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apostila de redação


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Momento de reflexão
Por que devo aprender o básico para depois aperfeiçoar a minha escrita?
Estimado concursando, tudo tem um início e nada se constrói sem termos uma boa base para nos apoiar. Assim é com a escrita , principalmente dos textos mais cobrados nos concursos. O que propomos é oferecer-lhe o necessário para que você crie seu estilo próprio, mas consciente de que sua criação foi feita com base em outras criações.
É preciso ler outros textos para encontrarmos o caminho, por isso, neste material, há vários textos de diversas fontes para serem estudados e pesquisados. Há também fontes do seu orientador ,eu, como exemplos didáticos, visto que na fonte midiática tem-se muitos equívocos quanto à estrutura discursiva.
Além de textos, teremos modalidades de exercícios e parte teóricas para entendermos o porquê de tudo. Em nenhum momento tem-se a pretensão da perfeição, mas, sim, a busca do suficiente para sermos concorrentes nessa briga por uma vaga pública.
O que é preciso entender primeiro?
a) Que tipo de texto é cobrado nos concursos?
b) Como reconhecer essa estrutura e saber conduzi-la( identificar realmente uma introdução dissertativa-argumentativa, desenvolvimento compatível com a introdução e conclusão compatível com o desenvolvimento, que está automaticamente amarrado à introdução, como se fosse algo cíclico.)
c) Como enriquecer meus textos?
d) E como reconhecer outros textos dentro do seu texto?
e) Como utilizar as técnicas das aulas expositivas, correção de redação e as do professor?
CAPÍTULO 1: A DISSERTAÇÃO
A Dissertação é o texto mais exigido, pois nela pode-se perceber se o candidato tem autonomia no que pensa e no que escreve. É preciso conteúdo e uma boa base. Mas, o que é a dissertação como tipo de texto?
Dissertação é um texto que se caracteriza pela exposição, defesa de uma idéia que será analisada e discutida a partir de um ponto de vista. Para tal defesa o autor do texto dissertativo trabalha com argumentos, com fatos, com dados, os quais utiliza para reforçar ou justificar o desenvolvimento de suas ideias. Organiza-se, geralmente, em três partes:
 Introdução – Onde você apresentará uma tese em que irá defendê-la até o fim de seu texto. É no parágrafo introdutório é que você criará o caminho dos argumentos, direcionando-os para que não percam o foco.
 Desenvolvimento ou argumentação - Parágrafo em que irá desenvolver seu ponto de vista. Para isso, deve argumentar, fornecer dados, trabalhar exemplos se necessário; ou seja, deve-se apresentar as técnicas para enriquecer os argumentos.
 Conclusão – Parágrafo em que dará um fecho coerente com o desenvolvimento e com os argumentos apresentados. Em geral, a conclusão é uma retomada da ideia apresentada na introdução, agora com mais ênfase, de forma mais conclusiva, onde não deve aparecer nenhuma ideia nova, uma vez que você está fechando o texto.
IMPORTANTE: O texto dissertativo argumentativo destina-se ao chamado "leitor universal", ou seja, a qualquer pessoa que tenha acesso a ele. Por isso recomenda-se o uso da terceira pessoa, a não ser que a proposta deixe claro que deva-se usar a primeira pessoa, como é o caso de um artigo de opinião.
E o gênero argumentativo?
No texto dissertativo, o autor discorre sobre determinado tema explicando cada parte. Geralmente, a dissertação está relacionada com a transmissão de conhecimento e não com a persuasão sobre um ponto de vista. De outro lado, encontram-se os textos argumentativos que, como veremos, visam primordialmente à defesa de uma opinião. O texto dissertativo-argumentativo é aquele que, além de trazer informações e explicações sobre determinado assunto, traz também o posicionamento do autor no sentido de persuadir o interlocutor. Para isso, tem-se as técnicas para a persuasão.
Assim como os textos argumentativos, convencionalmente, dividem-se em três partes (introdução, desenvolvimento e conclusão). Há o predomínio da linguagem clara, objetiva e impessoal apresentada com o uso do padrão culto e formal.
O texto Dissertativo faz parte da tipologia textual e possui características próprias que o torna um gênero opinativo. Mas antes mesmo de entendermos o todo, é preciso conceituar o básico. Nossos compêndios e manuais da língua portuguesa não costumam distinguir a dissertação da argumentação, considerando esta apenas momentos daquela. No entanto, uma e outra têm características próprias. Se a primeira tem como propósito principal expor ou explanar, explicar ou interpretar ideias, a segunda visa sobretudo a convencer, a persuadir ou a influenciar o leitor ou o ouvinte. Tentamos fazer com que o outro acredite em nós, para isso usamos do recurso da argumentação.
Na dissertação podemos expor, sem combater, ideias de que discordamos ou que nos são indiferentes. Podemos explanar sobre as questões do trânsito brasileiro sem contudo analisar verdades ou falsidades, sem pensarmos em convencer alguém de alguma coisa dentro do tema analisado. O caminho então ficaria aberto ao leitor para decidir. Já na argumentação, apresentam-se as razões, as vantagens ou as desvantagens, as evidências das provas, tudo à luz de um raciocínio coerente e consistente.
Agora vejamos as palavras- chave dentro de um texto dissertativo:
O Trem Pequi
A recente notícia sobre a implantação de uma linha ferroviária de média velocidade entre Goiânia e Brasília,(Tema do texto) bucolicamente denominada Trem Pequi, merece aplauso em sua intenção mas, recomendações aos gestos que doravante serão necessários à materialização da ideia.(tese do autor).
Comentário:
O “Assunto” desse texto poderia ser: O transporte ferroviário.
Nesse parágrafo introdutório temos indício de um texto dissertativo e não argumentativo, pois o autor apenas se posiciona com sua tese sem deixar em vista a apelação, recursos em torno da tese na tentativa, é claro, de enriquecer e convencer o leitor de sua opinião.
OBS: As partes em negrito são as presenças do “Eu”(do autor) dentro do desenvolvimento. O restante é um fato relacionado que poderia ser usado por qualquer um. Digo isso, porque em seu parágrafo deverá aparecer um fato + opinião desse fato, um porquê de ele estar ali. Juntando o fato + opinião temos a conclusão do raciocínio desse parágrafo.
A primeira questão que se apresenta para ser superada é de ordem econômica, pois qualquer proposta de infra-estrutura ferroviária atrai automática resistência do poderoso setor industrial automobilístico e de seus derivados (autopeças, borracha, vidros, lubrificantes, combustíveis, betumes, minérios etc). Basta recorrermos à história, especialmente a partir de 1950, e verificar que foi este o setor que mereceu incentivos prioritários no pós-guerra para que fosse consolidado como base do novo modelo econômico brasileiro, até hoje predominante como opção nas políticas de transportes brasileiras. (veja que é ainda dissertativo, constrói a defesa de sua tese)
Este molde de gestão, desde então adotado como indutor do desenvolvimento econômico brasileiro, resultou em dois vetores diametralmente opostos, hoje consolidados e em contínua progressão. De um lado incrementou magnificamente o sistema rodoviário brasileiro, que passou de aproximadamente 38 mil (1950) para 1,6 milhões de quilômetros de extensão (2000). Na outra ponta, a mesma política desestimulou o sistema ferroviário, que regrediu de 35 mil (1945) para 29,7 mil quilômetros de extensão em rede (2000), conforme anota Juciara Rodrigues em seu 500 Anos de Trânsito no Brasil – praticamente a mesma quilometragem ferroviária do Japão que, além de ser 23 vezes menor que o Brasil, possui topografia adversa, montanhosa em 71% de seu território.
A segunda questão que se nos apresenta tem nuança cultural. No Brasil, transporte sobre trilhos é pouco aceitável porque remete à ideia de velocidade moderada, custos vultosos, estética proletária, ambiente rural, filmes western e cheiro de carvão, tipo coisa ultrapassada. Trata-se de “inculcação” ideológica competentemente construída pelo marketing da indústria sobre rodas, cuja ação inicialse notabilizou com a deliberada destruição dos sistemas de bondes urbanos de São Paulo e Rio de Janeiro, culminando com o sucateamento da indústria de vagões e locomotivas e a privatização de seus setores estatais. (Veja que o parágrafo apresenta argumentação, pois diferencia seu pensamento para que o leitor pense na situação, logo podemos refutar com facilidade).
