoas. Por 
isso, preservar as paisagens, as obras de arte, as festas 
populares, a culinária ou qualquer outro elemento cultural 
de um povo, é manter a identidade desse povo”. 
(Francisco Porfirio) 
 
 
RESUMO 
 
Em Araruama-RJ, o patrimônio arqueológico tupiguarani é considerado o 
segundo mais importante do Brasil. Em seus sítios históricos foram 
encontradas peças de mais de três mil anos que permitem desvelar o passado 
fluminense e nacional. Essa memória, atualmente, está presente nos sítios 
arqueológicos e na Casa de Cultura. Até 2016, em um edifício histórico do 
século XIX, localizado na Fazenda Aurora, que já foi produtora de cana-de- 
açúcar, café e comercializadora de escravos, estava instalado o Museu 
Arqueológico de Araruama-MAA. Alegando falta de segurança pelo estado de 
conservação do edifício, o poder público local fechou o museu. A situação atual 
é bastante preocupante quanto aos danos que podem ocorrer pela ausência de 
cuidados. Entendendo que o turismo cultural pode ser uma possibilidade de 
diversificar a oferta de um destino que tem seu principal produto, o turismo de 
sol e mar, cuidar dos atrativos turístico culturais é fundamental e ainda mais 
quando ele é tombado pelo órgão estadual de preservação da cultura pela sua 
importância histórico-cultural. Diante da situação exposta, para desvelar o 
posicionamento frente a inação do poder público e das governanças turística e 
cultural, desenvolvemos uma pesquisa qualitativa que teve como 
procedimentos metodológicos a pesquisa documental, visita in loco e 
entrevista. Baseado nos estudos das potencialidades turísticas obtivemos 
resultados que apontaram a sua existência, porém, somente se houver 
intervenções no edifício que abriga o museu. Quanto à inação dos 
responsáveis, podemos aferir que há a possibilidade de ela ocorrer por causa 
da burocracia que envolve os órgão de proteção em liberar as intervenções dos 
bens tombados. Julgar como ação de apagamento de memória, pareceu-nos 
não correta, por ter outras ações referentes à preservação da arqueologia local. 
No entanto, o estudo não conseguiu obter o depoimento do poder público, 
assim, embora tenha avançado na análise da situação, a limitação não permite 
afirmar que realmente somente a questão burocrática está impedindo as 
intervenções no bem cultural. 
 
Palavras-chave: Preservação de bens culturais. Atrativos Turísticos. Turismo 
Cultural. Arqueologia. Museu. Araruama-RJ. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMEN 
 
En Araruama-RJ, o patrimonio arqueológico de Tupiguarani, es considerado el 
segundo más importante de Brasil. En sus sitios históricos, encontramos piezas 
de más de tres mil años que nos permiten develar el pasado brasileño y 
nacional. Este recuerdo está presente actualmente en nuestros sitios 
arqueológicos en la Casa da Cultura. Hasta 2016, el Museo Arqueológico de 
Araruama-MAA estaba instalado en un edificio histórico del siglo XIX, ubicado 
en la Finca Aurora, que en su día fue productora de caña de azúcar, café y 
tratante de esclavos. Alegando falta de seguridad por el estado de 
conservación del edificio, o autoridad pública local, fecha o museo. La situación 
actual es bastante preocupante por cuántos años de daño se pueden producir 
por falta de atención. Entender que el turismo cultural puede ser una posibilidad 
para diversificar la oferta de un destino que es su principal producto, es decir, el 
turismo de sol y mar, atendiendo dos atractivos culturales y fundamentales, y 
másaún cuando es asumido por la agencia estatal de preservación. de cultura 
despoja de su importancia histórico-cultural. El día de la situación expuesta, 
para revelar o tomar posición frente a la inacción de las autoridades públicas y 
los gobiernos turísticos y culturales, se desarrolló una investigación cualitativa 
cuyos procedimientos metodológicos fueron la investigación documental, la 
visita in loco y la entrevista. En base a nuestros estudios de potencial turístico 
obtendremos resultados que avalen su existencia, por tanto, algunas 
intervenciones no se realizan en un edificio que alberga o en un museo. En 
cuanto a la omisión de dos responsabilidades, podemos asegurar que es 
posible que el hecho se produzca por la burocracia que involucra al organismo 
de protección en liberar la intervención de dos víctimas. A juzgar como un acto 
de desactivación de la memoria, parece que no estamos corriendo, por otras 
acciones relacionadas con la preservación de la arqueología local. Sin 
embargo, esté logrando o no obtener el testimonio del gobierno, sin embargo, 
se ha avanzado en el análisis de la situación, ya que no nos permite afirmar 
que, de hecho, sujeto al tema burocrático, está impidiendo. intervenciones no 
culturales.Palabras-clave: Atrativos Turísticos. Turismo Cultural. Políticas 
Culturais. Políticas de Turismo. Araruama-RJ. 
 
Palabras clave: Conservación de bienes culturales. Atracciones turísticas. 
Turismo cultural. Arqueología. Museo. Araruama-RJ. 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
 
Figura 1 Potencialidades dos Atrativos Naturais 24 
Figura 2: Hierarquia dos Atrativos 26 
Figura 3 Mapa de Localização 27 
Figura 4 Distritos e Bairros de Araruama 28 
Figura 5 Quadro dos Atrativos Naturais 41 
Figura 6 Quadro dos Atrativos Culturais 42 
Figura 7 Mapa do Museu dentro do território do 2° Distrito 44 
Figura 8 Fachada do Museu Arqueológico de Araruama 45 
Figura 9 Vista aérea da antiga Fazenda Aurora. 45 
Figura 10: Jardim lateral e armazéns e cavalariça da Fazenda 
Aurora. 
46 
Figura 11 Pinturas internas no Casarão da Fazenda Aurora - MAA. 48 
Figura 12 Pinturas internas e a expografia no Casarão da Fazenda 
Aurora - MAA 
49 
Figura 13 Escolares visitando o Museu 49 
Figura 14 Placa Turística Informativa. 50 
Figura 15 Morcego em decomposição e cupim no teto do MAA 51 
Figura 16 Mofos nas paredes e assoalho do teto danificado por 
cupins 
51 
Figura 17 Cartaz comemorativo dos 161 anos de Araruama 54 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 INTRODUÇÃO.............................................................................. 12 
1 A CULTURA COMO POSSIBILIDADE DE ALAVANCAGEM DO 
TURISMO...................................................................................... 
18 
1.1 A CULTURA COMO MOTIVADORA DO TURISMO...................... 18 
1.2 ATRATIVOS TURÍSTICOS, ATRATIVIDADE E 
POTENCIALIDADES.................................................................... 
22 
2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE ARARUAMA-
RJ...... 
27 
2.1 ASPECTOS GEOGRÁFICOS....................................................... 27 
2.2 ASPECTOS HISTÓRICOS, POLÍTICOS E ECONÔMICOS........ 31 
2.3 ASPECTOS TURÍSTICOS........................................................... 37 
3 ATRATIVO TURÍSTICO CULTURAL: MUSEU 
ARQUEOLÓGICO DE ARARUAMA: PESQUISA E ANÁLISE 
DOS RESULTADOS.................................................................... 
44 
 MUSEU ARQUEOLÓGICO DE ARARUAMA 44 
 CONSIDERAÇÕES...................................................................... 57 
 REFERÊNCIAS............................................................................ 61 
 APÊNDICE A................................................................................ 67 
 APÊNDICE B................................................................................ 68 
 
12 
 
INTRODUÇÃO 
 
O legado cultural de um povo é fundamental para a sua memória e a sua 
identidade. A salvaguarda da memória permite que este povo compreenda 
quem é e quais caminhos percorrer para tornar-se o que é. Nem todas as 
memórias são boas, mas tanto estas como aquelas que enchem as pessoas de 
orgulho permitem que haja uma construção comum durante o tempo e que dá 
esse sentido cultural de pertencer a um território, a uma cultura. 
As coisas que nos rodeiam influenciam a reter na memória e Nora 
(1993) explicita que as memórias acionam a sua presença por meio das 
lembranças de acontecimentos fazendo com que eles tornem parte de um 
lugar, quando a imaginação lhe designa uma carga simbólica em uma unidade 
temporal específica. 
As coisas (objetos) podem ser inseridas no que se denomina lugar de 
memória (NORA, 1993). No entanto, um objeto só constitui um lugar de 
memória a partir do momento em que escapa do esquecimento e uma 
comunidade o reinveste com seus afetos e suas emoções, referenciando-se 
assim a uma história coletiva 
Em muitos municípios, a relação dos sujeitos com os seus referenciais 
culturais pode ser escassa, fazendo com que eles não reconheçam a 
importância de sua memória. Conhecer e usufruir do seu legado permite que 
eles desenvolvam o sentimento de pertencimento em relação a um lugar e/ou a 
uma cultura. 
O patrimônio cultural entendido como resultado da cultura humana é 
composto tanto de bens materiais como os bens imateriais. Embora a cultura 
de todos contribua para a identidade cultural de uma comunidade, o significado 
atribuído ao bem material ou imaterial difere de pessoa para pessoa pela sua 
trajetória cultural (BARRETO, 2000). Nesse sentido, o que se pode significar 
patrimônio para uma pessoa pode não ser para outra. Assim, percebemos que 
há um olhar para o patrimônio coletivo e outro individual, e que ambos 
constituem a percepção, o entendimento e o pertencimento que o sujeito irá 
atribuir ao seu patrimônio. 
Toledo (2005, [s/p].) conceitua patrimônio cultural como: 
 
13 
 
A riqueza comum que nós herdamos como cidadãos, transmitida de 
geração em geração. Constitui a soma dos bens culturais de um 
povo. Ele conserva a memória do que fomos e somos, revela a nossa 
identidade. Expressa o resultado do processo cultural que 
proporciona ao ser humano o conhecimento e a consciência de si 
mesmo e do ambiente que o cerca. Apresenta, no seu conjunto, os 
resultados do processo histórico. Permite conferir a um povo a sua 
orientação, pressupostos básicos para que se reconheça como 
comunidade, inspirando valores, estimulando o exercício da 
cidadania, a partir de um lugar social e da continuidade do tempo. 
 
