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TCC ALEXSANDRA CONCEIÃ_Ã_O RIBEIRO 28 06

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2
ASSOCIAÇÃO VITORIENSE DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E CULTURA - AVEC
 CENTRO UNIVERSITÁRIO FACOL - UNIFACOL
COORDENAÇÃO DO CURSO DIREITO - BACHARELADO
ALEXSANDRA CONCEIÇÃO RIBEIRO
SÚMULA VINCULANTE 56
GARANTIA OU VIOLAÇÃO DE DIREITOS DOS APENADOS?
VITÓRIA DE SANTO ANTÃO- PE
2021
ALEXSANDRA CONCEIÇÃO RIBEIRO
SÚMULA VINCULANTE 56
GARANTIA OU VIOLAÇÃO DE DIREITOS DOS APENADOS?
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de bacharelado em Direito do Centro Universitário FACOL - UNIFACOL, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito. 
Área de Concentração: Direito Constitucional
Orientador (a): Me. Rúbia Marinho 
 VITÓRIA DE SANTO ANTÃO- PE
 2021
ASSOCIAÇÃO VITORIENSE DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E CULTURA - AVEC
CENTRO UNIVERSITÁRIO FACOL - UNIFACOL
COORDENAÇÃO DE TCC DO CURSO DE DIREITO
 TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
 ATA DE DEFESA
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus por ter me dado a honra de estar aqui hoje para realizar meus sonhos, por me ajudar a levantar quando eu cair, por me dar forças para continuar e mesmo quando eu pensei em desistir, sem ti senhor nada disso estaria acontecendo em minha vida, e sei também que se você me segurou até aqui é porque tens um propósito lindo em minha vida. Obrigada por tudo.
Aos meus pais, por serem a razão de tudo na minha vida, por permitir que eu esteja hoje concluindo meu sonho e também o sonho deles. Por me mostrar o melhor caminho a seguir, por nunca deixar faltar amor, carinho, atenção, conselhos, apoio e também reclamações, pois nem tudo na vida são flores, as vezes precisamos cair para nos levantarmos mais forte e, talvez há um tempo atrás eu não aceitasse, mas um não dos nossos pais é um sim lá na frente.
Pelos amigos que eu conquistei na faculdade, pela troca de conhecimento com os colegas de sala, e em especial ao meu grupo de faculdade Thaciana, Wictória, Maria e Adylla, porque juntas criamos um laço muito forte de amizade, reciprocidade, empatia, companheirismo e compaixão onde lavarei para o resto da vida.
Pelo privilégio de estagiar três anos na Defensoria Pública de Pernambuco no núcleo de Vitória de Santo Antão, uma instituição que é uma escola para a vida, onde eu aprendi a ser mais humana, a dar uma atenção especial as pessoas menos favorecidas, a saber ouvir mais o outro e também a ter compaixão por elas. Sei que os conhecimentos adquiridos em meu estágio mudarão minha vida, e o sentimento é só de gratidão 
A minha orientadora Rúbia Marinho, por toda dedicação e paciência, em me ajudar nesse momento tão importante na minha vida, e nesse momento tão difícil em que estamos vivendo hoje.
E a todos que fazem a instituição UNIFACOL, que a cada dia que se passa cresce mais, trazendo aos seus alunos um ensino superior de qualidade, e apoiando sempre seu aluno não só internamente, mas preparando de forma ética e profissional para o mercado de trabalho.
Quem me dera compreender os segredos e mistérios dessa vida, esse arranjo de chegadas e partidas; essa trama de pessoas que se encontram, se entrelaçam e misturadas ganham outra direção. ” 
(PE. FÁBIO DE MELO, 2012)
RESUMO
A Lei de Execução Penal, surgiu no ano de 1984, apareceu como uma política criminal que, além de determinar aspectos para aplicação da pena no geral, procurando estimular um sistema mais humano e uma a ressocialização eficiente dos detentos para uma futura reinserção na sociedade. No entanto, o atual modelo de carceragem no país, com o decorrer dos anos, tem gerando um crescimento de sujeitos encarcerados, ocasionado um colapso no Sistema Prisional Brasileiro que não possui vagas apara atender tantos apenados. Além do mais, percebe-se a escassa aplicação de políticas públicas voltadas às instituições prisionais do país que melhorem as condições estruturais e funcionais, principalmente a fim de que todos os indivíduos cumpram suas penas garantindo os princípios da legalidade, isonomia, proporcionalidade e humanidade. Diante desse contexto, por meio de uma metodologia dedutiva, com fase em artigos sobre o tema e a jurisprudência, o objetivo principal dessa pesquisa é discutir acerca da aplicabilidade da súmula vinculante 56 dentro do ordenamento jurídico brasileiro, para que evadir-se deste tipo de discussão das normas constitucionais que asseguram os presos, as decisões do Poder Judiciário se baseiam permitir o cumprimento de pena em regime menos gravoso. O ápice desta mudança é a aprovação da Súmula Vinculante nº 56, que possibilita que na falta de instituição penal apropriada não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso. 
Palavras-Chave: Sistema Prisional. Políticas Públicas. Detentos. 
ABSTRACT
The Penal Execution Law, which appeared in 1984, appeared as a criminal policy that, in addition to determining aspects for the application of the penalty in general, seeking to encourage a more humane system and an efficient re-socialization of detainees for future reintegration into society. However, the current model of incarceration in the country, over the years, has generated a growth of prisoners, causing a collapse in the Brazilian Prison System that has no vacancies to serve so many inmates. In addition, there is a scant application of public policies aimed at the country's prison institutions that improve structural and functional conditions, especially so that all individuals serve their sentences guaranteeing the principles of legality, isonomy, proportionality and humanity. In view of this context, and in order to evade this type of discussion of the constitutional norms that guarantee prisoners, the decisions of the Judiciary are based on allowing the sentence to be served under a less severe regime. The culmination of this change is the approval of the Binding Precedent No. 56, which makes it possible that in the absence of an appropriate penal institution, it does not authorize the maintenance of the convict in a more severe prison regime.
Keywords: Prison System. Public policy. Inmates.
SIGLAS E ABREVIAÇÕES
CF	Constituição Federal
CPP	Código Processo Penal 
STF	Supremo Tribunal Federal
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................10
2 A PENA E SEUS PRINCÍPIOS...............................................................................12
2.1 Histórico e Evolução da Pena...........................................................................12
2.2 As Escolas Criminológicas e sua Evolução....................................................15
2.2.1 Escola Clássica.................................................................................................15
2.2.2 Escola Positivista...............................................................................................16
2.2.3 Escola Crítica....................................................................................................17
2.3 As Penas e suas Finalidades............................................................................18
2.4 Princípios que Norteiam a Penalidade.............................................................19
2.4.1 Princípio da Legalidade.....................................................................................19 
2.4.2 Princípio da Proporcionalidade..........................................................................20 
2.4.3 Princípio da Humanidade..................................................................................20
2.4.4 Princípio da Inderrogabilidade...........................................................................20
2.4.5 Princípio da Personalidade................................................................................21
2.4.6 Princípio da Individualização.............................................................................212.5 Tipos de Sistemas Penitenciários....................................................................22
2.5.1 Sistema Pensilvânico ou Filadélfico..................................................................22
2.5.2 Sistema Auburniano..........................................................................................22
2.5.3 Sistema Progressivo..........................................................................................23
3 PRISÃO...................................................................................................................25
3.1 Sistema Carcerário.............................................................................................25
3.2 Carceragem no Brasil........................................................................................28
3.4 Falência da Carceragem Brasileira...................................................................30
4 A EXECUÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE.......................................32 
4.1 Análise da Lei Nº 7.210/84.................................................................................32
4.2 Regimes de cumprimento de penas restritivas de liberdade.........................34
4.2.1 Progressão de regime.......................................................................................34
4.3 Ausência de vagas em regime adequado e a Súmula Vinculante 56............37
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................40
REFERÊNCIAS..........................................................................................................42
1 INTRODUÇÃO 
 
A princípio, as prisões possuíam apenas a função de custódia, isto é, preservar os réus detidos até o julgamento. Em seguida, considerando a Revolução Industrial, o capitalismo e a importância do trabalho, as prisões começaram a ser vistas não apenas como custódia, mas para atender as penas, depois dos julgamentos. 
Logo, as penas obtiveram novas formas, conforme o cenário histórico de cada local, mas mantendo o seu papel de corrigir os sujeitos para que os mesmos não voltassem a atuar de modo contrário as normas da sociedade. 