Essa aparente obsolescência muda um pouco na medida em que se popularizam as novas tecnologias de transportes sobre trilhos, sobretudo os europeus e asiáticos - o “trem-bala”, o “shinkansen” japonês e outros sofisticados de altas velocidades e designers arrojados.(ainda dissertativo) De fato, esses modernos modais nos permitem retomar a simpatia pelo sistema, cuja eficiência já é experimentada nos ambientes urbanos metroviários existentes nas grandes cidades brasileiras.(finalizou como dissertativo)
Portanto, a proposta do Trem Pequi surge nesse contexto fático, num país que continua priorizando o transporte rodoviário, sobretudo o individual, com sucessivas isenções tributárias e fiscais, e com menos trilhos hoje que há 50 anos. A isso se agregam as demandas acumuladas dos transportes sobre rodas, espelhadas nas rodovias mal conservadas, nos altos custos sociais traduzidos na expressiva acidentalidade viária, mas também na capital do Estado, cujas políticas de mobilidade ainda tangem a improvisação.(texto dissertativo com suaves pinceladas de argumentação)
Antenor Pinheiro é jornalista e presidente do Conselho Estadual de Trânsito/Cetran-GO
 Como teríamos um parágrafo introdutório dissertativo-argumentativo?
 O Trem Pequi (título sugestivo à argumentação)
A recente notícia sobre a implantação de uma linha ferroviária de média velocidade entre Goiânia e Brasília, antigo projeto de empresários italianos, mostra que a ideia de ligar as duas cidades em alta velocidade é uma utopia realizável — assim como a solução do problema de saneamento básico em Águas Lindas. Bucolicamente denominada Trem Pequi, merece aplauso em sua intenção, mas recomendações aos gestos que doravante serão necessários à materialização da ideia. Não bastam discursos politiqueiros e motivos de campanhas, é preciso o espírito do ”bom selvagem” de Rousseau para pensar no coletivo sem paixões e interesses unívocos.
Comentário: É interessante notar que no último período, optou-se por não usar uma conjunção – como exemplo, a conjunção “pois” – devido a ideia explicativa que ela nos dá. Fato este, que não é interessante ocorrer em uma introdução, pois, situações como esta, devem ocorrer no desenvolvimento.
A argumentação apresenta-se no momento em que o paradoxo acontece: “utopia realizável’’e logo depois, faz-se uma ironia ao citar a cidade de Águas Lindas. É preciso relacionar contextos (diálogos entre os textos) para se achar o verdadeiro sentido pretendido. Outra parte bem argumentativa tenta validar a ideia de que há “politicagem” envolvida e que isso torna o projeto inviável. Ao citar a “teoria do bom selvagem” força também conhecimentos prévios do leitor.
OBS: O desenvolvimento tende a analisar agora a parte dos interesses politiqueiros e a inviabilidade de um projeto cheio de vícios intencionais. É necessário criar relações com os paradoxos e citar exemplos de como os fatores individuais com certeza impera em algo que deveria ser coletivo, bem voltado para todos inicialmente.
Outra:
FOLHETIM POLÍTICO
O fantasma
É provável que a maioria dos jovens, hoje, nem tenha ouvido falar da comunicação por telex. Pois bem: ela era grande novidade no início da década de 1960. Um dos primeiros aparelhos de telex instalados em Goiânia destinou-se a servir à secretaria do Governo, que funcionava em sala anexa ao gabinete do então governador Mauro Borges, no Palácio das Esmeraldas. Numa das primeiras madrugadas após a instalação do aparelho, um policial que estava de guarda no Palácio percebeu um barulho e foi ver de que se tratava. O barulho originava-se da sala em que estava o telex, que ele não conhecia ainda. Entrou na sala e viu a máquina escrevendo sozinha. Saiu correndo, esbaforido, supondo que acabara de presenciar a invasão, do Palácio, por um fantasma.
Comentário:Começou bem nesse caso, mas esqueceu de tudo e foi narrando sem parar um fato sem o propósito de rodear uma tese, apenas contou o acontecimento e pronto. Deveria ter aproveitado o embalo do início e criado uma tese: “É provável que a maioria dos jovens, hoje, nem tenha ouvido falar da comunicação por telex. Pois bem: ela era grande novidade no início da década de 1960”...(uma sugestão para continuar o período seria com tese seria:), mas seria demasiadamente insano exigir dessa geração uma leitura como essa, afinal informação segundo nossos protígios são “um saco”, diz a voz da experiência dos MSN.
O restante serve como desenvolvimento: “Um dos primeiros aparelhos de telex instalados em Goiânia destinou-se a servir à secretaria do Governo, que funcionava em sala anexa ao gabinete do então governador Mauro Borges, no Palácio das Esmeraldas. Numa das primeiras madrugadas após a instalação do aparelho, um policial que estava de guarda no Palácio percebeu um barulho e foi ver de que se tratava. O barulho originava-se da sala em que estava o telex, que ele não conhecia ainda. Entrou na sala e viu a máquina escrevendo sozinha. Saiu correndo, esbaforido, supondo que acabara de presenciar a invasão, do Palácio, por um fantasma”.
CAPÍTULO 2: A ESTRUTURA DISSERTATIVA
ESTRUTURA TEXTUAL DISSERTATIVA
1. Bases Conceituais
PARTE I – O conteúdo da redação
a) Apresentação Textual
- Legibilidade e erro:
Escreva sempre com letra legível. Prefira a letra cursiva. A letra imprensa poderá ser usada desde que se distinga bem as iniciais maiúsculas e minúsculas. No caso de erro, risque com um traço simples o trecho ou o sinal gráfico e escreva o respectivo substituto. Lembre-se de que a rasura pode ser tratada como erro por parte dos analisadores de sua redação.
- Respeito às margens e indicação dos parágrafos:
Para dar início aos parágrafos, dê o espaço de mais ou menos dois centímetros, pois é suficiente. Observe as margens esquerda e direita na folha para o texto definitivo. Não crie outras. Não deixe “buracos” no texto. Na translineação, obedeça às regras de divisão silábica.
- Limite máximo de linhas:
Além de escrever seu texto em local devido (folha definitiva), respeite o limite máximo de linhas destinadas a cada parte da prova, conforme orientação da banca. As linhas que ultrapassarem o limite máximo serão desconsideradas e até mesmo será penalizado o aluno na nota conforme o que estiver especificado em edital.
-Eliminação do candidato:
Seu texto poderá ser desconsiderado nas seguintes situações:
- ultrapassagem do limite máximo de linhas.
- ausência de texto: quando o candidato não faz seu texto na folha oficial.
- fuga total ao tema: analise cuidadosamente a proposta apresentada. 
Estruture seu texto em conformidade com as orientações explicitadas no caderno da prova discursiva.
- registros indevidos: anotações do tipo “fim” , “the end”, “O senhor é meu pastor, nada me faltará” ou recados ao examinador, rubricas e desenhos.
b) Estrutura Textual Dissertativa
Não dê título ao texto ( a não ser que a folha de instruções da prova peça o título a você), logo comece na linha 1 da folha definitiva o seu parágrafo de introdução.
Estrutura clássica do texto dissertativo
b.1) Introdução adequada ao tema / posicionamento
Apresenta a ideia que vai ser discutida, a tese a ser defendida. Cabe à introdução situar o leitor a respeito da postura ideológica de quem o redige acerca de determinado assunto. Deve conter a tese e as generalidades que serão aprofundadas ao longo do desenvolvimento do texto. O importante é que a sua introdução seja completa e esteja em consonância com os critérios de paragrafação. Não misture as ideias que usará para provar a sua tese, caso seja um principiante na arte da argumentação. (veremos mais a frente uma proposta estrutural para seu texto)
b.2) Desenvolvimento
Apresento cada um dos argumentosordenadamente, analisando detidamente as ideias e exemplificando de maneira rica e suficiente o pensamento. No desenvolvimento, organizamos o pensamento em favor da tese. Cada parágrafo (e o texto) pode ser organizado de diferentes maneiras:
- Estabelecimento das relações de causa e efeito: motivos, razões, fundamentos, alicerces, os porquês/consequências, efeitos, repercussões, reflexos;
- Estabelecimento de comparações e contrastes: diferenças e semelhanças entre elementos – de um lado, de outro lado, em contraste, ao contrário;
- Enumerações e exemplificações: indicação de fatores, funções ou elementos que esclarecem ou reforçam uma afirmação.
b.3) Fechamento do texto de forma coerente
Retoma ou reafirma todas as ideias apresentadas e discutidas no desenvolvimento, tomando uma posição acerca do problema, da tese, ou seja, é uma retomada direta ou indireta da introdução. É também um momento de expansão, desde que se mantenha uma conexão lógica entre as ideias.
OBS: Muitos autores indicam ao aluno que inicie a conclusão com termos que pressupõem tal momento como o uso das conjunções “logo/portanto” ou expressões pré-determinadas como “diante dos argumentos/ perante o que foi discutido”. Há um grande problema em tal uso, pois conjunções devem ser usadas para ligar o antes e o depois ( períodos de um mesmo parágrafo ou orações de um mesmo período ou núcleos de uma mesma estrutura sintática). As conjunções e as expressões pré-determinadasno início da conclusão demonstram ao analisador uma certa imaturidade ou insegurança com a escrita, o que não é muito bom à visão de um analisador. É importante mostrarmos a quem nos analisa uma intimidade com o ato de escrever, “um quase escritor proficiente”.
c) Desenvolvimento do Tema
c.1) Estabelecimento de conexões lógicas entre os argumentos.
