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9º Ano do Ensino Fundamental II • Volume 02
PARTE II
A DISSERTAÇÃO EXPOSITIVA
UNIDADE 01
NOTÍCIA
Lendo e Aprendendo
Jornais e revistas são compostos de uma grande variedade de gêneros. Neste volume, vamos
estudar a NOTÍCIA e a REPORTAGEM, que ocupam um grande espaço no mundo moderno, visto
que as pessoas estão cada vez mais sedentas por informação. Um bom texto informativo precisa ter
algumas qualidades:
• informações confiáveis;
• concentrar-se num assunto específico;
• ser objetivo;
• ser isento, isto é, não misturar informação com opinião;
Vamos ler abaixo uma notícia publicada recentemente em jornal de grande circulação.
LIVRO ADULTO DE AUTORA DE 'HARRY POTTER' É LANÇADO NO BRASIL
'Morte súbita', de J.K. Rowling, tem lançamento em dezembro no Brasil. Ela troca
fantasia por descrição realista de crime; G1 traz trecho exclusivo.
Do G1, em São Paulo
 A britânica J.K. Rowling lança 'Morte Súbita' na Inglaterra
(Foto: AP/Lefteris Pitarakis)
Sair de um universo fantástico rumo a uma cidade pequena e nada encantada pode
não ser caminho convidativo para fãs que compraram 450 milhões de cópias dos sete
volumes da saga do jovem bruxo Harry Potter. Mas é este rumo que toma a autora inglesa
J.K. Rowling na primeira aventura pela literatura adulta. Ser "trouxa" - como os não bruxos
eram chamados na saga - não significa ausência de surpresas sob o visual de aparente
normalidade. É isso que ela quer mostrar em seu novo romance, "Morte súbita".
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9º Ano • Volume 02
O livro teve lançamento oficial na quarta-feira (5) em todo o Brasil, pela editora Nova
Fronteira. "Morte súbita" conseguiu lugar entre os mais vendidos nos EUA e Inglaterra.
O romance tem início com o assassinato de Barry Fairbrother. A descrição é detalha-
da: "De repente, uma dor como jamais havia sentido antes atravessou o seu cérebro como
se tivesse sido atingido por uma daquelas bolas de demolição (...) O seu crânio estava
inundado de fogo e sangue; a agonia era insuportável".
Barry era conselheiro em um vilarejo tão pequeno que nem conseguiu ser reconheci-
do como município. A aparente normalidade do local é quebrada com o desequilíbrio cau-
sado pela ausência inesperada de Barry.
http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2012/12/livro-adulto-de-autora-de-harry-potter-e-lancado-no-brasil-leia-trechos.
html - 10/12/2012 11h24 - Atualizado em 10/12/2012 14h43 (Com adaptações)
Interpretando e Praticando
TEXTO 1
NÚMERO DE DENÚNCIAS DE VIOLAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS AUMENTA 77%
Denúncia de violação contra idosos foi a que mais aumentou: 199%. Negros são
os mais agredidos em todas as categorias pesquisadas.
Do G1, em Brasília
Balanço divulgado nesta segunda-feira (10) pela Secretaria de Direitos Humanos da
Presidência da República mostra que denúncias de violações aos direitos humanos au-
mentaram 77% em 2012 em relação ao mesmo período de 2011.
Dados do Disque 100 mostram que de janeiro a novembro deste ano foram feitas
155.336 denúncias contra 87.764 realizadas em 2011.
Segundo o balanço, as denúncias de violações contra idosos foram as que mais au-
mentaram: 199%: de 7.160, em 2011, para 21.404, em 2012. No entanto, as denúncias
contra violação a crianças e adolescentes ainda é a maior: 120.344.
Em 2012, foram realizadas 7.527 denúncias contra gays, lésbicas, bissexuais, traves-
tis e transexuais; 7.257 denúncias sobre pessoas com deficiência, 489 sobre população de
rua e 2.742 denúncias sobre outras categorias, como população carcerária.
 Maria do Rosário com atendentes do Disque 100, que recebe denúncias
de violações aos direitos humanos
(Foto: Brenda Brandão/ G1)
A pesquisa mostra que os negros são os mais agredidos em todas as categorias
pesquisadas. Crianças e adolescentes negros, por exemplo, lideram com 61% dos casos.
Já entre os idosos, os negros ficam na frente com 36,2% e entre pessoas com deficiência,
59,3%.
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9º Ano • Volume 02
A ministra da secretaria, Maria do Rosário, afirmou que o aumento de denúncias não
significa aumento da violência.
 "Há violência, mas que agora ela não está mais invisível", disse Rosário.
O estado que está no topo do número de aumento de denúncias é o Amapá, com
153% (428), contra 169 ano passado. O que registrou o menor crescimento em denúncias
foi o Piauí, com 48% (2976), contra 2012 no ano anterior.
Considerando o número de denúncias por habitante, o Distrito Federal está na frente
registrando 4.729 em 2012, o que equivale a 92 denúncias para cada 50 mil habitantes.
"Isso mostra que o Distrito Federal aderiu ao Disque 100, o que nos deixa feliz", disse a
ministra.
O disque denúncia foi lançado em 2003 pelo governo federal e até novembro deste
ano já recebeu e encaminhou 396.693 denúncias em todo o país. As denúncias de viola-
ções de direitos humanos são examinadas e encaminhadas para os órgãos responsáveis
para apuração e providências cabíveis, considerando as especificidades das vítimas.
O serviço do Disque 100 funciona 24 horas, todos os dias da semana, inclusive aos
domingos e feriados. A ligação é gratuita, podendo ser realizada de qualquer terminal tele-
fônico e atende ligações de todo o território nacional.
2013
O governo afirmou que para 2013 o Disque 100 terá um canal para atendimento de
denúncias contra torturas sofridas por presidiários e também vão equipar 500 Conselhos
Tutelares com carros, computadores, internet, telefones e geladeiras, para que possam
fazer tanto o acolhimento das denúncias, como prestar o correto atendimento dos casos.
http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/12/numero-de-denuncias-de-violacao-de-direitos-humanos-aumenta-77.html
01 Vamos analisar o texto que acabamos de ler:
(A) Ele apresenta as características de um bom texto informativo? Justifique.
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............................................................................................................................................
(B) Como o texto faz para passar a ideia de que suas informações são fidedignas?
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
(C) Que informações estão presentes no texto acima? Transcreva-as formando um resumo.
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9º Ano • Volume 02
TEXTO 2
OSCAR NIEMEYER, EXPOENTE INTERNACIONAL DA
ARQUITETURA MODERNA, MORRE AOS 104
O arquiteto Oscar Niemeyer, ícone da arquitetura moderna e um dos brasileiros mais
reconhecidos no mundo, morreu nesta quarta-feira (5), aos 104 anos. Ele estava internado
há 33 dias no Hospital Samaritano, em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro, por causa de
uma infecção urinária. Ele também teve uma infecção respiratória e respirava com a ajuda
de aparelhos.
Niemeyer foi um dos principais expoentes da arquitetura moderna e projetou o Brasil
internacionalmente.
