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ANTONIO_EDUARDO_ALVES_LIMA_ATIVIDADE3 CORRIGIDA E FORMATADA

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE MARABÁ 
FACULDADE PITAGORAS DE MARABÁ 
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO 
 
 
 
 
 
 
ANTONIO EDUARDO ALVES LIMA 
 
 
 
 
 
ALIENAÇÃO PARENTAL E A RESPONSABILIDADE CIVIL 
DO ALIENANTE EM CENÁRIO DE PANDEMIA DO COVID 19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MARABA-PA 
2021
 
 
 
 
 
 
ANTONIO EDUARDO ALVES LIMA 
 
 
 
 
 
 
 
ALIENAÇÃO PARENTAL E A RESPONSABILIDADE CIVIL 
DO ALIENANTE EM CENÁRIO DE PANDEMIA DO COVID 19 
 
 
 
 
 
Projeto apresentado ao Curso de Bacharelado em Direito da 
Instituição Centro de Ensino Superior de Marabá – Faculdade 
Pitágoras de Marabá. 
 
 
 
 
Orientadora: Profª. FABIANA VIOLIN FABRI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MARABA 
2021
 
 
 
 
ANTONIO EDUARDO ALVES LIMA 
 
 
ALIENAÇÃO PARENTAL E A RESPONSABILIDADE CIVIL 
DO ALIENANTE EM CENÁRIO DE PANDEMIA DO COVID 19 
 
 
Projeto apresentado ao Curso de Bacharelado em Direito da 
Instituição Centro de Ensino Superior de Marabá – Faculdade 
Pitágoras de Marabá. 
 
Orientadora: Profª. FABIANA VIOLIN FABRI 
 
 
 
 
 
Marabá, ___ de ____________ de ______. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Banca Examinadora 
_________________________________________ 
Profª. Andréa Bassalo 
Orientador 
__________________________________________ 
Prof. Felipe Benedick 
Examinador Indicado 
___________________________________________ 
Profª. Ceres Ramos 
Examinador Designado 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho, aos meus pais, minha 
esposa, aos meus filhos, sempre presentes, 
os quais me deram total apoio e se 
esforçaram e me apoiaram, me dando força e 
coragem para não desistir, não permitindo 
que nada me faltasse, a todos os meus 
professores que dedicaram todo o seu tempo 
para o meu aprendizado. 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço, primeiramente, a Deus por ter me dado a oportunidade de realizar 
este grande sonho, cursar Direito, e pela sabedoria e paciência durante toda minha 
vivência nesta graduação, haja vista por alguns momentos cheguei a pensar em 
desistir 
Aos meus pais, que sempre me apoiaram e tiveram a sensibilidade de saber 
lidar comigo mesmo nos momentos mais difíceis, com apoio incondicional sempre. 
Aos meus irmãos, que me deram força e incentivo e motivação, e por isso me 
motiva a sempre me esforçar. 
A minha família inteira, em especial minha esposa, meus filhos e todos os meus 
familiares, que foram compreensivos em todos os momentos desta caminhada. 
Aos todos os meus amigos, principalmente os colegas da faculdade, que se 
tornaram quase irmãos, pela longa convivência. 
Aos meus professores, que dedicaram todo o seu tempo para o meu 
aprendizado, e que por tantas vezes ao longo desses anos estiveram literalmente ao 
meu lado enquanto eu me dedicava aos estudos. 
Espero continuar contando com vocês daqui para frente, e que saibam que 
também podem contar comigo. 
Enfim, a todos que participaram da minha jornada até a tão sonhada formatura, 
meus sinceros agradecimentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho tem como principal objetivo apresentar a alienação parental. 
Começando pelo conceito da síndrome de alienação parental, demonstrando como é 
possível fazer a identificação e quais são os estágios e as consequências dessa 
síndrome. Também como é uma violação do direito fundamental da criança ou 
adolescente à convivência familiar. Expõe uma análise da tramitação do Projeto de 
Lei nº 4.053/2008, apresentado pelo deputado Régis de Oliveira na Câmara dos 
Deputados. Expõe também uma análise, artigo por artigo, da Lei nº 12.318, de 26 de 
agosto de 2010 que dispõe sobre a alienação parental e altera o artigo 136 da Lei nº 
8.069, de 13 de julho de 1990. Mostra-se que não foi encontrado nenhum dado 
empírico sobre o assunto, tanto antes quanto depois da aprovação da Lei. 
 
Palavras-chave: Alienação Parental. Síndrome da Alienação Parental. Convivência 
Familiar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The present work has as main objective to present the parental alienation. Starting 
with the concept of parental alienation syndrome, demonstrating how identification is 
possible and what the stages and consequences of this syndrome are. Also as it is a 
violation of the fundamental right of the child or adolescent to family life. It presents an 
analysis of the processing of Bill No. 4,053/2008, presented by deputy Régis de 
Oliveira in the Chamber of Deputies. It also presents an analysis, article by article, of 
Law No. 12,318, of August 26, 2010 which provides for parental alienation and amends 
Article 136 of Law No. 8.069, of July 13, 1990. It shows that it was not found no 
empirical data on the subject, both before and after the Law was passed. 
Keywords: Parental Alienation. Parental Alienation Syndrome. Family living. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9 
2. A ALIENAÇÃO PARENTAL E SEUS REFLEXOS NAS RELAÇÕES 
FAMILIARES..............................................................................................................13 
3 A EVOLUÇÃO DA FAMÍLIA E A ALIENAÇÃO PARENTAL.................................17 
3.1 O ADVENTO DA LEI N° 12.318/10......................................................................19 
3.2 A ALIENAÇÃO PARENTAL E AS CONTROVÉRSIAS........................................21 
4. O ISOLAMENTO SOCIAL DECORRENTE DA PANDEMIA COVID-19...............24 
4.1 ISOLAMENTO SOCIAL E A ALIENAÇÃO PARENTAL.......................................24 
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................29 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 31 
 
 
 
