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ARGUMENTAÇÃO E TIPOS DE ARGUMENTO

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ISOLADA DE REDAÇÃO PARA CONCURSOS 
 
1 Este material é parte integrante da apostila Português para Concursos da Oficina dos Concursos© com todos os direitos reservados 
 www.facebook.com/groups/adeildojunior @profadeildojr (81) 99761-3126 
 www.facebook.com/profadeildojr @profadeildojr professor@adeildojunior.com.br 
 
ARGUMENTAÇÃO 
 
1. O que é argumentar – Argumentar é discutir, mas, e principalmente, é raciocinar, é deduzir, é concluir, é tirar ilações: 
“Quando você discute com alguém, a argumentação não deve ser uma luta entre duas pessoas, mas uma Caçada à razão, 
na qual vocês dois se envolvem, ajudando-se mutuamente a descobrir e a capturar a verdade que ambos desejam”. A 
argumentação deve ser construtiva na finalidade, cooperativa em espírito e socialmente útil. Embora seja exato que os 
ignorantes discutem pelas razões mais tolas, isso não constitui motivo para que homens inteligentes se omitam em 
advogar ideias e projetos que valham a pena. Homens mal-intencionados discutem por objetivos egoístas ou ignóbeis, mas 
esse fato deve servir de estímulo aos homens de boa vontade para que se disponham a falar com maior frequência e maior 
desassombro. O ponto de vista que considera a discussão como vazia de sentido e ausente de senso comum é não só falso, 
mas, também, perigoso, sob o ponto de vista social. 
 
2. Vantagens de argumentação – Inúmeras são as vantagens da argumentação. Vamos citar algumas: 
 
a) É um método através do qual o indivíduo pode avaliar os problemas que lhe dizem respeito, à sua família, seus 
negócios e à sociedade em que vive. 
b) É um meio de criara hipóteses e experimentar conclusões. 
c) É uma técnica de emitir argumentos e opiniões, com o objetivo de defender uma determinada posição. 
d) É um processo de análise e crítica de todos os meios de intercâmbio de opiniões. 
e) É um instrumento poderoso com aplicações proveitosas na vida individual e em sociedade. 
 
PENTEADO, José Roberto Whitaker. A técnica da comunicação humana. 4. ed. São Paulo, Pioneira, 1974. p.233 – 4. 
 
TIPOS DE ARGUMENTOS 
 
1. ARGUMENTO DE AUTORIDADE 
 
É a citação de autores renomados, autoridades num certo domínio do saber, numa área da atividade humana, para 
corroborar uma tese, um ponto de vista. O uso de citações, de um lado, cria a imagem de que o falante conhece bem o 
assunto que está discutindo, porque já leu o que sobre ele pensaram outros autores; de outro, torna os autores citados 
fiadores da veracidade de um dado ponto de vista. Observe a introdução de um texto de Ulisses Guimarães, em que invoca 
a autoridade da Bíblia, do padre Antônio Vieira, de provérbios e de Camões, para reprovar a falta de palavra do presidente 
Collor, que lhe prometera manter-se neutro na votação de emenda constitucional que estabelecia o sistema 
parlamentarista e, na surdina, trabalhou pela sua rejeição: 
 
O fio do Bigode 
 
Para nossos avós, o fio do bigode garantia a palavra empenhada. Não precisava de tabelião, firma reconhecida e 
testemunhas. Depilou, negócio fechado. 
 Os bigodes rarearam a palavra não. 
 A Terra é filha da palavra, reza o Gênesis. O Evangelho segundo São João recorda: “No princípio era o Verbo, e o Verbo 
estava com Deus e o Verbo era Deus”. 
 Padre Vieira tem na agulha bala certeira: “Palavras sem obras são tiro sem bala: atroam mas não ferem. A funda de 
Davi derrubou o gigante, mas não o derrubou com o estado, senão com a pedra”. 
 Para os súditos confiantes “palavra de rei não volta atrás”. O adágio prevalece para os presidentes da República, que 
são os reis de plantão durante os respectivos mandatos. O fraco rei faz fraca a forte gente. Secularmente adverte Camões. 
[...] 
 Presidente Collor: esse negócio de palavra é fogo. Com fogo não se brinca, principalmente chefe do governo. 
 