O carioca ganhou reconhecimento a partir da exploração das possibilidades plásticas
e construtivas do concreto armado, produzindo obras grandiosas e inventivas, marcadas
pelo abuso de curvas em detrimento das linhas e ângulos retos.
Suas obras — prédios públicos e privados, monumentos, esculturas e igrejas — mar-
cam a paisagem das principais cidades brasileiras e espalham-se por vários países do
mundo, como Estados Unidos,França, Espanha, Alemanha, Itália, Argélia, Israel e Cuba,
entre outros.
Niemeyer projetou grande parte das obras de Brasília, entre elas a praça dos Três
Poderes, os prédios do Congresso Nacional, do STF (Supremo Tribunal Federal) e o Palá-
cio do Planalto.
Em São Paulo, projetou o Memorial da América Latina, o edifício Copan e as constru-
ções do Parque do Ibirapuera; no Rio, concebeu o Museu de Arte Contemporânea de
Niterói e a Marquês de Sapucaí; em Belo Horizonte, projetou todo o Conjunto Arquitetônico
da Pampulha.
O arquiteto desenhou também esculturas e mobílias, escreveu livros e, depois do
centenário, lançou até um disco de samba. Marxista convicto, militou no PCB (Partido
Comunista Brasileiro) durante várias décadas, mudou-se para a França durante a ditadura
militar e manteve amizade com Luís Carlos Prestes e Fidel Castro.
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/12/05/oscar-niemeyer-
expoente-internacional-da-arquitetura-moderna-morre-aos-104.htm
02 Vamos analisar novamente outro texto:
(A) Ele apresenta as características de um bom texto informativo? Justifique.
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
(B) Como o texto faz para passar a ideia de que suas informações são fidedignas?
............................................................................................................................................
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(C) Que informações estão presentes no texto acima? Transcreva-as formando um resumo.
............................................................................................................................................
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9º Ano • Volume 02
Estudando o gênero
A Notícia é um gênero informativo, a matéria-prima dos jornais. É veiculada também em outros
meios como revistas e internet. É um texto que objetiva informar o leitor, com precisão, sobre fatos
que ocorreram ou estão ocorrendo dentro ou fora do país. A notícia deverá ser escrita de forma a
possibilitar uma leitura rápida. No jornal, as notícias são impressas de acordo com o grau de relevân-
cia, iniciando das mais importantes para as menos importantes.
Para atrair a atenção do leitor, a notícia deve apresentar certas qualidades: ser nova (o novo
atrai mais a atenção), verdadeira (falsa notícia diminui a credibilidade, desacredita o noticiante pe-
rante o leitor), interessante (quando atrai o maior número possível de leitores), importante (quando
agrada ou influi no comportamento de uma coletividade ou grupo de leitores).
Tendo obtido os dados o jornalista compõe o texto da notícia em duas grandes partes:
PARTE 1
a) Título
Este é o anúncio da notícia, resumidamente apresenta o principal do acontecimento a ser
noticiado:
SUICIDOU-SE ONTEM O COMERCIANTE JOÃO AO
VER A ESPOSA NOS BRAÇOS DE OUTRO
IMPORTANTE!!!
O título sempre é objetivo com o verbo no tempo presente. Ao título principal, em letras
destacadas, estampado na primeira página de um jornal, dá-se o nome de manchete. O
título é o espelho da notícia, pois revela ao leitor o assunto de cada história. Além disso, é
um dos elementos básicos de uma boa edição.
1. O título é a síntese da matéria e, portanto, deve referir-se diretamente a seu conteúdo.
Precisa ser objetivo e conciso.
2. Deve conter necessariamente um verbo na voz ativa e no presente (exceto quando se
referir a fatos distantes no passado ou no futuro). Evitar verbos de ligação.
3. Os artigos definidos e indefinidos podem ser eliminados.
4. Evitar usar dois-pontos e, em títulos de textos informativos, não utilizar ponto final, de
interrogação e de exclamação, nem reticências, travessão e parênteses.
5. Só use siglas e nomes próprios em títulos, se forem do conhecimento geral;
6. Não divida silabicamente as palavras, nem separe nomes compostos em linhas diferen-
tes;
ATENÇÃO!!!
Não repita no título as palavras iniciais do texto (lead). Retrancas (matérias) de um
mesmo assunto devem ter títulos diferentes — não repita palavras em títulos de matérias
publicadas na mesma página ou em páginas subsequentes (espelhadas).
b) Subtítulo (opcional)
Título secundário, colocado abaixo do título principal da matéria. É composto em corpo
menor e serve para acrescentar informações que completam o significado do título princi-
pal da página. Trata-se de uma linha (de composição) de texto que forma uma oração
completa, mas não tem ponto final.
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9º Ano • Volume 02
c) Legenda (opcional)
É um recurso essencial da edição. Tem por objetivo descrever a fotografia e relatar o fato
ao leitor, em linguagem direta e objetiva. Por ser tão importante quanto o título, precisa
atrair e conquistar a atenção do leitor.
PARTE 2
d) Cabeça ou Lead
Sumário do fato e o clímax da ocorrência não importando a ordem cronológica. Pode esco-
lher a resposta ao fato que lhe parecer melhor para a veiculação do comunicado noticioso:
"Desconfiando que sua mulher, Ana Rosinha, o traía com um vizinho (o
Arnaldão), João da Silva, residente na Rua dos Desiludidos, 46, suicidou-se, on-
tem, com um tiro no ouvido."
IMPORTANTE!!!
Corresponde ao primeiro parágrafo do texto, que pode ou não ser destacado grafica-
mente e que deverá conter as informações essenciais, respondendo sempre que possível
às perguntas:
– Quem? (quem participa na notícia)
– O quê? (o que aconteceu, acontece ou vai acontecer)
– Onde? (local onde aconteceu)
– Quando? (dia, hora,)
e) Corpo
É o desenvolvimento da cabeça ou lead esmiuçando os detalhes em ordem cronológica
crescente, descrescente, ou em forma mista. Tanto aqui como na lead pode-se usar de
veracidades sóbrias e claramente expressas ou de hipérboles ou exageros em relação ao
fato e emoções relativas a ele de modo a transformar a mensagem límpida e objetiva num
subjetivismo interpretativo sensacionalista. Ou seja, se reportagem expositiva limita-se à
narração simples e objetiva do fato. Sendo interpretativa inclui maiores esclarecimentos
para a melhor compreensão do assunto. E se for opinativa além de expor a notícia e
interpretá-la nas suas características procurará subjetivamente opinar, orientar e dirigir a
opinião do leitor ou do público, neste caso poderá descambar ao sensacionalismo ou
adredemente movimentando a massa para uma ideia ou convicção ideológica.
IMPORTANTE!!!
Corresponde aos restantes parágrafos do texto. É o desenvolvimento da notícia, no
qual deverão estar as respostas às questões:
– Como? (contar como aconteceu a notícia)
– Por quê? (porque aconteceu a notícia)
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9º Ano • Volume 02
(O esquema acima refere-se à técnica da pirâmide invertida — é habitual representar-se grafi-
camente a notícia por esta pirâmide invertida. Na prática, aparecem muitas notícias que não respei-
tam a estrutura anteriormente apresentada.)
PARA LEMBRAR!!!