9 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Esse trabalho tem como objetivo expor a importância da família como um 
instituto afetivo, socializador e educativo, bem como sua evolução. Sabe-se que a 
família é um espelho, um princípio orientador para que o melhor interesse da criança 
seja de fato atendido. Apresenta-se o instituto da alienação parental relatando os 
critérios de identificação, as características do genitor alienante e as consequências 
para as crianças e adolescentes alienados. Além disso, serão feitas considerações 
acerca da 12.318/10 trazendo inclusive a possibilidade de responsabilização civil 
diante dos fatos decorrente da pessoa alienadora. 
A alienação parental foi inserida no ordenamento jurídico brasileiro através da 
Lei no 12.318/2010, refletindo os conflitos familiares que cresceram ao longo dos anos 
e motivaram disputas judiciais acirradas, em que os prejudicados buscaram a 
intervenção do Poder Judiciário para resolver problemas familiares, que poderiam ser 
sanados por meio do diálogo, do entendimento e do compartilhamento de 
responsabilidades. Nesse contexto, a guarda compartilhada, especificada nas Leis n.º 
11.698/2008 e n.º 13.058/2014, emerge como possível solução aos casos de 
alienação parental. Esse estudo tem o objetivo de analisar o fenômeno da alienação 
parental e seus aspectos jurídicos, sociais e psíquicos, evidenciando a importância da 
guarda compartilhada para apontar caminhos eficazes para evitar e sanar conflitos 
relacionados ao tema. Por meio da análise jurisprudencial, a pesquisa propõe o 
debate sobre a possibilidade da guarda compartilhada quando há alienação parental. 
A metodologia aplicada parte da revisão da literatura específica, alinhada à pesquisa 
bibliográfica, documental e jurisprudencial, de caráter qualitativo e descritivo. Os 
resultados apontam que a guarda compartilhada é um instituto eficaz e adequado para 
prevenir e solucionar conflitose superar controversas recorrentes nos casos de 
alienação parental. A questão da alienação parental é fruto de estudos de vários 
profissionais que se dedicaram a acompanhar as consequências psicológicas, 
emocionais e comportamentais das crianças após o divórcio de seus pais. Um dos 
primeiros profissionais a identificar a Síndrome da Alienação Parental – SAP, foi o 
professor especialista do Departamento de Psiquiatria Infantil da Universidade da 
Columbia e Perito Judicial Richard Gardner, em 1985, conceituando-a inicialmente 
como Síndrome da Mãe Maliciosa e posteriormente como Síndrome da Alienação 
Parental. 
10 
 
 
 
Os estudos de Richard Gardner foram fundamentais para se estabelecer 
parâmetros e enquadrar os casos judicialmente. O psiquiatra identificou que seus 
pacientes filhos de pais em processo de separação possuíam atitudes semelhantes, 
pois muitos estavam repetindo as emoções do cônjuge alienador de forma 
programada de maneira inconsciente, e como resultado desse comportamento surgia 
a rejeição e o distanciamento do genitor alienado. 
Estudiosos de vários países contribuíram de forma significativa para o 
diagnóstico da Síndrome da Alienação Parental. No Brasil o tema ganhou maior 
atenção do Poder Judiciário por volta do ano de 2003 quando houve os primeiros 
julgados sobre o tema. 
Em 26 de agosto de 2010, o Brasil editou a Lei de Combate a Alienação 
Parental sob o número 12.318 trazendo regulação para combater e solucionar este 
triste problema, ganhando um grande reforço em 2014 com a publicação da nova Lei 
da Guarda Compartilhada. Dentro da temática da Alienação Parental será 
desenvolvida uma pesquisa material e jurisprudencial sobre os reflexos sofridos pela 
parte alienada, dando especial enfoque sobre o modelo de atuação da sociedade e 
da justiça para coibir a alienação, bem como a responsabilização civil pelos danos 
afetivos sofridos pela parte alienada. O enfoque principal girará em torno da análise 
da eficácia da responsabilização civil do alienador pelos danos afetivos sofridos pela 
parte alienada na Alienação Parental. A pesquisa acadêmica seguirá os moldes 
qualitativos considerando a dinamização entre os aspectos objetivos e subjetivos, 
quais seja, os problemas e os sujeitos, respectivamente. 
Como pilares norteadores para o desenvolvimento do trabalho será constituída 
uma pesquisa bibliográfica, com a utilização de literatura jurídica-filosófica, 
pedagógica e analítica da legislação educacional. No Brasil a jurisprudência familiar 
vem passando por vários processos de aperfeiçoamento com a devida implementação 
de mudanças e quebra de paradigmas. A questão da Alienação Parental é recorrente 
em todos os tribunais brasileiros e estudos recentes são capazes de apontar os 
inúmeros malefícios decorrentes desta prática, projeto em apreço tem a premissa de 
propor uma reflexão aprofundada do tema que atualmente revela um desejo latente 
de mudança quanto ao caráter punitivo, muito embora a sociedade ainda é carente de 
ferramentas que os ponha dentro do viés participativo na busca pela verdade real 
quando se depara com os crimes contra a administração Pública. 
11 
 
 
 
O estudo sobre a Alienação parental suas causas, características, 
consequências e meios de evitar, é de grande importância devido os impactos 
ocasionados pela mesma nos filhos do casal. Situação agravada pela ocorrência da 
pandemia de COVID 19, que alterou a vida das famílias, onde com a estipulação do 
“NOVO NORMAL”, a questão da guarda passou a ser bastante controvertida, pois o 
isolamento social passou a ser um disfarce em alguns casos para o surgimento da 
alienação parental. 
Neste contexto surge a necessidade de buscar a solução de como equilibrar a 
guarda dos filhos menores e a proteção legal como meio de garantia da manutenção 
da convivência e a da relação afetiva em períodos de isolamento social? 
Os conflitos decorrentes da prática do ato de alienação parental podem ser 
resolvidos através da mediação familiar? 
Analisar as possibilidades de aplicação do instituto da mediação familiar 
naqueles casos em que haja a prática do ato de alienação parental. 
O trabalho contemplará os seguintes objetivos específicos: 
a) descrever aspectos relevantes quanto à constitucionalização, dissolução das 
entidades familiares e, do direito do filho à convivência daquele que não detém a sua 
guarda; 
b) examinar a lei nº 12.318/2010, sua caracterização, distinção entre alienação 
parental e a síndrome da alienação parental, e a guarda compartilhada como uma das 
medidas preventivas da alienação parental; 
c) identificar a possibilidade de aplicação da mediação familiar, como alternativa de 
auxílio ao Judiciário, para uma solução pacífica em disputas familiares, quando 
ocorrida a prática de alienação parental. 
O tema proposto decorre de questões levantadas ao longo de muitos anos, e 
nestes dois últimos anos ficou ainda mais comum, os casais separados se utilizarem 
desta medida, que muitas vezes e na maioria das vezes os filhos é quem mais sofrem 
com tudo isso. 
O presente tema é de grande relevância, pois seu estudo aborda a alienação 
parental, que, apesar de existente há muitas décadas, foi positivado somente em 
2010, através da Lei nº 12.318, que, importante se faz referir, apresentou em seu 
texto, veto presidencial nos artigos 9º e 10º, no tocante à possibilidade de aplicação 
12 
 
