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O que é arte? Por que e para que ela foi criada? O que ela 
manifesta? Talvez mais importante do que responder a ‘esses 
questionamentos seria perguntar: como seria a vida humana 
sem a arte?
A arte pode provocar o sublime, o sórdido, o impensável e o 
inapreensível, pois é próprio dela “embaralhar as metáforas” – 
como dizia o filósofo alemão Friedrich Nietzsche – e misturar os 
compartilhamentos dos conceitos. Ela evoca em nós sensações 
nem sempre possíveis de serem nominadas pela linguagem e 
pode nos desvencilhar do real quando se torna poética.
Esta obra propõe um trajeto possível por alguns dos principais 
momentos da história da arte no Ocidente, além de uma breve 
reflexão sobre a Estética e a teoria da arte. Mais do que um guia 
completo sobre a trajetória das expressões artísticas no tempo, 
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo busca 
ser um roteiro singelo de iniciação dos seus estudos em Estética 
e história da arte.
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ndréa Carneiro Lobo/ Vania M
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Andréa Carneiro Lobo
Vania Maria Andrade
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6555-4
9 7 8 8 5 3 8 7 6 5 5 5 4
Código Logístico
59028
História da arte: da 
pintura rupestre ao 
Pós-Modernismo
IESDE BRASIL
2019
Andréa Carneiro Lobo
Vania Maria Andrade
© 2019 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito das autoras e do detentor 
dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Josemar Franco/muratart/Shutterstock
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
L782h
Lobo, Andréa Carneiro
História da arte : da pintura rupestre ao pós-modernismo / Andréa Carneiro Lobo, 
Vania Maria Andrade. - 1. ed. - Curitiba [PR]: IESDE, 2019
170 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6555-4
1. Artes - História. I. Andrade, Vania Maria. II. Título
19-60897 CDD: 700.9
CDU: 7(09)
Andréa Carneiro Lobo
Doutora e mestre em História pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), especialista em 
Imagens, Linguagens e Ensino de História e graduada em História (Licenciatura e Bacharelado), 
também pela UFPR. Possui experiência em ensino de História, Metodologia Científica e Filosofia 
para alunos de graduação em Direito e História, com ênfase em história do pensamento ocidental, 
atuando especialmente na análise do pensamento filosófico contemporâneo (Nietzsche, Benjamin, 
Foucault, Deleuze) e teoria da história. É autora de livros didáticos nas áreas de história, filosofia, 
política e arte.
Vania Maria Andrade
Especialista em Psicopedagogia pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) e em Altas 
Habilidades/Superdotação pela Faculdade Padre João Bagozzi. Licenciada em Artes Visuais com 
ênfase em Computação pela UTP e bacharel em Pintura pela Universidade Federal do Rio de 
Janeiro (UFRJ). Professora de ensino a distância, autora de conteúdos multimídia e objetos digitais 
em Arte.
Sumário
Apresentação 7
1 Teorizações sobre a arte 9
1.1 O que é e para que serve a arte? 9
1.2 A Estética e os diferentes conceitos sobre a arte 13
2 Arte rupestre no Ocidente e nas Américas 25
2.1 A Pré-História e a relação entre arte e magia 25
2.2 Expressões da arte pré-histórica no Brasil 33
3 A arte entre as primeiras civilizações 39
3.1 A arte neolítica: o caminho para a abstração 39
3.2 O nascimento da civilização 45
3.3 Aspectos da arte egípcia antiga 48
3.4 A arte entre as civilizações grega e romana 53
4 A arte medieval e a evocação do sagrado 65
4.1 Idade Média ocidental: conceito e contexto 65
4.2 Expressões artísticas do período carolíngio 70
4.3 Estilos da arte medieval: bizantino, românico e gótico 77
5 O Renascimento e o desenvolvimento da autonomia artística 89
5.1 O conceito de Renascimento e seus fundamentos estéticos 89
5.2 O Humanismo e as origens do pensamento renascentista 95
5.3 Fases do Renascimento italiano 96
5.4 A expansão do Renascimento na Europa 103
6 Barroco: a estética do rebuscamento e do exagero 109
6.1 Maneirismo e Barroco: contexto 109
6.2 A arte do rebuscamento e do exagero 114
6.3 O estilo barroco no Brasil 122
7 Do Neoclassicismo ao Modernismo 129
7.1 Neoclassicismo: conceito, contexto e características 129
7.2 Romantismo 132
7.3 Os principais movimentos dentro do Modernismo 136
8 Expressões pós-modernas 145
8.1 Conceito de Pós-Modernismo 145
8.2 O mundo pós-guerra e os movimentos de contracultura 155
8.3 Expressões pós-modernas 157
Gabarito 163
Apresentação
O que é arte? Por que e para que ela foi criada? O que ela manifesta? Talvez mais importante 
do que responder a esses questionamentos seria perguntar: como seria a vida humana sem a arte? 
Imagine, por alguns instantes, como seria a vida sem a música, sem o teatro, sem os filmes, 
sem as telenovelas, sem o grafite, sem as histórias em quadrinhos, sem a dança, sem as esculturas, 
sem o design diferenciado dos móveis e sem as imagens publicitárias.
O mundo certamente continuaria a ter cores, formas, sons e ritmos, mas estes passariam por 
nós desapercebidos. Contemplamos o mundo e tentamos imitá-lo, por isso, desenvolvemos a arte 
como uma forma de imitação do real e do natural, como já dizia Aristóteles.
Mas ao longo da trajetória humana, a arte nem sempre foi tentativa de imitação nem de 
evocação do belo: ela já se manifestou como idealização, abstração e desconstrução do “real”, 
chegando ao ponto de criar ela mesma sua própria realidade, composta da irrealidade da ficção 
para provocar em nós o estranhamento com aquilo que convencionamos chamar de real. 
A arte pode provocar o sublime, o sórdido, o impensável e o inapreensível, pois é próprio 
dela “embaralhar as metáforas” – como dizia o filósofo alemão Friedrich Nietzsche – e misturar 
os compartilhamentos dos conceitos. Ela evoca em nós sensações nem sempre possíveis de serem 
nominadas pela linguagem e pode nos desvencilhar do real quando se torna poética.
Nesse sentido, propomos nesta obra um trajeto possível por alguns dos principais momentos 
da história da arte no Ocidente, além de uma breve reflexão sobre a Estética e a teoria da arte. 
Partindo das expressões artísticas na Pré-História, passamos pela arte medieval, buscando 
desconstruir o conceito de que a Idade Média foi uma “Idade das Trevas”. Chegamos, assim, na 
arte luminosa e colorida do Renascimento, em que a crença na razão e no aspecto positivo de tudo 
o que é humano levou os artistas a associarem a beleza ao bem. Passamos pela arte retorcida do 
Barroco e, por fim, atingimos a arte moderna e a desconstrução pós-moderna. 
Mais do que um guia completo sobre a trajetória das expressões artísticas no tempo, História 
da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo busca ser um roteiro singelo de iniciação dos seus 
estudos em Estética e história da arte. Esperamos que você se sinta instigado a contemplar, a olhar 
com atenção para as expressões artísticas à sua volta e, quem sabe, inspire-se a fazer da sua vida 
uma verdadeira obra de arte: algo único e inconfundível no tempo e no espaço.
Boa leitura!
1
Teorizações sobre a arte
Andréa Carneiro Lobo
Para você, o que é a arte? Como ela se manifesta? O que define uma obra como artística? 
Quais características a diferenciam de outra não considerada como tal?
Você percebe manifestações artísticas em seu dia a dia? Se sim, quais? Já se questionou sobre 
a origem e o sentido da arte para a existência humana?
Sendo uma das mais antigas formas da manifestação humana, qual é a finalidade da expressão 
artística? Ela muda ao longo do tempo ou permanece a mesma? Qual é a intenção do ser humano 
ao criar sons, cores e formas?
Neste capítulo, vamos iniciar nossos estudos sobre a história e o sentido da arte, analisando 
comoela foi pensada por diferentes teóricos de diversas épocas. 
1.1 O que é e para que serve a arte?
Em tempos como os nossos, em que quase tudo que é relacionado ao fazer humano parece 
necessariamente ter utilidade prática e imediata, muito se questiona sobre a função da arte. Mas, 
afinal, é necessário que a arte tenha uma função?
Se a arte não tem algum sentido ou alguma função, por que ela foi a primeira forma de 
manifestação do entendimento humano sobre o mundo, anterior à religião e à escrita?
Uma das primeiras formas de manifestação artística é a pintura rupestre, que nada mais é do 
que pinturas e desenhos geralmente realizados em cavernas ou em superfícies rochosas. Considerada 
a mais antiga manifestação artística humana, alguns registros têm aproximadamente 73 mil anos. É o 
caso, por exemplo, das pinturas localizadas na caverna de Blombos, na África do Sul. 
Antes da escrita, os seres humanos utilizavam imagens como maneira de expressão e 
imitação do real ou do próprio pensamento em relação ao mundo. Desse modo, os primeiros 
códigos escritos, surgidos há aproximadamente 6 mil anos, também eram formados por imagens.
Embora tenha sido criada há milhares de anos como a manifestação do que é humano, a 
arte é um modo de expressão que permanece sempre se atualizando e constantemente nos instiga a 
refletirmos sobre nós mesmos. No entanto, à medida que o tempo passa, mudam-se o conteúdo, o 
significado, o sentido, bem como os artistas; é por meio deles que a arte se manifesta.
Quando estudamos a arte, estamos tratando do que é humano por excelência, do ser humano 
e da maneira como ele compreende a própria existência e manifesta essa compreensão de modo a 
afetar os semelhantes.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo10
Diferentemente de outras formas de expressão humana, um elemento fundamental da arte é 
o poder de nos sensibilizar, de suscitar sensações, de provocar emoções e instigar o belo, o absurdo, 
o impensado e o sublime, muitas vezes sem o uso de palavras ou relacionando-as com aquilo que 
supostamente nomeamos.
Para continuarmos nossas especulações sobre a importância e o sentido da arte, bem como 
ela foi pensada por alguns filósofos antigos e modernos, observe a imagem a seguir (Figura 1), que 
trata de uma obra criada pelo artista holandês Vincent van Gogh (1853-1890).
Enquanto a observa, procure sentir-se em meio à composição, deixe-se “flutuar” entre as 
formas e permita ter seus sentidos invadidos pela explosão de cores, tão vibrantes que parecem 
querer escapar à nossa percepção.
Figura 1 – Memória do Jardim em Etten (Dama de Arles) (1888), de Vicent van Gogh.
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Fonte: VAN GOGH, V. Memória do Jardim em Etten (Dama de Arles). 1888. 1 óleo sobre tela, 73,5 x 92,5 cm. Museu Hermitage, São 
Petersburgo, Rússia.
Como expressar o impacto e estremecimento que uma obra de arte pode causar em cada 
expectador? Como entender o porquê e onde nos afeta?
Não temos conhecimento certo de quando e por que o ser humano inventou a arte – talvez 
tenha sido a partir do momento em que houve a tomada de consciência de si, da natureza, da 
imensidão do mundo e da complexidade do pensamento. Sabemos somente das pinturas nas 
cavernas, dos poemas épicos, das esculturas, dos romances, das telas, dos filmes e de tantos outros 
tipos de expressão artística.
Apesar disso, cada um de nós se relaciona com a arte. Alguns se identificam com filmes, 
outros preferem poemas, uns ficam extasiados diante de esculturas, há quem se interesse por música 
e quem seja fascinado por teatro, já outros preferem embarcar nos textos em prosa dos romances, 
Teorizações sobre a arte 11
vivenciando as angústias e alegrias dos personagens. Isso demonstra que a arte se manifesta de 
diversas maneiras e uma delas, certamente, já sensibilizou você.
Todavia, você saberia definir o que é a arte? Existem diferenças entre as diversas manifestações 
artísticas? Ernst Gombrich (2013, p. 21), um dos maiores estudiosos da história da arte, afirma que:
de fato, aquilo a que chamamos Arte não existe. Existem apenas artistas. No 
passado, eram homens que usavam terra colorida para esboçar silhuetas de 
bisões em paredes de cavernas; hoje, alguns compram suas tintas e criam 
cartazes para colar em tapumes. Fizeram e fazem muitas coisas. Não há mal 
em chamar todas essas atividades de arte, desde que não nos esqueçamos de 
que esse termo pode assumir significados muito distintos em diferentes tempos 
e lugares, e que a Arte com A maiúsculo não existe. Com efeito, a Arte com 
A maiúsculo tornou-se como que um bicho-papão, ou um fetiche. Podemos 
esmagar um artista dizendo-lhe que o que ele fez tem lá o seu valor, mas não é 
“Arte”. Ou confundir uma pessoa que contempla uma tela declarando que o que 
ela apreciou no quadro não foi a Arte, mas outra coisa qualquer.
Segundo Gombrich (2013), não podemos falar em arte com “A” maiúsculo, mas, sim, 
em artistas, visto que o que é considerado arte em determinada época e lugar pode não ser em 
outro contexto. Já outras manifestações permanecem quase como atemporais, instigando beleza 
ou perplexidade, tanto em sua época quanto em outras que lhe são posteriores. Diante disso, 
percebemos que os significados do termo mudam com o tempo, porém, ainda podemos nos 
perguntar: o que faz de alguém um artista? O que caracteriza uma obra específica como arte?
Vamos iniciar nossas reflexões explorando as origens etimológicas da palavra arte (do latim 
ars), definida na Antiguidade, segundo o filósofo Nicola Abbagnano (2007), como o conjunto das 
regras que direcionam uma atividade humana voltada à realização de um fim qualquer, seja ele 
prático, científico, filosófico ou político.
Em seu significado mais geral, todo conjunto de regras capazes de dirigir uma 
atividade humana qualquer. Era nesse sentido que Platão falava da [arte] e, 
por isso, não estabeleceu distinção entre [arte] e ciência. [Arte], para Platão, 
é a arte do raciocínio [...] como a própria filosofia no seu grau mais alto, isto 
é, a dialética [...]; [arte] é a poesia, embora lhe seja indispensável a inspiração 
delirante [...]; A. é a política e a guerra [...]; [arte] é a medicina e [...] [é] respeito 
e justiça, sem os quais os homens não podem viver juntos nas cidades [...]. 
(ABBAGNANO, 2007, p. 81)
Desse modo, arte seria, ainda, segundo a origem etimológica da palavra, tudo o que 
é relativo ao engenho humano – incluindo toda forma de destreza, saber, profissão, perícia, 
habilidade, talento ou ainda gênio. Em outras palavras, arte, para os antigos romanos, referia-se 
às qualidades que são aprendidas, adquiridas e empregadas no desenvolvimento de alguma 
atividade realizada segundo determinadas regras, as quais se opõem às qualidades que seriam 
naturais, denominadas ingenĭum.
O termo arte, na antiga civilização romana, nominava o conjunto de habilidades necessárias 
à realização de alguma atividade regida por regras que podiam ser aprendidas, executadas e 
repassadas adiante. Sendo assim, a arte como ofício designava, por exemplo, o conjunto de 
habilidades manifestas na atividade de artesãos, como oleiros, tecelões, ourives, entre outros.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo12
Figura 2 – Marceneiro desempenhando a arte como ofício
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O termo grego para ars era tékhne; ele foi empregado pelo filósofo Aristóteles (384-322 
a.C.) para caracterizar toda e qualquer atividade humana instituída sobre um saber-fazer 
regrado e destinado a determinada finalidade prática. A técnica de fazer alguma coisa consistia, 
portanto, em bem realizar uma tarefa, mediante o seguimento de regras e preceitos, por meio 
dos quais se atingia um fim. Embora propusesse pequenas distinções de hierarquia, para 
Aristóteles, a arquitetura, a olaria e a medicina, bem como a música e a pintura, por exemplo, 
eram consideradas tékhnai (artes).
No entanto, Aristóteles diferenciava a arte como tékhnai(saber técnico, regrado e 
destinado a determinado fim) da arte como mimeses1 (imitação), esta última denominada arte 
poética pelo filósofo.
A palavra poesia tem origem no vocábulo grego poíēsis (criação). O poeta é aquele que, em 
virtude de seu potencial para a criação, cria/inventa mitos e fábulas que têm por base elementos do 
comportamento humano, terreno fértil para uma vasta gama de possibilidades para a fabulação, 
invenção literária. Sendo assim, a criação poética é a arte da imitação que, embora ficcional, tem 
como base eventos reais e se apresenta como algo plausível e verosímil a essas situações.
Propomo-nos tratar da produção poética em si mesma e de seus diversos 
gêneros, dizer qual a função de cada um deles, como se deve construir a fábula, 
no intuito de obter o belo poético; qual o número e a natureza de suas diversas 
partes, e falar igualmente dos demais assuntos relativos a esta produção. 
Seguindo a ordem natural, começaremos pelos mais importantes. A epopeia 
e a poesia trágica e também a comédia, a poesia ditirâmbica, a maior parte da 
aulética e da citarística, consideradas em geral, todas se enquadram nas artes de 
imitação. (ARISTÓTELES, 2005, p. 239)
1 Segundo Ceia (2010, grifos do original), o termo mimese tem como origens: “Do gr. mímesis, “imitação” (imitatio, em 
latim), designa a acção ou faculdade de imitar; cópia, reprodução ou representação da natureza, o que constitui, na filosofia 
aristotélica, o fundamento de toda a arte. Heródoto foi o primeiro a utilizar o conceito e Aristófanes, em Tesmofórias (411), 
já o aplica. O fenômeno não é um exclusivo do processo artístico, pois toda atividade humana inclui procedimentos 
miméticos como a dança, a aprendizagem de línguas, os rituais religiosos, a prática desportiva, o domínio das novas 
tecnologias etc. Por esta razão, Aristóteles defendia que era a mímesis que nos distinguia dos animais. Os conceitos 
de mímesis e poeisis são nucleares na filosofia de Platão, na poética de Aristóteles e no pensamento teórico posterior 
sobre estética, referindo-se à criação da obra de arte e à forma como reproduz objectos pré-existentes”.
http://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/imitacao/
http://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/accao/
http://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/representacao/
http://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/conceito/
http://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/poetica/
http://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/estetica/
http://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/obra/
http://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/forma/
Teorizações sobre a arte 13
Para Aristóteles, a função da imitação é o reconhecimento e o estabelecimento da 
verossimilhança com o real, o que distinguiria as artes poéticas das demais artes. Desse modo, a 
arte poética representaria não só uma forma de conhecimento, mas propiciaria uma experiência 
estética, um prazer decorrente do reconhecimento da relação entre a arte mimética e o real. Nesse 
sentido, a música, a poesia, o teatro e as artes plásticas em geral, por exemplo, seriam manifestações 
de arte mimética/poética.
Essa arte teria origem decorrente da tendência que o ser humano tem em relação à imitação 
e ao fato de encontrar prazer nesse tipo de atividade, o qual se daria em função de a arte, ao tentar 
imitar a natureza, produzir sensações agradáveis àquele que a contempla.
De acordo com alguns dos primeiros filósofos que se dispuseram a pensar e a escrever 
sobre a arte, entre eles o próprio Aristóteles, alguns critérios que diferenciariam a arte de qualquer 
engenho ou criação humana é a fidedignidade em relação à natureza e a propensão para o belo. 
Sendo assim, foi considerado obra de arte o tipo de criação humana que, ao buscar reproduzir ou 
imitar algum aspecto ou elemento natural, se propôs a evocar, no espectador, a sensação da beleza.
No entanto, seria a verossimilhança o principal objetivo ou a principal função da arte poética?
Aristóteles, além de definir a arte como imitação, conferiu à criação poética outra função, à 
qual damos o nome de Estética. Desse modo, assim como outros filósofos posteriores, o pensador 
se debruçou sobre o tema relacionado à arte, ao sentido, à função e à maneira como ela nos afeta.
1.2 A Estética e os diferentes conceitos sobre a arte
A palavra estética tem origem etimológica no termo grego aisthetiké, cujo significado 
aproximado para nossa língua seria “aquele que percebe, aquele que nota algo”.
No âmbito do pensamento ocidental, mais especificamente do pensamento filosófico, a 
Estética foi se afirmando enquanto uma filosofia da arte como a “ciência (filosófica) da arte e do 
belo” (ABBAGNANO, 2007, p. 367). O uso do termo com essa designação foi empregado no século 
XVIII, em 1750, pelo filósofo alemão Alexander Gottlieb Baumgarten (1714-1762), que, embora 
não tenha sido o primeiro teórico a abordar o fenômeno artístico, foi o primeiro a sistematizar o 
uso do termo para sua abordagem filosófica na obra Estética, escrita entre 1750 e 1758.
Desde a Antiguidade Clássica grega, filósofos têm se dedicado a “notar” e a “olhar com 
atenção” para a arte. Segundo Figurelli (2009), as primeiras experiências parecem ter sido realizadas 
no campo da música, entre os séculos VI e V a.C., pelos pitagóricos, discípulos do filósofo, 
matemático e místico grego Pitágoras de Samos2.
2 Pitágoras é considerado um dos mais importantes filósofos pré‑socráticos. Suas ideias influenciaram seus 
seguidores e outros filósofos que vieram depois dele, dentre os quais se destaca Platão. Foi provavelmente no âmbito 
doméstico, observando o pai lapidar pedras brutas, transformando-as em joias, que Pitágoras pode ter percebido 
a relação entre as formas geométricas e a beleza. Foi também fortemente influenciado pelo orfismo: “Tradição 
filosófico‑religiosa originária do século VII a.C., na Grécia Antiga, inspirada na figura mítica de Orfeu, famoso por 
seus poemas e canções” (JAPIASSÚ; MARCONDES, 1996, p. 202). A filosofia pitagórica girava em torno da ideia de 
que tudo no universo é número e que há uma relação mística entre o ordenamento (o Cosmos) e a Matemática. Os 
pitagóricos podem ter chegado a essa conclusão verificando a relação entre as proporções numéricas simples e 
a harmonia sonora nos instrumentos musicais. O Cosmos seria como uma grande harmonia cuja música poderia 
auxiliar a compreender o estudo dos números.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo14
1.2.1 Platão e a arte como mimese
Alguns dos primeiros textos relacionados à análise das artes plásticas e da literatura estão 
atribuídos ao filósofo grego Platão (427/428-348 a.C.), discípulo de Sócrates (470-399 a.C.) e 
influenciado pelos pitagóricos. Dentre esses escritos, os principais que abordam alusões à Estética 
são Hípias Maior, O banquete, A República (principalmente os livros II, III e X) e Leis. Segundo 
destaca Figurelli (2009, p. 544, grifos no original):
sabe-se, pela História da Filosofia, que Platão foi influenciado pela doutrina 
dos pitagóricos. E, em alguns diálogos, é possível detectar a profundidade das 
relações entre platonismo e pitagorismo. Platão não redigiu Tratado de Estética, 
no sentido moderno da expressão. Mas coube a ele o mérito de ter escrito o 
primeiro texto completo da História da Estética: o Hípias Maior, diálogo da 
mocidade, sobre o belo. E, se percorrermos a vasta obra de Platão, veremos que 
questões estéticas são discutidas em alguns dos mais conhecidos e importantes 
diálogos. Assim, no Banquete, o elogio estusiástico do amor e da beleza. A 
República, da maturidade, nos Livros II, III e X, também é leitura obrigatória. E 
mesmo nas Leis, obra da velhice, foram deixados traços da doutrina pitagórica 
acerca da medida e da proporção. Essas indicações, arroladas como exemplos, 
e muitas outras passagens têm sido sistematizadas por especialistas de sorte a 
apresentar o que se convencionou chamar de a estética de Platão.
Todavia, de acordo com os textos mencionados, qual é o entendimento que Platão 
manifestava sobre a arte? Para o filósofo ateniense, aarte de um modo geral – e incluindo-se aí a 
criação de imagens pelo artista – não passava de uma tentativa de criar um simulacro, uma ilusão, 
uma imitação (mimese) do real sensível, o qual, por sua vez, constituía o aspecto aparente da 
realidade cuja essência seria inteligível, acessível apenas à razão e manifesta no chamado “mundo 
das ideias”.
Como já dito, para Platão a arte é mimese, ou seja, imitação da cópia. O filósofo concebia 
como inferior a atividade do artista – a imitação –, uma vez que para ele o real passível de ser 
imitado pelo artista era o real sensível, aquele que poderia ser percebido com os sentidos e que, por 
sua vez, consistia no aspecto aparente de um real ideal, essencial, atingível somente pelo intelecto: 
o mundo das ideias.
Sendo o real sensível a aparência material do real real, essencial, o artista seria aquele que, 
ao imitar a imitação, entreteria os homens os distraindo do verdadeiro sentido da realidade: as 
essências imutáveis de tudo o que existe em matéria, as ideias ou os modelos eternos, invisíveis, 
espirituais e perfeitos de todas as coisas, atingíveis somente por intermédio do amor à sabedoria – a 
Filosofia – conduzido de forma dialética3.
3 Para saber mais a respeito da concepção de arte como mimese em Platão e sobre como se relaciona ao conceito de 
mundo das ideias, sugerimos os seguintes livros: PLATÃO. A República. Trad. de José Saramago. Lisboa: Estampa, 1978; 
PLATÃO. Critão, Meão, Hípias Maior e outros. 2. ed. Trad. de Carlos Alberto Nunes. Belém: EDUFPA, 2007; FIGURELLI, R. Platão 
e os primórdios da Estética. In: MARÇAL, J. (org.). Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009. Disponível em: http://
www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/cadernos_pedagogicos/caderno_filo.pdf. Acesso em: 24 out. 2019.
Teorizações sobre a arte 15
1.2.2 Aristóteles e a arte como catarse
Conforme estudamos, Aristóteles, discípulo de Platão, também concebia a arte como mimese, 
ou seja, como imitação possível do real. Ele empregou o termo arte mimética em sua obra Poética 
para designar certos tipos de manifestações – entre elas a epopeia, a poesia trágica, a aulética, a 
comédia, a poesia ditirâmbica e a citarística.
No entanto, diferentemente de seu mestre, Aristóteles não considerava a imitação do 
real como algo negativo, mas como uma maneira de produzir sensações agradáveis àqueles 
que a contemplam.
Além da imitação com vistas à fruição, Aristóteles via na arte mais uma função. No Capítulo 
VI do livro Poética, o filósofo abordou especificamente um dos gêneros da dramaturgia grega, a 
tragédia, assim como suas diferentes partes. Segundo o filósofo, a essência da tragédia é ser um 
tipo de imitação completa, dotada de certa extensão, composta em estilo que se manifesta como 
agradável por apresentar-se em partes que se harmonizam entre si e cuja ação é apresentada por 
atores. Desse modo, sua função ao imitar aspectos do comportamento humano é suscitar a catarse, 
isto é, a purificação, a purgação das emoções:
falemos da tragédia em função do que deixamos dito, formulemos a definição de 
sua essência própria. A tragédia é a imitação de uma ação importante e completa, 
de certa extensão; deve ser composta em um estilo tornado agradável pelo 
emprego separado de cada uma de suas formas; na tragédia, a ação é apresentada 
não com a ajuda de uma narrativa, mas por atores. Suscitando a compaixão e 
o terror, a tragédia tem por efeito obter a purgação das emoções. Entendo por 
“um estilo tornado agradável” o que reúne ritmo, harmonia e canto. Entendo 
por “separação das formas” o fato de estas partes serem umas manifestadas só 
pelo metro e outras pelo canto. Como é pela ação que as personagens produzem 
a imitação, daí resulta necessariamente que uma parte da tragédia consiste no 
belo espetáculo oferecido aos olhos; além deste, há também o da música e, 
enfim, a própria elocução. (ARISTÓTELES, 2013, p. 27-28, grifo nosso)
Para compreendermos melhor o conceito de catarse ou purgação estética em Aristóteles 
vamos considerar que, para o filósofo, na obra Ética a Nicômaco, a virtude não é algo que nasce 
conosco. Embora em nossa essência sejamos seres racionais, cuja finalidade existencial é a 
realização plena dessa racionalidade como obtenção de uma vida boa e feliz, não somos apenas 
dotados de razão, somos seres dotados de matéria, a qual está sujeita à degradação e tem suas 
necessidades. A virtude consiste em equilibrar as necessidades do corpo com as vicissitudes 
da razão, cultivando a moderação e evitando os excessos e, de acordo com Aristóteles, a vida 
virtuosa é um hábito que atingimos por meio da educação.
Sendo assim, a tragédia, ao evocar comportamentos, sentimentos, inclinações humanas 
pela via da imitação, valendo-se de elementos agradáveis – como o canto, as cores, as palavras em 
rima – propicia aos expectadores que “vivenciem sem viver” os acontecimentos representados pelas 
personagens. A audiência acaba vivenciando como que “por procuração” determinadas ações. 
Essas ações, por vezes, manifestam inclinações viciosas, as quais, se vivenciadas de fato, seriam 
perniciosas para a vida em sociedade, mas que, experienciadas pela via estética, por intermédio 
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo16
da imitação do real, encontram um modo de serem extravasadas e, assim, purificadas, sem que 
precisem necessariamente serem realizadas de fato.
Tomemos como exemplo a peça trágica Édipo Rei, escrita em 427 a.C. pelo dramaturgo grego 
Sófocles (496-406 a.C.), na qual um jovem rei da cidade de Tebas, sem ter conhecimento sobre a 
realidade e a totalidade dos fatos, foi vítima de um destino terrível, sendo levado a assassinar seu 
pai, Laio, e a se apaixonar e se casar com a própria mãe, Jocasta:
Laio, rei de Tebas, ouviu de um oráculo – o oráculo de Delfos – que 
seria assassinado pelo próprio filho, Édipo, o qual também desposaria 
a própria mãe. Atormentado com a revelação, Laio entregou o filho 
para um pastor, ordenando que o pendurasse em uma árvore no monte 
Citerão para que fosse devorado por feras. Condoído diante da situação, 
o pastor não mata o bebê, mas, sem condições para criá-lo, entrega-o 
para adoção, que passa a ser criado por Políbio, rei de Corinto.
Na juventude, Édipo recebe a notícia de que tinha sido adotado 
e, perturbado, sai em desvario e passa a perambular pela estrada. 
Chegando em uma encruzilhada, encontra-se com um grupo de 
pessoas, entre elas está Laio, que era rei de Tebas e também seu pai, fato 
que Édipo desconhecia. Em um desentendimento, acaba se lançando 
contra Laio e o matando.
Chegando em Tebas e se depara com uma esfinge, a qual lhe propõe 
um enigma até então nunca decifrado: qual é a criatura que pela manhã 
caminha sobre quatro patas, ao meio-dia sobre duas e à tarde sobre 
três? Édipo responde que essa criatura é o ser humano que, quando 
bebê, engatinha, quando adulto, anda sobre duas pernas e, na velhice, 
necessita de bengala para caminhar (como se tivesse três pernas). Por 
resolver o enigma, é coroado rei de Tebas e desposa a rainha, esposa 
do falecido Laio (que o próprio Édipo havia assassinado, mas cujo feito 
não era de conhecimento dele e dos demais tebanos). Édipo e Jocasta se 
casam e têm quatro filhos: duas meninas e dois meninos. Algum tempo 
depois, ao consultar um oráculo, descobre a verdade sobre seu destino e, 
desesperado, fura os olhos e sai em desatino pelo mundo, enquanto sua 
mãe/esposa Jocasta se suicida.
Teorizações sobre a arte 17
Figura 3 – Édipo cega seus próprios olhos
Representação teatral da obra Édipo Rei (1896).
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O que acontece com o expectador que assiste à tragédia Édipo Rei, de Sófocles? Ele vivencia, 
por intermédio das personagens, algumas de suas inclinações mais violentas, sórdidas e sombrias, 
dando vasão a elas, purgando-as e, ao mesmo tempo, libertando-se da necessidade de vivenciá-las 
de fato. A tragédia provoca a catarse pela via estética e, assim, manifesta-secomo uma maneira de 
manter a vida social saudável e harmoniosa.
A arte – como representação/imitação não somente do que é belo, mas também sombrio 
e sórdido no ser humano – pode nos educar para valores melhores, para ações belas e nobres. 
Desse modo, não somente por produzir coisas belas mas por inspirar ações belas, influenciado pelo 
conceito aristotélico, o pensamento ocidental concebeu a ideia de belas artes, diferenciando esse 
tipo de criação humana de outras, mais técnicas.
Aristóteles atribui papel ético à arte poética na obra Política. Segundo o filósofo, a educação 
musical e poética contribui para formar no ser humano o gosto pelas ações nobres e belas. Sendo 
assim, uma educação estética colaboraria para desenvolver no ser humano o gosto pela ação 
contemplativa, a mais nobre de todas as ações. Segundo Santoro (2010, p. 47-48),
entendemos que a finalidade da obra de arte está na sua própria fruição e que belas 
são as coisas que desejamos por elas mesmas. Úteis são aquelas que desejamos 
em vista de um outro bem. Esta diferença para marcar as artes que visam o belo 
já recebeu também a qualificação de livre (artes liberais) e chegou a inspirar a 
determinação kantiana para a sua teoria do juízo de belo, como um juízo de 
valor desinteressado. Esta cisão tem origem na ética e na política de Aristóteles, 
ainda que não visasse exatamente uma distinção nas artes, mas antes as atividades 
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo18
humanas em geral. [...] As coisas belas, para Aristóteles, são menos os objetos 
produzidos pelas diversas artes do que as melhores e mais felizes ações humanas, 
principalmente a ação contemplativa. Mas, diz ele, as diversas músicas e a poesia 
devem educar-nos para os melhores valores, os valores do homem livre e suas 
ações belas e nobres. De certo modo, Aristóteles propõe uma educação estética, 
em que não apenas se vão aprender conteúdos éticos importantes, mas em que, 
por meio da arte, já se vai tomando gosto pela atividade mais nobre e mais divina 
no homem, a atividade contemplativa. Assim, mais do que produzir coisas belas, 
é importante aprender e agir de modo belo.
Para Aristóteles, as coisas que têm um fim em si mesmas – as coisas belas –, assim como 
o ócio, é que deveriam direcionar as atividades consideradas necessárias e úteis, uma vez que só 
aquelas conduzem a vida humana a uma direção livre, desinteressada e, portanto, feliz.
E você, o que pensa a respeito dessa concepção? Concorda com o posicionamento aristotélico 
de que o que é considerado útil e necessário deve ser direcionado pela contemplação da beleza e 
pelo ócio? Não é exatamente o contrário disso o que fazemos em nossa sociedade atual? Qual foi a 
última vez em que você se permitiu ficar a sós consigo mesmo, diante de uma paisagem natural ou 
de uma obra de arte em atitude de silêncio e contemplação?
Ainda que pareçam dissonantes em relação ao nosso tempo, as considerações aristotélicas 
sobre a música, a poesia dramática e a poesia épica exerceram forte influência sobre o que a tradição 
ocidental convencionou a respeito da arte por muitos séculos.
Embora o próprio Aristóteles não tenha se ocupado, na Poética, das artes plásticas 
propriamente ditas, as categorias e os princípios estéticos desenvolvidos por ele influenciaram 
escolas de arte europeias durante o Renascimento artístico e cultural dos séculos XIV, XV e XVI, 
quando, pela primeira vez, a pintura e a escultura passaram a desfrutar do mesmo status antes 
exclusivo às artes poéticas. No entanto, foi na passagem do século XVII para o XVIII que se efetivou, 
no Ocidente, a delimitação do campo artístico e, a partir de então, o conceito de Belas Artes passou 
a demarcar a diferença entre as artes destinadas a evocar a beleza e as artes liberais.
A Estética passou a ocupar-se desse campo filosófico e, diferentemente de outras formas de 
conhecimento, não se interessava pelo verdadeiro (preocupação da ciência) ou pelo bom (campo 
da ética), sendo que sua única ocupação passou a residir na reflexão do belo em si mesmo. Cabia 
à Estética avaliar uma obra frente a sua capacidade de evocar a beleza, que só existe de modo 
puro na natureza, mas, ao mesmo tempo, pelo seu potencial em criar algo distinto da natureza, 
algo original, sem relação alguma com o que é útil e sem a preocupação com o seguimento de 
procedimentos regrados. Essa concepção de arte se relacionou à concepção de artista como “gênio 
criador”, aquele capaz de produzir e suscitar a beleza.
1.2.3 Kant e a relação entre a arte e o sublime
Embora a ideia de beleza esteja presente em diferentes épocas e sociedades humanas, o 
seu conceito está sempre se atualizando. Sendo assim, o que é considerado belo em uma época e 
cultura pode não ser considerado em outro contexto.
Teorizações sobre a arte 19
Todavia, seria a função da arte somente suscitar e evocar o belo? Que critérios podem ser 
estabelecidos para definir objetivamente o que é belo?
Para nos ajudar a pensar sobre isso, vejamos como o termo belo é definido em um dicionário 
de Filosofia:
Belo (lat. bellus: bonito).
1. Diz-se de tudo aquilo que, como tal, suscita um *prazer desinteressado (uma 
emoção estética) produzido pela contemplação e pela admiração de um objeto 
ou de um ser. Ex.: um belo castelo, uma mulher bela.
2. Diz-se de tudo aquilo que apresenta um *valor moral digno de admiração. 
Ex.: uma bela ação.
3. Conceito normativo fundamental da *estética que se aplica ao juízo de 
apreciação sobre as coisas ou sobre os seres que provocam a emoção ou o 
sentimento estético, seja em seu estado natural (uma bela paisagem), seja como 
produto da arte (pintura, música, arquitetura etc.). Todo belo é o resultado de 
uma apreciação, de um juízo de gosto subjetivo, isto é, pressupõe que não haja 
nada para ser conhecido [...]. (JAPIASSÚ; MARCONDES, 1996, p. 27)
Observe que o conceito de belo está associado ao que é digno de admiração, de contemplação 
desinteressada ou que tem como interesse a pura fruição, isso tanto em relação a uma paisagem 
natural quanto a um produto artístico concebido para tal – para suscitar esse tipo de sensação.
Note também que todo belo é resultado de uma apreciação, de um juízo de gosto, ou seja, da 
perspectiva e das impressões que o objeto causa no expectador, naquele que o contempla. Portanto, 
temos que a ideia de beleza é universal, porém seu conceito se atualiza, de maneira distinta, em 
diferentes épocas e culturas. Além disso, a percepção da beleza pressupõe sempre um aspecto 
subjetivo, ou seja, a apreciação de algo como belo ou não depende daquele que o vê, que o ouve e 
que o sente.
Necessariamente, essa concepção visava ao reconhecimento do valor da arte como algo 
relacionado à livre criação, à inspiração, à originalidade, sem uma relação obrigatória com a 
produção de conhecimento. Os critérios segundo os quais uma obra era avaliada relacionavam-se, 
por um lado, à capacidade inventiva do artista e, por outro, à capacidade do expectador em 
reconhecer a beleza (o bom gosto). No entanto, essa era uma relação bastante subjetiva, que, de 
certa maneira, dificultava o estabelecimento de bases reflexivas mais sólidas sobre a arte.
Dentre os filósofos modernos que buscaram compreender teoricamente como apreciamos 
ou depreciamos uma obra de arte destaca-se o alemão Immanuel Kant (1724-1804). Em sua obra 
Crítica da Faculdade do Juízo (1790), o filósofo estabeleceu critérios objetivos para o juízo estético, 
ou seja, para o desenvolvimento de conceitos relacionados à arte, o qual denominou juízo de gosto4.
No mesmo século em que o conceito de Estética foi cunhado, Kant viria a romper com a 
tradição aristotélica ao propor que a função da arte é provocar o sublime, e não necessariamente 
o belo. Diferentemente do belo, o sublime pode ser concebido como a capacidade de uma obra 
linguística, literária ou artística evocar sentimentos nobres e elevados (ABBAGNANO, 2007).
4 Para saber mais, leia: KANT, I. Crítica da faculdade do juízo. Trad.de Valerio Rohden e António Marques. 2. ed. Rio de 
Janeiro: Forense Universitária, 2005. p. 58.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo20
Para entendermos o conceito de juízo de gosto é importante primeiramente compreendermos 
o conceito de juízo da maneira como foi concebido por Kant na obra Crítica da Razão Pura 
(1781, 1787). Nessa obra, o filósofo definiu juízo como a capacidade de pensar ou discernir, e a 
manifestação do pensamento cognoscente – desenvolvido pelo sujeito – sobre um objeto qualquer 
por meio de uma proposição linguística. Os juízos podem ser a priori, ou seja, sem relação com 
a experiência, o pensamento puro, manifesto por meio de proposições lógicas; ou a posteriori, 
decorrente de uma constatação empírica.
Juízo relaciona-se, portanto, com o modo pelo qual conhecemos e expressamos nosso 
conhecimento, e o juízo de gosto pressupõe a capacidade de afecção causada no espectador diante 
da obra de arte. A principal questão posta por Kant caracterizou-se pela problematização do 
próprio ato de julgar a obra de arte: polemizou que o juízo de gosto não constituía critério seguro 
para a avaliação da arte, uma vez que era concebido de modo subjetivo, dependendo, por um lado, 
de critérios individuais do artista e, por outro, de critérios subjetivos do expectador.
Se cada um tem um gosto e uma compreensão do que seja a beleza, como definir critérios 
objetivos de julgamento de gosto? Como a Estética, pensada filosoficamente, pode contribuir para 
o aprimoramento artístico e para o próprio pensamento filosófico?
De acordo com Kant, a obra de arte, ao se comunicar com a sensibilidade das pessoas, 
instigando opiniões e sentimentos, estabelece vias de reflexão e, por isso, pode ser pensada 
objetivamente.
Ainda que não seja possível pensar no gosto como algo que possa ser debatido, envolvendo 
uma disputa com vistas à obtenção de evidências – como acontece com a Filosofia –, é possível 
pensá-lo como algo que pode ser discutido, processo pelo qual se passa do gosto subjetivo para o 
refinamento do gosto e, portanto, para a reflexão estética.
O refinamento da opinião propicia o refinamento do gosto e a possibilidade de um juízo de 
gosto, um tipo de “acordo sobre a beleza” que possa ser compartilhado por mais de uma pessoa. 
Isso é possível porque, embora as opiniões sobre a beleza sejam subjetivas e individuais, a ideia 
de beleza é uma ideia da razão e, por isso, universal. Ainda que variem de acordo com a pessoa, a 
época e o local, os conceitos sobre a beleza se manifestam como tentativas de atualizar essa ideia, 
que é sempre presente na razão.
Antes de tudo, é preciso convencer-se inteiramente de que pelo juízo de 
gosto (sobre o belo) imputa-se a qualquer um a complacência no objeto, sem 
contudo se fundar sobre um conceito (pois então se trataria do bom); e que 
esta reivindicação de validade universal pertence tão essencialmente a um juízo 
pelo qual declaramos algo belo, que sem pensar essa universalidade ninguém 
teria ideia de usar essa expressão, mas tudo o que apraz sem conceito seria 
computado como agradável, com respeito ao qual deixa-se a cada um seguir sua 
própria cabeça e nenhum presume do outro adesão a seu juízo de gosto, o que, 
entretanto, sempre ocorre no juízo de gosto sobre a beleza. (KANT, 2005, p. 58)
Se a ideia de beleza é uma ideia da razão, o juízo de gosto pode ser discutido porque o 
sentimento do belo é comum ao ser humano em virtude de sua condição racional. Assim, se somos 
Teorizações sobre a arte 21
seres racionais, tendemos a pensar, a buscar e a apreciar a beleza, em qualquer época, local ou 
cultura, e o que muda é tão somente o conceito de beleza.
Como parâmetro para se discutir a beleza, Kant propõe o sublime – conceito que expressa o 
que podemos perceber externamente, como o que ultrapassa a percepção dos nossos sentidos e a 
compreensão do nosso intelecto: o ilimitado, o infinito, o absoluto.
Enquanto a perspectiva do belo se dirige ao objeto considerado em suas limitações, a busca 
do sublime o ultrapassa, remetendo o olhar ao que o objeto evoca de ilimitado. A contemplação da 
natureza evoca o sublime na medida em que alguns dos seus elementos, pela sua grandiosidade, 
suscitam a noção de infinitude, como mostra a Figura 4 a seguir.
Figura 4 – Elementos da natureza
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Uma obra de arte, por exemplo, também pode evocar esse sentimento, desde que atinja o 
ponto em que eleve e transporte o espírito para além dos limites da subjetividade.
O infinito não se mostra objetivamente ao entendimento humano – uma vez que não 
pode ser concebido como objeto da experiência – excedendo todo padrão de sensibilidade e não 
podendo, por isso, ser conhecido. Pode, no entanto, ser pensado como uma ideia da razão, e, desse 
modo, ser perseguido pelo entendimento, embora ultrapasse todas as barreiras da sensibilidade. 
Segundo Kant (2005, p. 101), “a natureza é, portanto, sublime naquele entre os seus fenômenos cuja 
intuição comporta a ideia de sua infinitude. Isto não pode ocorrer senão pela própria inadequação 
do máximo esforço de nossa faculdade da imaginação na avaliação da grandeza de um objeto”.
Uma obra de arte pode derrubar as barreiras tanto do que é subjetivo quanto do que é 
sensível, suscitando e remetendo ao que é eterno, o que pode ser definido como “a evocação do 
sublime”. Podemos observar como exemplo a reprodução da obra The Oxbow, do pintor romântico 
estadunidense Thomas Cole (1801-1848) que, ao retratar o rio Oxbow, uma extensão do rio 
Connecticut, nos EUA, instiga o expectador a ir além de si mesmo ao seguir o curso do rio em sua 
extensão pelo vale.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo22
Figura 5 – The Oxbow (1836), de Thomas Cole.
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Fonte: COLE, T. The Oxbow. 1836. 1 óleo sobre tela, 130,8 x 193 cm. The Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque, Estados Unidos.