Folha de S. Paulo, 18 nov. 1991, p. 1 – 3. 
 
 
Se é verdade que o argumento de autoridade tem força, é preciso levar em conta que tem efeito contrário a utilização de 
citações descosturadas, sem relação com o tema, erradas, feitas pela metade, mal compreendidas. 
 
2. ARGUMENTO BASEADO NO CONSENSO 
ISOLADA DE REDAÇÃO PARA CONCURSOS 
 
2 Este material é parte integrante da apostila Português para Concursos da Oficina dos Concursos© com todos os direitos reservados 
 www.facebook.com/groups/adeildojunior @profadeildojr (81) 99761-3126 
 www.facebook.com/profadeildojr @profadeildojr professor@adeildojunior.com.br 
 
 
As matemáticas trabalham com axiomas, que são proposições evidentes por si mesmas e, portanto, indemonstráveis: o 
todo é maior do que a parte; duas quantidades iguais a uma terceira são iguais entre si, etc. Outras ciências trabalham também 
com máximas e proposições aceitas como verdadeiras, numa certa época, e que, portanto, prescindem de demonstração, a 
menos que o objetivo de um texto seja demonstrá-las. Podem-se usar, pois, essas proposições evidentes por si ou 
universalmente aceitas, para efeitos de argumentação. Por exemplo: 
 
A educação é a base do desenvolvimento. 
Os investimentos em pesquisa são indispensáveis, para que um país supere sua condição de dependência. 
 
Não se deve, no entanto, confundir argumento baseado no consenso com lugares-comuns carentes de base científica, de 
validade discutível. É preciso muito cuidado para distinguir o que é uma ideia que não mais necessita de demonstração e a 
enunciação de preconceitos do tipo: o brasileiro é indolente, a Aids é um castigo de Deus, só o amor constrói. 
 