 
 
da mediação familiar para a resolução e/ou amenização dos conflitos advindos do ato 
de alienação parental. 
Baseado nisso, surge a indagação da possibilidade de aplicação da mediação 
familiar, como uma forma minimizadora de conflitos advindos da prática da alienação 
parental. 
Assim, importante se faz o presente debate monográfico, pois é necessário 
delimitar quais são as possibilidades de aplicação do instituto da mediação como “um 
meio facilitador” de entendimento entre os pais, bem como a possibilidade de 
promover a humanização no Direito de Família, notadamente, naqueles casos 
decorrentes da prática de alienação parental. 
 Diante do contexto em que se insere, no primeiro capítulo do desenvolvimento 
da monografia, o objetivo será descrever sobre a constitucionalização do direito das 
famílias, acerca de seus princípios, da dissolução das entidades familiares e do direito 
do filho à convivência daquele que não detém a sua guarda e, no segundo capítulo, 
examinar o fenômeno da alienação parental, Lei nº 12.318/2010, sua caracterização, 
distinção entre alienação parental e a síndrome da alienação parental, guarda 
compartilhada como uma das medidas preventivas da alienação parental e o 
tratamento e prevenção de sua evolução, já, no terceiro capítulo, objetiva-se identificar 
a possibilidade de aplicação da mediação familiar, como alternativa de auxílio ao 
Judiciário, para uma solução pacífica em disputas familiares, quando ocorrida a 
prática de alienação parental, conforme brevemente se apresenta a seguir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
 
2. A ALIENAÇÃO PARENTAL E SEUS REFLEXOS NAS RELAÇÕES FAMILIARES 
 
Para Trindade (2007, p.112), Alienação Parental é um processo em que o 
genitor titular da guarda afasta o outro genitor da vida do(s) filho(s) através de artifícios 
e manobras para dificultar o encontro entre eles. Tentando atingir um ao outro, esses 
genitores negligenciam o fato de as crianças, desde o nascimento, terem direito ao 
afeto, à assistência moral e material e à educação. Guazzeli (2007, p. 68) afirma que 
a Alienação Parental pode seguir por muitos anos, com graves consequências, tanto 
de ordem comportamental como psíquica, e só ser superada quando o filho conseguir 
alcançar certa independência do genitor titular, o que lhe permite perceber com a 
indução de que foi vítima. 
Segundo Cachapuz (2003), um fator responsável pela alienação é o 
econômico, o genitor alienante objetivo obter mais ganhos financeiros, ou mesmooutros benefícios, à custa do afastamento da criança do genitor alienado. 
Sousa (2010, p. 21-22) diz que quando essa alienação vem do pai, muitas 
vezes pode ser motivada pelo desejo de vingança pela separação ou pelas causas 
que a determinam, como por exemplo o adultério. Os motivos que levam o cônjuge a 
tomar essa atitude nem sempre são claros; pode ser pela necessidade de manter o 
controle da família ou até mesmo para não ter que pagar pensão alimentícia, nem 
sempre a Alienação Parental é praticada por meio de “lavagem cerebral” ou discursos 
atentatórios à outra figura. Para Silva (2010, p. 44), na maior parte dos casos, o 
cônjuge titular da guarda, diante da resistência do filho em ir ao encontro do outro 
genitor, limita-se a não interferir, permitindo que a falta de senso da criança prevaleça. 
A separação por mútuo consentimento, com as partes entrando em acordo, 
pouco prejudica os filhos (DIAS, 2003, p. 101). 
Segundo Silva (2010, p. 54), na separação consensual permanecem as 
obrigações e os deveres na educação dos filhos e nos cuidados necessários ao 
desenvolvimento das crianças em todas as áreas, como emocional e psicológica. A 
guarda compartilhada não permite, portanto, que nenhum dos pais se exima de suas 
responsabilidades, muito menos que um dos pais não possa exercer esse dever para 
com a vida dos filhos, e por fim, garante que permaneça a convivência dos pais com 
o filho, mesmo após a dissolução do casamento ou da união estável. Na guarda 
compartilhada, os pais vão gerir a vida dos filhos acerca de todos os eventos e 
14 
 
 
 
decisões referentes a eles (FIORELLI & MANGINI. 2009, p. 308-309). Os pais 
decidem e participam em igualdade de condições exatamente da mesma maneira 
como faziam quando estavam unidos conjugalmente, de forma que nenhum deles 
ficará relegado a um papel secundário, como mero provedor de pensão ou limitado a 
visitas de fim de semana. 
Para Trindade (2008. p. 102), alienar uma criança ou adolescente é 
considerado um comportamento abusivo, tal como um abuso sexual ou físico. Na 
maioria dos casos, a Alienação Parental não afeta apenas a criança ( ou o 
adolescente), mas afeta também todos ao redor dela, como familiares, amigos, 
colegas de escola, entre outros, privando, assim, a criança do necessário convívio 
com todo o núcleo familiar e afetivo no qual ela deveria estar inserida. 
Coltro & Delgado (2009, p. 54) lembram ainda que, quando as crianças são 
muito pequenas, até a idade de quatro ou cinco anos, ou nos casos em que há muita 
insegurança dos filhos, não se aconselha a guarda compartilhada, tendo em vista que 
“a criança necessita de um contexto o mais estável possível para o delineamento 
satisfatório de sua personalidade. Conviver ora com a mãe e ora com o pai em 
ambientes físicos diferentes requer capacidade de adaptação e de codificação-
decodificação da realidade só possível com crianças mais velhas”. Esses mesmos 
autores aconselham que crianças nessas condições sejam permanentemente 
acompanhadas, no sentido de avaliar sua capacidade psicológica específica de 
adaptação. 
Para Silva (2010, p. 46), abusos psicológicos, como a Alienação Parental, são 
vistos de forma minimizada, e reducionista, como se fossem um desentendimento 
passageiro entre ex-companheiros, ou então há o preconceito de que, se o pai ou a 
mãe está sendo vítima de situação semelhante, é porque de alguma forma “merece” 
passar por isso. A Alienação Parental opera-se pelo pai ou pela mãe, ou, no pior dos 
casos, pelos dois. Essas manobras não são praticadas exclusivamente por um dos 
dois sexos, mas se relacionam à estrutura da personalidade de um ou de outro 
membro também de acordo com a natureza da interação antes da separação do casal 
(COLTRO & DELGADO, 2009. p. 55). 
Silva (2010, p. 55), diz que até o advento da Lei nº 12.013/2009, muitos 
alienadores impediam e até proibiam as instituições escolares de fornecerem 
informações acerca do rendimento escolar e do comportamento do filho ao outro pai, 
15 
 