Além disso, o Estado começou sua intervenção na determinação destas normas e estabeleceu os meios de prisão e punição, fazendo uso do Direito Penal, atendendo ao grau de reprovabilidade do comportamento. Considerando que a prisão-custódia e a prisão-pena têm funções distintas e suas próprias particularidades, a divisão entre o Direito Penal e a Execução Criminal foi fundamental. 
A execução criminal reflete de modo resumido, a consequência prática do Direito Penal e tem como função cumprir as observações da decisão ou sentença criminal. No Brasil a principal da Execução Criminal é a Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984, chamada Lei de Execuções Penais – LEP. A LEP surge de forma analítica, desenvolvendo-se sobre inúmeros fatores e expondo a complexidade do Sistema de Execução Penal. 
Pode-se observar nessa norma que o legislador se dedicou na formação de um sistema para cumprir a pena com base em ideais de justiça e ressocialização. No entanto, considerando que além dos fatores de validade, a legislação tem que atender os critérios da eficácia social, a aplicabilidade da LEP apresenta, desde sua origem, inúmeros obstáculos, acerca da disparidade entre o texto normativo do legislador e a realidade social. Onde no contexto nacional, o encarceramento em massa e falta de estrutura apropriada para preservar os presos (condenados ou os que aguardam o julgamento) é difícil visualizar a aplicação dos ideais e diretrizes da Lei de Execuções Penais. 
Sabendo que o sistema penitenciário no Brasil está em colapso, assim, o encarceramento em massa e o déficit de vagas nos ambientes prisionais são dois dos principais problemas que favorecem as diversas violações de direitos que ocorrem constantemente com os apenados. Com o objetivo de sanar algumas irregularidades, o Supremo Tribunal Federal publicou em 29 de junho de 2016 a súmula vinculante 56, que teve como precedente normativo o Recurso Extraordinário nº 641.320/RS. 
A referida súmula possui a seguinte redação: A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE 641.320/RS.
Como se compreende a referida sumulada, diante do cenário carcerário precário e sem vagas para todas os indivíduos nos cumprimentos de suas penas, destinando o autor do delito para o regime mais gravoso?
Diante disso, o objetivo principal consiste em discutir acerca da aplicabilidade da súmula vinculante 56 dentro do ordenamento jurídico brasileiro. Os objetivos específicos serão abordados ao discorrer sobre os princípios penais e suas principais deliberações, compreender a abordagem da execução da pena privativa de liberdade; apresentar como ocorre a aplicação da súmula vinculante 56.
Por meio de uma metodologia dedutiva, ou seja, esse argumento é feito do maior para o menor, ou seja, de uma premissa geral em direção a outra, particular ou singular, essa pesquisa se dividi em 4 capítulos e as considerações finais. No primeiro capítulo, consta a parte introdutória da pesquisa, elucidando acerca do tema abordado. O segundo capitulo, será discutido a pena, seus princípios, historicidade e evolução. O capítulo seguinte, traz o sistema prisional brasileiro abrangendo o tipo de carceragem e a sua falência e motivações. No quarto e último, compreende o entendimento do ordenamento brasileiro sobre a execução da pena privativa de liberdade e as legislações sobre sua aplicabilidade. 
2 A PENA E SEUS PRINCÍPIOS
As penas no direito penal são punições definidas pelo legislador e normatizadas na parte especial do Código Penal. É necessário que haja a regulamentação para que a convivência em sociedade não ultrapasse os direitos e os limites dos cidadãos.
2.1 Histórico e Evolução da Pena
Começando a falar sobre a vingança privada: o homem sempre necessitou viver em grupos, com o passar dos tempos foram surgindo às contendas trazendo uma série de atritos e descontentamentos, sendo à época resolvida de acordo com o senso do líder de cada grupo, o que acontecia na maioria das vezes com derramamento de sangue.
 “Surgiu no Código de Hamurabi, Rei da Babilônia, em XVIII a. C., posteriormente espraiando-se para outras legislações” (NORONHA, 2000 p. 21).
Foi uma legislação surgida no século XVIII, através desse código, fundamentado na lei de talião que nasceu a expressão “olho por olho, dente por dente”, o qual se dizia que a pessoa que cometeu determinado crime deveria pagar por ele na medida de sua proporcionalidade, por exemplo: quando o indivíduo enganasse a alguém imputando falso contra uma pessoa, e o mesmo não pudesse demonstrar tal verdade, então a pessoa que enganou era condenada à morte. Ou até mesmo o simples fato de roubar também lhe cairia uma pena mortal.
Nos nossos dias atuais, sabe-se que é uma lei desmoderada, primitiva, que não se observa mais em nossa sociedade, porém, podemos dizer que conforme sua história a lei de talião pode ser considerada como um avanço, antes do código a vítima ficava a mercê de sua vontade para fazer o que achava melhor. 
Assim discorre Canto sobre o talião: 	
Apesar de se dizer comumente pena de talião, não se tratava propriamente de uma pena, mas de um instrumento moderador da pena. Consistia em aplicar no delinquente ou ofensor o mal que ele causou ao ofendido, na mesma proporção. (CANTO, 2000, p. 8).
Através da regra da composição, isso foi se modificando. Aqui o ofensor poderia reparar seu dano, ou seja, o ofensor podia comprar sua liberdade com dinheiro, gado e objetos, sendo remotamente a origem da reparação civil e das multas penais.
As civilizações do antigo oriente possuíam uma legislação penal caracterizada pela natureza religiosa de suas leis, originando-se da divindade. Nesse sentido, o agressor deveria ser castigado para aplacara ira dos deuses e reconquistar a sua benevolência. (SHECAIRA, 2002, p. 26).
Nessa fase, os povos decidiam tudo através da religião, ou seja, a repressão ao crime cometido pelo infrator, era a ira da divindade ofendida pelo crime e os castigos eram administrados pelos sacerdotes, uma vez que feria os deuses e àqueles eram seus mandatários. Os infratores eram penalizados com severidade, crueldade e penas desumanas.
Nesta época, os crimes cometidos eram considerados um pecado contra os deuses, e por isso, recairia sobre o indivíduo uma pena, que seria para purificar sua alma.
Daí com a evolução do tempo vieram à vingança através do estado, a chamada vingança pública, nessa fase a sociedade já estava mais organizada, onde os soberanos tinham mais poderes.
“Com relação à pena em Grécia e Roma, é ressaltado o caráter sacro revelado nas obras dos grandes trágicos gregos. Entretanto, algum tempo depois, a pena se torna pública, variando sua severidade de acordo com o tipo de delito”. (SHECAIRA, 2002, p. 28).
Assim, depois de tantas realidades vivenciadas pelas tribos, o indivíduo cansado vem a se deparar com a necessidade de além de organizar em grupos, também da instituição de um poder regulador, para reger a todos com imparcialidade.
O estado ainda não aplicava a pena de maneira proporcional, a vingança divina ainda tinha grande influência nessa época, mas pode-se dizer que nesta fase teve uma grande evolução, contudo nessa época o estado passa a ter mais poderes, mesmo com toda influência religiosa.
“A partir do início do século XIX, a pena passa a existir como forma de reprimir o crime, mas ela também deve ser estabelecida para que exerça uma função preventiva.” (NUNES, 2016, p. 5).
Depois de tantas fases percorridas, chegando ao período contemporâneo, onde não existe mais pena cruel nem degradante como forma de punição. Aqui a pena não só serve como punição, mas também como forma de prevenir o crime enquanto o criminoso estiver encarcerado, contanto o crime não deixa de existir, embora aqui o estado tenha a obrigação de tentar recuperar o encarcerado fazendo com o que o mesmo pense sobre os atos cometidos.
Aqui o estado é o detentor do poder de punir, de onde mais não existiria a pena de morte e sim a missão de ressocializar e reintegrar o indivíduo a sua sociedade. Como também transformar a pessoa cujo crime foi cometido em uma pessoa que não mais cometeria tais atos delituosos, ou seja, a mudança do criminoso em um cidadão de bem para o convívio no seu meio social.
Vimos que as penas, anteriormente, tinham uma natureza aflitiva, ou seja, o corpo do delinquente pagava pelo mal que ele havia praticado. Era torturado, açoitado, crucificado, esquartejado, esfolado vivo, enfim, todo tipo de sevícias recaía sobre seu corpo físico. (GRECO, 2016, p.589).