3 – ARGUMENTOS BASEADOS EM PROVAS CONCRETAS 
 
 As opiniões pessoais expressam apreciações, pontos de vista, julgamentos, que exprimem aprovação ou desaprovação. 
No entanto, elas terão pouco valor de não vierem apoiadas em fatos. É muito frequente em campanhas políticas fazerem-se 
acusações genéricas contra candidatos: incompetente, corrupto, ladrão etc. O argumento terá muito mais peso se a opinião 
estiver embasada em fatos comprobatórios. Se dissermos A administração Fleury foi ruinosa para o Estado de São Paulo, um 
partidário do ex-governador poderá responder simplesmente que não foi. No entanto, se dissermos A administração Fleury foi 
ruinosa para o Estado de São Paulo, porque deixou dívidas, junto ao Banespa, de 8,5 bilhões de dólares, porque deixou de 
pagar os fornecedores, porque acumulou dívidas de bilhões de dólares, porque inchou a folha de pagamento do Estado com 
nomeações de afilhados políticos, porque desestruturou a administração pública etc., o partidário do ex-governador, para 
argumentar, terá que responder a todos esses fatos. 
 Os dados apresentados devem ser pertinentes, suficientes, adequados, fidedignos. Por exemplo, se alguém disser que 
um determinado candidato não é competente administrativamente porque não sabe português, estará fazendo um raciocínio 
falacioso, porque o fato de saber português não é pertinente para a conclusão de que alguém seja competente para 
administrar, uma vez que não há implicação necessária entre o conhecimento linguístico de alguém e a qualidade de bom 
administrador. Por outro lado, se alguém diz que todo político é ladrão, porque a imprensa divulgou que dezenas de deputados 
fizeram emendas ao orçamento para tirar proveito pessoal, os dados são insuficientes para fazer a generalização, pois do fato 
de alguns (ou muitos) terem sido apontados como desonestos não decorre necessariamente que todos o sejam. Aliás, é preciso 
tomar muito cuidado com esses argumentos que fazem apelo a uma totalidade indeterminada, pois basta um único caso em 
contrário, para derrubá-los. Se alguém diz Nenhum europeu toma banho todos os dias, basta que se cite um que o faça, para 
que o argumento deixe de ter validade. No geral, essas generalizações feitas com base em dados insuficientes revelam apenas 
nossos tabus e preconceitos. Se um determinado candidato diz que seu adversário é racista, porque, quando era diretor de 
uma certa companhia, não permitia que se contratassem funcionários negros, essa afirmação, a menos que venhaacompanhada de provas, será considerada não-fidedigna, pois quem a veicula tem interesse em desmoralizar a pessoa que 
está sendo acusada. Se o prefeito de São Paulo diz que é preciso investir em pontes, viadutos, túneis e alargamento de ruas e 
avenidas, para melhorar o transporte coletivo, uma vez que, se o fluxo do tráfego aumentar, crescerá também a velocidade 
dos ônibus, seu argumento é fraco. Veja que se pode rebatê-lo, dizendo que nele não se relacionam dados adequados, visto 
que a melhoria da velocidade do transporte coletivo se faria, na verdade, com um custo mais baixo, implantando-se corredores 
exclusivos de ônibus e restringindo-se a circulação do transporte individual. 
 Não se podem fazer generalizações sem apoio em dados consistentes, fidedignos, suficientes, adequados, pertinentes. 
As provas concretas podem ser cifras e estatísticas, dados históricos, fatos da experiência cotidiana etc. Esse tipo de argumento, 
quando bem feito, cria a sensação de que o texto trata de coisas verdadeiras e não apresenta opiniões gratuitas. Veja este 
texto, em que se acusa a Central Brasileira de Medicamentos de realizar compras com preços superfaturados e se comprova o 
superfaturamento com publicações do Diário Oficial e com notas de empenho assinadas pelo presidente do órgão: 
 
 
 É o que acaba de fazer, com dinheiro da Central de Medicamentos, Antônio Carlos dos Santos, presidente dessa estatal 
apanhado em flagrante de compras irregulares com custo bilionário. 
 O leitor que me desculpe, mas se trata, ainda, da compra de 1.600 litros de inseticida por R$ 2.169.115.200,00, ao preço, 
portanto, de R$ 1.355.697,00 por litro. Notícia cuja veracidade está comprovada no Diário Oficial de 19 de abril e na “nota de 
empenho” com que o presidente da Ceme liberou a verba. 
 