– As frases devem ser curtas com uma estrutura básica de sujeito - predicado -complemen-
to, ou seja, deve seguir o princípio "uma frase -uma ideia".
– O jornalista deve evitar os adjetivos, utilizando sobretudo os substantivos e os verbos.
– O jornalista não deve dar a sua opinião sobre o que conta; deve limitar-se a contar o que
aconteceu.
– Quando a notícia é sobre uma disputa entre pessoas ou instituições, o jornalista deve
mostrar a opinião dos dois, para deixar que o leitor decida quem tem razão.
ALGUMAS REGRAS GERAIS PARA FAZER NOTÍCIAS
1) NUMA NOTÍCIA, TUDO SE ESCREVE SEMPRE DO MAIS IMPORTANTE PARA O MENOS IMPORTANTE.
As afirmações colocam-se, normalmente, antes de indicar quem as disse.
Ex.: 30 mortos foi o resultado de um acidente decorrido ontem, na EN2; "Os salários vão
aumentar 10 %" - afirmou o primeiro-ministro, hoje, em visita oficial a...; Uma manifesta-
ção contra o racismo teve lugar à porta do Consulado de Angola, durante todo o dia de
ontem; Médicos portugueses recusam-se a preencher vagas no interior do país; etc.
2) UMA NOTÍCIA ESCREVE-SE SEMPRE NA 3ª PESSOA (DO SINGULAR OU DO PLURAL).
Eu, tu, nós, vós e vocês só se empregam nas citações, as quais devem ser devidamente sepa-
radas com aspas.
Ex.: "Vimos a morte à frente dos olhos" — afirmou Fulano, um habitante do referido prédio; "Já
estamos à espera, desde as 5 da manhã, para sermos consultados" — afirmam os mani-
festantes, descontentes com a falta de médicos; etc.
3) NÃO SE DÁ OPINIÕES, NEM SUGESTÕES, NEM SE AVALIA, NEM SE LAMENTA. É FUNDAMENTAL A IMPARCIALIDADE.
Só se devem usar os adjetivos que designam o que é evidente para qualquer pessoa.
Ex.: As cores são evidentes para qualquer pessoa; mas o que é bom, grande e bonito para uns
pode ser mau, pequeno e feio para outros. O recurso a citações é uma exceção a esta
regra, desde que não comprometa a independência de quem escreve a notícia.
Ex.: Segundo afirmou um automobilista, "os javalis são bichos muito maus. Se encontrarem
um carro pela frente, não se desviam e atacam"; "Foi o melhor momento da minha vida" —
afirmou (ou referiu) Fulano; etc.
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9º Ano • Volume 02
4) QUANDO NÃO SE PRESENCIOU ALGO, RECORRE-SE A FONTES DIVERSAS OU A CITAÇÕES, TENDO SEMPRE O CUIDADO DE
INDICAR QUE OS DADOS ESTÃO DE ACORDO COM AS REFERIDAS FONTES.
É lógico não indicar aquilo de que não se tem a certeza!
Ex.: De acordo com informações de...; A mesma fonte também indicou (ou confirmou) que...;
De acordo com (ou Segundo afirmam) testemunhas oculares, ...; A alegada fraude; ...não
revelou (, contudo)...; (Segundo) anunciou F, presumivelmente por...; lembrou, por outro
lado, que...; Observou (ou Afirmou) um habitante..., acrescentando que...; Precisou F;
Segundo um balanço oficial; O último balanço indicava...; Contou F; Adiantou, ainda, que...;
O que terá provocado...; etc.
5) A LINGUAGEM DEVE SER SIMPLES E CLARA, PARA QUE TODAS AS PESSOAS A POSSAM ENTENDER.
As palavras pouco conhecidas devem ser evitadas. Deve-se evitar o uso de recursos estilísticos
e de todas as expressões que possam deixar dúvidas no leitor. As frases devem ser curtas e sim-
ples.
Quando se usam siglas, é necessário dizer o que elas significam.
Ex.: CDU (Coligação Democrática Unitária); Partido Social Democrata (PSD); etc.
6) DEVE-SE TRANSMITIR O MÁXIMO DE INFORMAÇÕES NUM MÍNIMO DE PALAVRAS.
7) A LINGUAGEM DEVE ATRAIR O LEITOR.
Caso contrário, o jornal perde compradores!
Refletindo e Produzindo
TEXTO
ACERVO DE 360 OBRAS CHEGARÁ A 85,2 MIL ESCOLAS NO PRÓXIMO ANO
Portaria da Secretaria de Educação Básica (SEB) do Ministério da Educação, publicada
na segunda-feira, 29, divulga o acervo de 360 obras selecionadas para o Programa Nacio-
nal Biblioteca da Escola (PNBE) para 2013. Os livros serão distribuídos a 85,2 mil unidades
de ensino públicas federais e das redes de ensino municipais, estaduais e do Distrito Fede-
ral. O PNBE de 2013 atenderá 12,3 milhões de alunos do ensino fundamental e 7,4 milhões
do ensino médio.
 Do total de instituições atendidas, 50,5 mil oferecem matrículas a estudantes dos
anos finais (sexto ao nono) do ensino fundamental e 34,7 mil a alunos do ensino médio.
Serão distribuídos três acervos distintos, com 60 títulos cada um — 180 títulos no total para
os anos finais do ensino fundamental e a mesma quantidade para o ensino médio.
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9º Ano • Volume 02
Segundo o secretário de educação básica do MEC, Cesar Callegari, o objetivo do
programa é oferecer literatura de qualidade aos estudantes brasileiros e, com isso, fomen-
tar a leitura nas escolas. Ele reconhece, porém, a necessidade de fortalecer alguns pontos.
"Nosso grande desafio é capacitar professores para que eles possam fazer esse trabalho
de mediação com os alunos", disse. "A ideia é que eles conheçam o teor dos livros e
possam usá-los adequadamente, apropriando-se do conteúdo e incentivando os alunos e
seus familiares a ler."
Para o PNBE de 2013, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE)
prevê orçamento de R$ 75 milhões para aquisição e distribuição das obras. Durante a
realização do processo de avaliação, seleção e formação dos acervos, o MEC estabeleceu
parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Incentivo - Desenvolvido desde 1997, o PNBE promove o acesso à cultura e o incen-
tivo à leitura a alunos e professores por meio da distribuição de acervos de obras de litera-
tura, de pesquisa e de referência. O programa avalia e distribui obras literárias em prosa
(novelas, contos, crônica, memórias, biografias e teatro), verso (poemas, cantigas), livros
de imagens e de história em quadrinhos. Distribui ainda periódicos de conteúdo didático e
metodológico para escolas da educação infantil, ensino fundamental e médio. Conta ainda
com o PNBE do Professor, que apoia a prática pedagógica dos docentes da educação
básica e da educação de jovens e adultos a partir da avaliação e distribuição de obras de
cunho teórico e metodológico.
O acervo do PNBE para 2013, consta da Portaria SEB nº 27, do dia 25 último, publicada
no Diário Oficial da União de segunda-feira, 29, seção 1, páginas 17 a 19.
(Fonte: Portal do MEC/Paula Filizola.)
03 Delimite o lead da notícia.
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04 Verifique a que questões responde(o lead).
