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243_282_Historia_8_ano_vol2_2020

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245
PARTE 04
4. A REVOLUÇÃO AMERICANA (1776)
4.1 Situando no tempo e no espaço
Enquanto a burguesia na Europa desejava ascender politicamente,
na América as elites coloniais queriam o fim das restrições ao comércio
com o Velho Mundo. Influenciados pelo ideal iluminista e pela tentativa da
Inglaterra em aumentar o controle sobre suas colônias, os colonos ingle-
ses das Treze Colônias passaram a questionar o domínio metropolitano,
dando início a um movimento conhecido por muitos como a Revolução
Americana, movimento em busca da independência política das Treze
Colônias frente a metrópole Inglaterra.
O processo de Independência das Treze Colônias inglesas na Amé-
rica do Norte foi visto no século XVIII como a concretização dos ideais
iluministas na América. Influenciados pelo exemplo norte-americano, as sociedades coloniais da
América Ibérica passaram também a questionar a dominação metropolitana.
4.2 Características gerais dos modelos de colonização britânica na América do Norte
As colônias britânicas na América do Norte foram fundadas,
principalmente por migrantes refugiados que fugiam de persegui-
ções religiosas e políticas, buscando um local onde pudessem vi-
ver e construir uma vida melhor. A ocupação da faixa atlântica da
América do Norte foi diversificada e gerou diferentes modos de
vida da população.
Na região Norte, chamada de Nova Inglaterra, predominou
as pequenas e médias propriedades que usavam mão de obra
livre e produziam para o mercado interno. No norte se desenvol-
veu a indústria de navios em função do comércio realizado com a Europa e as Antilhas. Ao longo dos
séculos XVI e XVII, as colônias da Nova Inglaterra gozavam de relativa autonomia administrativa em
relação à Inglaterra.
Nas colônias do Sul, (Virgínia, Maryland, Carolina do Norte e do
Sul e Geórgia), predominou uma agricultura de produtos tropicais,
realizada em latifúndios escravistas voltados para o mercado exter-
no, o que as tornava muito mais vinculadas à metrópole. As socieda-
des também eram diferentes: nas colônias do norte predominava uma
população formada por agricultores, pequenos proprietários, comer-
ciantes e produtores manufatureiros. Nas colônias do sul, um peque-
no grupo de grandes latifundiários formava uma aristocracia rica. Tam-
bém havia uma reduzida camada média, formada por pequenos pro-
prietários. Na base da sociedade estava uma grande quantidade de escravos de origem africana, que
eram os responsáveis pelo trabalho nas lavouras.
Comércio Triangular
Desde o final do século XVII, as colônias inglesas importavam melaço diretamen-
te das Antilhas, em troca de peixes, cereais, peles de animais, madeira, gado e outros
artigos. A relação entre os três continentes - América, Europa e África - ficou conhecida
como "comércio triangular". Com o melaço fazia-se rum, bebida alcoólica que comercian-
tes norte-americanos e ingleses utilizavam, na África, como moeda para troca por homens
vendidos como escravos aos fazendeiros do Sul das Treze Colônias.
8º Ano do Ensino Fundamental II • Volume 02
246 www.miguelcouto.com.br
8º Ano • Volume 02
4.3 A Guerra dos Sete Anos (1756-1763)
A Guerra dos Sete Anos foi um conflito entre diversas mo-
narquias nacionais europeias em torno do controle de regiões de
exploração colonial. Um dos lados dessa guerra era liderado pela
França que, procurava rivalizar contra o domínio exercido pelos
britânicos na região da América do Norte. França e Inglaterra se
enfrentaram pelo controle de regiões da América do Norte. Com
o fim do conflito, a Inglaterra saiu vencedora, mas os custos ge-
rados pela guerra enfraqueceram a sua economia. Ao final, com
o Tratado de Paris, os franceses perderam o Canadá para a In-
glaterra e renunciaram o seu domínio sobre a Índia.
A coroa inglesa decidiu impor diversos impostos para os
 colonos das Treze Colônias com o claro objetivo de se recupe-
 rar do prejuízo econômico produzido pela guerra. Entretanto, essa
 medida trouxe tensão junto aos colonos norte-americanos que,
 pouco tempo depois, lutaram pelo fim da dominação colonial bri-
 tânica, dando início às Guerras de Independência dos EUA.