Jânio Freitas. Folha de São Paulo, 14 de maio 2011, p. 1 – 5 
 
ISOLADA DE REDAÇÃO PARA CONCURSOS 
 
3 Este material é parte integrante da apostila Português para Concursos da Oficina dos Concursos© com todos os direitos reservados 
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 Afirmações generalizantes exigem dados ou fatos que lhes sirvam de suporte. Por outro lado, não se podem fazer 
generalizações indevidas. Um tipo de generalização indevida é tomar o que é acidental, ou seja, acessório, ocasional, como se 
fosse essencial, isto é, inerente, necessário. Mostrar um erro médico (ou vários) e concluir que todos os médicos são charlatães 
é generalizar indevidamente, porque o erro por descuido, negligência ou imperícia não é inerente à profissão médica. Também 
não é a corrupção à atividade política etc. A maioria das sentenças judiciosas do senso comum são generalizações indevidas. 
Usar argumentos desse tipo (por exemplo, político não presta, brasileiro não sabe votar, pobre não gosta de trabalhar, 
engenheiro é bitolado, artista vive num outro mundo, jornal só conta mentira, funcionário público não trabalha, roqueiros são 
todos drogados) revela um autor acrítico, preso a lugares-comuns, imerso num universo conceitual muito pobre. 
 No caso de argumentos por provas concretas, podem-se muitas vezes usar casos singulares para comprovar verdades 
gerais. Tem-se a argumentação por ilustração, quando se enuncia um fato geral e, em seguida, narra-se um caso concreto para 
comprová-la; na argumentação pelo exemplo, parte-se de um exemplo concreto e daí se extrai uma conclusão geral. Temos o 
primeiro caso, quando se diz que, no Brasil, há políticos que se valem de fraude para eleger-se e, em seguida, conta-se o caso 
de um esquema montado por um candidato a deputado para alterar os mapas eleitorais durante as apurações. Nesse caso, o 
que não pode é dar à afirmação geral um alcance que a ilustração não permite. Por exemplo, se tivéssemos dito que todos os 
deputados se valem de fraude para eleger-se, a ilustração com um único caso não serviria para comprovar o alcance da 
proposição geral. 
 Temos argumentação pelo exemplo, quando partimos de casos de fraude contra a previdência social, para chegar à 
afirmação de que o sistema previdenciário brasileiro está sujeito a esse tipo de ilícito e, por isso, precisa passar por profundas 
reformulações saneadoras. Nesse tipo de argumentação, é preciso cuidado para não chegar a generalizações indevidas, a 
conclusões que nada têm a ver com os fatos relatados, a conclusões que são contrárias aos fatos relatados. Vamos dar apenas 
um exemplo. Um narrador conta que foi a uma festa, onde não conseguiu conversar com ninguém, não de divertiu, ficou 
sozinho e, em seguida, diz que é muito bom ir a festas, pois novos relacionamentos sempre nos enriquecem. 
 
4 - ARGUMENTOS COM BASE NO RACIOCÍNIO LÓGICO 
 
 Embora no item anterior já tenhamos tratado disso, ao dizer que não se podem tirar conclusões incompatíveis com 
os dados apresentados, ilustrar afirmações gerais com dados inadequados etc., o que chamamos aqui argumentos com base 
em raciocínio lógico diz respeito às próprias relações entre proposições e não à adequação entre proposições e provas. Vejamos 
um exemplo. Num artigo intitulado “Todo poder aos professores”, Otávio Frias Filho discute a filosofia pedagógica de estímulo 
à criatividade, que se implantou em nossas escolas a partir da década de 60. Depois de analisar o lado positivo dessa proposta, 
desvela o seu lado perverso. Num certo ponto do artigo, mostra a comodidade de organizar um curso com base em seminários, 
a dificuldade de reverter esse processo, a necessidade de rever grande parte das mudanças do ensino nestes trinta anos. Dá 
depois de cada uma destas proposições as razões que motivam sua afirmação. A argumentação baseia-se nas relações de causa 
e consequência. 
 
 Além de ser mais chique, do ponto de vista ideológico, o seminário é mais cômodo para ambos os lados: nem o 
professor prepara a aula, nem o aluno estuda, e ambos entram com sua cota de “participação crítica”. 
 O mais grave é que onde esse processo se instalou não há como revertê-lo, pois as facilidades se transformam em 
direito adquirido. (...) . 
Já que o mundo passa por uma histeria de volta ao passado, ao menos em relação ao que parecia “futuro” nos anos 
60, talvez fizéssemos bem em rever grande parte das mudanças do ensino nestes 30 anos. 
 
 Porque os resultados, mesmo nas boas escolas, não parecem encorajadores. A ideologia do ensino crítico está 
produzindo gerações de tontos. A lassidão, o vale-tudo, a falta de autoridade professoral desestimula a própria rebeldia do 
estudante. 
 Folha de S. Paulo, 17 nov. 1994, p. 1 – 2 
 