Todo e qualquer tipo de punição recaia sobre o corpo do delinquente, que como exemplo mais simples pode citar as leis de talião, como já foi mencionado no presente trabalho, qualquer tipo de crime que o indivíduo houvesse praticado recaia sobre o seu corpo, era castigado fisicamente na medida de sua prática criminosa vale ressaltar que muitas das vezes os castigos eram desproporcionais com o erro que o indivíduo havia cometido, as penas eram as mais cruéis possíveis, poderia ser de perder um membro de seu corpo desde pagar pelo crime cometido até com sua própria vida.
No entanto, foi no final do século XIX que de fato ocorreu o ápice da pena privativa de liberdade, com o intuito de dar melhores condições de vida aos apenados. Posteriormente, no século XX inicia-se a busca por mecanismos efetivos para a ressocialização dos detidos, com uma função mais crítica, projetando melhores cenários para a vida dos prisioneiros, capacitando-os para o regresso do convívio social através da recuperação e ressocialização. (NUNES, 2005, p. 120)
Como afirma Rogério Greco, passaram a ser desenvolvidos “novos sistemas penitenciários, procurando-se preservar a dignidade da pessoa humana, evitando-se os castigos desnecessários, as torturas, os tratamentos degradantes a que eram submetidos os presos. (GRECO, 2011, p. 67)
Com a evolução do direito e a aplicabilidade da pena essa forma de pagar pelo crime que já houvera cometido deixa de existir, daí surge a fase da humanização, as penas começaram a ser mais “leves” em consideração ao que se era vivido anteriormente, o ser humano começou a ser tratado com mais respeito, assim podemos dizer que a pessoa que cometesse crime sofreria menos, a partir dessa fase começaram a surgir as penas de forma mais humana, a qual a mais comum era ser privado de seu direito de viver em liberdade, as chamadas prisões. No Brasil tem-se três formas de prisões, os chamados regimes, são eles: o regime aberto, o regime semiaberto e regime fechado. 
2.2 As Escolas Criminológicas e sua Evolução
2.2.1 Escola Clássica
A Escola Clássica foi a primeira Escola Sociológica do Crime, se originou se no período do Iluminismo italiano no século XVIII. Foi fundamentada em certos princípios, tendo como principais objetivos dois princípios básicos, o fenômeno criminal e a sanção prescrita pelo Estado. 
É possível compreender que a Escola Clássica se configura por ter “projetado sobre o problema do crime os ideais filosóficos e o ethos político do humanismo racionalista. Intencionando a racionalidade do indivíduo, haveria de se argumentar, somente, quanto à justiça da lei” (SOARES, 2013).
O marco inicial da Escola Clássica se deu na era Iluminista. Refere-se que seu iniciou-se entre o século XVIII e XIX, no entanto, a grande referência desta escola foi o ilustre reformador, Cesare Beccaria, onde “embora o pensamento clássico, de uma forma acabada possa ser identificado com o século XIX, é com o Cesare Bonesana, Marquês de Beccaria, que se fincam os pilares que possibilitam construir o arcabouço teórico classicismo” (SHECAIRA, 2013)
O pensamento classista é estabelecido pela necessidade de se consolidar a existência de um direito superior às forças históricas, em consequência da própria natureza humana. Possivelmente constante na essência ou resultado de um livre acordo de vontades entre os homens (BRUNO, 1978).
Beccaria defendeu a presença de leis claras, de fácil compreensão, conhecidas e obedecidas por todos, indicando que “se a arbitraria interpretação das leis constitui um mal, a sua obscuridade o é igualmente, visto como precisam ser interpretadas”, desenvolvendo ainda mais quando as leis não são escritas a partir de uma linguagem clara e de fácil interpretação. Não obstante, guerreou contra a tortura, o testemunho secreto e os juízos de Deus, em razão da ineficácia desses métodos à obtenção da verdade. Para ele, a efetividade do cumprimento da lei tinha importância e não o seu rigor (SOARES, 2013). 
A obra do Marquês, Dos Delitos e Das Penas, tornou-se essencial ao direito penal liberal e da própria criminologia clássica. Resultando no maior alvo de críticas dos pensadores iluministas, diante das suas diferentes concepções criminológicas. 
Destarte, a Escola Clássica firmou suas ideias tão somente na razão iluminista, e a Escola Positivista, na exacerbação da razão confirmada por meio da experimentação. Os Clássicos mantiveram seus olhares no fenômeno e encontraram o crime, já os positivistas refletiram nos autores desse fenômeno, localizando o criminoso.
2.2.2 Escola Positivista
O pensamento denominado clássico foi consideravelmente criticado quando, a ideologia da burguesia em ascensão, restou submetida à falência das suas expectativas, as quais foram depositadas nas mudanças paradigmáticas do capitalismo. Esse grave momento histórico e criminal, já que não houve diminuição da criminalidade, decorreram da Revolução Industrial, e, em face disso, surgiu a crítica positivista (BITENCOURT, 2016).
Aproximadamente um século depois da publicação da obra de Beccaria, publica-se a primeira edição do livro L’uomo delinquente de Cesare Lombroso, podendo afirmar-se que ele inaugurou a Escola Positiva Italiana. Vale frisar que independentemente da validadeintrínseca das hipóteses explicativas lombrosianas, a Escola Antropológica, assim também conhecida, representou positivamente o tratamento do crime. A partir disso, nasce a criminologia científica como disciplina verdadeiramente científica (DIAS, 1997).
Em meados de 1885, o magistrado Garofalo, intitulado como o pioneiro da fase jurídica da Escola Positiva e o que iniciou a criminologia, publicou a obra “Criminologia”. Colaborou também com a compreensão de que a pena deveria ter a finalidade de prevenção especial, a periculosidade como fundamento da responsabilidade do delinquente. Ainda admitiu a ideia de que o cárcere deveria ser preservado a casos graves, propondo “substitutivos para os delitos mais leves e reparação às vítimas do delito e dos erros judiciários” (DIAS, 1997). 
2.2.3 Escola Crítica
A criminologia crítica surgiu com o escopo de criticar o objetivo ressocializador da pena, visado pela criminologia tradicional, de cunho nitidamente positivista, ou seja, ela decorre de uma reação à criminologia tradicional (VERAS, 2016).
De acordo com os críticos, o crime seria a consequência das injustiças sociais e econômicas que derivavam do individualismo capitalista. A Escola Crítica apresentou também um diagnóstico sociológico de índole marxista do fenômeno criminal, surgiu na década de 1960, consolidando-se em meados da década 1970. Por meio de teorias políticas e econômicas do crime, iniciou-se a análise das causas sociais e institucionais causadoras do delito, tendo sido impulsionada pela tensão social interna e o panorama conturbado da política internacional.
A criminologia crítica aderiu como novo conceito da reação social as teorias como o labelling approach e a criminologia do conflito, as quais passaram a fundamentar a defesa dos integrantes da Criminologia Crítica. 
Pode-se analisar que no momento em que os procedimentos de controle da sociedade agem, acaba-se gerando um tipo de rotulação dos criminosos, resultando num procedimento de discriminatório, e, como consequência, a continuidade da ação delitiva.
Vale ressaltar, que a escola Crítica anula qualquer hipótese de ressocialização do infrator, sendo a função da pena somente para afastar o infrator da convivência social. Dando a entender que a sociedade deve ser ressocializada e não o delinquente.
2.3 As Penas e suas Finalidades
A sanção foi criada pelo estado para punir alguém que comete algum delito, o estado é detentor do direito de punir, assim, compete só a ele punir o indivíduo que venha a cometer algum delito tipificado no código penal.
“Pena é a sanção, consistente na privação de determinados bens jurídicos, que o Estado impõe contra a prática de um fato definido na lei como crime’’. (BRUNO, 1966, p. 22).
A punição ela é consequência advinda de alguma infração cometida, que como já dito é poder/dever de o estado aplicá-la, somente o estado possui esse poder. A mesma é exercida para evitar que novas infrações venham a ser cometidas.
Então toda sociedade deve cumprir o que a lei determina para que se tenha um bom convívio entre todos, além do mais onde cada pessoa possa ter um relacionamento harmônico respeitando o direito de cada um, já que uma vez violada essas regras surgem para o estado o poder de punir o infrator.
A pena tem a característica de ser uma forma de controle para a sociedade para que todos possam conviver bem, e como chefe dessa organização tem-se o Estado, que interfere nos conflitos sociais e não deve ser insatisfatório e nem passar nos limites, quando se trata de aplicabilidade da pena.