As transformações econômicas na Inglaterra ampliaram
sua produção de manufaturados fazendo com que os britânicos endurecessem o seu controle sobre
a colônia. A Lei do Açúcar (1764), que impedia o comércio intracolonial do produto e a Lei do Selo
(1765), que taxava a circulação de impressos na colônia, foram respondidas com um grande boicote
pelos colonos.
4.4 Taxações, impostos e guerra por independência
A resposta da Inglaterra frente ao boicote promovido pelos co-
lonos foi afirmar cada vez mais o seu direito de taxar. A reação dos
colonos cresceu. Em 1770, cinco colonos foram mortos pelas tro-
pas inglesas, episódio que ficou conhecido como "Massacre de
Boston". Os colonos ampliavam a resistência. A metrópole por sua
vez reagia com mais repressão. Em 1773, a Inglaterra lançou um
novo imposto sobre o chá, A Lei do Chá. O chá era um produto
importado da Índia, outra colônia inglesa e muito consumido pelos
colonos da América.
Reagindo as medidas restritivas impostas pela coroa, repre-
sentantes das colônias americanas organizaram o Primeiro Con-
gresso Continental da Filadélfia em 1774.
Os colonos exigiam o fim dessas medidas, que ficaram co-
nhecidas como Leis Intoleráveis, pois tiravam a autonomia administrativa e fecharam o porto
de Boston (principal porto do norte das Treze Colônias). Nesse momento por incrível que possa
parecer, os colonos ainda não tinham a ideia de independência, mas tinham como objetivo negociar
melhorias com a metrópole. Apenas em 1776, em função das relações entre as colônias americanas
e a Inglaterra ficarem cada vez mais difíceis, foi organizado o Segundo Congresso Continental da
Filadélfia, onde foi aprovada a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América,
publicada no dia 04 de julho de 1776, na qual reafirmava o direito dos ex-colonos construírem a
sua liberdade política. A Inglaterra não aceitou a independência de suas colônias na América
promovendo as chamadas Guerras por Independência.
A luta pela independência das 13 colônias durou cinco anos. O exército britânico, bom equipado
e treinado, obteve várias vitórias nos primeiros anos de conflito. Porém, em 1777, a vitória norte-
americana na batalha de Saratoga atraiu a ajuda francesa, que buscava uma maneira de se vingar
da derrota na Guerra dos Sete Anos. Mais de seis mil franceses apoiaram os colonos americanos
contra a Inglaterra.
O governo da Espanha também ajudou, cedendo-lhes seus navios e fornecendo ajuda financei-
ra. Com esses apoios, os colonos americanos cercaram e derrotaram o mais importante exercito
inglês em 1781, na Batalha de Yorktown. A Inglaterra, dessa forma, se viu obrigada a reconhecer a
independência política dos Estados Unidos.
Thomas Arthur Lally (1702 - 1766), o
general francês executado como um
castigo por suas falhas na Índia, du-
rante a Guerra dos Sete Anos –
publicada no jornal francês Le Petit
Journal Illustre, 1931
Colonos sendo mortos durante
o Massacre de Boston.
247
8º Ano • Volume 02
Molly Pitcher na Batalha de Monmouth
em junho 1778.
A primeira oração no Congresso, realiza-
do na Filadélfia em setembro de 1774.
4.5 Reconhecimento de Independência e a organização política dos EUA
A guerra por independência das 13 colônias ingle-
sas na América encerrou-se formalmente com a assi-
natura do Tratado de Paris também chamado de Trata-
do de Versalhes, em 1783. Por esse acordo a Inglaterra
reconhecia a independência das 13 colônias e entrega-
va a elas o território compreendido entre os Grandes
Lagos, os rios Ohio e Mississipi e os Montes Apalaches.
Também devolvia ao governo francês e ao espanhol al-
guns territórios perdidos por eles para a Inglaterra na
Guerra dos Sete Anos.
Duas tendências políticas diferentes se contraria-
vam nesse momento importante de organização do novo Estado: a apresentada por Thomas
Jefferson, chamada republicana, que defendia um governo centralfraco e grande autonomia dos
Estados; e a apresentada por Alexander Hamilton, chamada federalista, que defendia um governo
central forte, limitador da autonomia dos Estados.
A Constituição dos EUA foi aprovada em 1787. Entre outras coisas,
estabelecia o regime republicano de governo e a divisão do poder.