 
 
alegando que o outro “não é o guardião” e “não é o provedor financeiro”. Diante desse 
quadro, as escolas cometiam a postura equivocada de confundir guarda com poder 
familiar (o poder familiar é inerente à condição de ser “pai” ou “mãe” de um menor, 
independentemente de exercer a guarda ou não). Em decorrência da Lei nº 
12.013/2009, que modifica a Lei de Diretrizes e Bases (LBD), os estabelecimentos 
escolares passaram a ser obrigados a fornecer as informações escolares aos pais 
separados, conviventes ou não. 
Segundo Muzio (1988, p. 166), “ser mãe e pai implica apropriar-se de um papel 
social construído historicamente”. A assimilação, bem como a diferenciação entre 
esses papeis, acontece já no processo de socialização inicial de homens e mulheres. 
Mudanças, hoje, quanto acontece já no processo de socialização inicial entre homens 
e mulheres. Mudanças, hoje, quanto ao exercício de paternidade, não estão 
desvinculadas de uma série de transformações ocorridas nos últimos tempos, tanto 
nas relações de gênero quanto no âmbito socioeconômico e legal. Ser um pai 
participativo não é o ideal a ser atingido por todos os homens, pois tal entendimento 
“pressupõe a existência de uma espécie de essência de pai a ser alcançada por todos” 
Muzio (1998, p.166). 
Quanto ao modo de abordagem da futura monografia, a pesquisa será 
qualitativa, segundo Mezzaroba e Monteiro (2009), pois o que se procura atingir é a 
identificação da natureza e do alcance do tema a ser investigado, utilizando-se, para 
isso, exame pelo qual se buscarão as interpretações possíveis para o fenômeno 
jurídico em análise, que no caso abordará a possibilidade de aplicação do instituto da 
mediação familiar nos casos advindos da prática do ato de alienação parental. 
O enfoque qualitativo normalmente está baseado em métodos de coleta de 
dados, mas sem medição numérica, utilizando-se das descrições e das observações, 
buscando principalmente a expansão dos dados ou da informação, ao contrário do 
quantitativo, que busca delimitar a informação, medindo com precisão numérica e/ou 
estatisticamente os dados coletados. Portanto, na pesquisa qualitativa: 
[...] questões e hipóteses surgem como parte do processo de pesquisa, que é 
flexível e se move entre os eventos e sua interpretação, entre as respostas e o 
desenvolvimento da teoria. Seu propósito consiste em ‘reconstruir’ a realidade, tal 
como é observada pelos atores de um sistema social predefinido. Muitas vezes é 
16 
 
 
 
chamado de ‘holístico’ porque considera o ‘todo’, sem reduzi-lo ao estudo de suas 
partes (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2006, p. 5). 
Para esses doutrinadores, os estudos qualitativos não pretendem generalizar 
os resultados da pesquisa para populações mais amplas, mas apenas descrever e 
interpretar o que foi observado e percebido, além de captar experiências na linguagem 
dos indivíduos pesquisados, analisar ambientes usuais (como as pessoas vivem, se 
comportam, o que pensam, como atuam, quais são suas atitudes, etc.), descrever 
situações, eventos, pessoas, interações, condutas observadas e suas manifestações, 
dentre outras possibilidades. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
 
3 A EVOLUÇÃO DA FAMÍLIA E A ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
A família surgiu espontaneamente, devido à natureza do homem em se 
agrupar; assim, esse instituto foi sofrendo alterações ao longo da história. 
Não há como se estudar a família sem considerar o patriarcado que regeu 
essas relações por um longo período, desde Roma (ROMANO, 2017). O pater família 
exercia poder sobre sua esposa e filhos, sendo o pater a figura de autoridade dentro 
do lar; assim, a família, naquele período, era marcada pela autoridade (GONÇALVES, 
2018, p.31). 
No Brasil, a família seguiu os moldes patriarcais por grande período; em 1916 
o país teve o seu primeiro Código Civil e o que se observa é uma Leiem que se criou 
o conceito de família legítima, assim, os filhos nascidos fora do matrimônio eram 
ilegítimos; a mulher se submetia ao poder do homem, ou seja, estavam presentes a 
hierarquia, o patriarcado e o cristianismo (AZEVEDO, 2011, p. 170). 
Até 1977, não se falava em divórcio no Brasil; foi somente em 1977, através da 
Emenda Constitucional n° 19, que houve a implementação do divórcio; antes disso, o 
que se tinha era somente o desquite, ou seja, encerrava-se a sociedade conjugal, com 
a separação de corpos e bens, mas não se extinguia o vínculo do matrimônio. Assim, 
se a pessoa desquitada desejasse se unir com outra pessoa, sequer teria respaldo 
legal (BELTRÃO, 2017). 
Foi através da Constituição Federal de 1988 que os moldes da família 
notavelmente se transformou; a Carta Magna trouxe em seu cerne a proteção da 
Família pelo Estado, passando a vigorar a igualdade entre filhos, independentemente 
de serem ou não advindos do matrimônio, além da igualdade entre cônjuges (BRASIL, 
1988). O que se tem, portanto, é uma transição da família nos moldes patriarcais para 
uma família regida pelo afeto, em que os cônjuges buscam conjuntamente a 
realização pessoal e a dignidade humana de ambos deve ser respeitada. 
Conforme leciona Barroso (2015, p. 493): “A Constituição de 1988 foi o rito de 
passagem para a maturidade institucional brasileira”. Posteriormente, ainda que 
tardiamente, foi criado o Código Civil ainda vigente, em 2002; o texto legal visou se 
adequar aos princípios da CF/88, abandonando também os moldes patriarcais 
(BRASIL, 2002). 
Após essa contextualização, cumpre o estudo acerca da filiação e de como 
ficavam os filhos após os reajustes familiares; assim, prevaleceu a convivência familiar 
18 
 
 
 
e a construção de laços afetivos, independente de consanguinidade ou do estado civil 
dos genitores. A Lei 11.112/2005 tornou obrigatório a estipulação da convivência dos 
genitores com os filhos, após ocorrido o divórcio. 
Posteriormente, foi sancionada a Lei 11.698/2008, Lei da Guarda 
Compartilhada: 
|...] A guarda exclusiva, atribuída pelo juiz em virtude de desacordo entre os 
pais, só se verificaria na inviabilidade da guarda compartilhada, mas sempre 
respeitando o melhor interesse do menor a partir da identificação do genitor 
que apresentar melhores aptidões para o cuidado diário e efetivo do filho. Em 
2014, a Lei 13.058 torna esta modalidade obrigatória. (MADALENO; 
MADALENO, 2018, p.36). 
 