São princípios que devem ser respeitados e nossa constituição traz tais garantias, sendo assim o Direito penal é de grande importância para a sociedade, que desde os primórdios de um jeito ou outra busca se organizar na resolução de seus conflitos.
A pena tem por finalidade solucionar o problema do grande crescente onda de crimes, ela previne a todos mostrando o que não se deve fazer, mostrando que se caso cometer alguma infração lhe será aplicado uma sanção. Ou seja, levará qualquer pessoa a pensar, opa, se eu cometer tal violação contra os preceitos jurídicos eu vou ter que responder por tal fato, daí então, antes de realizar uma conduta o agente pensaria a não cometer tais delitos.
Isto é, a punição antigamente era tão somente aplicada ao indivíduo como uma lição para ensinar-lhe que ele não cometesse nenhum delito, pois se isso acontecesse cairia sobre o mesmo uma penalidade como forma de retribuição por o mal cometido. Mas com o passar do tempo veio também como prevenção, já que enquanto ele estivesse preso não poderia cometer nenhum delito, além disso, passou a sanção ser observada com outros olhos para poder implementar um meio que pudesse ressocializar o preso para que ele não cometesse tais atos delituosos.
2.4 Princípios que Norteiam a Penalidade
A seguir serão analisados os princípios que norteiam as penas, ou seja, os princípios pertinentes para aplicação de penas. 
2.4.1 Princípio da Legalidade 
O princípio da legalidade foi estabelecido de modo genérico no art. 5ºda CF/88, que determina que “nenhum individuou tem a obrigação de fazer ou deixar de fazer algo, exceto nos casos da lei”. 
De acordo com Novelino (2017), consiste em uma segurança individual, que tem o objetivo de garantir os direitos fundamentais e são diversos valores, principalmente a liberdade, a propriedade e a segurança jurídica. E essa garantia acontece por meio do balizamento do poder do Estado, que deve ser efetuado de acordo com as normas da CF/88 com fundamento jurídico.
2.4.2 Princípio da Proporcionalidade 
A proporcionalidade da pena é outro aspecto determinado pela CF, que afirma a necessidade de uma proporção entre o delito e a sanção imposta. De acordo com Mirabete (2009) para cada crime deve ser coibido com uma pena proporcional ao dano por ele ocasionado. 
O Princípio da Proporcionalidade determina a segurança do sujeito oposto as interferências do Estado que podem ser desnecessárias ou exacerbadas, que impactem nos cidadãos graves prejuízos que o substancial para a garantia dos interesses públicos.
O Princípio da Proporcionalidade de acordo com o Ministro do STF, Barroso (2018, p. 168) apresenta três categorias, que são elas, da necessidade, adaptação e proporcional em sentido específico.
A necessidade determina que magistrado faça adesão no caso de conflitos de direitos fundamentais ao passo, dentre as adequadas a responder as finalidades do Estado, que ocasione um menor dano a sociedade, isto e, provoca em compreender se a medida aplicada é realmente necessária.
2.4.3 Princípio da Humanidade 
O princípio da Humanidade, está previsto no art. 5º, da CF/88 que declara que “nenhum individuou será posto sob tortura nem outro tipo de tratamento desumano ou humilhante”, como acima supracitado o ser humano não deve passar por nenhum tipo de tortura, ou outras formas de sofrimento, pois vai de encontro ao princípio da Humanidade, pois todo indivíduo tem direito a um tratamento digno e respeitoso, e isso inclui os apenados, por atuarem em delitos contra a sociedade.
2.3.4 Princípio da Inderrogabilidade 
O Princípio da Inderrogabilidade determina visto que ocorreu o crime a pena dever ser executada. De acordo com de Mirabete (2009, p.41) “depois de ter realizado o crime, a obrigação dever ser precisa e a sanção deve ser cumprida”. 
Acerca deste princípio pode existir limitações, considerando que, há casos que isso não acontece, como a suspensão condicional da pena (sursis), no livramento condicional, no perdão judicial, na anulação da punibilidade.
2.4.5 Princípio da Personalidade 
A pena tem o aspecto de ser pessoal e intransferível considerando que só alcança o agente do crime, segundo o art. 5º CF/88 que determina que nenhuma sanção transpassará do autor do delito. Dessa forma, discorre Dotti (2013): 
Não existe nenhum fundamento humano, social e ético para que o sacrifício da pena seja também imposto aos parentes e amigos do responsável pelo fato punível. A malsinada sentença lavrada pelo tribunalque condenou à morte Joaquim Jose da Silva Xavier, O Tiradentes, declarando infames os seus filhos e netos, constitui um dos modelos mais repugnantes da violação do principio da personalidade que antes de uma garantia constitucional (art.5º, XLV) e legal (CP, ART. 29 c/c o art. 13) é uma imposição do Direito Natural, assentada no antigo brocardo suum cuique tribuere (dar a cada um o que é seu) (DOTTI, 2013, p. 562).
A exceção desse princípio no tocante do art. 5º XLVI, “possibilitando apenas a decretação de perdimento de bens ampliados, aos sucessores e contra eles infringidos até o limite do patrimônio transferido.
2.4.6 Princípio da Individualização 
O princípio da individualização da pena assegura que as sanções devem são direcionadas aos agentes do delito e que não sejam aplicadas de modo igualitário, mesmo que os crimes sejam iguais, deve considerar que cada sujeite tem seu próprio histórico, e receba somente a punição que lhe é cabível, independente da prática do delito igual. 
A CF/88 no art. 5º, afirma que a lei normatizará a individualização da sanção e dessa forma aplica-se o CP no seu art. 59 e o CPP em seu art. 387. De acordo com Dotti (2013), individualizar a sanção expressa em aplicar ao autor a resposta penal cabível para coibir e prevenir o delito.
2.5 Tipos de Sistemas Penitenciários 
Durante a evolução da pena, em conjunto com a organização do sujeito em sociedade e, como consequência, na construção do Estado, nasceram novas teorias filosóficas e religiosas que procuravam elucidar explicar a aplicabilidade da pena, sua fundamentação e sua finalidade na sociedade e no Estado. 
Os sistemas penitenciários direcionados no modelo de reclusão, ou seja, com penas privativas são quatros. Que serão descritos a seguir. 
2.5.1 Sistema Pensilvânico ou Filadélfico 
Também chamando de sistema belga ou celular, surge me meados de 1790 na prisão de Walnut Street e, posteriormente, foi aderido nas prisões de Pittsburgh e Cherry Hill. As caraterísticas desse sistema foram pautadas nas visões religiosas e no Direito Canônico. O apenado deveria ser totalmente isolado em uma cela, sendo proibido contato com o meio exterior. 
O objetivo desse sistema, era realizar a expiação da culpa e a emenda dos detentos. Apenas era permitido passeios intermitentes no pátio da prisão e a leitura bíblica, para o apenado alcançasse arrependimento do crime cometido e, alcançar o perdão diante da sociedade e do Estado.
Como se pode analisar, esse sistema era fundamentado na solidão e no silêncio absoluto, foi veemente criticado, considerando que a aplicação do isolamento absoluta promovia insanidades e, outros distúrbios, assim, pode-se considerar que a ressocialização era mínima. 
2.5.2 Sistema Auburniano 
A necessidade de realizar uma correção nos defeitos e superar as insuficiências do sistema filadélfico, motivou o surgimento de um novo sistema, chamando de sistema auburniano. Nome dado devido a primeira prisão ao aderir esse sistema foi construída em Auburn, em Nova York, no início do século XIX em 1818 (GREGO, 2010).
Similar ao sistema filadelfico, era utilizado o confinamento total do detento, no entanto, era permitido realização de trabalho, mediante silêncio absoluto. Não era permitido, a mínima comunicação entre os apenados, com o intuito de prevalecer o silêncio absoluto.
Seu fracasso refletia as oposições da época sobre o trabalho penitenciário, pois a produção nas carceragens detinha custos mais baixos e assim, poderia representar uma competição entre o trabalho dito como livre. Outro fator negativo desse sistema foi o regime disciplinar utilizado, que em determinados pontos é semelhante a um regime militar, e faz uso de castigos considerados altamente cruéis.
2.5.3 Sistema Progressivo 
O sistema progressivo insere um subjetivo cumprimento de pena em reclusão, ao passo que, possibilita que a duração estabelecida na sentença possa ser reduzida, a qual depende de uma boa conduta do apenado, e também, quando o mesmo realiza os trabalhos cabíveis do sistema penitenciário. Sua maior vantagem, consiste no incentivo ao senso de responsabilidade dos detentos.
