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[Pensar Criminalista]_ A dignidade da pessoa humana no Processo Penal

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jusbrasil.com.br
24 de Dezembro de 2021
[Pensar Criminalista]: A dignidade da pessoa humana no
Processo Penal [1]
Olá!
Pode-se dizer, sem receio, que a dignidade da pessoa humana é o
princípio mais importante de todo o nosso ordenamento jurídico;
sendo, inclusive, definida como um dos fundamentos do Estado
Democrático de Direito [2]. Por essa razão,
(...) esse princípio fundamental deve nortear toda a edição,
interpretação e aplicação das regras jurídicas. Não se admite
na persecução penal, em absoluto, qualquer consequência que
contrarie a regra de máxima valoração estudada.
Qualquer espécie normativa ou simples dispositivo de lei que
esteja em rota de colisão com os valores alcançados pelo
princípio da dignidade da pessoa humana não poderá surtir
efeitos práticos, e deverá ser extirpada do cenário jurídico.
Nesse tema incide a regra da máxima efetividade dos direitos
fundamentais.
Não tem sentido imaginar ou praticar um sistema de
prestação jurisdicional em que não se reconheça a dignidade
humana, antes e acima de qualquer outra finalidade, como
valor maior a ser preservado. [3]
O princípio surge a partir do século XVIII, no contexto iluminista,
valorizando o homem enquanto ser racional e dotado de autonomia,
que não pode ser compreendido apenas como um objeto sobre o qual
incidem as vontades estatais.
Assim, sobre uma perspectiva racional, o homem é um fim em si
mesmo. Portanto, deixa de ser objeto para ser um sujeito de direitos.
Nesse contexto, ao Estado compete assegurar a preservação da
intimidade, da dignidade e da vida humana.
Analisando o princípio, José Eduardo de Souza Pimentel nos esclarece
que
(...) o conceito de “dignidade da pessoa humana” não é
preciso, nem definitivo. Há consenso acerca de um conteúdo
mínimo, o de que a dignidade da pessoa humana decorre da
autodeterminação consciente e responsável da própria vida e
da pretensão ao respeito por parte das demais pessoas. (...)
Modernamente, admite-se que o princípio da dignidade da
pessoa humana também (e especialmente) consiste numa
“referência constitucional unificadora de todos os direitos
fundamentais”, que os intensifica ao situar o homem como
sujeito de direitos e não objeto das relações de poder. [4]
Assim, podemos dizer que, embora não definido de forma precisa, o
princípio da dignidade humana serve para definir as relações
desenvolvidas entre o Estado e seus cidadãos, e dos cidadãos entre si.
E, por ser pilar da ordem jurídica do Estado Democrático brasileiro, a
dignidade da pessoa humana ganha superioridade hierárquica em face
de outros princípios do nosso ordenamento jurídico.
Para Nucci a dignidade humana deve ser observada sobre dois prismas.
O primeiro, objetivo, que traz ao Estado o dever constitucional de
garantir aos indivíduos as condições mínimas de sobrevivência. E,
sobre um segundo aspecto subjetivo, exige que o Estado respeite a
autoestima de cada indivíduo. Em suma, a função da dignidade
humana é garantir que a pessoa sobreviva minimamente com a sua
respeitabilidade garantida
Na seara criminal a dignidade humana ganha força normativa e,
juntamente com o direito à vida e à liberdade, delimita a atuação
estatal na persecução penal. Ela exige a atuação do Estado com vistas a
garantir a segurança das pessoas; mas, também, limita essa atuação,
impedindo que seja desenvolvida de forma a violar a dignidade das
pessoas.
No processo penal democrático deve-se respeitar a dignidade humana
e a proteção social. Por isso, o Estado deve garantir a dignidade da
vítima e de toda a sociedade. Mas, também, pugnar pela preservação
da dignidade humana do investigado, indiciado ou condenado. O fato
de um indivíduo ser um sujeito transgressor de normas penais não lhe
afasta o atributo da dignidade.
Daí, o processo criminal ser desenvolvido com vistas à aplicação de
punição justa e adequada à preservação da dignidade humana do
condenado. A pena não pode se configurar em meio de exposição do
sentenciado a humilhações ou situações que lhe firam a dignidade.
Lembre-se que a ideia da pena aplicada é garantir a reintegração do
indivíduo ao meio social.
Nesse sentido, lembre-se que recentemente o STJ, ao julgar o RHC
136.961/RJ, entendeu pela possibilidade de contagem em dobro do
prazo de pena cumprido em estabelecimento prisional que submetia
internos a situações desumanas e degradantes.
Não conhece o precedente acima ou quer entendê-lo melhor?