 Um dos defeitos na argumentação com base no raciocínio lógico é fugir do tema. Esse expediente é muito usado por 
políticos, para evitar questões embaraçosas, ou advogados, quando não têm como refutar as acusações imputadas a seu 
cliente. Um prefeito da capital paulista a quem perguntaram por que, em seu governo, uma determinada obra pública estava 
custando tão caro, respondeu que ela seria muito importante para a cidade, porque eliminaria as enchentes numa dada região. 
Um homem matou sua mulher por ciúmes, como ficara comprovado. Seu advogado, para comover os jurados, começa a dizer 
que o acusado era um homem trabalhador, um cidadão exemplar, um pai dedicado, uma pessoa sempre disposta a ajudar os 
amigos. Cabe lembrar enfaticamente que esse procedimento é um defeito de argumentação apenas do ponto de vista lógico. 
Da perspectiva da persuasão em sentido amplo, pode ser eficaz, pois pode convencer os ouvintes, levando-os a relacionar 
aquilo que não tem relação necessária. 
ISOLADA DE REDAÇÃO PARA CONCURSOS 
 
4 Este material é parte integrante da apostila Português para Concursos da Oficina dos Concursos© com todos os direitos reservados 
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 www.facebook.com/profadeildojr @profadeildojr professor@adeildojunior.com.br 
 
 Outroproblema é a tautologia (erro lógico que consiste em aparentemente demonstrar uma tese, repetindo-a com 
palavras diferentes), que ocorre quando se dá, como causa de um fato, um próprio fato exposto em outras palavras. Apresenta-
se, nesse caso, a própria afirmação como causa dela mesma, toma-se como demonstrado o que é preciso demonstrar. Por 
exemplo: o fumo faz mal à saúde porque prejudica o organismo (prejudicar o organismo é exatamente fazer mal à saúde); essa 
criança é mal-educada porque os pais não lhe deram educação. 
 Outro problema é tomar como causa, explicação, razão de ser de um fato o que, na verdade, não é causa dele. Uma 
causa é alguma coisa que ocasiona outra. Por isso, é preciso que haja uma relação necessária entre ela e seu efeito. 
Frequentemente, usa-se como causa de um fato algo que veio antes. Ora, o que vem depois não é necessariamente efeito do 
que aconteceu antes. Quando se passa debaixo de uma escada e, depois, se cai e se quebra uma perna, não se pode concluir 
que passar debaixo da escada é causa do acidente. As superstições baseiam-se nessa falsa causalidade. 
 Nada é pior para convencer do que um texto sem coerência lógica, que diz e desdiz-se, que apresenta afirmações que 
não se implicam umas às outras, que está eivado de contradições. 
 
5 – AGUMENTO DA COMPETÊNCIA LINGUÍSTICA 
 
 Em muitas situações de comunicação (discurso político, religioso, pedagógico etc.) deve-se usar a variante culta da 
língua. O modo de dizer dá confiabilidade ao que se diz. Utilizar também um vocabulário adequado à situação de interlocução 
dá credibilidade às informações veiculadas. Se um médico não se vale de termos científicos ao fazer uma exposição sobre suas 
experiências, desconfiamos da validade delas. Se um professor não é capaz de usar a norma culta, achamos que ele não 
conhece sua disciplina. Além disso, contribui para persuadir a utilização de diferentes mecanismos linguísticos. 
 Hélio Schwartsman, num artigo intitulado “FHC, o filme”, publicado na Folha de S. Paulo de 10/1/1995, p 1-2, quer 
convencer o leitor de que foi um equívoco do presidente Fernando Henrique Cardoso ter sancionado a lei de biossegurança, 
porque ela “consegue, a um só tempo, proibir no Brasil a principal aplicação da terapia genética (...), dificulta a vida dos casais 
que desejam um bebê de proveta (...) e não criar nenhum mecanismo efetivo contra abusos no campo de engenharia genética”. 
Observe, no trecho que vem a seguir, o valor argumentativo do uso, em latim, de uma expressão vulgar em português: 
 
 Não sou biólogo e tenho que puxar pela memória dos tempos de colegial para recordar a diferença entre uma 
mitocôndria e uma espermatogônia. Ainda lembro bastante para qualificar a canetada de FHC de “defecatio maxima” (este 
espaço é nobre demais para que nele se escrevam palavras de baixo calão, como em latim tudo é elevado...)

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