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05 Indique a que questões responde o corpo desta notícia.
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06 Diga qual o tipo de frase predominante neste texto.
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07 Liste duas características típicas da linguagem da notícia presentes neste texto.
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08 Justifique por que motivo podemos afirmar que este texto é uma notícia.
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TEXTO
PREMIAÇÃO INTERNACIONAL HOMENAGEIA LUIZ ANTONIO MARCUSCHI
In Notícias,PPGL/UFPE on 12/04/2011 by PPGL-UFPE
Luiz Antonio Marcuschi. Foto: Arquivo pessoal
Por Karla Vidal
O linguista Luiz Antonio Marcuschi, professor aposentado do Departamento de Letras
da Universidade Federal de Pernambuco, acaba de receber mais uma importante homena-
gem, desta vez de caráter internacional. The Luiz Antonio Marcuschi Travel Awards é uma
bolsa de incentivo à participação na reunião anualda Conferência sobre Escrita e Comuni-
cação Universitárias (Conference on College Composition and Communication) evento pro-
movido pelo National Council of Teachers of English (NCTE), uma associação profissional
de educadores de estudos de língua inglesa, literatura, artes e linguagens, que completa
100 anos de existência em 2011.
O prêmio em nome de Luiz Antonio Marcuschi é uma iniciativa do professor Charles
Bazerman, do Departamento de Educação da Universidade da Califórnia em Santa Barbara
(EUA), e consiste em duas bolsas para viagem aos Estados Unidos no valor de US $1000.00
(mil dólares), com periodicidade anual. A bolsa será concedida pela primeira vez a pesqui-
sadores que tiverem suas propostas de apresentação de trabalhos aceitas para a edição
2012 da Conference on College Composition and Communication (CCCC).
"Tenho a honra de subsidiar uma das bolsas de viagem em nome do Professor Dr. Luiz
Antonio Marcuschi. O valor do subsídio deverá permitir que as bolsas continuem sendo
concedidas por prazo indeterminado. O Professor Marcuschi foi responsável pelo meu in-
gresso no mundo intelectual da Linguística Aplicada brasileira. Foi ele o responsável tam-
bém por minha continuada relação com a UFPE. É um privilégio poder prestar-lhe esta
homenagem e ao mesmo tempo familiarizar os norte-americanos com seu trabalho", afir-
ma Charles Bazerman.
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9º Ano • Volume 02
Para participar, os interessados devem submeter uma carta de intenção que descreva
a finalidade de sua participação na Conferência e justifique a necessidade de ajuda finan-
ceira. As cartas devem ser escritas com no máximo 300 palavras e enviadas para o email
cccc@ncte.org até o dia 1 de junho de 2011. Ao final do processo seletivo, os pedidos
aprovados serão notificados por email.
Homenagens
Luiz Antonio Marcuschi é um dos fundadores da Asociación Latinoamericana de Estudios
del Discurso e fundador do Núcleo de Estudos da Língua Falada e Escrita (NELFE/UFPE),
além de ser um dos primeiros professores do Programa de Pós-graduação em Letras da
UFPE.
Possui em seu currículo mais de vinte obras e quase uma centena de artigos. Entre as
mais referenciadas estão Linguística de Texto: o que é e como se faz, Da Fala para a
Escrita, Hipertexto e Gêneros Digitais, Produção Textual, Análise de Gêneros e Compreen-
são e Análise da Conversação.
Introduziu os estudos em Linguística Textual e Análise da Conversação no país e foi
um dos primeiros a se debruçar sobre questões da relação fala/escrita, dos gêneros textu-
ais e do hipertexto.
O importante trabalho, desenvolvido há mais de 30 anos, já rendeu a Luiz Antonio
Marcuschi grande reconhecimento. Em 2010 foi homenageado pelo III Colóquio da Aled/
Brasil que teve como tema Discurso e práticas sociais. Um tributo a Luiz Antonio Marcuschi.
Em 2009 recebeu, durante o V Simpósio Internacional de Estudos de Gêneros Textuais
(SIGET), a medalha Mérito Educação Dom Benedito Zorzi, conferida aos educadores e
entidades públicas e privadas que se distinguiram na ação educacional propriamente dita
ou através da produção escrita.
Também em 2009 foi lançada a Coleção Luiz Antônio Marcuschi, projeto idealizado
pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE com o apoio da PROPESQ e da
Editora Universitária. A Coleção é formada por box com 3 livros e um DVD. Um dos livros é
a edição especial da obra Linguística de Texto: o que é e como se faz, publicado original-
mente em 1983.
(http://www.pgletras.com.br/informes/2011/04/premiacao-internacional-homenageia-luiz-antonio-marcuschi/)
09 O corpo da notícia é parte que apresenta o detalhamento do lead, fornecendo ao leitor novas
informações, em ordem cronológica ou de importância. Na notícia em estudo, que parágrafos
constituem o corpo?
....................................................................................................................................................
10 Para ampliar o enfoque sobre o fato relatado, os jornalistas costumam entrevistar pessoas
envolvidas com ele. Depois, ao redigir a notícia, é comum citarem o discurso de algumas des-
sas pessoas. Na notícia em estudo:
(A) Identifique uma dessas citações e dê o nome da pessoa citada.
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
(B) Como o leitor pode identificar esses discursos na notícia?
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
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9º Ano • Volume 02
(C) Que tipo de discurso é empregado nos trechos citados: o direto ou indireto?
............................................................................................................................................
11 Que características a linguagem empregada no texto utiliza?
....................................................................................................................................................
12 Que variedade linguística ela adota?
....................................................................................................................................................
13 Observe as formas verbais empregadas na notícia em estudo:
(A) Que tempo verbal predomina?
............................................................................................................................................
(B) Na sua opinião, porque há domínio desse tempo verbal?
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
14 Observe o título da notícia em estudo:
(A) Em que tempo e modo verbal encontra-se o verbo empregado no título?
............................................................................................................................................
(B) Por que, na sua opinião, costuma-se empregar esse tempo verbal nos títulos das notícias?
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
Praticando mais um pouco
ATIVIDADE 1
Abaixo, há títulos de notícias verídicas, que constam dos principais jornais da atualidade. Você
poderá fazer um levantamento dos temas abordados, como foco de estudo, mas deverá criar notíci-
as fictícias. Para esta tarefa, mantenha os títulos e subtítulos e esteja livre para fazer as mais diver-
sas modificações no lead e no corpo da notícia. Procure se lembrar das características do gênero
estudado.