 
Considerando as palavras de Toledo, o patrimônio pode ser entendido 
como herança cultural que conserva a memória de um povo, revelando sua 
identidade, reconhecendo-se como comunidade e seus valores. Esta 
identidade e seus valores podem oferecer aos que dela participam e se 
reconhecem a sensação de pertencimento e de continuidade temporal para 
uma sociedade. 
Tratar de patrimônio implica ter presente os princípios básicos da sua 
construção social e compreendê-lo como produto dos significados e valores 
atribuídos por um grupo a esse bem cultural que, portanto, vem a ser 
considerado patrimonial pelas qualidades que lhes são outorgadas. Nesse 
sentido, os significados podem alimentar-se de memórias, de conflitos e de 
histórias. Ramos (2016) explica o pensar o patrimônio, 
 
É discutir de que forma ele se apresenta em diferentes contextos e 
entender as relações entre História, memória, identidade e o patrimô-
nio. Os grupos sociais constroem e também definem o que pode ou 
não ser identificado como patrimônio, atendendo às concepções em 
vigor. Definições de âmbito privado já nortearam o significado de pa-
trimônio até que a modernidade, a partir da construção dos Estados 
Nacionais estabeleceu necessidades de atribuir bens comuns à cole-
tividade como forma de reconhecer e formar identidades e memórias 
partilhadas e valorizadas na construção de nacionalidade. 
 
 
Igualmente, há umadiferença entre os conceitos do patrimônio enquanto 
construção social e enquanto produto dos significados e valores atribuídos por 
um grupo ao bem cultural. 
 
o primeiro advém do ato de valorar que uma sociedade exerce sobre 
determinado bem cultural e o segundo da dependência que os 
processos de patrimonialização possui ao poder político e à 
sociedade, quanto à negociação, pela qual confere valor patrimonial 
ao bem (MICHELON, MACHADO JR; GONZÁLEZ, 2012, p.19). 
 
14 
 
Em vista disso, a salvaguarda, a conservação, a preservação e a 
divulgação do patrimônio é algo pertencente às políticas públicas culturais. É 
ela que acaba definindo o que salvaguardar e o que pertence ao rol do que 
aquela sociedade elenca como seu patrimônio. 
A política pode ser entendida como a governança do Estado e das 
relações de poder e, também, uma arte de negociação para compatibilizar 
interesses. Ao ser aplicada no setor cultural público constitui-se em um 
conjunto de ações tomadas pelo Estado com o objetivo de atender aos 
diversos setores da sociedade civil. De acordo com Salvati (2004), o setor 
público tem a prerrogativa de sugerir políticas orientadoras voltadas ao 
planejamento e gestão nas diferentes instâncias de governo e nas diversas 
atividades e setores econômicos, inclusive nas áreas do turismo e da cultura. 
Para isso, criam-se e fiscalizam-se os direitos que devem ser garantidos aos 
cidadãos. Sendo um dos direitos, o da salvaguarda do patrimônio cultural da 
sua sociedade. 
Como as sociedades não são homogêneas, o que e como conservar a 
memória daquela sociedade acaba sendo definida pelos que conseguem ter 
mais força de decisão, assim, existem os apagamentos propositais e as 
lembranças. Apagamentos são ações voluntárias de esquecimentos de 
acontecimentos que ficam relegados ao passado incluindo as lições que eles 
carregam consigo e quando aplicados aos patrimônios culturais, são 
denominados apagamentos nas dinâmicas patrimoniais. 
Esses são definidos pelos interesses de quem está com a condução das 
políticas, pois são eles que direcionam as ações de manter ou não aquele le-
gado ativo. Sempre será uma questão de escolha e esta irá privilegiar um ou 
outro bem 
O turismo é um fenômeno social contemporâneo que movimenta 
pessoas e capitais, pode gerar emprego e renda e dinamizar a sociedade pelos 
negócios que são necessários à sua existência e entre os motivos que as 
pessoas decidem praticá-lo, está o conhecer da sua cultura e de outrem. 
Além das já citadas vantagens, preservação e/ou da conservação do 
legado de uma comunidade, o turismo ao apropriar-se deste legado pode 
oferecer condições para mantê-lo e divulgá-lo, entre outros benefícios para o 
destino turístico. No entanto, também existem os aspectos negativos que o 
15 
 
turismo poderá ocasionar ao patrimônio. Em consequência disso, a política 
cultural e a turística devem se associar ao desenvolver os seus caminhos para 
os patrimônios culturais apropriados pelo turismo. 
Parte do legado histórico-cultural do município de Araruama, localizado 
no litoral fluminense, na Região das Baixadas Litorâneas, está associado à 
história dos antigos moradores do território da região: os povos dos sambaquis, 
os goitacás e os tupinambás e também ao seu passado agrícola e escravocrata 
e ao turismo de veraneio e do cassinismo. Alguns desses bens estão 
turistificado e incluídos na oferta turística do destino. Araruama não tem como 
sua principal motivação turística o turismo cultural, mas o turismo de sol e 
praia, entretanto, possui atrativos culturais que são ofertas que complementam 
o turismo de sol e praia e possuem potencialidades para desenvolver um 
turismo cultural mais robusto, diversificando sua oferta turística (ARARUAMA, 
2021). 
O autor deste trabalho, morador de Araruama, sempre teve interesse 
pelo patrimônio cultural do seu município e ao estudar turismo seu interesse 
aumentou, levando-o a realizar visitas a diversos patrimônios no sentido de 
conhecê-los melhor e entendê-los no contexto do turismo. 
Em suas andanças, deparou-se com duas situações que levaram ao 
interesse em compreender os motivos pelos quais os bens tão significativos se 
encontravam fechados e abandonados pelo poder público. Os bens 
encontrados nestas condições foram: o Museu Arqueológico de Araruama 
(MAA) e o antigo Parque Hotel Cassino Araruama. E como objeto do presente 
estudo escolhemos como MAA. 
Todo patrimônio cultural poderá ser considerado como altamente 
relevante para o desenvolvimento do turismo cultural, mesmo que esteja em 
bom ou mau estado de conservação. Os que estão em mau estado precisam 
da ação do Estado e da comunidade para a sua salvaguarda e para torná-lo 
apto ao usufruto. Quanto mais ativo um bem, mas possível o interesse em 
salvaguardá-lo. No caso do atrativo da pesquisa, este não tem sido 
adequadamente considerado em ações do setor público para desenvolvimento 
e expansão do turismo, a preservação e a difusão de sua cultura. 
No contexto do que foi apresentado sobre as escolhas entre o 
apagamento e a conservação dos bens culturais, estes dois bens e atrativos 
16 
 
turísticos podem ser considerados na opção apagamento por parte das 
políticas públicas culturais e turísticas pelo estado em que se encontram? 
Assim, perguntamos que motivos levaram os dirigentes responsáveis pelas 
políticas públicas culturais e turísticas do município de Araruama a permitir que 
estes bens não fossem escolhidos como prioritários, especialmente o MAA, 
para o setor cultural e turístico? 
Para responder a esse questionamento, desenvolvemos como objetivo 
geral da pesquisa: compreender que argumentos são expostos pelo poder 
público e pela sociedade civil organizada que justificam a inação na 
manutenção e preservação desses bens. E traçamos como objetivos 
secundários: apropriar-se de conhecimentos que explicitam a cultura como 
alavancadora do turismo; conhecer os aspectos que caracterizam o município 
de Araruama; levantar e analisar os aspectos histórico-culturais ambientais, 
econômicos e turísticos do atrativo Museu Arqueológico e, desvelar a opinião 
do dirigente público e dos conselhos de turismo e de cultura sobre a 
conservação e uso turístico dos bens culturais selecionados para a pesquisa e 
suas políticas. 
Como procedimentos metodológicos escolhemos realizar uma pesquisa 
qualitativa de cunho descritivo tendo como base teórica artigos, livros e 
reportagens que abordam a temática sobre cultura, preservação e conservação 
patrimonial, turismo, turismo cultural, turismo potencial e atratividade e, 
políticas públicas de cultura e de turismo. Na coleta de dados, desenvolvemos 
quatro procedimentos: o primeiro foi um estudo documental procurando obter 
dados que permitissem conhecer o atrativo turístico relacionados a sua história, 
geografia, sua gestão e o uso cultural e turístico. Após, realizamos uma visita in 
loco ao MAA. Durante a visita, observamos a estrutura física do local e a 
situação atual do atrativo. Fotografamos o espaço para que as fotos também 
servissem como documentos para análise do estado de conservação. Também 
foram retirados das redes sociais e sites dispostos na Web, as impressões dos 
visitantes sobre o atrativo. Por fim, foi realizada uma entrevista com um 
especialista em cultura de Araruama, Wellington Mello (Memorialista e 
folclorista) e pretendia conseguir ainda o posicionamento do poder público, 
(Secretária Municipal de Desenvolvimento Econômico, Cultura, Turismo, 
Esporte e Lazer) e dos conselhos de cultura e turismo, mas infelizmente, após 
17 
 