O sistema progressivo foi bastante difundido, e era formado por três fases. A primeira se apresentava como um período de isolamento durante o dia e a noite, onde o detento podia ser submetido a trabalho obrigatório. Posteriormente, a segunda fase, é sob o regime de trabalho durante o dia e isolamento noturno. A progressão na pena ocorria por meio da contagem dos vales alcançados pelos presos, que eram distribuídos conforme o desempenho no trabalho e a conduta prisional.
Atualmente, a progressão é vista como cumprimento de um sexto da pena no regime anterior, requer a aferição, pelo diretor da instituição prisional, de bom comportamento e, o preenchimento de critérios relevantes. Esse sistema progressivo consiste em um marco, pois, além da redução no excesso de rigidez dos sistemas que o antecederam, também foi ele que considerou a real vontade do apenado.
Essa primeira análise, nos faz irmos ao encontro de um Brasil que possui mais de meio milhão de pessoas presidiários, conforme dados do IBGE, e sua classificação é de ser o quarto país do mundo em número absoluto de presos, faz-se primordial uma abordagem emergencial e, além de tudo avaliar tudo que interliga no que se refere ao sistema penitenciário, é preciso termos total lucidez para compreender que, não basta o Estado exercer seu direito de punir , é indispensável que a prisão do indivíduo, tenha uma função ressocializadora, pois, futuramente este individuou voltará ao convívio social. 
3 PRISÃO
3.1 Sistema Carcerário
A Constituição Federal, em seu art. 5º, mais precisamente nos incisos XLVII, alínea ‘e’, XLVIII, XLIX, e L até LVII, traz os princípios norteadores do cumprimento das penas151, e as disposições sobre os estabelecimentos de execução de penas privativas de liberdade, com base nos direitos humanos e convenções a que se filia, que servem de norte para a legislação infraconstitucional.
É possível tomar como exemplo do retrato do que é hoje o sistema penitenciário nacional, o claro desrespeito ao inciso XLVII, alínea ‘e’, da CF/88: ‘’ XLVII não haverá penas: [...] cruéis.’’
Ora, por penas cruéis, entende-se não apenas aquelas que não devem ser cominadas em abstrato no Código Penal, mas aquelas cujo cumprimento se desvia do fim humanístico a que se propôs: o de recuperar o delinquente e de reparar a conduta praticada, através da privação de um dos maiores bens jurídicos, a liberdade (GRECO, 2016).
Nesse sentido, a pena torna-se cruel quando seu cumprimento se torna danoso à integridade física, moral e psíquica do apenado, seja através da punição que lhe é imposta, seja pelo local onde é levado a cumpri-la.
Consequentemente, nos deparamos com mais uma regra do art. 5º da CF/88 quebrada, a do inciso XLIX, que assegura aos presos o respeito à integridade física e moral. Regra esta, que não pode ser mantida com o desinteresse no resguardo das garantias e direitos fundamentais destes indivíduos, cuja proteção, por si só, já constitui política criminal de prevenção ao crime.
Igualmente, a LEP Lei de Execução Penal, (Lei nº 7.210/1984) traz outras disposições complementares, destinadas a nortear os sistemas prisionais do país, assegurando, em tese, os direitos e garantias fundamentais das pessoas que são submetidas à pena de prisão, seja para cumprir condenação ou ainda que prisão provisória.
Assim, a Lei de Execução Penal, especificamente no Título IV de seu texto, traz as diretrizes que devem ser observadas para a execução das penas privativas de liberdade, em especial no que tange aos locais e procedimentos a serem adotados para cada tipo de regime prisional e também para as peculiaridades dos presos (NUNES, 2005).
Sabe-se que apesar de todas da Lei de Execução Penal, na prática o sistema prisional não funciona como o previsto, na verdade o administrador prisional enfrenta grandes dificuldades em garantir a proteção dos direitos fundamentais dos internos,diante das inúmeras avarias em termos de estrutura e funcionamento que possuem as prisões brasileiras.
Nesta vertente, em que pese a CF/88 trazer claramente vedações e recomendações acerca do funcionamento do sistema punitivo brasileiro, o que se vê na prática é o afastamento e até o esquecimento dos direitos e garantias fundamentais destes cidadãos, que estão inseridos no sistema penitenciário nacional sem boas expectativas em relação ao seu futuro na sociedade.
Por este prisma, deve-se destacar que a crise do sistema prisional é problema antigo no sistema jurídico, chegando a ultrapassar as barreiras do Direito, tornando-se objeto de estudo da filosofia, sociologia, psicologia e educação, tamanho o impacto causado na sociedade.
A questão penitenciária é das mais relevantes no momento, trazendo à meditação suas consequências para a vida em sociedade, assim como nossa teoria de valores. Importa ser vista de maneira responsável e não superficial, sob pena de colaborar, como tem colaborado, para o aumento da violência.
Nem sempre se tem em mente, de forma clara, porque existem as prisões e as penas. Alguns pensam que a Humanidade se divide em "mocinhos e bandidos" e temos ouvido, repetidas vezes, de um político brasileiro, que "bandido bom é bandido morto". Por essa ótica simplista, a prisão seria uma espécie de lata de lixo, onde jogaríamos os "bandidos" que não podemos matar e, assim, a questão penitenciária não mereceria que com ela gastássemos tempo e dinheiro (GRECO, 2016).
De fato, parte da população não tem conhecimento de que o sistema penitenciário é apenas um elo de uma corrente que vai desde a prática do crime até a recuperação da pessoa que a praticou, a fim de que possa ser inserida novamente em uma sociedade de paz.
Por outro lado, cuidar da questão penitenciária nem sempre dá votos aos políticos, conquanto certamente traria a diminuição da violência e mais paz para a sociedade. Desta última parte algumas pessoas se esquecem.
Fato é que as prisões se encontram notoriamente abarrotadas, sem as mínimas condições dignas de vida, muito menos de aprendizado para o prisioneiro, que, em consequência, não é estimulado primeiro à recuperação e a reinserção na vida em sociedade, mas a praticar mais e mais graves crimes. Isso precisa mudar.
Em primeiro lugar, cabe rápida consideração sobre a origem do crime e a pessoa do criminoso. Será que alguém nasce intrinsicamente criminoso? Esta antiga teoria de Lombroso (2012) é notoriamente superada entre os juristas. A realidade é que não há pessoa imune à prática de crime (nenhum de nós é santo; quase todos nós, se não todos, "falamos da vida alheia" e cometemos, por exemplo, o crime de difamação) e não há pessoa que não tenha um momento de piedade na vida.
A realidade é que a Humanidade não se divide em "mocinhos e bandidos" e ninguém é, o tempo todo, criminoso ou santo ("quem não tiver pecado que atire a primeira pedra"). Ninguém pode ser jogado ao lixo. Já daí, por questão de dignidade humana o Estado e a sociedade não devem ser criminosos como os criminosos, pois não é o exemplo de crueldade que fará deixar de ser cruel (NUNES, 2005). 
A prisão há de ser uma escola (mais dura, evidentemente, já que se pressupõe que quem a ela foi levada não está em condições de ser educado normalmente pela sociedade lá fora, mas escola). O objetivo da prisão, assim como o objetivo principal da pena, segundo o pensamento jurídico mais moderno, é didático, ou seja, a reeducação do preso. Este é o pensamento que vê no ser humano a prioridade da Humanidade, de quem tem a vida como prioritária em sua teoria de valores.
Mesmo esquecendo-se do lado humanitário da questão e de todos seres humanos, mesmo procurando ser simplesmente pragmático no controle da violência, a solução da questão penitenciária há de ser a mesma: as prisões têm de ser escolas, senão pouco adiantam, pois tornam-se escolas de crimes e de violência (GRECO, 2016).
Ninguém pratica o que não conhece, e não é considerando um bandido "irremediável" que alguém vai deixar de ser criminoso. A prisão de hoje, com super lotação, promiscuidade, falta de seleção dos criminosos, tende a levar o prisioneiro ao desespero e a prática de novos e maiores crimes que lá aprendem. Evidentemente, não é este o caminho, a prisão normal há de promover a reeducação do prisioneiro, principalmente dando ocasião ao trabalho onde aprendeu ofício, se não o tiver, para que se adapte ao mundo de fora onde deverá ser reintegrado.