Para você, a arte também pode instigar em nós, que somos finitos, a sensação e a busca do 
infinito? Ou você pensa, como Platão, que a arte é mera imitação do real? Se assim fosse, o que 
dizer de determinadas expressões artísticas que evocam reais impossíveis ou irrealidades? Seria a 
arte aquilo que, ao evocar a beleza, nos leva a sentir sensações agradáveis, tornando nossa existência 
mais harmoniosa e feliz? Ou é, ainda, o meio pelo qual, por intermédio da catarse, purgaríamos 
pensamentos e desejos sórdidos nos tornando mais éticos?
Para responder a essas questões, é importante levar em consideração não somente os 
conteúdos estudados neste capítulo, mas também nossas próprias experiências pessoais com 
diferentes formas de expressão artística, como música, pintura, escultura, cinema, dança e teatro.
Considerações finais
Neste capítulo, iniciamos nossos estudos sobre arte, abordando desde a origem etimológica 
desta palavra e passando pelo conceito de Estética tratado tanto na Antiguidade Clássica, por 
Aristóteles e Platão, quanto na Modernidade, por Kant.
Exploramos possíveis sentidos e funções da obra de arte, como algo que leva à contemplação 
e à imitação da natureza, que instiga o prazer pela suscitação da beleza, que eleva o caráter mediante 
a purgação e a catarse de desejos e comportamentos reprovados socialmente ou, ainda, algo que 
pode evocar a sensação de infinitude mediante a elevação do espírito.
Além disso, estudamos que, embora os conceitos e as opiniões sobre a beleza variem ao 
longo do tempo e em cada sociedade e cultura, ela permanece como algo relativo à razão humana. 
Teorizações sobre a arte 23
Do mesmo modo, embora mudem os artistas, os estilos, as formas e os materiais pelos quais a 
obra de arte se expressa, a arte como forma de expressão humana permanece e se mantém como 
um artefato linguístico, plástico ou pictórico, capaz de nos afetar e despertar sentimentos, ideias e 
sensações, sendo, por isso, fundamental à nossa existência e sobrevivência.
Ampliando seusconhecimentos
• HADDOCK-LOBO, R. Os filósofos e a arte. Rio de Janeiro: Rocco, 2010.
Esta obra apresenta, de maneira clara e competente, artigos de autores brasileiros sobre a 
relação entre arte e filosofia para alguns dos maiores expoentes do pensamento filosófico, 
como Platão, Aristóteles, Schopenhauer, Nietzsche, Kant, Foucault, Derrida etc. A obra – 
que discorre desde a noção de arte como mimese em Platão até o conceito de enceguecimento 
em Jacques Derrida – mostra como vários filósofos, desde a Antiguidade até o século XX, 
abordaram a arte como forma de expressão humana.
Trata-se de uma leitura importante para entender como a arte tem sido pensada ao longo 
de mais de dois mil anos, assim, ter argumentos para se construir o próprio conceito sobre 
as expressões artísticas e sua relação com o que o é humano por excelência.
• CAFÉ Filosófico – A importância da Arte na formação do ser humano. 2016. 1 vídeo 
(40min16s). Publicado pelo canal Vera Borges. Disponível em: https://youtu.be/0-
u1Ba0w3B4. Acesso em: 24 out. 2019.
Este é o terceiro vídeo da série “Sarau de todas as tribos”, da filósofa Vera Borges, publicado 
no canal Café Filosófico. Trata-se de um material importante e acessível – fundamental para 
complementar o conteúdo estudado neste capítulo –, que aborda as origens da expressão 
artística e o sentido da manifestação estética no cotidiano do ser humano como forma de 
interiorização e exteriorização de sentimentos, sensações e ideias. Borges discute como 
o ser humano se comunica com o absoluto, com o infinito, com o conhecimento, com o 
belo, com o cotidiano, com o transcendente e com tudo que o ultrapassa. Além disso, a 
filósofa discorre sobre a arte como forma de afetar, de instigar o autoconhecimento e a 
sensibilidade para o outro.
Atividades
1. Considerando as origens dos termos arte e Estética defina, com suas palavras, em que consiste 
a expressão artística e de que forma tem sido abordada pela Filosofia ao longo dos séculos.
2. A arte é apenas o que imita o real ou pode ser também aquilo que reinventa, transcende e 
amplia? Justifique sua resposta com base nas diferentes concepções sobre a arte apresentadas 
neste capítulo.
3. Explique o conceito de juízo de gosto em Kant e como este pode ser empregado para se 
pensar a arte.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo24
Referências
ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. 5 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
ARISTÓTELES. Arte retórica e arte poética. 17. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2005.
ARISTÓTELES. Poética e tópicos I, II, III e IV. São Paulo: Hunter Books, 2013.
FIGURELLI, R. Platão e os primórdios da Estética. In: MARÇAL, J. (org.). Antologia de textos filosóficos. 
Curitiba: SEED, 2009. Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/cadernos_
pedagogicos/caderno_filo.pdf. Acesso em: 24 out. 2019.
GOMBRICH, E. A História da arte. Rio de Janeiro: LTC, 2013.
HADDOCK-LOBO, R. Os filósofos e a arte. Rio de Janeiro: Rocco, 2010.
JAPIASSU, H.; MARCONDES, D. Dicionário Básico de Filosofia. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.
KANT, I. Crítica da faculdade do juízo. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005.
MÍMESIS ou MIMESI. In: E-dicionário de termos literários de Carlos Ceia. 2010. Disponível em: http://edtl.
fcsh.unl.pt/encyclopedia/mimesis-mimese/. Acesso em: 6 set. 2019.
PLATÃO. A República. Lisboa: Estampa, 1978.
PLATÃO. Critão, Meão, Hípias Maior e outros. 2. ed. Belém: EDUFPA, 2007.
SANTORO, F. Aristóteles e a arte poética. In: HADDOCK-LOBO, R. Os filósofos e a arte. Rio de Janeiro: 
Rocco, 2010.
2
Arte rupestre no Ocidente e nas Américas
Andréa Carneiro Lobo
Neste capítulo, vamos abordar a origem e o sentido da arte para a humanidade, situando‑os 
na Pré‑História e problematizando as relações entre expressão artística e evocação de forças 
sobrenaturais relativas ao sagrado.
Com base nessa perspectiva, exploraremos aspectos relativos à história da arte dita primitiva 
(primeira) no Ocidente e algumas de suas manifestações plásticas, notadamente pinturas e 
esculturas.
Na sequência, vamos apresentar elementos relativos à história da arte pré‑histórica brasileira, 
anterior à presença dos colonizadores europeus e problematizaremos suas motivações, formas de 
expressão e possíveis significados.
2.1 A Pré-História e a relação entre arte e magia
Seria possível definir com exatidão quando o homem procedeu a primeira intervenção 
artística sobre seu meio? Quando foi que alguém entalhou pela primeira vez uma pedra ou modelou 
uma argila tendo como intenção criar algo belo e não somente útil? Quais foram os primeiros 
artistas da humanidade? O que pensavam quando criavam suas obras? Que finalidade a criação 
artística tinha para eles? Em que medida suas concepções estéticas se aproximam ou se afastam 
das nossas?
Assim como não é possível definir com precisão quando teve início a linguagem falada, 
também não é possível localizar com exatidão a época e o local em que se deu o aparecimento da 
arte como expressão humana.
Estudiosos da arte, como Gombrich (2013) e Hauser (2010), embasados em evidências 
arqueológicas, afirmam que as primeiras manifestações artísticas remontam à chamada 
Pré‑História. Essa é uma designação controversa, porém, tradicionalmente atribuída pelos 
historiadores ocidentais à fase do desenvolvimento humano, que é caracterizado:
• pelos diferentes estágios de evolução biológica da espécie humana, desde os primeiros 
hominídeos – chamados de australopithecus, há aproximadamente 4 milhões de anos – 
passando pelas diferentes espécies do gênero Homo (habilis, erectus, neanderthalensis) 
até o desenvolvimento do Homo sapiens sapiens (por volta de 100.000 anos atrás);
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo26
• pela formação dos primeiros agrupamentos humanos no planeta Terra e pelas diferentes 
fases da sua produção material (desde a caça e a coleta, passando pela descoberta da 
agricultura, pecuária, artesanato e metalurgia);
• pela inexistência da escrita como forma de registro;
• pela inexistência do estado como fator de ordenamento social.
A Pré-História é o período mais longo do desenvolvimento humano na Terra, englobando 
desde 4 milhões até 10 mil anos atrás. Esse longo período é costumeiramente dividido em três fases:
• Paleolítico (do grego palaiós = antigo; lithos = pedra; “pedra velha”): período em que 
a pedra lascada era utilizada para a produção de armas e ferramentas. Além disso, são 
marcos desta era a descoberta técnica do fogo e da arte da pintura e escultura. O período 
paleolítico é subdivido em:
• Inferior: aproximadamente 4,5 milhões de anos a 100 mil anos atrás (outros autores 
consideram 2,5 milhões de anos);
• Médio: aproximadamente 100 mil a 40 mil anos atrás;
• Superior: aproximadamente 40 mil a 10 mil anos atrás (CRUZ; CUNHA, 2008).
• Neolítico (do grego neo = novo; lithos = pedra; “pedra nova”): período em que a pedra 
polida era utilizada para a produção de armas e ferramentas. Nesta fase, o desenvolvimento 
tecnológico e cultural humano teve início por volta de 10 mil anos e teria se estendido até 
6 mil anos atrás. Além da técnica de polimento das rochas, a era neolítica é caracterizada 
pela descoberta da agricultura e da pecuária, assim como o desenvolvimento da vida 
sedentária e o surgimento das primeiras comunidades, fato que atribuiu a este período a 
designação Revolução neolítica.
• Idade dos Metais: período em que metais eram utilizados para a fabricação de armas e 
ferramentas, sobretudo em algumas regiões como a Ásia Menor e o Oriente Médio. Teve 
início por volta de 5 mil anos atrás com a descoberta do cobre e do estanho. Da mistura 
desses dois metais foi desenvolvido o bronze (período chamado de calcolítico). Esse 
período foi marcado também pela descoberta e disseminação de metais mais “moles”, 
como o ouro, cujo uso se disseminou no Oriente Médio, Ásia Menor e Sul da Europa 
entre 4 e 2 mil anos atrás. Por volta de 3,5 mil anos, a metalurgia deum metal mais duro 
e resistente (o ferro) se disseminou em comunidades da Ásia Menor e posteriormente 
em regiões da África, Europa e do Oriente Médio. A Idade dos Metais foi caracterizada, 
dentre outros fatores, pelo surgimento da vida urbana (nascem as primeiras cidades), 
pelo desenvolvimento da escrita, pela expansão do comércio e pelo florescimento das 
primeiras civilizações.
Arte rupestre no Ocidente e nas Américas 27
2.1.1 Pinturas rupestres
A Pré‑História foi conceituada por historiadores nórdicos do século XIX para se referir à 
fase do desenvolvimento humano anterior à escrita. Ela constituiu um longo período da trajetória 
humana, caracterizado por descobertas importantes, como o fogo, a lascadura e polimento de 
rochas, a metalurgia, o artesanato, a agricultura e a pecuária etc. Dentre essas descobertas, também 
está a expressão artística.
Grande parte das mais expressivas manifestações artísticas plásticas remontam aos períodos 
Paleolítico Médio e Superior – aproximadamente 30 e 11 mil anos a.C.1 – e podem ser encontradas 
no interior de cavernas e abrigos de pedra (tanto em paredes quanto em tetos) situados na Europa, 
África e América. Essas são chamadas de pinturas rupestres; já as esculturas de silhuetas femininas 
com formas arredondadas são chamadas de vênus paleolíticas.
Segundo Hauser (2010, p. 2), as pinturas rupestres do Período Paleolítico chamam a atenção 
pelo naturalismo e pela tentativa de fidedignidade ao meio natural da forma como era concebido 
pelo artista pré‑histórico: “é uma arte que, a partir de uma fidelidade linear à natureza, na qual 
as formas individuais ainda são moldadas rígida e laboriosamente, avança para uma técnica ágil 
e brilhante, quase impressionista”. Segundo o autor, o artista paleolítico pintava aquilo que via e 
tentava fazê‑lo da forma mais exata possível, considerando materiais e técnicas, isto é, os meios dos 
quais dispunha.
Para Gombrich (2013, p. 38), uma das pistas para se compreender o sentido e a origem da 
arte entre os povos primitivos – assim designados não por serem mais simples que as sociedades 
atuais, mas sim por estarem mais próximos da humanidade em suas origens do que nós – é o fato 
de que, para eles, “a construção e a criação de imagens têm funções idênticas”.
Mas de fato, o que isso significa? É possível afirmar que as construções deste período tinham 
tanto a função de abrigar esses povos das intempéries da natureza quanto de protegê‑los das ações 
sobrenaturais dos deuses. Já as imagens – manifestadas em pinturas – imitavam elementos da 
natureza ou sua personificação sobrenatural. As imagens tinham o poder de intervir no real, isto é, 
tinham funções mágicas. De qualquer maneira, tanto as construções quanto as imagens atendiam a 
critérios utilitários: serviam para atender às necessidades do mundo material/natural ou do mundo 
sobrenatural2.
Os seres humanos do Período Paleolítico ainda não sabiam produzir e reproduzir o seu 
alimento – isto é, desconheciam a agricultura e a pecuária –, por isso sobreviviam do que caçavam 
e coletavam. Na luta constante com as forças da natureza, o sucesso ou o fracasso de uma caçada 
representava a diferença entre sobreviver ou padecer de fome, portanto, o controle dessas forças 
era fundamental. Infinitamente inferior à adversidade representada pelo mundo natural, os seres 
1 A sigla a.C. identifica as datações anteriores à Era Cristã. O calendário ocidental cristão tem como marco inicial o 
nascimento de Jesus Cristo, fenômeno que, de acordo com astrônomos cristãos medievais e modernos, teria ocorrido 
há dois mil anos. Os acontecimentos cronologicamente ocorridos antes de Cristo são datados em ordem decrescente, 
dos mais distantes (e antigos) aos mais próximos (e contemporâneos) ao nascimento de Jesus Cristo.
2 A palavra magia tem origem etimológica no termo grego mageía. Segundo o filósofo Nicola Abbagnano, trata-se 
de um tipo de conhecimento que pretende dominar as forças naturais por meio dos mesmos meios empregados para o 
controle dos seres animados. Esse conhecimento parte do pressuposto de que todos os elementos naturais são seres 
animados, ou seja, têm vida.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo28
humanos com suas armas de pedra lascada podem ter descoberto na arte uma forma de tentar ter 
controle sobre a natureza. Segundo Hauser (2010, p. 4), a arte funcionaria como um instrumento 
de acesso e controle das forças naturais por vias sobrenaturais, isto é, por meio da magia, pois:
nessa época de vida puramente prática, tudo gravitava, como é óbvio, em torno 
da mera subsistência, e nada justifica, portanto, supormos que a arte servia a 
qualquer outro propósito que não fosse o de constituir um meio para a obtenção 
de alimentos. Todas as indicações apontam, mais exatamente, para o fato de que 
se tratava do instrumento de uma técnica mágica e, como tal, tinha uma função 
inteiramente pragmática que visava alcançar objetivos econômicos diretos.
Para Gombrich (2013), a razão de ser da arte paleolítica pode ser pragmática: os artistas 
procuravam desenhar com precisão e naturalismo plantas, animais (bisões, cavalos, cervos, touros 
etc.) e figuras humanas (caçadores e coletores). Segundo o autor, de alguma forma, esses povos 
acreditavam que as imagens tinham o poder de intervir sobre o meio natural, em uma espécie de 
atribuição de sentido sobrenatural ao que buscavam representar.
A explicação mais provável para essas pinturas rupestres é que se trata das mais 
antigas relíquias da crença universal no poder das imagens; em outras palavras, 
ao que parece, esses caçadores primitivos imaginavam que, se fizessem uma 
imagem de suas presas – e talvez se a golpeassem com suas lanças e machados 
de pedra –, os animais reais também sucumbiriam ao seu poder. (GOMBRICH, 
2013, p. 39)
Até mesmo o local em que as pinturas eram realizadas – geralmente no interior de cavernas 
escuras e íngremes aonde se chega por meio de corredores estreitos e de difícil passagem – e o fato 
de, muitas vezes, serem feitas sobrepostas umas às outras, denota que a função da arte não era 
meramente “decorativa” e, sim, que havia alguma atribuição espiritual a elas:
é uma estranha experiência adentrar essas cavernas, às vezes por corredores 
baixos e estreitos, mergulhar no negro ventre da montanha e, de repente, ver a 
lanterna do guia iluminar a imagem de um touro. Uma coisa é clara: ninguém 
se esgueiraria por tal distância, penetrando as lúgubres profundezas da terra, 
apenas para decorar local tão inacessível. Ademais, poucas dessas imagens 
foram claramente distribuídas pelos tetos ou paredes da caverna, com exceção 
de algumas pinturas na caverna de Lascaux [...]. Pelo contrário, às vezes 
encontram‑se pintadas ou gravadas umas sobre as outras, sem nenhuma ordem 
aparente. (GOMBRICH, 2013, p. 39)
Observe que a Figura 1, a seguir, trata‑se da reprodução de uma das pinturas rupestres da 
caverna de Altamira, norte da Espanha. Os arqueólogos estimam que essas pinturas foram feitas 
durante o Período Paleolítico Superior, entre 35 e 11 mil anos a.C.:
Arte rupestre no Ocidente e nas Américas 29
Figura 1 – Detalhe da sequência de pinturas rupestres da caverna de Altamira, norte da Espanha.
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Arqueólogos estimam que essas pinturas tenham sido realizadas entre 35 e 11 mil anos a.C. 
A localização das galerias em que estão impressas essas imagens – isoladas de influências 
climáticas externas – ajuda a entender seu excelente estado de conservação até os dias atuais.
Já a Figura 2, a seguir, é uma reprodução de pinturas localizadas na caverna de Lauscaux, 
sudoeste da França. Descobertas por pesquisadores no ano de 1940, a sequência de pinturas 
rupestres desse local conta com 600 imagens impressionantes, a maioria representando cavalos, 
mas há também bisões, veados e até alguns felinos. A datação aproximada situa‑se entre 17 e 15 
mil anos a.C., ou seja, no final do Período Paleolítico Superior. No detalhe reproduzido a seguir,é possível observar a sobreposição de imagens de animais, provavelmente pintados em períodos e 
até mesmo por artistas diferentes:
Figura 2 – Detalhe das pinturas rupestres registradas em Lascaux, França. É possível ver desenhos de 
bisões, cavalos e veados, alguns estão sobrepostos.
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História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo30
Nas pinturas rupestres manifesta‑se, portanto, a crença ou suposição, bem como o desejo 
de intervenção sobre aquilo que representavam: não parecia existir a distinção entre o fenômeno 
representado e sua representação. Dessa forma, pintar/desenhar a imagem de um bisão atingido 
por uma flecha representaria a garantia do sucesso na caçada. Para historiadores da arte, como 
Gombrich (2013) e Hauser (2010), a imagem tinha a função de “antecipar” o evento registrado.
Nas pinturas em que se destacam animais, a figura humana, ainda que mais raramente, 
também aparece. Os seres humanos são representados em atividades como caça, dança e, em 
alguns casos – como em pinturas rupestres localizadas no Brasil –, fazendo sexo. São também 
representadas palmas de mãos e motivos geométricos ou artísticos abstratos, os quais foram 
nominados pelo arqueólogo, geólogo e etnólogo francês Henri Breuil como macarrões. As pinturas 
são policromáticas e as tintas, feitas de matéria orgânica, tinham diferentes origens: sangue, saliva, 
argila de diferentes tonalidades e excrementos de animais que habitavam as cavernas, como 
morcegos.
Pode parecer estranho para nós, em pleno século XXI, o fato de os artistas paleolíticos 
considerarem a imagem de um determinado elemento ou fenômeno como a realidade propriamente 
dita. Mas será que essa prática remete apenas àquele período?
Figura 3 – A associação entre a imagem e o que ela representa
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O costume de alguns fãs de beijar pôsteres com a imagem de ídolos (Figura 3) ou o hábito 
de “conversar” com a imagem de um contato em redes sociais não seriam também modos de 
considerar imagens como a representação da realidade?
2.1.2 Vênus paleolíticas
Outra expressão significativa da arte pré‑histórica são as esculturas representando formas 
femininas, designadas por estudiosos e especialistas como vênus paleolíticas. A denominação é uma 
Arte rupestre no Ocidente e nas Américas 31
alusão à entidade que, entre os antigos romanos, era concebida como a deusa Vênus, atribuição 
latina para Afrodite, deusa grega do amor, da sexualidade e da beleza feminina.
Da civilização grega – que floresceu no primeiro milênio antes de Cristo, atingiu seu apogeu 
no século V a.C. e teve seu declínio no século II a.C. – sobreviveu uma escultura, feita em mármore 
e com 202 centímetros, que representa a deusa Afrodite.
A obra, datada do Período Helenístico 
(provavelmente século II a.C.), é atribuída ao 
escultor Alexandre de Antioquia e foi denominada 
Vênus de Milo (Figura 4), pois foi descoberta na 
Ilha de Milo, no Mar Egeu, em 1820. A escultura 
representa a divindade greco‑romana como uma 
mulher seminua, com a parte de cima do corpo 
descoberta e dotada de formas consideradas 
perfeitas para as concepções estéticas da época. 
Seus braços quebrados causam controvérsias entre 
os pesquisadores sobre a época em que isso teria 
acontecido. Outra controvérsia se dá em relação a 
sua datação: para muitos, a Vênus de Milo pertence 
ao Período Helenístico, que é justamente a época 
de declínio e decadência da civilização helênica; 
em outras palavras, a obra contrasta com o período 
em questão.
Agora que sabemos a origem da designação 
vênus para esculturas que representam a figura 
feminina, bem como o ideal de beleza e sexualidade, 
podemos nos perguntar: qual a relação de uma 
estátua do século II a.C. com a Pré‑História?
Ocorre que, ao lado das chamadas 
pinturas rupestres, a estatutária é a uma das mais 
significativas expressões da arte paleolítica. Dentre 
as esculturas e estátuas mais antigas produzidas 
pelo ser humano, destacam‑se aquelas que parecem 
representar a figura feminina, com especial enfoque 
às partes do corpo vinculadas à sexualidade e 
à fertilidade. São formas humanas femininas 
representadas nuas, com coxas, nádegas, ventre e 
seios protuberantes e avantajados. Já os membros 
superiores e a cabeça são desproporcionalmente 
representados em um tamanho menor.
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Fonte: ALEXANDRE de Antioquia. Vênus de Milo. séc. II a.C. 1 escultura em 
mármore, 202 cm. Museu do Louvre, Paris, França.
Exposta no Museu do Louvre, na França, Vênus de Milo há mais 
de 2.000 anos é considerada por muitos como um ícone do ideal 
estético da beleza feminina.
Figura 4 – Vênus de Milo (séc. II a.C.), de Alexandre de 
Antioquia. 
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo32
Como exemplo, podemos citar a denominada Vênus de 
Willendorf (Figura 5), descoberta pelo paleontólogo austríaco 
Hugo Obermaler, em 1908, na região de Willendorf, baixa Áustria 
(VELÁZQUEZ, 2017). A estatueta, com 10,45 cm de altura e feita em 
calcário, é datada do Período Paleolítico Superior.
Outro exemplo desse tipo de escultura – pertencente ao 
Período Paleolítico Superior – é a chamada Vênus de Lespugue 
(Figura 6). Datada aproximadamente de 26 e 24 mil anos atrás, foi 
descoberta em 1922 em uma caverna chamada Rideaux de Lespugue 
(na França, região dos Pirineus) pelo arqueólogo e naturalista René 
de Saint‑Périer, que a danificou acidentalmente durante a escavação, 
sendo depois reconstituída. Talhada em marfim de mamute (animal 
pré‑histórico extinto, parecido com os elefantes atuais), a estatueta 
tem 14,7 cm de altura. Dentre todas as Vênus paleolíticas descobertas, 
a de Lespugue é a que tem as características sexuais (seios, vulva, 
nádegas) mais acentuadas e proeminentes3.
Seriam as vênus paleolíticas representações do ideal de 
beleza feminina na Pré‑História? Segundo estudiosos, esta 
hipótese parece pouco provável. Ainda que as formas das 
estátuas pudessem ser também associadas à beleza, sua função 
estética estava submetida a uma possível função religiosa. 
Segundo Sheldon Cheney (1995, p. 34), essas “estatuetas 
podem ter sido figuras votivas ligadas aos ritos destinados a 
manter e incrementar a fertilidade das mulheres”. A hipótese 
explicaria a protuberância das partes do corpo feminino 
associadas à sexualidade e à fertilidade.
Há, entretanto, estudiosos que defendem outra hipótese: 
as estatuetas manifestariam, por intermédio de figuras votivas 
femininas, a sacralização da fertilidade da própria natureza, 
associada ao feminino. Dentre esses, destaca‑se os estudos da 
filósofa francesa Elisabeth Badinter em sua obra intitulada 
Um é o outro4 (1986).
3 Para conhecer mais sobre as vênus paleolíticas, acesse: ROSSETTI, V. As deusas Vênus do Paleolítico. NetNature, 7 
dez. 2016. Disponível em: https://netnature.wordpress.com/2016/12/07/as-deusas-venus-do-paleolitico. Acesso em: 
28 set. 2019.
4 A obra em questão é a primeira parte de uma coletânea composta dos títulos Um e o outro, Um sem ou outro e Um é 
o outro. Nela, a autora discute a sexualidade humana através dos tempos.
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Figura 5 – Vênus de Willendorf
Fonte: VÊNUS de Willendorf. 24000-
-22000 a.C. 1 escultura de calcário 
oolítico, 10,45 cm. Museu de 
História Natural, Viena, Áustria.
Figura 6 – Vênus de Lespugue
Fonte: VÊNUS de Lespugue. 26000- 
-24000 a.C. 1 escultura de marfim de 
mamute, 14,7 cm. Museu do Homem, 
Paris, França.
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Arte rupestre no Ocidente e nas Américas 33
No Período Neolítico – em que a maioria dos seres humanos ainda não conhecia o uso da 
metalurgia e passava de um estágio de caçador‑coletor para agricultor‑pastor –, os agrupamentos 
humanos viviam uma relação de total dependência da natureza para garantia da sobrevivência.
É possível que tenha existido uma divinização feminina da natureza e essas manifestações 
artísticas sejamexpressões de uma religiosidade ancestral em que se cultuavam deusas – e não 
deuses. Até o início da idade do bronze e o surgimento das primeiras civilizações, estatuetas 
representando essas imagens femininas do sagrado predominaram entre grupos humanos que 
iam da Europa até o Oriente Médio, vindo a ser paulatinamente substituídas por esculturas 
representando deuses masculinos.
Isso nos leva a pensar que no princípio podem ter sido as deusas, e não os deuses, a primeira 
forma de representação do sagrado entre os seres humanos. De qualquer modo, em relação à forma 
como o homem pré‑histórico concebia o real e como essa concepção se manifestava em sua arte, 
nós podemos tecer apenas especulações, afinal, são tempos anteriores à escrita.
2.2 Expressões da arte pré-histórica no Brasil
Como vimos anteriormente, o termo Pré-História foi criado para designar uma forma de 
sobrevivência, característica dos primeiros grupos humanos. Seus períodos são divisões criadas 
para caracterizar aspectos da vida material desses grupos, contudo, esses estágios não aconteceram 
da mesma forma e na mesma época em todas as regiões do globo.
As datações mencionadas no início deste capítulo referem‑se a estágios de desenvolvimento 
técnico de seres humanos que viveram em regiões da Europa, África e Ásia há milhares e até mesmo 
milhões de anos. Na América, esses estágios ocorreram em períodos diferentes, até porque, como 
veremos a seguir, o povoamento humano das Américas é posterior à ocupação humana na África 
(mais antiga), na Ásia e na Europa.
As expressões artístico‑culturais – isto é, representações de cenas de caça, de dança e de 
acasalamento humano por meio de pinturas rupestres, estatuetas, vasos e objetos decorativos – 
ocorreram em diversos lugares e em épocas diferentes, todavia, não deixam de apresentar entre si 
algumas características comuns. Vamos analisar mais detalhadamente, a partir de agora, algumas 
das manifestações artísticas relativas à Pré‑História brasileira.
2.2.1. A origem do homem e da mulher das Américas
No Brasil, assim como nas Américas, os primórdios do povoamento humano se deram com 
as espécies Homo sapiens sapiens durante o Pleistoceno, período geológico que durou de 2 milhões 
até 10 mil anos, e que antecedeu o período geológico atual, chamado Holoceno. A origem do Homo 
sapiens sapiens é africana, foi na África que nossa espécie surgiu, por volta de 100 mil anos atrás e 
foi de lá que ela partiu para povoar praticamente todo o globo. Entretanto, os arqueólogos ainda se 
perguntam: quando e como os nossos antepassados chegaram ao continente americano?
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo34
Até a década 1970 a tese mais aceita entre os estudiosos era a de que as primeiras populações 
humanas da América descendiam de grupos vindos do Sudeste Asiático. Esses grupos teriam 
migrado para a América através da Beríngia – um estreito de mar entre a Sibéria Oriental (Ásia) e 
o Alasca (América do Norte) – que, em função da oscilação climática característica da última era 
glacial, teria ficado emersa durante aproximadamente 18 mil anos, fato que possibilitou a travessia 
por grupos nômades sobre ela. A travessia (Figura 7) teria ocorrido há aproximadamente 12 mil 
anos.
Figura 7 – Hipótese da travessia humana da Beríngia e o povoamento humano da América
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Placa de gelo Laurentina; Placa de gelo da Cordilheira; corredor livre de gelo (tradução livre).
Essa tese se amparava, sobretudo, em descobertas realizadas nos sítios arqueológicos de 
Clóvis (Figura 8) e Folsom, localizados na América do Norte, datados aproximadamente entre 
13.500 e 8 mil anos atrás.
Figura 8 – Instrumentos líticos (cultura Clóvis), Novo México, Estados Unidos.
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Arte rupestre no Ocidente e nas Américas 35
Porém, nas últimas décadas do século XX, importantes descobertas derrubaram essa teoria. 
Fósseis humanos, descobertos no sítio arqueológico de Lagoa Santa, em Minas Gerais, foram 
datados em aproximadamente 12 mil anos atrás. O caso mais conhecido é o do esqueleto de uma 
mulher, a quem os arqueólogos batizaram de Luzia.
A conformação craniana de Luzia, tal qual se pode 
perceber na reconstituição5 da Figura 9, ao lado, é diferente 
do aspecto anatômico das populações indígenas atuais – 
o qual lembra o aspecto dos grupos de origem mongol, na 
Ásia – assemelhando‑se às populações da Oceania (Austrália, 
principalmente) e da África.
Na América do Norte, pesquisadores constataram, nos 
últimos anos, que a presença humana mais antiga – encontrada 
em sítios como o de Cactus Hill (Estados Unidos) – pode 
chegar a até 25 mil anos. Além disso, pesquisas arqueológicas 
realizadas nos últimos 30 anos detectaram vestígios de 
populações humanas na América do Sul – Minas Gerais, Mato 
Grosso, parte do Nordeste e da Amazônia (no Brasil), e Monte 
Verde (no Chile) – cuja datação chega a 13 mil anos.
Ainda sobre a origem do homem e da mulher das 
Américas, desde a década de 1970, um grupo de estudiosos, 
comandados pela arqueóloga Niède Guidon, tem defendido 
que certos vestígios de fogueiras e de pedras lascadas, encontrados no sítio do abrigo de Pedra 
Furada, no Parque Nacional da Serra da Capivara, município de São Raimundo Nonato (Piauí), 
chegam à datações que oscilam entre 20 e 40 mil anos.
Embora as descobertas arqueológicas mais recentes ainda apresentem com prudência o 
resultado de suas pesquisas, é praticamente consenso entre os arqueólogos que a presença do 
Homo sapiens sapiens, em nosso continente, remonta há pelo menos 13 mil anos. Essa tese, no 
entanto, vem sendo discutida em razão da existência de evidências arqueológicas anteriores a 15 
mil anos, algo que não pode ser explicado pela teoria da Beríngia.
As manifestações artísticas mais antigas das Américas se localizam – segundo estudiosos 
que compõem o grupo coordenado por Guidon – na região Nordeste do Brasil, no estado do 
Piauí. Elas fazem parte da chamada Tradição Nordeste, forma como foram batizados os grupos 
humanos autores de pinturas rupestres cuja datação pode chegar a mais de 13 mil anos. Além 
desta, a chamada Tradição Amazônia seria uma das mais antigas manifestações da arte estatuária 
brasileira, conforme veremos a seguir.
5 Essa reconstituição estava exposta no acervo do Museu Nacional do Rio de Janeiro, que, infelizmente, teve a maior 
parte do seu acervo destruída por um incêndio em 2018. O fóssil de Luzia, no entanto, “sobreviveu” ao incêndio e sua face 
poderá ser novamente reconstituída por artistas e cientistas especializados.
Figura 9 – Reconstituição do 
provável rosto de Luzia
Fonte: RECONSTITUIÇÃO de indivíduo humano 
de sexo feminino (Luzia) com base nos 
remanescentes do crânio achado em Lapa 
Vermelha IV, Lagoa Santa, Minas Gerais. 
Acervo de Antropologia Biológica do Museu 
Nacional/UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil.
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História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo36
2.3.1.1 Tradição Nordeste e Tradição Amazônia
A Tradição Nordeste é uma cultura pré‑histórica brasileira, a qual é estudada há quatro 
décadas. Iniciada pela pesquisadora francesa Niède Guidon, a pesquisa traz fortes indícios 
empíricos de que as manifestações artísticas mais antigas das Américas podem estar no Brasil.
O principal sítio arqueológico encontra‑se no estado do Piauí, no município de São 
Raimundo Nonato, chamado Serra da Capivara. É um sítio rico em pinturas rupestres, sendo que 
as mais antigas podem remontar há mais de 9 mil anos. Elas normalmente se caracterizam pela 
representação de figuras humanas, isoladas ou em grupos, às vezes usando cocares.
Pintadas com um único pigmento, as representações contrastam com a cor da rocha sobre a 
qual estão (Figura 10). Acredita‑se que as pinturas mais antigas estejam relacionadas à afirmação 
dos grupos em determinados territórios ou a crenças religiosas.
Os abrigos sob rocha eram usados para sepultamentos e pinturas rupestres: vestígiosde 
ocupação indicam que a maioria das populações pertencentes a essa tradição habitavam a céu 
aberto.
Figura 10 – Pintura rupestre no sítio arqueológico da Serra da Capivara, Piauí.
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Já a Tradição Amazônia refere‑se aos sítios arqueológicos situados no Norte do Brasil 
(principalmente no Pará), na região da Pedra Pintada do Monte Alegre. Os vestígios nessa 
região apontam que, pelo menos desde 11 mil anos atrás, já existiam, naquela região, bandos de 
caçadores‑coletores. Esses indícios são ainda mais acentuados a partir de 3 mil anos. Esses bandos 
utilizavam diferentes artefatos líticos, elaborados com técnicas de lascamento e polimento da 
pedra, dos quais se destacam as pontas de dardos e as lâminas de machado. Eles se alimentavam 
de vegetais, castanhas e pequenos animais. É possível que cultivassem a mandioca, desde pelo 
menos 3 mil anos.
Arte rupestre no Ocidente e nas Américas 37
A cerâmica parece ter existido na região desde 5 mil anos, podendo os exemplares mais 
antigos chegar a datas ainda mais remotas (7 mil anos atrás). A produção de artefatos de cerâmica 
parece ter sido rica e variada, sobretudo a partir do século IV da nossa era. Dentre as tradições 
ceramistas, duas merecem destaque: a subtradição marajoara, oriunda da Ilha de Marajó, e a 
tradição Santarém, da região do baixo Rio Tapajós. É característica dessas tradições a decoração 
com figuras antropomorfas (com características humanas) na confecção de vasilhames (Figura 11).
Figura 11 – Cerâmica produzida por grupos humanos que habitavam a região de Santarém, no Pará.
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Fonte: VASILHAME decorado com motivos antropomorfos e zoomorfos. 500 d.C. Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de 
São Paulo, São Paulo, Brasil.
Essas cerâmicas provavelmente eram utilizadas como urnas funerárias, recipientes para 
substâncias usadas em cerimônias rituais e para o armazenamento e transporte de alimentos 
sólidos e líquidos.
Considerações finais
Abordamos, neste capítulo, conteúdos relativos às primeiras manifestações artísticas 
humanas, ocorridas na Pré‑História, tanto geral quanto brasileira. Além disso, elencamos as 
periodizações tradicionais referentes a esse período, destacamos aspectos relativos à arte 
rupestre e à estatuária do Período Paleolítico Superior e de algumas tradições da Pré‑História 
brasileira, principalmente do Nordeste e da Amazônia. Apresentamos, também, algumas das 
principais teorias sobre a origem do homem e da mulher das Américas, bem como as hipóteses 
sobre o sentido da arte entre os seres humanos pré‑históricos, que tem provável significação 
mágico‑religiosa.
Ampliando seus conhecimentos
• FUNARI, P. P.; NOELLI, F. S. Pré-História do Brasil: as origens do homem brasileiro; o 
Brasil antes de Cabral; descobertas arqueológicas recentes. São Paulo: Contexto, 2002. 
(Coleção Repensando a História).
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo38
Essa obra – pertencente à coleção “Repensando a História” – aborda de maneira clara 
e didática, porém com rigor documental, desde as ondas migratórias que povoaram as 
Américas até aspectos relativos à vida dos primeiros americanos, com ênfase no território 
brasileiro e da América do Sul. Os autores exploram as principais formas de expressão 
artística da Pré‑História brasileira e os modos que essas representações estéticas estão 
sendo discutidas por pesquisadores.
• JANSEN, R. A arqueóloga que batalha para preservar os vestígios dos primeiros homens 
das Américas. BBC Brasil, Rio de Janeiro, 12 mar. 2016. Disponível em: https://www.bbc.
com/portuguese/noticias/2016/03/160312_perfil_niede_guidon_rj_ab. Acesso em: 28 
out. 2019.
Nessa reportagem – disponível no portal da BBC Brasil – você poderá conhecer um 
pouco mais sobre a vida e o trabalho da arqueóloga franco‑brasileira Niède Guidon, que 
há quatro décadas se dedica ao estudo da Pré‑História brasileira.
Atividades
1. É possível afirmar que a arte pré‑histórica tinha uma finalidade estritamente estética? 
Justifique.
2. Aponte algumas das principais características da pintura rupestre pré‑histórica e da 
estatuária paleolítica.
3. Em relação à arte pré‑histórica brasileira, quais semelhanças e diferenças podem ser 
elencadas em relação às manifestações artísticas da Pré‑História geral?
Referências
ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. Trad. de Alfredo Bosi. 5 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
BADINTER, E. Um é o outro: relações entre homens e mulheres. Trad. de Carlota Gomes. Rio de Janeiro: 
Nova Fronteira, 1986.
CRUZ, C. B.; CUNHA, E. Os vestígios osteológicos humanos do Paleolítico Português: revisão bibliográfica 
e análise dos dados. Antropologia Portuguesa, Coimbra, n. 24‑25, p. 75‑93, 2007‑2008. Disponível em: http://
www.uc.pt/en/cia/publica/AP24‑25/AP_artigos/AP24.25.05_Barroso_Cruz.pdf. Acesso em: 28 out. 2019.
CHENEY, S. História da arte. Trad. de Sérgio Millet. São Paulo: Rideel, 1995.
GOMBRICH, E. A História da arte. Trad. de Cristiana de Assis Serra. Rio de Janeiro: LTC, 2013.
HAUSER, A. História social da arte e da literatura. Trad. de Álvaro Cabral. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
VELÁZQUEZ, C. Confissões da Madonna: a história da Vênus feita arte em Willendorf. In: SIMPÓSIO 
NACIONAL DE HISTÓRIA, 24 jul. 2017, Brasília, Anais [...]. Brasília: Anpuh, 2017. Disponível em: https://
www.snh2017.anpuh.org/resources/anais/54/1501619461_ARQUIVO_AVenusdeWillendorf.pdf. Acesso 
em: 28 out. 2019.
3
A arte entre as primeiras civilizações
Andréa Carneiro Lobo
Neste capítulo, vamos nos lançar aos primórdios da civilização e conhecer algumas das 
primeiras sociedades complexas e a forma como concebiam a arte. Para tanto, iniciamos abordando 
conteúdos relativos à arte no Período Neolítico e as diferenças com as expressões artísticas do 
período anterior: o Paleolítico. Na sequência, discutimos o conceito de civilização, buscando 
identificar historicamente aspectos sociais e materiais que tornaram possível o desenvolvimento 
dessas sociedades, tendo início esse processo na região denominada Crescente Fértil, situada entre 
o norte da África e o Oriente Médio.
Vamos perceber que nessas primeiras civilizações – sobretudo no Egito – as expressões 
artísticas estiveram intrinsecamente relacionadas aos aspectos religiosos. Depois, vamos explorar 
algumas das manifestações artísticas das primeiras civilizações ocidentais – Grécia e Roma –, 
buscando perceber semelhanças e diferenças entre elas, bem como as especificidades do sentido 
da expressão artística e da concepção sobre o belo no Ocidente em relação às civilizações do 
Crescente Fértil.
3.1 A arte neolítica: o caminho para a abstração
No capítulo anterior, vimos que as primeiras manifestações artísticas entre os seres humanos 
remontam ao período da Pré-História conhecido como Paleolítico, especialmente o Paleolítico 
Médio e o Superior. Vimos também que essas manifestações eram, sobretudo, expressas por meio 
de pinturas rupestres e estatuetas com formas humanas femininas. 
Segundo Hauser (2010), no Período Paleolítico, a arte tinha uma estreita ligação com a magia 
e esta manifestava a concepção de mundo monista do artista/homem daqueles tempos. O mundo 
natural e o sobrenatural eram parte de um mesmo e contínuo todo, coerente e sequencial, de modo 
que a intervenção em um dos aspectos desse mundo o afetaria como um todo.
A percepção monista de mundo foi, aos poucos, cedendo lugar à visão dualista, que teria 
origem no Neolítico, afirmaria-se durante a Idade dos Metais e constituiria os primórdios das 
religiões (HAUSER, 2010).
Antes, porém, de iniciarmos nossa exploração sobre as manifestações artísticas no Período 
Neolítico, é importante conhecer um pouco mais sobre ele.
3.1.1 A Revolução Neolítica
A expressão revolução neolítica é usada para caracterizar as grandes mudanças pelas quais 
passaram os grupos humanos que desenvolveram a capacidade de multiplicar o alimento em 
diferentes partes do mundo. Esse movimento teriaocorrido a partir da descoberta da agricultura 
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo40
e da pecuária – entre 11.000 e 8.000 anos a.C. – em diferentes pontos da Terra, iniciando pela 
chamada região do Crescente Fértil (Figura 1), situada entre o norte da África e o Oriente Médio.
A região do Crescente Fértil foi assim denominada em razão de sua fertilidade para 
agricultura hidráulica – aquela que se dá na dependência do solo fertilizado pela cheia periódica 
de grandes rios (no caso, Nilo, Tigre e Eufrates) – em meio às regiões desérticas. Além disso, o 
desenho formado pela área fertilizada se assemelha ao formato de uma lua crescente, o que também 
justifica o nome.
Figura 1 – Região do Crescente Fértil na Antiguidade 
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Mar Negro
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Oceano Índico
Golfo Pérsico
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Egito
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Eufrates
O processo de descoberta da agricultura e da domesticação de animais teria ocorrido após 
o fim da última glaciação – fenômeno que se deu entre 100 mil e 12 mil anos atrás –, em que, após 
um longo período no qual grande parte da superfície terrestre ficou coberta de gelo, o clima voltou 
a ser quente e úmido. Animais de grande porte, caçados no Paleolítico, tornaram-se extintos. 
Bosques e gramíneas começaram a se expandir, enquanto grandes desertos se formavam na África 
e no Oriente Médio.
A arte entre as primeiras civilizações 41
Nessa mesma época, grupos humanos passaram a se fixar no vale de grandes rios, como 
o Nilo, na África, e o Tigre e Eufrates, no Oriente Médio, em virtude da fertilidade das cheias 
periódicas, as quais tornavam possível a presença de cereais selvagens1 (Figura 2), atraindo também 
animais de pequeno porte como cabras.
A observação do ciclo de germinação e crescimento desses vegetais, bem como a proximidade 
com esses animais, pode estar na origem do processo de domesticação de plantas e animais por 
alguns grupos humanos. Se antes eram os humanos que iam em busca dos animais, com a descoberta 
da agricultura, os animais herbívoros passaram a ser atraídos até os agrupamentos humanos, os quais se 
tornam fixos.
Figura 2 – Plantação de trigo no norte de Israel, na atualidade.
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A descoberta da agricultura teve início com a observação do ciclo de germinação e crescimento de cereais selvagens 
em regiões fertilizadas pelas cheias de grandes rios, como Nilo, Tigre, Eufrates e Jordão. O trigo e a cevada silvestre 
estão entre os primeiros cereais a serem cultivados pelos seres humanos por volta de 10.000 anos a.C. nas regiões 
que correspondem atualmente à Síria e a Israel, no Oriente Médio.
As ferramentas, agora não mais exclusivamente destinadas à caça, mas também e sobretudo 
ao cultivo de alimentos, tornam-se mais afiadas e diversificadas, feitas de pedra polida (Figura 3). 
Esse movimento deu origem à expressão pedra nova, ou Neolítico, pelos estudiosos.