algumas tentativas não obtivemos respostas ao nosso pedido de entrevista e 
tivemos que usar as informações apenas do especialista e do que coletamos 
em documentos. Como instrumento de coleta para esta etapa, usamos um 
roteiro estruturado composto de perguntas que tratam sobre as políticas e 
ações para a preservaçãodo patrimônio cultural e turístico municipal (Apêndice 
A). 
Depois, com os dados obtidos iniciamos a descrição do objeto de 
estudos e da análise. Passando essa fase, foi realizada a análise da 
potencialidade do atrativo utilizando de dois instrumentos: a proposta de 
Pelegrine Filho (1993) para análise de potencialidade de Atrativos Naturais e a 
metodologia de Cárdenas Tabares (2006) adaptada da CICATUR de 
hierarquização dos atrativos. Elas permitiram que avaliássemos qual seria o 
estado atual da potencialidade do atrativo. 
Com as análises feitas, tratou-se os dados dos respondentes frente ao 
questionamento feito tendo como fio condutor o referencial teórico estudado e 
os dados coletados nos site e nas redes sociais. 
O trabalho foi construído em três capítulos. O primeiro aborda sobre a 
cultura utilizada como possibilidade de alavancagem do turismo, para tanto 
analisamos a cultura como o papel motivador do turista ao escolher visitar um 
destino, abordamos sobre os atrativos turísticos - objeto de estudo do trabalho - 
e as possibilidades de eles terem potencialidades e atratividades para trazer 
um fluxo turístico a um destino. No segundo a temática tratada foi a 
contextualização do município de Araruama-RJ em seus aspectos geográficos, 
histórico-culturais, políticos, econômicos e turísticos. Na sequência, 
descrevemos o atrativo estudado e o resultado da visita in loco, depois 
discorremos sobre a entrevista realizada e finalizamos o capítulo com as 
análises confrontando às respostas com a teoria estudada. O último capítulo 
são as considerações. 
 
18 
 
1 A CULTURA COMO POSSIBILIDADE DE ALAVANCAGEM DO 
TURISMO 
 
O presente capítulo aborda sobre a cultura enquanto motivadora de 
visitas turísticas. A apropriação da cultura pelo turismo para se transformar em 
atrativos culturais e as suas definições e importância serão aqui tratados. 
 
1.1 A cultura como motivadora do turismo 
 
A cultura pode ser compreendida antropologicamente como um conjunto 
dos hábitos, comportamentos e práticas sociais apreendidos a cada nova 
geração, o que ocasiona uma soma de saberes acumulados e transmitidos. 
Para Benedict (2013), ela é entendida como a lente que o homem vê o mundo. 
Esta lente revela o modo como os indivíduos ou grupos sociais respondem às 
suas próprias necessidades e desejos. 
Geertz (2008), explicita que a cultura é o padrão de significados 
incorporados nas formas simbólicas que consente aos sujeitos uma maneira de 
comunicar e dividir suas crenças, concepções e experiências. De acordo com 
Santos (2006), cada realidade cultural tem sua lógica interna, assim, devemos 
procurar conhecer esta lógica para que se faça sentido as práticas, os 
costumes, as conceções e as transformações pelas quais cada grupo social 
passa e, consequentemente, a sua cultura. Desta feita, cada sociedade ou 
grupo social pode diferenciar-se em relação a sua cultura e é, esta diversidade, 
que torna tão instigante conhecer culturas diferentes. 
Ao identificarmos na cultura de outrem ou conhecer outras formas de 
saberes criados por sujeitos, o conhecimento sobre o mundo e sobre os povos 
de quem conhece é amplificado e, este enriquecimento cultural, poderá ampliar 
horizontes, diminuir preconceitos e levar as pessoas a respeitarem-se mais em 
suas relações humanas. 
Então, a cultura tem condições de ser entendida como algo que, ao 
conhecê-la e interpretá-la, permite que quem passe a usufruí-la tenha um 
crescimento enquanto ser humano e as pessoas que a desenvolveram podem 
ser reconhecidas como portadoras de algo significativo para a humanidade. 
Neste sentido, a troca cultural tende a levar a reflexões significativas e o 
19 
 
turismo caracteriza-se como um dos instrumentos que possibilita que ocorra 
essa trocas e novos conhecimentos. 
Campodonico e Chalar (2013, p.52), definem turismo como um 
fenômeno socioeconômico, ambiental e político e multidimensional, 
 
resultado da interrelação de múltiplos atores em diversos contextos 
espaciais-temporais, indivíduos em diferentes níveis de atividades e 
manifestações que dão lugar a turistas, comunidades receptoras, 
operadores, trabalhadores dos diferentes serviços, empresários, 
atores governamentais e organizadores que incidem no [fenômeno] e 
dão forma a realidade turística. 
 
 
Completando este pensamento, Gastal e Moesch (2007, p.11) explicitam 
que 
o turismo é um campo de práticas histórico-sociais que pressupõem o 
deslocamento dos sujeitos em tempos e espaços diferentes daqueles 
dos seus cotidianos. É um deslocamento coberto de subjetividade, 
que possibilita afastamentos concretos e simbólicos do cotidiano, 
implicando, portanto, novas práticas e novos comportamentos diante 
da busca do prazer. 
 
 
Este deslocamento de sujeitos em tempos e espaços permite vivenciar 
novas culturas ou mesmo conviver com culturas que já conhece. Durante a 
viagem, o turista pode entrar em contato com outros costumes, com outras 
práticas ou outros conhecimentos no contexto histórico e na lógica interna da 
sociedade que está visitando. Para a população local, a visita turística pode 
gerar nos moradores um orgulho pelos visitantes conhecerem e valorizarem os 
seus patrimônios. Também este interesse dos visitantes pode auxiliar o poder 
público e/ou a comunidade a terem estímulo em manter conservado seu 
patrimônio. 
Azevedo (2002, p.23), aclara as consequências dos interesses dos 
turistas em viajarem para experenciar a cultura como turismo cultural. 
 
O turismo cultural desponta fortalecido como uma das vertentes mais 
significativas da dimensão cultural do desenvolvimento: pela riqueza 
de variantes que comporta; pelas interfaces que motiva; pelos 
desdobramentos que pode estimular; pelos efeitos possíveis na 
construção da cidadania; pela valorização da alteridade, isto é, a 
compreensão da existência de outros patrimônios e ações culturais 
que, assim como nosso, merecem respeito. Também pelo retorno 
econômico que propicia e, sobretudo, pelo compromisso que assume 
com as gerações futuras. 
 
 
20 
 
Outro autor que também trata do tema é Cherem (1990), ele aponta que 
os princípios do turismo cultural como: 
 ajuda ativamente na perpetuação do patrimônio; 
 ressalta e mostra a identidade patrimonial de uma área com única 
do mundo; 
 baseia-se na aplicação de habilidade de interpretação do 
patrimônio; 
 habilita os anfitriões locais para que interpretem seu próprio 
patrimônio aos visitantes; 
 cria orgulho nos anfitriões locais pelo seu patrimônio e melhora 
suas habilidades de relação com os visitantes e os serviços; 
 ajuda a perpetuar o estilo de vida e os valores locais; 
 habilita os anfitriões locais para que planejem e facilitem a seus 
visitantes experiências autênticas e significativas; 
 é transcultural para que o anfitrião e o visitante recebem uma 
experiência de enriquecimento que recompensa ambos; 
 apresenta uma programação que se pode aplicar em qualquer 
nível de desenvolvimento e praticamente em qualquer localização 
turística; 
 pode representar um método de desenvolvimento turístico 
sustentável quando respeita o patrimônio de uma área e habilita 
seus habitantes gerando uma base verdadeira para o 
desenvolvimento. 
Apesar de aspectos positivos apontados pelo autor, a possível 
insustentabilidade cria um paradoxo entre a sustentabilidade e o turismo 
cultural. O excesso de visitantes ou o desrespeito do visitante com a cultura da 
comunidade anfitriã podem ser aspectos negativos do turismo cultural. 
Portanto, será positivo para a comunidade anfitriã e a sua cultura um turismo 
cultural que tenha um número de turistas dentro de uma capacidade de carga 
que mantenha o patrimônio preservado e onde haja respeito a cultural local. 
Em 2020, o Ministério do Turismo (MTur) publicou os resultados da 
‗Demanda Turística Internacional do Brasil‘. Os dados foram coletados em 
2019, e suas análisesmostraram que o turismo cultural foi a motivação para a 
21 
 
viagem para 13,4% dos entrevistados, embora seja menor que as 
porcentagens (18,6%) do turismo de natureza, ecoturismo e aventura (BRASIL, 
2021). No entanto, comparado com os dados de 2018, o turismo motivado pela 
cultura cresceu mais que o turismo de natureza, ecoturismo ou aventura. No 
citado ano, correspondia a 9,5% para turismo cultural e 16,3% para turismo de 
natureza, ecoturismo ou aventura. Este crescimento de 3,9% para o cultural e 
2,3 turismo de natureza, ecoturismo ou aventura aponta que os interesses dos 
turistas internacionais ao realizarem suas viagens ao Brasil estão se 
diversificando, ainda que continue como principal motivo o Sol e Praia (71,7%). 
Outro dado publicado pelo MTur (BRASIL, 2021) é o da pesquisa 
realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ‗Pesquisa 
Nacional por Amostra de Domicílios Continua‘ - PNAD, que em agosto de 2019, 
mostrou que a cultura representou 27,2% das motivações das viagens 
realizadas e 34,3% as viagens para o sol e praia. 
Em 2020, o mundo deparou-se com a pandemia provocada pela Covid-
19 e o turismo foi um dos setores mais afetados antes de se desenvolverem as 
vacinas, pois, a maneira possível de se evitar o contágio era o isolamento 
social. Com esta medida, o turismo decaiu muito, inclusive, as cidades para se 
protegerem proibiram o uso de espaços públicos, fecharam atrativos e fizeram 
barreiras sanitárias. Municípios pequenos e médios do litoral e da região 
serrana fluminense acabaram sendo escolha para aqueles que possuíam 
segundas residências a ter uma vida mais isolada do que nas grandes cidades. 
Outros passaram a comprar ou alugar imóveis nestes destinos. 
O denominado de ‗turismo de isolamento‘, esta modalidade foi a que 
mais movimentou o turismo brasileiro até a abertura dos destinos turísticos 
depois do fechamento por causa da Covid-19 (LOBO ET AL, 2020). Quando 
ocorre a abertura, no segundo semestre de 2020, algumas instituições culturais 
retornam às suas atividades possibilitando o turismo cultural. Ademais, em 
muitos destinos, houve uma grande demora do retorno por causa ainda do 
perigo do contágio. 
Não sendo assim possível, devido a pandemia de Covid-19, ter novos 
dados sobre o Turismo Cultural, como isso os dados disponíveis mais recentes 
foram os de 2019. Observamos com estes dados que, há um crescente 
interesse pela cultura nas motivações dos turistas, principalmente, nos 
22 
 
nacionais que são o público em maior número do turismo de Araruama. 
Embora as motivações mais presentes para o turismo em Araruama seja o 
turismo de sol e praia, o turismo cultural pode ser uma opção complementar ou 
principal para determinados tipos de públicos. 
Para tanto, o que move os turistas a se deslocarem de seus locais de 
residências são os atrativos turísticos. 
 