O poder Executivo seria chefiado por um presidente, eleito para um
mandato de quatro anos; o poder Legislativo seria composto pela Câma-
ra de Deputados e pelo Senado; e o poder Judiciário se destacaria a
Suprema Corte, cuja função seria manter a harmonia dos poderes e dos
Estados. Em 1789, o Congresso norte-americano elegeu, por unanimida-
de, o primeiro presidente dos EUA: George Washington. Essa Constitui-
ção, acrescida de várias emendas ainda hoje está em vigor.
Apesar da Declaração de Independência defender a igualdade de direi-
tos entre os homens, a independência não trouxe benefícios para a grande parcela da população
norte-americana, pois a escravidão negra foi mantida,assim como não incluiu mulheres e índios
como cidadãos americanos.
Primeiro tiro na Batalha de Yorktown.
Thomas Jefferson Alexander Hamilton
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8º Ano • Volume 02
PARTE 04 – A Revolução Americana (1776)
01 Por que os colonos ingleses das Treze Colônias passaram a questionar o domínio metropolitano?
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02 Defina Revolução Americana:
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03 De que forma as Leis Intoleráveis contribuíram para o processo de Revolução?
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04 Quando a guerra por independência das 13 Colônias chegou ao fim?
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01 (G1 - CFTCE) Sobre a colonização inglesa nas colônias da América do Norte, é correto afirmar que:
(A) No conjunto das treze colônias, o modelo de colonização baseava-se na produção tropical
voltado para a exportação.
(B) As colônias do norte produziam artigos tropicais, utilizavam a mão-de-obra escrava e, por
isso, são identificadas como colônias de exploração.
(C) As colônias do sul, por apresentarem um clima semelha-/nte ao europeu, produziam gêne-
ros de subsistência em pequenas propriedades e utilizavam mão-de-obra livre.
(D) As colônias de povoamento foram colonizadas por europeus que fugiam das perseguições
religiosas em busca de uma nova pátria.
(E) Tanto as colônias do sul, quanto as do norte, tinham a mesma estrutura econômica, política
e social.
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8º Ano • Volume 02
02 (Unesp) As transformações na Europa Ocidental do Século XVIII produziram e propagaram
novas idéias econômicas, sociais, políticas e culturais. Esse contexto serviu de pano de fundo
para a crise do antigo sistema colonial. O processo de libertação das Treze Colônias Inglesas
repercutiu como sopro revolucionário. E, no decurso da desagregação do Império Espanhol na
América, os criollos rebelaram-se contra:
(A) As rivalidades franco-inglesas.
(B) A ideologia nacionalista assumida pela burguesia européia.
(C) O liberalismo econômico.
(D) A igualdade de todos perante a lei.
(E) As restrições mercantilistas.
03 (Puccamp) Primeira colônia americana a se tornar independente, em 4 de julho de 1776, os
Estados Unidos assumiram no século XIX:
(A) Uma posição estimulante aos movimentos revolucionários, contestando as estruturas tra-
dicionais do poder vigente em grande parte da Europa.
(B) Uma intransigente defesa da intervenção do Estado nas atividades econômicas, visando a
controlar os abusos da burguesia.
(C) A identificação do Estado com a religião puritana, que seria obrigatória a todos os cidadãos.
(D) Dentro do continente americano, uma política imperialista, impondo seus interesses eco-
nômicos às demais nações.
(E) Uma política de expansão colonial em direção à África e à Oceania.
04 (Uece) "O Congresso não poderá legislar de modo a estabelecer uma religião, ou a proibir o livre
exercício dos cultos, cercear a liberdade da palavra ou da imprensa, restringir o direito do povo de
se reunir pacificamente ou de dirigir ao governo petições para a reparação de seus agravos."
O conteúdo do texto identifica-o como pertencendo à ideologia da:
(A) Revolução Soviética.
(B) Revolução Americana.
(C) Revolução Francesa.
(D) Revolução Fascista.
05 (Cesgranrio) Uma das características básicas do processo de independência das 13 colônias
da América do Norte é:
(A) Isolamento do movimento no contexto americano.
(B) Ocorrência pacífica.
(C) Adoção de uma constituição republicana parlamentarista.
(D) Alteração da estrutura social vigente.
(E) Preservação da unidade territorial.
06 (Faetec) Quando da discussão, no Parlamento Inglês, das Leis do Açúcar e do Selo (1764-
1765), os colonos ingleses da América recusaram as medidas propostas, baseando-se:
(A) No fato de não estarem representados na assembléia que votou as taxas.