1 Cereais, como o trigo e a cevada, que cresciam espontaneamente, sem terem sido cultivados.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo42
Figura 3 – Artefatos do Período Neolítico
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Pode-se reconhecer nessa figura cabeças de machado, formões, ferramentas de polimento e até braceletes. Nesse tipo 
de técnica, as ferramentas – salvo raras e especiais exceções – não eram lascadas, mas somente polidas. O polimento 
de pedras foi uma das características principais dessa fase.
A necessidade de armazenar as sementes para a próxima semeadura, e mesmo de guardar os 
cereais para o consumo, pode ser a explicação para o desenvolvimento da cerâmica – primeiramente 
crua e depois cozida – e dos primeiros potes e utensílios para armazenamento interno de grãos.
A domesticação de plantas e animais, o desenvolvimento da pedra polida e da cerâmica (em 
alguns lugares, como o Japão, por volta do nono milênio a.C., e em outros por volta do segundo 
milênio a.C.), bem como a sedentarização (Figura 4), isto é, fixação dos agrupamentos humanos 
em um mesmo local por um período longo de tempo, são alguns dos fatores que explicam o uso 
da expressão revolução neolítica. Esse período é situado entre 11 e 9 mil anos a.C. e o quinto 
milênio a.C., quando é descoberto o bronze e tem início a chamada Idade dos Metais, que se 
completaria com a fundição do ferro por volta do segundo milênio a.C.
A Idade dos Metais coincide também com o desenvolvimento das primeiras civilizações da 
Terra, sendo, ao mesmo tempo, em alguns lugares, a última fase da Pré-História e, em outros, a 
primeira fase da História.
A arte entre as primeiras civilizações 43
Figura 4 – Foto das ruínas do assentamento neolítico de Skara Brae, situado na Baía de Skaill, a maior 
ilha da Escócia.
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Originalmente, esse assentamento continha oito casas agrupadas, feitas de pedra entre 3180 a.C. e 2500 a.C. Essa 
espécie de “vila” não marca apenas o fortalecimento do processo de sedentarização na Europa, mas também as 
origens da sociedade organizada na forma de cidades.
3.1.2 A arte no Período Neolítico
Segundo Gombrich (2013), as pinturas rupestres aumentaram em quantidade e qualidade 
no Período Neolítico, nas regiões em que foram primeiramente localizadas2. Uma das prováveis 
razões para isso seria a mudança nos hábitos sociais e alimentares dos grupos humanos. As 
estatuetas com formas femininas, ao contrário, passaram a aparecer em outras regiões da Europa 
e Ásia durante o Período Neolítico e diminuíram paulatinamente na Idade dos Metais.
Nas manifestações artísticas do Neolítico, a visão dualista de mundo – característica desse 
período – se coaduna ao animismo, isto é, à tendência do pensamento primitivo de considerar 
que as coisas todas são animadas, têm vida. Por isso, os movimentos da natureza e dos cosmos 
são também influenciados por forças anímicas ou princípios animados (ABBAGNANO, 2007). 
A magia foi uma espécie de pré-animismo característica do Período Paleolítico, já o animismo 
– que se desenvolve ao longo do Período Neolítico – pode ser considerado um dos princípios da 
religião como forma de explicação do mundo.
2 Essas produções não foram mais encontradas em períodos posteriores.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo44
A arte mágica do Paleolítico era sensualista, no sentido de que os homens buscavam manifestar 
a interdependência entre o desenho e o mundo sensível como partes de uma mesma realidade e 
que se afetam mutuamente. Por essa razão, havia sua preocupação com o realismo naturalista. Em 
contrapartida, a arte animista do Neolítico era espiritualista e tendia para a abstração.
Dominada por uma concepção dualista de mundo, manifesta também nos rituais funerários 
que começam a se difundir entre as sociedades neolíticas, a Arte Neolítica manifesta uma 
preocupação com o “outro mundo”, opondo-se ao mundo concreto e sensível como uma arte 
estilizada e idealizada, que busca manifestar uma espécie de “supermundo”. Talvez essa seja a razão 
de encontrarmos vestígios nas inscrições, texturas e construções de complexos mortuários gigantes 
dispostos sob a forma de monumentos megalíticos3 (Figura 5).
Figura 5 – Círculo de pedras verticais de Stonehenge, monumento localizado na planície de Salisbury, 
sudoeste da Inglaterra.
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Erguido ao longo de centenas de anos, esse monumento teve sua construção finalizada por volta de 2.000 anos a.C. 
As grandes pedras que compõem o círculo podem ter sido trazidas de regiões situadas a 400 km de distância, em 
uma época na qual essa região não conhecia a roda. Alguns blocos chegam a pesar 50 toneladas e ter até 5 metros de 
altura. Arqueólogos acreditam que se tratava de um lugar de culto religioso.
A forma abstrata, estilizada e quase não pictórica dessa arte manifesta, de algumaforma, 
também a tendência do pensamento humano para a abstração, afastando-o do mundo natural. 
Hauser (2010, p. 13) destaca que
isso constitui o começo do processo de intelectualização e racionalização em 
arte: a substituição das representações e formas concretas por sinais e símbolos, 
abstrações e abreviações, tipos gerais e signos convencionais; a supressão 
de fenômenos e experiências diretamente vivenciadas por pensamento e 
interpretação, acentuação e exagero, distorção e desnaturalização. A obra de arte 
deixa de ser puramente a representação de um objeto material para tornar-se a 
de uma ideia, não meramente uma reminiscência, mas também uma visão; por 
3 A palavra megalítico significa pedra grande. Um monumento megalítico é aquele construído com pedras grandes ao 
ar livre.
A arte entre as primeiras civilizações 45
outras palavras, os elementos não sensoriais e conceptuais da imaginação do 
artista substituem os elementos sensíveis e irracionais. E desse modo a pintura 
é gradualmente convertida numa linguagem simbólica pictográfica, a profusão 
pictórica é reduzida a uma espécie de taquigrafia não pictórica ou quase não 
pictórica.
A Figura 6, a seguir, é uma réplica de parte de um monumento megalítico conhecido como 
Passagem de Gavrinis, situado na pequena ilha de Gavrinis, região da Bretanha, França. Construído 
provavelmente por volta de 4.500 a 3.500 anos a.C., o monumento é um complexo funerário sob a 
forma de túmulo-passagem contendo 50 placas cuidadosamente colocadas verticalmente uma ao 
lado da outra, sendo a maior a laje, que serve como teto e pesa em torno de 17 toneladas. Dessas 
placas, 23 apresentam símbolos esculpidos com motivos abstratos, como linhas em ziguezague, 
linhas imitando cobras e semicírculos.
Figura 6 – A Passagem de Gavrinis
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A estruturação e institucionalização da religiosidade é apenas um dos pilares que constituíram 
a base de um tipo mais complexo de sociedade humana: a civilização. Nesse modo de organização 
social, que remonta ao fim da Pré-História e institui, com a escrita, a origem da história, a arte era 
vinculada ao religioso e à visão dualista de mundo manifesta nas primeiras religiões. Esses aspectos 
encontrariam na arte sua forma mais expressiva de manifestação, como veremos a seguir.
3.2 O nascimento da civilização
Empregado por antropólogos, estudiosos e historiadores desde a segunda metade do século 
XIX, o termo civilização remete ao francês civilization, escrito da mesma forma na língua inglesa. 
Deriva do latim civilis, palavra relativa a civis, ou a viver na cidade (civitas). Temos, assim, que civil 
e civilizado, em suas origens, é o indivíduo que vive na cidade.
Isso nos leva a crer que um dos aspectos que diferenciam uma sociedade civilizada de uma 
não civilizada é a presença da cidade, do meio urbano como espaço de convivência e de trocas, 
tanto de bens quanto de ideias.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo46
O desenvolvimento histórico das primeiras cidades se vincula à geração de excedentes (sobras) 
oriundos da agricultura e à possibilidade de um agrupamento social trocar parte desses excedentes 
com outra sociedade por outros produtos – ferramentas agrícolas, utensílios de cerâmica, adornos 
corporais, tecidos e produtos de origem primária. Nos locais em que eram realizadas essas trocas, 
desenvolveram-se os primeiros centros urbanos da Terra. 
O sítio de Çatal Hüyük é considerado pré-urbano em razão de vestígios 
de atividades agrícolas, artesanais e pastoris de subsistência, aliados à 
aquisição de bens mediante trocas com outros povos mais distantes. A 
evidência dessas trocas se dá em vestígios de artefatos, armas e joias, 
cujos materiais não existiam na região. Segundo especulações de 
arqueólogos e historiadores, a maioria dos moradores de Çatal Hüyük 
vivia em casas pequenas (simples e quadradas), que tinham em média 25 
metros quadrados. Nelas havia espécies de buracos ou portas baixas que 
davam acesso a um tipo de depósito, comprido e estreito, onde ficavam 
os alimentos. Entre as casas havia espaços livres, com restos de casas 
demolidas, onde os moradores depositavam o lixo. Em algumas partes 
do povoado, os terraços das casas eram ascendentes e continham escadas, 
pelas quais se poderia passar de uma para outra até chegar ao centro da 
cidade, no ponto mais alto. Em outras partes havia pátios externos para 
a realização de trocas, atividades artesanais etc.; havia também muitos 
santuários. Os habitantes consumiam carne de animais domesticados, 
entre eles o gado bovino, mas apreciavam também a carne de animais 
selvagens (como cervos e javalis) e de ovelhas, das quais, além da carne, 
aproveitavam a lã. Há também evidências de que tenham domesticado 
cães. Cultivavam cereais, entre eles espécies antigas de trigo e cevada. 
Sepultavam os mortos e, em alguns casos, costumavam colocar, junto às 
sepulturas, objetos de uso pessoal do falecido – armas para os homens 
e joias para as mulheres. Fabricavam utensílios de cerâmica, madeira, 
cobre frio e fundido e de obsidiana (um tipo de mineral), oriundos 
de regiões situadas a mais de 100 quilômetros do povoado. Em Çatal 
Hüyük, foram encontradas pequenas estatuetas de pedra/argila de 
figuras femininas obesas, algumas dando à luz, o que pode representar 
deusas da fertilidade. Há também pequenas figuras de animais selvagens 
– como leopardos e javalis – representados com punhaladas. É possível 
que tivessem um caráter simbólico em rituais associados à caça. A idade 
média entre os homens poderia chegar a 34 anos e entre as mulheres a 
30 anos. A altura podia chegar a 1,70 m entre os homens e 1,58 entre 
as mulheres. Entre as doenças que mais assolavam essa comunidade, os 
arqueólogos identificaram artrite e anemia.
A arte entre as primeiras civilizações 47
Agrupamentos protourbanos surgiram ainda no Período Neolítico, por volta de 7 mil anos 
a.C., mas foi somente na chamada Idade dos Metais – entre o quinto e o quarto milênio antes 
de Cristo – que algumas cidades se desenvolveram como centros de poder de uma complexa 
organização social, a civilização. Essa forma de estruturação evoluiu pautada em alguns elementos 
específicos, como vemos a seguir.
• Centralização do poder político: Estado.
• Diferenciação social relacionada a critérios como nascimento e renda (sociedade dividida 
em classes, estamentos ou castas).
• Institucionalização do sagrado, que passa a ser organizado em ritos, preceitos e crenças 
escritas em livros específicos cujos conteúdo e interpretação se tornam propriedade de 
sacerdotes na intermediação entre natural (humano) e sobrenatural (divino).
• Estruturação militar para defesa interna e externa.
• Organização de um aparato administrativo-burocrático e jurídico-legal para administração 
de finanças (impostos e obras públicas), leis e punições. Essas tarefas, fundamentais para a 
coesão e ordem interna, passam a ser exercidas por membros de uma casta de letrados 
(escribas) a serviço do Estado.
O surgimento das primeiras civilizações da Terra coincide, portanto, com o fim das chamadas 
sociedades neolíticas – mais simples, mais igualitárias e agrícolas – e o surgimento de sociedades 
mais complexas, urbanas, comerciais, belicosas e desiguais. Essa desigualdade se manifestava, por 
exemplo, no aspecto e na arte sepulcral: os túmulos passam a ser diferentes para pessoas ricas e 
pessoas pobres. Manifestava-se também nos templos, nos palácios e no interior das habitações.
É nesses agrupamentos mais complexos, diferenciados social e politicamente, que se observa o 
desenvolvimento dos primeiros códigos escritos do mundo e, por isso, o período em que surgiram 
– quarto milênio a.C. – foi escolhido pela historiografia tradicional como marco de transição e de 
passagem da Pré-História para a História. Entre essas civilizações destacam-se como as primeiras 
aquelas surgidas na região do Crescente Fértil, notadamente Mesopotâmia e Egito, nas quais as 
expressõesartísticas, por um lado, manifestam uma compreensão e uma justificativa sobrenatural, 
religiosa dos fenômenos sociais e naturais, e, por outro, expressam e afirmam o Estado como centro 
de poder.
A arte – que no Período Paleolítico expressava a visão monista do homem em relação 
ao mundo natural, manifesta no Período Neolítico com uma visão dualista de mundo (ainda 
comunitário) –, a partir da Idade dos Metais, e com o desenvolvimento das primeiras civilizações, 
passa a ser uma forma de expressão e reafirmação do poder político e religioso das castas mais 
abastadas. Veremos essa questão a seguir, ao abordarmos aspectos referentes à arte na civilização 
egípcia antiga.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo48
3.3 Aspectos da arte egípcia antiga
Observe atentamente o mapa presente no início deste capítulo. Nele está representada a região 
do Crescente Fértil, berço das primeiras civilizações da Terra. Note que elas se desenvolveram 
próximo a grandes rios, os quais cortam regiões desérticas. Perceba também que Egito, 
Mesopotâmia e o território que corresponde atualmente ao país de Israel foram os primeiros 
agrupamentos complexos considerados civilizados.
Além dessas civilizações, em outras partes do mundo floresceram sociedades igualmente 
(ou mais) complexas: Índia, China, Japão e Pérsia, no Oriente; a civilização Olmeca, na América 
Central; e a Núbia, na África, são alguns exemplos. No entanto, em virtude de serem as mais antigas, 
classicamente as mais estudadas e aquelas em que se desenvolveram códigos escritos por primeiro, 
iremos explorar aspectos relativos à arte nas civilizações do Egito e da Mesopotâmia.
3.3.1 A formação do Egito Antigo
Observe a imagem a seguir. Nela é retratada uma parte do vale de Assuã, no sul do Egito. 
Note o Rio Nilo e seu entorno; perceba que ele percorre uma região desértica e que, apesar disso, 
suas margens são férteis e verdejantes. Esse fenômeno é possível graças às cheias periódicas desse 
imenso rio, as quais ocorrem entre os meses de junho e novembro em suas nascentes, no coração 
da África, e elevam o nível do rio até seu deságue, no Mar Mediterrâneo. Em sua longa trajetória, 
o Rio Nilo deixa as regiões no entorno de suas margens impregnadas de lodo fértil e propício à 
germinação e ao cultivo de vegetais. Foi aprendendo a prever e controlar esse fenômeno que grupos 
humanos do Vale do Nilo descobriram a agricultura ainda no Neolítico.
Figura 7 – Vale do Rio Nilo na altura de Assuã, sul do Egito, na atualidade.
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A arte entre as primeiras civilizações 49
A necessidade de organizar a produção e as obras para o melhor aproveitamento das cheias 
– diques, canais de irrigação e barreiras de contenção – pode ter motivado o desenvolvimento de 
formas mais complexas e estruturadas de sociabilidade. As comunidades – chamadas nomos – 
eram lideradas por chefes locais (nomarcas) e estão no princípio de algumas das primeiras e mais 
antigas cidades do Vale do Nilo: Abidos (com cerca de 7 mil anos), Mênfis, Tebas, entre outras. 
Da junção dessas cidades formaram-se dois reinos: o Baixo Egito, ao norte, e o Alto Egito, ao sul 
(Figura 8).
Figura 8 – Mapa do Egito Antigo: divisão em Alto e Baixo Egito.
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Por volta de 3200 a.C., o Rei Narmer do Alto Egito teria unificado os dois reinos, dando 
início à primeira das 30 dinastias que, apesar das interrupções, tentativas de conquista por povos 
estrangeiros e períodos de turbulência interna, governariam a região até sua conquista definitiva 
pelos romanos em 30 a.C.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo50
A Figura 10 refere-se à face posterior do monumento votivo sob a forma de uma paleta, 
conhecido como Paleta de Narmer. Ela representa a vitória de Narmer, soberano do Alto Egito, 
sobre o Baixo Egito. Narmer pode ser o lendário Rei Menés, a quem os egípcios atribuíram a 
unificação do Egito e o começo da dinastia dos faraós. Esse evento, que marca o início da história 
do Egito Imperial, teria ocorrido por volta de 3200-3000 a.C. Os relevos representando a unificação 
foram confeccionados sobre uma única placa de ardósia de 64 cm de altura, decorada com motivos 
diferentes dos dois lados. Sua forma lembra a de um escudo.
Figura 9 – Paleta de Narmer, exposta no Royal Ontario Museum (Canadá).
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3.3.2 A relação entre arte, poder e religião
A civilização egípcia foi não apenas uma das mais antigas da Terra, mas também uma 
das mais estáveis e duradouras. A longevidade de sua monarquia se deveu, em parte, pelo seu 
isolamento natural (uma civilização cercada por desertos) e pela estabilidade política, conseguida 
e mantida graças ao caráter teocrático do governo. Compreendia-se que o poder dos faraós4 tinha 
origem divina e que eles poderiam alcançar a imortalidade. 
Bastante estratificada socialmente, essa civilização tinha na base de sua sociedade 
trabalhadores escravizados e camponeses que trabalhavam tanto na agricultura – basicamente 
no cultivo de cereais como o trigo e a cevada – quanto em obras e ofícios relativos ao melhor 
aproveitamento das cheias do Nilo. Nos tempos de seca, trabalhavam como servos do Estado, na 
construção de grandes monumentos religiosos e funerários destinados aos faraós, suas famílias, 
bem como aos membros da nobreza e aos sacerdotes.
4 Documentos antigos, como o livro “Êxodo”, que faz parte do Antigo Testamento bíblico, oferecem pistas para o 
significado do termo faraó. Ele deriva de duas palavras: per e ao. Juntas, elas significavam “grande casa”. Em grego, 
traduziu-se como faraó. A expressão “grande casa” demonstra a importância que os reis egípcios tinham no imaginário 
da população. Eles eram associados a uma espécie de força protetora, uma grande casa que a tudo abrangia e tudo 
protegia.
teocrático: do 
grego teo = deus; 
cratos = poder. 
Governo que se 
justifica por sua 
origem divina.
A arte entre as primeiras civilizações 51
No Egito, a crença na vida após a morte e na imortalidade da alma alimentava e dava sentido às 
práticas de sobrevivência cotidianas, sustentava o poder dos faraós, bem como da casta dos príncipes e 
dos sacerdotes. Vivia-se a vida terrena com vistas e em função da vida após a morte (eterna), inclusive 
porque na Antiguidade a média de tempo de vida girava em torno dos 30/40 anos.
O aspecto religioso constituía a principal motivação da expressão artística, manifesta 
principalmente em pinturas e relevos murais que adornavam as paredes internas e externas de 
templos, palácios e complexos funerários. Quem eram os artistas? Voluntários ou escravos que 
trabalhavam compulsoriamente a serviço de nobres e sacerdotes, como destaca Hauser (2010, p. 29):
Os primeiros e, por muito tempo, os únicos empregadores de artistas foram 
sacerdotes e príncipes, e suas mais importantes oficinas durante todo o período 
da cultura oriental estavam nos templos e palácios. Nas oficinas dos palácios, os 
artistas trabalhavam como empregados voluntários ou compulsórios, em outras 
palavras, como trabalhadores que dispunham de liberdade de movimentos ou 
como escravos pela vida inteira.
A arte egípcia antiga manifestava-se na arquitetura monumental, precisa e muitas vezes 
emblemática, em grandes monumentos funerários – como as pirâmides de Gizé –, templos e palácios, 
em esculturas que representavam deuses e faraós (considerados também entidades divinas) e em 
pinturas e relevos murais, que retratavam cenas do cotidiano e elementos do imaginário religioso, 
por vezes seguidos de inscrições hieroglíficas. Essa arte expressava-se também nas estatuetas e 
placas criadas para oferendas aos deuses (arte votiva), em monumentos de exaltação de façanhas 
régias – como a Paleta de Narmer –, adornos corporais ou objetos de propaganda governamental. 
Essa constatação advém de pesquisas arqueológicas e indica uma relação entre arte e poder na 
Antiguidade, conforme atesta Hauser (2010, p. 29):
O primeiro acúmulo de terras caiu nas mãosde guerreiros e salteadores, 
conquistadores e opressores, chefes militares e príncipes: a primeira propriedade 
racionalmente administrada pode muito bem ter sido a constituída pelos 
domínios do templo, isto é, a propriedade dos deuses fundadas pelos príncipes 
e gerida pelos sacerdotes. Por conseguinte, é sumamente provável que os 
sacerdotes tenham sido os primeiros empregadores regulares de artistas, os 
primeiros a dar-lhes encomendas; os reis limitaram-se a seguir-lhes o exemplo. 
A arte [...] limitava-se inicialmente, com a exceção da indústria doméstica, à 
execução das tarefas impostas por esses patronos.
A Figura 10 refere-se ao Templo de Karnak, situado em Luxor, Egito. Considerado o mais 
espetacular e colossal templo egípcio, tem um perímetro de 2.400 metros e, no passado, era cercado 
por uma muralha de adobe com 8 metros de espessura. Sua construção foi ordenada por diferentes 
faraós entre os anos de 2200 e 360 a.C. No detalhe, é possível perceber os relevos contendo figuras 
humanas, hieróglifos e outros símbolos entalhados em seus monumentais pilares.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo52
Figura 10 – Templo de Karnak, em Luxor, Egito.
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A pintura mural conhecida como Caçando nos Pântanos ou Caça entre Papiros (Figura 11) 
mostra a representação do faraó egípcio Nebamun, que reinou provavelmente durante a XVIII 
Dinastia. A cena é parte de um mural que contém uma série de pinturas feitas possivelmente entre 
1400 e 1350 a.C. Embora não existam referências históricas precisas sobre quando ele reinou, os 
traços, as cores, formas e o estilo dessa pintura se assemelham a outras realizadas entre os reinados 
dos faraós Tutmés IV e Amenhotep III, ambos no século XIV a.C., o que levou estudiosos a supor 
que tenham sido pintadas pelo mesmo artista ou grupo. Os artistas antigos, ainda que anônimos, 
deixaram registrado seu estilo e marcaram sua época.
Figura 11 – Caçando nos Pântanos ou Caça entre Papiros
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Pode parecer estranho o fato de o faraó estar representado em um tamanho tão 
desproporcionalmente maior que as demais figuras humanas. Isso não significa que o artista não 
tivesse noções de proporção das figuras representadas ou que o faraó fosse um gigante. Na verdade, 
trata-se de uma das características da arte egípcia. Em linhas gerais, as pessoas eram representadas 
de acordo com a posição que ocupavam na sociedade; assim, aqueles com maior poder eram 
representados em maior tamanho.
Observe também as cores predominantes nessa e em outras pinturas murais egípcias: branco, 
azul, ocre, marrom e, em menor quantidade, o preto. O pigmento branco, extraído do gesso e do 
cal, representava a pureza da alma; a eternidade era expressa pela cor amarela, extraída do óxido 
de ferro. O preto, extraído do carvão, representava a noite e a morte. O vermelho, obtido por meio 
de materiais ocres, simbolizava a energia, a sexualidade e o poder.
O tom da pele de homens e mulheres também trazia cores diferentes: nos homens, a pele 
era representada com um tom avermelhado e, nas mulheres, com uma tonalidade mais amarelada.
Um outro aspecto que costuma chamar atenção na pintura egípcia antiga é a forma pela 
qual são representadas as figuras humanas: as divindades, principalmente, têm a cabeça, as pernas 
e os braços de perfil, enquanto o tronco, os olhos e os ombros ficam de frente5.
É importante salientar que, entre as primeiras e mais antigas civilizações, os artistas não 
assinavam suas obras. Desconhecemos seus nomes, mas reconhecemos a força, a beleza e a 
complexidade dos estilos por eles criados/adotados. A arte servia aos interesses dos poderosos, 
para os quais esses artistas – de maneira voluntária, compulsória e poucas vezes remunerada – 
trabalhavam. A arte atuava como estratégia de evocação de um sagrado que edificava, justificava 
e legitimava o poder das castas que se afirmavam como superiores (nobres, reis e sacerdotes). 
Nos dias de hoje, de que maneira as expressões artísticas podem servir para edificar ou contestar 
estruturas hegemônicas? Que tal pensar a respeito?
3.4 A arte entre as civilizações grega e romana
Se a civilização egípcia ocupa ao lado da Mesopotâmia (atual Iraque) o lugar de uma das 
mais antigas sociedades complexas, as civilizações grega e romana podem ser consideradas entre 
as mais influentes de uma tradição conhecida como ocidental.
É importante ressaltar que Grécia e Roma não são as civilizações mais antigas do Ocidente: 
elas mesmas foram influenciadas, respectivamente, por civilizações mais antigas, como a minoica, na 
Península Balcânica, e a etrusca, na Itália.
Vamos, a seguir, conhecer um pouco mais sobre essas civilizações e os aspectos que fizeram 
do seu entendimento do mundo e da arte marcos fundantes da cultura ocidental.
5 Conhecida entre os estudiosos como lei da frontalidade, esse é um traço característico da arte egípcia. Alguns 
estudiosos cogitam uma possível inabilidade dos artistas antigos para representar pessoas com o corpo e o rosto 
voltados para frente; outros supõem que essa fosse uma estratégia para representar de maneira mais expressiva cada 
elemento do corpo humano.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo54
3.4.1 Aspectos da expressão artística grega
Para conhecer aspectos relativos à arte da forma como era concebida, realizada e manifesta 
entre os gregos, vamos primeiramente conhecer a localização da civilização grega antiga – 
conhecida como civilização helênica – e a extensão do território ocupado pelas inúmeras colônias 
fundadas pelas chamadas cidades-Estados gregas entre os séculos IX e VIII a.C. (Figura 12).
Figura 12 – Mapa da expansão da colonização grega na Antiguidade
Zonas de assentamento grego
PENÍNSULA IBÉRICA
ÁFRICA
ÁSIA MENOR
Malásia
Alalia
Neápolis
Síbaris Crotona
Tarento
Cálcis Foceia
Bizâncio
Sinope Trapezunte
Quersoneso
Tánais
Tarso
Éfeso
Mileto
Mégara
Atenas
Tera Rodes
Tiro
Náucratis
Corinto
Esparta
Cirene
Epidamno
GRÉCIA
CRETA
CHIPRE
Zancle
Siracusa
Hímera
CÓRCEGA
Empório
SARDENHA 
Cartago
Metrópoles
Hemeroscópio
Principais colônias
milhas
quilômetros
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A extensão do povoamento grego na Antiguidade abrangia, a partir da Península Balcânica, 
onde teve início a civilização helênica, vários pontos ao redor do Mar Mediterrâneo, passando pela 
Ásia Menor, sul da Itália, parte da Península Ibérica (Espanha) e parte do norte da África. Esse 
processo de expansão ocorreu em concomitância com o reaparecimento do comércio entre os 
gregos e outros povos, a cunhagem e a circulação de moedas e o desenvolvimento de uma escrita 
alfabética.
Ao final do processo de expansão, no século VIII a.C., teve início uma nova etapa da 
civilização grega, em que houve o desenvolvimento da pólis como forma de organização política, 
econômica, administrativa e social, processo que se consolidou no século VI a.C. A essa época do 
desenvolvimento histórico grego, marcado pelo florescimento da pólis e pela expansão colonial, 
historiadores denominaram Período Arcaico6.
6 A história da Grécia Antiga é tradicionalmente dividida em quatro fases principais: (i.) Período Pré-homérico (do 
terceiro milênio a 1200 a.C.), caracterizado pelo florescimento das civilizações palacianas de Creta e Micenas; (ii.) 
Período Homérico ou Idade das Trevas (1200 a 800 a.C.), conhecido pelas invasões dórias e pelo recrudescimento 
da vida urbana e do comércio; (iii.) Período Arcaico (800 a 600 a.C.), impregnado pela expansão colonial grega e pela 
formação das cidades-Estados; e (iv.). Período Clássico (600 a 400 a.C.), caracterizado principalmente pelo apogeu da 
democracia ateniense.
A arte entre as primeiras civilizações 55
As poleis (plural de pólis) gregas funcionavam como cidades-Estados, isto é, eram autarquias 
independentes entre si. Socialmente estratificadas, cada uma tinha seu governo,suas leis e seu 
exército próprio. Apesar disso, tinham língua, costumes e tradições religiosas comuns. Entre essas, 
destacam-se Esparta – fortemente militarizada, oligárquica e com economia direcionada para a 
agricultura – e Atenas – de orientação mais mercantil e que foi o berço da democracia.
O apogeu econômico, político e cultural das poleis gregas se deu no século V a.C. No entanto, 
guerras internas protagonizadas pelas rivalidades entre Atenas e Esparta, no final do século V a.C., 
desestabilizaram a vida econômica e política das poleis, levando à sua decadência e à sua posterior 
conquista pelo Império Macedônico no século IV a.C., período conhecido como Helenístico.
No tocante às manifestações artísticas, desde a época anterior à formação das poleis durante o 
chamado Período Pré-homérico, destacam-se, entre as antigas civilizações da Era do Bronze – que 
na Europa se deu por volta de 3000 a.C. –, a Minoica e a Micênica. Tanto na primeira, nascida na 
Ilha de Creta, quanto na segunda, originada na Península Balcânica, destacavam-se os palácios e a 
arte dos afrescos que adornavam as suas paredes interiores.
Parte desses afrescos, assim como o interior de algumas salas do palácio, foram restaurados 
pelo arqueólogo britânico Arthur Evans, descobridor das ruínas relativas a essa antiga civilização 
e criador da expressão civilização minoica. As dependências internas de Cnossos se assemelham 
ao labirinto da lenda do Minotauro.
Figura 13 – Interior da “Sala do Trono”, Palácio de Cnossos, em Creta, Grécia.
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Figura 14 – Príncipe dos Lírios, 
corredor das procissões, Palácio 
de Cnossos, em Creta, Grécia.
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História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo56
Após o desaparecimento dessas civilizações, provocado 
por desastres naturais (erupções vulcânicas) e por guerras 
(invasão dos dórios à Península Balcânica), resplandece no 
chamado Período Homérico, por volta do séc. IX a.C., uma das 
mais expressivas manifestações da arte grega: a estatuária.
Datam dessa época as primeiras representações de figuras 
humanas em tamanho natural – compostas sobretudo de cera, 
argila e, em alguns casos, de marfim. No período seguinte, 
denominado Arcaico, época em que se formam as poleis gregas, 
as esculturas passam a ser feitas de pedras. Os escultores gregos 
buscavam representar, na maioria das vezes, figuras de homens 
e mulheres jovens, com formas arredondadas e lisas, 
expressando a busca por uma concepção idealizada de beleza, 
influenciada por padrões orientais. Exemplos desse padrão 
estético são as estátuas conhecidas como Kouros, que 
representavam jovens nus do sexo masculino em posições 
rígidas e estáticas.
Mas foi no Período Clássico, no século 
V a.C., que a arte grega atingiu seu maior 
esplendor, distanciando-se de padrões estéticos 
orientais, voltando-se para a busca da beleza 
e da perfeição e explorando as possibilidades 
de uma representação mais realista da 
figura humana, com especial atenção à 
expressividade dos rostos e dos corpos. Entre 
as inovações técnicas que permitiram essa 
expressividade, destaca-se o desenvolvimento 
do conceito de contraposto, princípio a partir 
do qual o personagem representado apoiava-
-se totalmente em uma perna, deixando livre 
a outra. Esse princípio imprimiu dinamismo, 
por exemplo, à representação de atletas e 
deuses em ação.
Figura 15 – Kouros Kroisos, Museu 
Arqueológico Nacional de Atenas (c. 
530 a.C.), Grécia.
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O poeta Homero usava o termo Kouros. 
Historiadores da arte do século XIX passam 
a usar essa designação para se referirem a 
um tipo de estatuária comum na Grécia do 
Período Arcaico.
Figura 16 – Estátua de bronze conhecida como 
O Deus Posídon, localizada na região do Cabo 
Artemísio, em Eubeia (c. 460-450 a.C.), Museu 
Arqueológico de Atenas, Grécia.
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Essa estátua simula os movimentos humanos 
empregados, por exemplo, no arremesso de dardos. Há 
também o cuidado com a representação da musculatura, 
revelando um olhar apurado sobre a anatomia humana. A 
preocupação com o realismo é característica das obras 
artísticas do Período Clássico e se manifesta, sobretudo, 
nas esculturas desse período.
A arte entre as primeiras civilizações 57
Uma das características centrais da expressão 
artística grega desse período era a de representar 
com o maior realismo possível – considerando 
aqui o conceito de realismo da época – a natureza, 
e para isso contribuíram os estudos sobre as 
proporções que tinham do corpo humano, uma 
de suas maiores inspirações, isso porque, segundo 
a máxima atribuída ao sofista7 Protágoras de 
Abdera, “o homem é a medida de todas as coisas, 
daquelas que são como são e daquelas que não são 
como são”.
Escultores como Fídias (480-430 a.C.) e 
Policleto (460-420/10 a.C.) foram os maiores 
mestres dessa arte e chegaram mesmo a assinar 
suas obras. Eles costumavam representar, 
sobretudo, divindades e atletas. Policleto chegou 
a escrever um tratado intitulado Cânone, no 
qual discorre sobre as regras para se conhecer e 
aplicar as proporções do corpo humano em obras 
harmônicas e naturalistas.
A arte do Período Clássico foi além da 
tentativa de representar os homens e os demais 
seres da natureza de modo realista: no estilo 
clássico, havia a busca por uma representação 
idealizada do real, um idealismo estético que, de 
certa forma, manifestava a valorização da busca 
constante pelo belo e pelo bom, ideais perseguidos 
também pela filosofia socrática e platônica. Essa 
característica esteve presente na arte grega de maneira geral e, em especial, na estatuária e na 
dramaturgia – nesse caso, com destaque para o gênero tragédia8.
7 Do grego sophós (sábio), designação dada aos sábios de Atenas, responsáveis, sobretudo, pela educação dos 
jovens.
8 Segundo Nietzsche, os primórdios do gênero dramático conhecido como tragédia remontam aos Ditirambos de 
Dionísio: festivais de cunho religioso em honra ao deus do vinho. Nesses festivais, destacam-se os cantos e as danças. 
Para saber mais: NIETZSCHE, F. O nascimento da tragédia: ou helenismo e pessimismo. São Paulo: Companhia das 
Letras, 2007.
Figura 17 – Doríforo, réplica em mármore da 
escultura original feita em bronze por Policleto 
no séc. V a.C., Museu Arqueológico Nacional de 
Nápoles, Nápoles, Itália.
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Estudiosos cogitam que a estátua em bronze 
esculpida por Policleto em tamanho natural, no século 
V a.C., tenha representado a concretização dos seus 
ensinamentos teóricos sobre a proporção do corpo 
humano contidos no Cânone. A obra original, feita 
em bronze, perdeu-se ao longo do tempo, mas várias 
cópias em mármore foram feitas durante o Período 
Helenístico, na Grécia e em Roma.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo58
Desenvolvida ao longo do século V a.C., a tragédia manifesta, para além da criatividade dos 
seus idealizadores, os conflitos e as tessituras da sociedade ateniense da época, tanto em sua forma 
quanto em seu conteúdo: enquanto os elementos externos de sua apresentação eram direcionados 
ao público em geral, seu conteúdo e os personagens tinham uma conotação aristocrática.
Os principais dramaturgos trágicos foram Ésquilo (525-456 a.C.), Sófocles (496-406 a.C.) e 
Eurípedes (485-406 a.C.). Valendo-se de uma linguagem poética manifesta em tom sério e elevado, 
a tragédia contava a trajetória de personagens, quase sempre de origem aristocrática, em conflito 
com uma situação adversa e maior que suas forças: o destino, as imposições da sociedade ou a 
vontade dos deuses.
A comédia, cuja principal característica era levar o público ao riso, foi outro gênero 
dramatúrgico grego desenvolvido no Período Clássico. Na comédia, diferentemente da tragédia, 
em que os personagens encenavam pessoas oriundas da aristocracia, eles encarnavam pessoas 
que satirizavam costumes da sua época e criticavam questões vinculadasà moral, à política e 
às imposições sociais. Aristófanes (448-380 a.C.), um dos maiores comediógrafos gregos, ficou 
famoso por ridicularizar, em sua peça As Nuvens, o filósofo ateniense Sócrates (470-399 a.C.).
Tanto as comédias quanto as tragédias eram encenadas ao ar livre, em anfiteatros construídos 
em pedra e que chegavam a receber centenas, milhares de pessoas. Alguns recursos eram utilizados 
para que o público compreendesse o conteúdo da trama, entre eles máscaras (chamadas de personas), 
com expressões representando uma variada gama de estados de humor (assombro, cólera, tristeza, 
alegria), e variados tipos de personagens (jovens, mulheres, homens, crianças, idosos).
Entre 431 a.C. e 404 a.C., as cidades-Estados gregas envolveram-se em uma série de conflitos 
internos polarizados por Atenas e Esparta e que ficaram conhecidos como Guerras do Peloponeso. 
Fragilizadas, acabaram sendo conquistadas pelo reino da Macedônia, governado pelo Rei Filipe II 
(382-336 a.C.). Aproveitando-se da desestabilidade política, econômica e social que fragilizou as 
cidades gregas, Filipe inicia, em 359 a.C., um processo de expansão e conquista do mundo grego, 
continuado por seu filho Alexandre (356-323 a.C.) – posteriormente conhecido como Alexandre, o 
Grande.
A esse processo caracterizado pelo expansionismo cultural grego os historiadores denominam 
helenismo. O contexto conceituado como helenismo se prolonga até o apogeu da civilização romana, 
no século II da nossa era, e entra em decadência somente com a expansão dos valores cristãos, que 
começaram a atingir maior expressividade a partir dos séculos III e IV.
Na arte, o helenismo é caracterizado pela sofisticação dos princípios que norteavam o 
classicismo: nota-se a preocupação acentuada de representar não somente os personagens de 
acordo com sua condição social, idade ou gênero, mas também por seu estado de espírito. O 
resultado são esculturas dotadas de movimento e expressividade, como a chamada Vênus de Milo, 
analisada no capítulo anterior.
A arte entre as primeiras civilizações 59
Nota-se também o interesse em representar mais de um personagem em um contexto e o 
uso de técnicas que permitissem que todos os elementos de um conjunto fossem, sob qualquer 
ângulo, percebidos como belos pelo expectador. É o que se nota no conjunto a seguir, conhecido 
como Laocoonte e seus filhos, datado do século I a.C.
Figura 18 – Laocoonte e seus filhos, escultura em mármore datada do Período Helenístico.
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A autoria dessa escultura foi atribuída a três escultores: Agesandro, Atenodoro e 
Polidoro. Exposta atualmente no Museu do Vaticano (Itália), de acordo com a obra Ilíada, 
de Homero, o troiano Laocoonte, seguidor do deus Apolo, foi o único que desconfiou 
das reais intenções dos gregos quando estes ofereceram um cavalo de madeira como 
presente para os troianos. Ele tentou impedir que as muralhas da cidade fossem abertas 
para receber o presente, mas foi atacado por duas serpentes enviadas por Poseidon (ou 
Posídon), deus “aliado” dos gregos.
À morte precoce de Alexandre, em 323 a.C., seguiu-se a divisão do Império Macedônico 
entre alguns dos seus principais comandantes militares e seu posterior enfraquecimento. A cultura 
helenística, de origem grega, entrou em um período de decadência, mas seu legado exerceu forte 
influência sobre a cultura romana, uma das mais expressivas da Antiguidade Ocidental, como 
veremos a seguir.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo60
3.4.2 Aspectos da arte romana
Observe com atenção o mapa a seguir. Ele representa a extensão máxima do Império 
Romano no século II da nossa era.
Figura 19 – O Império Romano na Antiguidade
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Esse império não começou grandioso: suas origens remontam à instituição de uma cidadela 
nas proximidades do Rio Tibre, no começo do primeiro milênio a.C., pelos latinos, uma tribo da 
Itália. Por volta do século VIII a.C., desenvolve-se uma monarquia de origem sabina em Roma (os 
sabinos eram uma tribo próxima dos latinos).
No entanto, foi sob a influência de uma civilização localizada ao norte da Península Itálica, 
na região da atual Toscana – os Etruscos –, que os romanos desenvolveram a vida urbana e os 
princípios da civilização, com uma religião institucionalizada, segmentação social, centralização 
política e burocratização da administração econômica. No século VI, o último rei etrusco foi 
deposto por grandes proprietários de terra de origem latina (patrícios) que instituíram uma nova 
forma de governo: a República.
Foi ainda durante a República (509-27 a.C.) que os romanos iniciaram seu processo de 
expansionismo territorial, conquistando, inicialmente, toda a Itália e submetendo as demais tribos. 
A arte entre as primeiras civilizações 61
No século II a.C., conquistam aos cartagineses territórios situados no norte da África, Península 
Ibérica e Ásia Menor. Nos séculos seguintes, ampliam ainda mais seu território, submetendo e 
conquistando os resquícios de antigos impérios, como o persa, o macedônico e o egípcio. 
Com a ascensão do general Otávio Augusto ao poder, em 27 a.C., e sua aclamação 
como imperador, teve início a última fase política da civilização romana antiga, o Império 
(27 a.C.-476 d.C.). Foi durante o apogeu do Império, entre os séculos I a.C. e II d.C., que a arte 
romana, influenciada tanto pelos padrões etruscos quanto gregos, atingiu seu maior apogeu, 
manifestando-se, sobretudo, na estatuária e nas técnicas do afresco e do mosaico.
A civilização romana sofreu forte influência da arte etrusca e da pintura mural. A civilização 
etrusca controlava a região norte e central da Península Itálica (antiga Etrúria e atual Toscana) 
em meados do primeiro milênio antes de Cristo. Os etruscos dominaram a cidade de Roma por 
mais de um século (entre 650 e 509 a.C.) e exerceram forte influência sobre a sua cultura. Na 
arte etrusca, que foi influenciada por padrões gregos e orientais, destacam-se as pinturas murais 
(frescos), os sarcófagos em alto-relevo e a arquitetura de seus templos e palácios.
Figura 20 – Tumba dos Leopardos, Necrópole dos Monterozzi, Tarquínia, Itália.
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Em virtude da necessidade de otimizar e padronizar a administração urbana das suas 
províncias, os romanos desenvolveram uma arquitetura complexa e monumental, mas, ao mesmo 
tempo, funcional na edificação de seus anfiteatros, estádios, termas (banhos públicos), aquedutos, 
templos, palácios e jardins. A arquitetura, portanto, representava um dos mais expressivos domínios 
romanos na arte antiga, unindo praticidade, funcionalidade e beleza. Entre as maiores e mais 
impactantes expressões da arte arquitetônica romana clássica destaca-se o Anfiteatro Flaviano, 
datado de 70 d.C. e mais conhecido como Coliseu (Figura 21).
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo62
Figura 21 – Anfiteatro Flaviano (século I d.C.), Roma, Itália.
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A construção da mais monumental obra da arquitetura romana foi ordenada pelo Imperador 
Vespasiano (9-79 d.C.) e finalizada em 70 d.C. O Coliseu era um estádio de 187,5 m de comprimento, 
155,5 m de largura e 48,5 m de altura, com capacidade para até 55 mil espectadores.
Posteriormente, foi ampliado e teve um quarto andar acrescentado, aumentando sua 
capacidade para algo em torno de 90 mil espectadores. Seus assentos eram divididos em três 
categorias sociais: o podium, conjunto de assentos destinado ao Imperador, aos senadores e 
magistrados; a maenania, destinada aos expectadores de classe média; e os portici, assentos em 
madeira destinados às camadas mais pobres. As mulheres sentavam, separadas, acima, em uma 
parte mais alta do anfiteatro.
O Coliseu foi palco dos mais diferentes espetáculos: lutas entre gladiadores, combates entre 
homens e animais selvagens, suplícios de prisioneiros e até simulação de combates navais, algo que 
só era possível graças a um sofisticado sistemaque desviava a água de aquedutos subterrâneos 
para a arena, inundando-a artificialmente por algum tempo. A água era escoada após o término 
da encenação.
Apesar da influência grego-helenística, a arte romana desenvolveu características próprias, 
que podem ser percebidas em elementos da sua arquitetura, estatuária e pintura. Entre essas, vale 
destacar:
• realismo prático nas esculturas, que quase sempre representavam homens de destaque na 
sociedade (diferentemente do idealismo grego);
• grandeza material e predomínio da força sobre a beleza na arquitetura, buscando combinar 
o funcional e o útil ao imediato.
A arte entre as primeiras civilizações 63
Entre as principais manifestações da arquitetura romana, destacam-se prédios públicos, entre 
eles termas, templos, anfiteatros (como o Coliseu), teatros (similares aos teatros gregos), circos, 
basílicas (destinadas a operações envolvendo negócios públicos e atos judiciários) e monumentos 
decorativos (como o Arco do Triunfo).
Na arte romana, também são notáveis os trabalhos artísticos envolvendo a pintura mural 
(frescos), tipo de pintura realizada sobre paredes e que tem como base argamassa ou gesso. Já 
o mosaico (Figura 22) é uma composição pictórica composta de pedras coloridas fixadas, 
preferencialmente, sobre pisos ou murais.
Figura 22 – Mosaico Epifania de Dionísio (século II d.C.), Villa de Dionísio, Grécia.