1.2 Atrativos turísticos, atratividades e potencialidades 
 
Os atrativos podem ser entendidos como ―recursos naturais ou culturais 
formatados em negócios, que atenda todas as especificações necessárias para 
a comercialização e recepção de turistas, com responsabilidade social, 
ambiental e cultural‖ (SEBRAE, 2021). 
Este olhar do atrativo enquanto negócio aponta uma visão de 
empreendimento que necessita ter uma gestão eficaz, ter estrutura mínima 
para receber os turistas, oferecer experiências memoráveis de forma 
organizada e profissional, com o objetivo de produzir resultados positivos. 
A Organização Mundial do Turismo (OMT, 2001, p. 121) explicita que 
existe a necessidade de uma intervenção humana para a consolidação do 
atrativo. Quando isso não ocorre ainda não se pode chamar de atrativo real, 
mas denomina-se atrativo potencial ou recurso turístico. Neste sentido, quando 
no citado conceito do Sebrae aparece o ‗recurso natural ou cultural‘ na 
sequência, explicita que ele precisa ser formatado em ‗negócio‘. Pearce (1991) 
trabalha como o Sebrae (S/D) com a ideia de gestão dos atrativos e inclui ainda 
a classificação de atrativos. Para ele, os atrativos podem ser classificados 
como local, natural ou antropizado, sendo que o foco desta classificação está 
nos visitantes e a sua atenção direcionada a sua gestão. 
Em visões do turismo menos voltadas ao atrativo ‗negócio‘, mas 
pensado no contexto do turismo como um fenômeno social, político, 
econômico, cultural e natural, amplia-se o conceito de atrativo como força de 
valor paisagístico, cultural, histórico, artísticos entre outros, capaz de exercer 
intensidade motivacional sobre o visitante. Assim, ele é um negócio, mas antes 
de tudo é algo que atrai, motiva, faz as pessoas querem usufruí-lo e, para 
tanto, deslocam-se de suas residências praticando o turismo. 
23 
 
Corroborando com esta visão holística, Beni (2001) explicita que os 
atrativos turísticos podem ser lugares, objetos ou acontecimentos, desde que 
sejam os motivadores do deslocamento de grupos humanos para conhecê-los. 
Valls (2006) tem um posicionamento semelhante, ao afirmar que atrativo ―é o 
elemento que desencadeia o processo turístico‖ (2006, p. 27). Os dois autores 
atribuem aos atrativos a capacidade de iniciar o movimento turístico. Boullón 
(2002) concorda com os autores citados ao considerar os atrativos turísticos 
como a matéria prima do turismo e completa que sem ela, nem um país ou 
região poderia empreender o desenvolvimento turístico. 
Diante do posicionamento dos autores, é possível sistematizar que os 
atrativos são oriundos de recursos que, recebem intervenções humanas para 
serem dotados de condições que permitam serem usufruídos. Essas 
intervenções são realizadas num contexto de gestão competente para que se 
obtenha o que se espera do atrativo: que seja um elemento de valor na 
atratividade de turistas para um determinado destino turístico. 
Quando se trata de atrativos turísticos culturais, as consequências desta 
geração de valor estará no que já foi apontado anteriormente como as 
vantagens de se desenvolver o turismo cultural. Portanto, um atrativo turístico 
cultural bem formatado, gerenciado e divulgado, pode atuar como motivador da 
atratividade do destino e das vantagens que a visitação turística possa trazer. 
O conceito de atratividade turística é uma discussão recente e tem suas 
raízes a partir das publicações de Gearing et al. (1974) e outros autores, como 
Ritchie e Zins (1978), que começam a identificar os diferentes fatores que 
tornam um destino turístico atrativo ao público. O potencial turístico aparece 
posteriormente correlacionando a oferta turística (infraestrutura básica e 
urbana, serviços e equipamentos turísticos e atrativos turísticos). 
Oliani; Rossi e Gervasoni (2011), alcança que quando não há atrações 
turísticas também não existe destino turístico. É a atratividade de um destino a 
principal razão pelo qual um turista busca algo de especial e interessante. Por 
isso, os destinos turísticos precisam motivar turistas oferecendo uma oferta 
estruturada, composta de produtos e posicionada no mercado turístico, com 
capacidade de mover fluxo de visitantes significativos. 
24 
 
Entendemos assim, que a atratividade está relacionada à qualidade e 
que os turistas procuram serviços que satisfaçam suas necessidades e vá além 
de suas expectativas, que tragam experiências memoráveis. 
Gomes (2019) em seus estudos, aponta que o ―atrativo refere-se a um 
local transformado, construído para se tornar o foco do turista. Porém, como os 
estudos abordam recurso e atrativo como algo semelhante, essa similaridade 
culmina também no entendimento de potencial turístico‖. Para ela, a 
compreensão do potencial turístico está, desta forma, vinculada à infraestrutura 
do destino. Portanto, quanto mais estruturado, maior será seu potencial. 
Potencialidade é um termo recorrente na literatura turística. É usual 
tratar de potenciais atrativos turísticos, potenciais destinos turísticos,de um 
potencial turístico que não é bem aproveitado. Contudo, na revisão bibliográfica 
são poucas as produções que esclarecem o que venha ser potencialidade 
turística e, mais escassas ainda, como se faz para mensurá-la. 
Segundo Almeida (2006), a expressão ―potencial turístico‖ tem se 
vulgarizado e é utilizada como expressões equivalentes de ―vocação turística‖ e 
‗dom natural‘ e que, se fosse realmente assim, não seriam necessários o 
planejamento e a gestão turística. O autor explicita que ao se aplicar as 
palavras potenciais e atrativos juntas, encontram-se literatura turística duas 
principais linhas: os potenciais atrativos (ou atrativos potenciais) que são os 
recursos turísticos ainda não desenvolvidos para a atividade turística e a 
potencialidade do atrativo, como uma hierarquização da atratividade do atrativo 
(CÁRDENAS TABARES, 2006). 
A avaliação de atrativo é realizada por alguns autores por meio da 
hierarquização, como o que propõem Pellegrini (1993) para atrativos naturais 
(Figura 1). 
Figura 1: Potencialidades dos Atrativos Naturais 
Potencialidade total Potencialidade 
fracamente 
realizada 
Potencialidade 
parcialmente 
realizada 
Potencialidade realizada 
Enormes potencialidades 
de aproveitamento, 
indicando que nada ou 
quase nada existe de 
realização racional 
Grandes 
viabilidades de 
ampliação e/ou 
melhoria do que já 
existe 
Viabilidade de 
ampliação e 
melhoria 
Restando em alguns 
casos poucas e 
pequenas opções de 
acréscimo, sem 
sobrecarregar 
equipamentos e serviços 
Fonte: Pellegrini Filho (1993). 
25 
 
 
Observamos que na classificação de Pellegrini Filho (1993), a 
potencialidade realizada seria o estado dentro da classificação mais próximo do 
atrativo potencial ou recurso tornar-se um atrativo real e seu inverso seria a 
potencialidade total. 
Para melhor compreensão da avaliação e hierarquização dos atrativos, 
são analisados pontos que se relacionam com o meio onde ele está inserido 
sendo, valor para a comunidade e respeito por esse atrativo, a infraestrutura, 
como chegar, os serviços que são oferecidos, a representatividade para o turis-
ta e para a população. Para Ruschmann (1997, p. 142), o ―conhecimento prévio 
e a avaliação das atrações são fundamentais para a determinação das medi-
das a serem implantadas para o desenvolvimento turístico‖. Estes aspectos 
podem qualificar e quantificar a importância que o atrativo possui. 
Cárdenas Tabares (2006, p. 46-47) oferece uma hierarquização dos 
atrativos turísticos (Figura 2) advinda e modificada da apresentada pelo Centro 
Interamericano de Capacitação Turística (CICATUR). 
Figura 2: Hierarquia dos Atrativos 
Hierarquia 5 atrativo excepcional, com grande significado para o mercado 
turístico internacional e capaz de pôr si só motivar uma corrente 
de visitantes; 
Hierarquia 4 atrativo com características excepcionais e que consegue motivar 
uma corrente de visitantes do mercado internacional também, 
mas com menos intensidade que o nível anterior; 
Hierarquia 3 o atrativo com características distintivas e chamativas, mas que 
interessa a visitantes, do mercado externo ou interno, que já 
estão na zona turística devido a outras motivações ou então a 
atração de visitantes de correntes turísticas locais; 
Hierarquia 2 o atrativo com características relevantes a serem consideradas 
para o mercado interno e que faz parte do patrimônio turístico, 
mas que não possui condição para o turismo receptivo; 
Hierarquia 1 atrativo com características insuficientes para integrar-se nas 
hierarquias anteriores, mas que faz parte do patrimônio turístico 
ao ligado a outros elementos de maior hierarquia; 
Hierarquia 0 atrativo que não possui qualidades o suficiente para ser 
incorporado à hierarquia 1 ou à uma maior. 
Fonte: Cárdenas Tabares (2006, p.46-47) 
 
Para Cárdenas Tabares, a avaliação do atrativo se dá com a extensão 
de sua capacidade de atração turística, sendo o de maior hierarquia aquele 
capaz de estimular o movimento turístico por si só e o de menor hierarquia 
aquele que não possui qualidades o suficiente para integrar nem mesmo na 
hierarquia 1. A hierarquização de atrativos pode ser utilizada pela gestão, para 
26 
 
entender o fluxo que o atrativo recebe e realizar o planejamento desejado ba-
seado nesta informação. 
Além das classificações, os estudos para avaliar atrativos turísticos, 
mais recentemente, tem se apropriado de metodologias voltadas à qualidade 
dos serviços turísticos, que não serão abordadas neste estudo. 
 