(B) No princípio da isenção de taxas concedido pela Coroa aos colonos.
(C) No direito inalienável dos súditos ingleses se recusarem a obedecer leis injustas.
(D) Nos direitos naturais do cidadão à vida, à propriedade e à busca da felicidade.
(E) Nos prejuízos financeiros advindos do bloqueio aos produtos das Antilhas.
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8º Ano • Volume 02
01 (G1) Por que a independência norte-americana que ocorreu em 1776 significou de fato um
fortalecimento da nação e da democracia diferente do processo brasileiro?
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02 (G1) Relacione a Guerra dos Sete Anos (1767-1773), entre Inglaterra e França e a independên-
cia dos Estados Unidos.
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03 (G1)Relacione a Revolução Americana com os ideais iluministas.
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04 (Unicamp) O mapa adiante ilustra o comércio triangular realizado pelos habitantes das colôni-
as do norte dos Estados Unidos, durante o período de colonização da América.
(A) Observando o mapa, descreva esse comércio.
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8º Ano • Volume 02
(B) Explique por que outros produtos lucrativos, como o tabaco e o algodão, não participavam
desse comércio.
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05 (Fuvest) A colonização inglesa na América foi marcada por sensíveis diferenças entre o norte
e o sul.
Caracterize essas diferenças no que se refere ao trabalho compulsório e aos aspectos econômicos
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01 (ENEM 2007)
Em 4 de julho de 1776, as treze colônias que vieram inicialmente a constituir os Esta-
dos Unidos da América (EUA) declaravam sua independência e justificavam a ruptura do
Pacto Colonial. Em palavras profundamente subversivas para a época, afirmavam a igual-
dade dos homens e apregoavam como seus direitos inalienáveis: o direito à vida, à liberda-
de e à busca da felicidade. Afirmavam que o poder dos governantes, aos quais cabia a
defesa daqueles direitos, derivava dos governados.
Esses conceitos revolucionários que ecoavam o Iluminismo foram retomados com
maior vigor e amplitude treze anos mais tarde, em 1789, na França.
Emília Viotti da Costa. Apresentação da coleção. In: Wladimir Pomar. "Revolução Chinesa".
São Paulo: UNESP, 2003 (com adaptações).
Considerando o texto acima, acerca da independência dos EUA e da Revolução Francesa, assinale
a opção correta.
(A) A independência dos EUA e a Revolução Francesa integravam o mesmo contexto históri-
co, mas se baseavam em princípios e ideais opostos.
(B) O processo revolucionário francês identificou-se com o movimento de independência nor-
te-americana no apoio ao absolutismo esclarecido.
(C) Tanto nos EUA quanto na França, as teses iluministas sustentavam a luta pelo reconheci-
mento dos direitos considerados essenciais à dignidade humana.
(D) Por ter sido pioneira, a Revolução Francesa exerceu forte influência no desencadeamento
da independência norte-americana.
(E) Ao romper o Pacto Colonial, a Revolução Francesa abriu o caminho para as independênci-
as das colônias ibéricas situadas na América.
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8º Ano • Volume 02
PARTE 05
5. A REVLUÇÃO FRANCESA (1789)
5.1 Situando no tempo e no espaço
A Revolução Francesa, tal como foi a Revolução Americana, foi um conjunto de acontecimentos
que teve a influência dos princípios iluministas que se espalharam pela Europa principalmente na
segunda metade do século XVIII. A importância da revolução se deve ao fato dela ter contribuído
para a superação, tanto do Absolutismo dos reis, quanto da sociedade estratificada que caracteriza-
vam o Antigo Regime, não apenas na França, mas em toda a Europa Ocidental. Seu desdobramento
pôde ser sentido em várias partes do mundo, como na América e aqui no Brasil.
O que é revolução?
A palavra revolução é muito usada no dia-a-dia: “Os computa-
dores revolucionaram o trabalho em muitas empresas”; “A vacina
Sabin revolucionou a medicina”; “A invenção da locomotiva a vapor
significou uma revolução nos transportes”. O que todas essas fra-
ses possuem em comum é a ideia de uma grande mudança. As-
sim, toda vez que você ouvir a palavra revolução, pense sempre
em mudanças que afetam a vida de milhares ou mesmo milhões
de pessoas.