Apresentação dos argumentos de forma ordenada, com análise detida das ideias e exemplificação de maneira rica e suficiente do pensamento. Para garantir as devidas conexões entre períodos, parágrafos e argumentos, devemos empregar os elementos responsáveis pela coerência e unicidade, tais como operadores de sequenciação, conectores, pronomes. Procure garantir a unidade temática.
c.2) Objetividade de argumentação frente ao tema / posicionamento
O texto precisa ser articulado com base nas informações essenciais que desenvolverão o tema proposto. Dispensar as ideias excessivas e periféricas. Planejar previamente a redação definindo antecipadamente o que deve ser feito. Recorrer ao banco de ideias é um passo importante. Listar as ideias que lhe vier à cabeça sobre o tema.. Estabelecer a tese que será defendida. Selecionar cuidadosamente entre as ideias listadas, aquelas que delimitarão o tema e defenderão o seu posicionamento.
c.3) Estabelecimento de uma progressividade textual em relação à sequência lógica do pensamento.
O texto deve apresentar coerência sequencial satisfatória. Quando se proceder à seleção dos argumentos no banco de ideias, deve-se classificá-los segundo a força para convencer o leitor, partindo dos menos fortes parta os mais fortes.
Caríssimos, é possível (e bem mais tranquilo) desenvolver um texto dissertativo a partir da elaboração de esquemas. Por mais simples que lhes pareça, a redação elaborada a partir de esquema, permite-lhes desenvolver o texto com sequência lógica, de acordo com os critérios exigidos no comando da questão (número de linhas, por exemplo). 
SUGESTÃO DE PRODUÇÃO DE TEXTO COM BASE EM ESQUEMAS 
ESQUEMA BÁSICO DA DISSERTAÇÃO
1ºparágrafo: TESE + argumento 1 + argumento 2 + argumento 3
2° parágrafo: desenvolvimento do argumento 1
3° parágrafo: desenvolvimento do argumento 2
4° parágrafo: desenvolvimento do argumento 3
5° parágrafo: retomada da tese + reafirmação do tema + observação final.
EXEMPLO:
TEMA: Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves problemas que preocupam a todos.
POR QUÊ? Não com intuito de prestar causas e conseqüências, mas apenas para incentivar o raciocínio.
*arg. 1: Existem populações imersas em completa miséria.
*arg. 2: A paz é interrompida frequentemente por conflitos internacionais.
*arg. 3: O meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.
Veja um exemplo de introdução com um parágrafo de desenvolvimento com base no tema dado acima. 
O Sertão vai virar mar, e o mar virar sertão? Previsões catastróficas em livros e filmes têm aproximado a ficção da realidade. O desequilíbrio ecológico é evidente e amedrontador. Como se não bastasse, o acúmulo de tantas misérias poderá desencadear com rapidez o que o mundo teme: a extinção total do pouco que ainda resta de civilidade. Com certeza conflitos internacionais são um sinal de que não há diálogos para amenizarem tantas diferenças. A natureza vai recebendo tantas agressões, mas a resposta pode estar próxima ao que a ficção chamou de “2012”.
Lotam-se as salas de cinemas para o lançamento de um dos filmes mais esperado pelo público. A crítica demonstra empolgação quanto ao roteiro e efeitos especiais e aqueles que assistem ao filme se sentem impotentes ao que para muitos está próximo a acontecer. Os desequilíbrios ambientais já não são novidade e mesmo assim tanta tecnologia não consegue superar o medo de que ainda há de um colapso ambiental.
Como forma de exercício, construa o restante dos parágrafos de desenvolvimento e a conclusão com base na introdução e no primeiro parágrafo de desenvolvimento dados a você.
CAPÍTULO 3: O ESTUDO DOS PARÁGRAFOS
Além da estrutura global do texto dissertativo-argumentativo, é importante conhecer a estrutura de uma de suas unidades básicas: o parágrafo.
Parágrafo é uma unidade de texto organizada em torno de uma ideia-núcleo, que é desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser formado por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto dissertativo-argumentativo os parágrafos devem estar todos relacionados com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apresentada na introdução. Embora existam diferentes formas de organização de parágrafos, os textos dissertativos-argumentativos e alguns gêneros jornalísticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste em três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundárias (que desenvolvem a ideia-núcleo) e a conclusão. Em parágrafos curtos, é raro haver conclusão. 
 Outro aspecto que merece especial atenção são os elementos relacionadores, isto é, os conectores ou conetivos. Eles são responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura mais fluente; visam estabelecer um encadeamento lógico entre as ideias e servem de “elo” entre os parágrafos, ou entre as ideias no interior do período, e entre o tópico que o antecede. Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quanto ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência também para a clareza do texto. Sem esses conectores – pronomes relativos, conjunções, advérbios, preposições, palavras denotativas – as ideias não fluem; muitas vezes, o pensamento não se completa e o texto torna-se obscuro, sem coerência.
 Os elementos relacionadores não são, todavia, obrigatórios; geralmente estão presentes a partir do segundo parágrafo. No exemplo a seguir, o parágrafo demonstrativo certamente não constitui o 1º parágrafo de uma redação.
Exemplo de um parágrafo e suas divisões
“Nesse contexto, é um grave erro a liberação da maconha. Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda. Enfim, viveremos o caos.”(Alberto Corazza, Isto É, com adaptações)
Elemento relacionador : Nesse contexto, ( os elementos sublinhados trabalham a relação coerente entre as ideias )
Tópico frasal: ... é um grave erro a liberação da maconha.
Desenvolvimento: Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrópicase nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda.
Conclusão: Enfim, viveremos o caos.
A estruturação do parágrafo
 Parágrafo-padrão 
O parágrafo-padrão é uma unidade de composição constituída por um ou mais de um período, em que se desenvolve determinada ideia central, ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela. 
O parágrafo é indicado por um afastamento da margem esquerda da folha. Ele facilita ao escritor a tarefa de isolar e depois ajustar convenientemente as idéias principais de sua composição, permitindo ao leitor acompanhar-lhes o desenvolvimento nos seus diferentes estágios. 
O tamanho do parágrafo
Os parágrafos são moldáveis como a argila, podem ser aumentados ou diminuídos conforme o tipo de redação, o leitor e o veículo de comunicação em que o texto será divulgado. Se o escritor souber variar o tamanho dos parágrafos, dará colorido especial ao texto, captando a atenção do leitor, do começo ao fim. Em princípio, o parágrafo é mais longo que o período e menor que uma página impressa no livro, e a regra geral para determinar o tamanho é o bom senso. 
Parágrafos curtos - próprios para textos pequenos, fabricados para leitores de pouca formação cultural. A notícia possui parágrafos curtos em colunas estreitas, já artigos e editoriais costumam ter parágrafos mais longos. Revistas populares, livros didáticos destinados a alunos iniciantes, geralmente, apresentam parágrafos curtos. Quando o parágrafo é muito longo, o escritor deve dividi-lo em parágrafos menores, seguindo critério claro e definido. O parágrafo curto também é empregado para movimentar o texto, no meio de longos parágrafos, ou para enfatizar uma idéia. 
Parágrafos médios - comuns em revistas e livros didáticos destinados a um leitor de nível médio (2º grau). Cada parágrafo médio construído com três períodos que ocupam de 50 a 150 palavras. Em cada página de livro cabem cerca de três parágrafos médios. 
Parágrafos longos - em geral, as obras científicas e acadêmicas possuem longos parágrafos, por três razões: os textos são grandes e consomem muitas páginas; as explicações são complexas e exigem várias idéias e especificações, ocupando mais espaço; os leitores possuem capacidade e fôlego para acompanhá-los.
Tópico frasal
A idéia central do parágrafo é enunciada através do período denominado tópico frasal (também chamado de frase-síntese ou período tópico). Esse período orienta ou governa o resto do parágrafo; dele nascem outros períodos secundários ou periféricos; ele vai ser o roteiro do escritor na construção do parágrafo; ele é o período mestre, que contém a frase-chave. Como o enunciado da tese, que dirige a atenção do leitor diretamente para o tema central, o tópico frasal ajuda o leitor a agarrar o fio da meada do raciocínio do escritor; como a tese, o tópico frasal introduz o assunto e o aspecto desse assunto, ou a idéia central com o potencial de gerar “idéias-filhote”; como a tese, o tópico frasal é enunciação argumentável, afirmação ou negação que leva o leitor a esperar mais do escritor (uma explicação, uma prova, detalhes, exemplos) para completar o parágrafo ou apresentar um raciocínio completo. Assim, o tópico frasal é enunciação, supõe desdobramento ou explicação. 
A idéia central ou tópico frasal geralmente vem no começo do parágrafo, seguida de outros períodos que a explicam ou a detalham. 