Neste cenário, qual seja, a transformação da família e a possibilidade de 
rearranjos familiares, trazidas pela Emenda Constitucional que possibilitou o divórcio, 
algumas novas situações passaram a surgir, sendo uma delas a possível dificuldade 
que o genitor pode se deparar no que tange à convivência com os filhos, após a 
extinção do vínculo matrimonial; a essa situação, dá-se o nome de alienação parental. 
O termo alienação parental surgiu inicialmente através de Richard Gardner, 
professor de psiquiatria clínica no Departamento de Psiquiatria Infantil da 
Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, aproximadamente em 1980. Gardner 
apresentou o termo como uma síndrome (SAP), uma perturbação da infância ou 
adolescência que seria comum em meio a uma separação conjugal e estaria 
relacionada à uma campanha feita por um dos pais junto à criança, para rejeitar ou 
até mesmo odiar o outro (GARDNER, 1985); apesar do psiquiatra ter encontrado 
apoiadores, foi alvo também de muitas críticas, haja vista que não há comprovação 
científica para essa síndrome. 
No Brasil, foi sancionada em 2010, a Lei n° 12.318, colocando o país em uma 
espécie de vanguarda na legislação específica sobre a alienação parental. Porém, 
diversamente das ideias de Gardner, a legislação brasileira não trata a alienação 
parental como uma síndrome e sim como um comportamento sobre o qual incide 
intervenção judicial. 
Nesse escopo, a partir da ruptura do casamento, é muito comum que um dos 
cônjuges não consiga processar de maneira adequada sentimentos como rejeição e 
raiva, de maneira que se torna inevitável o desejo de vingança. Assim, inicia-se uma 
campanha de desmoralização do outro genitor perante os filhos, de maneira que sua 
19 
 
 
 
imagem seja prejudicada o que, na maioria das vezes, acaba por afastá-lo dos filhos 
(DIAS, 2010). 
 
3.1 O ADVENTO DA LEI N° 12.318/10 
 
O dispositivo de Lei n° 12.318, sancionado em 2010, conceitua a alienação 
parental como um comportamento de um indivíduo, denominado alienador, que possui 
nítida intenção de depreciar a imagem de um dos genitores perante a criança ou 
adolescente (FIGUEIREDO; ALEXNDRIDIS, 2014, p.87). 
Nesse sentido, o legislador procurou definir, no artigo 2o, os agentes que 
causam e sofrem esse comportamento, bem como ramificar as possíveis 
manifestações desse comportamento: 
 
Art. 2° Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação 
psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos 
genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a 
sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause 
prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. 
Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental, além dos 
atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados 
diretamente ou com auxílio de terceiros: I - realizar campanha de 
desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou 
maternidade; II - dificultar o exercício da autoridade parental; III - dificultar 
contato de criança ou adolescente com genitor; IV - dificultar o exercício do 
direito regulamentado de convivência familiar; V - omitir deliberadamente do 
genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente, 
inclusive escolares, médicas e alterações de endereço; VI - apresentar falsa 
denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar 
ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente; VII - mudar o 
domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a 
convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares 
deste ou com avós. (BRASIL, 2010 
 
Dentre outras coisas, se extrai do supramencionado artigo, que os agentes que 
podem protagonizar essa intervenção prejudicial na formação psicológica da criança 
ou do adolescente não são somente os genitores, podendo ser avós ou qualquer um 
que possua a guarda ou que esteja cuidando dos menores. 
O inciso I do supramencionado dispositivo identifica uma forma de alienação 
parental em que um dos genitores procura depreciar o desempenho do outro, fazendo 
com que o mesmo não pareça qualificado para ser pai ou mãe, enquanto direciona 
para si a atenção, na intenção de demonstrar que desempenha perfeitamente os 
papéis nos quais o outro genitor é insuficiente, o que cria na criança uma confusão 
20 
 
 
 
que, na maioria das vezes, gera o afastamento do genitor que teve seu papel 
questionado (FIGUEIREDO; ALEXNDRIDIS, 2014, p.88). 
No inciso III deste artigo, é abordado o convívio familiar e como este não pode 
ser rompido com o fim do casamento ou convívio dos pais. Isso porque esse contato 
deve ir muito além dos momentos estipulados para a visita, podendo ser utilizado o 
telefone, troca de mensagens, vídeo-chamada, entre outros. De maneira que, quando 
o genitor que possui a guarda do filho dificulta esse contato, pode estar praticando 
alienação parental. 
O dispositivo fala também, no inciso IV, a respeito da situação onde o genitor 
dificulta de alguma maneira não somente outros meios de convivência, mas as visitas 
legalmente estipuladas. Mesmo diante da regulamentação de visitas, se o genitor que 
possui a guarda agir de maneira a impedidas de qualquer maneira, também será 
considerado alienador. No inciso V, é disposto a respeito da prática de omitir do 
genitor, que não está com a guarda, informaçõespessoais a respeito dos filhos, de 
maneira que ele não consiga participar efetivamente da vida deles. 
A seguir, no inciso VI, evidencia-se que a alienação parental também pode ser 
promovida através de falsas denúncias contra o outro genitor ou familiares, sejam elas 
de maus tratos ou abuso sexual, ambas extremamente graves e que causam 
consequências não só para o genitor acusado e para os filhos, mas para toda família 
(FIGUEIREDO; ALEXNDRIDIS, 2014, p.101). 
Adiante, no artigo 3o, da Lei 12.318/10, é abordado que a alienação parental 
vai contra o direito fundamental da criança e do adolescente a um bom convívio 
familiar, ferindo, assim, o princípio da dignidade da pessoa humana. Nesse sentido, a 
prática vai contra valores que são indissociáveis à proteção constitucional dada à 
família. 
O inciso I, do art. 6o da supramencionada Lei, traz a possibilidade de advertir o 
alienador para que interrompa a prática; essa advertência, facultada ao magistrado, 
deve conter cunho educativo e reiterar as demais consequências caso o alienador 
continue com as mesmas ações. No inciso II, a Lei aborda a possibilidade de “ampliar 
o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado” justamente para mitigar 
as consequências do afastamento gerado pela prática da alienação parental. O inciso 
III menciona a possibilidade de aplicação de multa ao alienador. Já o inciso IV de 
acompanhamento psicológico. Isto porque parte do princípio de que o fenômeno 
21 
 
 
 
ocorre a partir de desvios de comportamento do alienador, por isso a possibilidade de 
submetê-lo a tratamento psicológico. 
Por fim, da análise da Lei 12.318/10, convém ressaltar o inciso V, do artigo 6o, 
que prevê a faculdade do juiz de determinar a alteração ou inversão da guarda e a 
suspensão do poder familiar, diante dos casos de alienação parental; baseado no fato 
de que ao alienar, o genitor detentor da guarda não está agindo de acordo com o 
princípio do melhor interesse do menor, podendo, portanto, acarretar nessas medidas. 
 