Estamos gastando dinheiro com bandidos? Não. Estamos gastando dinheiro para que não existam bandidos, e de maneira civilizada e eficaz. Estamos gastando dinheiro com a nossa segurança.
3.2 Carceragem no Brasil
Atualmente, milhares de presos cumprem pena de forma subumana, em celas superlotadas, apinhados uns sobre os outros. O sistema carcerário se propõe a recuperar e a reeducar os presos e prepará-los para retornar à sociedade. Infelizmente, isso não ocorre, e cada vez mais encontramos presos reincidentes. Os presos ficam na maior parte do tempo ociosos, na maioria dos presídios, eles só se movimentam na hora do jogo de futebol. O que a sociedade lucra com isso? Nada, apenas violência.
Muitos proclamam que os indivíduos ali trancafiados não têm nenhuma chance de recuperação e que a pena de morte deveria ser aprovada e aplicada e com isso haveria uma redução do problema de superlotação carcerária. Será que realmente seria essa a solução? Pensamos que não, poderíamos amenizar em médio prazo a superlotação reduzindo em cerca de 20 a 30% mas, teria que se dar aos acusados a mais ampla e irrestrita possibilidade de defesa até o último grau de jurisdição para diminuir as chances de erro judiciário.
O Estado não deveria arcar com ônus de custear o sistema carcerário e deveria transferir essas atividades para a iniciativa privada, a exemplo do que ocorre em outros países. Com isso, tirar-se-ia um peso das costas do Estado, e o dinheiro que era usado neste setor poderia ser utilizado em outra área com maior retorno social.
A ocorrência de fugas diminuiria consideravelmente em consequência da situação favorável do meio, sendo os presos tratados e vistos como pessoas, e não como animais, como acontece hoje (NUNES, 2005).
De acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça – CNJ (2014), 
O Brasil é o terceiro país que mais encarcera no mundo, ficando atrás dos Estados Unidos e da China, tendo ultrapassado a Rússia. A população conta com 711.463 presos e a capacidade para tal é de apenas 357.219 apenados. Vale ainda salientar que se todos os 373.991 que estão em aberto fossem cumpridos nossa população carcerária chegaria a um total de 1.085.454 indivíduos. Esses dados exorbitantes chamam a atenção para a necessidade de estudos aprofundados e sistemático sobre a função, ou não, ressocializadora das prisões, o fenômeno da reincidência criminal como também como sobre a eficácia de dispositivos alternativos. O perfil socioeconômico dos detentos de acordo com as Informações Penitenciárias - Infopen (2014) mostra que 55% têm entre 18 e 29 anos, 61,6% são negros e 75,08% têm até o ensino fundamental completo. Em relação aos crimes 28% dos detentos respondiam ou foram condenados por crime de tráfico de drogas, 25% por roubo, 13% por furto e 10% por homicídio e 3% por latrocínio (INFOPEN, 2014).
Sendo assim, que o desrespeito ao apenado não alcança somente os seus direitos, deteriora a sua própria condição de ser humano, colocando em situações de extrema humilhação tal como desumana. 
É claro que o Estado não se afastaria totalmente, pois seria criada uma agência para fiscalizar a atuação nos presídios e também para punir as irregularidades, a exemplo do que ocorre com a Anatel nas telecomunicações. Com isso, desentravaria o estado e conseguiríamos socializar os detentos.
Impende rememorar que o sistema penitenciário tem origens religiosas, eles remetem à ideia de um mecanismo destinado à purificação através de penitências, daí o nome ‘penitenciária’, e por isso, com o desenvolvimento da sociedade e a sua frequente exposiçãoa violência, passaram a um estágio em que as prisões são encaradas como locais específicos para a ‘purgação’ dos pecados (crimes), de modo que é conveniente que se assemelhem a um purgatório, este no sentido mais próximo da descrição feita pelo poeta italiano Dante Alighieri em sua obra a Divina Comédia (GRECO, 2016).
Na concepção do jurista brasileiro Aury Lopes Jr. (2015), o sistema carcerário brasileiro encontra-se em condições medievais, segundo ele, a violência ilegítima, os excessos e abusos na execução da pena, desviaram o foco do instituto da pena privativa de liberdade no Brasil, pois muitos ainda não se deram conta de que punir é um ato legítimo e civilizatório.
A crise do sistema prisional brasileiro possui complexa dinâmica, envolvendo diversos fatores que contribuem para sua exasperação, tais quais as bases históricas e sociais, fundadas em uma política criminal seletiva e excludente, além dos interesses econômicos em torno da manutenção dos quase 3.000 estabelecimentos prisionais do país, que agonizam diante dos recursos estatais rarefeitos que lhes são destinados.
Sendo assim, é possível afirmar que a crise do sistema prisional brasileiro reside na dificuldade do Judiciário em aplicar os dispositivos atinentes à execução penal, buscando a ressocialização do condenado, em um sistema carcerário falido, incapaz de repassar aos internos as ‘benesses’ da restrição de liberdade, em vistas da carência de atenção e trabalho conjunto por parte dos Poderes Executivo e Legislativo no sentido de melhorar o sistema criminal como um todo.
3.4 Falência da Carceragem Brasileira 
O sistema penitenciário no Brasil, desde o final deste século XX, se apresenta como uma grande falência na sua administração. O sistema penitenciário é considerado ainda arcaico, os estabelecimentos prisionais representam um verdadeiro caos desumano, os detentos se amontoam em micros celas, que podem ser consideradas verdadeiras jaulas, sujas, úmidas, sem nenhum tipo de higiene. 
O contexto da Política Carcerária brasileira, desde sua gênese até a atualidade, sofre pelo descaso e esquecimento considerando os Direitos Humanos básicos. Atualmente tais problemas tem se agravado devido ao aumento alarmante da população carcerária, em conjunto com outras problemas que colaboram para a falência desse sistema no Brasil. 
De acordo com dados do Depen - Departamento Penitenciário Nacional, o ultimo dados levantados são os seguintes, 
O Brasil é o terceiro país que mais encarcera no mundo, ao considerar presos em estabelecimentos penais e presos detidos em outras carceragens, o Infopen 2019 aponta que o Brasil possui uma população prisional de 773.151 pessoas privadas de liberdade em todos os regimes. Caso sejam analisados presos custodiados apenas em unidades prisionais, sem contar delegacias, o país detém 758.676 presos. (DEPEN, 2019, p.12).
O percentual de detentos provisórios, ou seja, sem nenhum tipo de condenação, encontra-se estável em 33%. O crescimento da população carcerária que, conforme a perspectiva realizada em 2018, seria de 1,3% ao ano, não foi atendida. De 2017 para 2018, o crescimento alcançou a 2,97%. Já para 2018 para 2019 foi de 3,89%, apenas no primeiro semestre (DEPEN, 2019).
4 A EXECUÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE 
4.1 Análise da Lei Nº 7.210/84 
A Lei nº 7.210/1984 consiste na principal lei aderida no Brasil acerca da execução penal. A execução penal, conforme o Art.1º da Lei de Execução Penal, surge com o intuito de atender as diretrizes da sentença judicial ou da decisão criminal e ainda determinar os critérios para a execução de pena. Além do mais, este dispositivo estimula a integração social do apenado, e assim, alcança a condição retributiva da pena: punir e ressocializar. 
De acordo com o item 15 da Exposição de Motivos e o Art. 2º da LEP, a esfera do Direito que lida de modo especifico com a Execução Penal alcançou autonomia do Direito Penal e Processual Penal. Logo, por meio da edição da Lei de Execução Penal, o cumprimento de pena começa a ser exercido por uma jurisdição especializada. 
Acerca dos limites da legislação da execução criminal, cabe analisar todos os direitos garantidos ao condenado não coibindo através de lei ou da sentença criminal. Esta previsão está expressa no Art. 3º da LEP, que coíbe a diferenciação de qualquer natureza entre os detentos, de acordo com preceito constitucional (Art.5º, caput e inciso XLII BRASIL/1988). 
Além disso, a Constituição Federal garante aos apenados outros direitos, como o direito à vida, à segurança, à manutenção da integridade física e moral. Logo, não cabe submetê-lo a tratamento humilhante ou desumano, à liberdade de crença e de expressão e à ampla defesa e contraditório. 