27 
 
2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE ARARUAMA-RJ 
 
Neste segundo capítulo, contextualizamos o município de Araruama nos 
aspectos geográficos, históricos, econômicos, políticos e turísticos para que 
possamos ter uma base para análise da Oferta Cultural e seu uso turístico. 
 
2.1 Aspectos Geográficos 
 
O destino turístico de Araruama está localizado no estado do Rio de 
Janeiro, na Região das Baixadas Litorâneas, numa altitude de 15 metros acima 
do nível do mar e com 635.4 km² de dimensão. Os limites do município 
estendem-se desde o litoral retilíneo compreendendo parte da Restinga de 
Massambaba, localizada entre o Oceano 1 Atlântico e as lagoas que 
caracterizam a região, das quais a mais importante é a Lagoa de Araruama, a 
maior do Estado que se encontra a Lagoa de Juturnaíba, no limite com o 
município de Silva Jardim. 
Figura 3: Mapa de Localização de Araruama no Estado do Rio de Janeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Wikipédia – Araruama, (c2021) 
A distância de Araruama até a capital do Estado é de aproximadamente 
117 km e pode ser acessada pela BR 101, até Rio Bonito e, daí pela RJ 124 ou 
pela BR 116. O aeroporto mais próximo é o de Cabo Frio. O município (Figura 
 
1
 A Lagoa de Araruama, na verdade é uma laguna, um ecossistema recente, com idade 
estimada de 5 a 7 mil anos, estando sua origem vinculada à formação das restingas de 
Massambaba e de Cabo Frio (PRIMO; HIZERRIL, 2002).
 
28 
 
3) faz divisa com: Arraial do Cabo, Cabo Frio, Iguaba Grande, São Pedro da 
Aldeia, Saquarema, Casimiro de Abreu, Silva Jardim e Rio Bonito (Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, 2020). 
De acordo com o site Cidade-Brasil (2021) sua latitude é de 22º 52´ 
35´sul e sua longitude é de 42° 20´21´ oeste. 
O território de Araruama compreende cinco distritos em uma área de 
638.276 km² de acordo com o IBGE (2020), sendo o maior município em área 
territorial da Região da Costa do Sol. São cinco distritos, sendo dois entre os 
distritos estão em área rural, Morro Grande e São Vicente de Paula e três em 
área urbana: Araruama, Praia Seca e Iguabinha, (Figura 4). Os distritos são 
compostos por bairros, ao todo são 59 bairros. 
 
Figura 4: Distritos e Bairros de Araruama 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Araruama (2021) 
 
O distrito-sede tem o mesmo nome do município de Araruama. É 
caracterizado pela concentração de edificações, instituições de saúde e de 
estudo, igrejas, centros de entretenimento, prefeitura e câmara de vereadores, 
shopping center e escolas. Sendo um dos principais centros comerciais da 
Região dos Lagos. Possui praias muito frequentadas como a do Centro e a da 
Pontinha. 
O distrito de Morro Grande (2º distrito) é um distrito rural e de produção 
agrícola. Nele está presente um importante sítio arqueológico, o de Morro 
29 
 
Grande, com 2.200 anos de existência. Localiza-se a 10 km do distrito-sede e 
possui uma população de 12 mil2 habitantes. 
O distrito de São Francisco de Paula (3º distrito) tem 25 mil habitantes e 
1.200 propriedades rurais e 90% em agricultura familiar. Possui um número 
maior de propriedades agrícolas onde concentram os produtores de citrus, 
agricultura orgânica e a criação de gado. Onde fica também a Lagoa de 
Juturnaíba que abastece oito municípios da região. 
Na área urbana o distrito da PraiaSeca (4º distrito) é o com maior 
número de equipamentos e serviços turísticos. Possui praias oceânicas e 
concentra muitas casas de veraneio. Também é um território onde há a 
produção de sal. Outro distrito é o de Iguabinha (5º distrito), fica às margens da 
Lagoa de Araruama e nas margens da rodovia Amaral Peixoto, distante 8 km 
do Distrito-sede e 2 km do município vizinho de Iguaba Grande, possui muitos 
condomínios e casas de veraneio. Durante as férias e o carnaval concentram 
milhares de turistas. 
Territorialmente, a área de Araruama era subordinada ao Município de 
Cabo Frio até 1852, como freguesia de São Sebastião de Araruama, 
estabelecida em 1799. Na metade do século XIX passa a jurisdição de 
Saquarema. Por um período de tempo, a localidade de Mataruna, tornou-se 
sede do Município de Saquarema. Em 1890, foi criada a cidade de Araruama 
com três distritos e, atualmente, como citado anteriormente, são cinco distritos 
(IBGE, 2021). 
O desenvolvimento do núcleo urbano está associado à função portuária 
que serviu de escoadouro para a pesca e sal, economia local. Territorialmente, 
desenvolveu-se linearmente ao longo da rodovia RJ-106, ocupando áreas dos 
dois lados da estrada. Sua topografia urbana é plana nas áreas adjuntas à 
lagoa que recebe o nome da cidade e um pouco mais ondulada em trechos 
afastados (TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO -TCE, 2017). 
A população do município é composta por 112.008 habitantes segundo o 
Censo de 2010 e com estimativas para 2021 de 136.109 habitantes (IBGE, 
2021). 
 
2
 Entrevista pessoal realizada com o Sr Wellington Costa de Mello, memorialista, folclorista e 
ex-coordenador do Centro de Memória Municipal Dr Sylvio Lamas de Vasconcellos, no período 
de 2011/2012, que explicou que o 2º Distrito Morro Grande possui aproximadamente 12 mil 
habitantes. 
30 
 
O clima varia de acordo com as estações do ano, podendo chegar aos 
31º C no verão e aos 19° C no inverno. Períodos chuvosos acontecem nos 
meses de Setembro, Outubro, Novembro, Dezembro, Janeiro, Fevereiro e 
Março, resumidamente entre a primavera e o verão. O índice de turismo, 
aponta que a melhor época do ano para visitar Araruama e realizar atividades 
de clima quente é do meio de maio ao fim de setembro, de acordo com 
Weather Spark (2021). 
Segundo Bergallo (RIO DE JANEIRO, 2017), a cobertura vegetal original 
do território de Araruama é constituída, principalmente, por Mata Atlântica e por 
formações típicas das áreas aluviais (vegetação herbácea e das praias, dunas 
e restingas, praias, dunas e restingas (vegetação arbórea). As áreas de 
restinga vem sendo muito modificadas e até suprimidas por causa da extensa 
ocupação urbana que ocorre há três décadas. Algumas medidas protetivas 
mantêm parte do ambiente de cenário excepcional formado por restingas, 
vegetação florestal e manguezais. 
No município encontram-se as Unidades de Conservação: APA da Bacia 
do Rio São João/Mico-Leão Dourado; APA Massambaba; PE Costa do Sol; 
ARIE Restinga Viva, APAM do Morro de Igarpiapunha e Morro da Boa Vista. 
Apenas, 4% da vegetação é natural no município (RIO DE JANEIRO, 2017). 
O relevo é formado por planícies, que se dividem em fluviais e marinhas, 
além de colinas e maciços, que ocupam a maior área do município. Nesse 
território, a hidrografia, é composta pela Lagoa (represa) de Juturnaíba, que 
abastece toda a cidade com água doce, além da Laguna de Araruama que 
abriga uma variedade de espécie marinha, também banhada por mares do 
oceano atlântico, que é um dos fortes atrativos turísticos da cidade e as Lagoas 
Pernambuco, Pitanga, Pitangui nhá e Vermelha. Os rios municipais são: Reio 
Mataruna, Moças, Bacaxá, Salgado, São João, Piripiri, Carijojó e do Limão e há 
ainda o manguezal em Bananeiras (BIDEGAIN; BIZERRIL, 2002). 
O município ainda está inserido no Geoparque Costões e Lagunas do 
Rio de Janeiro com alguns geossítios expressivos como os Estromatólitos e 
esteiras Microbianas da Lagoa Vermelha e Lagoa de Araruama; Lagoa Pitangui 
nhá e Ponta das Bananeiras. 
As praias de Araruama são lacustres (21 praias), no entorno da Lagoa 
de Araruama e oceânicas (quatro praias). As lacustres se localizam na margem 
31 
 
norte da laguna, ao longo da RJ-106 e as outras no distrito de Praia Seca, onde 
também se localizam as praias oceânicas. 
 