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A origem da palavra mosaico deriva de musa, entidade mitológica de origem grega associada à 
inspiração nas artes e na literatura. Os romanos compunham seus mosaicos sobre peças cúbicas 
chamadas de tesselas, termo derivado do latim tessellae, oriundo de vocábulo grego cujo significado era 
quatro. Assim, os mosaicos romanos, também chamados de opus tesselatum, eram compostos 
sobre bases quadradas em pisos e paredes, com pedacinhos de vidro corado, cerâmica e rocha 
calcária. Os temas preferenciais das tesselas romanas eram, além de composições geométricas, 
cenas do cotidiano e mitológicas, de batalhas, banquetes, festivais, entre outras.
Considerações finais
Tratamos neste capítulo de aspectos relativos à arte no Período Neolítico e na Idade dos 
Metais, passando pela exploração de expressões artísticas presentes entre os egípcios e gregos 
antigos e, finalmente, abordando elementos das manifestações artísticas entre os romanos.
Buscamos demonstrar que, de uma associação direta com o mundo natural, a arte passou a 
ser a representação de uma compreensão dualista desse mesmo mundo, ainda no Neolítico, e uma 
evocação do sagrado, bem como uma exaltação do poder político entre as primeiras civilizações. 
Entre os gregos e romanos, a expressão artística começa a adquirir certa independência diante do 
poder político e religioso e manifestar a preocupação dos artistas em fazer de suas criações cópias 
perfeitas do real.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo64
Ampliando seus conhecimentos
• ARIÈS, P.; DUBY, G. História da vida privada: do Império Romano ao ano mil. São Paulo: 
Companhia da Letras, 1989. v. 1. 
Esta obra é o primeiro livro de uma coleção de cinco volumes, organizada pelos 
historiadores franceses Philippe Ariès e Georges Duby. Ela aborda aspectos da história da 
vida privada relativos à Antiguidade Ocidental, notadamente romana, e à Idade Média. 
Contém textos e fontes históricas que exploram temas como o cotidiano, relações sociais, 
imaginário, religiosidade e economia no alvorecer da civilização ocidental, apresentando 
inúmeras expressões artísticas exploradas como fontes históricas.
Atividades
1. Elenque os principais aspectos da arte egípcia – conteúdo, técnica e formas de expressão 
– e discorra sobre o modo com que esses elementos estão relacionados à religiosidade e à 
política dessa civilização.
2. Em relação à arte, quais mudanças podem ser percebidas na transição do Período Paleolítico 
para o Neolítico?
3. Aponte duas semelhanças e ao menos uma diferença em relação às manifestações artísticas 
presentes na arte grega e romana do Período Clássico.
Referências
ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
ANDERSON, P. Passagens da Antiguidade ao feudalismo. 5. ed. São Paulo: Brasiliense, 1998.
GOMBRICH, E. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC, 2013.
HAUSER, A. História social da arte e da literatura. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
4
A arte medieval e a evocação do sagrado
Andréa Carneiro Lobo
Neste capítulo, vamos explorar a expressão artística ocidental em um contexto histórico 
que abrange pelo menos 1.000 anos, conceituado pelos historiadores como Idade Média. Esse 
complexo período – situado entre os séculos V e XV da nossa era – apresentou, ao longo de toda 
a sua duração, entendimentos, técnicas e formas de expressão diferenciados sobre a arte. Nesse 
sentido, a expressão arte medieval é muitas vezes reducionista, ainda que didaticamente possa ser 
considerada a mais viável.
Inicialmente, pretendemos situar teoricamente o conceito Idade Média e historicamente o 
período Idade Média, buscando entender como essa noção foi construída por eruditos europeus 
modernos e suas implicações ideológicas. Em seguida, vamos partir para a identificação da arte 
considerada medieval e diferenciá-la das artes antiga e moderna. Finalmente, vamos situar e 
conhecer os estilos da arte medieval e suas características, tentando compreender a relação entre a 
arte e o pensamento clerical cristão medieval e suas implicações ideológicas e estéticas.
4.1 Idade Média ocidental: conceito e contexto
4.1.1 Conceito
Imagine se, em um futuro não muito distante, daqui a dois séculos, um estudioso se referir 
à nossa época atual como uma “época de trevas”, uma “época de intervalo” entre duas grandes eras 
de esplendor ou, ainda, uma “época do meio”, apenas. O que você pensaria a respeito?
A tentativa de organizar o fluxo intermitente da ação humana no tempo tem incitado 
estudiosos, eruditos e historiadores, desde a Antiguidade grega e romana, a organizar 
acontecimentos humanos no tempo em periodizações, marcações temporais e cronológicas que 
teriam como balizas acontecimentos considerados impactantes.
Segundo Koselleck (2006), essas marcações também são históricas, isto é, revelam a forma 
como uma época concebe e percebe a si mesma e como olha para outras épocas, tanto para o 
passado quanto para o futuro. Assim, cada época tem uma noção de si mesma, assim como de 
passado e de futuro, e delimita as temporalidades por meio dessa compreensão.
Foi assim, por exemplo, no século XVII, que eruditos olharam para sua própria época e a 
classificaram como moderna, avaliando e delimitando, com base nela, épocas anteriores e dando 
a elas certas características, periodizações e nomes. Um exemplo é a obra Historia universalis 
(Figura 1), escrita pelo alemão Christoph Cellarius (1638-1707).
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo66
Nessa suposta “história universal” – que 
abordava, de fato, aspectos relativos à história do 
Ocidente, mais precisamente da Europa –, Cellarius 
periodizou a temporalidade histórica em três fases: 
Antiguidade, Idade Média e Novo Período. O 
Novo Período seria a sua própria época, concebida 
como moderna, em oposição a uma época anterior, 
considerada intermediária, isto é, uma “época 
do meio”, de trevas, uma época ou idade média. 
Posteriormente, historiadores do século XIX 
definiram em termos cronológicos essa divisão 
temporal, afirmando que a Idade Média seria o 
intervalo de tempo (1.000 anos) situado entre a 
queda do Império Romano do Ocidente, no ano de 
476, e a tomada da sede do Império Bizantino pelos 
turcos, no ano de 1453.
A designação trevas se deve, em parte, ao fato 
de os germânicos – povos estrangeiros, de cultura 
diferente da greco-romana – terem invadido o 
Império Romano e à ascensão do cristianismo 
por meio do catolicismo, considerado a ideologia 
predominante. Nesse período, o pensamento crítico 
experimentou, supostamente, um período de 
retrocesso.Em nosso entendimento, essa designação contrasta com as próprias fontes históricas 
do período, nas quais se pode perceber um estilo próprio de expressão artística imagética (a 
iluminura) e o surgimento de uma corrente filosófica complexa (a Escolástica). Com o surgimento 
das primeiras universidades (a partir do século XI), notamos a continuidade da pesquisa, do 
estudo, da escrita e da reprodução de ideias manifestas em grandes livros escritos à mão – os 
chamados códices1 – pelos monges copistas, além da eclosão de pelo menos três estilos artísticos 
diferenciados: o estilo bizantino, o estilo românico e o estilo gótico, conforme veremos a seguir.
4.1.2 Contexto
Para problematizarmos o suposto retrocesso do pensamento crítico e criativo ao longo 
da chamada Idade Média, que ocorre em virtude do predomínio de uma vida rural e de um 
imaginário permeado pelos ditames da ideologia católica, é importante entendermos melhor como 
1 Também conhecidos como Liber Quadratus, os códices eram livros manuscritos; sua origem remonta ao século I da 
nossa era. Até o século IV, eram feitos de papiro; a partir de então, passaram a ser feitos de pergaminho. Eram de formato 
retangular e eram constituídos de várias folhas organizadas em cadernos; são os antepassados dos atuais livros. Os 
códices continham textos que iam de registros contábeis a instruções religiosas, textos considerados sagrados e lições 
escolares. Eram feitos à mão por monges cristãos (religiosos que viviam em mosteiros, isolados da comunidade) e 
ricamente ilustrados.
No título e subtítulo, escritos em latim, lê-se que 
a obra traz uma breve exposição de sua divisão 
em Antiga, Média e Nova. A imagem mostra uma 
edição datada de 1753.
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Figura 1 – Frontispício da obra Historia 
universalis (1685), de Christoph Cellarius.
frontispício: 
ilustração 
colocada na folha 
de rosto de uma 
obra.
A arte medieval e a evocação do sagrado 67
se configurou o contexto de ruptura do mundo antigo e o surgimento de uma nova estrutura 
econômica, política e social.
Comece observando o mapa a seguir. Relembre a extensão do Império Romano e perceba o 
avanço das tribos germânicas – que viviam para além das fronteiras do Império –, “empurradas” 
pelo avanço dos hunos, tribo asiática de origem tártaro-mongólica, conhecida pela violência dos 
seus ataques.
Note que o avanço de algumas dessas tribos (francos, saxões, anglos, jutos, vândalos, 
ostrogodos, godos, suevos, visigodos etc.) se dá em direção à Roma, sede do Império Romano do 
Ocidente, enquanto outras se dirigem a Constantinopla (atual Istambul, na Turquia), que na época 
era a sede do Império Romano do Oriente. Enquanto o Império do Ocidente sucumbiu (entre 450 
e 476), ficando em seu lugar vários reinos bárbaros2, o do Oriente sobreviveu por mais 1.000 anos, 
como Império Bizantino, que sucumbiu diante da sua conquista pelos turcos somente em 1453.
Figura 2 – O avanço das tribos germânicas sobre o Império Romano
Invasões ao Império Romano 
 100-500 (Era Cristã)
Godos
Vândalos Capital Huna, 
dos Hunos Hu
nos
Hunos
Cartago
Roma
Vândalos
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Visigodos
Adrianópolis
Constantinopla
Império Romano 
do Oriente
Império Romano 
do Ocidente
Ostrogodos
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Chalons – 
atual região de 
Châlons-en-Champagne 
na França.
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Anglos, Saxões
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Ostrogodos
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Após a queda do Império Romano do Ocidente, desenvolveram-se reinos germânicos, sendo 
que alguns tiveram duração efêmera, como os reinos dos vândalos, no norte da África. Outros, 
graças à aliança com as lideranças da já existente e influente Igreja Católica, tiveram extensão 
2 Essa era uma designação pejorativa dada pelos romanos aos povos que viviam além de suas fronteiras e não 
compartilhavam da sua cultura – greco-latina – nem da sua língua, o latim. O termo é de origem grega e significava, 
originalmente, “aquele que não sabe falar” ou, ainda, “gago, balbuciante”.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo68
territorial e temporal maior. Foi o caso, por exemplo, do reino instituído pelos francos no território 
que corresponde, atualmente, a Alemanha, França e parte da Bélgica e da Itália.
Ao longo da chamada Alta Idade Média (séculos V ao X), percebemos, além da formação 
e, por vezes, destruição de efêmeros reinos bárbaros, algumas importantes mudanças econômicas, 
sociais e políticas no Ocidente Europeu. Podemos destacar essas mudanças no Quadro 1.
Quadro 1 – Transição Antiguidade-Idade Média
A invasão e ocupação árabe da Península Ibérica no século VIII e a instituição de um califado com sede na 
Espanha, o qual durou até o século XV de nossa era.
O fortalecimento e a expansão do Império Romano do Oriente, agora Império Bizantino, afastado do mundo 
ocidental tanto em relação à língua oficial – que passou a ser o grego – quanto à compreensão da religião 
católica, que passou a ser ortodoxa.
A ruralização da sociedade com o êxodo urbano e a migração em massa dos pobres das então províncias do 
Império Romano do Ocidente para as regiões fortificadas da nobreza rural, de origem latino-germânica.
A decadência do comércio, da vida urbana e do uso da moeda. Em lugar disso, difunde-se a economia de 
subsistência e o comércio baseado na troca de produtos.
O crescimento do poder ideológico, político, territorial e social da Igreja Católica – por meio da institucionalização 
e universalização da religião cristã por imperadores romanos e chefes eclesiásticos no final do século IV –, 
especialmente junto a determinados reis germânicos que aceitaram a conversão.
O desenvolvimento de relações sociais e políticas feudo-vassálicas, isto é, estabelecidas com base na troca 
de serviço militar por terra ou algum outro benefício (feudo) entre chefes guerreiros, chamados de suseranos 
(senhores feudais), e seus militares, chamados de vassalos.
Transição do trabalho escravo para o trabalho servil, no qual – em troca de proteção militar e terra para plantar 
e garantir sua subsistência – camponeses passaram a trabalhar nas terras de senhores feudais sem nenhum 
tipo de remuneração e sujeitos a várias obrigações.
Fonte: Elaborado pela autora com base em Anderson, 1998.
Antes de invadirem o Império Romano, quando ainda habitavam em suas regiões de origem, 
os germânicos viviam em comunidades guerreiras livres. Após a invasão, desenvolveram um Estado 
centralizado e unitário com uma sociedade estratificada3.
Os reinos germânicos, surgidos na sequência das invasões, eram, em sua maioria, monarquias 
pouco elaboradas, de sucessão um tanto confusa. A hierarquia tinha como seu ponto alto os reis, 
que eram chefes militares cujo poder se sustentava em uma corte composta de guardas reais, 
seguidos de soldados e camponeses.
Com as invasões, as tribos que não conheciam um modelo de Estado centralizado, 
aprenderam a desenvolvê-lo com base na convivência com instituições político-administrativas 
remanescentes do Império Romano, pois as províncias mantiveram, enquanto puderam, sua 
própria estrutura político-administrativa, com seu corpo de burocratas, legisladores e juristas.
A administração jurídica e legal dos reinos bárbaros era entregue a pessoas de origem 
latina, dentre elas muitos religiosos cristãos. Isso ocorria porque, naqueles tempos conturbados, os 
religiosos cristãos compunham o seleto grupo das pessoas letradas e educadas segundo a tradição 
3 Tipo de sociedade que apresenta divisões e diferenças internas surgidas da desigual distribuição de riqueza e 
poder.
A arte medieval e a evocação do sagrado 69
greco-latina, que ainda exercia um grande fascínio entre os reis bárbaros, conforme destaca Barbosa 
(1997, p. 15):
Imperadores incapazes e seus débeis exércitos não conseguiam assegurar a paz. 
Funcionários públicos ineficientes e corruptos foram substituídos por padres, 
até porque estes eram, cada vez mais, os únicos habilitados a ler e escrever (daía palavra clérigo significar letrado, e leigo ou laico, ignorante.
Essa aliança entre o poder espiritual da Igreja Católica, instituição nascida ainda no Império 
Romano, e o poder temporal dos reis de origem germânica foi especialmente efetiva entre os reis 
do Reino Franco, que chegaram no século V.
Os francos, estabelecidos inicialmente na atual Bélgica, conquistaram a antiga Gália (atual 
França) e parte da atual Alemanha, estendendo, depois, seu domínio sobre a Itália. Os dois reis 
mais importantes das duas dinastias da Alta Idade Média – o Rei Clóvis, da dinastia merovíngia 
(séc. V ao IX), e o Rei Carlos Magno, da dinastia carolíngia (séc. IX ao X) – foram convertidos ao 
catolicismo e construíram as bases de uma forte aliança com a Igreja Católica.
A Figura 3, a seguir, retrata o batismo do Rei Clóvis I. A ilustração pertence ao manuscrito 
francês La vie de Saint Denis (A Vida de São Denis), datado de 1317 e conservado na Biblioteca 
Nacional da França.
Figura 3 – O Batismo de Clóvis (1317) (detalhe)
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Nessa aliança, clérigos católicos eram empregados na administração do reino Franco em 
troca de terras e títulos, e camponeses, convertidos em massa e compulsoriamente ao cristianismo 
oficial, tornavam-se mais dóceis e fáceis de serem controlados por seus senhores.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo70
O reino Franco dominou, durante a Alta Idade Média, grande parte do Antigo Império 
Romano do Ocidente, transformando seus despojos em uma espécie de Império da Cristandade 
Franco-Católica. Observe no mapa a seguir a evolução da extensão do Reino Franco, desde o século 
V – com a dinastia merovíngia – até o século IX – com as conquistas de Carlos Magno (742-814), 
da dinastia carolíngia:
Figura 4 – Extensão e expansão do Império Franco: de Clóvis a Carlos Magno.
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Em sua extensão, senhores feudais, vassalos e camponeses tinham a obrigatoriedade de 
serem católicos e seguirem os dogmas e sacramentos da Igreja Cristã oficial.
Agora que entendemos o contexto em que se desenvolveu o período da Idade Média, 
vamos explorar algumas das mais expressivas formas de manifestação artística situadas entre 
a época da dinastia merovíngia (século V) e o período em que o feudalismo, como forma de 
organização política, econômica e social, entra em crise (séculos XIII e XIV) e, no bojo dessa 
crise, desenvolve-se um novo paradigma artístico, o Renascimento, tema do nosso próximo 
capítulo.
4.2 Expressões artísticas do período carolíngio
Ao longo da Alta Idade Média, o acesso ao conhecimento e à erudição, no interior do Império 
Franco, foi incentivado especialmente pelos reis da dinastia carolíngia, principalmente no reinado 
de Carlos Magno – no qual ocorreu um movimento que historiadores medievalistas denominam 
A arte medieval e a evocação do sagrado 71
renascimento carolíngio (MATTHEW, 2006) – e de seus sucessores, até o final do século IX, quando 
tem início o chamado período otoniano.
Esse renascimento, ocorrido entre os séculos VIII e IX, deu-se devido aos esforços de Carlos 
Magno em tornar a capital do seu reino, Aix-la-Chapelle (atualmente uma cidade independente da 
Alemanha), um centro difusor de cultura. Para isso, Magno investiu na formação intelectual do clero 
e na reforma do ensino ministrado nos mosteiros e paróquias. Ele fomentou o desenvolvimento 
das artes e a reprodução de grandes obras literárias, filosóficas e científicas da Antiguidade pelos 
chamados monges copistas, sobre os quais falaremos mais adiante.
Com isso, Magno esperava restabelecer o esplendor intelectual de origem greco-latina, 
sem perder de vista a contribuição trazida pelo clero e pela cultura germânica, conforme destaca 
Matthew (2006, p. 56):
O domínio dos francos sobre o Ocidente, a sua presença na Itália e a confiança 
que tinham nas suas possibilidades de negociar com o Império do Oriente 
os levaram a querer reivindicar para si tudo o que fosse possível do legado 
romano. Isso significava levar para Aix-la-Chapelle a arquitetura de Ravena, 
onde a corte imperial deixara a sua marca ainda mais deslumbrante do que na 
própria Roma. Significava principalmente copiar livros, nos quais os membros 
do clero (e, a longo prazo, os seus alunos) podiam adquirir imediatamente o 
conhecimento da Antiguidade. Estudavam “ciência” e literatura profana, bem 
como os padres da Igreja, como, por exemplo, Santo Agostinho. Melhoravam 
o seu estilo de caligrafia copiando textos antigos e executavam imitações fiéis 
de desenhos antigos, procurando autenticidade. Os textos copiados nessa 
época garantiram a sobrevivência da literatura latina até os séculos seguintes, 
já que alguns autores são agora conhecidos por manuscritos que não são mais 
antigos do que o século IX.
Datam desse período alguns belos códices iluminados, isto é, manuscritos ilustrados, 
encadernados com capas incrustadas de pedras preciosas e detalhes feitos com diferentes tipos de 
metais. Esses códices continham, especialmente, textos religiosos, como os evangelhos do Novo 
Testamento. Além da cuidadosa caligrafia e das belas e trabalhadas capas e contracapas, merecem 
destaque também as ilustrações, composições muito coloridas que representavam santos, anjos, 
passagens bíblicas e outros símbolos religiosos, além de pictogramas abstratos, figuras mitológicas 
e/ou cenas do cotidiano medieval.
Ao longo desse período, em assentamentos de missionários católicos na Grã-Bretanha – na 
Irlanda celta e na Inglaterra saxã –, há uma profusão de códices criados por missionários cristãos, 
cujo estilo artístico específico denotou uma forma de expressão própria no interior do período 
carolíngio e conceituada por estudiosos (MATTHEW, 2006; GOMBRICH, 2013) como arte insular.
Segundo Gombrich (2013), a arte insular, realizada pelos monges cristãos na Irlanda, 
manifestava a tentativa desses religiosos-artistas em adaptar a arte das culturas locais, de origem 
celta e saxônica, às necessidades e especificidades da difusão dos preceitos da fé cristã.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo72
Os monges e missionários da Irlanda celta e da Inglaterra saxã procuravam 
aplicar as tradições desses artesãos às necessidades da arte cristã. Erigiram 
igrejas e campanários em pedra imitando as estruturas em madeira usadas pelos 
construtores locais [...], porém os mais impressionantes monumentos ao seu 
sucesso são alguns dos manuscritos feitos na Inglaterra e Irlanda nos séculos 
VII e VIII. (GOMBRICH, 2013, p. 120-121)
Dentre os códices produzidos entre os séculos VII e IX no estilo da arte insular, merecem 
destaque os códices conhecidos como Livro de Lindau (ou Lindau Gospel) (Figura 5) e Livro de 
Kells (Figura 6).
Figura 5 – Contracapa do Livro de Lindau ou Lindau 
Gospel (século VIII)
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Trabalhado por artistas e escritores diferentes em épocas 
diferentes, a parte mais antiga desse códice é a sua 
contracapa, criada na região da Áustria no final do século 
VIII. Seu estilo situa-se na chamada arte insular, associada 
ao contexto dos assentamentos missionários na Irlanda. 
À época carolíngia, difundiu-se o costume de adornar com 
pedras e metais preciosos a capa de evangelhos e bíblias.
Fonte: EVANGELHO de Lindau. Século VIII. Livraria Morgan, Nova 
Iorque, Estados Unidos.
Figura 6 – Folha 292 do Manuscrito de Kells 
(século VIII)
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Produzido por monges do mosteiro de Kells, na 
Irlanda, no final do século VIII, a página ilustra a 
introdução ao Evangelho de São João.
Os códices da arte insular eram ilustrados com imagens que representavam símbolos 
cristãos e figuras humanas, além de composições geométricas complexas e abstratas. Quanto às 
cores, notamos o predomínio do vermelho, do marrom, do azul, do preto e do verde e, por vezes, a 
presença do branco e do preto, além do dourado.
No tocante à forma como eram representadas as figuras humanas, Gombrich (2013) chama 
a atenção para o fato de que nessas imagens a figura humanaé idealizada. Esse padrão manifesta 
o esforço dos monges cristãos em criar algo em que se percebe a influência tanto da arte nativa 
quanto da representação da arte clássica greco-romana.
O resultado desse esforço são figuras como a que veremos a seguir, na qual o ilustrador 
procurou representar São Mateus escrevendo o Evangelho (Figura 7).
A arte medieval e a evocação do sagrado 73
Observe que o evangelista é representado 
envolto em sua toga, tal qual a vestimenta dos 
antigos romanos clássicos. Note a riqueza dos 
detalhes para representar as dobras de sua 
vestimenta, os cachos de seus cabelos e os laços de 
sua sandália. A figura traz, em uma de suas mãos, 
um chifre – recipiente para a tinta – e, na outra, 
uma pena, com a qual, muito concentradamente, 
escreve.
A riqueza dos detalhes presentes nos 
objetos e nas roupas contrasta com o fundo, 
pintado com poucas cores, com formas difusas 
e não acabadas. Nesse fundo desproporcional, 
pouco realista, é possível perceber, na parte 
posterior, à direita, um ser alado (um anjo) a 
inspirar o evangelista Mateus.
Nas ilustrações dos códices desse 
período, a figura do evangelista escrevendo de 
maneira concentrada e séria um texto sagrado 
evoca a própria figura do monge copista em 
seu scriptorium. Os monges copistas eram do 
chamado clero regular, isto é, eram religiosos que viviam isolados do contato com os fiéis, fechados 
em abadias e mosteiros localizados junto a montanhas, abismos ou florestas. Esse tipo de religioso 
tem suas origens em São Bento da Núrsia, o qual, no século VI, fundou o primeiro mosteiro, 
conforme destaca Barbosa (1997, p. 22, grifos do original):
Desde as origens do cristianismo, existiam homens e mulheres que buscavam 
o isolamento da vida mundana como forma de viver os ensinamentos de 
humildade, penitência, celibato e asceticismo, isto é, o desapego aos valores 
materiais. Foram chamados monges por viverem sós – do grego monakhos, 
solitário. No século VI, no Ocidente, um monge chamado Bento de Núrsia (58-547), 
depois santificado, criou a Regra, em 534, para disciplinar a vida desses solitários, 
baseando-a no princípio ora et labora – reza e trabalha. Nascia a Ordem 
Beneditina e, com ela, a divisão do clero [católico] em dois tipos: os reguladores, 
assim chamados por seguirem a Regra e viverem nos monastérios, isolados 
dos fiéis; e os seculares, aqueles que viviam em contato com os fiéis e a vida 
mundana, como os padres e bispos. A busca pelo isolamento acabou levando-os 
para lugares desabitados como florestas, pântanos e altas montanhas, onde 
desempenharam o importante papel de ampliar as fronteiras da Cristandade, 
pois funcionavam como centros de atração para novos povoamentos e, ao 
mesmo tempo, convertiam as populações rurais mais próximas (daí o sentido 
original da palavra latina paganus – pagão – significar camponês).
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Fonte: MATEUS escrevendo o Evangelho. c. 830. 1 iluminura, 26 x 
20,8 cm. Biblioteca Municipal de Épernay, Épernay, França.
Figura 7 – Mateus escrevendo o Evangelho, 
Evangelho de Ebbo (c. século IX).
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo74
Distantes da vida mundana, os monges se 
dedicavam a uma vida de orações, penitências e 
desapego das pessoas e dos bens. Eles também 
se dedicavam de maneira obstinada ao estudo: 
em seus pequenos gabinetes de trabalho – o 
chamado scriptorium (Figura 8) –, passavam 
horas lendo, compilando, criando e ilustrando 
páginas de pergaminhos que, encadernadas, 
compunham os códices.
É possível afirmar que a arte medieval se 
construiu por meio dessas ilustrações – chamadas 
de iluminuras, criadas pelos iluminadores – que 
ilustravam os códices. A iluminura é uma forma 
de expressão que se originou a partir da conquista 
bárbara da Europa e se difundiu durante toda 
a Idade Média, tornando-se mais sofisticada a 
partir dos séculos XII e XIII, quando atingiu 
seu apogeu, no estilo chamado gótico, conforme 
veremos mais adiante.
Normalmente, as iluminuras eram feitas 
no interior e ao redor das letras capitulares 
(Figura 9), isto é, as primeiras letras de um 
capítulo. Elas também podiam aparecer na 
página de abertura de um manuscrito ou no 
interior de um texto. Eram fundamentais para 
repassar os conteúdos e mensagens que a Igreja 
pretendia que fossem assimiladas pelos fiéis, 
em sua maioria camponeses iletrados. Serviam, 
portanto, não apenas para “iluminar” o texto, mas 
para evangelizar e doutrinar as pessoas, conforme 
destaca Gombrich (2013, p. 125): “Lembremos a 
tese do Papa Gregório Magno [séc. VI – VII] de 
que ‘a pintura pode fazer pelo analfabeto o que a 
escrita faz pelos que sabem ler’ [...]”.
Figura 8 – O scriptorium Torre de Tábara (c. 1220)
Ilustração que representa o scriptorium do Monastério 
de San Salvador de Tábara, na Espanha. Datada de 1220 
(aproximadamente), porém copiada de um manuscrito concluído 
no ano de 970, trata-se de uma das primeiras imagens em que 
um scriptorium medieval é representado em um manuscrito. À 
direita, temos o escriba e o iluminador (que fazia as ilustrações) 
estendendo as folhas do futuro manuscrito, enquanto um jovem 
apara, com uma tesoura, um pergaminho. À esquerda, três homens 
são representados tocando o sino do mosteiro de Tábara.
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Fonte: O SCRIPTORIUM Torre de Tábara. c. 1220. The Morgan Libary & 
Museum, Nova Iorque, Estados Unidos.
A arte medieval e a evocação do sagrado 75
É em torno desse propósito – repassar uma 
mensagem por meio de imagens – que se pode 
analisar também esculturas e relevos de um período 
posterior, chamado de Arte Otoniana. Essa tendência 
floresceu na Alemanha entre o final do século IX e 
meados do século X, durante o reinado de Otto I (912-
-973). Esse período foi caracterizado pela tentativa 
de reestruturação do antigo Império Franco pelos 
reis germânicos em aliança com a Igreja Católica – 
aliança da qual resultou a instituição do Sacro Império 
Romano-Germânico, localizando na Europa Central.
Tanto na arte insular quanto nas demais 
formas de manifestação artística do período 
carolíngio e otoniano, prevaleceram temas religiosos, 
diferentemente da arte clássica greco-romana, em que 
o ideal que permeava a criação artística era puramente 
estético. Isso se deu, segundo Hauser (2010, p. 129), 
porque:
para a mentalidade medieval, a religião não podia continuar tolerando uma 
arte com existência independente, sem consideração de credo, tal como não se 
aceitava uma ciência autônoma. Como instrumento de educação eclesiástica, 
a arte era a mais valiosa das duas, pelo menos quando a máxima difusão era o 
objetivo a alcançar.
Mas nem toda a manifestação artística desse período, que vai do final do século X ao 
comecinho do século XI da nossa era, consistiu na expressão de valores e temas religiosos ou se 
manifestou somente por meio de iluminuras. Na verdade, uma das mais impressionantes expressões 
da arte situada entre o fim da Alta Idade Média e o início da Baixa Idade Média4 é uma tapeçaria, 
conhecida como Tapeçaria de Bayeux.
4 A Idade Média é um período extenso, que abrange 1.000 anos de História do Ocidente e que, por razões óbvias, não 
foi homogêneo em toda a sua extensão. Assim, historiadores costumam dividir esse período em Alta Idade Média – período 
correspondente à queda do Império Romano, no século V, e à afirmação do feudalismo, no século X – e Baixa Idade Média – 
século X ao século XV –, caracterizado, entre outras coisas, pelas Cruzadas, pelo auge e pela decadência do feudalismo e pelo 
renascimento comercial e urbano. No entanto, historiadores contemporâneos, como Hilário Franco Júnior, na obra A Idade 
Média: nascimento do Ocidente (2000), subdividem esse período em quatro fases (e não duas). Segundo Franco Júnior, teríamos 
a Primeira Idade Média ou Antiguidade Tardia (séculos V ao VIII); a Alta Idade Média (séculos VIII ao X); a Idade Média Central 
(séculos XI, XII e XIII); e a Baixa Idade Média (séculos XIV e XV). Parasaber mais a respeito, sugerimos a leitura de FRANCO 
JÚNIOR, H. A Idade Média: nascimento do Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2000.
Figura 9 – Iluminura em uma letra capitular
Iluminura da letra “B”, capitular que abre uma das 
partes do livro de salmos conhecido como Saltério 
de São Luís. Esse tipo de capitular era comum na 
abertura do Salmo 1, em latim Beatus vir.
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Fonte: SALTÉRIO DE SÃO LUIS. Verso 30. 1190-1200. 1 
pergaminho, 24,5 x 17,7 cm. University Libary, Leiden, 
Holanda.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo76
A tapeçaria é, na verdade, um fantástico bordado em linho, com 50 cm de largura e 69 m 
de comprimento, feito a pedido do Bispo Odo de Bayeux (1030-1097), meio-irmão do líder dos 
normandos5 conhecido como Guilherme, o Conquistador.
A tapeçaria foi confeccionada entre as décadas de 1070 e 1080 e narra, por meio de 58 cenas, 
o ponto de vista normando sobre a conquista viking da Inglaterra. Além de feitos militares, como a 
representação da derrota militar sofrida pelas tropas do rei da Inglaterra, Haroldo II, em 1066 (Figura 
10), a tapeçaria traz vários desenhos que mostram detalhes do cotidiano e do imaginário medieval.
Figura 10 – Extrato da Tapeçaria de Bayeux (1070-1080)
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Fonte: TAPEÇARIA de Bayeux. 1070-1080. 1 bordado em linho, 69 x 50 cm. Musée de la Tapisserie de Bayeux, Bayeux, França.
Entre os séculos VIII e IX, à medida em que os normandos avançavam pelo norte, os 
húngaros seguiam pelo leste e os árabes, a partir do Norte da África, chegavam até a Espanha, no 
oeste da Europa. O feudalismo se fortalece entre os séculos X e XI no centro-ocidente europeu. 
Nesse período, a cristandade se afirma e tenta se expandir para além do Mar Mediterrâneo, por 
meio de uma intervenção armada na Terra Santa, conhecida como Cruzadas (séculos XI e XIII). 
Nela, envolveram-se nobres, reis e comerciantes europeus na tentativa frustrada de conquistar 
territórios no Oriente Médio.
É nesse período, já na Baixa Idade Média, que outro estilo se afirma na arte medieval, tanto 
na arquitetura das catedrais quanto nos relevos e nas ilustrações dos manuscritos: o estilo românico. 
Além desse estilo, o período foi caracterizado também pela forte presença do estilo bizantino, 
originado no leste europeu, manifesto em imagens de figuras sacras (ícones)6. Mas o esplendor da 
5 Os normandos (também chamados de vikings) eram originários do extremo norte da Europa, onde, atualmente, fica 
a Península Escandinava. Desembarcaram em levas sucessivas pelo Oceano Atlântico e passaram a fazer incursões na 
Europa Ocidental ao longo dos séculos IX e X. O ataque dos vikings à Europa Central foi inesperado e devastador. Eles 
vinham de onde menos se esperava: o mar. Antes de se estabelecerem definitivamente e instituírem uma monarquia 
onde, atualmente, é a Grã-Bretanha, causaram pânico e terror entre os reinos europeus.
6 A palavra ícone vem da língua grega e está associada à imagem. Os ícones eram quadros portáteis que 
representavam figuras associadas ao universo religioso cristão: Maria (sozinha ou com o Menino Jesus) e Cristo em 
Majestade, principalmente. Esse tipo de tradição artística teve origem na antiga Grécia, na qual a cultura teve forte 
influência sobre o Império Bizantino.
A arte medieval e a evocação do sagrado 77
arte medieval é atingido com o estilo gótico, o qual, originado no século XII, atinge seu apogeu nos 
séculos XIV e XV na arquitetura das catedrais e nas iluminuras. É sobre essas três fortes tendências 
da arte medieval – bizantina, românica e gótica – que trataremos a seguir.
4.3 Estilos da arte medieval: bizantino, românico e gótico
4.3.1 O estilo bizantino
No lado oriental da Europa sobrevivia o que havia restado do Império Romano do Oriente, 
o qual, desde o século VI da nossa era, constituía-se como um império autônomo, independente 
e forte. O Império Bizantino ficava na antiga cidade de Constantinopla, atual Istambul, Turquia; 
nele, por volta do século V (HAUSER, 2010), conviviam em torno de 1 milhão de habitantes, 
das mais diversas etnias (gregos, latinos, persas, judeus) e credos. Apesar dessa diversidade, o 
Império vivia sob um regime autocrático denominado cesaropapismo, um tipo de governo em que 
o poder secular e religioso – um catolicismo ortodoxo que rompeu com o romano em 1054 – estava 
concentrado nas mãos do imperador (HAUSER, 2010). Havia o domínio do imperador sobre a 
Igreja, sustentado pela teoria do direito divino, cunhada por patriarcas da igreja católica grega.
Esse império viveu períodos de ascensão e crise desde as invasões bárbaras, atingindo, 
sob a época de Justiniano (482-565), que governou entre os anos 527 e 565, sua maior extensão 
territorial e seu maior esplendor econômico, tendo sido abalado, no entanto, por uma forte crise 
social interna.
Figura 11 – Império Bizantino e sua expansão no reinado de Justiniano
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A intensa vida econômica e social do Império manifestava-se com toda a sua força na 
capital, Constantinopla, assim como o poder autocrático dos seus governantes se afirmava junto 
a uma suntuosa corte, centro político de todas as atenções. É em torno dessa corte e de seu poder 
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo78
político-religioso que se manifestam as expressões mais vívidas da arte bizantina, a qual acabaria 
por influenciar também o Ocidente.
As expressões da arte bizantina se mostram presentes, principalmente, na arquitetura das 
catedrais – como a de Santa Sofia, em Constantinopla, e a de San Vitale, em Ravena, Itália –, nos 
mosaicos vitrificados que adornam essas catedrais e nas imagens pintadas em painéis de madeira 
(trípticos) representando figuras sacras (ícones).
As pinturas e os mosaicos tinham caráter decorativo, porém evocavam também, de maneira 
suntuosa, séria e imponente, os ideais do cristianismo, da forma como eram interpretados pelo 
centro de poder político-religioso do Império, a corte dos reis bizantinos.
Os primeiros ícones pintados em madeira, 
que remontam aos séculos V e VI, tinham 
como tema central a representação de Teótoco, 
designação grega para a figura da Virgem Maria 
com o Menino Jesus, cuja tradução literal seria 
“portadora de Deus”. Esses primeiros ícones, no 
entanto, não sobreviveram até o nosso tempo. 
Versões e reproduções datadas dos séculos XI 
ao XIV, de origem russa, resistiram aos séculos e 
nos permitem vislumbrar detalhes interessantes 
da arte de influência bizantina, tal qual o ícone 
reproduzido ao lado, intitulado Teótoco de 
Vladimir (Figura 12).
Nos mosaicos bizantinos, figuras religiosas 
e políticas eram representadas de maneira 
imponente e hierárquica, dispostas segundo a 
sua ordem de importância: espaços maiores e 
centrais eram concedidos às figuras consideradas 
mais sagradas e/ou importantes politicamente, 
já os espaços menores eram concedidos às 
figuras consideradas menos sagradas e/ou menos 
importantes política e socialmente.
As pessoas eram representadas de maneira iconizada, apenas de frente e com posturas 
rígidas. Um aspecto curioso da arte bizantina, tanto nas pinturas quanto nos mosaicos, é o fato de 
que os dedos das mãos dos personagens são representados todos do mesmo tamanho, assim como 
o tamanho de todas as cabeças é o mesmo.
Os fundos contra os quais as imagens eram dispostas eram idealizados, figurativos e sem 
relação com espaços reais, sendo pintados ou elaborados em tom dourado. As paisagens, quando 
representadas, apresentavam pouca relação com paisagens reais. Nota-se a predominância de três 
cores: o azul, o ocre e o dourado.
Figura 12 – Teótoco de Vladimir (século XI)
Fonte: TEÓTOCO de Vladimir. 1100. 1 têmpera sobre madeira, 
104 x 69 cm. Galeria Tretyakov, Moscou, Rússia.
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Galeria_Tretiakov
A arte medieval e a evocação do sagrado 79
A opulência do Império Bizantino à época de Justiniano manifesta-setambém na arquitetura 
e na decoração interna de igrejas como a de Santa Sofia, construída entre os anos de 532 e 537 para 
ser a catedral de Constantinopla. O estilo único de sua construção integra as várias tendências das 
construções romanas clássicas com uma estrutura de basílica de base retangular.
Projetada pelo arquiteto grego Isidoro de Mileto (442-537) e pelo matemático, também 
grego, Antêmio de Tales (474-534), a catedral de Santa Sofia (Figura 13) é uma obra colossal na 
qual se destaca seu domo central. Esse tipo de domo foi projetado pela primeira vez na arquitetura 
de origem greco-romana. Nele, o quadrado que sustenta as abóbadas esféricas (que apoiam o 
domo) é formado por quatro arcos, e em sua base estão dispostas quarenta janelas pelas quais a luz 
penetra. Algumas de suas colunas são de granito e chegam a 20 metros de altura com 1,5 metros de 
diâmetro, sendo que as maiores pesam em torno de 70 toneladas.
Figura 13 – Catedral de Santa Sofia em Istambul, Turquia.
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A forma como foi projetada a catedral de Santa Sofia, especialmente no que diz respeito à 
sua divisão interna, ostenta a forte hierarquização social característica do Império Bizantino, como 
destaca Hauser (2010, p. 137):
A planta da basílica, que a primitiva igreja cristã adota do edifício público dos 
romanos, com sua divisão do interior em seções de diferente categoria e valor, 
e especialmente a separação do coro, reservado ao clero, do resto do edifício, 
está mais de acordo com uma concepção aristocrática do que democrática. 
A arquitetura bizantina, porém, que completa o modelo formal da primitiva 
basílica cristã acrescentando-lhe a cúpula, leva a uma intensificação adicional 
da relação hierárquica na qual as diferentes seções do edifício são nitidamente 
separadas umas das outras. A cúpula, que constituiu por assim dizer a coroa de 
toda a estrutura, acentua a ruptura entre as diferentes partes do interior.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo80
Essa hierarquização é manifesta nos mosaicos que adornam o interior de Santa Sofia e 
também de outras igrejas do período justiniano, como a igreja de San Vitale, construída entre os 
anos de 526 e 547.
Mosaico (Figura 14) é uma palavra de origem grega, mousaikón, cuja significação seria “arte 
das musas”. É uma forma de expressão artística fortemente presente na cultura romana clássica, 
que adquiriu um aspecto único na arte bizantina, diferenciando-se do estilo romano e empregando 
técnicas, inclusive, similares às utilizadas na pintura em afrescos. Composto com pedrinhas de 
cores diferentes colocadas lado a lado sobre uma superfície (uma parede, por exemplo) feita de 
argamassa ou gesso, o mosaico é montado de modo que as pedrinhas sejam dispostas para preencher 
um desenho prévio. Após a colocação das pedrinhas, os espaços entre elas são preenchidos com 
uma mistura composta de óleo, areia e cal, a qual permite melhor aderência e acabamento.
Figura 14 – Justiniano e sua corte (século VI)
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Fonte: JUSTINIANO I. Século VI. 1 mosaico. Igreja de São Vital, Ravena, Itália.
As cenas e personagens são representados de maneira solene e sofisticada. Os mosaicos que 
adornam as igrejas retratam cenas da vida de Cristo e dos profetas, bem como dos imperadores 
bizantinos e sua corte, mesclando e entrecruzando rituais estatais e eclesiásticos bem à maneira do 
cesaropapismo. Tinham, para além de uma função decorativa, um aspecto pedagógico: serviam 
como guia espiritual e doutrinário para os fiéis ao mesmo tempo em que reforçavam o lugar de cada 
um dos segmentos sociais, denotando o aspecto fortemente hierárquico da civilização bizantina, 
inclusive na postura rígida dos personagens representados, em cores puras, simples, nítidas e sem 
nuances, conforme destaca Hauser (2010, p. 137):
A arte medieval e a evocação do sagrado 81
Esse ritual encontrou expressão paradigmática nos mosaicos votivos de 
São Vitale, os quais, a esse respeito, nunca foram suplantados em épocas 
subsequentes. Nenhum movimento clássico ou classicizante, nenhuma arte 
idealista e não abstrata, jamais conseguiu expressar formas e ritmos de modo 
tão direto e tão puro. Tudo o que seja complicado, tudo o que seja dissolvido em 
meios-tons ou penumbras está excluído; tudo é simples, claro e óbvio, tudo está 
contido em contornos bem marcados e nítidos, e expresso sem sombras nem 
jogos de claro e escuro. A história foi completamente transformada em fausto 
e ostentação. Justiniano e Teodora, com seus respectivos séquitos, apresentam 
oferendas votivas – um tema incomum para o coro de uma igreja. Mas, assim 
como cenas sagradas adquirem o caráter de cerimônias palacianas nessa arte 
cesaropapista, também as festividades da corte se ajustam sem dificuldade ao 
quadro do ritual eclesiástico.
Na Europa Ocidental, feudal e basicamente rural, na qual a economia era voltada à 
subsistência, diferentemente da arte bizantina e sua sofisticação, desenvolvia-se, já no final do 
século X, uma forma de expressão artística caracterizada pela sobriedade: o estilo românico, o qual 
estudaremos a seguir.
4.3.2 O estilo românico
Em decorrência da nova onda de invasões ocorridas entre os séculos VIII e IX e do 
crescimento do poder ideológico da Igreja Católica, a Europa Centro-Ocidental experienciou um 
período de isolamento geopolítico e cultural em relação a outros povos, fato que seria quebrado 
somente com o término das Cruzadas, no século XIII, e a reaproximação com o Oriente.
Essa conjuntura intensificou o estabelecimento de vínculos de fidelidade mútua entre reis, 
seus comandantes militares e subordinados, isto é, fortaleceu as relações feudo-vassálicas, cuja 
base era a posse de terra, em grande parte concentrada nas mãos da nobreza e do clero.
Entre os séculos XI e XIII, a vida social, cultural, econômica e política situava-se ao redor das 
catedrais, dos mosteiros e dos castelos – fortalezas militares que serviam também como morada 
para os nobres –, que se concentravam nas regiões mais afastadas dos antigos centros urbanos dos 
tempos romanos. No seu entorno, ocorriam feiras periódicas, que funcionavam, primeiramente, à 
base de trocas e nas quais, a partir do século XIII, voltariam a ser usadas moedas.
Os séculos XI e XIII representaram a afirmação do feudalismo como estrutura 
socioeconômica dominante no Ocidente e o predomínio da mentalidade católica como ideologia 
central, levando em consideração o fato de essa época ser, também, caracterizada pelo crescimento 
das chamadas heresias, ou seja, compreensões e manifestações não canônicas dos preceitos do 
cristianismo e que eram combatidas severamente pelos tribunais eclesiásticos.
Esse ambiente de vida austera, autossuficiente, reclusa e permeada por uma forte, intensa e, 
por vezes, opressora religiosidade manifesta-se em uma tendência artística surgida no período, o 
estilo românico, que contrasta, em sua sobriedade, com a arte colorida e viva do período anterior, 
marcado pela arte carolíngia (sobretudo pela arte insular) e otoniana, conforme destaca Hauser 
(2010, p. 183):
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo82
Em conformidade com o espírito não dinâmico da economia e a estrutura 
estática da sociedade, um conservadorismo severo, inamovível, obstinado 
domina também o saber, a arte e a literatura do período. A mesma inflexibilidade 
que vincula a economia e a própria sociedade à tradição também retarda o 
desenvolvimento de novas ideias na ciência e no saber e embaraça o surgimento 
de novos modos de experiência em arte. Introduz, no desenvolvimento da arte 
românica, aquela tendência estabilizadora e paralisante que impede por quase 
dois séculos qualquer mudança mais profunda de estilo.