O cumprimento da pena, deve ser atrelado aos termos determinados na sentença criminal, cabendo ser exercido individualmente. A Constituição Federal de 1988, no Art. 5º, XLVI determina que a lei regulará a individualização da pena e é a LEP que atende este papel. Sendo assim, o Art. 5º e 7º da referida norma apresenta a obrigação em classificar os condenados, de acordo com a personalidade e antecedentes criminais, realizada pela Comissão Técnica de Classificação constituídas por uma equipe interdisciplinar. 
O Estado, durante atuação da execução criminal, tem obrigatoriedade de fornecer total assistência ao detento e também ao seu internado, com a finalidade de coibir a ação criminosa e propiciar ao sujeito condenado ser ressocializado à sociedade. Vale ressaltar que a assistência não se restringe apenas aos condenados criminalmente, mas aos egressos, sendo de natureza social, jurídica, educacional, religiosa, como meio de prevenção e tratamento de doenças e ainda material. Todas essas medidas tem como o objetivo de assegurar o direito à igualdade e a dignidade da pessoa humana.
Além do mais, o trabalho tem a função essencial de atender a pena. No Art. 28 da LEP o trabalho é considerado um dever social e enquadrado na forma de dignidade humana, atuando com dupla propósito, além de oferecer educação e produção. Logo, a LEP atende as Regras Mínimas das Nações Unidas para Tratamento de Presos, que determinam a oferta do trabalho aos detentos condenados, de modo que possam colaborar com a sua ressocialização. 
No entanto, ao condenado, enquanto executado, não cabe apenas direitos. O Capítulo IV da LEP trata detalhadamente dos direitos, deveres e disciplina dos presos, que devem atender a um “código de postura carcerária”, como chama Marcão (2014), garantido pelo Estado e pela Administração Penitenciária. O exercício dos deveres e da disciplina assegura ao detento alguns benefícios na execução da pena, como a redução de pena e troca de regime (fechado para o aberto), por exemplo. 
Em seguida, no Art. 61 da LEP revê que os órgãos que constitui o sistema de execução penal, são eles: o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, o Juízo da Execução, o Ministério Público, o Conselho Penitenciário, os Departamentos Penitenciários, o Patronato, o Conselho da Comunidade e a Defensoria Pública. Onde cada um desses órgãos atua conforme a suas funções e competências. 
Acerca do final da LEP, dispondo-se os fatores do cumprimento das penas em espécie expressas no Código Penal: penas privativas de liberdade, penas restritivas de direitos, multas e as medidas de segurança. Além disso, a LEP refere-se dos incidentes de execução, como alteração de penas, do excesso ou descaminho de execução, da anistia e do indulto. 
Observa-se que a pena privativa de liberdade atua com ênfase na LEP, devido as suas particularidades e sua natureza de interferência que desenvolve o direito fundamental de todo indivíduo à liberdade. Logo, é necessário realizar certas pontuações acerca das questões próprias do cumprimento da pena privativa de liberdade, como os regimes penais e a progressão.
4.2 Regimes de cumprimento de penas restritivas de liberdade 
O regime inicial para o cumprimento da pena privativa de liberdade é estabelecido pelo juízo criminal, por meioda sentença de condenação. O Código Penal expressa que as penas privativas de liberdade serão de reclusão ou detenção. Logo, conforme o do Art. 33 do Código Penal, apresenta que a pena de reclusão será cumprida em estabelecimento penal indicado aos regimes fechado, semiaberto e aberto. Acerca da pena de detenção, cabe ressaltar que o regime de cumprimento será o semiaberto ou o aberto, com exceção da necessidade da alteração para o regime fechado. 
Entre os fatores de determinação do regime de cumprimento de pena, o principal é acerca da sua durabilidade. Expresso no §1º, Art. 33 do CP, ao condenado a pena acima de 8 (oito) anos é determinado o regime fechado para o cumprimento da pena. Já os condenados não reincidentes e com pena superior a 4 (quatro) anos e abaixo de 8 (oito) anos cabe o semiaberto. E ainda, se o tempo de pena privativa de liberdade seja igual ou menor de 4 (quatro) anos, onde o condenado não reincidente, o cumprimento será em regime aberto. 
Ao cumprimento de pena no regime fechado tem como objetivo principal restringir as atividades comuns dos sujeitos apenados e ainda elevar o controle e a vigilância sobre os mesmos. Já para o apenado ao cumprir a pena em regime inicial semiaberto ou ainda no caso da condenação com o regime fechado e foi beneficiado com a progressão de regime, será analisado a capacidade de responsabilidade desse condenado. 
Considerando que este é um regime intermediário e que a liberdade condicional da pena não é distante, é relevante começar a análise de recuperação do apenado, para que ocorra a sua ressocialização de modo satisfatório. Além do mais, no regime aberto, destaca-se o intuito de analisar a autodisciplina do custodiado e do modo igual ocorre no regime semiaberto, a noção de responsabilidade. 
O Art. 111 da LEP, compreende o limite das penas determinados no Art. 75 do Código Penal, onde se identifica a norma para indicação do regime de cumprimento de pena ao condenar o individuou a mais de um delito, no mesmo processo ou em diferentes processos. 
Sendo assim, o regime será determinado com a soma ou união das penas, ou seja, depois da detração ou remição. Cabe destacar ainda, a orientação do parágrafo único do artigo mencionados, assim, caso o sujeito seja outra vez condenado no decorrer da execução criminal, a determinação do regime será pela soma entre a antiga e nova pena, ou somado ao restante da pena nos casos de já está sendo cumprida. 
Normalmente, cada regime de cumprimento de pena requer um tipo de estabelecimento penal. No regime fechado, a pena deve ser cumprida em locais de segurança máxima ou média. O regime semiaberto pode ser cumprido em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento parecido. Já o regime aberto ocorre em casa do asilado ou similar. 
Assim, diante do apresentado, o regime de cumprimento de pena é estabelecido na sentença criminal. Caso se analise alguma omissão na sentença no que se refere à determinação do regime de pena, faz o uso do princípio do in dubio pro reo, determinando-se o regime mais leve. Além disso, acerca do princípio da coisa julgada, determinado no Art. 5º, XXXVI da Constituição Federal de 1988, o juiz da Vara de Execuções Criminais não pode alterar o regime inicial de cumprimento de pena.
4.2.1 Progressão de regime 
A legislação brasileira aplica-se o sistema progressivo de cumprimento de penas, especialmente, no que se refere às contribuições de Montesinos, no século XIX. A progressão do regime acontece entre o regime mais grave de cumprimento de pena para o de menor gravidade, com objetivo de preparar o sujeito para a sua ressocialização e reintegração social. 
Sendo assim, mesmo com a progressão de regime sendo um direito público subjetivo, deve ser facultada baseando no princípio in dubio pro societate. Logo, na substituição do regime fechado para o semiaberto, e em seguida para o aberto, é concedido ao apenado uma liberdade maior, para que seja estudada a compreensão de suas responsabilidades. 
Sendo assim, o princípio é determinado a um regime penal ao apenado, em conformidade com determinados aspectos legais e em decorrência do cumprimento da pena o sujeito é progredido para um regime mais suave, ao atender os critérios objetivos e subjetivos expressos na LEP. 
São ditos como critérios objetivos para progressão de regime atender no mínimo 1/6 (um sexto) da pena para os crimes comuns, os crimes hediondos aumentam para 2/5 (dois quintos) da pena, sendo o condenado primário, e sendo reincidente passa para 3/5 (três quintos). O critério subjetivo no que lhe refere, é atendido pela boa conduta carcerária, sendo comprovada pelo diretor do estabelecimento penal. 
A progressão de regime é determinada no Art.112 da LEP, que no ano de 2003 passou por uma alteração relevando por meio do surgimento da Lei nº 10.792/2003. Anteriormente a esta alteração, a análise do critério subjetivo para progressão de regime era feita através da comprovação de mérito e pelo exame criminológico, no caso da progressão do regime fechado para o semiaberto, por meio do parecer da Comissão Técnica de Classificação. 
Ainda precede um debate acerca da legalidade do exame criminológico, no entanto, de acordo com a compreensão do STJ, inclusive determinado na Súmula 439 é de que ele é permitido em determinado casos, desde que requerido por meio de decisão motivada. Além do mais, na mesma visão a compreensão Supremo Tribunal Federal é de a LEP não coibi sua realização, no entanto poderá ser realizado, em especial em casos que a condenação que surge de um crime hediondo, atendendo a Súmula Vinculante 471. 