Exemplos: 
Ao cuidar do gado, o peão monta e governa os cavalos sem maltratá-los. O modo de tratar o cavalo parece rude, mas o vaqueiro jamais é cruel. Ele sabe como o animal foi domado, conhece as qualidades e defeitos do animal, sabe onde, quando e quanto exigir do cavalo. O vaqueiro aprendeu que paciência e muitos exercícios são os principais meios para se obter sucesso na lida com os cavalos, e que não se pode exigir mais do que é esperado. 
A distribuição de renda no Brasil é injusta. Embora a renda per capita brasileira seja estimada em U$$2.000 anuais, a maioria do povo ganha menos, enquanto uma minoria ganha dezenas ou centena de vezes mais. A maioria dos trabalhadores ganha o salário mínimo, que vale U$$112 mensais; muitos nordestinos recebem a metade do salário mínimo,. Dividindo essa pequena quantia por uma família onde há crianças e mulheres, a renda per capita fica ainda mais reduzida; contando-se o número de desempregados, a renda diminui um pouco mais. Há pessoas que ganham cerca de U$$10.000 mensais, ou U$$ 120.000 anuais; outras ganham muito mais, ainda. O contraste entre o pouco que muitos ganham e o muito que poucos ganham prova que a distribuição de renda em nosso país é injusta.
Tópico frasal desenvolvido por enumeração.
 Trata de enumerar os elementos concretos da discussão ou que ainda podem ser discutidos. 
Exemplo: 
A televisão, apesar das críticas que recebe, tem trazido muitos benefícios às pessoas, tais como: informação por meio de noticiários que mostram o que acontece de importante em qualquer parte do mundo; diversão através de programas de entretenimento (shows, competições esportivas); cultura por meio de filmes, debates, cursos. 
Tópico frasal desenvolvido por confronto.
Trata-se de estabelecer um confronto entre duas idéias, dois fatos, dois seres, seja por meio de contrastes das diferenças, seja do paralelo das semelhanças. 
Exemplo: 
 Embora a vida real não seja um jogo, mas algo muito sério, o xadrez pode ilustrar o fato de que, numa relação entre pais e filhos, não se pode planejar mais que uns poucos lances adiante. No xadrez, cada jogada depende da resposta à anterior, pois o jogador não pode seguir seu planos sem considerar os contra-ataques do adversário, senão será prontamente abatido. O mesmo acontecerá com um pai que tentar seguir um plano preconcebido, sem adaptar sua forma de agir às respostas do filho, sem reavaliar as constantes mudanças da situação geral, na medida em que se apresentam. 
Tópico frasal desenvolvido por razões= causa e conseqüência ou causa e efeito.
No desenvolvimento apresentamos as razões, os motivos que comprovam o que afirmamos no tópico frasal. 
Exemplo: 
As adivinhações agradam particularmente às crianças. Por que isso acontece de maneira tão generalizada? Porque, mais ou menos, representam a forma concentrada, quase simbólica, da experiência infantil de conquista da realidade. Para uma criança, o mundo está cheio de objetos misteriosos, de acontecimentos incompreensíveis, de figuras indecifráveis. A própria presença da criança no mundo é, para ela, uma adivinhação a ser resolvida. Daí o prazer de experimentar de modo desinteressado, por brincadeira, a emoção da procura da surpresa. 
Tópico frasal desenvolvido por análise
É a divisão do todo em partes. 
Exemplo: 
Quatro funções básicas têm sido atribuídas aos meios de comunicação: informar, divertir, persuadir e ensinar. A primeira diz respeito à difusão de notícias, relatos e comentários sobre a realidade. A segunda atende à procura de distração, de evasão, de divertimento por parte do público. A terceira procura persuadir o indivíduo, convencê-lo a adquirir certo produto. A quarta é realizada de modo intencional ou não, por meio de material que contribui para a formação do indivíduo ou para ampliar seu acervo de conhecimentos. 
Tópico frasal desenvolvido pela exemplificação
Consiste em esclarecer o que foi afirmado no tópico frasal por meio de exemplos: 
Exemplo: 
A imaginação utópica e inerente ao homem, sempre existiu e continuará existindo. Sua presença é uma constante em diferentes momentos históricos: nas sociedades primitivas, sob a forma de lendas e crenças que apontam para um lugar melhor; nas formas do pensamento religioso que falam de um paraíso a alcançar; nas teorias de filósofos e cientistas sociais que, apregoando o sonho de uma vida mais justa, pedem-nos que “sejamos realistas, exijamos o impossível. 
CAPÍTULO 4: O QUE É NECESSÁRIO PARA DISSERTAR DE FORMA ARGUMENTATIVA?
O que é preciso saber para Dissertar?
1. Dissertação: É dialogar com o outro numa tentativa de se mostrar presente quanto à opinião. Não há aqui uma tentativa de persuasão, somente uma expressão como resposta ao outro que provocou uma tomada de posição.
2. A argumentação é também um diálogo, mas numa presença impositiva, insistente, às vezes, autoritária, religiosa, machista, feminista etc. Tudo com o objetivo de convencer o outro ao que preciso. Existem vários recursos para movimentar o convencimento.
3. Dissertação-argumentativa, então, é a exposição de uma opinião com objetivos claros para tentar convencer alguém em algo exposto no possível conflito. 
4. Assunto: Para uma boa compreensão do que se leu em uma coletânea ou trecho em sua prova, deve-se perceber do se trata de modo geral.
5.Tema: Após a leitura do assunto, devemos especificar esse assunto, aquilo que realmente usaremos para iniciar a tese.
6. Tese: Pegue o tema e acrescente sua opinião sobre o mesmo, posicionando-se, mas sem explicações ou exemplos. Seria um raciocínio diferente sobre o que é pedido, um olhar diferenciado, menos comum possível, mas lógico e interessante de se pensar.
Conceitos básicos e necessários:
 Após a leitura de uma coletânea ou trecho da prova dissertativa, é preciso pensar no assunto, tema e tese antes mesmo de iniciarmos nossa introdução. Isso é uma forma de organizar nosso raciocínio.
Vejamos:
Texto 1
Corrupção cultural ou organizada? 
Renato Janine Ribeiro (Renato Janine Ribeiro, 59, é professor titular de ética e filosofia política do Departamento de Filosofia da USP. É autor, entre outras obras, de República (Publifolha. Coleção Folha Explica).
Precisamos evitar que a necessária indignação com as microcorrupções “culturais” nos leve a ignorar a grande corrupção. Ficamos muito atentos, nos últimos anos, a um tipo de corrupção que é muito frequente em nossa sociedade: o pequeno ato, que muitos praticam, de pedir um favor, corromper um guarda ou, mesmo, violar a lei e o bem comum para obter uma vantagem pessoal. Foi e é importante prestar atenção a essa responsabilidade que temos, quase todos, pela corrupção política — por sinal, praticada por gente eleita por nós. 
Esclareço que, por corrupção, não entendo sua definição legal, mas ética. Corrupção é o que existe de mais antirrepublicano, isto é, mais contrário ao bem comum e à coisa pública. Por isso, pertence à mesma família que trafegar pelo acostamento, furar a fila, passar na frente dos outros. Às vezes é proibida por lei, outras, não. Mas, aqui, o que conta é seu lado ético, não legal. Deputados brasileiros e britânicos fizeram despesas legais, mas não éticas. É desse universo que trato. 
O problema é que a corrupção “cultural”, pequena, disseminada — que mencionei acima — não é a única que existe. Aliás, sua existência nos poderes públicos tem sido devassada por inúmeras iniciativas da sociedade, do Ministério Público, da Controladoria Geral da União (órgão do Executivo) e do Tribunal de Contas da União (que serve ao Legislativo). Chamei-a de “corrupção cultural” pois expressa uma cultura forte em nosso país, que é a busca do privilégio pessoal somada a uma relação com o outro permeada pelo favor. É, sim, antirrepublicana. Dissolve ou impede a criação de laços importantes. Mas não faz sistema, não faz estrutura. 
Porque há outra corrupção que, essa, sim, organiza-se sob a forma de complô para pilhar os cofres públicos — e mal deixa rastros. A corrupção “cultural” é visível para qualquer um. Suas pegadas são evidentes. Bastou colocar as contas do governo na internet para saltarem aos olhos vários gastos indevidos, os quais a mídia apontou no ano passado. Mas nem a tapioca de R$ 8 de um ministro nem o apartamento de um reitor — gastos não republicanos — montam um complô. 
Não fazem parte de um sistema que vise a desviar vultosas somas dos cofres públicos. Quem desvia essas grandes somas não aparece, a não ser depois de investigações demoradas, que requerem talentos bem aprimorados — da polícia, de auditores de crimes financeiros ou mesmo de jornalistas muito especializados. O problema é que, ao darmos tanta atenção ao que é fácil de enxergar (a corrupção “cultural”), acabamos esquecendo a enorme dimensão da corrupção estrutural, estruturada ou, como eu a chamaria, organizada. 