O estilo românico surgiu na região da Normandia, França, por volta do século X como uma 
interpretação religiosa de inspiração romana, se expandindo pela Europa Central e predominando 
entre o final do século X e oinício do século XIII. Manifestou-se, principalmente, na arquitetura e 
nas pinturas murais das catedrais construídas nessa época na Europa Ocidental.
Nas catedrais românicas (Figura 15), que se 
assemelhavam a fortalezas militares, a fachada era 
constituída de uma nave central em forma de cubo, ladeada 
por duas torres cilíndricas ou cúbicas que terminavam 
em coifas. Essa nave central era atravessada por fachadas 
laterais, formando, por vezes, o desenho de uma cruz.
As colunas que sustentavam a estrutura das catedrais 
eram quase sempre cilíndricas e terminavam em capitéis 
de maneira cúbica, nos quais eram entalhadas figuras 
representando animais e plantas.
Nas pinturas murais que decoravam essas catedrais, 
os artistas misturavam tinta com água de cola ou com cera, 
para que ela melhor se fixasse no revestimento das paredes.
As pinturas eram feitas com o uso de cores variadas. 
Seus desenhos, inspirados na antiga tradição mural romana 
e na iconografia bizantina, quase sempre buscavam trazer 
ao público representações de passagens bíblicas ou da 
história da vida de santos e mártires, para que servissem 
de exemplos morais a serem seguidos. Vermelho escuro, 
laranja, azul, verde e, por vezes, marrom e branco eram 
cores predominantes.
Uma imagem emblemática das pinturas românicas, 
fossem elas iluminuras ou afrescos no interior das catedrais, era a imagem do Cristo em Majestade 
(Figura 16), também conhecida como Cristo pantocrator. Ícone do cristianismo medieval, esse tipo 
de imagem apresenta Jesus Cristo sentado com a mão direita levantada como se ele estivesse dando 
uma benção ao expectador/fiel.
A forma como estão dispostos os seus dedos é repleta de simbolismo religioso: os dedos 
formam a abreviatura “IC XC”, quatros letras que comporiam o nome Jesus Cristo (IHCOYC 
XPICTOC). A junção dos três dedos indicaria não somente as letras “I” e “X”, mas também a 
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Figura 15 – Igreja Sé Velha de Coimbra, Portugal 
(século XII)
A arte medieval e a evocação do sagrado 83
indissolubilidade da Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo), enquanto o encontro do 
polegar e do indicador, além de formar a letra “C”, simbolizaria o encontro da natureza humana e 
divina na pessoa de Cristo.
Figura 16 – Abside de Sant Climent de Taüll (c. 1123), Cristo em Majestade de Mestre de Taüll.
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Fonte: MESTRE DE TAÜL. Abside de Sant Climent de Taüll. c. 1123. 1 pintura, 620 x 360 cm. Museu Nacional de Arte da Catalunha, 
Barcelona, Espanha.
Entre os séculos XII e XIII, o estilo românico convive com a eclosão da terceira tendência 
marcante na arte medieval: o chamado estilo gótico. Esse estilo atinge seu apogeu nos séculos 
XIV e XV, já caracterizados pelo desenvolvimento de novos padrões estéticos e ideológicos que 
desembocariam em um movimento de renovação artística (o Renascimento), o qual vamos estudar 
no próximo capítulo.
4.3.3 O estilo gótico
Dentre os povos denominados pelos romanos como bárbaros, destacam-se as tribos godas, 
predominantes no norte da Europa. O termo gótico vem do estilo de arte influenciada justamente 
por esse povo e que se difundiu na Europa setentrional entre os séculos XII e XV.
O estilo gótico marcou o período das grandes catedrais, sendo que a construção, muitas 
vezes, era financiada pela burguesia, como forma de exibir seu poder nas cidades. O gótico teve 
início em meados do século XII na França, onde foi predominante até a metade do século XIV. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Abside
https://pt.wikipedia.org/wiki/Abside
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo84
Em outras regiões europeias, esse estilo se iniciou mais tarde, no século XIII, e se estendeu até 
meados do século XV. São características desse estilo as linhas puras e a virtualidade das formas, 
alinhadas a uma moderação ornamental, que, combinadas, buscavam evocar os sentimentos de 
uma religiosidade moderada, porém profunda.
Manifestou-se na arquitetura das catedrais (Figura 17) com seus vitrais coloridos, por onde a 
luz penetrava suave e era filtrada na forma pontiaguda das torres e abóbodas que se cruzavam. Os 
arcos, em forma de ogivas, eram contornados por nervuras, as quais, de alguma maneira, refletiam 
também o caminho tortuoso de uma espiritualidade profunda que elevava a alma.
Figura 17 – Catedral da cidade de Reims, França.
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Construída entre 1211 e 1345, essa catedral de estilo gótico mostra, de certa forma, o aspecto tortuoso, porém sublime, 
de uma espiritualidade profunda, associada a um espírito religioso moderado.
A ornamentação, típica tanto da arquitetura quanto da pintura gótica, é resultante do contato 
entre comerciantes italianos e franceses com o norte da Europa, região em que predominava a arte 
alegre, colorida e popular de origem bárbara. A vividez e alegria transbordavam tanto nas pinturas 
(afrescos e iluminuras) quanto nos desenhos dos vitrais, bem como nas formas das esculturas 
góticas, nas quais as figuras humanas parecem cheias de vida e movimento. Tanto o iluminador 
quanto o escultor gótico parecem motivados a transmitir vida, movimento e sentimento por meio 
de sua técnica, conforme destaca Gombrich (2013, p. 145):
No decorrer do século XIII, certos artistas foram ainda mais longe em suas 
tentativas de insuflar vida à pedra. O escultor incumbido de representar os 
fundadores da catedral germânica de Naumburg, na Alemanha, por volta de 
1260, quase nos convence de ter retratado cavaleiros reais do seu tempo [...]. 
Não é muito provável que fosse isso mesmo: aquelas pessoas haviam morrido 
muitos anos antes, e não passavam de nomes para ele. Ainda assim, suas estátuas 
parecem prontas a descer dos pedestais a qualquer momento e juntar-se àqueles 
vigorosos cavaleiros e damas graciosas cujos feitos e desventuras enchem as 
páginas de nossos livros de história.
A arte medieval e a evocação do sagrado 85
Observe, na Figura 18 a seguir, as esculturas que representam o casal Ekkehard e Uta, que 
viveram entre os séculos X e XI e foram uns dos fundadores da catedral em estilo romano-gótico de 
Naumburg, Alemanha, finalizada em 1044. Essas esculturas, assim como as de outros fundadores, 
adornam o interior da catedral. Quando o escultor as projetou, o casal já havia falecido. Note a 
expressividade no olhar, os movimentos diferenciados de um e de outro personagem, os detalhes 
das vestimentas e acessórios: parecem pessoas reais; um casal de posses do século do século XI que 
a qualquer momento pode se voltar para nós e iniciar uma conversa.
Figura 18 – Ekkeard e Uta (século XI), Catedral de Naumburg, Alemanha.
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Ao longo do século XIII, o comércio e as feiras renascem na região norte da Europa, assim 
como na França e na Itália. A vida nas cidades floresce e, com ela, surgem comerciantes, artesãos, 
banqueiros, artistas etc. As primeiras universidades, surgidas no século XI, expandem-se e, nelas, 
é gestada uma nova forma de compreensão de mundo: a escolástica, movimento do pensamento 
filosófico-cristão que procura conciliar, por intermédio da filosofia aristotélica clássica, as 
exigências da fé com os questionamentos da razão. É nesse ambiente urbano, e em franca ebulição, 
que são erguidas muitas catedrais em estilo gótico, financiadas por ricos homens de negócios, 
ansiosos por espiar suas faltas junto a Deus por intermédio de uma Igreja que, ao mesmo tempo em 
que condenava o lucro, via com bons olhos as doações vindas desses fiéis caridosos.
O mercado de trabalho para escultores e arquitetos se amplia à medida que essas catedrais 
suntuosas são erguidas. Por outro lado, o principal meio de trabalho para os desenhistas e pintores 
ainda eram as iluminuras dos códices (GOMBRICH, 2013). Entre os séculos XIII e XV, esse tipo 
de arte atinge seu apogeu, vindo a declinar posteriormente. As pinturas murais se intensificam, 
sobretudo, na Itália do século XIV, onde o apogeudo estilo gótico coincidiria com o início de um 
período de renascimento artístico e cultural.
Na pintura das iluminuras e dos murais, as cenas representadas ainda têm forte influência do 
ideário religioso, porém é mais colorida e alegre, contrastando com a rigidez do estilo românico. 
Nas bíblias e livros de salmos do período (saltérios), nas imagens que supostamente representariam 
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo86
passagens bíblicas, vemos homens e mulheres vestidos como pessoas dos séculos XIII e XIV, e 
não como pessoas da época do Antigo Testamento. Diferentemente da forma rígida das figuras 
humanas das iluminuras românicas, as pessoas representadas nas iluminuras góticas apresentam 
expressividade, movimento, sentimento e originalidade. As cores são mais vivas, mais intensas, 
indo do amarelo e do vermelho para o azul, o roxo e o lilás; é possível perceber também a profusão 
de meios-tons e a preocupação do artista gótico em tentar retratar o fundo com um maior realismo 
e alguma profundidade.
Observe, por exemplo, a iluminura a seguir (Figura 19), que ilustra a chamada Bíblia Morgan, 
manuscrito do século XIII. A cena representada seria um fato bíblico: a expulsão dos israelitas. No 
entanto, os povos em batalha são representados com armaduras, elmos, lanças e escudos do século 
XIII. Perceba o esforço do artista em atribuir a ilusão de intenso movimento à cena em um espaço 
tão pequeno no meio do texto: há cavalos caídos, homens mortos, cavaleiros em posição de ataque 
e um arqueiro pronto para atirar do alto da torre.
Figura 19 – Expulsão dos Israelitas, Bíblia Morgan (século XIII).
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Fonte: EXPULSÃO dos israelitas. In: Bíblia Morgan. c. 1240. 1 iluminura. Biblioteca Pierpont Morgan, Nova Iorque, Estados Unidos.
Ainda, é importante destacar que o ideário franciscano de vida – difundido por Francisco 
de Assis e pelos religiosos da ordem por ele fundada no século XIII – representa aspectos de uma 
vida simples e religiosa, em harmonia com a natureza. Esses aspectos marcam o reencontro do ser 
humano com o mundo natural, revalorizado como um aspecto importante do sagrado.
Considerações finais
Estudamos neste capítulo a constituição da temporalidade Idade Média tanto em seus 
aspectos históricos (econômicos, políticos e sociais) quanto conceituais e teóricos. Na sequência, 
abordamos alguns dos movimentos da expressão artística medieval, com destaque para: a arte 
A arte medieval e a evocação do sagrado 87
insular, no período carolíngio; o estilo bizantino, na Alta Idade Média; e os estilos românico e 
gótico, na Baixa Idade Média.
O objetivo foi problematizar e, quem sabe, desconstruir a percepção segundo a qual a Idade 
Média foi uma “Idade das Trevas”, demonstrando o esforço dos artistas medievais, em consonância 
com seu tempo e possibilidades técnicas, em conciliar as exigências da fé cristã católica – como 
ideologia predominante – com a liberdade criativa que a expressão artística propicia.
Ampliando seus conhecimentos
• O NOME da Rosa. Direção: Jean-Jacques Annaud. Produção: Bernd Eichinger et al. 
Intérpretes: Sean Connery, Christian Slater, F. Murray Abraham, Michael Lonsdale, 
Valentina Vargas. Roteiro: Andrew Birkin et al. Alemanha: 20th Century Fox Film 
Corporation, 1986. (130 min).
Esse filme é baseado na obra homônima do escritor italiano Umberto Ecco (1932-2016), 
um romance policial publicado em 1980. Ambientado na Baixa Idade Média, no ano de 
1327, conta a história de um monge franciscano, William de Baskerville (Sean Connery), 
e de um noviço, Adso von Melk (Christian Slater), que chegam para um conclave religioso 
em um mosteiro isolado no norte da Itália. A atenção para com o conclave é desviada para 
uma série de assassinatos que começam a acontecer no mosteiro e para os quais os monges 
lá residentes dão uma explicação sobrenatural. Baskerville tenta desvendar o mistério 
com a ajuda de Adso pautando sua investigação em critérios empíricos e científicos. No 
filme, é retratada a rotina dos monges copistas medievais e há uma referência interessante 
à influência do pensamento aristotélico sobre a filosofia da época, a escolástica.
• THE ANIMATED Bayeux Tapestry. 2009. 1 vídeo (4 min). Publicado pelo canal Potion 
Pictures. Disponível em: https://youtu.be/LtGoBZ4D4_E. Acesso em: 8 nov. 2019.
Você quer se sentir em meio a uma das maiores conquistas e aventuras ocorridas durante a 
Idade Média? Quer conhecer mais sobre a chegada dos normandos (vikings) e a conquista 
da Inglaterra? Esse vídeo mostra com detalhes as imagens que ilustram a Tapeçaria de 
Bayeux, obra que narra diversos acontecimentos importantes; confira nesse vídeo uma 
versão animada desse importante registro da arte medieval.
Atividades
1. Discorra sobre a construção teórica do conceito Idade Média e suas implicações históricas.
2. Explique a relação entre a expressão artística e o ideal religioso-político relativos ao modelo 
cesaropapista à época de Justiniano no Império Bizantino.
3. Analise as pinturas, construções e esculturas reproduzidas neste capítulo e estabeleça 
uma relação comparativa entre os estilos românico e gótico, apontando pelo menos duas 
diferenças entre eles.
http://www.adorocinema.com/personalidades/personalidade-2331/
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo88
Referências
ANDERSON, P. Passagens da Antiguidade ao feudalismo. 5. ed. São Paulo: Brasiliense, 1998.
BARBOSA, E. S. Origem e formação da Igreja Católica. In: BARBOSA, E. S. A encruzilhada das civilizações: 
católicos, ortodoxos e muçulmanos no velho mundo. São Paulo: Moderna, 1997.
GOMBRICH, E. H. A História da arte. Rio de Janeiro: LTC, 2013.
HAUSER, A. História social da arte e da literatura. Trad. de A. Cabral. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
KOSELLECK, R. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: 
Contraponto, 2006.
MATTHEW, D. Europa medieval. Barcelona: Ediciones Folio, 2006. (Coleção Grandes Civilizações do 
Passado).
5
O Renascimento e o desenvolvimento 
da autonomia artística
Vania Maria Andrade
Se no século XIII a religião era o foco da representação artística, o início do século XIV 
presencia, na Itália, um período de mudanças significativas no modo de fazer arte, originando o 
“primeiro período da história a ser consciente de sua própria existência e também a cunhar um 
termo para se autodesignar” (JANSON; JANSON, 2001, p. 168). Esta transição foi gradual, visto 
que não se tratou de um rompimento repentino com a forma de expressão da Idade Média, mas, 
aos poucos, foi surgindo a consciência de uma nova forma de pensar e se expressar. É justamente 
esse momento que vamos estudar neste capítulo, isto é, o período renascentista e os principais 
artistas desse movimento.
5.1 O conceito de Renascimento e seus fundamentos estéticos
A transição do século XIII para o século XIV foi repleta de transformações. Segundo 
Gombrich (2012), para os italianos, a Idade Média representou a interrupção de uma época de 
glória, já que Roma era considerada o centro do mundo civilizado e vivia seu apogeu cultural. A 
invasão de povos bárbaros – como os godos – ocasionou a queda do Império. A arte produzida 
nesse período foi chamada de gótica, tendo conotação pejorativa, assim como o termo bárbaro.
Desse modo, havia, por meio da arte, da ciência e do saber, o anseio pela retomada do 
período clássico, isto é, anterior à invasão bárbara. Essa retomada aconteceu gradualmente, com 
uma nova forma de representação do espaço nas pinturas, presentes em produções artísticas de 
expoentes como Giotto di Bondone (1266/76-1337), Duccio di Buoninsegna (1278-1318) e Simone 
Martini (1284-1344), que criaram obras que mudaram a arte ocidental.
Giotto nasceu em Florença, grande centro comercial da época. Suas pinturas foram 
revolucionárias, pois foi ele quem começou a retratar as figuras com volume, sem o aspecto 
estilizado típico da arte gótica. O espaço pictórico nas suas obras passa a transmitir asensação da 
profundidade, trazendo a cena para um mundo real e saindo do mundo meramente plano. Como 
destacam Janson e Janson (2001, p. 150), “para aqueles que viram pela primeira vez esse tipo de 
pintura, o efeito deve ter sido tão espetacular quanto os primeiros filmes em Cinerama”. O artista 
inovou a linguagem pictórica e é considerado o pai da pintura europeia moderna.
godos: “povo 
germânico [...] 
que se espalhou 
pela Europa nos 
primeiros séculos 
de nossa era” 
(HOUAISS, 2009).
pictórica: 
linguagem que 
destaca as 
características 
da pintura de 
cada artista ou de 
um determinado 
período.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo90
Figura 1a – A entrada em Jerusalém (c. 1305), de Giotto di Bondone
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Fonte: DI BONDONE, G. A entrada em Jerusalém. c. 1305. 1 afresco, color., 200 x 185 cm. Capela de Scrovegni (Arena), Pádua, Itália.
O afresco A entrada em Jerusalém (Figura 1a) encontra-se na Capela de Scrovegni, popularmente 
conhecida como Capela Arena (pois fica ao lado de uma arena romana), na cidade de Pádua, Itália. 
A capela foi construída a mando de Enrico Scrovegni com o objetivo de amenizar seus pecados, já 
que ele era um cobrador de impostos. Em um dos afrescos, Scrovegni é retratado entregando a capela 
para a Virgem Maria. A pintura da capela foi realizada por Giotto, que a cobriu de afrescos em todas 
as paredes e no teto. O artista representou histórias bíblicas em uma narrativa contínua, iniciando-a 
com o nascimento de Maria e os avós de Cristo (CAPELLA..., 2013).
Embora ainda não existisse, nesse período, a perspectiva linear1, Giotto constrói espaços 
arquitetônicos e desenvolve a sensação de perspectiva para as figuras sagradas, que anteriormente 
eram retratadas apenas sobre fundos dourados. Nessa obra, a cena se desenvolve em primeiro 
plano, como se fosse uma continuação do espaço em que estamos. O artista consegue conferir 
tridimensionalidade na representação do espaço e volume nas figuras. Observe a pintura mais uma 
vez na Figura 1b:
1 “Quando empregamos as ferramentas da perspectiva geométrica (algumas vezes chamada de perspectiva linear), é 
possível criar um desenho que transmita aos espectadores como seria visualizar uma determinada cena de um ponto de 
vista específico” (COMBS; HODDINOTT, 2016, p. 206, grifo do original).
perspectiva: 
“técnica de 
representação 
tridimensional 
que possibilita 
a ilusão de 
espessura e 
profundidade 
das figuras” 
(HOUAISS, 
2009).
O Renascimento e o desenvolvimento da autonomia artística 91
Figura 1b – Detalhes da pintura A entrada em Jerusalém
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III
I
IV
II
• Em I são retratados alguns apóstolos. Os halos dourados indicam os demais que não estão 
retratados, uma forma de representação mais simbólica e medieval.
• Em II é possível perceber que – nesta e em muitas das cenas retratadas nas paredes da 
capela – Cristo é mostrado de perfil, modo tradicional de os romanos representarem 
figuras célebres (nas moedas, as autoridades eram impressas de perfil).
• Do lado oposto (III), em uma sequência quase cinematográfica, uma pessoa começa a 
tirar uma peça de roupa puxando-a pela manga; outra tira pela cabeça; e, por fim, outra 
pessoa deposita a vestimenta aos pés do burro como um ato de respeito.
• Por fim, na vestimenta de Cristo (IV), existem manchas azuis de tinta descascada. 
Isso ocorre em razão de o pigmento azul ultramarino ser um dos mais caros da época, 
proveniente da pedra semipreciosa lápis-lázuli. Scrovegni, então, não quis que o brilho 
do azul fosse ofuscado pelo gesso. Como a capela é toda pintada na técnica do afresco, 
um processo no qual o pigmento é diluído na água e pintado sobre a camada de gesso 
úmido, Giotto teve que utilizar a técnica do afresco seco, isto é, o pintor precisou esperar 
a camada de gesso secar, e, desse modo, a tinta não aderiu com tanta eficácia como no 
afresco tradicional (HARRIS; ZUCKER, 2015).
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo92
É na cidade rival de Florença, Siena, que surgem outros artistas importantes desse período. 
Duccio di Buoninsegna não rompeu radicalmente com a representação gótica, mas lhe conferiu 
nova expressão. A Figura 2a, a seguir, é parte da obra Maestà (Figura 2b) (MAC FARLAND, 2015):
Figura 2a – Detalhe de Maestà (1308-1311), de Duccio di Buoninsegna
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A Virgem Maria ocupa grande parte do painel central desse políptico, que é formado por 
muitos pequenos painéis, pintados nas partes da frente e de trás. No século XIV, o principal suporte 
para pintura eram painéis de madeira. Maria é representada dos dois lados do políptico: na frente, 
em cenas da sua vida, e na parte de trás, na qual é mostrada a vida de Cristo. É importante ressaltar 
que, no período medieval, a Virgem Maria era considerada um elemento de comunicação entre as 
pessoas comuns e Cristo.
No século XIII, a cidade de Siena venceu Florença na Batalha de Montaperti (1260)2, e a 
vitória foi creditada a uma graça de Maria. Mais tarde, Duccio di Buoninsegna ficou encarregado de 
criar uma pintura para o altar da catedral em homenagem à Virgem, como forma de agradecimento. 
Como as cidades eram competitivas, essa obra foi também uma resposta à pintura da Capela de 
Scrovegni (decorada por Giotto). A Virgem é a maior figura do painel, e o azul do seu manto é 
intenso, o que demonstra também o valor da obra, pois provavelmente foi necessário utilizar uma 
grande quantidade de lápis-lázuli para produzir o pigmento azul ultramarino. Além disso, muitas 
áreas são cobertas com ouro.
Duccio criou uma maneira de conferir massa e volume às figuras e trabalhou com áreas de 
luz e sombra, que podem ser observadas no pescoço e nas dobras das roupas. Os santos, profetas e 
anjos encontram-se alinhados em três fileiras da seguinte maneira:
2 Mencionada na obra A divina comédia (1304), de Dante Alighieri (1265-1321), foi uma batalha sangrenta travada 
entre Florença e Siena.
políptico: 
quadro que 
era pintado 
em vários 
painéis. 
O Renascimento e o desenvolvimento da autonomia artística 93
Figura 2b – Políptico Maestá (1308-1311), de Duccio di Buoninsegna
I
II
III
IV
Fonte: DI BUONINSEGNA, D. Maestá ou Virgem Maria em majestade (frente do políptico). 1308-1311. 1 têmpera sobre madeira. Museu da 
Ópera Metropolitana del Duomo, Siena, Siena, Itália.
• Em I estão quatro santos.
• Em II encontramos santos e anjos.
• A fileira III parece uma continuidade de anjos. Os olhares dos anjos dão uma atmosfera 
informal ao se dividirem entre olhar ao longe a figura de Maria, a criança e o espectador 
da obra.
• Predela (IV) é nome que se dá à faixa de painéis menores no inferior de um retábulo. 
Ela retrata figuras adicionais ou episódios da vida de Cristo, de Maria ou de santos 
(MEAGHER, 2010).
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo94
Simone Martini foi discípulo de Duccio, e em suas produções podemos ver influências 
de seu mestre e de Giotto. O uso de elementos decorativos e delicados – como uma miniatura 
detalhada, presentes nas obras de Duccio e de Martini – é uma característica da pintura da região 
de Siena. A técnica refinada de Martini para detalhes narrativos o transformou em um dos artistas 
mais famosos de sua época. Observe a obra Anunciação e os Santos Ansano e Maxima (Figura 3):
Figura 3 – Anunciação e os Santos Ansano e Maxima (1333), de Simone Martini e Lippo Memmi.
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Fonte: MARTINI, S.; MEMMI, L. Anunciação e os Santos Ansano e Maxima. 1333. 1 têmpera sobre madeira, 184 x 210 cm. Galeria Uffizi, 
Florença, Itália.
Os elementos retratados no cenário – o piso de mármore, a cadeira alta ricamente esculpida, 
os tecidos preciosos e o livro que Maria tem nas mãos – indicam o estilo de vida da classe alta do 
século XIV.
Na representação desse famoso tema bíblico, Martini e seu cunhado Memmi colocam o 
anúncio saindo literalmente da boca do arcanjo Gabriel, com a inscrição em relevo no fundo 
dourado: Ave gratia plena Dominus tecum3.O manto ainda em agitação e as asas abertas (que se 
encaixam dentro do arco ogival) indicam que sua aparição foi repentina, causando surpresa, o que 
faz Maria segurar o manto e se esquivar (para se emoldurar em outro arco). No centro, ao alto, o 
Espírito Santo, que está retratado em forma de pomba, está rodeado de anjos, e na mesma direção, 
no chão, está um vaso com lírios, símbolo da pureza da Virgem. Quatro profetas são representados 
ao alto: Jeremias, Ezequiel, Isaías e Daniel. Na lateral, o mártir Ansano – santo padroeiro de Siena 
– traz a bandeira com as cores da cidade. No outro lado, há a representação de Maxima (mãe de 
Ansano) ou Margherita (ANNUNCIAZIONE..., 2019).
Esses artistas representam a transição da arte sacra da Idade Média para a arte humana 
do Renascimento. O nome Renascimento encaixou-se adequadamente a esse momento em que 
principalmente os italianos pretendiam fazer renascer a glória da Antiguidade Clássica.
3 Em português, “Ave cheia de graça” (tradução nossa).
O Renascimento e o desenvolvimento da autonomia artística 95
Por meio do conhecimento geométrico, o Renascimento trouxe uma nova forma de enxergar 
e representar o mundo, fato que conferiu às produções artísticas a impressão de profundidade e 
volume. Os artistas aprenderam a utilizar a perspectiva nas representações planas – bidimensionais 
– como a pintura e o desenho, dando-lhes a ilusão de tridimensionalidade.
5.2 O Humanismo e as origens do pensamento renascentista
Os afrescos produzidos por Giotto na Capela da Arena, em Pádua, impressionaram poetas 
humanistas como Dante Alighieri (1265-1321), Giovanni Boccaccio (1313-1375) e Francesco 
Petrarca (1304-1374), além de provocarem elogios por sua forma inovadora de trabalhar com 
naturalismo e clareza de composição e pela presença volumétrica e escultural de suas figuras 
(MEAGHER, 2010).
De acordo com Gombrich (2012), Giotto é mencionado no poema A divina comédia, 
de Dante, e Simone Martini era amigo Petrarca. Essas relações estão na base do movimento 
renascentista. Para Janson e Janson (2001, p. 168), Petrarca “corporifica duas características 
proeminentes do Renascimento: o individualismo e o humanismo”.
Em linhas gerais, o Humanismo foi um “movimento intelectual difundido na Europa 
durante a Renascença e inspirado na civilização greco-romana, que valorizava um saber crítico 
voltado para um maior conhecimento do homem e uma cultura capaz de desenvolver as 
potencialidades da condição humana” (HOUAISS, 2009).
Petrarca (Figura 4) é considerado o primeiro 
humanista da história e tornou-se referência do movimento, 
difundindo seus ideários em países como a Itália e a França. 
Enquanto na Idade Média a figura divina era o centro do 
universo (teocentrismo), no Renascimento, o homem 
é considerado o centro desse mesmo universo, o que 
chamamos de antropocentrismo. Nos séculos XIV e XV, 
a cidade de Florença, na Itália, destaca-se como centro de 
aprendizado humanista e palco dos florescimentos artístico, 
humanístico, tecnológico e científico.
A cultura renascentista pesquisa e inspira-se nos 
feitos da Antiguidade Clássica para promover novos estudos 
e desenvolver o potencial intelectual dos indivíduos. Os 
humanistas não tinham a intenção de repetir as obras do 
período clássico, mas sim estudá-las e superá-las. O resultado 
desse movimento foi uma série de inovações e descobertas 
em diversas áreas do conhecimento, como matemática, 
medicina, engenharia, arquitetura, artes visuais e literatura. 
Grande parte desses feitos se deve ao financiamento da 
família Médici, bem como de comerciantes e banqueiros, 
que exerciam o poder em Florença (FLORENCE..., 2002).
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Figura 4 – Petrarca (c. 1450), retratado 
por Andrea del Castagno.
Fonte: DEL CASTAGNO, Andrea. Petrarca. c. 
1450. 1 afresco, 153 cm x 247 cm. Galeria Uffizi, 
Florença, Itália.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo96
5.3 Fases do Renascimento italiano
Considera-se Renascimento, geralmente, o período compreendido entre meados do século 
XIV até o século XVI. Contudo, as definições de períodos históricos em arte não devem ser 
consideradas rigidamente, uma vez que existem fases de transição e um período não termina para 
que o seguinte se inicie. Essas divisões e designações contribuem para um melhor entendimento 
sobre o tema.
Como o Renascimento abrange três séculos, convencionou-se dividi-lo em trecento (século 
XIV), quattrocento (século XV) e cinquecento (século XVI). A nomenclatura italiana refere-se ao 
berço renascentista, embora o movimento tenha se espalhado pelo continente europeu.
5.3.1 Trecento
O trecento (em português, trezentos) é o período que se segue à Idade Média (1300-1399). 
Frequentemente considerado o pré-Renascimento, alguns historiadores não consideram essa 
terminologia adequada, pois parece diminuir a importância de artistas – como Giotto, que, na 
verdade, foi um dos primeiros artistas a produzir inovações com suas obras.
Na arte desse período de transição ainda aparecem elementos medievais, como o uso da 
folha de ouro e a representação religiosa em trípticos ou polípticos. É possível observar que as 
figuras começam a ganhar volume e acontece o início da representação tridimensional. As maiores 
manifestações se passam nas cidades italianas de Florença e Siena, grandes centros culturais e 
comerciais da época.
Além de artistas como Giotto, Duccio e Simone Martini, podemos mencionar os irmãos 
Pietro (1280/25-1348) e Ambrogio Lorenzetti (1290-1348), nascidos em Siena e fortemente 
influenciados pela produção de Martini. A Figura 5, a seguir, integra o conjunto de afrescos Alegoria 
do Mau Governo (c. 1337-1340), Alegoria do Bom Governo (1340) e Alegoria do Bom Governo e seus 
efeitos na Cidade e no Campo (c. 1337-1340). Trata-se de obras de relevância histórica, que mostram 
uma visão utópica e alegórica dos irmãos que faleceram (acredita-se) em razão da peste bubônica.
Figura 5 – Efeitos do Bom Governo na cidade (c. 1338-1339), de Ambrogio Lorenzetti.
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Fonte: LORENZETTI, A. Efeitos do Bom Governo na cidade. c. 1338-1339. 1 afresco. Palazzo Pubblico de Siena, Siena, Itália.
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Figura 6 – Iluminura em estilo internacional
Fonte: LIMBOURGH Paul; LIMBOURGH Jean. Agosto. In: As 
riquíssimas horas do Duque de Berry. 1412-1416. Pintura 
em pergaminho, 22,5 cm x 13,6 cm. Museu Condé, Chantily, 
França.
O Renascimento e o desenvolvimento da autonomia artística 97
5.3 Fases do Renascimento italiano
Considera-se Renascimento, geralmente, o período compreendido entre meados do século 
XIV até o século XVI. Contudo, as definições de períodos históricos em arte não devem ser 
consideradas rigidamente, uma vez que existem fases de transição e um período não termina para 
que o seguinte se inicie. Essas divisões e designações contribuem para um melhor entendimento 
sobre o tema.
Como o Renascimento abrange três séculos, convencionou-se dividi-lo em trecento (século 
XIV), quattrocento (século XV) e cinquecento (século XVI). A nomenclatura italiana refere-se ao 
berço renascentista, embora o movimento tenha se espalhado pelo continente europeu.
5.3.1 Trecento
O trecento (em português, trezentos) é o período que se segue à Idade Média (1300-1399). 
Frequentemente considerado o pré-Renascimento, alguns historiadores não consideram essa 
terminologia adequada, pois parece diminuir a importância de artistas – como Giotto, que, na 
verdade, foi um dos primeiros artistas a produzir inovações com suas obras.
Na arte desse período de transição ainda aparecem elementos medievais, como o uso da 
folha de ouro e a representação religiosa em trípticos ou polípticos. É possível observar que as 
figuras começam a ganhar volume e acontece o início da representação tridimensional. As maiores 
manifestações se passam nas cidades italianas de Florença e Siena, grandes centros culturais e 
comerciais da época.
Além de artistas como Giotto, Duccio e Simone Martini, podemosmencionar os irmãos 
Pietro (1280/25-1348) e Ambrogio Lorenzetti (1290-1348), nascidos em Siena e fortemente 
influenciados pela produção de Martini. A Figura 5, a seguir, integra o conjunto de afrescos Alegoria 
do Mau Governo (c. 1337-1340), Alegoria do Bom Governo (1340) e Alegoria do Bom Governo e seus 
efeitos na Cidade e no Campo (c. 1337-1340). Trata-se de obras de relevância histórica, que mostram 
uma visão utópica e alegórica dos irmãos que faleceram (acredita-se) em razão da peste bubônica.
Figura 5 – Efeitos do Bom Governo na cidade (c. 1338-1339), de Ambrogio Lorenzetti.
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Fonte: LORENZETTI, A. Efeitos do Bom Governo na cidade. c. 1338-1339. 1 afresco. Palazzo Pubblico de Siena, Siena, Itália.
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Figura 6 – Iluminura em estilo internacional
Fonte: LIMBOURGH Paul; LIMBOURGH Jean. Agosto. In: As 
riquíssimas horas do Duque de Berry. 1412-1416. Pintura 
em pergaminho, 22,5 cm x 13,6 cm. Museu Condé, Chantily, 
França.
A Peste Negra foi um acontecimento 
devastador que atingiu o crescimento dessa 
região entre 1347 e 1349 e matou mais da metade 
da população. Transmitida pelos ratos, é citada 
pelo humanista florentino Giovanni Boccaccio 
na obra Decamerão (1353). Muitos acreditavam 
que a ira divina tinha assolado a população, 
pois a influência religiosa ainda era muito forte 
(AMBROGIO LORENZETTI, 2019).
Por volta de 1390, o pintor italiano 
Cennino Cennini (c. 1370-1440) escreve um 
dos mais antigos documentos sobre arte: um 
tratado sobre pintura chamado Il Libro dell’arte 
(MEAGHER, 2010). Surge, ainda nesse século, 
o estilo internacional de pintura, resultante da 
fusão das tradições italianas com toda a Europa 
Ocidental. Destaca-se a delicadeza e um realismo 
de detalhes que podem ser observados em 
iluminuras dos irmãos Limbourgh (Figura 6) 
(JANSON; JANSON, 2001).
5.3.2 Quattrocento
É o período que engloba todo o século XV. 
A cidade de Florença, centro cultural e comercial 
da época, era chamada de Nova Atenas, e os artistas florentinos se propuseram a explorar uma nova 
forma de ver a arte (JANSON; JANSON, 2001).
Considerado o primeiro arquiteto renascentista, Filippo Brunelleschi (1377-1446), também 
escultor, estudou a arquitetura clássica e transformou-a de maneira inovadora. Segundo Janson e 
Janson (2001), Brunelleschi registrou as medidas exatas dos monumentos antigos, racionalizando-as 
com base em círculos e quadrados, trabalhando, a partir delas, com a repetição de uma medida, 
obtendo harmonia e proporção.
Gombrich (2012) destaca que seus passos foram seguidos por arquitetos de períodos 
posteriores por pelo menos 500 anos. O artista adquiriu fama ao projetar a cúpula da catedral 
de Florença, conseguindo preencher um imenso espaço entre pilares, algo completamente novo 
para a época.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo98
Figura 7 – Arquitetura renascentista
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Fonte: BRUNELLESCHI, F. Cúpula da Catedral de Santa Maria del Fiore. 1420-1436. Florença, Itália.
Foi também Brunelleschi quem desenvolveu os conceitos de perspectiva e proporção linear e 
revolucionou o campo da arte por meio de experimentos sobre o espaço ilusionista. O pintor 
Masaccio4 foi um dos primeiros artistas a utilizar os conhecimentos de perspectiva linear no afresco 
A Trindade (Figura 8).
Masaccio, que significa desajeitado, foi o principal 
pintor desse século, mesmo tendo vivido apenas 28 anos 
incompletos. No afresco A Trindade (Figura 8), o pintor 
retrata – com base na arquitetura de Brunelleschi – a 
santíssima trindade: Pai Eterno, Filho (Jesus Cristo 
crucificado) e Espírito Santo (na forma de uma pomba); mais 
abaixo na imagem estão a Virgem Maria e São João Evangelista. 
O artista se representa na figura de São João. Nos dois lados, 
abaixo, estão os doadores, ou seja, quem encomendou a obra. 
Eles estão representados na mesma proporção humana, o que 
não aconteceria anteriormente; os doadores eram 
representados em tamanho menor do que as imagens 
sagradas. Esse detalhe revela o teor humanístico da obra.
Após a morte de Brunelleschi, o artista humanista 
Leon Battista Alberti (1404-1472) começa a se destacar na 
arquitetura, conseguindo adaptar as formas clássicas em 
construções mais residenciais. Alberti escreveu uma série 
de tratados: Sobre Pintura (1435-1436), Sobre Arquitetura 
(c.1450) e Sobre Escultura (c. 1464), dedicando-os a 
Brunelleschi (FLORENCE..., 2002).
4 Forma popular pela qual era conhecido o pintor Tommaso di Ser Giovanni di Simone (1401-1428).
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Figura 8 – Perspectiva linear na 
pintura
Fonte: MASACCIO. A Trindade. 1427-1428. 1 
afresco, 667 x 317 cm. Santa Maria Novella, 
Florença, Itália.
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Figura 9 – Quattrocento 
na escultura
Fonte: DONATELLO. São Jorge. 
1416. Orsanmichele, Florença, 
Itália. 
O Renascimento e o desenvolvimento da autonomia artística 99
Figura 7 – Arquitetura renascentista
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Fonte: BRUNELLESCHI, F. Cúpula da Catedral de Santa Maria del Fiore. 1420-1436. Florença, Itália.
Foi também Brunelleschi quem desenvolveu os conceitos de perspectiva e proporção linear e 
revolucionou o campo da arte por meio de experimentos sobre o espaço ilusionista. O pintor 
Masaccio4 foi um dos primeiros artistas a utilizar os conhecimentos de perspectiva linear no afresco 
A Trindade (Figura 8).
Masaccio, que significa desajeitado, foi o principal 
pintor desse século, mesmo tendo vivido apenas 28 anos 
incompletos. No afresco A Trindade (Figura 8), o pintor 
retrata – com base na arquitetura de Brunelleschi – a 
santíssima trindade: Pai Eterno, Filho (Jesus Cristo 
crucificado) e Espírito Santo (na forma de uma pomba); mais 
abaixo na imagem estão a Virgem Maria e São João Evangelista. 
O artista se representa na figura de São João. Nos dois lados, 
abaixo, estão os doadores, ou seja, quem encomendou a obra. 
Eles estão representados na mesma proporção humana, o que 
não aconteceria anteriormente; os doadores eram 
representados em tamanho menor do que as imagens 
sagradas. Esse detalhe revela o teor humanístico da obra.
Após a morte de Brunelleschi, o artista humanista 
Leon Battista Alberti (1404-1472) começa a se destacar na 
arquitetura, conseguindo adaptar as formas clássicas em 
construções mais residenciais. Alberti escreveu uma série 
de tratados: Sobre Pintura (1435-1436), Sobre Arquitetura 
(c.1450) e Sobre Escultura (c. 1464), dedicando-os a 
Brunelleschi (FLORENCE..., 2002).
4 Forma popular pela qual era conhecido o pintor Tommaso di Ser Giovanni di Simone (1401-1428).
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Figura 8 – Perspectiva linear na 
pintura
Fonte: MASACCIO. A Trindade. 1427-1428. 1 
afresco, 667 x 317 cm. Santa Maria Novella, 
Florença, Itália.
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Figura 9 – Quattrocento 
na escultura
Fonte: DONATELLO. São Jorge. 
1416. Orsanmichele, Florença, 
Itália. 
A escultura também reflete a nova forma de representação da 
figura humana, como podemos observar na estátua de São Jorge 
esculpida por Donatello5 (Figura 9). A obra mostra a preocupação do 
artista nos estudos da figura humana, observada pela articulação do 
corpo, pela possibilidade de movimento e pela postura com o peso 
sobre uma das pernas (JANSON; JANSON, 2001).
Donatello trabalhou com o escultor florentino Lorenzo Ghiberti 
(1381-1455), que venceu Brunelleschi em uma competição para realizar 
as portas de bronze do Batistério de Florença. A produção artística de 
Ghiberti revela uma arte em transição do gótico internacional para 
as inovações renascentistas. Dessa mesma forma é a produção do 
pintor florentino e frade dominicano Fra Angelico6, que, ao adaptar as 
inovações de Masaccio, tornou-se um pintor muito requisitado após a 
morte deste (FLORENCE..., 2002).
Na segunda metade do século XV, o pintor Sandro Botticelli 
(1445-1510) produziu obras que demonstram a sua maturidade 
profissional. Dentre elas estão as alegorias mitológicas Primavera 
(1482) e O nascimento de Vênus (1485-1486) (Figura 10).
Figura 10 – O nascimento de Vênus (1485),de Sandro Botticelli.
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Fonte: BOTICELLI, S. O nascimento de Vênus. 1485. Têmpera sobre tela, 280 x 180 cm. Galeria Uffizi, Florença, Itália.
5 Forma popular pela qual era conhecido o escultor Donato di Niccoló di Betto Bardi (1386-1466).
6 Nome pelo qual era popularmente conhecido Giovanni da Fiesole, nascido Guido di Pietro Trosini (1395-1455).
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo100
É possível observar, na obra da Figura 10, a ênfase dada aos contornos e a despreocupação 
com profundidade e tridimensionalidade. Vênus nasce da espuma do mar – em um sopro dos deuses 
eólicos –, e a ninfa se prepara para vesti-la com um manto florido. De acordo com Gombrich (2012, 
p. 264), “a Vênus de Botticelli é tão bela que não nos apercebemos do comprimento incomum de 
seu pescoço, ou o acentuado caimento dos seus ombros e o modo singular como o braço esquerdo 
se articula ao tronco”.
Muitos outros artistas se destacaram ainda no quattrocento, como Luca della Robbia 
(1400-1482), Piero della Francesca (1416-1492), Paolo Ucello (1397-1475), Andrea Mantegna 
(1431-1506) e Antonio Pollaiuolo (1429-1498).
5.3.3 Cinquecento
Segundo Gombrich (2012, p. 287), o “início do século XVI, il cinquecento, constitui o mais 
famoso período da arte italiana e um dos maiores de todos os tempos”. O século anterior marca o 
nascimento daqueles que seriam considerados os verdadeiros gênios renascentistas. É, portanto, 
no século XVI que eles adquirem fama, concluindo suas maiores produções, consolidando a arte 
como ofício valorizado.
Leonardo da Vinci (1452-1519), sem dúvida o maior dos gênios, obteve êxito nos mais 
diferentes campos do conhecimento. Na oficina de Andrea del Verrocchio (1435-1488), em 
Florença, iniciou seu aprendizado como pintor e escultor. “Considerava ele que a função do 
artista era explorar o mundo visível, tal como seus predecessores tinham feito, só que de maneira 
mais abrangente e com maior intensidade e precisão” (GOMBRICH, 2012, p. 293). Seus estudos 
serviram de base para pesquisas posteriores durante muitos séculos, pois suas anotações foram 
bem-preservadas.
Dentre seus desenhos anatômicos, botânicos e arquitetônicos, anotações científicas e demais 
trabalhos, destacamos duas obras-primas: A última ceia (1495) e Mona Lisa (1503-1519).
O afresco A última ceia (Figura 11) começou a se deteriorar antes da morte de Da Vinci, pois 
o artista experimentou diferentes materiais (óleo e têmpera) e não utilizou a técnica tradicional. 
A narrativa dramática captura o momento em que Cristo diz aos apóstolos que um deles o trairá, 
causando o “reboliço” que é demonstrado pela reação na expressão de cada apóstolo. Os apóstolos 
se distribuem em quatro grupos, estando Cristo no centro da composição com a arquitetura 
emoldurando-o, havendo inclusive um halo sobre sua cabeça. O ponto de fuga encontra-se na 
cabeça de Cristo, para a qual convergem todas as linhas da perspectiva (GOMBRICH, 2012).
O Renascimento e o desenvolvimento da autonomia artística 101
Figura 11 – A última ceia (1495), de Leonardo da Vinci.
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Fonte: DA VINCI, L. A última ceia. 1495. 1 afresco, 880 x 460 cm. Igreja Santa Maria delle Grazie, Milão, Itália.
O retrato mais famoso do mundo é envolto em uma atmosfera misteriosa: não conseguimos 
identificar com precisão se transmite tristeza, se zomba de seus espectadores ou se apenas os 
observa. Na obra Mona Lisa (Figura 12) – também conhecida como A Gioconda ou ainda Retrato 
de Lisa Gherardini, esposa de Francesco Giocondo –, não há linhas ou contornos rígidos, eles são 
esfumaçados, com tons claros transitando vagarosamente para os escuros. Da Vinci utiliza uma 
técnica desenvolvida por ele próprio: o sfumato, deixando o canto dos olhos e da boca esfumaçados. 