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9º Ano • Volume 02
NOTÍCIA 1
EXERCÍCIOS FÍSICOS ATENUAM SINTOMAS DE PARKINSON E ALZHEIMER
Novas pesquisas mostram que atividades físicas são fundamentais para reduzir a gra-
vidade dessas doenças neurodegenerativas
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/exercicios-fisicos-atenuam-
sintomas-de-parkinson-e-alzheimer-apontam-estudos - 26/11/2012 - 10:53
NOTÍCIA 2
MEC 'REPROVA' 577 INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR
Unidades receberam notas baixas em avaliação da pasta; 976 cursos também obtive-
ram conceito insuficiente na medição oficial
http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/mec-reprova-577-instituicoes-de-ensino-superior- 06/12/2012 - 16:05
NOTÍCIA 3
NÚMERO DE DENÚNCIAS DE VIOLÊNCIA CONTRA IDOSOS SOBE QUASE 200% EM 2012
Ministra dos Direitos Humanos afirma que esse tipo de caso começou a ser registrado
pelo Disque 100 apenas em 2011
http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/noticia/2012/12/numero-de-denuncias-de-violencia-contra-idosos-
sobe-quase-200-em-2012.html - VIOLÊNCIA - 10/12/2012 16h33 - Atualizado em 10/12/2012 17h39
NOTÍCIA 4
'PROBLEMA TÉCNICO' TIROU FACEBOOK DO AR EM VÁRIOS PAÍSES
Empresa disse que atualização no sistema de endereços DNS causou pane que afe-
tou acesso ao site por quase 30 min na noite de segunda (10)
http://idgnow.uol.com.br/internet/2012/12/11/problema-tecnico-tirou-facebook-do-ar-em-varios-paises/
 - 11/12/2012 - 00h44 - Atualizada em 11/12/2012 - 02h14
ATIVIDADE 2
Leia o poema a seguir:
POEMA TIRADO DE UMA NOTÍCIA DE JORNAL
(Manuel Bandeira)
João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num
 [barracão sem número.
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro.
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
72
9º Ano • Volume 02
15 Por que o título desse poema é "Poema retirado de uma notícia de jornal"?
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16 Por que se pode dizer que esse texto é um poema?
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17 Conte esta poesia em forma de notícia, a partir do conhecimento acerca desse gênero, exposto
nesta unidade. Com certeza, você deverá tornar as informações deste fato "reais", já que a
notícia não se utiliza de elementos figurados, mas sim de ordem denotativa.
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Lembre-se, ainda, que essa escrita, diferentemente do poema, é em prosa e não em ver-
sos.
ATIVIDADE 3
O POEMA QUE MORREU
(Ricardo França)
Um assassinato.
Tudo indicava assim.
E o coitado do poema, estirado,
era coceira na curiosidade pública.
Chegou o delegado —
e cismado — foi tecendo em pensamentos inconstantes
formas da dúvida.
Um assassinato.
Tudo indicava assim.
E o coitado do poema, estirado,
era coceira na curiosidade pública.
Chegou o delegado
— e cismado —
foi tecendo em pensamento
as inconstantes formas da dúvida.
Uma interrogação passeava ali.
Crescia e engordava
— proporcional —
a cada pessoa que parava
na pele da já recém formada
multidão.
73
9º Ano • Volume 02
Não demorou muito e apareceu o legista.
Ele era meio esquisito,
tinha tique nervoso
e coceira na vista.
Examinou o já lido poema
e constatou o consumado fato:
— Morrera de amor, não de infarto.
Suicídio? Assassinato?
Quem faria o fatídico ato?
— Quem ??? perguntava o delegado.
E com um ar sherloquiano
pegou o morto nas mãos.
Sob os olhos atentos da multidão
exclamou a primeira descoberta:
— Não era amador o assassino, era poeta !
“Poeta ?” Indagou a multidão incrédula.
— Poeta! Confirmou alisando o imeeeenso bigode.
Chegaram então os repórteres,
a lavadeira,
o bêbado ainda de porre,
a dona Julieta, o doutor Onofre,
e todos, do sul ao norte,
mastigavam a mesma pergunta:
“Um poeta, mas como é que pode ?”
— Simples! — Explicou o delegado...
A tristeza, num homem apaixonado,
dói além do sustentável.
No peito, abre um buraco.
Tanto insiste
que não resta escapatória,
com o dedo em riste,
atrás da porta,
persiste o crime.
A arma utilizada
não foi revólver,
não foi faca.
Foi um sentimento amargurado
delineado no papel
por uma caneta esferográfica.
Já a paixão — continua —,
foi a vítima,
de vez esquecida,
varrida,
morta.
Não é caso de polícia.
por aí morre um amor por dia,
é uma palavra prolixa, doída.
Dor nenhuma deve virar notícia,
fez bem o poeta em matar essa paixão.
74
9º Ano • Volume 02
E terminou largando o poema no chão.
Seguiu em frente, sumiu na multidão
que por sua vez se desfez
com a mesma rapidez
que se formou.
Mas do vazio que ficou — dilacerado,
permaneceu solitário
um adolescente
com os olhos molhados
e uma caneta na mão.
Em passos lentos, assimilados,
aproximou-se do poema
no chão largado
e guardou no bolso
a história do amor
que minutos antes havia escrito,
e por qualquer descuido
perdido...
http://www.casadacultura.org/Literatura/
Poesia/g01/poema_que_morreu_ricardo_franca.html)
18 Há um acontecimento retratado no poema? Qual?
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19 Como estava o poema quando foi encontrado?
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20 Como as pessoas reagiram a esse acontecimento?
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21 Quais profissionais participaram do caso de investigação do assassinato?
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22 Como era o legista aparentemente?
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9º Ano • Volume 02
23 O que o legista constatou?
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24 Como foi que o legista chegou à conclusão do caso?
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25 Qual a arma utilizada no crime?
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26 Foi constatado que esse era um caso de polícia?
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27 Qual foi a atitude de um adolescente ao final do poema?
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28 Produza uma notícia de jornal, a qual deverá apresentar:
• Um título (manchete) chamativo, interessante e em destaque.
Ex.: HOMEM MORRE DE AMOR
• Data e local da publicação (Os quais serão inventados pelo aluno)
• Nome do jornal no qual a notícia foi publicada. (Dado inventado pelo aluno)
• Nome dos autores da Notícia (Nome do aluno)
• Apresentação do fato.
• Detalhes do fato (Incluindo os profissionais que trataram do caso)
• Desfecho do fato (Conclusão do caso)
IMPORTANTE!!!
 O acontecimento da poesia não é verídico como os acontecimentos relatados em um
jornal, mas é possível imaginar o fato de "morte por amor" e redigir uma notícia imaginária.
76
9º Ano • Volume 02
PARTE II
A DISSERTAÇÃO EXPOSITIVA
UNIDADE 02
REPORTAGEM
Lendo e Aprendendo
 Em primeiro lugar, é preciso distinguir os diferentes significados que a palavra adquire. Repor-
tagem é o setor da redação que está encarregado de apurar e redigir notícias e reportagens, o grupo
de jornalistas empenhado nessa tarefa. Independente disso, é também a designação de um gênero
jornalístico específico e diferente da notícia - apesar de o leitor dificilmente perceber essa distinção.
Para o grande público, "notícia" e "reportagem" são sinônimos. Mesmo os profissionais de jor-
nalismo, que distinguem com clareza os dois formatos, nem sempre se arriscam a apontar as fron-
teiras que separam um e outro. Mais do que uma questão técnica, a distinção entre a notícia e a
reportagem pode auxiliar o público a aumentar o senso crítico em relação ao jornal, rádio ou TV que
acompanha, na medida em que permite ao leitor, ouvinte ou telespectador perceber o grau de moti-
vação do veículo em divulgar informações sobre determinados assuntos, e não sobre outros.