Ora, podemos ter certeza de uma coisa: um grande corrupto não usa cartão corporativo nem gasta dinheiro da Câmara com a faxineira. Para que vai se expor com migalhas? Ele ataca somas enormes. E só pode ser pego com dificuldade. Se lembrarmos que Al Capone acabou na cadeia por ter fraudado o Imposto de Renda, crime bem menor do que as chacinas que promoveu, é de imaginar que um megacorrupto tome cuidado com suas contas, com os detalhes que possam levá-lo à cadeia — e trate de esconder bem os caminhos que levam a seus negócios. 
Penso que devemos combater os dois tipos de corrupção. A corrupção enquanto cultura nos desmoraliza como povo. Ela nos torna “blasé”. Faz-nos perder o empenho em cultivar valores éticos. Porque a república é o regime por excelência da ética na política: aquele que educa as pessoas para que prefiram o bem geral à vantagem individual. Daí a importância dos exemplos, altamente pedagógicos. 
Valorizar o laço social exige o fim da corrupção cultural, e isso só se consegue pela educação. Temos de fazer que as novas gerações sintam pela corrupção a mesma ojeriza que uma formação ética nos faz sentir pelo crime em geral. Mas falar só na corrupção cultural acaba nos indignando com o pequeno criminoso e poupando o macrocorrupto. Mesmo uma sociedade como a norte-americana, em que corromper o fiscal da prefeitura é bem mais raro, teve há pouco um governo cujo vice-presidente favoreceu, antieticamente, uma empresa de suas relações na ocupação do Iraque. 
A corrupção secreta e organizada não é privilégio de país pobre, “atrasado”. Porém, se pensarmos que corrupção mata — porque desvia dinheiro de hospitais, de escolas, da segurança —, então a mais homicida é a corrupção estruturada. Precisamos evitar que a necessária indignação com as microcorrupções “culturais” nos leve a ignorar a grande corrupção. É mais difícil de descobrir. Mas é ela que mata mais gente. blasé (comparativo: more blasé; superlativo: most blasé)
Assunto: A corrupção no Brasil
 Tema: Coincide com o próprio título- “Corrupção cultural ou organizada?” 
OBS: Delimitação do Assunto é o próprio Tema, então, quando se deparar com um Assunto a ser abordado, é necessário delimitá-lo para que a redação possa ser desenvolvida com maior objetividade. Qualquer Assunto deve ser tratado dessa maneira, principalmente aqueles cujo sentido seja muito amplo como política, televisão, sociedade, ecologia, religião, sexo, violência, educação, amor e outros. Se isso não for feito, a redação corre o sério risco de perder força e se tornar muito superficial.
 Tese: Poderá estar bem clara na introdução ou poderá estar diluída (no caso, precisaremos pensar ou escrever com nossas palavras para retirá-la do parágrafo), mas nesse texto, percebemos que está fácil : “Precisamos evitar que a necessária indignação com as microcorrupções “culturais” nos leve a ignorar a grande corrupção.
Obs 1: utilizou-se a primeira pessoa, pois o autor quis dar peso de artigo de opinião, mas caso sua prova não peça especificamente o gênero, recomenda-se o uso da terceira pessoa. Então passe os verbos para a terceira pessoa e os consecutivos ajustes. EX: “Pecisa-se...”
Obs 2: Logo após a tese, temos o enriquecimento da tese, ou seja, seria como argumentos de suporte para minha tese com o objetivo de desenvolvê-los consequentemente nos próximos parágrafos. Caso contrário, teríamos apenas no máximo dois parágrafos de desenvolvimento - um falando da tese e outro como exemplo e talvez uma conclusão redundante por falta de raciocínios para explanar.
Obs 3: Pode-se pensar que houve exemplos na introdução por causa do seguinte trecho: 
“que muitos praticam, de pedir um favor, corromper um guarda ou, mesmo, violar a lei e o bem comum paraobter uma vantagem pessoal. Mas observe que aquilo que houve na pequena “citação” foi intencional e não prejudicou a ponto de se pensar em desenvolvimento na introdução. Foi válido!
Obs 4: É importante concluirmos a idéia no final do parágrafo, o que recomendamos é concluir a idéia em todos os parágrafos, pois não temos tantas linhas assim para estendermos argumentos a dois ou mais parágrafos..Trecho: “ atenção a essa responsabilidade que temos, quase todos, pela corrupção política — por sinal, praticada por gente eleita por nós”. 
Obs 5: Observe que todos os parágrafos tiveram o objetivo de concluir a idéia pretendida pela defesa - a Tese. Todos retomam o posicionamento, enfatizam o propósito dos argumentos: defender a idéia da tese. Assim, os parágrafos não ficam soltos, sem se justificar em uma tese.
Obs 6: Como forma de exercício, observe que esse texto ultrapassa a quantidade de linha que possivelmente se pediria em um concurso, mas repense esse artigo e retire todas as suas conclusões e então produza em 30 linhas a partir da releitura do mesmo. Assim é como se aprende: com aquilo que pertence ao outro! (Inspiração é diferente de plágio!)
CAPÍTULO 5: A DIFERENÇA ENTRE FATO E TESE(OPINIÃO)
Problemas comuns encontrados: 
O fato não é exatamente uma tese. O aluno costuma confundir o posicionamento com o fato constatado. Temos assim um desenvolvimento e não uma introdução com um objetivo persuasivo, como pedido na proposta.
Exemplo de uma introdução com fato constatado e não com tese. Observe que fato constatado é algo que não pertence a minha criação, temos os “já ditos”. Podemos utilizar os “já ditos” como recurso e não como meu absoluto, pois tais “já ditos” se tornaram domínio de todos.
 Assunto: Ética e Moral
 Tema: A ética e a moral na relação com a ordem social.
 Tese: Não há um posicionamento de tese, pois os fatos são expositivos, retratam um acontecimento constatado. Ninguém duvida desses fatos.
Ética e moral
Ética tem origem no grego ethos, que significa modo de ser. A palavra moral vem do latim mos ou mores, ou seja, costume ou costumes. A primeira é uma ciência sobre o comportamento moral dos homens em sociedade e está relacionada à Filosofia. Sua função é a mesma de qualquer teoria: explicar, esclarecer ou investigar determinada realidade, elaborando os conceitos corespondentes, A segunda, como define o filósofo Vázquez, expressa”um conjunto de normas, aceitas livre e concientemente, que regulam o comportamento individual dos homens”. 
Comentário: a citação colocada no final “o filósofo Vázquez, expressa...”, não foi utilizada como recurso-ponto de partida para iniciar meu posicionamento, mas sim como fato apenas.
Exemplo de Introdução com a tese
Tese: devemos reescrevê-la, visto que copiar é impossível. Ela está diluída na introdução.
Ao campo da ética, diferente do da moral, não cabe formular juízo valorativo, mas, sim, explicar as razões da existência de determinada realidade e proporcionar a reflexão acerca dela. A moral é normativa e se manifesta concretamente nas diferentes sociedades como resposta a necessidades sociais; sua função consiste em regulamentar as relações entre indivíduos e entre estes e a comunidade, contribuindo para a estabilidade da ordem social. (Internet:www.espaçoacadêmico.com.br (com adaptações))
Tese reescrita: A moral é um regulador das necessidades sociais, enquanto que a ética não se valoriza, e sim, explica o porquê das tais necessidades. Observe que a proposta para o desenvolvimento foi traçada: enumeração de temas importantes- ética e moral.
O Eu se mostra nas escolhas pessoais tais como: “diferente da moral, não cabe formular juízo valorativo”,” necessidades sociais”, “contribuição para estabilidade social”.
 Muitos filósofos discordam desse tipo de divisa quanto à questão da ética e da moral, então temos a manifestação do Eu num todo. Mas cuidado esse tipo de tese está praticamente “em cima do muro”, pois aponta para dois lados e quase não se revolve num ponto. A Numeração de itens tende a nos prejudicar caso não tenhamos domínio desse tipo de recurso. Também não é recomendável iniciar com “ao campo da ética”.
Mas mesmo com o exemplo dado acima, o aluno possui grande dificuldade em diferenciar um fato de uma opinião que ele possa criar em uma introdução ou ao longo do desenvolvimento. Como saber quando é fato e opinião? Como transformar um fato em opinião diferenciada? Ou seja, como fugir do senso comum? Veja a análise desse texto e observe como ele foi construindo a opinião através do fato, mas sem entrar demasiadamente no senso comum, o que todos esperam sem questionar.
Texto para análise
O número de acidentes de trânsito caiu drasticamente após a aprovação da lei seca. Este é um fato. O número de vítimas decorrentes dos acidentes também caiu. Este também é um fato. Os defensores da lei seca dirão: “contra fatos não há argumentos”. É verdade, contra fatos não há argumentos. Contudo, a interpretação dos fatores que geraram os fatos é sim sujeita a questionamentos.
