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BIOQUÍMICA VETERINÁRIA II - 24° Aula Ana Thereza Braz Alencar - 1572285 15/12/2021 Metabolismo Geral do Nitrogênio Os aminoácidos contêm nitrogênio, além de átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio, também encontrados nas gorduras e carboidratos. A primeira fase do catabolismo envolve a remoção dos grupos α-amino por transaminação e desaminação oxidativa formando amônia e os α-cetoácidos correspondentes. Na segunda fase do catabolismo dos aminoácidos, os esqueletos de carbono dos α-cetoácidos são convertidos em intermediários de rotas metabólicos produtoras de energia. Nos animais, os aminoácidos podem sofrer degradação oxidativa em três circunstâncias metabólicas diferentes: 1. Durante a síntese e a degradação normais das proteínas celulares (renovação ou “turnover” de proteínas) alguns dos aminoácidos liberados, durante a quebra de proteínas, sofrerão degradação oxidativa, caso não sejam necessários para a síntese de novas proteínas. 2. Quando, devido a uma dieta rica em proteínas, os aminoácidos são ingeridos em excesso, com relação às necessidades corporais de biossíntese de proteínas, o excedente é catabolizado, já que os aminoácidos livres não podem ser armazenados. 3. Durante o jejum severo ou o diabetes melito, quando os carboidratos estão inacessíveis ou não são utilizados adequadamente, as proteínas corporais serão hidrolisadas e seus aminoácidos empregados como combustível A remoção dos grupos α-amino da maioria dos L-aminoácidos é promovida pelas enzimas chamadas de transaminases ou aminotransferases. Nestas reações, chamadas de transaminações, o grupo α-amino é enzimaticamente transferido do aminoácido ao carbono do α - cetoglutarato, tendo como produtos um α-cetoácido (derivado do aminoácido original) e glutamato (figura 3). 𝐿 − 𝐴𝑚𝑖𝑛𝑜á𝑐𝑖𝑑𝑜 + α − 𝑐𝑒𝑡𝑜𝑔𝑙𝑢𝑡𝑎𝑟𝑎𝑡𝑜 ⇌ α − 𝑐𝑒𝑡𝑜á𝑐𝑖𝑑𝑜 + 𝐿 − 𝑔𝑙𝑢𝑡𝑎𝑚𝑎𝑡𝑜 A maioria das transaminases é específica para o α – cetoglutarato, como aceptor de grupos amino, entretanto, elas são muito menos específicas para o outro substrato, o aminoácido que doa o grupo amino. Para a maioria das reações de transaminação, a constante de equilíbrio é próxima de 1, permitindo a reação funcionar tanto na degradação de aminoácidos através da remoção de grupos α - amino: por exemplo, após o consumo de uma refeição rica em proteínas, quanto na biossíntese através da adição de grupos amino aos esqueletos carbônicos de α – cetoácidos, por exemplo, quando o suprimento dietético não é adequado para preencher a necessidade sintética das células. Em contraste, as reações de transaminação, que transferem grupos amino, a desaminação oxidativa resulta na liberação do grupo amino como amônia livre. Estas reações ocorrem primariamente no fígado e rim, e fornecem α–cetoácidos (os quais podem entrar na rota central do metabolismo energético) e amônia (a qual é uma fonte de nitrogênio para síntese de uréia). O glutamato sofre desaminação oxidativa pela ação da L-glutamato desidrogenase, que requer NAD+ como aceptor dos equivalentes redutores: 𝐿 − 𝑔𝑙𝑢𝑡𝑎𝑚𝑎𝑡𝑜 + 𝑁𝐴𝐷+ ⇌ α − 𝑐𝑒𝑡𝑜𝑔𝑙𝑢𝑡𝑎𝑟𝑎𝑡𝑜 + 𝑁𝐻 4 + + 𝑁𝐴𝐷𝐻 + 𝐻+ Embora a amônia esteja envolvida na formação de uréia no fígado, o nível de amônia no sangue deve ser mantido baixo, pois mesmo concentrações levemente elevadas (hiperamonemia) são tóxicas ao sistema nervoso central. Deve haver, assim, um mecanismo metabólico pelo qual o nitrogênio é removido dos tecidos periféricos ao fígado para eliminação final como uréia, mantendo ao mesmo tempo baixos níveis de amônia circulante Nos animais ureotélicos, a amônia resultante da desaminação dos aminoácidos é convertida em uréia no fígado por um mecanismo cíclico, o ciclo da uréia, primeiro descoberto por Hans Krebs e Kurt Henseleit, em 1932. Eles descobriram que a velocidade da formação da uréia a partir da amônia, por fatias de fígado suspensas num meio aeróbico tamponado, era grandemente acelerada pela adição de qualquer um dos três compostos específicos: a arginina, a citrulina ou a ornitina. A arginina é, claro, um dos aminoácidos comuns encontrados nas proteínas. O argininosuccinato é clivado para originar arginina e fumarato pela ação da argininossuccinato liase. A arginina formada por esta reação serve como precursor imediato da uréia. O fumarato produzido no ciclo da uréia fornece uma ligação com várias rotas metabólicas: o fumarato é hidrolisado a malato, o qual e transportado para a mitocôndria e reentra no ciclo de Krebs. Alternativamente o malato citosólico pode ser oxidado em aspartato ou glicose. O fluxo de nitrogênio por meio do ciclo da uréia varia com a composição dos nutrientes presentes na alimentação do animal. Quando a dieta é principalmente proteica, como em felinos, o uso dos esqueletos carbônicos dos aminoácidos como combustível resulta na produção de muita uréia a partir dos grupos amino excedentes.
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