Segundo Janson e Janson (2001, p. 209), “as formas são construídas a partir de camadas tão finas de 
velatura que todo o painel parece exalar uma luz suave, que vem do seu interior”.
Figura 12 – Mona Lisa (1503-1519), de Leonardo da Vinci.
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Fonte: DA VINCI, L. Mona Lisa (La Gioconda). 1503-1519. 1 óleo sobre madeira, 77 x 53 cm. Museu do Louvre, Paris, França.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo102
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Assim como Leonardo da Vinci, Michelangelo Buonarroti 
(1475-1564) obteve reconhecimento em vida por suas produções. 
Quando jovem, foi aprendiz do pintor Domenico Ghirlandaio 
(1449-1494). Michelangelo era também um pesquisador e realizou 
dissecações de cadáveres para estudar o corpo humano. O artista 
passou quatro anos dedicado a pintar os afrescos da Capela Sistina 
(Figura 13), na Cidade do Vaticano, ficando muitas vezes em posições 
físicas desgastantes. O resultado é impressionante para quem adentra 
a capela e observa a harmoniosa pintura que narra cenas bíblicas 
escolhidas e distribuídas de maneira elaborada (GOMBRICH, 2012).
Michelangelo relutou em aceitar o projeto, dizendo ser escultor 
e não pintor, retornando à escultura tão logo terminou a decoração 
da capela. Dentre suas famosas esculturas está Pietà (Figura 14), 
em que a Virgem Maria, feita em tamanho real, tem em seu colo 
o Cristo morto. Essa obra rendeu ao artista a admiração de seus 
contemporâneos pela intensidade emotiva e pela representação da 
roupa da Virgem. Após a Pietà, o artista esculpiu o monumental Davi, 
de quatro metros, que foi colocado na entrada do Palazzo Vechio, em 
Florença. A obra expõe as características humanistas de valorização 
das formas humanas.
Figura 14 – Pietà (1499), de Michelangelo.
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Fonte: BUONARROTI, M. Pietà. 1499. 1 escultura, mármore, 174 x 195 cm. Basílica de São Pedro, Cidade do Vaticano, Itália.
Oposto ao temperamento de Michelangelo e Leonardo, o jovem dócil e sociável Rafael 
Sanzio (1483-1520) também produziu obras para o Vaticano. Dentre suas principais pinturas 
encontra-se a célebre A Escola de Atenas (Figura 15), afresco que retrata famosos filósofos 
gregos, como Platão, Aristóteles, Pitágoras, Diógenes, Heráclito, Euclides, Zoroastro e Ptolomeu. 
Figura 13 – Teto da Capela 
Sistina (1508-1512), Cidade 
do Vaticano, Itália
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Você pode ver o teto 
da Capela Sistina em 
detalhes, acessando 
este QR Code:
O Renascimento e o desenvolvimento da autonomia artística 103
Michelangelo também é retratado na obra, bem como o próprio Rafael, e é clara a influência de 
Michelangelo e Da Vinci na elaboração do espaço e das figuras retratadas.
Figura 15 – A Escola de Atenas (1510-1511), de Rafael Sanzio.
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Fonte: SANZIO, R. Escola de Atenas. 1510-1511. 1 afresco, 500 x 7,7 cm. Museu do Vaticano, Vaticano, Itália.
As pessoas retratadas na obra Escola de Atenas encontram-se em um espaço pictórico típico 
do arquiteto renascentista Donato Bramante (1444-1514). O grupo está sob uma construção 
arquitetônica com colunas, arcos e decoração característicos do Renascimento. Bramante foi o 
responsável pelo projeto da Basílica de São Pedro, em Roma.
A partir da segunda metade do século XIV, é possível observar novas formas de expressão, 
como o maneirismo, movimento posterior ao Renascimento. Alguns artistas apresentaram este 
momento de transição em suas obras.
Além das personalidades mencionadas, Pietro Perugino (1446-1523), Paolo Veronese 
(1528-1588), Corregio7, Giorgione8 e Ticiano Vecellio (1490-1576) estão entre os principais nomes 
do cinquecento.
5.4 A expansão do Renascimento na Europa
No século XV, fora da Itália, mais precisamente na Bélgica, os irmãos Jan (1390-1441) e 
Hubert (1366-1426) van Eyck apresentaram uma pintura renascentista detalhada por meio de um 
olhar preciso e minucioso, como o famoso Retábulo de Gante (Figura 16), considerado por Janson 
e Janson (2001, p. 173) “o monumento supremo da pintura flamenga”. Acredita-se que Jan tenha 
terminado a obra após a morte do irmão Hubert, mas é difícil diferenciar a produção de cada um.
7 Nome pelo qual era popularmente conhecido Antônio Allegri (1489-1534).
8 Nome pelo qual era popularmente conhecido Giorgio Barbarelli da Castelfranco(1478-1510).
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo104
Figura 16 – Retábulo de Gante (1432), de Jan e Hubert van Eyck.
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Fonte: VAN EYCK, J.; VAN EYCK, H. Retábulo de Gante. 1432. 1 óleo sobre maneira, 350 x 223 cm. Catedral de St. Bavo, Gante, Bélgica.
O retábulo, que é parte de diversas imagens que completam 20 quadros no total, geralmente 
era aberto em dias de festas. A parte frontal do retábulo fechado apresenta a cena da Anunciação 
na figura do anjo Gabriel, à esquerda, e da Virgem, à direita. Entre elas, há duas imagens: uma 
paisagem com detalhes de realismo impressionante, com pássaros e edifícios; e uma natureza 
morta. Na parte inferior, nos quadros das extremidades, está o casal de doadores ajoelhados (assim 
como na pintura de Masaccio), e, ao centro, a pintura de duas esculturas de São João Batista (o 
primeiro a chamar Jesus Cristo de cordeiro de Deus) e São João Evangelista. O fato de essa pintura 
ter sido produzida com tinta a óleo amplia a sua importância, já que a técnica havia sido descoberta 
recentemente, tendo sido por muito tempo atribuída a Jan Van Eyck.
Sendo quase do mesmo período dos irmãos Van Eyck, o pintor belga Rogier van der Weyden 
(1399-1464) destacou-se como um artista influente na produção de seu seguidor, Hugo van der 
Goes (1440-1482). O alemão Hans Memling (1465-1494) e o neerlandês Hieronymus Bosch, 
pseudônimo de Jeroen Bosch Hertogenbosch (c. 1453-1516), também são artistas importantes 
dessa época.
O surgimento da gravura no Ocidente é outro fato de grande importância do século XV. 
Destacam-se as obras dos alemães Martin Schongauer (1445-1491) e Albrecht Dürer (1471-1528), 
que foi pintor, gravador e teórico. Dürer mostrou seu talento em diversas técnicas artísticas, além 
de ser o maior impressor de sua época. A gravura Natividade (Figura 17) demonstra o requinte 
com que o autor trabalha detalhes, o que pode ser observado nas superfícies do reboco da parede 
e das telhas.
O Renascimento e o desenvolvimento da autonomia artística 105
Figura 17 – Natividade (1504), gravura de Dürer.
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Fonte: DÜRER, A. Natividade. 1504. 1 gravura. British Museum, Londres, Inglaterra.
O artista também explorou a própria imagem por meio de autorretratos em todas as técnicas 
que dominava: desenhos, pinturas e gravuras, o que mostrava a sua busca infindável pela perfeição.
Considerações finais
Neste capítulo, vimos praticamente três séculos de mudanças profundas no modo de 
pensar e viver da sociedade. Essas transformações foram registradas por meio das produções de 
inúmeros artistas que buscavam constantemente a superação de seus conhecimentos. Este período, 
conhecido como Renascimento, surgiu em berço italiano, mas seus ideários se disseminaram de tal 
modo que se torna difícil registrar todas as importantes personalidades desse movimento e suas 
formas de expressão, de acordo com as influências diretas e a localidade em que viviam. A lista de 
artistas renascentistas é vasta, dos mais célebres gênios da humanidade até aqueles que tiveram 
reconhecimento tardio; o que importa é o fato de que todos contribuíram para a evolução da arte, 
em busca de maior reconhecimento para essa área.
É importante ressaltar que um período artístico não tem data certa de início e fim, ele 
pode mesclar diferentes caminhos e mudanças. Por isso, muitos artistas que viveram antes do 
Renascimento já estavam “preparando o terreno” para o surgimento dessa corrente. O mesmo 
ocorreu com os artistas renascentistas, que pavimentaram os caminhos para as vertentes que 
surgiriam posteriormente.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo106
Ampliando seus conhecimentos
• CAPPELLA Sistina – Sistine Chapel. 29 ago. 2019. 1 vídeo (1 min). Publicado pelo canal 
Musei Vaticani. Disponível em: https://youtu.be/E75woOZJuNg. Acesso em: 31 out. 2019.
Esse vídeo faz parte do site oficial dos Museus do Vaticano e mostra uma breve tour virtual 
pela Capela Sistina, mostrando detalhes das pinturas de Michelangelo. Nele, é possível 
observar como estão distribuídas as imagens nas paredes e no teto da capela.
• TOUR virtuale “Cappella Sistina”. Mvsei Vaticani. Disponível em: http://www.
museivaticani.va/content/museivaticani/it/collezioni/musei/cappella-sistina/tour-
virtuale.html. Acesso em: 31 out. 2019.
Você mesmo pode fazer uma tour virtual pela Capela Sistina. O site oficial do Museu 
do Vaticano conta com uma interessante ferramenta para conhecer a capela. É possível 
observar detalhes por meio do superzoom.
• CLÁSSICOS da pintura: tudo sobre a Mona Lisa. 19 jun. 2018. 1 vídeo (4 min.). Publicado 
pelo site DW Brasil. Disponível em: https://www.dw.com/pt-br/cl%C3%A1ssicos-da-
pintura-tudo-sobre-a-mona-lisa/av-44106652. Acesso em: 31 out. 2019.
Esse vídeo trata-se de uma reportagem que aborda diversas releituras produzidas sobre a 
Mona Lisa, o retrato mais famoso do mundo. A reportagem apresenta também detalhes e 
características da obra.
Atividades
1. Descreva os períodos do Renascimento, destacando suas principais características e seus 
expressivos expoentes.
2. Qual era a base do pensamento renascentista e quais preceitos essa vertente seguia? Justifique.
3. Quais são as duas principais cidades italianas ligadas ao surgimento do Renascimento e a 
relação existente entre elas?
Referências
AMBROGIO Lorenzetti: Biography. In: Virtual Uffizi Gallery. Disponível em: https://www.virtualuffizi.com/
ambrogio-lorenzetti.html. Acesso em: 31 out. 2019.
ANNUNCIAZIONE e i santi Ansano e Massima. In: Le Gallerie degli Uffizi. Florença. Disponível em: https://
www.uffizi.it/opere/annunciazione-e-i-santi-ansano-e-massima. Acesso em: 31 out. 2019.
COMBS, J.; HODDINOTT, B. Desenho para leigos. Rio de Janeiro: Alta Books, 2016.
MAC FARLAND, J. M. Siena in the Late Gothic, an introduction. Smarthistory, Nova Iorque, 30 dez. 2015. 
Disponível em: https://smarthistory.org/siena-in-the-late-gothic-an-introduction/. Acesso em: 31 out. 2019.
O Renascimento e o desenvolvimento da autonomia artística 107
FLORENCE and Central Italy, 1400-1600 A. D. In: Heilbrunn Timeline of Art History. Nova Iorque: 
The Metropolitan Museum of Art, out. 2002. Disponível em: http://www.metmuseum.org/toah/
ht/?period=08&region=eustc. Acesso em: 31 out. 2019.
GOMBRICH, E. H. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC, 2012.
HARRIS, B.; ZUCKER, S. Giotto, Arena (Scrovegni) Chapel. Smarthistory, Nova Iorque, 30 dez. 2015. 
Disponível em: https://smarthistory.org/giotto-arena-scrovegni-chapel/. Acesso em: 31 out. 2019.
HOUAISS, A. (org.). Houaiss eletrônico. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. 1 CD-ROM.
JANSON, H. W.; JANSON, A. F. Iniciação à História da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
MEAGHER, J. Italian Painting of the Later Middle Ages. In: Heilbrunn Timeline of Art History. Nova Iorque: 
The Metropolitan Museum of Art, set. 2010. Disponível em: http://www.metmuseum.org/toah/hd/iptg/hd_
iptg.htm. Acesso em: 31 out. 2019.
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Barroco: a estética do rebuscamento e do exagero
Vania Maria Andrade
Seguido do esplendor do movimento renascentista, em que a arte foi capaz de expressar 
tanto equilíbrio quanto beleza, surgiu um questionamento: o que mais poderia ser feito? Os artistas 
renascentistas tinham alcançado o objetivo de superar a Antiguidade Clássica, como destaca 
Gombrich (2012, p. 361): “nenhum problema de desenho parecia ser demasiado difícil para eles, 
nenhum tema demasiado complexo. Eles mostraram como combinar beleza e harmonia com 
inexcedível correção, e – conforme se dizia – tinham até superado as mais célebres estátuas da 
Antiguidade grega e romana”. Desse modo, o que mais restava fazer?
O Renascimento manteve-se até o início do cinquecento, mais precisamente por volta de 
1520, a partir daí, um período de crise se inicia. Até que se estabeleça o período artístico seguinte, 
o Barroco, uma outra tendência artística se manifestou de formas diversas, de acordo com cada 
localidade, e ficou conhecidacomo Maneirismo. Desse modo, vamos conhecer neste capítulo esses 
dois movimentos.
6.1 Maneirismo e Barroco: contexto
O decorrer do cinquecento – de 1520 
até o final do século – é caracterizado por 
transformações dos valores religiosos e 
políticos, provocando uma série de revoltas em 
diversas localidades.
No início do século XVI, o abuso do poder 
da Igreja católica romana foi questionado por um 
movimento cristão que ficou conhecido como 
Reforma Protestante. Esse movimento teve início 
na Alemanha, com o monge Martinho Lutero 
(1483-1546), e se espalhou pela Europa (WISSE, 
2002). A Figura 1 mostra um retrato de Lutero 
como monge da Ordem Agostiniana (à qual 
ele se juntou em 1506) produzido pelo amigo e 
artista alemão Lucas Cranach (1472-1553).
Lutero publicou, em 1517, uma lista de 
95 argumentos contra o abuso de indulgências, 
que eram os perdões (dos pecados) oficiais 
concedidos após o perdão da culpa pela 
penitência. Ele questionava também os 
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Fonte: CRANACH, L. Martinho Lutero como um monge agostiniano. 
1520. 1 gravura, 15,8 x 10,7 cm. Museu Metropolitano de Arte, Nova 
Iorque, Estados Unidos.
Figura 1 – Martinho Lutero, retrato pelo amigo e 
artista Cranach, o Velho.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo110
princípios da Igreja Católica romana e seu materialismo, defendendo uma prática religiosa mais 
voltada para a simplicidade, tendo a Bíblia como a fonte única do cristianismo. Em 1520, Lutero foi 
excomungado, contudo o movimento reformista cresceu consideravelmente e teve reações diversas 
em países como Suíça, França, Países Baixos e Inglaterra. Esse panorama influenciou a arte de 
diferentes formas (WISSE, 2002).
Lucas Cranach é da mesma geração do artista Albrecht Dürer (1471-1528) e começou a 
carreira como pintor. Amigo íntimo de Lutero e defensor de suas ideias, tentou transmiti-las 
por meio de suas pinturas e gravuras. O próprio artista supervisionou a impressão de panfletos 
publicados por Lutero com os questionamentos sobre a Igreja. Nesse sentido, é importante ressaltar 
o advento dos métodos de impressão para a divulgação dessas ideias, uma vez que antes desses, as 
notícias demoravam muito tempo para se difundir. Os métodos de impressão foram fundamentais 
para a divulgação das ideias protestantes.
6.1.1 Maneirismo
O nome maneirismo surgiu com base no termo maniera, palavra de origem italiana citada 
pelo artista e biógrafo Giorgio Vasari (1511-1574) para explicar como os artistas do século 
XVI passaram a pintar. Eles observavam as obras dos grandes renascentistas, principalmente 
Michelangelo e Rafael, para inspirar as próprias produções. Muitos estudavam e imitavam esses 
artistas – do mesmo modo que os artistas renascentistas faziam com obras da Antiguidade Clássica 
– e repetiam suas figuras nas próprias produções, contudo, o resultado era distinto das formas 
renascentistas. O Maneirismo muitas vezes enfatizava a complexidade e o virtuosismo, a distorção 
da figura humana, um achatamento do espaço pictórico e a necessidade de interpretação intelectual 
da obra (FINOCCHIO, 2003).
Esse período vai do final do Renascimento (por volta de 1520-1530) ao início do Barroco 
(1600), originando-se na Itália, e tornando-se internacional apesar das características específicas 
de acordo com cada região.
A cidade italiana de Parma, apesar de pequena, apresentava grande expressividade artística, 
principalmente na figura de dois pintores muito importantes para o século XVI: Correggio, 
estudado no capítulo anterior, e Parmigianino1.
Correggio, ao viver em Parma, desenvolveu um estilo de pintura que foi considerado 
como precursor do Barroco, também chamado de protobarroco. O artista influenciou a 
produção artística da cidade e de gerações posteriores; seus afrescos estão presentes até hoje nas 
igrejas de Parma. Na Figura 2, vemos uma obra de Correggio dotada de grande dimensão em 
perspectiva ilusionista. O espaço é repleto de figuras que estão levitando, contudo, demonstram 
serem de “carne e osso” e nada fluidas, isto é, não parecem leves, mas sim pesadas, como eram 
representadas no período anterior (JANSON; JANSON, 2001).
1 Nome pelo qual Girolamo Francesco Maria Mazzola (1503-1540) era popularmente conhecido.
Barroco: a estética do rebuscamento e do exagero 111
Figura 2 – A Assunção da Virgem (1526-1530), de Correggio.
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Fonte: CORREGGIO. A Assunção da Virgem. 1526-1530. 1 afresco, 1093 x 1195 cm. Catedral de Parma, Parma , Itália.
Parmigianino nasceu na cidade Parma e era 
grande admirador de Rafael Sanzio. Sua pintura 
mais famosa destaca características maneiristas, 
como formas alongadas e frias, além de efeitos 
espaciais distorcidos. Observe, na Figura 3, a coluna 
gigantesca atrás da pequena imagem de um profeta 
e, no lado oposto, no canto esquerdo, diversos anjos 
agrupados (GOMBRICH, 2012).
Um dos maiores artistas da segunda metade 
desse século foi o pintor Jacopo Robusti (1519-1594), 
mais conhecido como Tintoretto, que viveu em Veneza. 
Seguidor de Ticiano e Michelangelo, foi criticado por 
alguns de seus contemporâneos e por Vasari, que achava 
que seus trabalhos não eram bem acabados. Sua obra A 
última ceia (Figura 4) mostra características maneiristas 
nada clássicas. A composição apresenta uma atmosfera 
sobrenatural com vários anjos sobrevoando a mesa, em 
posição inusitada, e muitas pessoas no ambiente. Tudo 
isso transforma a cena sagrada em realidade: muita coisa 
ocorre ao mesmo tempo em que Cristo distribui o pão.
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Figura 3 – Madonna com longo pescoço 
(1534-1540), de Parmigianino.
Fonte: PARMIGIANINO. Madonna com longo pescoço. 1534-1540. 
1 óleo sobre painel, 132 x 216 cm. Galeria Uffizi, Florença, Itália.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo112
Figura 4 – A última ceia (1592-1594), de Tintoretto.
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Fonte: TINTORETTO. A última ceia. 1592-1594. 1 óleo sobre tela, 365 x 568 cm. San Giorgio Maggiore, Veneza, Itália.
El Greco2 foi um admirador da arte de Tintoretto. Ele saiu da ilha grega de Creta com destino 
a Veneza, onde estudou a arte renascentista de Ticiano, contudo, sua produção era mais próxima 
da de Tintoretto, sobretudo em relação à dramaticidade e à emoção. Segundo Gombrich (2012, 
p. 372), “a arte de El Greco supera até a de Tintoretto no audacioso descaso por formas e cores 
naturais, e em sua visão dramática e emocional”.
Figura 5 – Enterro do Conde de Orgaz (1586-1588), de El Greco.
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Fonte: EL GRECO. Enterro do Conde de Orgaz. 1586-1588. 1 óleo sobre tela, 480 x 360 cm. Santo Tomé, Toledo, Espanha.
2 Nome pelo qual Doménikos Theotokópoulos (1541-1614) era popularmente conhecido.
Barroco: a estética do rebuscamento e do exagero 113
A pintura Enterro do Conde de Orgaz (Figura 5) é uma obra monumental que se divide 
em duas cenas: a primeira, o céu com a Virgem Maria e Jesus Cristo, e a segunda, que representa 
a terra com o enterro do conde. Para representar o reino celestial, o artista escolheu cores frias, 
em tons de azuis, com mais brilho e luz. Para o reino terreno, o cenário é mais dramático, com 
tons mais escuros e menos luz, com exceção das roupas das figuras que seguram o corpo, Santo 
Estêvão e Santo Agostinho, vestidos de dourado e vermelho. A armadura que veste o corpo do 
conde também é cuidadosamente trabalhada em ornatos e texturas.
O Barroco – período artístico que vamos estudar a seguir – começava a surgir nesse momento, 
trazendo novos elementos para a produção artística, especialmente para as representações religiosas.
6.1.2 Barroco
Em 1600, a Igreja Católica já havia promovido a Contrarreforma, isto é, o movimento de 
renovação em resposta à Reforma Protestante. Com isso, o caráter religioso voltou a atuar e o 
papado demonstrou interesse em espalhar por Roma obras que valorizassem a Igreja, incentivando 
arquitetos e artistas barrocos.
Alvo de depredações durante os protestos reformistas, Roma ganhou novos incentivos 
para sua reconstrução, com o apoiode um papado rico e poderoso a fim de patrocinar grandes 
projetos. Desse modo, diversos artistas foram convidados, como Gian Lorenzo Bernini (1598-
1680), Francesco Borromini (1599-1667) e Pietro de Cortona (1596-1669), com o objetivo de unir 
arquitetura e pintura. A intenção era embelezar e reformular toda a cidade, que foi replanejada em 
estilo barroco (ROME..., 2003).
As novas formas de pensamento que surgiram a partir do Renascimento geraram novos 
comportamentos, questionadores e não tão passivos, que consequentemente influenciaram o modo 
de viver das sociedades. Essas modificações fizeram com que o indivíduo tomasse consciência de 
coisas que antes não lhe competiam, fato que instaurou uma crise característica desse período. 
Maravall (1997, p. 66) destaca que:
desde que surge o tipo que nos ocorreu chamar homem moderno – cheio 
de conquistas sobre a natureza e de novidades em relação à sociedade –, 
desenvolve-se nele a capacidade de compreender que as coisas não andam 
bem, principalmente no âmbito da economia, mas também em outros setores 
da vida coletiva, e, o que é mais importante, começa a imaginar que poderiam 
ser melhores.
O auge do Absolutismo na França, em fins do século XVII, também influenciou o 
desenvolvimento do Barroco, tornando-a uma rival de Roma como centro cultural. Isso se deve 
principalmente ao monarca Luís XIV (1638-1715), que sustentou uma equipe de artistas para 
usufruir do esplendor barroco em suas construções (FRANCE..., 2003).
A partir do século XVII, Roma volta a atuar como polo das inovações artísticas da Europa, 
espaço anteriormente ocupado por Florença durante muito tempo. Nesse sentido, o Barroco 
ganha espaço com a capital italiana, sua difusão para o restante da Itália se deve também à rica 
família Médici, que, no poder, financiava grandes artistas barrocos.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo114
Figura 6 – Igreja de San Carlo de Quattro Fontane (1638-1641), projeto de Francesco Borromini, Roma, Itália.
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Bernini e Borromini eram arquitetos rivais e competiam pelas glórias da construção em 
Roma. Ambos tinham personalidades opostas: enquanto Bernini era comunicativo e seguro de 
si, Borromini era reservado e emocionalmente instável, vindo a tirar própria vida aos 67 anos 
(JANSON; JANSON, 2001).
6.2 A arte do rebuscamento e do exagero
Com o incentivo financeiro e desafiador, novos artistas foram atraídos para Roma em busca 
de reconhecimento por seus trabalhos. A cidade se tornou referência de um estilo de representação 
diferente dos maneiristas.
O termo barroco passou a ser utilizado pejorativamente significando “modo empolado, 
bombástico, extravagante de escrever, compor, pintar, decorar etc.” (HOUAISS, 2009). As 
representações barrocas se caracterizam pela valorização do conhecimento adquirido no 
Renascimento – sobre o corpo humano, proporções e demais conceitos –, porém carregados de 
emoção. Por essa razão, a arte barroca ficou conhecida como “a arte do rebuscamento e do exagero”. 
O Quadro 1 estabelece um comparativo entre esses períodos:
Quadro 1 – Arte renascentista e barroca: comparativo
Renascimento Barroco
Serenidade Emoção exagerada
Estabilidade Instabilidade/dinamismo
Horizontais e verticais Diagonais
Calma, tranquilidade Energia e movimento
(Continua)
Barroco: a estética do rebuscamento e do exagero 115
Renascimento Barroco
Eternidade Momento da ação
Beleza idealizada Realidade não idealizada
Distância Proximidade/envolvimento
Contornos fluidos Contornos interrompidos
Claridade, luz Contraste entre claro e escuro
Fonte: Elaborado pela autora com base em HOW..., 2016.
Essas características – referentes ao Barroco – estão presentes na obra de Caravaggio3, o 
que fez com que o artista passasse a ser considerado um dos mais notáveis do período. Na obra 
Chamado de S. Mateus (Figura 7), um tema religioso, o artista representa o momento exato do 
despertar espiritual de Mateus, cobrador de impostos, que posteriormente se torna apóstolo de 
Cristo. Cristo adentra em uma espécie de taberna, onde estão trabalhadores vestidos com roupas 
comuns, estende a mão e chama Mateus (que aponta para si mesmo interrogativamente). Sobre a 
figura de Cristo, só há a sugestão de um halo em sua cabeça, além disso, ele está quase escondido 
atrás de São Pedro; sua face e mãos são iluminadas pela luz diagonal que dá o contraste na obra, 
entrando acima dele e incidindo em Mateus. O desenho das mãos nos remete à obra A criação de 
Adão (1512), de Michelangelo. A obra de Michelangelo apresenta dois polos, representados pela 
figura de Deus e a figura do homem; esses são unidos pelas mãos das duas figuras. A proximidade é 
dada pelo espaço que há na mesa e pode ser ocupado pelo espectador (JANSON; JANSON, 2001).
Figura 7 – Chamado de São Mateus (c. 1600), de Caravaggio.
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Fonte: CARAVAGGIO. Chamado de São Mateus. c. 1600. 1 óleo sobre tela, 323 x 343 cm. San Luigi dei Francesi, Roma, Itália.
3 Nome pelo qual Michelangelo Merisi (1571-1610) era popularmente conhecido.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo116
Até a Idade Média não havia reconhecimento de autores das obras, além disso, muitos 
fatores impediam uma carreira de sucesso, como a proibição das aulas de modelo vivo.
Segundo Janson e Janson (2001), apesar 
de apenas homens terem obtido maior destaque 
no decorrer da história da arte, muitas mulheres 
desempenharam papéis importantes como artistas. 
Dentre os grandes nomes do Barroco, está a 
pintora Artemisia Gentileschi (1593-1653). Na 
obra Autorretrato como alegoria da pintura (Figura 
8), provável autorretrato da autora, os cabelos 
irregulares e a composição inusitada – “jogada” 
para a direita – chamam a atenção. A obra não é 
um retrato centrado, o que denota muito ritmo à 
composição. A diagonal traçada pelo braço confere 
aspecto mais teatral à cena: parece que o braço se 
mexerá na nossa direção a qualquer instante. O 
contraste luminoso é oriundo da luz no rosto e no 
peito; o escuro repentino, por sua vez, típico do 
Barroco, ocorre sobre os ombros, como se fosse um 
holofote teatral.
Para Janson e Janson (2001), Gian Lorenzo Bernini foi o maior escultor e arquiteto barroco. 
Grande admirador do teatro, Bernini conseguiu unir diversas linguagens da arte em suas produções, 
resultando em cenários arquitetônicos com pinturas e esculturas, como o célebre altar O Êxtase de 
Santa Tereza (Figura 9). Esta obra relata “um 
momento de êxtase celeste, quando um anjo 
do Senhor trespassou-lhe o coração com uma 
candente flecha de ouro, enchendo-a de dor 
e, ao mesmo tempo,de incomensurável bem- 
-aventurança” (GOMBRICH, 2012, p. 438). A 
escultura parece levitar no espaço a ela 
destinado, pois abaixo dela há apenas sombra, 
enquanto a luz vem de uma janela não visível, 
do alto. O artista utilizou mármore colorido 
para compor o cenário, além de afrescos 
ilusionistas na abóboda e vitrais. Raios 
dourados descem sobre as duas figuras, que 
foram esculpidas com o mesmo tipo de 
mármore, porém o efeito da representação 
das roupas do anjo é diferente do da freira. O 
tecido que ele usa parece ser mais leve – 
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Figura 8 – Autorretrato como alegoria da 
pintura (1638-1639), de Artemisia Gentileschi.
Fonte: GENTILESCHI, A. Autorretrato como alegoria da 
pintura. 1639. 1 óleo sobre tela, 98,6 x 75,2 cm. Royal 
Collection, Londres, Reino Unido.
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Figura 9 – O êxtase de Santa Teresa (1647-1652), de 
Gian Lorenzo Bernini.
Fonte: BERNINI, Gian Lorenzo. O êxtase de Santa Teresa. 1647-1652. 
1 escultura. Basílica de Santa Maria della Vittoria, Roma, Itália.
Barroco: a estética do rebuscamento e do exagero 117
causando um efeito torcido pela ação de vento – e contrasta com o tecido da vestimenta dela, que 
cai mais de maneira pesada e volumosa.
O pintor flamengo Peter Paul Rubens (1577-1640) chegou a Roma em 1600, onde estudou 
obras renascentistas e barrocas. Ao retornar para Antuérpia, sua terranatal, pintou um de seus 
mais importantes retábulos, que remonta à arte medieval, mas refere-se também ao período da 
Contrarreforma. No tríptico A elevação da cruz (Figura 10), os corpos musculosos lembram as 
figuras de Michelangelo, porém com mais exagero, para dar essa ideia de força física necessária 
para levantar uma cruz. As características flamengas da arte de Rubens podem ser verificadas 
no detalhamento que o artista dá às folhagens, ao pelo do cachorro, à armadura do soldado, o 
que mostra a influência de pintores com o Rogier van der Weyden e Jan van Eyck (vistos no 
Capítulo 5). A diagonal barroca é traçada pelo corpo do Cristo, destacando o momento da ação 
do levantamento, em que todos fazem força, dando o ritmo dramático da composição (JANSON; 
JANSON, 2001).
Figura 10 – A elevação da Cruz (1610), de Peter Paul Rubens.
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Fonte: RUBENS, P. P. A elevação da cruz. 1610. 1 óleo sobre painel, 460 x 640 cm. Catedral de Nossa Senhora, Antuérpia, Bélgica.
Rubens teve como discípulo o pintor Anthony van Dyck (1599-1641), e em Madrid ficou 
amigo de Diego Rodríguez de Silva e Velázquez (1599-1660). Velázquez foi um dos mais célebres 
pintores espanhóis, suas obras mostram a influência de Ticiano e Caravaggio. Sua pintura mais 
famosa, As meninas (Figura 11), foi produzida quando a Espanha era um país poderoso. O artista 
conseguiu fama e reconhecimento pintando para a Corte espanhola.
Este imenso quadro seria destinado para o escritório do rei. Velázquez produziu um 
imenso jogo de significados retratando o Rei Filipe IV e Mariana da Áustria, refletidos em um 
espelho no fundo do quadro, como se ambos estivessem observando a cena, como espectadores; 
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo118
a atenção e a maioria dos olhares dos retratados dirigem-se pra o espectador. Trata-se de um 
retrato real produzido de uma forma nada convencional, parecendo mais uma pintura de gênero 
e um autorretrato, já que o pintor se reproduziu à esquerda da tela. A Infanta Margarita, filha 
do rei, está com duas damas de honra, dois anões e a dama de honra da rainha, próximo ao 
guardadamas4. O camareiro aparece ao fundo (PORTUS, 2013).
Figura 11 – As meninas (1656), de Diego Rodríguez de Silva e Velázquez.
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Fonte: VELÁZQUEZ, D. As meninas. 1656. 1 óleo sobre tela, 318 x 276 cm. Museu do Prado, Madri, Espanha.
A influência de Rubens é destacada também na produção artística holandesa, como a de 
Frans Hals (1582-1666) e a do pintor, desenhista e gravador Rembrandt5, este considerado o maior 
pintor da “Era de Ouro” da Holanda.
Rembrandt produziu inúmeros autorretratos e cenas bíblicas ao longo de sua vida. Em 
ambos os gêneros, podemos observar a ausência de preocupação em retratar a beleza, o autor dava 
destaque à verdade e à sinceridade (uma das características de sua arte), assim como Caravaggio. 
Na gravura Pregação de Cristo (Figura 12), o artista representa Cristo pregando em destaque, em 
uma composição circular que mostra a preocupação com o equilíbrio e a distribuição das massas, 
de acordo com as regras da arte italiana. Os rostos não exprimem beleza, pelo contrário, alguns se 
mostram abrutalhados. As vestes foram estudadas para representar os judeus, povo com o qual o 
artista simpatizava (GOMBRICH, 2012).
4 Guardadamas: “Antigo trabalho da Casa Real, cujo principal ministério era andar a cavalo para os estribos do carro 
das senhoras para que ninguém lhes falasse. Mais tarde, suas atribuições limitaram-se à acusação de limpar a sala da 
sala da rainha nas funções públicas” (GUARDA..., 2019).
5 Forma que era conhecido Rembrant Harmenszoon van Rijn (1606-1669).
Barroco: a estética do rebuscamento e do exagero 119
Figura 12 – Pregação de Cristo (c. 1647), de Rembrandt.
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Fonte: REMBRANDT. Pregação de Cristo. c. 1657. 1 gravura ponta seca, 15,8 x 21 cm. Rijksmuseum, Amsterdã, Holanda.
Johannes Vermeer (1632-1675) é outro importante pintor holandês. Da geração seguinte 
a Rembrandt, teve uma produção menor, pois só obteve maior reconhecimento muito tempo 
depois da sua morte, aos 43 anos; as informações sobre esse pintor também são poucas. Suas obras 
representam cenas domésticas (Figura 13), geralmente com figuras femininas, e demonstram sua 
preocupação com a luz e os efeitos ópticos. Especula-se a possibilidade de Vermeer ter estudado e 
utilizado uma câmara escura para a produção de suas pinturas, é notório o meticuloso cuidado que 
o artista confere a texturas e cores (LIEDTKE, 2003).
Figura 13 – Jovem mulher com um jarro de água (c. 1662), de Johannes Vermeer.
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Fonte: VERMEER, J. Jovem mulher com um jarro de água. c. 1662. 1 óleo sobre tela, 45 x 40,6 cm. Museu Metropolitano de Arte, Nova 
Iorque, Estados Unidos.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo120
A segunda metade do século XVII presenciou a construção de uma obra que se tornou símbolo 
do Barroco e colocou a França como referência das artes: o Palácio de Versalhes (Figura 14).
Figura 14 – Palácio de Versalhes (1668), de Pierre Patel.
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Fonte: PATEL, P. Palácio de Versalhes. 1668. 1 óleo sobre tela. Museu de História da França, Paris, França.
Quando Luís XIV assume o poder na França, um novo estilo artístico, mais clássico, 
começa a se difundir – popularmente conhecido como Estilo Luís XIV. Com o conselheiro-chefe 
Jean-Baptiste Colbert (1619-1683) e o artista da corte Charles Le Brun (1619-1690), o rei inicia 
uma fase de projetos em que a arte e a arquitetura ocupam lugar de destaque com o objetivo de 
promover o monarca (FRANCE..., 2003).
Esse estilo se apresenta na arte francesa de 1600 até 1685. Um dos artistas responsáveis 
pelo novo estilo é Nicolas Poussin (1594-1665), que apesar de viver muito tempo em Roma não 
era um adepto do barroco romano. Na obra O rapto das mulheres sabinas (Figura 15), as figuras 
foram modeladas como corpos renascentistas, idealizados e ordenados.
Barroco: a estética do rebuscamento e do exagero 121
Figura 15 – O rapto das mulheres sabinas (1633-1634), de Nicolas Poussin.
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Fonte: POUSSIN, N. O rapto das mulheres sabinas. 1633-1634. 1 óleo sobre tela, 154,6 x 209,9 cm. Museu Metropolitano de Arte, Nova 
Iorque, Estados Unidos.
Outro artista expressivo deste momento é Claude Lorrain (1600-1682) – ou Claude 
Gellée – que viveu grande parte de sua carreira em Roma, por isso é possível notar a influência 
direta das composições renascentistas em suas obras. O artista estudou avidamente as paisagens 
romanas (Figura 16).
Figura 16 – The ford (1636), de Claude Lorrain.
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Fonte: LORRAIN, C. The ford. 1636. 1 óleo sobre tela, 74,3 x 101 cm. Museu Metropolitano de Arte, Nova Iorque, Estados Unidos.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo122
O início do século XVIII trouxe novas mudanças nas representações artísticas com o estilo 
rococó, que teve Antoine Watteau (1684-1721) como um de seus artistas mais influentes. O rococó 
propunha temas mais leves, com maior sensualidade e delicadeza. Além de Watteau, outros artistas 
se destacam nesse período, como Jean-Honoré Fragonard (1732-1806), François Boucher (1703-
1770) e Jean-Baptiste-Siméon Chardin (1699-1779).
6.3 O estilo barroco no Brasil
O Barroco chega ao Brasil um século depois de ter se difundido na Europa. Esse estilo 
é trazido pelos colonizadores portugueses e se manifesta como arte religiosa, na construção 
e decoração de igrejas. As primeiras manifestações estão em fachadas, frontões e decoração 
interna, como a talha dourada em ouro, do interior do Mosteiro de São Bento, no Rio de 
Janeiro (Figura 17).
Figura 17 – Interior do Mosteiro de São Bento (1633-1691), Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
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O grandenome do barroco brasileiro é o mineiro Antônio Francisco Lisboa (1730-1814), 
mais conhecido como Aleijadinho. Escultor, entalhador e arquiteto, Aleijadinho produziu inúmeras 
obras e conseguiu reconhecimento em vida. Embora fosse portador de uma doença que afetou seus 
membros – daí a origem de seu apelido – a partir de 1777, o escultor continuou trabalhando com 
o auxílio de ajudantes.
Barroco: a estética do rebuscamento e do exagero 123
Figura 18 – Cristo no Horto das Oliveiras (1799), de Aleijadinho.
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Fonte: ALEIJADINHO. Cristo no Horto das Oliveiras. 1799. 1 escultura. Via 
Sacra de Congonhas, Congonhas, Minas Gerais.
Por volta de 1796, Aleijadinho produziu 64 esculturas em madeira reproduzindo as cenas 
da Paixão de Cristo em tamanho natural (Figura 18). Seu maior e último projeto foram os Doze 
Profetas (Figura 19), conjunto de esculturas em pedra-sabão para o Santuário do Bom Jesus de 
Matosinhos, na cidade de Congonhas:
o conjunto de 12 profetas de Congonhas configura-se como uma das séries mais 
completas, da arte cristã ocidental, representando profetas. Estão presentes os 
quatro principais profetas do Antigo Testamento – Isaías, Jeremias, Ezequiel e 
Daniel, em posição de destaque na ala central da escadaria – e oito profetas 
menores, escolhidos por um clérigo segundo a importância estabelecida 
na ordem do cânon bíblico. Nos três planos do átrio, esculturas ordenam 
seus gestos simetricamente em relação ao eixo principal da composição. 
(PROFETAS..., 2019)
A posição de cada escultura foi planejada para causar um efeito conjunto, como se fosse um 
teatro ou um balé, de acordo com o gesto de cada profeta. Todos os profetas vestem túnicas e a 
maioria apresenta os mesmos traços das maçãs do rosto, barbas e bigodes.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo124
Figura 19 – Profeta Ezequiel (1800-1805), parte do conjunto de esculturas Doze profetas.
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Fonte: ALEIJADINHO. Profeta Ezequiel. 1800-1805. 1 escultura em pedra-sabão. Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, Congonhas, 
Minas Gerais.
No mesmo período de produção 
artística de Aleijadinho, temos Mestre 
Valentim – Valentim da Fonseca e Silva (1745-
1813) –, artista mineiro que atuava no Rio de 
Janeiro e veio da Europa após a morte do pai. 
Valentim era filho de uma negra com um 
fidalgo português, foi levado para a Europa 
pelo pai. Assim como Aleijadinho, também 
era escultor, entalhador e arquiteto, foi 
reconhecido por seu trabalho e considerado 
pioneiro na fundição de estátuas em bronze 
no Brasil. Trouxe o conhecimento da arte 
europeia, mas na sua produção substituiu 
elementos tradicionais por símbolos da fauna 
e flora brasileira (MESTRE..., 2019).
A Igreja de São Francisco de Assis 
(Figura 20) em Ouro Preto, Minas Gerais, 
apresenta traços do barroco e do estilo rococó. 
Projetada por Aleijadinho, a igreja conta com 
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Figura 20 – Fachada da Igreja de São Francisco 
de Assis (1766), em Ouro Preto, Minas Gerais.
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Fonte: MESTRE ATAÍDE. Nossa Senhora da Porciúncula. 1812. 
Teto da Igreja de São Francisco de Assis, Ouro Preto, Brasil.
Figura 21 – Nossa Senhora com traços 
mulatos, de Mestre Ataíde
Barroco: a estética do rebuscamento e do exagero 125
Figura 19 – Profeta Ezequiel (1800-1805), parte do conjunto de esculturas Doze profetas.
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Fonte: ALEIJADINHO. Profeta Ezequiel. 1800-1805. 1 escultura em pedra-sabão. Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, Congonhas, 
Minas Gerais.
No mesmo período de produção 
artística de Aleijadinho, temos Mestre 
Valentim – Valentim da Fonseca e Silva (1745-
1813) –, artista mineiro que atuava no Rio de 
Janeiro e veio da Europa após a morte do pai. 
Valentim era filho de uma negra com um 
fidalgo português, foi levado para a Europa 
pelo pai. Assim como Aleijadinho, também 
era escultor, entalhador e arquiteto, foi 
reconhecido por seu trabalho e considerado 
pioneiro na fundição de estátuas em bronze 
no Brasil. Trouxe o conhecimento da arte 
europeia, mas na sua produção substituiu 
elementos tradicionais por símbolos da fauna 
e flora brasileira (MESTRE..., 2019).
A Igreja de São Francisco de Assis 
(Figura 20) em Ouro Preto, Minas Gerais, 
apresenta traços do barroco e do estilo rococó. 
Projetada por Aleijadinho, a igreja conta com 
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Figura 20 – Fachada da Igreja de São Francisco 
de Assis (1766), em Ouro Preto, Minas Gerais.
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Fonte: MESTRE ATAÍDE. Nossa Senhora da Porciúncula. 1812. 
Teto da Igreja de São Francisco de Assis, Ouro Preto, Brasil.
Figura 21 – Nossa Senhora com traços 
mulatos, de Mestre Ataíde
diversas pinturas de outro importante artista: 
Mestre Ataíde, ou Manoel da Costa Athaide 
(1762-1830).
Pintor, dourador e entalhador, Mestre 
Ataíde inspirava-se em imagens bíblicas e 
livros de catecismo europeu. Uma de suas 
principais características é representar anjos e 
outras figuras com traços mulatos (Figura 21), 
provavelmente tendo seus filhos e esposa como 
modelos (BARROCO..., 2018).
As pinturas de perspectiva do teto 
demonstram características do estilo rococó, 
com anjos, flores e folhagens (Figura 22). 
Também em parceria com o trabalho de 
Aleijadinho, Ataíde dourou imagens do 
Santuário do Bom Jesus de Matosinhos.
Figura 22 – Pintura em perspectiva
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Fonte: MESTRE ATAÍDE. Ascensão de Cristo. 1801-1812. Teto da Igreja de São Francisco de Assis, Ouro Preto, Brasil.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo126
O barroco brasileiro apresenta influências de estilos variados, como o maneirismo, o 
rococó e a introdução de aspectos referentes ao neoclassicismo – período posterior ao barroco –, 
principalmente na cidade do Rio de Janeiro.
Considerações finais
Vimos neste capítulo que o período Barroco é precedido por um estilo artístico, o maneirismo, 
e seguido por outro, o rococó. Estas transições foram graduais e possibilitaram novas formas de 
expressão, até que se sedimentassem como representações artísticas. 
O rococó é originário da França, surgido entre os anos de 1700 e de 1760. Seu início 
coincide com os anos finais do reinado de Luís XIV, que morreu em 1715; portanto, podemos 
dizer que o rococó surgiu em um momento de transição de poderes. O estilo correspondia aos 
anseios da aristocracia e ao luxo da alta burguesia; utilizava-se nas pinturas paletas de tons rosas 
e azuis e as temáticas abordadas eram relacionadas à intimidade, ao feminino e ao erotismo. 