Apesar desta alteração no instituto da progressão de regime, domina a necessidade do atender o critério subjetivo, com a exigência de comprovação de bom comportamento. O debate se lista a atuação deste atestado de bom comportamento, realizado pelo diretor do estabelecimento penal, no que tange à prevenção de comportamentos futuros indevidos pelos encarcerados. Mas o bom comportamento também deve ser visto como uma questão de mérito e dessa forma, justifica a relevância da importância do critério subjetivo. 
Um critério relevante para a aplicação da progressão de regime é prática de falta grave, que influencia de modo direito na subjetividade do benefício que é o mérito. O Superior Tribunal de Justiça promulgou a Súmula 534, determinando que ao cometer uma falta grave, anulasse o prazo para a progressão de regime, reiniciando este a partir da prática da infração. 
A concessão da progressão de regime deve ser precedida da manifestação do Ministério Público e do defensor do executado, conforme o Art.93, IX da CR/88 e §1º do Art.112 da LEP. A sanção pela inobservância deste preceito é a nulidade absoluta.42 e a competência para conceder o referido benefício é do juiz da VEC, em decisão fundamentada, cabendo recurso às instâncias superiores.
4.3 Ausência de vagas em regime adequado 
Ao observar as normas legais da execução penal e a realidade prática, analisa-se que existe um distanciamento exagerado. No Brasil, a pena privativa de liberdade é bastante bem projetada pela lei atuante, no entanto, desaparece dentro dos ambientes penais, especialmente por não alcançar seu objetivo de ressocialização. 
Um dos maiores problemas defendidos pela execução criminal é a política de encarceramento em massa, ocasionando um colapso no Sistema Prisional Brasileiro, com índices altos de superlotação e déficit de vagas em todos os regimes e estabelecimentos penais de cumprimento de pena. Os números publicados pelo Departamento Penitenciário Nacional demonstram de forma mais clara está difícil situação, no que diz respeito a quantidade de indivíduos presos brasileiros e nas condições atuais dos estabelecimentos penais. 
Diante disso, cabe debater na doutrina e na jurisprudência o posicionamento adotado considerando o episódio de falta de vagas no estabelecimento penal que atende especificamente ao regime destinado ao cumprimento da pena. 
Por um lado, defende-se que a falta de vagas em estabelecimento penal adequado é um fato de negligênciapor parte do Poder Executivo e, portanto, não cabe ao condenado arcar com este ônus. Posto isso, considera-se constrangimento ilegal a manutenção do condenado em estabelecimento penal destinado a um regime mais gravoso ao que se encontra, devido à falta de vagas. Nos últimos anos esse é o entendimento pacificado no STJ e no STF. 
Paralelo a isso, no regime semiaberto, se o apenado é retido durante um período de tempo em um regime até o surgimento da vaga em local apropriado, consiste em um constrangimento ilegal. No entanto, essa falta, mesmo que momentânea, não pode ser indefinida, destacando os princípios constitucionais determinados aos detentos, como a legalidade, individualização da pena e o respeito à integridade física e moral. 
No Art.117 da LEP permite o recolhimento do detento que atende pena em regime aberto na residência particular, em determinados específicos. Podendo ter uma concessão deste benefício para o apenado com mais de 70 (setenta) anos, o condenado que for identificado alguma doença grave, e a mulher apenada e com filho menor ou deficiente físico ou mental ou grávida. 
No regime aberto, as poucas vagas não possibilitam que o condenado cumpra sua pena em regime mais rigoroso, logo, compreende-se que se deve possibilitar que a pena seja cumprida a princípio em prisão domiciliar. Exceto, do modo que ocorrerá nos casos de condenados que cumprem pena no regime semiaberto, no entanto, após esgotar todas as medidas de tentativa de transferência do preso em regime semiaberto para local apropriado, também poderá ser concedida a prisão domiciliar. 
As casas do preso do regime aberto, de acordo com o Art. 94 da LEP, devem ser construídas separadas dos demais estabelecimentos penais, em centro urbano sem características do cárcere, como por exemplo, algum empecilho físico de impedimento de fuga. 
Com o intuito de coibir que a pena seja paralisada até a disponibilização de vaga em ambiente apropriado para o cumprimento da pena, o Poder Judiciário tem optado por soluções alternativas, como o cumprimento de pena em regime aberto nas cadeias públicas, em cela especial. E assim, as adaptações para a aplicação da execução criminal tornaram-se necessárias, com o intuito do cumprimento da pena, mesmo que fracionada.
A proposta de Súmula Vinculante nº 56 tem como base discutir o déficit de vagas no sistema prisional do Brasil, que viola inumeros princípios constitucionais e direitos fundamentais assegurados aos sujeitos que venham a ser condenados a algum tipo de pena pela prática de crimes previstos na legislação nacional. 
A edição da Súmula Vinculante nº 56, em 2011, foi determinada pelo Defensor Público-Geral Federal, da seguinte maneira e apresentada a seguir na íntegra: 
O princípio constitucional da individualização da pena impõe que seja cumprida pelo condenado, em regime mais benéfico, aberto ou domiciliar, inexistindo vaga em estabelecimento adequado, no local da execução.” 88 Todavia, após o pedido de vista dos autos, o Ministro Luís Roberto Barroso propôs como enunciado da referida súmula vinculante a tese firmada no julgamento do RE nº 641.320/RS, realizado pelo STF em 11 de maio de 2016 e aprovada por maioria dos ministros daquela Corte, vencido o Ministro Marco Aurélio (BRASIL, 2016).
Assim, buscou, atendendo as leis internacionais como as Regras de Mandela, determinando as regras mínimas para o tratamento de detentos, principalmente, no que tange os condenados ao cumprimento de pena em regime semiaberto ou os tenham direito à progressão para o regime semiaberto e aberto que, por falta do estado, continuam presos em estabelecimento penal mais gravoso. 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio dessa pesquisa, torna-se claro que o atual modelo de execução penal é falho e apresenta lacunas que o objetivo de ressocialização por meio das penas não seja atendido. O problema vem evoluindo diversos fatores, sendo o principal a falta de políticas do Poder Público que possibilitem mínimas circunstâncias para manter este sistema, que vão desde a construção de novos instituições penais, comutação e disposição de vagas. 
Sendo assim, enquanto o responsável pelo gerenciamento do sistema prisional, o Poder Judiciário tem expostos determinas medidas que reduzam os grandes problemas de estrutura, como a discussão pré-estabelecida e tornou-se uma súmula vinculante, pela qual tem a função de decidir que diante da falta de vagas para cumprimento de penas privativas de liberdade em ambientes apropriados para tal, não possibilita que o apenado seja mantido no regime mais grave. 
Por meio da validação da Súmula Vinculante nº 56 houve uma atenuação do contexto deficitário de vagas no sistema prisional do país onde se é apresentado pelo Poder Judiciário. Ultimamente as decisões judiciais consistem apenas na visão de não possibilitar a permanência do apenado num processo mais gravoso e em muitos casos encaminha-lo a uma prisão domiciliar. 
Sendo assim, com a grande reverberação geral que para atender da Súmula Vinculante nº 56 no contexto jurídico, outras medidas foram propostas, com objetivo de assimilação dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário em favor de aperfeiçoamento no sistema de execução penal brasileiro. 
As propostas do Supremo Tribunal Federal têm o intuito de realizar uma solicitação ao legislador e ao Poder Executivo. No que tange ao legislador, confronta-se para que observar as circunstâncias na atualidade da aplicação penal e realize os ajustes indispensáveis no texto legal, de modo a aproximá-lo ao contexto brasileiro. 
Sobre o Poder Executivo, o pedido é acerca da interferência imediata nas instituições penais, para que novas construções e ampliações sejam efetuadas e que circunstâncias mínimas de saúde, educação, trabalho e assistência social sejam ofertados. A direção concordada pelo STF nesse cenário se apresenta como o mais apropriado, considerando que os três poderes a responsabilidade de assegurar os princípios constitucionais e, logo, devem em conjunto aderir estratégias que tornem adequados a execução penal no país. Sendo assim, não é possível conduzir a responsabilidade a um determinado poder, fundamentado no princípio da separação de poderes. 
Nosso atual cenário de carceragem, tem a necessidade urgente de transformar e ajustar esse setor, seja por meio de aprovação das leis e julgamentos, até a realização mais eminente da execução de políticas públicas nessa área, de modo que em conjunto, possam desenhar um novo sistema prisional no Brasil, baseado na garantia dos direitos fundamentais.
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