O objetivo desta unidade é apresentar algumas diferenciações entre notícia e reportagem, a fim
de facilitar sua vida como estudante, além de despertar em você um olhar mais atento sobre essa
questão, o que poderá tornar mais visíveis os critérios para a seleção de temas que irão compor a
pauta diária da grande imprensa.
TEXTO
O MAIOR BIOMA DO MUNDO
Nenhum outro país chega perto do Brasil em número de espécies
(Herton Escobar)
 Macaco Uacari vermelho, na floresta do Instituto Floresta Viva, no Amazonas. Foto: Dida Sampaio/AE
77
9º Ano • Volume 02
MANAUS - O Brasil abriga 13% das espécies da fauna e da flora existentes em todo o
mundo - e a maior parte delas está na Amazônia. A floresta de 4,2 milhões de quilômetros
quadrados é habitada por centenas de milhares de espécies de plantas, animais, fungos,
bactérias. Um refúgio de suas matas ou um braço de seus rios pode conter mais espécies
do que continentes inteiros.
A Amazônia brasileira tem 1.200 espécies conhecidas de aves. Só num raio de 150 km
de Manaus é possível encontrar 800 delas, mais do que nos Estados Unidos e Canadá
juntos (que têm 700). E ocorre o mesmo com os peixes: o número de espécies descritas na
Amazônia (mais de 2 mil) é dez vezes maior que o de toda a Europa - apenas 200. Só no
Lago Catalão, entre os Rios Negro e Solimões, em frente a Manaus, há 300 espécies
conhecidas, segundo os especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(Inpa).
As estimativas dos cientistas são de que só 10% das espécies existentes na Amazônia
brasileira sejam conhecidas. Talvez menos. Ainda assim, na escala amazônica, 10% já
englobam números espantosos. Só de anfíbios são 250 espécies catalogadas, ante as 81
da Europa. Os mamíferos são 311, com mais de 70 espécies de macacos e 122 de morce-
gos. As abelhas são 3 mil; borboletas e lagartas, 1.800. Em uma única árvore da Amazônia
já foram encontradas 95 espécies de formigas - 10 a menos do que em toda a Alemanha.
 Mas há uma imensidão ainda a ser desbravada. E não é preciso ir longe para encon-
trar novas espécies: mesmo no Rio Amazonas, o mais explorado da região, as descobertas
são rotineiras - em 2005, foi identificado um exemplar de piraíba, que pode chegar as mais
de 2 metros. Levantamentos recentes feitos com redes de arrasto revelaram um universo
de peixes elétricos e outros animais exóticos que vivem nas regiões mais profundas do rio,
em áreas de escuridão total. "Mesmo o que pensamos ser muito conhecido é pouco conhe-
cido. É impressionante", diz o especialista Jansen Zuanon, do Inpa. A média para o Brasil é
de uma nova espécie de peixe de água doce descrita por semana.
Arara Vermelha, na floresta do Instituto Floresta Viva, no Amazonas.
Foto: Dida Sampaio/AE
 No Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém, 70 novas espécies foram descritas
nos últimos seis anos, incluindo vespas, aranhas, peixes, macacos, cobras e plantas. "Se
tivéssemos mais pesquisadores, certamente descobriríamos muito mais", diz a diretora do
museu, Ima Vieira.
 A maior parte da Amazônia ainda é território inexplorado pela ciência. Estima-se que
até 70% das coletas feitas sobre biodiversidade na região estão restritas aos entornos de
Manaus e Belém — onde estão o Inpa, o Museu Goeldi e as principais universidades da
região. Diante do tamanho e da heterogeneidade da Amazônia, é o mesmo que observar a
região por um buraco de fechadura. Faltam respostas para perguntas básicas: quantas
espécies existem na região? Como elas estão distribuídas? Qual o papel de cada uma na
natureza? Ninguém sabe dizer ao certo. A maior biodiversidade do planeta é também a
mais desconhecida.
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9º Ano • Volume 02
 Organismos menores e altamente diversos, como os invertebrados (que constituem
95% das espécies animais do planeta), não têm nem estimativas. "Não chamo isso nem de
lacuna; é uma cratera gigantesca de informação", diz o ecólogo Thomas Lewinsohn, da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), coordenador do maior levantamento so-
bre biodiversidade já feito no Brasil. E completa: "Nem é incapacidade dos cientistas, é um
buraco negro mesmo. Não dá nem para chutar números."
Não se trata apenas de saciar uma curiosidade científica. A falta de informações é
uma ameaça direta à conservação da biodiversidade e dos serviços ambientais prestados
por ela. "Como é que vamos entender o funcionamento de um ecossistema se nem conhe-
cemos as espécies que fazem parte dele?", pergunta o zoólogo Miguel Trefaut Rodrigues,
da Universidade de São Paulo (USP).
O planejamento de obras e a definição de áreas para conservação, por exemplo, de-
pendem diretamente desse conhecimento. "Produzimos muitas informações sobre a Ama-
zônia, mas elas não estão organizadas de uma forma prática que possa nos dar respostas
rápidas para perguntas importantes", resume José Maria Cardoso da Silva, da ONG Con-
servação Internacional (CI).
 A última Avaliação do Estado do Conhecimento da Biodiversidade Brasileira calculou
o número de espécies conhecidas no Brasil entre 168 mil e 212 mil — uma diferença de
44 mil. Prever o número real de espécies (incluindo as desconhecidas) é ainda mais difícil.
Lewinsohn estima um total entre 1,4 milhão e 2,4 milhões de espécies. Baseando-se no
ritmo atual, com uma média de 700 novas espécies descritas por ano, serão necessários
1.200 anos até que seja conhecida toda a biodiversidade brasileira — incluindo a da Ama-
zônia.
 A lista oficial da fauna ameaçada do Brasil inclui 58 espécies da Amazônia — 9% do
total.É pouco, se for levado em conta que muitas espécies provavelmente estão ameaçadas
ou já foram extintas sem que os cientistas tenham tido chance de conhecê-las. "Certamen-
te já perdemos muito mais do que conseguimos avaliar", lamenta o ornitólogo Alexandre
Aleixo, do Museu Goeldi.
http://www.estadao.com.br/amazonia/radiografia_o_maior_bioma_do_mundo.htm
(Pássaros na Reserva de
Desenvolvimento
Sustentável Cujubim.
Foto: Dida Sampaio/ AE)
 (As escamas do peixe Pirarucu são
utilizadas como adereços de roupas
e acessórios por estilistas.
Foto: Dida Sampaio/AE)
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9º Ano • Volume 02
01 As reportagens podem apresentar subtítulos. Retire o subtítulo desse texto e diga qual é a sua
função.
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02 Qual é o assunto da reportagem?
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03 Quantas espécies estão na lista oficial da fauna ameaçada de extinção no Brasil? Você
conhece algum animal que esteja em vias de extinção? Escreva aqui o nome dele.
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04 Explique a afirmativa contida no trecho : " A maior parte da Amazônia ainda é território inexplorado
pela ciência."
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05 "Organismos menores e altamente diversos, como os invertebrados (que constituem 95% das
espécies animais do planeta), não têm nem estimativas. "Não chamo isso nem de lacuna; é
uma cratera gigantesca de informação", diz o ecólogo Thomas Lewinsohn, da Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp), coordenador do maior levantamento sobre biodiversidade já
feito no Brasil. E completa: "Nem é incapacidade dos cientistas, é um buraco negro mesmo.