Geralmente, essas transformações decorrem de processos len-
tos, que envolvem muitos fatores. Alguns exemplos: a Revolução
Inglesa, que limitou o poder do rei, a Revolução Industrial, que alte-
rou profundamente o modo de produzir mercadorias, a Revolução
Americana, que deu origem aos atuais Estados Unidos. Em todos
esses casos, houve mudanças profundas, que não ocorreram de uma hora para outra.
Mas será que as revoluções mudam tudo? Após uma revolução, muitas coisas mu-
dam ou deixam de existir, mas outras se conservam. A Revolução Inglesa acabou conser-
vando a monarquia, A Revolução Americana manteve a escravidão. Será que a Revolução
Francesa extinguiu todos os privilégios?
BOULOS, Alfredo Junior, História: sociedade e cidadania. Vol. 8º ano, 2003
5.2 Sociedade francesa: privilégios X desigualdades
No final do século XVIII, a condição econômica e social francesa
era bastante complicada. De cada 100 franceses, 85 vivam no campo
que, em geral trabalhavam nas terras de um nobre ou da Igreja Cató-
lica. Os camponeses estavam submetidos à obrigação feudal, princí-
pio básico herdado do período anterior. Os camponeses, por exemplo,
tinham de entregar uma parte da colheita ou então trabalhar vários
dias de graça para o seu senhor dono da terra. Também pagavam um
dízimo obrigatório a Igreja. Os camponeses produziam os alimentos,
mas no final quase não tinham o que comer. Passavam fome, mora-
vam em casas com chão de terra batida sem infra estrutura e as crianças não tinham onde estudar.
A miséria da população não era apenas característica do campo. Nas
cidades, os artesãos, os operários das manufaturas e os pequenos comerci-
antes formavam um grupo social chamado de sans-culottes. Todos sofriam
com os preços altos do pão e os impostos pesados cobrados pelo Estado.
Eram constantemente humilhados pelos funcionários do rei.
A maioria dos burgueses também não estava satisfeitos. Para piorar
ainda mais a situação o governo impôs altíssimos impostos que dispunham de pouco capital para
investir. O governo utilizava ainda, o dinheiro dos impostos para sustentar o luxo da nobreza na
Corte. No caso, a burguesia queria que o governo investisse no crescimento dos negócios, com, por
exemplo: abertura de estradas e na melhoria dos portos. Mas muitas vezes o rei prejudicava os
negócios da burguesia como em 1786 autorizando a venda dos tecidos ingleses livremente na Fran-
ça, prejudicando diretamente a burguesia industrial.
253
8º Ano • Volume 02
Ao contrário dos camponeses e da burguesia, os nobres e o alto clero vivam de forma bastante
confortável. Moravam em palácios luxuosos, comiam boa comida, bebiam ótima bebida, levavam
uma vida calma e cheia de regalias. Não trabalhavam nem se preocupavam com a situação financei-
ra, pois viviam à custa dos impostos feudais pagos pelos camponeses e pela burguesia.
Os nobres e a Igreja nãopagavam impostos, mas muitos nobres recebiam altas pensões do
Estado, isto é, o povo francês pagava os impostos para que o rei pudesse sustentar os nobres que
com ele morassem na Corte.
5.3 Da crise do Antigo Regime a convocação dos Estados Gerais
Na França, em 1787 ocorreram graves fatores naturais fora de período (enchentes, secas e
nevadas) que impediam a colheita e mataram o gado. A produção de alimentos diminuiu bastante e
a fome castigou muitas famílias de camponeses. A queda da produção de alimentos provocou o
aumento dos preços de vários artigos como, por exemplo, o trigo. Nas cidades, a comida era pouca
e muito cara. A situação dos sans-culottes ficou dramática.
O Estado francês, para complicar, estava à beira da falência. O governo gastava muito acima do
que tinha condição, como por exemplo: na manutenção do exército, na construção de palácios e
com a concessão de privilégios às famílias nobres. As dívidas do governo acabaram se tornando
maiores do que a arrecadação dos impostos junto aos camponeses e a burguesia.
SOBOUL, Albert. A revolução Francesa.
3. ed. São Paulo/Rio de Janeiro: difel,
1979. p. 12-22.
Essa charge critica a sociedade francesa do século XVIII.
A pessoa que está servindo de "cavalinho" para os outros
é um camponês; os que estão montados nele, um padre e
um nobre, são os privilegiados.
254 www.miguelcouto.com.br
8º Ano • Volume 02
Em 1788, o rei francês Luis XVI, nomeou o prestigiado banqueiro Jaques Necker para o Minis-
tério das Finanças. Necker passou a insistir na convocação do Parlamento, em recesso desde 1614.