Para ilustrar o parágrafo acima imagine que Janjão diga: “Vai chover amanhã”. E no dia seguinte efetivamente ocorre uma chuva. Janjão disse que iria chover e choveu. Isso é um fato. Contudo podemos interpretar o resultado de pelo menos três maneiras distintas:
 1) Janjão veio do futuro, e assim sabia o que aconteceria no dia seguinte;
 2) Janjão era um excelente cientista e por meio de análises estatísticas previu corretamente a chuva; ou
 3) Janjão apenas deu um palpite que se realizou. 
Assim, da próxima vez que você ouvir alguém dizer que os acidentes de trânsito se reduziram após a lei seca, lembre-se de que isso é um fato. Mas, existem várias interpretações sobre o que gerou tal fato. Talvez a proibição de beber e dirigir (lei seca) deva receber esse crédito. Talvez essa redução tenha se originado apenas por causa do aumento da fiscalização que se seguiu após a aprovação da lei seca.
Alguns podem argumentar que não importa o motivo, o fato é que os acidentes se reduziram e assim devemos manter a lei seca. Discordo dos que pensam assim. Meu argumento é simples: que tal proibirmos o uso de rádio dentro do carro? Afinal, ouvir música enquanto se dirige é a terceira causa de acidentes por distração nos Estados Unidos. Além disso, mudar de estação de rádio é a primeira causa de acidentes por distração nos EUA. Nada mais natural do que proibirmos o uso do rádio nos carros. Ou seja, é fato que rádio no carro aumenta o risco de acidentes. Contudo, a interpretação dos fatores é importante. Afinal, por que impedir TODOS de ouvirem música no carro? 
Quanto à lei seca, meu ponto é o mesmo. O problema não está no casal que saiu para tomar uma jarra de vinho. Também não está no pai de família que tomou uma latinha de cerveja na festa junina da escola. São os excessos que devem ser coibidos.
Para finalizar quero deixar duas perguntas: 
1) alguém se lembrou de analisar o efeito substituição? Ou seja, talvez alguns troquem o consumo de álcool pelo consumo de drogas. Outros podem substituir o álcool pela violência. Afinal, se você limita uma veia de escape (chopp com os amigos) outras veias de escape irão surgir.
2) Minha pergunta parece estúpida, mas tente respondê-la e você verá quão difícil ela é: será justo condenarmos alguém por antecipação? Quando a polícia prende um bêbado dirigindo, ela o fez por ASSUMIR que ele não tem condições de dirigir. No fundo, ele está sendo condenado por antecipação. Assume-se que um bêbado irá provocar um acidente de trânsito, mas isso é apenas uma suposição. Experimente expandir esse argumento para o resto da sociedade e você verá o quão perigoso ele é. Essa segunda pergunta me foi feita pelo Daniel Marchi, e confesso que eu gastei um bom tempo tentando respondê-la. Note que essa segunda pergunta é muito semelhante ao argumento central de um filme com Tom Cruise (Minority Report) Assista a esse filme para que possa despertar suas ideias..
 CAPÍTULO 6 : ESTUDO DA TESE
Na dissertação podemos expor sem tentar convencer o leitor. Quando temoso objetivo de convencer passa a ser uma argumentação. Se o texto dissertativo tem como propósito principal explicar idéias, a argumentação procura formar a opinião do leitor ou do ouvinte. No texto dissertativo, apresentamos idéias para serem desenvolvidas. Já no texto argumentativo, apresentamos argumentos com provas completas. Logo, o fato é uma realidade desse tipo de texto.
Assunto: 
Após a leitura do texto fonte como motivado, tem-se a presença da ideia geral do que se trata o texto. Mas de forma alguma inicie seu parágrafo introdutório com a idéia geral apenas. O assunto prepara a temática
Tema: 
Idéia principal concernente ao verdadeiro propósito do autor no texto. Mais específico. Prepara o ambiente para a chegada da tese.
Tese:
Dentro da dissertação argumentativa; TEMA + EU (POSICIONAMENTO) = TESE
EXEMPLO 1:
-Assunto: As pessoas no ambiente de trabalho.
-Tema: O pseudopoder e a sabedoria no ambiente profissional.
-Tese: Os pseudopoderosos mascaram a hipocresia do “manda quem pode; obedece quem tem juízo” na fragilidade da não convivência harmoniosa com o outro no ambiente profissional.
Tese diluída na introdução: A tese não irá aparecer exatamente na forma de tópico frasal como acima, mas envolvida num todo para a construção de uma introdução dissertativa argumentativa.
EXEMPLO DE INTRODUÇÃO COMPLETA
É comum no ambiente profissional ouvirmos o dito popular: “manda quem pode; obedece quem tem juízo”. Na definição de fluxos de trabalho é bem possível que essa frase tenha sua serventia e sua dose de verdade. No entanto, o poder, seja o verbo ou seja o substantivo, é exercido, em maioria, por pessoas inábeis e presunçosas. São os pseudopoderosos. Uma turma mesquinha e apequenada que, por pura insegurança, escrevem na testa “quem manda aqui sou eu” e desfilam por nossas vidas diariamente, sem a menor noção do quão patéticos e cafonas nos parecem e, de fato, são. (Tese diluída com o raciocínio complementar para o enriquecimento da mesma).
Obs: é importante o uso da expressão “,em maioria,” para que não tenhamos uma ideia falaciosa ( A falácia ainda será discutida em um outro capítulo adiante)
EXEMPLO 2:
-Assunto: Política
-Tema: a imagem dos políticos brasileiros
-Tese: “O mundo político vive em queda livre”
-Tese mais explícita : “O mundo político vive em queda livre”
EXEMPLO DE INTRODUÇÃO COM TESE EXPLÍCITA
O mundo político vive em queda livre. A capacidade de decepcionar parece ser rotina em todas as esferas do setor público brasileiro. Os exemplos estão estampados diariamente na mídia e fazem com que a maioria dos cidadãos, indignada, se afaste da política.
Outro exemplo de Tese explícita, mais fácil de identificar.
-Assunto: O funcionário público
-Tema: A relação entre o funcionalismo e a funcionabilidade do serviço público.
-Tese: Por que os servidores públicos insistem em serem incompetentes quando se trata de compromisso com a pontualidade e da qualidade dos serviços prestados à aqueles que necessitam?
CAPÍTULO 7: COMO POSSO ENRIQUECER O MEU TEXTO DISSERTATIVO?
O objetivo deste capítulo é ensiná-lo a fazer a produção de parágrafos mais criativos e argumentos para serem desenvolvidos com uma visão diferenciada da do seu concorrente.
Como posso pensar em enriquecer minha introdução?
1. Pense num projeto em que sua tese deverá ser rodeada por temas transversais = tudo aquilo de que preciso para poder relacionar argumentos novos à minha tese, que é o centro para as justificativas, ou seja, tudo deve justificar-se na tese, por isso, relacionados, interligados.
Exemplos:
Tese: A disciplina é o aspecto mais estudado e pouco
Praticado por todos num meio social
que necessita de ajustes rápidos
ante a um clima de total desordem e descontrole
As setas poderiam relacionar:
-Educação familiar;
-Permissividade e liberdade
-Autoridade versus educação
-Mídia versus família
-Sociedade consumista
-Punição versus maus tratos
Comentário: Os tópicos colocados que representam as setas no projeto de texto são, na realidade, os temas transversais – textos-fonte – que serão usados para provar a tese. É importante ressaltar que você tem que selecionar somente alguns dos temas transversais, pois o espaço dado a você na prova paar criar seu texto não comporta a disscussão de tantos temas. É interessante que você selecione de três a quatro temas para desenvolver a tese. Quanto mais intimidade você tiver com a escrita, mais temas conseguirá trabalhar em um único parágrafo.
Recursos ricos e interessantes que podem ser usados para montar a introdução:
- Sistema polifônico :
É um recurso que nos mostra formas marcadas (discurso direto, indireto, aspas, negrito, travessões ) tomados como se fossem a presença de outros no enunciado. Também chamados de “vozes no texto”. Isso acontece automaticamente, sem nos atermos a presença dos mesmos. Vamos escrevendo e acrescentando “os outros lados da moeda”.
Vejamos:
Exemplo 1 (introdução com base no projeto de temas transversais dado anteriormente com o recurso da polifonia)
A disciplina é o aspecto mais estudado e pouco praticado por todos num meio social que necessita de ajustes rápidos ante a um clima de total desordem e descontrole. A educação familiar tem que se fazer presença nos ditos “é preciso proibir” como forma de amor preventivo. Caso contrário, a turma do “deixa disso, vamos lá, é bacana” trará memórias de como deveria ter feito de outra forma a tempo- a mídia mostra , mas a família permite.Há limites para tudo debaixo do céu e da terra e punir é o melhor caminho, mesmo que contrariem “ele precisa se desenvolver em suas capacidades”. O melhor produto de consumo que não gera idas e vindas das delegacias ou o infortuno de “era tão bonzinho...”.