São grandes nomes deste período Jean Honoré Fragonard (1732-1806), Antoine Watteau (1684-
1721) – considerado um dos artistas mais originais do século XVIII – e François Boucher (1703-
1770), que representa a fase mais madura do rococó, com trabalhos em variadas técnicas de 
desenho, pintura, tapeçaria e porcelana.
Contudo, novas e radicais mudanças estavam por vir: em 1789 explodiria a Revolução 
Francesa, fato que interferiu diretamente nas produções artísticas do próximo período, o 
Neoclassicismo.
Ampliando seus conhecimentos
• MOÇA com brinco de pérola. Direção: Peter Webber. Elenco: Scarlett Johansson, Colin 
Firth, Tom Wilkinson. Roteiro: Olivia Hetreed. São Paulo: Imagem filmes, 2003. (100 min).
O filme mostra por meio da narrativa de Griet (Scarlet Johansson) – criada que trabalha 
na casa de Johannes Vermeer (Colin Firth) – o cotidiano da casa em que o pintor vivia 
com a família e sua relação com o trabalho do artista. As famosas pinturas de Vermeer 
aparecem no filme, além disso, mostra-se o uso da câmara escura (método para copiar 
imagens por meio de uma caixa) e a produção da tinta por meio da moagem de pigmentos.
• UATARTI, Solange. Universo barroco de Aleijadinho. São Paulo: Instituto Arte na Escola, 
2006 (DVDteca Arte na Escola – Material educativo para professor-propositor; 78). 
Disponível em: http://artenaescola.org.br/uploads/dvdteca/pdf/arq_pdf_58.pdf. Acesso 
em: 15 out. 2019.
O InstitutoArte na Escola disponibiliza em sua plataforma o livro Universo barroco de 
Aleijadinho, material em PDF sobre o artista brasileiro Antônio Francisco Lisboa, o 
contexto histórico do período em que o artista viveu, bem como sugestões de conteúdo/
atividades para trabalhar em sala de aula com alunos do ensino fundamental – anos 
finais e ensino médio.
Barroco: a estética do rebuscamento e do exagero 127
Atividades
1. Descreva as características da tendência artística que se originou após o Renascimento e 
antes do período Barroco.
2. Observe a escultura de Bernini, Apollo e Daphne, e descreva as características barrocas que 
podem ser destacadas na obra:
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Fonte: BERNINI, G. L. Apollo e Daphne. 1624-1625. 1 escultura em mármore, 243 cm. Galeria Borghese, Roma, Itália.
3. Escolha uma obra de um dos artistas do período Barroco e descreva de qual(is) maneira(s) 
esse estilo pode ser identificado nela.
Referências
BARROCO Brasileiro. Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. 
Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo63/barroco-brasileiro. Acesso em: 15 out. 2019.
FINOCCHIO, R. Mannerism: Bronzino (1503-1572) and his Contemporaries. Heilbrunn Timeline of Art 
History. Nova Iorque: The Metropolitan Museum of Art, 2000. Disponível em: http://www.metmuseum.org/
toah/hd/zino/hd_zino.htm. Acesso em 8 out. 2019.
FRANCE, 1600-1800 A.D. Heilbrunn Timeline of Art History. Nova Iorque: The Metropolitan Museum of 
Art, 2000. Disponível em: https://www.metmuseum.org/toah/ht/09/euwf.html. Acesso em: 9 out. 2019.
GOMBRICH, E. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC, 2012.
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HOW to recognize Baroque art. 2016. 1 vídeo (9 min). Publicado pelo canal Smarthistory. Disponível em: 
https://youtu.be/EFHPAbHaoqk. Acesso em 9 out. 2019.
JANSON, H. W.; JANSON, A. F. Iniciação à História da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
LIEDTKE, W. Johannes Vermeer (1632-1675). Heilbrunn Timeline of Art History. Nova Iorque: The 
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MARAVALL, J. A. A cultura do barroco. São Paulo: Edusp, 1997.
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valentim-(valentim-da-fonseca-e-silva). Acesso em: 14 out. 2019.
PORTUS, J. Diego Velázquez “Las Meninas”. Velázquez y la familia de Felipe IV, 1650-1680. Madri: Museo 
Nacional del Prado, n.16, p.126-129, 2013. Disponível em: https://www.museodelprado.es/en/the-collection/
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ROME and southern Italy, 1600–1800 A.D. Heilbrunn Timeline of Art History. Nova Iorque: The Metropolitan 
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WISSE, J. The Reformation. Heilbrunn Timeline of Art History, Nova Iorque: The Metropolitan 
Museum of Art, out. 2002. Disponível em: http://www.metmuseum.org/toah/hd/refo/hd_refo.htm. 
Acesso em: 8 out. 2019.
7
Do Neoclassicismo ao Modernismo
Vania Maria Andrade
Os artistas que produziram suas obras no estilo rococó, como Nicolas Poussin e Claude 
Lorrain, foram fundamentais para a nova forma de representação artística do século XVIII. Os 
temas, agora, são abordados de maneira mais leve, sem grandiosidades e tensões barrocas. É 
possível observar mais a natureza, tratar de temas mais cotidianos e retratar pessoas comuns.
No entanto, o século XVIII presenciou também revoluções, como a Revolução Americana 
(1776-1783) e a Revolução Francesa (1789-1799). A liberdade de pensamento adquirida no decorrer 
dos últimos séculos, mais precisamente a partir do Renascimento, fez com que os indivíduos 
refletissem a respeito do mundo em que viviam – comparando a Antiguidade e a modernidade 
–, reivindicando mais direitos. Os períodos artísticos abordados neste capítulo mostrarão como a 
arte se manifestou em relação a essas mudanças históricas e quais foram os principais artistas do 
Neoclassicismo, do Romantismo e do Modernismo.
7.1 Neoclassicismo: conceito, contexto e características
Os principais acontecimentos do século XVIII iniciam com o Iluminismo, movimento que 
surgiu em Paris e defendia a importância da razão humana, liderado por escritores, cientistas, 
filósofos e teóricos como Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), Voltaire1, Montesquieu2 e Denis 
Diderot (1713-1784). O advento do Iluminismo coincide, também, com o avanço da arqueologia 
e a descoberta das ruínas de Pompeia e Herculano – cidades antigas italianas –, o que fez com que 
surgisse um interesse renovado pela Antiguidade Clássica (FRANCE..., 2003).
Sobre o Iluminismo, Janson e Janson (2001, p. 303) destacam que nas “artes, assim como 
na economia, na política e na religião, esse movimento racionalista voltou-se contra a prática 
dominante: o Barroco-Rococó, enfeitado e aristocrático”. Começa a surgir nesse período a arte 
neoclássica, que valorizava aspectos como harmonia, simplicidade e proporção. A cópia de grandes 
obras da Antiguidade torna-se uma prática frequente dos neoclássicos, sobretudo artistas viajantes, 
que partiam em busca da observação e reprodução dessas obras. Nesse momento, a arte passa a ser 
uma disciplina ensinada nas academias, com fundamentos teóricos.
O escultor Jean Antoine Houdon (1741-1828) foi um dos maiores retratistas do Iluminismo – 
ele produziu bustos de diversos pensadores do movimento, como Voltaire. A Figura 1, a seguir, é uma 
escultura que retrata a filha de um amigo de Houdon, o arquiteto neoclássico Alexandre-Théodore 
Brongniart (1739-1813).
1 Pseudônimo pelo qual François-Marie Arouet (1694-1778) era conhecido.
2 Nome pelo qual Charles-Louis de Secondat (1689-1755), Barão de La Bréde e de Montesquieu, era conhecido.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo130
Figura 1 – Busto de Louise Brongniart (1777), de Jean Antoine Houdon.
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Fonte: HOUDON, J. A. Louise Brongniart. 1777. 1 escultura em mármore, 50,8 cm. Museu Metropolitano de Arte, Nova Iorque, Estados 
Unidos.
O artista que melhor representa o movimento neoclássico é Jacques-Louis David (1748-1825). 
David liderou o direcionamento das atividades artísticas na França e instituiu seus ideais artísticos, 
com contornos rigorosos, formas esculpidas com base em ideais clássicos e superfícies polidas, 
sem marcas de pinceladas. O interesse em temáticas históricas e clássicas tinha prevalência para o 
artista, que retratou o filósofo Sócrates discursando sobre a imortalidade da alma antes de beber do 
copo de cicuta que o mataria, por se recusar a renunciar suas crenças. A obra A morte de Sócrates 
(Figura 2) representou a resistência à injustiça e é um dos símbolos do neoclassicismo. Nela, é 
possível observar os objetivos artísticos e políticos do momento (GALITZ, 2004a).
Figura 2 – A morte de Sócrates (1787), de Jacques-Louis David. 
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Fonte: DAVID, J. L. A morte de Sócrates. 1787. 1 óleo sobre tela, 129,5 x 196,2 cm. Museu Metropolitano de Arte, Nova Iorque, Estados 
Unidos.
Do Neoclassicismo ao Modernismo 131
Sobre essa pintura, Janson e Janson (2001, p. 304) destacam:
a composição desenvolve-se como um relevo, paralela ao plano da pintura, e as 
figuras são tãosólidas – e tão imóveis – quanto estátuas. Ainda assim existe um 
elemento inesperado: a luminosidade, com suas sombras matizadas com 
precisão, é derivada de Caravaggio, do mesmo modo que o realismo acentuado 
dos detalhes.
David foi atuante na Revolução 
Francesa e retratou o líder revolucionário 
Jean-Paul Marat (1743-1793), que foi 
assassinado em uma banheira. Para 
aliviar o sofrimento de sua doença 
de pele, Marat trabalhava em uma 
mesa improvisada em uma banheira 
quando foi assassinado por uma mulher 
(JANSON; JANSON, 2001). Na Figura 
3, ao lado, vemos nas mãos de Marat 
uma petição que fora entregue por sua 
assassina. A faca está jogada no chão e 
a posição do corpo – anatomicamente 
bem trabalhado – lembra a arte clássica. 
O mártir, nessa pintura, não é cristão, é 
político. No canto direito, abaixo, está a 
dedicatória: “A Marat”.
David foi obrigado a se exilar durante a Revolução, mas quando Napoleão Bonaparte (1769-
-1821) toma o poder, ele o nomeia o primeiro pintor do Imperador, empregando também diversos 
de seus discípulos (GALITZ, 2004a).
Jean-Auguste Dominique Ingres (1780-1867), um dos discípulos de David, manteve os 
conhecimentos neoclássicos aprendidos com seu mestre, principalmente no que se refere à 
representação da figura humana com base no estudo do modelo vivo, contudo, é com ele que 
começa a surgir a pintura romântica. Os estudos dos retratos produzidos por Ingres apresentam 
traços muito precisos, mas quando ele os representa na técnica da pintura, demonstram certa 
estilização da forma humana, mais alongada e sinuosa, lembrando a pintura de Parmigianino 
(JANSON; JANSON, 2001).
A próxima obra (Figura 4) foi uma encomenda da irmã de Napoleão Bonaparte e rainha de 
Nápoles, Caroline Murat (1782-1839), e tornou-se um dos nus mais famosos de Ingres. As linhas 
do corpo, longas e sinuosas, não são anatomicamente reais, pois o corpo parece ter pelo menos duas 
vértebras a mais. Além disso, o braço é longo demais em relação ao tamanho da figura, contudo, 
os detalhes e a textura dos tecidos são retratados com grande precisão (DE VERGNETTE, 2019).
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Figura 3 – A morte de Marat (1793), de Jacques- 
-Louis David.
Fonte: DAVID, J. A morte de Marat. 1793. 1 óleo sobre tela, 165 x 128 
cm. Museus Reais de Belas Artes da Bélgica, Bruxelas, Bélgica.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo132
Figura 4 – A grande odalisca (1814), de Jean-Auguste Dominique Ingres.
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Fonte: INGRES, J. D. A grande odalisca. 1814. 1 óleo sobre tela, 91 x 162 cm. Museu do Louvre, Paris, França.
Em 1819, quando foi exposta, a obra recebeu críticas severas, pois além de não apresentar 
medidas humanas proporcionais, tratava-se de um nu que valorizava a beleza e sensualidade 
de uma figura não mitológica (era comum, por exemplo, retratar figuras como a deusa Vênus). 
A obra retrata uma odalisca – mulher que faz parte de um harém –, mas como o artista nunca 
esteve em um harém, ele o retratou com base em uma ideia fantasiosa ocidental. Para valorizar a 
sensualidade, Ingres alongou as costas da odalisca, colocou uma de suas pernas em uma posição 
fisicamente impossível e retratou um olhar “frio”, direcionado para o espectador. A riqueza de 
detalhes e texturas é outra característica da pintura de Ingres, como o drapeado do tecido azul, a 
pulseira dourada e o leque de penas.
A partir de Ingres, no início do século XIX, as principais características da arte neoclássica 
– cores sóbrias, temas clássicos e contornos marcados – começam a se modificar e abrem caminho 
para o próximo período, conhecido como Romantismo.
7.2 Romantismo
O movimento romântico teve início nas artes por volta do início do século XIX. O 
Romantismo rompeu com o idealismo clássico de David e Ingres, valorizando a emoção humana e 
a natureza. Argan (2008, p. 33) destaca que
A pintura romântica quer ser expressão do sentimento; o sentimento é um 
estado de espírito frente à realidade; sendo individual, é a única ligação possível 
entre o indivíduo e a natureza, o particular e o universal; assim, sendo o 
sentimento o que há de mais natural no homem, não existe sentimento que não 
seja sentimento da natureza.
Na Espanha, o pintor e gravurista Francisco de Goya y Lucientes (1746-1828) era simpatizante 
do Iluminismo. Competente retratista, também serviu ao rei, porém não deixou de conferir às suas 
produções um caráter prévio do Romantismo.
Do Neoclassicismo ao Modernismo 133
O retrato que Goya produziu da família real espanhola (Figura 5, a seguir) faz referência à 
pintura As meninas (1656)3, de Diego Velázquez.
Figura 5 – A família de Carlos IV (c. 1800), de Francisco de Goya y Lucientes.
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Fonte: GOYA, F. A família de Carlos IV. c. 1800. 1 óleo sobre tela, 280 x 336 cm. Museu Nacional do Prado, Madri, Espanha.
Dentre as semelhanças, podemos citar o fato de o artista também ter feito um autorretrato, 
colocando-se à esquerda, de frente para uma grande tela. Assim como todos que são retratados 
por Velázquez, são muitos os membros da família real que comparecem para a pintura. A postura 
da rainha, com o rosto parcialmente de lado, lembra a mesma postura da Infanta Margarita, 
presente na obra de Velázquez. Ao retratar algumas faces, o artista quebra paradigmas e não se 
preocupa em disfarçar defeitos ou traços de velhice, como é possível perceber em figuras como o 
rei e a rainha. Já as crianças apresentam mais beleza, apesar de demonstrarem certo ar de medo. 
A forma que os integrantes são retratados mostra a modernidade da obra. As roupas, repletas de 
ornamentos, medalhas e joias que brilham muito, dão um ar barroco para a pintura (JANSON; 
JANSON, 2001).
As gravuras de Goya apresentam a peculiaridade de uma nova técnica: a água-tinta, que 
permite explorar efeitos de luz e sombra. Além disso, sua temática foge dos assuntos comuns, 
envolvendo seres fantasiosos (GOMBRICH, 2012).
3 Discutimos essa pintura no Capítulo 6 (Barroco: a estética do rebuscamento e do exagero).
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo134
Com a queda de Napoleão após a Batalha de Waterloo (1815), o Romantismo começa a 
tomar espaço no campo artístico, na literatura e na música. Uma obra que descreve esse momento 
de mudanças é A Jangada da Medusa (Figura 6), obra mais famosa de Théodore Géricault (1791-
-1824). Nela, o pintor representa um naufrágio ocorrido em 1816, quando 150 tripulantes de uma 
fragata são abandonados em alto-mar em uma jangada.
Figura 6 – A Jangada da Medusa (1818-1819), de Théodore Géricault.
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Fonte: GÉRICAULT, T. A Jangada da Medusa. 1818-1819. 1 óleo sobre tela, 491 x 716 cm. Museu do Louvre, Paris, França.
A pintura de Géricault se distancia completamente da noção de belo idealizada por David, 
destacando momentos de horror, angústia e a força da natureza. Segundo Argan (2008, p. 52), 
o artista “retoma Michelangelo e Caravaggio” ao retratar corpos empalidecidos destacados pelo 
contraste entre claro e escuro. O tema, atual e histórico, representa um fato que abalou a população 
na época, uma tragédia.
Géricault – e particularmente sua obra A Jangada da Medusa – influenciará o líder 
romântico Eugène Delacroix (1798-1863) na produção da obra A Liberdade Guiando o Povo 
(Figura 7). Assim como na obra de Géricault, essa obra de Delacroix apresenta uma cena de caos, 
porém bem pensada em todos os aspectos de sua composição.
Do Neoclassicismo ao Modernismo 135
Figura 7 – A Liberdade guiando o Povo (1830), de Eugène Delacroix.
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Fonte: DELACROIX, E. A Liberdade guiando o Povo. 1830. 1 óleo sobre tela, 260 x 325 cm. Museu do Louvre, Paris, França.
O tema abordado na obra também era atual: a revolução das ruas de Paris em julho de 1830. 
Diferentes tipos de pessoas fazem parte da composição, mostrando que a revolução é para todos 
e está unindo o povo. O homem ao alto, à esquerda, deve ser um operário, como mostra as suas 
roupas. Em contrapartida, as roupas do homem com cartola mostram que ele deve pertencer auma 
classe econômica superior. À direita, do lado da alegoria da liberdade, está um menino, que, pelas 
roupas, bolsa e boina, deve ser um estudante. Em primeiro plano estão os caídos (os mortos), em 
posições muito semelhantes àquelas retratadas nas obras de Géricault (ARGAN, 2008).
A imagem da Catedral de Notre Dame ao fundo destaca o fato de estar acontecendo um 
conflito urbano, pois a igreja era o símbolo arquitetônico da cidade (ainda não existia a Torre 
Eiffel).
No Romantismo, o poder e a imprevisibilidade da natureza eram o argumento contra as 
ideias racionais do Iluminismo, característica que pode ser observada nas produções artísticas 
de Joseph Mallord William Turner (1775-1851) e John Constable (1776-1837). A arte romântica 
reflete a ênfase dada pela imaginação e emoção (GALITZ, 2004b).
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo136
7.3 Os principais movimentos dentro do Modernismo
A segunda metade do século XIX é marcada pela Revolução Industrial, que acaba por 
definir o início da Era Moderna. Os questionamentos a respeito da modernidade já povoavam 
as discussões de artistas e pensadores, como Charles Baudelaire (1821-1867). O ano de 1848 
caracterizou-se pelo lançamento do Manifesto do Partido Comunista, de Karl Marx (1818-1883) 
e Friedrich Engels (1820-1895), e pelas lutas das classes operárias. É nesse século também que se 
desenvolveu o início da história da fotografia, com a criação do daguerreótipo, de Louis Jacques 
Mandé Daguerre (1787-1851), e as primeiras imagens reproduzidas por meio desse equipamento. 
É nesse cenário que se define um novo período na arte: o Realismo (FRANCE..., 2003).
7.3.1 Realismo
Em 1855, o pintor Gustave Courbet (1819-1877) tomou a iniciativa de organizar sua própria 
exposição de arte, denominando-a de Pavilhão do realismo. Nela, Coubert declarou sua indignação 
às restrições da Academia de Belas Artes, que rejeitara uma obra sua para a Exposição Universal 
daquele ano. Segundo Argan (2008, p. 75), a produção artística de Courbet pregava um “realismo 
integral, [a] abordagem direta da realidade, independente de qualquer poética previamente 
constituída. Era a superação simultânea do ‘clássico’ e do ‘romântico’ enquanto poéticas destinadas 
a mediar, condicionar e orientar a relação do artista com a realidade”.
Figura 8 – O Encontro (Bonjour Monsieur Courbet) (1854), de Gustave Courbet.
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Fonte: COURBET, G. O Encontro (Bonjour Monsieur Courbet). 1854. 1 óleo sobre tela, 129 x 149 cm. Museu Fabre, Montpellier, França.
daguerreótipo: 
aparelho fotográfico 
“que fixava as 
imagens obtidas 
na câmara escura 
numa folha de prata 
sobre uma placa de 
cobre” (HOUAISS, 
2009).
Do Neoclassicismo ao Modernismo 137
Na pintura O Encontro (Bonjour Monsieur Courbet) (Figura 8), a figura do lado direito é um 
autorretrato. Vestido despojadamente como um andarilho, Coubert tinha o objetivo de chocar e 
rejeitar as convenções, retratando a vida tal como a enxergava (GOMBRICH, 2012). A pessoa bem 
vestida com um paletó verde – destacando a desigualdade com a vestimenta do artista – representa 
um dos patronos de Courbet, que tira a luva para cumprimentá-lo. Provavelmente, a carruagem 
representada ao fundo pertencia a eles.
Courbet era muito envolvido com o engajamento político, ao contrário de Jean-François 
Millet (1814-1875) e Édouard Manet (1832-1883), também realistas franceses. A obra de Courbet 
exerceu influência na produção de Manet, que também era amigo de Baudelaire, e chocou os 
espectadores com a obra Almoço na relva (Figura 9).
Figura 9 – Almoço na relva (1863), de Édouard Manet.
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Fonte: MANET, É. Almoço na relva. 1863. 1 óleo sobre tela, 208 x 265,5 cm. Museu de Orsay, Paris, França.
O fato de colocar a representação de um nu feminino completamente fora de um contexto 
mitológico ou alegórico e no meio de duas figuras masculinas vestidas à moda parisiense causou 
indignação ao público. Entretanto, Manet, que havia estudado as grandes obras do Museu do 
Louvre, faz alusão nesta obra às pinturas de antigos mestres, como Giorgione e Ticiano4. Observe, 
na Figura 10, a composição de Giorgione, em que as duas figuras femininas são iluminadas em 
primeiro plano e as duas figuras masculinas, ao fundo, ficam em segundo plano.
4 Ambos foram mencionados no Capítulo 5, intitulado “O renascimento e o desenvolvimento da autonomia artística”. 
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo138
Figura 10 – Concerto campestre (1508-1509), de Giorgione.
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Fonte: GIORGIONE. Concerto campestre. 1508-1509. 110 x 138 cm. Museu do Louvre, Paris.
A princípio, parece que Manet desprezou o caráter narrativo nesta obra, provocando o 
espectador e buscando pintar aquilo que via. Contudo, a narrativa existe se considerarmos que a 
posição das figuras remete a obras antigas. Desse modo, Manet traz antigas composições e as retrata 
com outras preocupações, sem o uso de chiaroscuro, por exemplo. O pintor destaca o jogo de cores 
entre o claro do corpo feminino e o preto das roupas masculinas. A produção artística de Manet 
abriu caminhos para outros artistas que o consideravam como seu mestre: os impressionistas 
(ARGAN, 2008).
7.3.2. Impressionismo
Em 1874, um grupo de artistas – indignados com as frequentes recusas do Salão Parisiense 
para a exibição de suas obras nas exposições anuais – se uniu e montou a própria exposição no 
estúdio do fotógrafo Gaspard-Félix Tournachon (1820-1910), conhecido pelo pseudônimo Nadar. 
O grupo era formado pelos artistas Claude Monet (1840-1926), Edgar Degas (1834-1917), Pierre-
-Auguste Renoir (1841-1919), Berthe Morisot (1841-1895), Alfred Sisley (1839-1899) e Camille 
Pissarro (1830-1903).
Uma das obras expostas, Impressão, nascer do sol (Figura 11), de Claude Monet, tornou-se 
o foco da ironia de um jurado, mas o grupo, que tem Manet como inspiração, acaba por adotar o 
termo impressionismo para se identificar. Os críticos consideravam um ultraje exibir pinturas que 
não eram “acabadas”, que pareciam meras impressões. Todavia, foi o movimento impressionista 
que rompeu completamente com as formas anteriores de representação, abrindo os caminhos da 
arte moderna.
chiaroscuro: do 
italiano “claro-
escuro”. Técnica de 
pintura desenvolvida 
durante o período do 
Renascimento.
Do Neoclassicismo ao Modernismo 139
Figura 11 – Impressão, nascer do sol (1873), de Claude Monet. 
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Fonte: MONET, C. Impressão, nascer do sol. 1873. 1 óleo sobre tela, 48 x 63 cm. Museu Marmottan, Paris, França.
Os impressionistas, tal como os realistas Coubert e Manet, consideravam a pintura de 
paisagem e a de gênero tão importantes como a pintura histórica, apesar de apenas a última ser 
valorizada pela Academia. Representando esses temas, os impressionistas passaram a explorar os 
efeitos de luz nas superfícies, utilizando cores puras aplicadas lado a lado na tela, de modo que a 
mistura fosse observada.
Segundo Argan (2008), dentre as principais preferências dos impressionistas estão a 
valorização da pintura ao ar livre ou plain air (em pleno ar), desprezo pela arte acadêmica, pelo uso 
de contornos e do chiaroscuro. Para captar o ritmo acelerado com que a luz natural se modifica, 
eles costumavam reproduzir pinturas de um mesmo local em diversos momentos do dia ou em 
diferentes estações do ano.
Figura 12 – Estação Saint-Lazare ou Vista Interior da Gare Saint-Lazare, Linha Auteuil (1877), de Claude Monet.
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Fonte: MONET, C. Estação Saint-Lazare ou Vista Interior da Gare Saint-Lazare, Linha Auteui. 1877. 1 óleo sobre tela, 75 x 104 cm. Museu de 
Orsay, Paris, França.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo140
Outra pintura que representa a “impressão” do artista é a da estação de trem Saint-Lazare 
(Figura 12), uma das mais movimentadas da cidade, obra que tem um amplo significado de 
representação da realidade. O ideal de realismo nesse período (fins do século XIX) significava a 
modernidade,o uso da máquina e uma nova arquitetura para explorar essa invenção. Monet 
utilizou várias cores para representar a luz, o vapor e a fumaça que invade o ambiente, sendo 
precisamente esse seu objetivo. E, por trás disso, é possível distinguir uma arquitetura urbana, a 
própria locomotiva e algumas figuras humanas, apenas com algumas pinceladas rápidas. Como em 
diversos outros trabalhos, Monet produziu mais algumas pinturas com essa mesma temática.
Essa obra de Monet foi muito 
elogiada por Gustave Caillebotte 
(1848-1894), outro integrante do 
grupo dos impressionistas, cuja 
pintura era completamente diferente 
da de Monet. A Figura 13, ao lado, 
representa a parte superior da 
mesma estação retratada na obra 
Estação Saint-Lazare, de Monet. A 
pintura de Caillebotte agradava aos 
críticos, diferentemente das obras 
de Monet.
A obra O baile no moulin de la 
Galette (Figura 14), de Renoir, também 
segue o mandamento de Baudelaire de 
que os pintores devem retratar a vida 
moderna. Esse momento fugaz mostra 
um mosaico de situações de um local de 
entretenimento, um baile popular. Há 
casais dançando, pessoas conversando, 
um homem escrevendo, outro 
sussurrando no ouvido de uma jovem 
e muitos vestidos de tecidos variados. 
Nesse ambiente festivo, o que sobressai é 
o modo como a luz do sol passa através 
das folhas das árvores e cai sobre os 
elementos, além da combinação de cores 
– azul, rosa, amarelo, verde – que Renoir 
usou.
Figura 13 – A Ponte da Europa (c. 1876), de Gustave Caillebotte.
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Fonte: CAILLEBOTTE, G. A Ponte da Europa. c. 1876. 1 óleo sobre tela, 124,7 x 180,6 
cm. Museu do Petit Palais, Genebra, Suíça.
Figura 14 – O baile no mouliwn de la Galette (1876), de Pierre-Auguste 
Renoir.
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Fonte: RENOIR, P. O baile no moulin de la Galette. 1876. 1 óleo sobre tela, 131 x 175 cm. 
Museu de Orsay, Paris, França.
Do Neoclassicismo ao Modernismo 141
Tanto Renoir quanto Degas também produziram esculturas. A única escultura de Degas que 
chegou a ser exposta foi A pequena dançarina de quatorze anos (Figura 15), cujo caráter naturalista 
não agradou ao público, que a achou com traços grosseiros, além do material inusitado do tule 
no saiote e da crina de cavalo como cabelo. Após a morte de Degas, foram descobertas quase 150 
esculturas em seu ateliê (FRANCE..., 2003).
Figura 15 – A pequena dançarina de quatorze anos (1922), de Edgar Degas.
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Fonte: DEGAS, E. A pequena dançarina de quatorze anos. 1922. 1 escultura em bronze, 7,8 x 43,8 x 36,5 cm. Museu Metropolitano de Arte, 
Nova Iorque, Estados Unidos.
Degas retratou bailarinas em inúmeras 
pinturas, além das mulheres no banho. Em todos 
os temas, o artista sabia captar o momento certo 
de representar um movimento. Na obra O absinto 
(Figura 16), Degas faz a captura de um momento 
de dois personagens frios e inexpressivos, sem 
nenhuma beleza, porém reais. O enquadramento 
propõe em primeiro plano as mesas de um café, 
como se tivéssemos que desviar delas para chegar 
ao objetivo do quadro. Degas explorou também 
técnicas e materiais diversos em suas produções, 
sendo considerado um inovador do uso de lápis 
pastéis em desenhos e pinturas (ARGAN, 2008).
Figura 16 – O absinto (1876), de Edgar Degas.
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Fonte: DEGAS, E. O absinto. 1876. 1 óleo sobre tela, 92 x 68 
cm. Museu de Orsay, Paris, França.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo142
A artista americana Mary Cassatt (1844-1926) 
passou a morar em Paris a partir de 1874 e se juntou ao 
grupo de impressionistas em 1877. Suas composições de 
cenas de gênero – principalmente retratando a maternidade 
– apresentam perspectivas oblíquas e influências da arte 
japonesa. Observe, na Figura 17 ao lado, o ângulo em que 
são representadas a mulher e a menina, em conjunto com 
a visão da bacia, e a posição dos rostos que se direcionam 
ao mesmo ponto (JANSON; JANSON, 2001).
Em 1880, Auguste Rodin (1840-1917) recebeu um 
convite para realizar a decoração de uma porta, em que ele 
escolheu como temática o Inferno de Dante. O projeto não 
se efetivou, mas Rodin continuou a trabalhar nele. Após 
sua morte, diversas peças desse projeto foram encontradas 
em seu ateliê – muitas partes são reconhecíveis em 
esculturas famosas de Rodin, como O pensador (Figura 
18), que está localizado no alto da obra Porta do inferno 
(Figura 19).
A porta constitui-se de inúmeras pequenas 
esculturas que emergem dela, os corpos são modelados e contorcidos, lembrando a obra O Juízo 
final (1535-1541), de Michelangelo.
Figura 18 – O pensador (1880-1882), de Auguste Rodin.
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Fonte: RODIN, A. O pensador (detalhe da Porta do Inferno). 1880-1917. 
1 escultura em bronze, 635 x 400 x 85 cm. Museu Rodin, Paris, França.
Figura 19 – Porta do inferno (1880-1917), de Auguste Rodin.
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Fonte: RODIN, A. Porta do inferno. 1880-1917. Bronze, 635x 400 x 85 cm. 
Museu Rodin, Paris, França.
Figura 17 – O banho (1893), de Mary Cassatt.
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Fonte: CASSATT, M. O banho. 1893. 1 óleo sobre tela, 100,3 
x 66,1 cm. Instituto de Arte de Chicago, Chicago, Estados 
Unidos.
Do Neoclassicismo ao Modernismo 143
Rodin desenhou diversos projetos de pequenas cenas com base na obra A Divina Comédia 
(1304-1321), de Dante Alighieri, na qual o autor italiano descreve uma trajetória que passa pelo 
inferno, pelo purgatório e pelo paraíso. O primeiro modelo que Rodin fez da porta, em cera, mostra 
a inspiração na Porta do Paraíso, que Lorenzo Ghiberti (artista que vimos no Capítulo 5) produziu 
para o Batistério de Florença, em 1452. Rodin morreu sem ver a obra concretizada, mas inspirou-se 
nela para produzir diversos outros trabalhos ao longo dos últimos anos de vida.
Considerações finais
O final do século XIX trouxe a modernidade efetivamente para a expressão artística. Os 
caminhos trilhados até então não podiam mais representar o retorno às formas de representação 
antigas, pois os impressionistas quebraram diversos paradigmas. As pinceladas curtas e sobrepostas, 
que enfatizavam os efeitos de luz, e a fotografia já eram uma realidade.
O início do século XX trouxe muitas novidades, com maior velocidade de mudanças, 
muito maior do que as observadas nos últimos períodos. O Neoclassicismo, o Romantismo, 
o Realismo e o Impressionismo tiveram duração menor do que os períodos anteriores, como 
o Renascimento. Daí em diante, a velocidade das mudanças aumentou, visto que o Pós-
Impressionismo apresentava diferentes manifestações artísticas. Isso também não quer dizer que 
não existiam representações com características dos períodos anteriores, porém, por mais que 
um artista da modernidade utilize formas clássicas em suas produções, seu contexto é outro, é 
moderno, assim como sua história.
Ampliando seus conhecimentos
• O ÚNICO registro em vídeo de Claude Monet pintando suas Ninfeias, em Giverny, em 
1915. 2017. 1 vídeo (2 min). Publicado pelo canal Paris sempre Paris. Disponível em: 
https://youtu.be/Mt17zgixo78. Acesso em: 23 out. 2019.
Esse raro e breve vídeo mostra cenas do pintor Claude Monet trabalhando em uma de 
suas célebres obras impressionistas, no jardim que ele cultivava para retratar em quadros. 
A propriedade está atualmente aberta à visitação do público, que pode passear pelo jardim 
e entrar na casa onde o artista viveu.
• ART Institute of Chicago: Exploring Impressionism. Google Arts & Culture. Disponível 
em: https://artsandculture.google.com/usergallery/art-institute-of-chicago-exploring-
impressionism/IAKi3qmI-jTfKA. Acesso em: 23 out. 2019.
Essa publicação – disponível no portal Google Arts & Culture – mostra uma série de 
importantes obras impressionistas de artistas como Claude Monet, Gustave Caillebotte 
e Edgar Degas.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo144
• BJORK, C.; ANDERSON, L. Linéia no jardim de Monet. 2 ed. São Paulo: Salamandra, 
2017.
Essa obra é uma ótima pedida para realizarum trabalho com alunos do primeiro 
segmento do ensino fundamental e abordar a arte impressionista. Ela conta a história de 
uma menina que viaja a fim de conhecer a casa e os jardins onde viveu o pintor Claude 
Monet, conhecendo aspectos de sua obra e vida.
Atividades
1. Em quais ideias estão pautadas o movimento neoclassicista?
2. Quais fatores impulsionavam as produções artísticas do período romântico? Cite um artista 
que representa esse movimento em suas produções.
3. Qual elemento era objeto de estudo dos artistas impressionistas? Por que esses artistas 
representavam esse mesmo elemento em momentos diferentes do dia? Justifique.
Referências
ARGAN, G. C. Arte moderna: do iluminismo aos movimentos contemporâneos. São Paulo: Companhia das 
Letras, 2008.
FRANCE 1600-1800 A.D. In: Heilbrunn Timeline of Art History. Nova Iorque: The Metropolitan Museum of 
Art, out. 2003. Disponível em: https://www.metmuseum.org/toah/ht/09/euwf.html. Acesso em: 16 out. 2019.
GALITZ, K. C. The Legacy of Jacques Louis David (1748–1825). Heilbrunn Timeline of Art History. Nova 
Iorque: The Metropolitan Museum of Art, out. 2004a. Disponível em: http://www.metmuseum.org/toah/hd/
jldv/hd_jldv.htm. Acesso em: 16 out. 2019.
GALITZ, K. C. Romanticism. Heilbrunn Timeline of Art History. Nova Iorque: The Metropolitan Museum 
of Art, 2004b. Disponível em: http://www.metmuseum.org/toah/hd/roma/hd_roma.htm. Acesso em: 20 out. 
2019.
GOMBRICH, E. H. A história da arte. 16 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012.
HOUAISS, A. (org.). Houaiss Eletrônico. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. 1 CD-ROM.
JANSON, H. W.; JANSON, A. Iniciação à História da Arte. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
DE VERGNETTE, F. Une Odalisque. Louvre Museum, 2019. Disponível em: https://www.louvre.fr/en/
oeuvre-notices/une-odalisque. Acesso em: 16 out. 2019.
8
Expressões pós-modernas
Vania Maria Andrade
A partir do final do século XIX, os movimentos e expressões artísticas passam a se modificar 
com muito mais velocidade do que nos períodos anteriores. A transição entre o Modernismo e o 
Pós-Modernismo é muito variada em estilos e acontecimentos históricos, visto que o século XX 
presencia duas grandes guerras e uma série de mudanças sociais que tem reflexos no mundo todo 
praticamente ao mesmo tempo.
Antes de abordarmos o Pós-Modernismo, vamos destacar alguns dos principais referenciais 
artísticos que se destacaram entre o fim do século XIX e o início do século XX, trilhando um 
caminho de transição entre o Modernismo e o Pós-Modernismo. Como o assunto é muito vasto 
e permeado de diferentes estilos, vamos abordar, neste capítulo, as vertentes surgidas a partir do 
Pós-Impressionismo, em seguida vamos discutir algumas das principais vanguardas do início do 
século XX para depois chegarmos às expressões pós-modernas.
8.1 Conceito de Pós-Modernismo
Na primeira metade do século XX, uma série de mudanças propiciou o surgimento do Pós-
-Modernismo por volta dos anos de 1960. Contudo, essas modificações começaram a aparecer na 
forma de pensar e de se expressar desde os anos finais do século XIX, quando surge a fotografia e a 
pintura se liberta das representações figurativas, permitindo que os artistas se aprofundassem em 
outras questões. Vejamos, a seguir, como essa trajetória foi construída gradativamente.
8.1.1 Pós-Impressionismo
Alguns artistas pós-impressionistas eram contemporâneos aos impressionistas e desfrutavam 
desse convívio, porém tinham outros anseios. Esses artistas apresentaram uma produção artística 
diferente, sobretudo em relação ao estudo de luz e cor, que se tornou um traço característico desse 
grupo. Deste modo, os pintores Paul Gauguin (1848-1903), Georges Seurat (1859-1891), Vincent 
van Gogh (1853-1890) e Paul Cézanne (1839-1906) partiram em direção a outras pesquisas sobre 
a expressão pictórica, apresentando uma produção artística específica, por isso, esses pintores são 
considerados pós-impressionistas.
Paul Cézanne participava do círculo de amigos dos pintores impressionistas, entretanto, as 
suas preocupações na pintura iam além das do grupo, que pesquisava a respeito dos efeitos da luz 
na pintura ao ar livre. Amigo de infância do escritor Émile Zola (1840-1902), acabou por viver uma 
vida mais isolada na região da Provença, na França, e desenvolveu uma produção artística que o fez 
ser considerado um dos mais influentes da pintura moderna.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo146
Os primeiros trabalhos de Cézanne demonstram a herança do pintor romântico Eugène 
Delacroix (artista que vimos no Capítulo 7). Com o passar do tempo, o artista passou a pintar ao ar 
livre na companhia do pintor impressionista Camille Pissarro (1830-1903) e começou a apresentar 
em suas pinturas a preocupação em utilizar a cor criando formas. É a partir desse momento que 
Cézanne começa a desenvolver a sua teoria de que devemos enxergar a paisagem transformando-a 
em formas geométricas. Argan (2008, p. 112) destaca que:
numa carta de 1904, ele escreve que é preciso “tratar a natureza conforme o cilindro, 
a esfera, o cone, o conjunto posto em perspectiva”, e pretendeu-se ver nessa fase 
uma antecipação teórica do Cubismo, movimento que inquestionavelmente 
descende de sua pintura, mas interpreta-a em sentido racionalista.
Na Figura 1, a seguir, é possível observar como Cézanne trabalha intercalando camadas de 
cores quentes e frias para dar a sensação de profundidade, colocando o monte mais distante. As 
camadas de cor e direção das pinceladas sugerem as formas, sem precisar utilizar linhas de contornos.
Figura 1 – Monte Sainte-Victoire (c. 1895), de Paul Cézanne.
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Fonte: CÉZANNE, P. Monte Sainte-Victoire. c. 1895. 1 óleo sobre tela, color., 73 x 92 cm. Fundação Barnes, Filadélfia, Estados Unidos.
O artista pintou o Monte Sainte-Victoire exaustivamente, de diferentes ângulos, sempre na 
busca por conseguir representar as formas a partir do uso mais adequado da cor. Observe, na 
Figura 2, uma das últimas de suas pinturas, como o pintor consegue chegar a uma quase abstração, 
fato que explica ele ser considerado um dos precursores do Cubismo. Compare as duas pinturas e 
veja aspectos da trajetória da produção artística de Cézanne (GOMBRICH, 2012).
Expressões pós-modernas 147
Figura 2 – Monte Sainte-Victoire (c. 1906), um dos últimos trabalhos de Paul Cézanne.
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Fonte: CÉZANNE, P. Monte Sainte-Victoire. c. 1906. 1 óleo sobre tela, color., 63,5 x 83 cm. Museu Kunsthaus, Zurique, Suíça.
As pesquisas do pintor Georges Seurat também tinham a cor como objetivo, mas com 
outro enfoque, seguindo mais as ideias impressionistas. Ele se fundamentou nos estudos sobre 
óptica e a teoria das cores, acreditando que caso as cores fossem aplicadas puras na tela, em pontos 
aproximados ou se sobrepondo, a mistura entre elas ocorreria no olho do espectador. Desta forma, 
Seurat desenvolveu a técnica do divisionismo, que também ficou conhecida como pontilhismo. 
Argan (2008, p. 117) descreve essa técnica:
Um problema central é a divisão dos tons: como a luz é a resultante da combinação 
de diversas cores (a luz branca, de todas), o equivalente da luz na pintura não 
deve ser um tom unido, nem ser obtido com a mistura das tintas, e sim resultar 
da aproximação de vários pontinhos coloridos que, a certa distância, recompõe 
a unidade do tom e tornam a vibração luminosa.
A temática da obra 
Um domingo na Grande Jatte 
(Figura 3) é típica dos artistas 
impressionistas, mas a forma de 
representá-la é mais elaborada, 
com base em teorias científicas. 
As figuras são geometrizadas 
(cilindros e cones) e posicionadas 
de maneira calculada, construindo 
a composição por meio de linhas 
verticais e horizontais.
Figura 3 – Um domingo na Grande Jatte (1884-1886), de Georges Seurat
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Fonte: SEURAT, G. Um domingo na Grande Jatte. 1884-1886. Óleo sobre tela, color., 207,5 x 308,1 
cm. Instituto de Artes de Chicago, Chicago, Estados Unidos.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo148Seurat tornou-se o líder de um grupo de artistas que passaram a desenvolver suas ideias, 
denominados de neo-impressionistas, envolvendo a relação de arte e ciência em suas obras. Tanto 
Cézanne quanto Seurat tinham afinidade com o Impressionismo, mas a arte do autodidata Van 
Gogh tomou uma direção diferente, como destaca Gombrich (2012, p. 546):
De fato, Van Gogh também absorvera as lições do Impressionismo e do 
pontilhismo de Seurat. Gostava da técnica de pintar em pontos e pinceladas de 
cor pura, mas nas suas mãos tal técnica tornou-se algo diferente em relação ao que 
os artistas de Paris pretendiam realizar com ela. Van Gogh usou cada pincelada 
não só para dispersar a cor, mas também para externar a sua própria excitação.
Em razão da intensidade dessa expressividade, Van Gogh chegou a ser considerado um 
precursor do Expressionismo, movimento que surgiria posteriormente. Na Figura 4, a seguir, 
podemos destacar essa expressiva característica nas pinceladas ondulantes que colocam todos os 
elementos da composição em movimento, como labaredas. Além disso, o artista carregava o pincel 
com certa quantidade de tinta, fazendo uso da cor empastada em camadas grossas de tinta.
Figura 4 – Um campo de trigo com ciprestes (1889), de Vincent van Gogh.
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Fonte: VAN GOGH, V. Um campo de trigo com ciprestes. 1889. 1 óleo sobre tela, color., 73 x 92 cm. Galeria Nacional, Londres, Reino 
Unido.
A temática de Van Gogh é muito variada, partindo de problemas sociais – por exemplo, 
quando retrata a vida de carvoeiros –, passa por simples objetos ou ambientes – como um par de 
botas velhas ou o seu quarto – e chega a paisagens diversas. O artista pintava compulsivamente e 
escrevia muitas cartas para Theo (1857-1891), seu irmão e protetor. Nessas cartas, descrevia muitas 
de suas produções detalhadamente, cores, soluções para composições e ideias para pintar. Além 
disso, relatava suas angústias, seus sofrimentos e tudo que se passava pela sua mente.
Na pintura em que descreve seu próprio quarto (Figura 5) quando viveu na cidade de Arles, 
na França, o artista escreveu para o irmão: “desta vez trata-se simplesmente de meu quarto, só que 
aqui a cor é que tem que fazer a coisa e, emprestando através de sua simplificação um estilo maior 
Expressões pós-modernas 149
às coisas, sugerir o descanso ou o sono em geral. Enfim, a visão do quadro deve descansar a cabeça, 
ou melhor, a imaginação” (VAN GOGH, 1991, p. 221).
Figura 5 – O quarto (1888), de Vincent van Gogh.
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Fonte: VAN GOGH, V. O quarto. 1888. 1 óleo sobre tela, color., 72 x 90 cm. Museu Van Gogh, Amsterdã, Holanda.
O quarto retratado nessa obra pertence à Casa Amarela, local onde o artista conviveu 
com Paul Gauguin por um breve e conturbado período, no final de 1888. Com a vida e o 
temperamento completamente diferente de Van Gogh, Gauguin era um colecionador de arte 
e renunciou à vida estável de negociador financeiro para se dedicar exclusivamente à pintura. 