2.2 Aspectos históricos, políticos e econômicos. 
 
A história que antecede o período do Brasil colônia está relacionada aos 
povos originários que habitavam o território onde atualmente está localizado o 
município de Araruama. Antes da chegada dos portugueses, os habitantes 
desta região pertenciam ao povo Tupinambá do tronco Tupi (Tupinambás), os 
Mataruna (THIEBLOT, 1979). 
Este povo habitava as costas brasileiras e organizavam-se em aldeias 
compostas por um número variável de malocas - em geral, de quatro a oito -, 
que se dispunham em torno de um pátio central e viviam da caça, coleta, 
pesca, além de praticarem a agricultura como a da mandioca e da horticultura. 
O trabalho era divido por sexo, aos homens cabiam as atividades da caça, 
coleta e pesca e as mulheres o trabalho agrícola, com exceção da abertura das 
clareiras para o plantio que era incumbência dos homens. Para as mulheres 
estava destinado o preparo das comidas e o artesanato e aos homens a 
construção de instrumentos de guerra, executados em pedra e madeira. 
A guerra, de acordo com Fernandes (1970), desempenhava uma função 
importante em suas sociedades, pois por meio dela, os guerreiros adquiriram 
prestígio social e ocorria a defesa do território. Ela também permitia que se 
acontecesse o ritual antropofágico presente na cultura tupinambá. No ritual 
antropofágico, comer o guerreiro capturado era uma maneira de obter forças 
energéticas do inimigo e se fortalecer. 
Foram os tupinambás que os europeus encontraram no território onde 
atualmente localiza-se o município de Araruama. Bueno (2002) explicita que no 
século XVI, os europeus ao se instalarem no Brasil, se interessaram em levar 
para a Europa o Pau-Brasil 3 e para extração dessa madeira fizeram um acordo 
com os povos indígenas por meio do escambo. Portanto, neste período inicial, 
havia apenas uma relação comercial entre os portugueses e os povos 
indígenas. 
 
3
 Madeira usada no tingimento de tecido encontrado na mata nativa litorânea. 
32 
 
Araruama, no período das Capitanias Hereditárias 4 (século XVI), 
integrava a capitania de São Vicente doada a Martim Afonso de Souza. No 
entanto, desse período inicial pouco se tem dados a respeito da ocupação 
portuguesa no território. O interesse maior de Martim Afonso concentrou-se na 
região onde hoje é o litoral sul do Estado de São Paulo, deixando de ocupar a 
região do Rio de Janeiro por causa dos custos e dos perigos constantes de 
invasões por piratas. Justamente pela ausência portuguesa, os franceses 
iniciaram uma ocupação no litoral fluminense, entre 1555 e 1567, denominando 
o território ocupado de França Antártica. Para tirar os franceses do território, os 
portugueses transformam esta região do Rio de Janeiro em Capitania Real do 
Rio de Janeiro e fundam a cidade homônima. Seu primeiro mandatário é 
Estácio de Sá, que faleceu em 1567 e o segundo é Antônio Salema, que foi o 
primeiro a registrar informações sobre Araruama, por parte portuguesa 
(SANTOS, 2015). 
Em 1575, por meio da expedição para retirar os franceses do território, 
Antônio Salema, ao ir para Cabo Frio, dizimou centenas de franceses e 
indígenas onde hoje é Araruama. 
De acordo com Fragoso (1950), os franceses para permanecer no 
território instituíram como fizeram os portugueses uma aliança com um dos 
povos indígenas que habitavam o território do atual Rio de Janeiro e moradores 
também de Araruama, os citados tupinambás. Por outro lado, os portugueses 
se aliaram a outro povo, os tupiniquins.Os povos tupinambás e tupiniquins 
eram inimigos e, neste contexto, a ocupação do território pelos europeus 
aproveitou-se da rivalidade dos povos indígenas que ocupavam as terras 
fluminenses para estipular suas parcerias. Esta união entre tupinambás e 
franceses fez com que a ocupação portuguesa não se estabelecesse na região 
de Araruama no começo da colonização brasileira pelos portugueses. 
 
4
 Para os portugueses, estas terras lhes pertenciam de acordo com o Tratado de Tordesilhas 
estipulado com a Espanha e, tinham o direito de ocupar estes territórios dos diversos povos 
que aqui viviam. A ocupação será feita pela força das armas e por uma organização territorial 
que valia para os portugueses. O sistema de ocupação e de administração do território 
realizado pelos portugueses ocorria pelo modelo Capitanias Hereditárias, onde um donatário 
(um nobre responsável pela capitania) tinha o poder hereditário tanto de administrar como de 
governar em nome do Rei e sua função era povoar as terras e promover seu desenvolvimento 
econômico. Depois, foi criado o cargo de governador-geral que tinha poderes sobre todo o 
Brasil. Porém, tendo acima do seu poder, um governador (ALENCASTRO, 2000). 
33 
 
Ao perderem as batalhas os povos indígenas derrotados eram 
transformados em escravos. Outros povos indígenas foram escravizados para 
o trabalho nas atividades desenvolvidas pelos portugueses no Brasil e, 
também, dizimados por doenças ou catequizados pela Igreja Católica, braço da 
colonização portuguesa. 
No contexto desta colonização no Brasil o trabalho escravo foi o cerne 
econômico. Tanto os povos indígenas como os povos africanos atuaram como 
sustentáculo da economia que se estabeleceu na colônia. Assim, a construção 
das vilas, cidades, das estradas, o serviço doméstico, a agricultura, o pastoreio, 
a pesca e a agroindústria eram atividades por eles realizadas. 
Nesta fase colonial, após a exploração extrativista iniciou a fase agrícola, 
lembrando que ainda não existia Araruama. Na região em 1616, foi erguido o 
Forte de Santo Inácio (onde havia uma fortificação francesa) e foi então 
fundada a Vila de Santa Helena de Cabo Frio, atual Cabo Frio e, em 1617, 
funda-se a Aldeia Jesuítica de São Pedro, hoje São Pedro da Aldeia. Esta 
aldeia foi formada com a presença de quinhentos índios trazidos do Espírito 
Santo, para manter a soberania naquele território, após a expulsão dos 
franceses (MOREIRA, 2010). 
A população que vivia na região e próxima a Lagoa de Araruama se 
sustentava da pesca ou atividade ligada como transporte, fabricação de 
utensílios, salga de peixe, entre outros e também eram os pescados 
embarcados para o Rio de Janeiro. A extração do sal foi também importante, 
inicialmente, o sal foi explorado não comercialmente, os primitivos moradores 
da região os exploravam conforme suas necessidades (THIEBLT, 1979). Em 
1690, houve a sua proibição pelos portugueses de acordo com Holzer (2014). 
O autor cita que o sal brasileiro concorria com o português levando a sua 
proibição. Embora proibido, ainda se produzia um pouco de sal para consumo 
e venda. Mas, com a liberação da produção no início do século XIX, o sal 
passa a ser fundamental para a economia de Araruama. 
No período colonial, Araruama teve plantações de cana-de-açúcar como 
em toda a região litorânea e, depois também, passa a produzir café. Todavia, 
esta cultura decai e o açúcar volta a ser opção produtiva associada às outras 
citadas como a pesca e o sal, milho e farinha de mandioca, a função portuária 
e, posteriormente, o turismo. 
34 
 
Deve-se atentar que a produção de sal retorna no século XIX e, neste 
período, portugueses de Aveiro e de Figueira da Foz com experiência nas 
salinas portuguesas migram para o Brasil e se instalam na Região dos Lagos. 
Novas tecnologias são implementadas e a cultura do sal começa a crescer, 
tendo o seu apogeu em 1930 a 1940 quando Araruama possuía 120 pontos de 
extração com 41 salinas. Com o tempo, perde espaço no mercado e no século 
XXI, só produz 15 mil toneladas frente às 80 mil toneladas do período de seu 
apogeu. O sal atual tem grande quantidade de impureza e o processo de 
limpeza o deixa muito caro, perdendo mercado frente à concorrência de outros 
produtores. Por ser uma cultura que não gera muito lucro, o salário não é alto e 
acaba sofrendo com a falta de mão de obra. Os trabalhadores disponíveis que 
preferem se empregar em outros setores econômicos que pagam mais, como a 
construção civil (G1, 2012). 
O sal em Araruama ajudou a desenvolver algumas indústrias 
relacionadas como o beneficiamento do sal e a fabricação de cal, gesso e 
barrilha. Estas indústrias estavam localizadas em Ponte dos Leite (no distrito 
de Araruama). Durante o século XX, houve um período em que havia a 
presença do transporte ferroviário com uma estação da Estrada de Ferro 
Maricá no citado distrito. Esta estação foi possível pela construção do 
prolongamento da ferrovia na segunda década do século XX, beneficiando 
Araruama. Há época, pela dinâmica econômica, o distrito passa ser mais 
importante que o distrito de Araruama. Porém, com os problemas decorrentes 
da administração das ferrovias e outros interesses fez com que o governo de 
Getúlio Vargas (1930-1945) encampasse as companhias de estradas de ferro 
que passaram a ser administradas pelo governo federal (RODRIGUEZ, 2004). 
Para Margarit (2009), com o asfaltamento da Rodovia Amaral Peixoto, 
nos anos de 1950 ligando Niterói a Macaé, o acesso à Região dos Lagos foi 
facilitado e tornou-se uma alternativa mais competitiva que a ferroviária. Assim, 
a ferrovia perdurou até a década de 1960, quando ocorreu o seu encerramento, 
como consequência as indústrias localizadas em Ponte dos Leites também 
fecharam as portas por falta de meio de transportes para escoamento de seus 
produtos. 
Na década de 1940, Araruama passa a conviver com outras formas de 
exploração de seus recursos. O ‗banho de mar‘ estabelecido em outras 
35 
 