OBS: todo momento há interferências de outros ditos que compartilho e outros ditos que não concordo, mas foram utilizados como recursos e servirão ao meu propósito de discussão. 
Exemplo 2 (trecho de texto que também utiliza tais recursos)
Artigo veja : “O agito na rua do Senhor”.( o título do artigo já nos mostra o tom implícito do posicionamento do autor diante do comércio de artigos evangélicos).
Durante a semana, o maior movimento na rua é de lojistas de todo o país em busca de mercadorias. No sábado é a vez do comprador individual. "Vim com a família comprar peças de vestuário para o novo grupo de jovens da igreja", diz o paulistano Valteci Figueiredo dos Santos, que não resistiu à pechincha de três gravatas por 10 reais. O burburinho na Conde de Sarzedas é similar ao das vias de comércio popular das proximidades. A peculiaridade é que nela os camelôs e as barraquinhas de comida dividem as calçadas com pregadores e cantores gospel. Naturalmente, os ambulantes vendem produtos pirateados, só que autenticamente evangélicos. Por enquanto, o negócio é próspero para todos. "A pirataria ainda não conseguiu nos incomodar", diz Renato Fleischner, editor-chefe da Editora Mundo Cristão, com estimativa de venda de 1,5 milhão de livros neste ano.
OBS: Observem a presença do discurso direto e a forma irônica como é tratado o assunto sobre os consumos dos evangélicos. Esse tom demonstra a presença de implícitos e subtendidos. São vozes não demarcadas, mostradas, mas presentes nas ambigüidades, críticas, ironias, paródias e escolhas intencionadas.
Exemplo 3 (introdução dissertativa sobre o assunto beleza)
Elas não passam em branco Cabelo grisalho é bacana – para as mulheres fortes, bonitas, interessantes, bem cuidadas, elegantes e psicologicamente preparadas para serem chamadas de senhoras o tempo todo.
OBS: O recurso do travessão é uma ótima opção para intercalar as vozes que interferem na voz de quem disserta. Em “elas não passam em branco”, remete-nos a pensar na presença de um tom irônico, ambíguo que precisamos relacionar sentidos para compreendermos o pensamento escrito. Por isso, vozes não marcadas( vozes do coletivo) ,que são tomadas para mim – escritor - , como se fossem minhas, mas pertencem ao outro ser da sociedade, do coletivo.
Primeiro parágrafo de desenvolvimento do parágrafoacima:
Cabelo branco pode ser chique, autêntico e libertador, mas na maior parte do planeta continua vetado, sinônimo de desleixo, preguiça ou, anátema supremo, velhice. As mulheres pintam os cabelos porque querem se ver e ser vistas como detentoras de pelo menos alguns traços de juventude. E também porque culturalmente isso é aceitável e desejável – ao contrário dos homens, nos quais a artificialidade capilar evoca comparações com Silvio Berlusconi, José Sarney ou Manuel Zelaya.( interferências com citações) Em compensação, a explicação evolutiva, que virou o manual universal de respostas fáceis para questões complexas, estabelece que as mulheres grisalhas evidenciam a perda dos atributos reprodutivos, enquanto os homens nas mesmas condições emanam poder e distinção, características evidentemente desejáveis. O que nos leva de volta às personagens iniciais: será que só mulheres muito poderosas se sentem livres para assumir a brancura? 
Comentário: O que está em negrito são as vozes tomadas para si , mas representam o outro, por isso não se usou as aspas. Vozes não marcadas= como tomadas para si, não interrompem o enunciado, com o uso das aspas ou de outros recursos.
Outro recurso interessante e que além de demonstrar criatividade na feitura do parágrafo ainda serve como “autoridade textual”(característica obrigatória em um texto argumentativo) daquilo que se discute no desenvolvimento da tese, é a “comparação de realidades” diferentes da que está sendo discutida. Em um contexto bem trabalhado, confirmam não só a nossa discussão ( autoridade textual) como também será mostrado ao seu analisador de prova que você possui uma leitura atualizada e de boa qualidade. 
Vejamos um exemplo de introdução que tem por objetivo discutir a “regulamentação do diploma de jornalismo para o exercícios da profissão”. Logo após a introdução, teremos um parágrafo de desenvovimento com o recurso de autoridade textual por comparação de realidades diferentes da discutida em questão.
Introdução:
O decreto-lei 972/69, que estabelece que o diploma é necessário para o exercício da profissão de jornalista, não atende aos critérios da Constituição de 1988 para a regulamentação de profissões. Tal lei é apenas mais um entulho do autoritarismo da ditadura militar a controlar as informações e afastar da redação dos veículos os intelectuais e pensadores isentos de qualquer manipulação.
Segundo parágrafo
Ao se ler uma notícia não verídica, percebe-se que ela não será evitada pela exigência de que os jornalistas frequentem um curso de formação. Diferente de um motorista que coloca em risco a coletividade. A profissão de jornalista não oferece perigo de dano à coletividade tais como medicina, engenharia, advocacia. Nesse sentido, por não implicar tais riscos, não poderia exigir um diploma para exercer a profissão.(fato constatado, real e aceitável na sociedade, sem refutação) Não há razão para se acreditar que a exigência do diploma seja a forma mais adequada para evitar o exercício abusivo da profissão.(o restante do parágrafo tivemos a opinião.)
Comentário: Veja no parágrafo de desenvolvimento acima que ao fazermos comparações interessantes e com realidades bem distintas, conseguimos levar o nosso leitor a uma reflexão diferenciada daquilo que estamos defendendo como tese dada na introdução. É um caminho certeiro para a vitória em um concurso que exige um texto argumentativo.
Recapitulando o que já foi trabalhado em todos os capítulos anteriores:
Vamos agora observar uma proposta de redação, fazendo parte a parte toda a produção de um texto dissertativo argumentativo seguindo o conteúdo dos capítulos já trabalhados
Devemos observar a coletânea, texto ou apenas um fragmento e a partir do mesmo tente organizar suas idéias para que, quando ao construir sua introdução, não tenhamos a decepção de perceber que caímos apenas em redundâncias e fatos/acontecimentos apenas constatados e a tese com certeza não existirá.
Exemplo de coletânea:
Maioria dos ministros do STF vota contra a exigência de diploma de jornalista 
MÁRCIO FALCÃO da Folha Online, em Brasília 
Atualizado às 18h43.
Sete ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) votaram contra a exigência do diploma de jornalista para exercício da profissão. Dois dos 11 ministros --Joaquim Barbosa e Carlos Alberto Menezes Direito não estão na sessão. 
Histórico 
O Ministério Público Federal entrou com ação em outubro 2001 para que não seja exigido o diploma de jornalista para exercer a profissão. Uma liminar edita ainda em outubro de 2001 suspendeu a exigência do diploma de jornalismo. A Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) e a União entraram com um recurso. Em outubro de 2005, a 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região entendeu que o diploma é necessário para o exercício do jornalismo. A decisão provocou um novo recurso do Ministério Público Federal no STF e, em seguida, com a ação para garantir o exercício da profissão por quem não tem diploma até que o tema seja definido pelo Supremo. Em novembro de 2006, o STF decidiu liminarmente pela garantia do exercício da atividade jornalística aos que já atuavam na profissão independentemente de registro no Ministério do Trabalho ou de diploma de curso superior na área. 
Como motivação de sua redação faça uma dissertação em prosa sobre o assunto exposto:
Vamos analisar ponto a ponto:
Raciocínio:
Percebemos que se trata do seguinte assunto: Regulamentação do jornalismo.
 Direcionamento do tema: A obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. ( Não temos a tendenciosa, pois o pensamento é abrangido na coletânea) , “a 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região entendeu que o diploma é necessário para o exercício do jornalismo.” (Nada sugeriu como uma espécie de voz a opinar e me direcionar na problemática. Ela é, então, abrangente e explanada a todos.)
Recordando os modos infalíveis de garantir uma boa tese:
A tese pode ser construída de dois tipos que vai lhe dar êxito quanto a construção de uma introdução dissertativa.
Primeiro modo: EU + EU= TESE
Apenas um lado é avaliado, não interessa ao construtor da mesma a exposição de outro lado da situação, ou seja, o recurso de persuasão de mostrar o outro não é utilizado. Com isso teremos um Gênero chamado Artigo de Opinião.