Participou de exposições impressionistas e viajou para diversos lugares na busca de uma vida 
mais nativa (JANSON; JANSON, 2001).
A pintura De onde nós viemos? O que nós somos? Onde estamos indo? (Figura 6), uma das 
mais conhecidas de Gauguin, foi feita durante o período em que ele morou no Taiti, na Polinésia 
Francesa. Esse é o seu maior trabalho, em que o artista representa a paisagem da ilha com o mar e 
as montanhas vulcânicas ao fundo.
Figura 6 – De onde nós viemos? O que nós somos? Onde estamos indo? (1897), de Paul Gauguin.
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Fonte: GAUGUIN, P. De onde nós viemos? O que nós somos? Onde estamos indo?. 1897. 1 óleo sobre tela, color., 139,1 x 374,6 cm. Museu 
de Belas Artes, Boston, Estados Unidos.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo150
Além desses, outros artistas pós-impressionistas, como o francês Henri de Toulouse Lautrec 
(1864-1901) e o austríaco Gustave Klimt (1862-1918), desejavam fazer algo a mais. Para esses, a 
arte impressionista não satisfazia mais seus anseios, por isso eles partiram em direção a caminhos 
por vezes solitários, mas que abriram espaço para as vanguardas do século XX.
8.1.2 O início do século XX
Na França dos primeiros anos do século XX, um grupo de artistas, dentre eles André Derain 
(1880-1954) e Maurice Vlaminck (1876-1958), liderados por Henri Matisse (1869-1954), foi 
chamado de fauves (feras) por utilizarem em suas pinturas pinceladas de cores vívidas.
Na obra Alegria da Vida (Figura 7), de Matisse, podemos observar o uso que o artista faz das 
cores aplicadas em uma expressão puramente emocional, não correspondendo ao que enxergamos 
na realidade da natureza. A temática também não segue a da observação de pessoas em um parque 
ou praça, como fariam os impressionistas. Matisse faz uma representação teatral, como seriam as 
pinturas clássicas de Ticiano, com as figuras femininas em poses lânguidas. Essa pintura lembra a 
obra As grandes banhistas (1900-1906), de Cézanne, em que a composição também é pensada do 
mesmo modo, com as figuras femininas e a vegetação envolvendo a cena como uma cortina.
Além de todas essas características, a obra de Matisse mostra a simplicidade da 
composição onde tudo ocupa um lugar bem planejado (inclusive os espaços vazios) e a 
expressividade na cor. O pintor começa também a romper com as regras da representação 
em escala; é possível observar que o tamanho das figuras não obedece a uma proporção de 
representação (JANSON; JANSON, 2001).
Figura 7 – Alegria da Vida (1905-1906), de Henri Matisse.
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Fonte: MATISSE, H. Alegria da Vida. 1905-1906. 1 óleo sobre tela, color., 176,5 x 240,7 cm. Fundação Barnes, Filadélfia, Estados Unidos.
Quando Pablo Picasso (1881-1973) viu essa pintura de Matisse, sentiu-se desafiado a criar 
algo inovador e grandioso. Em 1907, o pintor produziu As senhoritas de Avignon, uma de suas obras 
mais famosas. Com essa obra, Picasso deu os primeiros passos no que viria a ser o movimento 
cubista. Argan (2008, p. 302) destaca as principais características desse movimento:
lânguido: 
que evoca 
ou engendra 
ternura, doçura, 
suavidade; 
voluptuoso, 
sensual. 
Expressões pós-modernas 151
1. a não distinção entre imagem e fundo, a eliminação da sucessão dos planos 
numa profundidade ilusória;
2. a decomposição dos objetos e do espaço segundo um único critério estrutural; 
a concepção da estrutura não mais como esqueleto ou armação fixa, e sim 
como processo de agregação formal;
3. a sobreposição e justaposição de múltiplas visões, a partir de diferentes 
ângulos, com o propósito de apresentar os objetos não só como se mostram, 
mas também como são.
Além disso, novas técnicas e materiais começaram a ser utilizados, rompendo os limites do 
que pode ser uma pintura, agregando objetos, colando e escrevendo no suporte (tela, madeira etc.).
Nesse mesmo período, enquanto o Fauvismo surgia na França, o Expressionismo se 
destacava na Alemanha. O termo só foi definido por volta de 1911, mas desde 1905 artistas alemães 
iniciaram uma produção em oposição ao Impressionismo, com as mesmas características dos 
fauves, mas com outras especificidades. 
Os expressionistas representavam a vida cotidiana, porém, com certa 
rudeza; tinham como inspiração a arte de povos primitivos, a mesma 
que também inspirou Picasso na produção de As senhoritas de Avignon 
(ARGAN, 2008). Essa obra pode ser visualizada acessando o QR code 
ao lado.
Dois grupos expressionistas se destacaram: Die Brücke (A ponte) e Der Blaue Reiter (O 
cavaleiro azul). O grupo A ponte foi criado em 1905 e dissolveu-se antes da Primeira Guerra 
Mundial (1914-1918). Entre os principais artistas que o formavam estão: Ernst Ludwig Kirchner 
(1880-1938), Emil Nolde1 e Otto Mueller (1874-1930). 
Do grupo O cavaleiro azul se destaca Wassily Kandinsky 
(1866-1944), que propõe que a arte pode se comunicar 
apenas por meio de linhas e cores, fazendo surgir, desta 
forma, a arte abstrata. Segundo Janson e Janson (2001, 
p. 363), “seu objetivo era dotar a formae a cor de um 
significado puramente espiritual (conforme dizia ele), 
eliminando toda semelhança com o mundo físico”.
Kandinsky (Figura 8) era muito místico e gostava 
de relacionar a pintura com a música, dando nomes 
musicais a muitas de suas obras. Muitas de suas pesquisas 
sobre a arte estão em livros que escreveu e até hoje são 
referências para artistas, como as obras Do espiritual na 
arte (1912) e Ponto, linha, plano (1926).
1 Forma pela qual Hans Emil Hansen (1867-1956) era conhecido.
Figura 8 – Sons contrastantes (1924), 
de Wassily Kandinsky.
Fonte: KANDINSKY, W. Sons contrastantes. 1924. 
1 óleo sobre papelão, color., 70 x 49,5 cm.
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História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo152
De acordo com Argan (2008), foi em 1909 que 
surgiu o que se pode considerar realmente o primeiro 
movimento de vanguarda: o Futurismo, que propôs 
um rompimento radical com tudo o que foi feito 
anteriormente.
O líder do movimento literário foi o italiano 
Filippo Tommaso Marinetti (1876-1944), que lançou 
o Manifesto Futurista (1909). No ano seguinte é 
lançado o Manifesto da pintura futurista (1910), 
assinado pelos artistas Umberto Boccioni (1882-
1916), Carlo Carrà (1881-1966), Luigi Russolo 
(1885-1947), Gino Severini (1883-1966) e Giacomo 
Balla (1871-1958). O objetivo dos artistas futuristas 
era capturar a ideia de modernidade, as sensações 
de velocidade, movimento e valorização do 
desenvolvimento industrial.
Boccioni, artista de referência do Futurismo, 
consegue sintetizar a ideia do movimento na escultura Formas únicas de continuidade no espaço 
(Figura 9), que lembra a escultura grega antiga Vitória de Samotrácia (Figura 10) em sua estrutura.
Em 1917, Marcel Duchamp (1887-1968) 
causou indignação ao tentar expor um mictório 
produzido em fábrica que ele virou ao contrário e 
assinou um pseudônimo com tinta preta (Figura 11). 
O artista havia criado dessa forma os ready-mades, 
isto é, o ato de nomear qualquer objeto como arte. 
Esta provocação de Duchamp desencadeou a reflexão 
sobre questionamentos que até hoje são discutidos a 
respeito do que é arte.
As expressões artísticas provocativas eram a 
marca registrada do movimento dadaísta que se 
manteve entre 1914 e 1918, em diversas partes do 
mundo.
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Figura 9 – Formas únicas de continuidade 
no espaço (1913), de Umberto Boccioni.
Fonte: BOCCIONI, U. Formas únicas de continuidade no 
espaço. 1913. 1 escultura em bronze, 111,2 x 88,5 x 40 cm. 
Museu de Arte Moderna, Nova Iorque, Estados Unidos.
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Figura 10 – Vitória de Samotrácia (c. 190 
a.C.).
Fonte: VITÓRIA de Samotrácia, c. 190 a.C. 1 escultura em 
mármore, 3,28m. Museu do Louvre, Paris, França.
Expressões pós-modernas 153
Figura 11 – Fonte (1917), de Marcel Duchamp (reprodução).
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Fonte: DUCHAMP, M. Fonte (reprodução). 1917. Cerâmica vidrada com tinta preta, 38.1 x 48.9 x 62.55 cm. Tate Modern, Londres, Reino 
Unido.
Sucedendo ao Dadaísmo, no final de 1922, surge o Surrealismo, quando os estudos sobre o 
inconsciente e a psicanálise de Sigmund Freud começam a influenciar os grupos intelectuais. Em 
1924, é publicado o Manifesto do Surrealismo, de André Breton (1896-1966). Artistas como Yves 
Tanguy (1900-1955), Max Ernst (1891-1976) e René Magritte (1898-1967) apresentam produções 
que misturam motivos estranhos como se fossem narrativas surgidas em sonhos, explorando o 
subconsciente. Max Ernst (Figura 12), por exemplo, explorava a colagem de objetos.
Figura 12 – Mon ami Pierrot (1970), de Max Ernst.
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Fonte: ERNST, M. Mon ami Pierrot. 1970. Coleção particular.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo154
Ernst, conhecido por sua criatividade, começou a utilizar novas técnicas na produção de seus 
trabalhos, além do desenho, pintura e escultura. Ele desenvolveu uma técnica de decalcomania, 
que consistia em um aperfeiçoamento do ato de decalcar, isto é, esfregar o lápis ou tinta sobre 
superfícies diferentes. Com essa técnica, o artista conseguia imagens manchadas para produzir 
formas. Suas produções mesclavam diferentes técnicas para expressar as ideias do Surrealismo.
8.1.3 Pós-Modernismo
Com a invasão dos nazistas na Europa durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), 
muitos artistas migraram para os Estados Unidos – mais especificamente para a cidade de Nova 
Iorque –, fato que promoveu uma grande mudança de centro de referência cultural mundial. Até 
então, a Europa era considerada o centro intelectual e artístico.
Com a Europa dilacerada pela guerra, os Estados Unidos se fortaleceram mundialmente 
como potência econômica e política; o direcionamento da arte também refletiu essa mudança de 
rumos. Os caminhos abertos pelas vanguardas artísticas do início do século e o interesse crescente 
pela abstração geométrica permitiram que os artistas experimentassem novas possibilidades de se 
expressar e de experimentar, descobrindo novas linguagens (THE UNITED..., 2004)
É nesse contexto pós-guerra do final da década de 1940 que surgiu uma vanguarda 
americana que ficou conhecida como Expressionismo abstrato e que se revela nas produções de 
artistas como Jackson Pollock (1912-1956), Willem de Kooning (1904-1997), Franz Kline (1910-
1962), Lee Krasner (1908-1984) e Mark Rothko (1903-1970). Esses artistas romperam com as 
convenções e inovaram trabalhando com a improvisação e a espontaneidade, tendo o 
abstracionismo como base e enfatizando um gestual dinâmico. Associado ao Expressionismo 
abstrato está a action painting, ou seja, pintura de ação, estilo em que o movimento físico está 
envolvido diretamente no gestual (PAUL, 2004).
Com base na action painting, Jackson Pollock desenvolveu uma técnica 
de pintura chamada dripping, que consiste em gotejar ou borrifar a 
tinta mais fluida sobre a tela estendida no chão, produzindo marcas 
espontâneas. Para conhecer essa técnica, acesse o QR code ao lado.
O mesmo vigor das pinceladas da action painting podem ser identificadas nas obras da 
pintora Lee Krasner – que se casou com Pollock – e Willem de Kooning.
Já Mark Rothko desenvolveu um trabalho diferente; seus trabalhos 
mostram um novo estilo, que é a pintura por campos de cor, que 
consiste em cobrir a tela com manchas coloridas com uma aquarela. 
Acesse o QR code ao lado para conhecer um dos trabalho desse artista.
Expressões pós-modernas 155
Com base nessas novas possibilidades de expressão e do contexto social em que o mundo 
se inseria nesse período, veremos a seguir os principais acontecimentos e expressões artísticas 
decorrentes do Pós-Modernismo, como a arte conceitual.
8.2 O mundo pós-guerra e os movimentos de contracultura
O mundo mal se recuperava das duas grandes guerras e já presenciava mudanças no 
foco artístico intelectual de continente. Muitos artistas migraram da Europa para os Estados 
Unidos para fugir desses conflitos e o centro intelectual e artístico mundial se transferiu para 
Nova Iorque. Além disso, novos episódios políticos e sociais mobilizavam movimentos a favor 
de mudanças. Essas mudanças alteraram em um curto espaço de tempo o modo de pensar da 
sociedade, que acabou reagindo de modo radical.
Os movimentos da contracultura reagiam ao conservadorismo e repressão das gerações 
anteriores, ansiando por maior liberdade de comportamentos por meio da revolução sexual e 
do uso da pílula anticoncepcional. Além disso, a participação dos Estados Unidos na Guerra do 
Vietnã, em 1960, suscitou revolta e protestos; em seguida, o escândalo de Watergate favoreceu 
a queda de credibilidade da política americana (WINTHER et al., 2019). Todos esses fatores 
influenciaram a nova maneira de ver o mundo na segunda metade do século XX, influenciando 
também os modos de se expressar.
O uso da imagem também começa a ser visto por um novo ângulo, permitindo maior 
conscientização, como produtores e consumidores influenciados por essas imagens. O consumo 
de imagens aumentou significativamente com o avanço tecnológicoe o conceito de cultura de 
massa, como destaca Argan (2008, p. 509):
O aparato tecnológico-organizativo da economia industrial não limita, e sim 
potencia a função da imagem. Existem grandes indústrias que produzem e 
vendem apenas imagens: o cinema, a radiotelevisão, a publicidade etc. Sem a 
informação por meio da imagem, não existiria uma cultura de massa, e a cultura 
de uma sociedade industrial não pode ser senão uma cultura de massa.
A partir de 1970, novas mídias começam a ser utilizadas como linguagem de arte, os 
computadores passam a fazer parte da vida dos indivíduos, tornando-se cada vez menores e 
mais baratos.
Os americanos Andy Warhol (1928-1987), Roy Lichtenstein (1923-1997) e James Rosenquist 
(1933-2017) desenvolveram suas produções trazendo a técnica da serigrafia para o campo de 
arte. Antes deles, a técnica da serigrafia era utilizada apenas para fins de impressão comercial 
adequados para a larga escala e justamente apropriados para a cultura de massa. Essa forma de 
expressão artística ficou conhecida como Pop art, a qual parece enaltecer a cultura de massa e, ao 
mesmo, tempo questioná-la.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo156
Warhol (Figura 13) tornou-se um dos artistas mais famosos de seu tempo, reproduzindo sua 
própria imagem e a imagem de celebridades, como Marilyn Monroe (1926-1962), Elizabeth Taylor 
(1932-2011), Jacqueline Kennedy Onassis (1929-1994), entre outros. São famosas também as obras 
em que reproduz latas de sopa Campbell e o refrigerante Coca-Cola.
Figura 13 – Painel no Andy Warhol, Museu de Arte Moderna, em Medzilaborce, Eslováquia.
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Lichtenstein (Figura 14) explorou a linguagem das histórias em quadrinhos. Suas obras são 
grandes quadrinhos, para destacar exatamente o que o caracteriza: escrita em balões, imagens 
pontilhadas imitando a técnica de impressão industrial etc.
Figura 14 – El Cap de Barcelona (1991-1992), de Roy Lichtenstein
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Fonte: LICHTENSTEIN, Roy. El Cap de Barcelona. 1991-1992. 1 escultura em cerâmica, Barcelona, Espanha.
Expressões pós-modernas 157
8.3 Expressões pós-modernas
Por volta das décadas de 1960 e 1970, surgiu o termo arte conceitual para definir as novas 
expressões artísticas que valorizam mais a ideia ou o conceito da obra do que o objeto finalizado. 
As origens da arte conceitual remetem aos ready-mades de Marcel Duchamp. Com a possibilidade 
de fazer arte a partir de qualquer coisa, os artistas conceituais buscam novos desafios para 
expressar suas ideias, pois não estão mais presos a técnicas e materiais de pintura ou escultura, 
podendo extrapolar esses limites.
O trabalho de Sol LeWitt (1928-2007) é um exemplo de arte 
conceitual, uma vez que não era ele quem executava a obra, mas 
sim descrevia como ela deve ser produzida. Para a obra Uma parede 
dividida verticalmente em quinze partes iguais, cada uma com uma 
direção e cor diferentes da linha e todas as combinações (1970), que 
pode ser acessada no QR code ao lado, o artista descreveu todas as 
instruções para que assistentes executassem o trabalho na parede.
Nesse trabalho, as linhas foram traçadas em grafite colorido de acordo com as coordenadas, 
e para cada cor corresponde um tipo diferente de linha: amarelo para horizontal, preto para vertical, 
vermelho para diagonal da esquerda para a direita e azul para diagonal da direita para a esquerda 
(CONCEPTUAL..., 2019).
Na obra de Joseph Kosuth (1945-), Uma e três cadeiras (1965), o 
artista colocou lado a lado uma cadeira dobrável de madeira, uma 
fotografia de uma cadeira e a definição do dicionário da palavra 
cadeira escrita na parede. Para conhecer essa obra, acesse o QR 
code ao lado.
A performance, ou arte performática, é a expressão artística que envolve uma ação do 
próprio artista, do espectador ou outro participante, podendo acontecer ao vivo ou ser gravada 
para ser apresentada em vídeo. Os dadaístas trabalhavam com esse tipo de arte em suas reuniões. 
Ewa Partum (1945-) fez uso da performance na obra Poesia ativa (1971), em que espalhou pelo 
chão da cidade e pelo campo letras do alfabeto recortadas em papel.
O artista Joseph Beuys (1921-1986) chama suas performances de ações. Na ação Gosto da 
América e a América gosta de mim (1974), o artista se envolveu em um cobertor e passou três dias 
em uma sala com um coiote, destacando um posicionamento político contra a Guerra do Vietnã.
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo158
Marina Abramović (1946-) é uma das pioneiras da arte performática. Sua performance mais 
longa foi A artista está presente (Figura 15), que aconteceu no Museu de Arte Moderna em Nova 
Iorque. O espectador era convidado a sentar na cadeira vazia que estava em frente a uma mesa. 
Do outro lado, em outra cadeira, Abramović permanecia sentada em silêncio olhando para o 
espectador. A instrução na entrada do espaço limitado por uma fita no chão era para que se sentasse 
em silêncio na frente da artista pelo tempo que quisesse; o registro foi feito em fotos e vídeos.
Figura 15 – A artista está presente (2010), performance de Marina Abramović.
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A união da performance com a natureza pode ser vista na obra Uma linha feita ao andar 
(1967), de Richard Long (1945-). O artista andou para frente e para trás até que a grama sofresse o 
impacto e a reação da luz solar, produzindo uma linha. Ele fez um registro fotográfico do processo.
Seguindo essa expressão entre arte e natureza, temos a land art, ou “arte da terra” que consiste 
na interferência do artista na paisagem, como a obra de Robert Smithson (1938-1973), Spiral Jetty 
(Figura 16), em que ele produziu uma gigantesca espiral sobre um lago em Utah, nos Estados Unidos.
Figura 16 – Spiral Jetty (1970), de Robert Smithson.
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Fonte: SMITHSON, R. Spiral Jetty. 1970. Great Salt Lake, Utah, Estados Unidos.
Expressões pós-modernas 159
A land art se caracteriza não só pela interferência na paisagem urbana ou rural, nela deve 
haver uma interação da obra com a natureza, ou seja, não basta expor uma escultura em um 
bosque. A obra deve dialogar com a natureza na qual está interferindo. Dentro desse conceito, o 
artista Christo2 “embalou” toda a Ponte Neuf, sobre o Rio Sena (Paris, França) em um tecido bege 
(Figura 17), além de ter embalado também diversos outros monumentos e árvores.
Figura 17 – Ponte Neuf embalada (1985), de Christo.
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Fonte: CHRISTO. Ponte Neuf embalada. 1985. Paris, França.
A arte conceitual não apresenta limites para sua expressão. Pode ser expressa por meio de 
outras formas de linguagem, como a body art, em que o artista utiliza o corpo como suporte da 
arte. Mas as linguagens podem se mesclar e utilizar de diversas ferramentas para que se transmita 
a mensagem do artista.
Considerações finais
A história da arte é uma história sem fim. Ela continua sendo construída a cada dia e, por 
mais que a gente tente, é impossível abordar todos os artistas que apresentam obras significativas e 
que representam determinados períodos históricos.
Traçamos neste capítulo um panorama geral da trajetória complexa e variada de estilos, 
movimentos e expressões que a linguagem da arte moderna e pós-moderna vem nos mostrando 
desde os últimos anos do século XIX, ao longo do século XX e em algumas produções do século 
XXI, em ritmo cada vez mais frenético de mudanças e mobilizações.
Muitos dos estilos e movimentos apresentados continuam a ser abordados por inúmeros 
artistas, com as devidas contextualizações atualizadas. Por isso, é sempre bom lembrar que a 
2 Forma popular pela qual é conhecido o artista búlgaro Christo Vladimirov Javacheff (1935-).
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo160
nomenclatura e as datas dos períodos artísticos são apenas referências para facilitar a orientação 
e compreensão histórica. Os artistas de geraçõesanteriores influenciaram a produção dos artistas 
das gerações seguintes, pois fazem parte da história, da trajetória que foi trilhada pela linguagem da 
arte para se chegar aonde chegou. Se hoje é possível criar do modo que os artistas estão produzindo, 
é porque todos os artistas anteriores abriram esses caminhos.
Ampliando seus conhecimentos
• O SORRISO de Mona Lisa. Direção: Mike Newell. Produção: Fredward Johnanson. 
Intérpretes: Julia Roberts, Kirsten Dunst, Julia Stiles, Maggie Gyllenhaal, Ginnifer 
Goodwin, Dominic West. Roteiro: Lawrence Konner, Mark Rosenthal. Columbia Pictures 
do Brasil, 2003. (114 min).
O filme destaca a experiência da professora Katharine Watson (Julia Roberts), de história 
da arte, ao lecionar em uma famosa escola tradicional e o impacto que traz para a 
comunidade escolar a abordagem da arte contemporânea. Alguns artistas importantes, 
como Jackson Pollock, são abordados quando a professora lança algumas propostas de 
reflexão a respeito da expressão artística.
• POLLOCK. Direção: Ed Harris. Intérpretes: Amy Madigan, Bud Cort, Ed Harris, Jeffrey 
Tambor, Jennifer Connelly, John Heard, Marcia Gay Harden, Val Kilmer. Roteiro: Barbara 
Turner, Susan J. Emshwiller. Columbia Pictures do Brasil, 2001. (117 min).
O filme narra a biografia do pintor Jackson Pollock desde o início da sua carreira – com 
a insistência da esposa em ajudar a torná-lo conhecido –, passando pelo período da fama 
até a sua morte trágica e prematura. Muitas cenas mostram o processo de criação do 
artista e a sua técnica do dripping.
• CEZANNE e eu. Direção: Danièle Thompson. Intérpretes: Guillaume Gallienne, 
Guillaume Canet, Alice Pol. Roteiro: Danièle Thompson. 2019. Media Bridge, 2019. (114 
min).
O filme conta a história da amizade entre Paul Cézanne (Guillaume Gallienne) e Émile 
Zola (Guillaume Canet), que viriam a se tornar, respectivamente, pintor e escritor. Desde 
o início da amizade, quando eram colegiais, os amigos precisam superar a diferença 
social, pois Cézanne é rico e Zola é pobre. Ao longo dos anos os amigos superam outras 
diferenças, de acordo com as escolhas que vão fazendo.
Atividades
1. Escolha três artistas pós-impressionistas, descreva as características de suas produções e as 
razões que os fazem ser considerados como tal.
Expressões pós-modernas 161
2. Destaque alguns dos principais acontecimentos históricos e sociais do século XX e o modo 
que estes influenciaram os rumos da arte.
3. Contextualize e descreva o que é a arte conceitual e cite algumas de suas mais conhecidas 
expressões.
Referências
ARGAN, G. C. Arte moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
CONCEPTUAL-ART. Tate. Disponível em: https://www.tate.org.uk/art/art-terms/c/conceptual-art#. Acesso 
em: 26 out. 2019.
GOMBRICH. E. H. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC, 2012.
JANSON, H. W.; JANSON, A. F. Iniciação à História da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
PAUL, S. Abstract Expressionism. Heilbrunn Timeline of Art History. Nova Iorque: Museu Metropolitano de 
Arte, out. 2004. Disponível em: https://www.metmuseum.org/toah/hd/abex/hd_abex.htm. Acesso em: 25 
out. 2019.
THE UNITED States and Canada, 1900 A.D.–present. Heilbrunn Timeline of Art History. Nova Iorque: 
The Metropolitan Museum of Art, out. 2004. Disponível em: http://www.metmuseum.org/toah/
ht/?period=11&region=na. Acesso em: 25 out. 2019.
VAN GOGH, V. Cartas a Theo. Porto alegre: LPM, 1991.
WINTHER, O. O. et al. The civil rights movement. Britannica.com. Disponível em: https://www.britannica.
com/place/United-States/The-civil-rights-movement. Acesso em: 25 out. 2019.
Gabarito
1 Teorizações sobre a arte
1. Enquanto a palavra arte é de origem latina e designava, na Antiguidade romana, o conjunto das 
regras e habilidades necessárias à realização de um ofício qualquer, o termo tékhne é de origem 
grega e era empregado, inclusive por Aristóteles, para designar as habilidades necessárias à 
realização de uma atividade regrada cujo conhecimento poderia ser repassado adiante. Aristóteles 
estabeleceu uma diferença entre a arte com técnica e a arte como criação ou imitação, nominando 
essa segunda forma como arte poética. Segundo o filósofo, a função da arte poética é atingir uma 
verossimilhança com o real para atingir no expectador um prazer contemplativo, decorrente do 
reconhecimento da relação entre a arte mimética e o real. A palavra estética tem suas origens 
etimológicas no termo grego aisthetiké, que pode ser compreendido como “aquele que percebe, 
aquele que nota algo”. Ao longo do pensamento ocidental, a Estética se afirmou como uma ciência 
filosófica do belo. O uso do termo com essa designação foi empregado pela primeira vez no século 
XVIII, em 1750, pelo filósofo alemão Alexander Gottlieb Baumgarten. 
2. Segundo Gombrich, o que permanece são os artistas e o que se designa por “arte” muda de uma 
época para outra, de um contexto para outro e de uma cultura para outra, portanto, sendo assim 
tão intermitente, a arte não pode ser concebida como uma continuidade.
Há a necessidade da criação e da expressão artística em diferentes épocas e lugares, há contextos 
em que essa criação busca uma verossimilhança com determinada concepção de real, noutros 
há busca por evocar o que transcende esse real, o sobrenatural, ou o que o ultrapassa, podendo 
elevar até sentimentos, ideias e valores nobres, suscitando o sublime, ou chocando pela alusão ao 
que há de mais sombrio e sórdido no ser humano.
Diferentes criações e expressões estéticas – que nos levam a contemplar e a olhar com atenção 
uma obra criada sem uma função técnica – podem ser consideradas artísticas em diferentes 
contextos, porém em todas elas há algo que permanece: o fato de serem artefatos humanos, feitos 
de palavras, imagens, texturas ou formas, que trazem em si a capacidade de nos afetar, de nos tirar 
do cotidiano e do lugar comum, de nos elevar ao conceito mais abstrato de absoluto, de sagrado 
ou de nos interiorizar até o ponto de atingir o mais íntimo de nós. A arte pode tudo isso, fato que 
a torna tão antiga e tão importante.
3. O conceito de juízo de gosto em Kant pressupõe a tentativa do estabelecimento de parâmetros 
objetivos para a apreciação da obra de arte. De acordo com Kant, a obra de arte, ao se comunicar 
com a sensibilidade das pessoas, instigando opiniões e sentimentos, estabelece vias a partir das 
quais pode instigar a reflexão e ser pensada objetivamente.
É possível pensar no gosto como algo que pode ser discutido, passando-se do gosto subjetivo 
para o refinamento do gosto e, portanto, para a reflexão estética, que tem por base uma espécie de 
acordo sobre a beleza – que é uma ideia universal e, portanto, uma ideia da razão.
164 História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo
Como parâmetro para se discutir a beleza, Kant propõe o sublime – conceito que expressa o que 
podemos perceber externamente, como o que ultrapassa a percepção dos nossos sentidos e a 
compreensão do nosso intelecto: o ilimitado, o infinito, o absoluto.
2 Arte rupestre no Ocidente e nas Américas
1. As manifestações da arte pré-histórica – notadamente pinturas rupestres e estatuária paleolítica – 
embora impressionem pela riqueza de detalhes, naturalismo e perfeição (mesmo dispondo de materiais 
e técnicas escassos) parecem estar mais relacionadas à evocação de uma concepção sobrenatural 
das imagens (magia) do que a uma preocupação estética. A riqueza de detalhes e a atenção com o 
naturalismo podem se vincular à necessidade de imitar com a maior precisão o real natural, ao qual os 
homens e mulheres primitivos precisavam se relacionar e de alguma forma controlar para assegurar 
sua sobrevivência. Para eles, talvez não existisse a diferença entre o real natural, sua representação 
e o que se fazia nela. Por exemplo, um bisão atingido por uma lança representada por uma pintura 
aconteceria também no real natural.
2. A pintura rupestre pré-histórica (paleolítica) se expressa, sobretudo, na Europa, mas também em 
regiões da Áfricae América. Elas eram feitas com materiais naturais (alguns de origem orgânica), por 
meio dos quais os artistas paleolíticos obtinham vários tons, atingindo quase um efeito policromático. 
As pinturas retratavam animais de grande porte – especialmente touros, bisões e cavalos – atingidos 
por lanças, correndo ou ainda em posição de ataque. Esses animais constituíam a base de alimentação 
desses grupos, que viviam basicamente da caça; a forma naturalista de sua representação não 
manifestava apenas o quanto esses grupos conviviam com esses animais e os conheciam, como 
também ressaltava a necessidade de controle sobrenatural sobre eles. Já na estatuária paleolítica, 
especialmente em relação às estatuetas localizadas na região da Eurásia, predominam figuras 
femininas, com partes do corpo associadas à sexualidade e à fertilidade representadas de maneira 
proeminente, considerados por alguns estudiosos elementos votivos relativos à fertilidade feminina e 
à evocação do sagrado presente na fertilidade da natureza.
3. As manifestações artísticas pré-históricas, no Brasil, ocorreram entre 10 mil anos e o primeiro milênio 
da nossa era. No caso brasileiro e americano, em que a presença do Homo sapiens sapiens se deu, 
segundo as teorias mais aceitas, a partir de 15 a 12 mil anos a.C., as periodizações são diferentes em 
relação à pré-história geral, contudo, há algumas ressonâncias entre elas, como pinturas rupestres 
que representam animais e cenas de caça. A diferença está na fauna local, observamos nas pinturas 
brasileiras, por exemplo, animais como capivaras. Outra diferença é o fato de que nas pinturas 
rupestres da tradição Nordeste, por exemplo, há cenas de dança e de sexo. Essas manifestações não 
aparecem, pelo menos não com a mesma intensidade, em pinturas não brasileiras.
3 A arte entre as primeiras civilizações
1. A arte egípcia, desde as primeiras dinastias do Antigo Império, manifestava-se em diferentes formas 
de expressão: na arquitetura, como grandes monumentos funerários (como as pirâmides de Gizé), 
em templos (como o situado nas ruínas da antiga cidade de Luxor) e em pinturas/relevos murais. Em 
todas essas manifestações percebemos a crença na vida após a morte e no mundo sobrenatural. Esses 
elementos regiam a vida natural e social e estavam presentes no imaginário egípcio, refletindo-se na 
Gabarito 165
arte, que se expressava também nas estatuetas e placas criadas para oferendas aos deuses (arte votiva), 
em monumentos de exaltação de façanhas régias (como a Paleta de Narmer) e em adornos corporais 
ou objetos de propaganda governamental. Além da crença no mundo sobrenatural, notamos na arte 
egípcia o caráter teocrático do poder político, atribuído aos faraós por uma casta sacerdotal poderosa.
2. No Período Paleolítico, as expressões artísticas expressavam uma visão monista do homem em 
relação ao mundo natural e se manifestavam permeadas pelo aspecto mágico atribuído às imagens. 
São presentes as pinturas rupestres e as esculturas, sobretudo das chamadas deusas da fertilidade. 
Já no Período Neolítico, as manifestações artísticas – pinturas, esculturas, monumentos funerários 
e religiosos – expressam uma visão dualista de mundo (com a separação entre aspectos naturais e 
sobrenaturais) e a substituição da magia pelo animismo. 
3. Tanto os gregos quanto os romanos desenvolveram a pintura mural e a estatuária como forma mais 
proeminente de escultura. Entre os gregos, temos o teatro com encenações de tragédias e comédias; 
entre os romanos, as apresentações de espetáculos são destinadas ao grande público. Há ainda que 
se observar que a arte dos mosaicos é uma forte característica da civilização romana e esteve mais 
presente do que na civilização grega. No entanto, em ambas as civilizações, houve a relação entre a 
expressão artística e a evocação do belo.
4 A arte medieval e a evocação do sagrado
1. O conceito Idade Média foi formulado por eruditos do século XVII e aparece, por exemplo, na obra 
História Universal (1685), de Christoph Cellarius. Segundo o autor, a Idade Média seria uma idade do 
meio e de trevas, situada entre dois períodos de grande esplendor: a Idade Antiga e a Idade Nova (ou 
Moderna). A designação trevas se deve, em parte, ao fato de ser um período no qual o pensamento 
crítico, supostamente, experimentou um período de retrocesso; o pensamento filosófico e artístico 
se deu dentro dos parâmetros permitidos pela Igreja Católica. No entanto, essa definição merece 
ser problematizada, pois contrasta com as próprias fontes históricas do período, nas quais se pode 
perceber um estilo próprio de expressão artística imagética (a iluminura) e a eclosão de uma corrente 
filosófica complexa (a escolástica). Observamos também nesse período o surgimento das primeiras 
universidades, a continuidade da pesquisa e do estudo, a escrita e a reprodução de ideias manifestas 
em grandes livros escritos à mão (chamados códices), bem como três estilos artísticos diferenciados: 
bizantino, românico e gótico.
2. À época de Justiniano, o Império Bizantino vivia sob um regime autocrático conhecido como 
cesaropapismo, um tipo de governo em que o poder secular e religioso estava concentrado nas mãos 
do imperador, isto é, em que havia o domínio do imperador sobre a Igreja. A ortodoxia religiosa e a 
extrema hierarquização social e política manifestavam-se na arte bizantina, financiada pelo imperador 
e sua corte. Nos mosaicos e na arquitetura interna das catedrais, assim como nos ícones retratando 
figuras sacras, estão presentes elementos como a rigidez das figuras humanas, o aspecto chapado das 
cores (sem meio-tom) e a hierarquização social, além de uma devoção religiosa intensa.
3. Nas pinturas (iluminuras e afrescos) do estilo românico não há muita variação de cores nem 
a preocupação com proporção de volumes e formas das coisas representadas. O corpo humano é 
representado de maneira pouco realista, com poucos detalhes. Suas formas somente podem ser 
presumidas, pois, quase sempre, aparecem ocultas sob dobras de roupas que cobrem o corpo por 
166 História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo
inteiro. As pessoas são representadas de maneira estática, sem movimento, com semblantes pouco 
expressivos, com uma postura rígida, austera e sem plasticidade. Nas catedrais românicas, que se 
assemelhavam a fortalezas militares, a fachada era constituída de uma nave central em forma de 
cubo, ladeada por duas torres cilíndricas ou cúbicas que terminavam em coifas. Essa nave central era 
atravessada por fachadas laterais, formando, por vezes, o desenho de uma cruz.
Diferentemente da forma rígida das figuras humanas da iluminura românica, no estilo gótico, 
as pessoas representadas nas iluminuras apresentam expressividade, movimento, sentimento e 
originalidade. As cores são mais vivas, mais intensas, indo do amarelo e do vermelho para o azul, o 
roxo e o lilás. É possível perceber também a profusão de meios-tons e a preocupação do artista em 
tentar retratar o fundo com um maior realismo e alguma profundidade. As catedrais góticas tinham 
vitrais coloridos por onde a luz penetrava suave e filtrada. Suas torres tinham forma pontiaguda, 
assim como suas abóbodas, que se cruzavam. Os arcos, em formas de ogivas, eram contornados por 
nervuras.
5 O Renascimento e o desenvolvimento da autonomia artística
1. São três as fases do Renascimento italiano:
• Trecento: compreende o século XIV e caracteriza-se pela transição da arte gótica em arte 
renascentista. As principais mudanças ocorrem na forma de representar figuras com mais volume 
e o início da ilusão de tridimensionalidade. Os principais artistas desse período são Giotto, Duccio 
e Simone Martini.
• Quattrocento: compreende o século XV e caracteriza-se pelo estabelecimento das ideias 
renascentistas, como o foco na representação do homem e não mais na religião. Principais artistas: 
Masaccio, Botticelli, Brunelleschi e Donatello. 
• Cinquecento: compreende o início do século XVI e caracteriza-se pelo augedas expressões 
renascentistas nas obras de expoentes como Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael Sanzio e 
Donato Bramante. 
2. O Renascimento propunha o retorno à Antiguidade Clássica, pois considerava que este havia sido um 
período em que a sociedade tinha alcançado avanços significativos no que se refere aos conhecimentos 
e valorização do ser humano. O Humanismo era a base do pensamento renascentista, no qual a igreja 
não era mais o centro do universo como no teocentrismo; os renascentistas eram antropocentristas.
3. As cidades italianas de Siena e Florença eram importantes centros culturais e comerciais do século 
XIV. Eram cidades rivais e competiam entre si. Siena venceu Florença na Batalha de Montaperti 
(1260) e ambas foram berço de artistas importantes para o Renascimento, como Giotto, Duccio, 
Simone Martini, Masaccio, entre outros. 
6 Barroco: a estética do rebuscamento e do exagero
1. O maneirismo, tendência artística que se origina após o Renascimento e antes do período Barroco, 
surge por volta de 1520-1530 e segue até, aproximadamente, o ano de 1600, na Itália. Esse é um 
período caracterizado por crises políticas e religiosas, em que ocorre a Reforma Protestante e, em 
Gabarito 167
seguida, a Contrarreforma. O maneirismo caracteriza-se pela forma de produzir arte à maneira 
dos artistas renascentistas – principalmente Michelangelo e Rafael –, muitas vezes até os copiando. 
Eram características maneiristas a complexidade e o virtuosismo, a distorção da figura humana, o 
achatamento do espaço pictórico e a necessidade de interpretação intelectual da obra.
2. A obra de Bernini retrata o momento em que Apolo toca Daphne e ela tenta fugir, expressando 
facialmente sua repulsa. O movimento é destacado pelos cabelos dela voando e pelos tecidos que 
pairam flutuando. Os dois corpos produzem linhas diagonais e curvas com a posição dos braços. 
O pé fora do chão dá a sensação de instabilidade. Podemos observar nessa obra características do 
período Barroco, como instabilidade, linhas diagonais e curvas, movimento e ação acontecendo em 
tempo real.
3. Esta é uma resposta pessoal, contudo, sua análise deve contemplar o exame da obra escolhida. Veja o 
exemplo a seguir:
• Obra escolhida: GENTILESCHI, A. Judite decapitando Holofernes. 1620. 1 óleo sobre tela, 125,5 x 
158,8 cm. Galeria Uffizi, Florença, Itália.
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A pintura da artista barroca Artemísia Gentileschi retrata um tema bíblico, com as figuras iluminadas 
em primeiro plano, trazendo proximidade com o acontecimento. O fundo está em sombras, criando 
o contraste dramático com as figuras iluminadas. Os braços e pernas fazem linhas diagonais. O 
momento da ação mostra a força que Judite e a criada fazem para segurá-lo e decapitá-lo. A tensão 
está presente nas expressões faciais. As mangas das roupas parecem que foram arregaçadas para 
facilitar a execução do trabalho. A temática religiosa, o destaque luminoso em figuras contrastando 
com fundo sombrio, os elementos em diagonais e a sensação de que a ação ocorre naquele exato 
momento são características da arte barroca.
168 História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo
7 Do Neoclassicismo ao Modernismo
1. O Neoclassicismo tem como base as ideias do Iluminismo – movimento do século XVIII que 
valorizava o homem como um ser racional –, o que fez com que a arte se voltasse contra o Barroco 
e o Rococó e renovasse o interesse pela Antiguidade Clássica. Jacques Louis David foi o líder do 
movimento artístico neoclássico e, durante este período, conduziu o direcionamento das atividades 
artísticas na França, que deviam seguir – com base nos ideais clássicos – contornos rigorosos, formas 
esculpidas e superfícies polidas sem marcas de pinceladas, além da valorização de temas históricos.
2. O Romantismo valorizava as emoções humanas e a natureza, contrapondo-se ao racionalismo radical, 
expressando na arte todos os sentimentos, como medo, paixão e alegria. Um artista que exemplifica 
este movimento é Théodore Géricault, que na obra A Jangada da Medusa, sua obra mais famosa, 
retrata a fúria da natureza e a expressão de medo, horror e angústia no momento de um naufrágio.
3. Os impressionistas estudavam os efeitos da luz nas superfícies, captando as mudanças aceleradas de 
acordo com as diferentes horas do dia ou as estações do ano. Por essa razão, os artistas impressionistas 
representavam um mesmo elemento em diferentes momentos. O pintor Claude Monet, por exemplo, 
reproduziu o mesmo tema em diferentes momentos do dia. Sua obra A estação de Saint-Lazare é uma 
delas; a estação foi pintada várias vezes em diversos momentos. O objetivo era captar as cores que se 
mostravam diferentes de acordo com o momento do dia ou as estações do ano.
8 Expressões pós-modernas
1. Esta é uma resposta pessoal, porém ela deve contemplar aspectos relacionados às obras dos pintores 
pós-impressionistas. Veja os exemplos a seguir:
• Paul Cézanne: iniciou seu processo artístico desenvolvendo uma produção próxima dos 
impressionistas, com quem simpatizava. Entretanto, começou a preocupar-se com questões de cor 
e forma, sugerindo que a natureza pode ser representada com base em formas geométricas como o 
cone, a esfera e o cilindro. Suas últimas obras sugerem uma arte precursora do Cubismo.
• Georges Seurat: desenvolveu uma pesquisa a respeito da teoria da cor e dos estudos sobre óptica, 
produzindo obras na técnica que inventou, denominada divisionismo, mais conhecida como 
pontilhismo. O divisionismo consistia na aplicação de pontos de tinta pura aproximados ou 
sobrepostos para que a mistura entre as cores fosse finalizada com o olhar do espectador. Seurat 
liderou o estilo denominado de neoimpressionismo.
• Vincent van Gogh: trabalhava com pinceladas curtas de cor pura, como os impressionistas, mas 
carregadas de tinta e de expressividade, produzindo uma pintura empastada e cheia de ritmo. 
2. São alguns dos principais acontecimentos históricos e sociais do século XX que influenciaram 
os rumos da arte: as duas grandes guerras, a revolução sexual, o uso da pílula anticoncepcional, 
a participação dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã (suscitando revolta e protestos), 
o escândalo de Watergate, a mudança do centro cultural mundial da Europa para os Estados 
Unidos e o avanço tecnológico.
3. A arte conceitual surge na segunda metade do século XX, quando o artista não tem limites de 
técnicas ou materiais para se expressar, valorizando mais a ideia, o conceito de uma obra de arte 
Gabarito 169
no lugar de sua própria produção ou do objeto em si. Em outras palavras, o artista conceitual 
preocupa-se mais com a ideia da obra, podendo, até mesmo, solicitar que assistentes a produzam. 
Dentre suas formas de expressão estão:
• performance ou arte performática: a expressão artística que envolve uma ação do próprio artista 
ou outro participante;
• land art ou arte da terra: caracterizada pela interferência na paisagem urbana ou rural, com uma 
interação da obra com a natureza na qual está inserida.
O que é arte? Por que e para que ela foi criada? O que ela 
manifesta? Talvez mais importante do que responder a ‘esses 
questionamentos seria perguntar: como seria a vida humana 
sem a arte?
A arte pode provocar o sublime, o sórdido, o impensável e o 
inapreensível, pois é próprio dela “embaralhar as metáforas” – 
como dizia o filósofo alemão Friedrich Nietzsche – e misturar os 
compartilhamentos dos conceitos. Ela evoca em nós sensações 
nem sempre possíveis de serem nominadas pela linguagem e 
pode nos desvencilhar do real quando se torna poética.
Esta obra propõe um trajeto possível por alguns dos principais 
momentos da história da arte no Ocidente, além de uma breve 
reflexão sobre a Estética e a teoria da arte. Mais do que um guia 
completo sobre a trajetória das expressões artísticas no tempo, 
História da arte: da pintura rupestre ao Pós-Modernismo busca 
ser um roteiro singelo de iniciação dos seus estudos em Estética 
e história daarte.
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ndréa Carneiro Lobo/ Vania M
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Andréa Carneiro Lobo
Vania Maria Andrade
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6555-4
9 7 8 8 5 3 8 7 6 5 5 5 4
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