Não dá nem para chutar números". Analise a fala em destaque do ecólogo Thomas Lewinsohn,
da Unicamp. Que dificuldade ele está apresentando em sua afirmação?
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06 Qual é a finalidade dessa reportagem?
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9º Ano • Volume 02
Interpretando e Praticando
TEXTO 1
PROFESSOR DA UFPA ORIENTA COMO ELEITORES PODEM APLICAR BEM O VOTO
 No dia 7 de outubro, milhões de brasileiros irão escolher os novos vereadores e pre-
feitos de suas cidades. Nesta época de eleição, sempre surgem várias dúvidas, principal-
mente, sobre em que candidato votar. Então, como o eleitor pode se informar sobre seu
candidato? O cidadão sabe quais são os deveres de um prefeito ou de um vereador? Para
o professor de Ciências Políticas, Edir Veiga Siqueira, a população precisa fazer um esfor-
ço para tentar eleger os candidatos que vão melhor representá-la.
Preparação: "Os eleitores devem acompanhar os debates e atentar que esta etapa é
importante, não para saber os projetos do prefeito — pois esta não é a principal atribuição
dele naquele momento —, mas para entender que o essencial de um debate é o confronto
de ideias. Assim, é possível comparar os projetos e propostas e conhecer as fragilidades e
os pontos fortes de cada candidato", indica o cientista político.
Edir Veiga também aponta os meios de informação como instrumentos de pesquisa
sobre a história de vida e política dos candidatos. Entrando no site do Tribunal Superior do
Eleitoral (TSE), por exemplo, é possível saber se um candidato está sendo processado, ou
recorrendo a condenações. "Esse processo de informação é o mais difícil porque demanda
tempo e certa estrutura do eleitor, mas também é o mais importante, pois vai produzir um
parlamento melhor e de mais representatividade".
Quantitativo: No Pará, existem cerca de cinco milhões de eleitores e, em Belém,
aproximadamente 1 milhão. Segundo o professor, a maioria não faz ideia de quais são as
obrigações de um prefeito ou de um vereador.
O prefeito é o chefe do Poder Executivo e da Administração Pública. É ele quem
gerencia o Estado na dimensão municipal, no dia a dia de uma sociedade. É o prefeito que,
por meio dos orçamentos plurianuais, transformados na lei orçamentária anual, enfrenta as
assimetrias sociais. Ele também deve diagnosticar problemas, como a questão viária, a
segurança, a saúde, a educação, entre outros, e produzir políticas públicas estruturantes.
Os vereadores possuem três principais funções: representar a sociedade civil, com
demandas que ele transforma em projetos de lei para melhorar a saúde, a educação, o
transporte etc.; fiscalizar o executivo na aplicação correta dos recursos públicos e, por fim,
ser um síndico da comunidade que ele representa, para que problemas graves da socieda-
de sejam transformados em preocupações do governo.
Sistema eleitoral: Edir Veiga Siqueira afirma que muito ainda precisa ser feito em
relação ao sistema eleitoral, e a principal mudança necessária é a limitação do número de
candidatos. "Para as 35 vagas a serem preenchidas na Câmara Municipal de Belém, exis-
tem quase 800 candidatos. É impossível o eleitor se lembrar de centenas de candidatos.
Esse número exacerbado dificulta até mesmo que o indivíduo lembre em quem votou.
81
9º Ano • Volume 02
Pesquisas apontam que, num período de dois anos, os eleitores já esqueceram em quem
votaram nas últimas eleições. Se tivéssemos um sistema que racionalizasse as informa-
ções, seria mais fácil se informar sobre eles", explica.
O eleitor precisa ter um voto consciente e saber que aquele candidato vai representá-
lo pelos próximos quatro anos. Veiga lembra aos eleitores que, em casos de crimes eleito-
rais de qualquer tipo, devem acionar os órgãos competentes. Tanto o Tribunal Regional
Eleitoral (TRE) quanto o TSE e até mesmo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) estão
prontos para receber qualquer tipo de denúncia ou reclamação por parte dos eleitores
sobre os candidatos.
Texto: Yuri Coelho - Assessoria de Comunicação da UFPA
Foto: Reprodução Google / http://www.portal.ufpa.br/imprensa/noticia.php?cod=6641
TEXTO 2
O PESO DO PRECONCEITO
Gordos são rejeitados no mercado de trabalho e vetados em concursos públicos, num
tipo de discriminação que cresce na mesma velocidade
que os índices de obesidade
(Patrícia Diguê)
Durante três anos, a fisioterapeuta paulistana Bruna Luiza
dos Santos, 27 anos, peregrinou atrás de um emprego depois de
graduada, sem sucesso. Ela não se encaixava no perfil das em-
presas. Umasituação aparentemente corriqueira entre recém-for-
mados, mas nem tanto para Bruna. No caso dela, a palavra "per-
fil" poderia ser substituída por "silhueta". Apesar de apresentar
todas as qualificações para as vagas, ela tinha quase 90 quilos,
uma barreira que impedia os recrutadores de enxergar suas qua-
lidades profissionais. Em depressão, descontava na comida. Só
quando atingiu os 116 quilos resolveu dar um basta e apelou para
uma solução radical: a cirurgia bariátrica (de redução do estôma-
go). "Não via saída, tive de me reconstruir", conta.
"O mundo diz que, para ser professora, você tem que estudar bastante, e agora dizem que eu não
posso assumir o cargo por causa do padrão de beleza"
Lídia de Souza
82
9º Ano • Volume 02
Bruna precisou se render aos padrões para ser novamente inserida na sociedade e
não sofrer todos os dias de um dos mais fortes preconceitos do mundo moderno, contra
quem está muito acima do peso. "Nossa época elegeu o obeso como o novo monstro.
Ninguém fala que não gosta de gordos, mas os tratam com repugnância", afirma a profes-
sora de história do corpo na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP),
Denise Santana. "Há uma espécie de cordão sanitário nas empresas, escolas e ruas con-
tra quem é obeso", acrescenta a historiadora, que está escrevendo o livro "Uma História de
Peso - Gordos e Magros ao Longo de um Século" (Editora Estação Liberdade), com previ-
são de lançamento para o início de 2012.
"Agora, as pessoas abrem espaço para eu entrar no ônibus", comenta Bruna Luiza,
que hoje tem 60 quilos e o emprego que sonhou. Depois da cirurgia, ela nunca mais sofreu
com o afastamento dos amigos, os olhares de desprezo ou pena e a vergonha de experi-
mentar roupas em lojas. O preconceito contra obesos é um fenômeno historicamente re-
cente, que teve início com a ascensão do capitalismo. Antes, a obesidade era vista como
fraqueza. Hoje, como incompetência. "É uma lógica econômica, porque um corpo magro é
sinônimo de agilidade, enquanto o gordo, de ócio e improdutividade, características conde-
nadas pelo capitalismo", reforça Denise.