Exemplo:
O decreto-lei 972/69, que estabelece que o diploma, é necessário para o exercício da profissão de jornalista, não atende aos critérios da Constituição de 1988 para a regulamentação de profissões. Tal lei é apenas mais um entulho do autoritarismo da ditadura militar a controlar as informações e afastar da redação dos veículos os intelectuais e pensadores isentos de qualquer manipulação.( EU - em nenhum momento analisei o outro lado)
Segundo modo: Como analisar então o outro lado: EU + OUTRO + EU= TESE
O decreto-lei 972/69, que estabelece que o diploma é necessário para o exercício da profissão de jornalista, não atende aos critérios da Constituição de 1988 para a regulamentação de profissões. Mesmo sabendo que a regulamentação ajudará em vários aspectos positivos quanto ao que se refere ao interesse à busca do conhecimento através de uma formação universitária,( manifestação do OUTRO) tal lei é apenas mais um entulho do autoritarismo da ditadura militar a controlar as informações e afastar da redação dos veículos os intelectuais e pensadores isentos de qualquer manipulação.(EU) 
Tese sugerida:. O decreto-lei 972/69, que estabelece que o diploma é necessário para o exercício da profissão de jornalista, não atende aos critérios da Constituição de 1988 para a regulamentação de profissões (veja que temos a exposição de uma opinião sem interesse por enquanto de argumentar-persuadir: sem interesse de busca pelas estratégias para que o texto torne-se mais apelativo e interessante. Ao colocarmos a persuasão automaticamente construiremos nossa introdução de forma dissertativo-argumentativa), observe:
O decreto-lei 972/69, que estabelece que o diploma é necessário para o exercício da profissão de jornalista, nãoatende aos critérios da Constituição de 1988 para a regulamentação de profissões. Tal lei é apenas mais um entulho do autoritarismo da ditadura militar a controlar as informações e afastar da redação dos veículos os intelectuais e pensadores isentos de qualquer manipulação. (Aqui está algo a mais que ao todo complementa nossa idéia em torno da tese. Fiz então minha introdução quase sem esforço a pensar como preencher o parágrafo!!!)
E como desenvolver essa introdução?
Dica: Pense em qual posicionamento você assumir e fique firme, busque colocar o leitor para pensar em tal situação: “Tal lei é apenas mais um entulho do autoritarismo da ditadura militar a controlar as informações e afastar da redação dos veículos os intelectuais e pensadores isentos de qualquer manipulação”. Vejamos:
Segundo parágrafo
Ao se ler uma notícia não verídica, percebe-se que ela não será evitada pela exigência de que os jornalistas frequentem um curso de formação. Diferente de um motorista que coloca em risco a coletividade. A profissão de jornalista não oferece perigo de dano à coletividade tais como medicina, engenharia, advocacia. Nesse sentido, por não implicar tais riscos, não poderia exigir um diploma para exercer a profissão.(fato constatado, real e aceitável na sociedade, sem refutação) Não há razão para se acreditar que a exigência do diploma seja a forma mais adequada para evitar o exercício abusivo da profissão.(o restante do parágrafo tivemos a opinião.)
Terceiro Parágrafo:
Um excelente chefe de cozinha poderá ser formado numa faculdade de culinária(comparação do que é tratado com outra realidade distinta), o que não legitima estarmos a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa área. O Poder Público não pode restringir, dessa forma, a liberdade profissional no âmbito da culinária. Disso ninguém tem dúvida, o que não afasta a possibilidade do exercício abusivo e antiético dessa profissão, com riscos eventualmente até à saúde e à vida dos consumidores. ( Parágrafo dedicado a explanação de exemplos: comparação de um chefe de cozinha (real) ao ato de praticar o jornalismo. )
Quarto parágrafo:
A “queda” do diploma de jornalista não fechará as faculdades de comunicação. Tais cursos são importantes e exigem preparo técnico e ético dos profissionais para atuarem. Os jornalistas se dedicam ao exercício pleno da liberdade de expressão.(fato constatado, real, ninguém duvida) O jornalismo e a liberdade de expressão, portanto, são atividades imbricadas por sua própria natureza e não podem ser pensadas e tratadas de forma separada.(fora o fato constatado , temos a opinião individual e persuasiva, estrategicamente a convencer o leitor).
Quinto parágrafo: Conclusão
A constituição é bem clara quanto ao exercício da liberdade, querer destituir o direito ao cidadão é crime e viola todo um principio ético. Regulamentar algo que já está explicitamente regulamentado é como revogar direitos já adquiridos, pois, além de absurdo, é retrógado à idéia do autoritarismo. Uma experiência amarga e nada salutar na prática da democracia. (Observe que na conclusão temos apenas um retorno às minhas idéias expostas na introdução. A conclusão serviria até mesmo de introdução e vice-versa).
OBS: O parágrafo na sua construção pede um fato/acontecimento + opinião. Dessa forma não desperdiçaremos a chance de tentar convencer nossa banca a acreditar que sou politizado e conhecedor do que é dito.
Por que os servidor públicos insistem em ser incompetentes quando se trata de compromisso com a pontualidade e a qualidade dos serviços prestados àqueles que necessitam? Pelo visto, tudo o que não corre riscos de mudanças, torna-se porto seguro de maus empregados. E os reflexos não podiam ser diferentes: burocracia e exemplos de andorinhas que tentam mostrar verões e têm suas “asinhas cortadas bem rapidinho”.
Formas de tese a serem construídas na introdução dissertativa argumentativa
· TESE= Tema +Eu + Outro + Eu (como reforço, caso seja necessário)
Exemplo:
O último gargalo Bem Sangari
Se sobreviver às mudanças, o vestibular completará cem anos em 2011( TEMA). Não é de admirar que ainda gere algum apego e defesa, por parte de interesses ligados à sua existência e subsistência.(PRESENÇA DO OUTRO) Mas não deveria ser assim.(O EU PRESENTE) O vestibular é o último gargalo que impede o desenvolvimento da qualidade na educação brasileira, entre várias razões, porque simboliza tudo o que agora é considerado obsoleto na era do conhecimento. Sua extinção inevitavelmente introduziria uma nova etapa de mudanças, cujo impacto chegaria até o ensino fundamental. Um eventual fim do vestibular merece, portanto, ser reconhecido como marco histórico, a preparar o terreno para que o Brasil trilhe mais celeremente o longo caminho rumo a um sistema educacional compatível com as exigências e os desafios que a juventude enfrenta no século 21.( REFORÇO DO EU) 
OBSERVE QUE A PARTE SUBLINHADA CORRESPONDE À ARGUMENTAÇÃO EM TORNO DA TESE, POR ISSO DISSERTATIVO- ARGUMENTATIVO.
Outro Exemplo:
-Assunto: corrupção
-Tema: A corrupção no Brasil
-Tese: A maldita herança do “jeitinho”
“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer as injustiças, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da hora, e ter vergonha de ser honesto”. (Rui Barbosa). Há séculos tem-se a maldita herança num dos traços mais marcantes da identidade brasileira: o famoso “jeitinho brasileiro”, (PRESENÇA DO EU) definido por Lourenço Stelio Rega (Dando um jeito no Jeitinho) como “a imposição do conveniente sobre o certo”, ou seja, uma forma malandra de se resolver um problema, ainda que sob a forma de burla de alguma norma preestabelecida. Apesar de nem sempre manifestar-se de forma negativa, ( PRESENÇA BEM LEVE DO OUTRO, MAS IMPORTANTE) o “Jeitinho” é a força motriz de um dos maiores problemas da política brasileira: a corrupção.( REFORÇO DO EU)
OBSERVE QUE A PARTE SUBLINHADA CORRESPONDE À ARGUMENTAÇÃO EM TORNO DA TESE, POR ISSO DISSERTATIVO- ARGUMENTATIVO.
· TESE= Tema + Eu+ Eu (reforço, caso necessário)
Veja que utilizaremos o último exemplo dado (o anterior) usado para demonstar a primeira forma de se fazer uma tese, só que desta vez sem a presença do OUTRO. 
EXEMPLO;
“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer as injustiças, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da hora, e ter vergonha de ser honesto”. (Rui Barbosa). Há séculos tem-se a maldita herança num dos traços mais marcantes da identidade brasileira: o famoso “jeitinho brasileiro”, (PRESENÇA DO EU) definido por Lourenço Stelio Rega (Dando um jeito no Jeitinho) como “a imposição do conveniente sobre o certo”, ou seja, uma forma malandra de se resolver um problema, ainda que sob a forma de burla de alguma norma preestabelecida. O Jeitinho é a força motriz de um dos maiores problemas da política brasileira: a corrupção.( REFORÇO DO EU)
Comentário: Veja que desta vez não houve a presença do OUTRO. Tal presença será definida por você dentro do seu projeto de texto que visa a convecer o seu leitor de algo que você tem como opinião.
Outro Exemplo:
-Assunto: A CORRUPÇÃO
-Tema: A CORRUPÇÃO NO BRASIL
-Tese: O BRASIL NÃO É UM PAÍS SÉRIO.
 A corrupção no Brasil é um problema que está longe de ser resolvido, ( PRESENÇA DO EU) pois ao que parece, esse país só terá jeito quando esse ciclo for quebrado; quando os brasileiros decidirem trocar o discurso hipócrita pela prática coerente e admitirem que as raízes da corrupção estão nos valores que eles próprios transmitem a seus filhos. Até lá, faz-se jus concordar com o que diz Charles de Gaulle: “o Brasil não é um país sério”.(PRESENÇA DO EU).