3.2 A ALIENAÇÃO PARENTAL E AS CONTROVÉRSIAS 
 
A Lei da Alienação parental completa dez anos no ano de 2020, data marcada 
por algumas controvérsias e questionamentos a respeito da sua eficácia. A deputada 
Iracema Portella, apresentou o Projeto de Lei 6.371/19 que revoga o dispositivo, este 
atualmente aguarda designação de Relator na Comissão de Seguridade Social e 
Família (CSSF). 
A justificativa para o projeto de revogação da Lei da Alienação Parental baseia- 
se, substancialmente, na ausência de pesquisas e periódicos científicos sobre o tema, 
além de manifestações contrárias de órgãos especializados ao uso da teoria 
(preconizada pelo psiquiatra Richard Gardner), tais como a Organização Mundial de 
Saúde, a Associação Americana de Psiquiatria e a Associação Espanhola de 
Neuropsiquiatria. 
A deputada aponta que a lei estaria sendo utilizada como instrumento de defesa 
por partes de pais abusadores, que se utilizam do fato de que, muitas vezes, abusos 
sexuais não conseguem detectados em perícias, para manter o convívio com os filhos 
e até mesmo tirá-los da tutela da mãe. 
Nesse sentido, os que criticam o dispositivo têm ressalvas especialmente em 
relação ao inciso V, do artigo 6o, que prevê a “alteração da guarda para guarda 
compartilhada ou sua inversão” como punição para o genitor que pratica a alienação 
parental. Isso porque, diante da recorrente dificuldade de se comprovar o abuso 
sexual, o abusador invoca o mencionado artigo, conseguindo, muitas vezes, não 
somente conviver com a vítima, mas inverter para si a tutela da mesma. 
A justificação para a revogação da Lei 12.318/10 traz ainda a ideia de que ela 
desrespeita a Declaração Universal dos Direitos da Criança, adotada pela Assembleia 
22 
 
 
 
das Nações Unidas de 20 de novembro de 1959 e ratificada pelo Brasil, destacando 
especialmente o 6o princípio da mesma, “in verbis”: 
 
Para o desenvolvimento completo e harmonioso de sua personalidade, a 
criança precisa de amor e compreensão. Criar-se-á, sempre que possível, 
aos cuidados e sob a responsabilidade dos pais e, em qualquer hipótese, 
num ambiente de afeto e de segurança moral e material, salvo circunstâncias 
excepcionais, a criança da tenra idade não será apartada da mãe. À 
sociedade e às autoridades públicas caberá a obrigação de propiciar 
cuidados especiais às crianças sem família e aquelas que carecem de meios 
adequados de subsistência. É desejável a prestação de ajuda oficial e de 
outra natureza em prol da manutenção dos filhos de famílias numerosas. 
 
Além disso, a deputada aponta que a Lei fere princípios constitucionais, quando 
acaba por entregar “crianças e adolescentes a pais acusados de violência física ou 
sexual ” e o Estatuto da Criança e do Adolescente, “ao desconsiderar a primazia do 
direito da criança e do adolescente à proteção contra qualquer forma de violência ou 
agressão, permitindo até que se desacredite nas palavras da própria criança ou 
daqueles que buscam protegê-la em benefício de seu algoz” (PORTELLA, 2019, p. 6). 
Porém, em que pese, por um lado, a Lei da Alienação Parental sofra severas 
críticas, parte dos especialistas aponta que sua revogação representaria um atraso 
para a justiça brasileira, defendendo então que a mesmo passe por alterações ao 
invés de ser revogada. Nesse sentido, a advogada Silvia Felipe (2019) aponta que: 
 
Existem falhas no sistema judiciário, principalmente em relação à realização 
das perícias judiciais. Para fazer perícia com a criança há poucos 
profissionais, alguns desmotivados pelo excesso de trabalho. De fato, nosso 
corpo técnico pode ter melhorias, que são sempre bem-vindas. A lei foi um 
avanço no Direito de Família por reconhecer a responsabilidade psicológica 
dos pais em relação às crianças. Muitos possíveis alienadores mudam seus 
comportamentos por saber que existe a Lei e receberem devida orientação 
sobre os efeitos de seu comportamento. Não dá para culpar a LAP pelo 
comportamento de algumas pessoas mal-intencionadas. É comum em casos 
de guarda que os pais levem os problemas conjugais para a relação parental 
e acabem agindo dessa forma. 
 
O Instituto Brasileiro de Direito de Família, até então, se posiciona também 
contrário à revogação da lei supramencionada, seus membros apontam que as 
críticas à mesma seriam infundadas e que a lei deve ser mantida em sua integralidade 
(PEREIRA, 2019), no sentido de que o mais adequado seria prevenir a má utilização 
da lei. Nessa linha, o que se defende é que para prevenir uma interpretação equívoca 
dessa lei, o ideal é que se promova um amplo debate a respeito do tema. 
Por fim, o que se tem é que se trata de uma lei polêmica desde sua edição, 
conforme explica Maria Estarque (2018): “A lei foi criticada desde a sua criação. O 
23 
 
 
 
Conselho Federal de Psicologia sempre se opôs à medida, por considerar que 
acirrava os conflitos familiares e por avaliar que a teoria da alienação parental carece 
de comprovação científica”. Assim, conclui-se que as opiniões acerca desta lei são 
variadas; para o presente trabalho o que se cumpre é explicar a lei e o que essa prevê 
como alienação parental, a fim de conectar a prática ao novo problema que o mundo 
vem enfrentando: a pandemia covid-19. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
 
4. O ISOLAMENTO SOCIAL DECORRENTE DA PANDEMIA COVID-19 
 
O termo “pandemia” é utilizado “para referir-se a uma doença que se espalhou 
por várias partes do mundo de maneira simultânea, havendo uma transmissão 
sustentada dela” (SANTOS, 2020); essa realidade tem sido encarada pelo mundo nos 
tempos atuais, devido ao novo coronavírus. 
Devido ao fato de se tratar de uma doença até então desconhecida, o que se 
notou foi que esta é de fácil transmissão e, assim, a Organização Mundial da Saúde 
passou a recomendar o isolamento social como uma das medidas de combate ao 
vírus. 
Asituação da contaminação pela covid-19 no Brasil é alarmante, o país tem 
subido rapidamente nos rankings, ocupando a 14° posição no ranking de mortes pelo 
vírus no mundo, segundo dados extraídos em julho de 2020 (FRANCO, 2020). A 
orientação é manter o distanciamento social e tomar os devidos cuidados de higiene; 
o que se nota é que a sociedade tem enfrentado uma série de desafios para se 
adequar a essa nova realidade e, assim, muitas demandas têm sido levadas ao 
Judiciário. 
Não há como um desafio desta dimensão não afetar todas as áreas do direito 
e com a área da família não foi diferente, o que se notou foi um grande aumento de 
denúncias de violência doméstica, bem como o inadimplemento de pensão alimentícia 
em vista da crise econômica que o Brasil vem enfrentando por precisar paralisar por 
tempo considerável o comércio e também houve grandes dificuldades para a 
adaptação da dinâmica de visita dos filhos, bem como das guardas compartilhadas. 
 