Por causa dessa lógica, a professora de matemática de Ribeirão Pires Lídia Eliane
Canuto de Souza, 30 anos, foi impedida de assumir o cargo que conseguiu por meio de um
concurso público da rede estadual de ensino. Após fazer o exame médico de admissão, ela
e outros professores foram considerados inaptos por serem obesos mórbidos - com índice
de massa corporal (IMC), cálculo que leva em consideração o peso e a altura, acima de 40.
O caso trouxe à tona o impasse enfrentado em um mundo com cada vez mais obesos - já
são 10% da população mundial, o dobro de 30 anos atrás. "Eu me sinto enganada, porque
o mundo diz que, para ser professora, você tem que estudar bastante e se atualizar, e
agora dizem que eu não posso assumir o cargo por causa do padrão de beleza", afirma
Lídia, 110 quilos.
BALANÇA
Fabiana Karla diz que os gordos são mais discriminados que os nordestinos.
Roberto Jefferson antes (à esq.) e depois da cirurgia: "Tinha de comprar duas
passagens para viajar de avião"
Gorda desde a adolescência, a atriz Fabiana Karla, 35 anos, a "Doutora Lorca" do
humorístico "Zorra Total", da Rede Globo, e protagonista da peça "Gorda", acha que a
discriminação contra os obesos é maior do que contra outros grupos. "Quando saí do
Recife e fui para o Rio de Janeiro, percebi que os gordos sofrem mais. Ser nordestina, por
exemplo, era visto como uma coisa boa aqui, mas ser gorda não", conta a humorista, que
83
9º Ano • Volume 02
pesa 95 quilos. O presidente nacional do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Roberto
Jefferson, 57 anos, que se submeteu à cirurgia de redução do estômago há 11 anos, após
atingir 175 quilos, tem uma visão realista sobre a obesidade. Para ele, não há espaço no
mundo para os gordos. "Para viajar de avião, eu tinha que comprar duas passagens para
caber na poltrona. Eu não comia nada e ainda tomava remédio para dormir porque, se eu
tivesse uma dor de barriga, não caberia no banheiro", relembra o ex-deputado. A polêmica
é mesmo tão grande quanto o tamanho das vítimas da obesidade. E só tende a aumentar
na mesma proporção das estatísticas da doença, já considerada a epidemia do século pela
Organização Mundial da Saúde (OMS).
 http://www.istoe.com.br/reportagens/123968_O+PESO+DO+PRECONCEITO
01 Sabendo que a REPORTAGEM é um gênero jornalístico que permite ao leitor conhecer um fato
com maior profundidade, por se apresentar normalmente ampliado com dados estatísticos,
fotografias, opinião do jornalista e de pessoas envolvidas com o assunto.
Prove que esta informação está coerente com os textos acima, exemplificando.
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Estudando o gênero
As distinções entre notícia e reportagem são sutis e imperceptíveis. No entanto, as diferenças
existem e é preciso pontuá-las. Em primeiro lugar, a reportagem trata de assuntos, e não neces-
sariamente de fatos novos. Seu objetivo é contar uma história verdadeira, expor uma situa-
ção ou interpretar fatos. Enquanto a notícia é imediatista, como no caso do relato de um ato
criminoso contra "o maior bioma do mundo" cometido por políticos, a reportagem preocupa-se em
ser atual e mais abrangente, como um levantamento sobre as diferentes espécies que fazem da
Amazônia o seu habitat, como vimos no texto anterior.
84
9º Ano • Volume 02
 O fator determinante para a circulação de uma notícia é o tempo: o fato deve ser
recente e o anúncio do fato, imediato. Este é um dos principais elementos de distinção
entre a notícia e outras modalidades de informações. Aqui, talvez, um aspecto importante
ao diferençar notícia de reportagem: a questão da atualidade. Embora a reportagem não
prescinda de atualidade, esta não terá o mesmo caráter imediato que determina a notícia,
na medida em que a função do texto é diversa: a reportagem oferece detalhamento e
contextualização àquilo que já foi anunciado, mesmo que o seu teor seja eminentemente
informativo.
(Muniz Sodré)
Se a notícia depende de um fato novo, a reportagem, por sua vez, é produzida a qualquer
momento oportuno. Este momento pode, inclusive, ser motivado por algum fato do cotidiano.
Outra diferença é quanto à motivação do veículo ao produzir cada gênero. No caso da notícia,
há fatos geradores de tanto interesse que um jornal que não os noticiasse sofreria uma grande
perda de credibilidade Um exemplo clássico é o acidente de avião. Independente de a companhia
aérea ser anunciante de um grande jornal, o desastre terá que ser noticiado sob pena de aquele
veículo passar por desinformado ou omisso diante dos seus leitores, que fatalmente ficarão sabendo
da queda da aeronave pelas rádios e TVs. Já a decisão de produzir ou não uma reportagem sobre as
condições de segurança na aviação, sobre o atendimento médico para este tipo de emergência ou
como funcionam as torres de controle dos aeroportos depende quase que exclusivamente da avali-
ação dos profissionais daquele veículo a respeito da pertinência do assunto, sob diversos aspectos
— inclusive do relacionamento com o anunciante. Em resumo, noticiar um fato depende em menor
grau de uma intenção própria daquele veículo em publicá-lo, enquanto que investigar um aspecto da
realidade por meio de uma reportagem depende quase que exclusivamente dessa intenção.
A reportagem muitas vezes relativiza esses critérios, praticando uma liberalidade maior no vo-
cabulário, no uso de metáforas e lançando mão em larga escala de recursos de redação pouco
utilizados na notícia, como a narração, a descrição e a exposição.
A reportagem, portanto, é assim como a notíciaum gênero de caráter informativo, produzido em
obediência às mesmas técnicas básicas, apesar de praticar uma liberalidade maior no uso da lingua-
gem. Nos dois formatos de texto, o leitor comum espera encontrar objetividade, apesar de essa
meta ser impossível, pois sempre há uma opinião do autor sobre o texto, deixando a imparcialidade
de lado.
Como diferença, destaca-se que a publicação da notícia reflete em menor grau uma intenção
do veículo, enquanto que a publicação da reportagem, ao contrário, reflete quase que exclusivamen-
te a intenção do veículo de divulgar aquele assunto naquele momento.
Praticando mais um pouco
ATIVIDADE 1
 Você, agora, vai produzir uma reportagem jornalística. Saia com um bloco de anotações e vá
atrás da notícia. O espaço escolar é cheio de histórias interessantes. Procure uma bem legal e crie
seu texto. Realizando a reportagem é muito importante que o repórter responda às seguintes inda-
gações: O quê? Quem? Quando? Onde? Como? Por quê?
85
9º Ano • Volume 02
ATIVIDADE 2
 Produza uma reportagem jornalística a partir de alguma situação da atualidade que tenha se
tornado notícia e que, segundo suas impressões, mereça uma atenção maior e possua necessidade
de ser apresentado / discutido com mais riqueza de detalhes.
ATIVIDADE 3
Desenvolva uma reportagem sobre um dos temas da atualidade apresentados abaixo:
(A) As pesquisas sobre tratamento do câncer
(B) O contrabando na fronteira entre Brasil e Paraguai.
(C) A luta pela preservação das tartarugas marinhas.
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86
9º Ano • Volume 02
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