regiões, começa também a ser estimulado por meio da criação de hotéis de 
repouso e cura. De acordo com Palmier (1948, p.77) ―É a nova era já em pleno 
apogeu quando está funcionando o Hotel de repouso e cura pelas boas 
condições climáticas ar puro, sol, água salgada e privilegiada da lagoa de 
Araruama sem remédios‖. Hotel foi parte de um plano urbanístico para o 
entorno da Lagoa de Araruama do governo Estadual de Ernani do Amaral 
Peixoto (1937-1945) no contexto do Plano de Urbanização das Cidades 
Fluminenses (PUCF) de Agache e Abelardo Coimbra Coelho, que visavam a 
integração física e econômica das regiões fluminenses, tendo como suporte a 
realização de grandes obras públicas, com destaque a ampliação do setor 
rodoviário estadual e o saneamento e drenagem das baixadas litorâneas. 
O PUCF, criado em 1940 pelo governo estadual, teve a intenção de 
estruturar o processo de substituição de importações a partir do ordenamento 
dos núcleos urbanos. Uma das propostas de ordenamento seria a realizada por 
meio do turismo de base urbana, considerado como um atrator para a 
reorientação dos fluxos regionais, podendo ser ou não um complemento para 
os mercados pesqueiros e contribuindo para recuperação econômica do estado 
(PARENTE-RIBEIRO; GÓIS; SOTRATTI, 2019). 
Os citados autores, apontam considerando o PUCF tem a cidade de 
Araruama como principal foco de interesse na baixada fluminense e a 
construção do empreendimento conhecido como ‗Vila Veraneio‘, atualmente o 
bairro ‗Parque Hotel‘. O Parque Hotel foi edificado e o também o loteamento 
adjacente (DAIBERT, 2016). O modelo implementado, segundo Parente-
Ribeiro; Góis e Sotratti (2019) citando Lobo (2014), foi o ‗urbanismo balnear‘. 
Consta de uma via marginal, neste caso foi a Rodovia Amaral Peixoto, o Hotel 
e/ou o Casino como equipamento emblemático da estância balnear (Parque 
Hotel), que no futuro deveriareceber equipamentos esportivos e uma zona 
residencial balnear. Os lotes planejados próximos ao Hotel seriam para as 
moradias unifamiliares e os mais distantes seriam destinados a áreas de 
recreação e chácaras. 
Durante o período de 1940 a 1970, as companhias loteadoras 
compraram grandes fazendas que foram desmembradas em lotes, no entanto, 
foi apenas na década de 1970 que os loteamentos seriam colocados à venda, 
à espera da valorização. Mas, ocorreram loteamentos próximo à Vila Veraneio 
36 
 
e no Hospício e Paraty (primeiro momento de expansão). No entanto, eles não 
reproduziram o modelo proposto para a Vila Veraneio e apenas dispunham os 
lotes e os acessos sem infraestrutura básica (PARENTE-RIBEIRO; GÓIS; 
SOTRATTI, 2019). 
O turismo de veraneio balnear foi facilitado com a criação do serviço de 
viação Niterói-Araruama (1943), uma linha de ônibus de turismo que operava 
aos finais de semanas saindo do Hotel Imperial (Niterói) para o Parque Hotel 
(Araruama). Esta iniciativa não durou muito tempo devido à falta de 
combustíveis por causa da Segunda Guerra Mundial. 
O turismo em Araruama, como especificado, foi pensado na motivação 
da prática do repouso, contemplação e o ócio recreativo (IBGE, 1954, p. 203 
Apud PARENTE-RIBEIRO; GÓIS; SOTRATTI, 2019 [s.p]), nos anos de 1970 
com a construção da Ponte Rio-Niterói, diminui o tempo de deslocamento em 
relação a capital do estado e a construção de novas formas de acesso 
estimulam mais ainda o turismo de ‗segunda residência‘. Esta mudança 
provocou uma aceleração no desenvolvimento regional iniciado nos anos 1950. 
O turismo de sol e praia se estabelece na região com mais intensidade e passa 
a ser o segundo polo de atração turística do estado só perdendo para a cidade 
do Rio de Janeiro (RIBEIRO; OLIVEIRA, 2009). 
Os loteamentos alteraram a configuração espacial das cidades e a oferta 
de serviços de infraestrutura com a implantação dos citados loteamentos de 
baixa densidade no entorno da lagoa de Araruama, gerando problemas 
ambientais. Entre 1974-1990 ocorre a explosão dos loteamentos aprovados no 
município (192 loteamentos) e em 1991-2010 (70 loteamentos), percebendo a 
diminuição da oferta e da disponibilidade de terrenos (TEXEIRA, 2015). 
Atualmente, além do turismo, a produção de laranja e limão (citrus) é 
muito importante para a economia do município e da empregabilidade, 
movimentando 20 milhões de reais por ano, sendo o maior produtor de citros 
(com 80% de toda produção) do Estado (SANTOS, 2020). Além deste citrus 
plantam a tangerina, o Coco-da-baía e Maracujá (IBGE, 2021). Outras 
atividades econômicas são a indústria da construção civil, transportadoras, 
fábrica de panela, minhocário e extração da cal. 
37 
 
O pescado ainda é importante para os moradores, principalmente, a 
corvina, tainha, sardinha e o camarão. Muito do que é pescado nas Lagoas ou 
no mar aberto é comercializado no Mercado Local, o ‗Mercadão de Peixes‘. 
Na década de 1970, o petróleo emergiu como riqueza estadual e a 
produção de petróleo nas bacias de Campos e Santos abrem ampla janela de 
oportunidades para os municípios envolvidos. Araruama é beneficiada com os 
royalties da indústria do Petróleo e Gás, embora receba a menor porcentagem 
per capita em relação aos outros municípios da região das Baixadas 
Litorâneas, mas importante para a economia do município. 
 
2.3 Aspectos turísticos 
 
Araruama pertence turisticamente a Região da Costa do Sol juntamente 
com os municípios: Armação dos Búzios; Arraial do Cabo; Cabo Frio; Casimiro 
de Abreu; Carapebus; Iguaba Grande; Macaé; Maricá; Quissamã; Rio das 
Ostras; Saquarema; São Pedro da Aldeia. 
Em Araruama, o turismo é gerido pelo poder público por meio da 
Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Cultura, Turismo, Esporte e Lazer. 
O quadro diretivo é formado por uma secretária e duas superintendências: 
Esporte e Lazer e Cultura. O turismo não possui uma superintendência 
específica da sua importância para a economia do município, principalmente 
nos distritos de Iguabinha e Praia Seca. Ao ter uma secretaria municipal 
responsável pelo turismo com tantas outras pastas e nem possuir um setor 
específico para o turismo, verificamos que, embora seja importante 
economicamente, na gestão municipal ele não possui uma deferência que 
poderia ter mais dedicação ao setor. 
O município conta com um Conselho Municipal de Turismo que foi 
reativado pela Lei nº 2.506, de 5 de maio de 2021 (ARARUAMA, 2021). O 
conselho se apresenta como órgão deliberativo com seis membros, sendo três 
oriundos da sociedade civil e três do poder público e seis suplentes um para 
cada membro. Uma questão bastante controversa, é a forma como ele foi 
instituído com a falta de autonomia da sociedade civil em sua 
representatividade, já que é o prefeito que indicará e nomeará os 
representantes da sociedade civil, sendo o seu presidente a própria secretária 
38 
 
da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Cultura, Turismo, Esporte e 
Lazer. Esse conselho foi reativado, entre outras questões, pois o município sem 
ele não podia participar do Conselho Regional da Costa do Sol (Condetur da 
Costa do Sol), a Instância de Governança Regional e, também, participar do 
Mapa do Turismo Brasileiro e da Federação de Convention Bureau do Estado 
do RJ. 
Outro organismo do turismo local é o Araruama Convention & Visitor 
Bureau, organismo sem fins lucrativos, não governamental e apartidário que 
visa apoiar o desenvolvimento do turismo captando eventos e divulgando o 
turismo. 
No Mapa do Turismo Brasileiro5 de 2019, o município foi excluído por 
não apresentar os requisitos necessários, como já explicitado, a ausência de 
um conselho ativo. Na classificação anterior sua categoria era C. Na região da 
Costa do Sol, apenas Araruama não participou do Mapa do Turismo Brasileiro 
(2019) e entre os que participaram na região três se incluíram na categoria A, o 
mesmo número na categoria B, quatro na categoria C, um na D e um na E. A 
concorrência regional aponta que o município precisa se esforçar mais quanto 
a governança local para conseguir um bom posicionamento regional no Mapa 
do Turismo Brasileiro (2022). 
Quanto ao planejamento turístico municipal. O município possui um 
plano diretor de 2017 (ARARUAMA, 2017), onde em seu item VIII, do Título III 
– Das Diretrizes Gerais da Política Urbana Municipal, consiste em ‗fomentar a 
atividade turística, atendidas as peculiaridades regionais e no Título I – no item 
III a proteção ao meio ambiente e no VII a proteção ao patrimônio, artístico, 
cultural e paisagístico. No Capítulo I – Da Política Municipal do Meio Ambiente, 
no item III ‗manter as tradições e manifestações culturais do povo 
Araruamense, a paisagem local incluindo as salinas, o patrimônio histórico, 
natural e arqueológico e no IX ‗a proteção, preservação e recuperação de 
áreas degradadas do meio ambiente natural e construídas, do patrimônio 
cultural, histórico, artístico, paisagístico, arqueológico e urbanístico. No 
Capítulo III – Da Zona Costeira, no artigo 14, inciso VIII ‗estimular a sinalização 
e criação de centros de informação turística e ambiental nas orlas‘. No Capítulo 
 