4.1 ISOLAMENTO SOCIAL E A ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
Em síntese, a alienação parental é um fenômeno já muito vivenciado na esfera 
familiar e que causa grandes prejuízos para a formação social e afetiva dos filhos; a 
pandemia traz impactos nessa seara, uma vez que a recomendação da OMS é o 
distanciamento social, podendo essa recomendação ser usada como fundamento 
para que o genitor pratique alienação parental. Como seguir as recomendações para 
preservar a saúde dos filhos, sem que isso enseje alienação parental? Impedir as 
visitas é um fenômeno de alienação parental? Como o Judiciário tem enfrentado essas 
questões? 
25 
 
 
 
E imprescindível a compreensão acerca da importância de os filhos conviverem 
com ambos os genitores, independentemente do tipo de guarda. O que se observa é 
que, muitas vezes, após a ruptura de um relacionamento, sobram mágoas que 
passam a interferir na relação dos pais com os filhos, em virtude de um deles se tomar 
alienador e colocar o filho contra o outro. 
Na atual conjuntura em que o país vem enfrentando com o novo coronavírus, 
se observou um aumento das demandas concernentes à guarda e visitas no 
Judiciário. Isso porque muitos genitores não têm entrado em consenso e a pandemia 
virou, para alguns, pretexto para praticar alienação parental. 
E, portanto, um desafio a ser enfrentado, haja vista que, ainda que a OMS 
recomende o distanciamento social, não há como simplesmente impedir os genitores 
de terem contato com o menor, pois isso pode acarretar em grandes prejuízos. 
A convivência e o exercício das responsabilidades parentais não precisam 
ocorrer somente via presencial; existem inúmeros meios de se manter contato nos 
dias atuais, seja através de ligações de videoconferência, por ligação telefônica, por 
mensagens etc. Ademais, se houver formas de possibilitar os encontros 
pessoalmente, sem colocar em risco a integridade física da criança, é importante que 
se encontre meios de fazê-lo, visando justamente não causar danos à sua integridade 
psíquica. 
O direito à convivência familiar é um direito fundamental, previsto na 
Constituição Federal: 
 
Art. 227 É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, 
ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, 
à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à 
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária [...] 
(BRASIL, 1988). 
 
Assim, é de suma importância não tolher o direito da criança e do adolescente 
de ter convivência familiar, a menos que por alguma razão relevante e justificada, 
como é o caso da pandemia e o risco de saúde que o menor poderá correr no 
deslocamento até o outro genitor e também no contato com este. Contudo, não há e 
nunca deverá haver espaço e justificativa para qualquer tipo de alienação parental. 
 
A alienação parental é um modelo de abuso psicológico difícil de diagnosticar. 
É preciso ficar atento, pois muitas vezes é tão sutil, que nem os familiares 
mais próximos conseguem perceber. É óbvio que quando há o 
distanciamento físico, a alienação parental pode aumentar. Mas o que tem 
que ser passado para o filho, nesse momento, é a segurança de que toda a 
26 
 
 
 
família o está protegendo. E que, após esse período, os genitores vão 
continuar a conviver com ele do jeito que sempre foi. Isso faz com que a 
criança se sinta fortalecida. (TJES, 2020). 
 
O quadro ideal é aquele em que há efetivos esforços dos genitores a fim de 
manter a convivência dos filhos com ambos e o consenso entre eles de que o que 
deve ser priorizado é o bem-estar e a saúde do menor; em relação a vínculos de 
filiação, não há espaço para utilizar-se dos filhos como forma de vingança. Não 
importa se os genitores possuem uma relação amigável, é preciso que o interesse do 
menor seja sempre colocado em primeiro lugar, a fim de não trazer nenhum trauma a 
este. 
Para quem já usa o expediente da alienação parental, parece que o 
isolamento social obrigatório virou uma desculpa perfeita para retirar 
completamente da vida do filho a presença de um dos pais. A questão é muito 
sensível e merece especial atenção. É preciso verificar se esse afastamento 
específico é realmente necessário para preservar a saúde do menor ou não. 
Em caso positivo, deve ser utilizada toda a tecnologia disponível para 
minimizar a distância (internet, smartphones etc) entre pais e filhos, bem 
como precisam ser verificadas futuras compensações. (NEGRELLI, 2020). 
 
Há inúmeras saídas a fim de solucionar o impasse de manter a convivência 
com os filhos durante a pandemia, como o uso da tecnologia, para aqueles que 
possuem acesso e, posteriormente, “compensar” os dias que o outro genitor tinha 
direito de estar com o filho; ou um acordo entre os genitores de não deslocar o menor 
a todo tempo, mas após um período de 15 dias, por exemplo; estipular um período 
maior para o filho estar com o outro genitor, após a pandemia; planejar formas de 
manter contato por videoconferência, quando possível etc. 
O momento é delicado, em virtude do pouco conhecimento que se tem acerca 
da COVID-19, restando, desta forma, apenas seguir o que é recomendado pelos 
órgãos de saúde; portanto, respeitar o distanciamento social e suspender o direito de 
convivência entre o menor e o genitor, não pode ser considerado, por si só, alienação 
parental. 
A suspensão da convivência pessoal neste momento social é o que tutela o 
melhor interesse dos filhos. Inclusive, para os pais que vivem em cidades 
diferentes, a convivência das crianças não pode ser presencial e devemos no 
socorrer dos meios de comunicação virtual para permitir a coexistência de 
outra forma. (IBIAS; SILVEIRA. 2020). 
 
Dessa forma, para que seja considerada alienação parental, é preciso analisar 
caso a caso; há situações em que realmente o filho estaria sendo exposto se 
convivesse com o genitor (em caso deste último ser da área de saúde, por exemplo); 
há situações em que não há possibilidade de o menor manter contato via meios 
27 
 
 
 
tecnológicos com seu genitor, sendo, portanto, a suspensão de visitas uma quebra 
total de convivência. E necessário também analisar a intenção do genitor que se 
encontra com o menor, observar se o distanciamento é realmente justificado ou está 
servindo como uma “desculpa” para a alienação. 
O artigo 1.586 do Código Civil dispõe que: “havendo motivos graves, poderá o juiz, 
em qualquer caso, a bem dos filhos, regular de maneira diferente da estabelecida nos 
artigos antecedentes a situação deles com os pais” (BRASIL, 2002). Assim, resta claro 
que a pandemia é um motivo grave e, a depender do caso concreto, o contato físico 
dos genitores com os filhos podem sim ser restringido. O fato é que se trata de uma 
situação excepcional e inesperada, portanto, torna-se importante que os genitores 
busquem acordos entre si, observando o melhor para a criança ou o adolescente. 
A inclinação do Judiciário tem sidono sentido de suspender a convivência 
presencial, em vista da recomendação da OMS. Trata-se de uma tentativa de 
preservar o menor, em vista dos riscos a que esse poderá ser exposto na manutenção 
das visitas. 
O jurista Rodrigo da Cunha Pereira (2020) tece uma importância crítica acerca 
da posição adotada pelo Judiciário: 
 
A suspensão das “visitas”, na maioria dos casos, é sempre em favor da mãe. 
E aqui tem funcionado como nos juizados de violência doméstica: a medida 
protetiva é sempre concedida, e se toma até mesmo uma medida de 
segurança para os juízes, pois caso a negue, e o 
marido/companheiro/namorado, mate a mulher, o juiz estaria implicado em 
alguma responsabilidade pela não concessão da medida protetiva. Da 
mesma forma, poderiam ser responsabilizados, se a não suspensão da 
“visita” resultar em contaminação pelo vírus. Melhor pecar pelo excesso do 
que pela falta, até porquê ficar sem contato físico com o filho por um ou dois 
meses, por mais doloroso que seja, não mata ninguém. Mas o contrário, sim, 
pode matar. Imagino que esta seja a lógica da maioria destas decisões. 
 