Acesse no link o texto anterior sobre esse julgamento:
https://bit.ly/3ck1y3Q
Também podemos verificar a preocupação em garantir a dignidade da
pessoa na recente alteração promovida na legislação criminal pela Lei
14.245/2021. Buscou a nova lei coibir a prática de atos atentatórios à
dignidade das vítimas e de testemunhas no curso do processo.
Para conhecer a Lei 14.245/2021 e entender as alterações que
ela promoveu na nossa legislação criminal, acesse o link:
https://bit.ly/3yVINOd
Em linhas gerais, é essa a reflexão que tenho para hoje. Enquanto
operadores do Direito devemos nos preocupar e trabalhar para que a
dignidade humana seja cada vez mais respeitada no processo,
especialmente o criminal. Para que seja realmente democrático, o
processo não pode tomar a dignidade humana como mero princípio de
observância duvidosa, apenas "para inglês ver".
Amigos e amigas, eu desejo a vocês um lindo Natal. Sobretudo, de
muita saúde e paz para vocês e suas famílias!
Abraços e até a próxima,
____________________
Notas:
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1201173843/recurso-em-habeas-corpus-rhc-136961-rj-2020-0284469-3
https://bit.ly/3ck1y3Q
https://bit.ly/3yVINOd
[1] Tópico adaptado do Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Faculdade Damásio para a obtenção do título de Especialista em
Direito Processual Penal.
[2] Lê-se no artigo 1º, inciso III, da Constituição Federal de 1988, que
“a República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos (...) a dignidade da
pessoa humana”.
[3] MARCÃO, Renato. Curso de processo penal. São Paulo: Saraiva,
2014.
[4] PIMENTEL, José Eduardo de Souza. O princípio da dignidade da
pessoa humana no processo penal. Revista Internacional de Direito e
Cidadania, nº. 7, p. 59/79. Jun./2010, p. 61.
____________________
Referências:
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de
1988. Disponível em <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm >
________. Lei nº 14.245, de 22 de novembro de 2021. Altera os
Decretos-Leis nos 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e
3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), e a Lei nº
9.099, de 26 de setembro de 1995 (Lei dos Juizados Especiais Cíveis e
Criminais), para coibir a prática de atos atentatórios à dignidade da
vítima e de testemunhas e para estabelecer causa de aumento de pena
no crime de coação no curso do processo (Lei Mariana Ferrer).
Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
2022/2021/Lei/L14245.htm >
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1321120338/lei-14245-21
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033465/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033465/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/773841431/lei-dos-juizados-especiais-lei-9099-95
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/773841431/lei-dos-juizados-especiais-lei-9099-95
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14245.htm
________. Superior Tribunal de Justiça. Recurso em Habeas
Corpus nº 136.961/RJ, Relatoria do Ministro Reynaldo Soares da
Fonseca - Quinta Turma, julgado em 28/04/2021(decisão
monocrática), publicado em 30/04/2021. Disponível em <
https://processo.stj.jus.br/processo/dj/documento/mediado/?
tipo_documento=documento&componente=M... >
________. FIGUEIREDO, APCG. [Papo de Criminalista]:
Cumprimento de pena em situação degradante permite a
contagem do tempo em dobro. Disponível em <
https://annapaulacavalcante.jusbrasil.com.br/artigos/1205589512/pa
po-de-criminalista-cumprimento-de-...>
________. ________. [Pensar Criminalista]: Nova lei coíbe
atos atentatórios à dignidade das vítimas e testemunhas
nas audiências criminais. Disponível em <
https://annapaulacavalcante.jusbrasil.com.br/artigos/1324192055/pe
nsar-criminalista-nova-lei-coibe-a... >
MARCÃO, Renato. Curso de processo penal. São Paulo: Saraiva,
2014.
PIMENTEL, José Eduardo de Souza. O princípio da dignidade da
pessoa humana no processo penal. Revista Internacional de
Direito e Cidadania, nº. 7, p. 59/79. Jun./2010.
____________________
Quem sou?
Advogada, especialista em Direito Penal, Processo Penal e
Direito Tributário. Apaixonada pela produção de conteúdo
jurídico online. Entusiasta na confecção de materiais
jurídicos práticos para estudantes e profissionais do Direito.
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1201173843/recurso-em-habeas-corpus-rhc-136961-rj-2020-0284469-3
https://processo.stj.jus.br/processo/dj/documento/mediado/?tipo_documento=documento&componente=MON&sequencial=125604537&tipo_documento=documento&num_registro=202002844693&data=20210430&tipo=0&formato=PDF
https://annapaulacavalcante.jusbrasil.com.br/artigos/1205589512/papo-de-criminalista-cumprimento-de-pena-em-situacao-degradante-permite-a-contagem-do-tempo-em-dobro
https://annapaulacavalcante.jusbrasil.com.br/artigos/1324192055/pensar-criminalista-nova-lei-coibe-atos-atentatorios-a-dignidade-das-vitimas-e-testemunhas-nas-audiencias-criminais
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