5
 O Mapa do Turismo Brasileiro é um instrumento que faz um recorte territorial para identificar o 
desempenho da economia do setor e elaborar políticas públicas. 
39 
 
IX: Da Política de Desenvolvimento Urbano da Urbanização e Uso do Solo, III - 
a promoção de Projetos de Estruturação Urbana (PEU) nos distritos de São 
Vicente, Morro Grande, Praia Seca e Iguabinha visando o desenvolvimento 
sustentável e homogeneidade urbana nestas localidades. Capítulo XIV: Do 
Desenvolvimento Econômico Sustentável, no Art. 35 ‗I – promover Araruama 
como polo turístico da região‘; ‗III – integrar as atividades econômicas rurais e 
urbanas e, especialmente quando participem de uma mesma cadeiaprodutiva‘. 
O Capítulo XV é todo dedicado ao Turismo. Art. 36. No desenvolvimento 
do turismo o poder público objetiva situar o Município entre os principais 
destinos turísticos estaduais e nacionais, oferecendo as diversas modalidades 
de turismo de lazer, negócios e saúde, de forma a reforçar a sua atual condição 
de vocação econômica. Para o presente trabalho interessa ressaltar: 
Parágrafo Único. São diretrizes da Política Municipal de Turismo: 
1. a ampliação e valorização do acervo ambiental, cultural e histórico 
do município; 
2. o maior incentivo ao turismo no desempenho das demais 
atividades econômicas no Município. 
No Plano da Prefeitura Plano de Governo 2021-2024 (TSE-RJ, 2019) da 
atual gestão, as propostas para o turismo e para a cultura foram: 
 Implementação do PMT – Plano Municipal de Turismo (Documento 
que define ações para o fomento do turismo para os próximos 10 
anos); 
 Inventário de Oferta Turística Processo de identificação, pesquisa e 
registro dos atrativos turísticos, dos serviços, equipamentos 
turísticos e infraestrutura de suporte ao turismo; 
 Definição dos segmentos turísticos a serem incentivados e 
apoiados, que certificará Araruama como cidade destino: - Turismo 
da Pesca - Turismo Religioso - Turismo Rural - Cicloturismo - 
Ecoturismo (Obs: Cresce de 15 a 25% ao ano enquanto o tradicional 
7,5%) - Turismo Cultural - Turismo Científico Ambiental - Turismo 
de Aventura - Turismo de Esporte - Turismo de Lazer e 
entretenimento -Turismo Gastronômico; 
 Implantação de Centros Históricos e Culturais com pontos de 
informações turísticas e inclusão em roteiros.  Centro Histórico 
40 
 
Lagunar e Náutico de Araruama  Centro Histórico-Cultural do Sal 
(Praia Seca)  Centro Histórico-Cultural Tupinambá (Morro Grande) 
 Centro Histórico-Cultural Juturnaíba (São Vicente)  Centro 
Histórico-Cultural Afro-indígena - Fazenda Aurora; 
 Restauração do prédio histórico Museu Aurora, onde ficará a 
sede da secretaria de turismo, como ponto de informações 
turísticas da nossa cidade; 
 Promover e incentivar a valorização do Patrimônio Histórico 
Cultura Material e Imaterial de Araruama; 
 Implantação de equipamentos públicos que promovam a 
história e a cultura local de forma moderna e interativa, 
possibilitando sensação de pertencimento e cidadania aos 
munícipes e opção de lazer aos turistas; 
 Fomentar a profissionais e amadores dos grupos, coletivos e 
empresas culturais de Teatro, Dança, música, Capoeira e artes 
visuais, ampliando as ações culturais no Município; 
 Atenção às Políticas Culturais, com a regulamentação do Sistema 
Municipal de Cultura;6 
 Estimular as atividades culturais nos Distritos, praças e espaços 
públicos em geral, por meio de eventos e ações de fomento da 
Economia Criativa; 
 Fomentar a arte e a cultura por meio de festivais, exposições, 
encontros e oficinas. 
De acordo com o site da Prefeitura Municipal de Araruama, são 24 meios 
de hospedagem disponíveis no município. Não foram considerados aluguéis 
por aplicativos por não haver dados oficiais disponíveis. No Cadastro de 
Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur) foram cadastrados apenas três 
meios de hospedagem. Outro serviço e equipamento que também é possível 
acessar informações no site da prefeitura é o de Alimentos e Bebidas, tendo 48 
estabelecimentos disponíveis. 
 
6
 Em negrito as ações relacionadas ao patrimônio estudado. 
41 
 
O município não possui um centro de informações turísticas ou outras 
formas de atendimento ao turista. Há informações sobre o turismo local nas 
redes sociais do município. 
Os meios de transportes mais utilizados para esse destino é o terrestre, 
através de carros particulares, locadoras e aplicativos e os meios rodoviários, 
através das linhas de ônibus municipal, intermunicipal e interestadual. A 
prefeitura Municipal de Araruama disponibilizou em 16 de Maio de 2017 o 
ônibus intitulado como folha verde, que leva residentes das Zonas Rurais ao 
centro de seus respectivos distritos. Não há dados sobre serviço de 
agenciamento. 
A alta temporada ocorre em Julho, Dezembro, Janeiro e Fevereiro, 
principalmente, pelo predomínio do turismo de sol e praia e das férias 
escolares. A infraestrutura não suporta o número grande de turistas, fazendo 
com que os serviços de água, luz e transportes sejam insuficientes. Há ainda 
muitos problemas de mobilidade urbana ocasionados pelo grande fluxo de 
carros particulares que causam engarrafamentos. 
De acordo com observações do pesquisador referente ao 
direcionamento das ações para o turismo municipal, já que não há estudos de 
demanda turística, o perfil do turista que frequenta o município é mais voltado 
ao segmento de sol e praia, mas também, em menor escala para o turismo 
náutico, cultural, rural e de eventos. Ainda por observação empírica, o destino 
recebe mais turistas no verão e durante os eventos. 
Os meios de transportes utilizados pelos turistas são os meios terrestres 
e aquaviários. 
Na aba que aponta os eventos não há calendário de eventos. No 
entanto, em ‗Pontos turísticos‘, são apresentados atrativos divididos por 
localidade. Nas figuras 5 e 6 foram construídos quadros dos atrativos de 
Araruama. 
Figura 5: Quadro dos Atrativos Naturais de Araruama7 
Tipologia Atrativo Tipologia Atrativo 
Praia Praia do Hospício Lagoas Lagoa do Centro 
 
7
 Embora esportes não sejam atrativos naturais, aqui estão sendo considerados aqueles que 
dependem das condições naturais como relevo, hidrografia, clima ou vento para ser praticado o 
atrativo. 
42 
 
Praia das Bananeiras Lagoa de Iguabinha 
Praia do Coqueiral Lagoa de 
Pernambuco 
Praia do Barbudo Lagoa de Pitangui 
nhá 
Praia dos Amores Lagoa Vermelha 
Praia do Lake View Lagoa de 
Juturnaíba 
Praia das Espumas 
Salinas 
Salinas da Lagoa de 
Araruama 
Praia do Gavião 
Esportes Náuticos 
Kitesurf 
Praia da Pontinha Windsurf 
Praia do Ingá Surf 
Praia de Massambaba Jet-ski 
Praia do Vargas Vela 
Praia de Dentinho Stan up paddle 
Vela 
Clube Náutico e 
Ancoradores 
Ancoradouro da Praia 
dos Amores 
Caiaque 
Ancoradouro da Praia 
do Horizonte ou do 
Gavião 
Canoa Havaiana 
Ancoradouros da Praia 
das Bananeiras 
Pesca artesanal 
Ferry Boat 
Up Wind – Clube e 
escola de Wind, kite e 
SUP Clubes Sociais 
Clube Campestre 
Clube Náutico de 
Araruama 
Camping Club do 
Brasil 
Salinas Náutico Clube 
Esportes em Geral 
Patins 
Vôlei 
Áreas de 
Conservação 
Reserva Ecológica de 
Poço das Antas 
Beach soccer 
APA da Massambaba Skate 
Parque Estadual da 
Costa do Sol 
Caminhadas 
APA da Serra de 
Sapiatiba 
Corridas 
Lama Medicinal Praia da Pontinha Ciclismo 
Orla 
Mirante da Paz Rallys e passeios 
de bugre 
Oscar Niemeyer Esportes Radicais Mirante da Paz 
 
Fonte: Araruama (2021). 
 
Figura 6: Quadro dos atrativos culturais de Araruama 
Tipologia Atrativo Tipologia Atrativo 
Arquitetura Civil 
Antigo Hotel Cassino 
Lugares de Cultura 
Biblioteca Municipal 
Carlos Hélio Vogas 
da Silva 
Fazenda Aurora Casa de Cultura 
43 
 
Fazenda Monte Belo 
Teatro Municipal 
Prefeito Gracinto 
Torres 
Fazenda Tiririca 
Museu Arqueológico 
de Araruama 
Fazenda Capitão 
Francisco Leite 
Comunidades 
Tradicionais 
Quilombo Itapinoã 
Fazenda Parati Quilombo Sobara 
Complexo Família Biju Sítios 
Arqueológicos / 
Paleontológicos 
Arqueológico 
Cerâmico dos Índios 
Tupinambás 
Arquitetura 
Religiosa 
Capela de Nossa 
Senhora da Conceição 
Praças e Calçadão 
Praça Antônio 
Raposo 
Igreja Matriz de São 
Sebastião de Araruama 
Praça da Bíblia 
Igreja São Vicente de 
Paula 
Praça Menino João 
Hélio 
Arquitetura 
Industrial 
Antiga Estação 
ferroviária 
 Ferry Boat 
 Parque de Exposições Calçadão Cultural 
Gastronomia Dona Rê Itinerário Cultural Caminhos de Darwin 
Fonte: Araruama (2021).

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