De toda forma, em vista da impossibilidade de manter a convivência do menor 
com ambos os genitores de forma plena, sem que isso acarrete em riscos à saúde, é 
preciso que a criatividade e o bom senso vigorem essa nova dinâmica a fim de garantir 
que o distanciamento social não signifique o isolamento dos pais em face dos filhos. 
A advogada Carolina Alt (2020) traz considerações importantes: 
 
[...] entristece o fato de a quarentena estar sendo utilizada como um pretexto 
para tolher o vínculo afetivo da criança ou adolescente e o seu progenitor, 
levando em consideração que as consequências geradas pelo ato da 
alienação parental podem ser devastadoras na vida de uma criança ou 
adolescente. Espera-se que o período de quarentena sirva como um 
momento de reflexão, para que nos tomemos humanos mais solidários e 
tenhamos um novo olhar sobre as relações familiares. Somente assim, 
28 
 
 
 
garantiremos a observância do princípio do melhor interesse da criança e, por 
fim, combateremos a triste síndrome da alienação parental. 
 
Não há uma regra especial adotada pelo Judiciário acerca do exercício da 
guarda compartilhada e do direito de visita durante a pandemia. 
Explica a magistrada Fabrícia Calhau Novaretti (TJES, 2020): 
As regras para o exercício da guarda permanecem as mesmas estabelecidas 
anteriormente, mas ambos os pais devem tomar as devidas cautelas no tocante a 
saúde das crianças. Evitar sair de casar, evitar transportes públicos e atender às 
determinações das autoridades de saúde. Sempre olhando para o superior interesse 
da criança, para que ela fique sempre protegida. 
Em suma, é preciso ponderar o que visa o melhor interesse do menor, a fim de 
não se tomar medidas drásticas; a busca pelo meio termo é imprescindível e é um fato 
que o direito de família enfrenta e enfrentará desdobramentos na seara da família 
durante essa pandemia e no período pós-pandemia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Percebendo essas dificuldades, o mediador, a partir do restabelecimento do 
diálogo entre as partes envolvidas, busca trabalhar essa diferenciação a fim de que 
os mediados compreendam que a separação põe fim unicamente à relação conjugal, 
permanecendo a responsabilidade de ambos os pais em relação à educação e à 
criação dos filhos enquanto menores, e a assistência deles quando maiores. 
 É neles que os ex-cônjuges acabam depositando toda a sua carga emocional, 
suas tristezas e angústias, buscando incessantemente a exclusão de um dos 
genitores da relação com os filhos ou, então, instigando-os a optar entre a convivência 
com um ou outro, chegando a configurar a denominada Alienação Parental. Nesse 
contexto conflitivo, o mediador exerce papel fundamental, pois a compreensão da 
distinção entre conjugalidade e parentalidade por parte do ex-casal estimula-os a 
refletir sobre as atitudes que estão adotando em relação aos filhos. 
Mais, estimula-os a trabalhar o divórcio psíquico e a perceber que a forma como 
conduzem o processo de separação reflete diretamente na vida dos filhos, podendo-
lhes causar graves sequelas quando mal conduzido. Para dar ênfase ao entendimento 
supramencionado, citam-se as palavras de Luís Otávio Sigaud Furquim que 
corroboram com o tema abordado: É importante salientar que, quando o casamento 
termina, cessa apenas a relação de conjugalidade, mantendo-se, então, a relação de 
parentalidade, que vai ser exercida e compartilhada entre pais e filhos para sempre 
(2008, p. 
Assim, o que se espera do ex-casal é que a partir do procedimento de 
mediação familiar consigam visualizar de forma clara o que diz respeito à 
conjugalidade e à parentalidade para, em um momento posterior, poder dialogar 
sobre assuntos referentes a esses aspectos, mantendo sempre o respeito mútuo, a 
fim de decidir juntos as questões relativas aos filhos, privilegiando a qualidade de vida 
e o bem estar destes, amenizando as perdas e os sofrimentos suportados com 
a separação. 
Não se pode permitir que as divergências existentes entre ex-casais sejam 
utilizadas como justificativas para o afastamento da criança do convívio familiar, a final 
de contas, pai e mãe são igualmente essenciais na constituição dos filhos enquanto 
sujeitos, devendo compartilhar as tarefas inerentes à criação, educação, assistência, 
30 
 
 
 
afeto e amor. Sobre esse aspecto, destaca-se a colocação feita por Furquim quanto à 
importância das relações familiares: A convivência com ambos os pais é fundamental 
para a construção da identidade social e subjetiva da criança. 
A diferença das funções de pai e mãe é importante para a formação dos filhos, 
pois essas funções são complementares e não implicam na hegemonia de um sobre 
o outro (2008, p.80). A relevância da presença materna e paterna para o 
desenvolvimento da criança é, portanto, indiscutível e, em casos de separação 
conjugal, é de fundamental importância que sejam abordadas e trabalhadas pelo 
mediador familiar e pelos mediados questões relativas à conjugalidade e à 
parentalidade, pois a sua diferenciação pode ser fundamental para evitar 
desentendimentos em relação aos filhos, possíveis práticas de Alienação Parental ou 
até mesmo para que essa prática seja interrompida. 
Dessa forma, tem-se que a mediação possibilita a comunicação entre os 
mediados e consequentemente a readaptação desses a sua nova realidade de vida 
enquanto ex-casal, bem como a remodelagem do exercício da parentalidade, a qual 
precisa ser adaptada ao contexto de separação conjugal a fim de priorizar o “melhor 
interesse da criança”, mantendo-se o contato desta com ambos os genitores, zelando 
pela sua integridade física, moral e intelectual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ALT, Carolina. Alienação parental em meio à pandemia da Covid-19. Espaço Vital, 
30 mar. 2020. Disponível em: https://www.espacovital.com.br/publicacao-37873- 
alienacao-parental-em-meio-a-pandemia-da-covidl9. Acesso em: 28 mai. 2021. 
 
AZEVEDO, Álvaro Villaça. Estatuto da família de fato: de acordo com o atual 
Código Civil Lei n° 10.406, de 10-01-2002. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011; 
 
BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo: Os 
conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 5ª. ed. São Paulo: Saraiva, 
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