Conseguiu reunir os parlamentares no dia 5 de maio de 1789.
O parlamento francês era chamado de Estados Gerais, porque nele achava-se representados
os três Estados, isto e, os três grupos sociais que compunham a sociedade francesa, também cha-
mados de estamentos ou ordens. O Primeiro Estado era formado pelos membros do alto clero, que
ocupavam os altos postos na hierarquia da Igreja Católica: os bispos e abades. Pertenciam as
tradicionais famílias de nobres. O Segundo Estado era formado pelos nobres. A grande maioria da
população formava o Terceiro Estado: burgueses (grandes comerciantes, banqueiros, proprietários
de manufaturas e companhias de navegação), a pequena burguesia (espécie de classe média da
época, composta por donos de pequenos estabelecimentos, advogados, médicos, jornalistas, funci-
onários públicos, camponeses, sans-culottes e até padres de pequenas paróquias tão pobres quan-
to seus fiéis.
Desta forma cada Estado tinha o direito a um voto, independentemente do número de pessoas
que representava. Esse sistema dava enorme vantagem ao clero e a nobreza, que, com objetivos
em comum, votavam sempre juntos, garantindo a vitória.
5.4 A Assembleia dos Estados Gerais e o início da Revolução
Em maio de 1789 foi aberta a Assembléia dos Estados Gerais. Ela reunia aproximadamente
novecentos e cinquenta deputados, que eram representantes escolhidos pelos três Estados.
A função da Assembleia dos Estados Gerais era meramente consultiva, isto é, os deputados
deveriam fazer uma sugestão para resolver a crise das finanças da França. O rei ouviria as reco-
mendações da Assembléia, mas não tinha nenhuma obrigação de segui-las.
Os deputados do Terceiro Estado foram indicados por uma eleição que favorecia aqueles que
estavam em melhores condições financeiras. Nenhum camponês ou artesão foi escolhido. A maioria
era formada por membros da burguesia, advogados e jornalistas. Apesar disso, naquele momento
os deputados burgueses representavam a maioria do povo francês, que não suportava os privilégios
do clero e da nobreza e a centralização do poder nas mãos do rei.
Na abertura dos Estados Gerais, o Terceiro Estado, exigiu a substituição da tradicional votação
por Estado pela votação por cabeça, na qual cada deputado teria direito a um voto, pois cedendo às
pressões do Terceiro Estado Luís XVI tinha elevado o número dos seus representantes para qui-
nhentos deputados, enquanto o Primeiro Estado contava com duzentos e quarenta e sete deputados
e o Segundo Estado com cento e oitenta e oito deputados.
Gravura do século XVIII mostra a composição dos Estados Gerais.
255
8º Ano • Volume 02
Dessa forma o Terceiro Estado esperava obter a maioria, pois deputados do Primeiro Estado
mais deputados do Segundo Estado juntos (435 deputados) não conseguiriam derrotar os deputa-
dos do Terceiro Estado (500 deputados).
A oposição dos demais Estados à substituição da tradicional votação por Estado pela votação
por cabeça estabeleceu um impasse político. O rei determinou o encerramento das atividades parla-
mentares e o fechamento da sala onde se reuniam os deputados.
O Terceiro Estado descontente se reuniu numa outra sala, Sala do Jogo da Pela, e com a
participação de alguns membros do Primeiro (baixo clero) e do Segundo Estados (nobreza de toga),
fizeram o juramento, que ficou conhecido como "Juramento da Sala do Jogo da Pela". A consequência
desse ato foi à formação de uma Assembleia Nacional Constituinte. Todas as tomadas de decisões
da nova Assembléia contaram com o apoio integral do povo de Paris, deixando Luís XVI e a nobreza
de lado.
O rei não aceitando de forma alguma o ocorrido,
tentava reunir tropas para anular a rebeldia dos depu-
tados e sufocar os diversos levantes populares de apoio
à Assembleia Nacional, o povo armazenava armas e
organizava a "milícia de Paris", grupo militar disposto
a enfrentar as forças absolutistas. No dia 14 de julho
de 1789, grande número de revoltosos, incluindo mu-
lheres, invadiu e tomou a Bastilha, onde acreditava-
se ter muitas armas e prisioneiros, embora estivesse
praticamente desativada.
A queda da Bastilha representa o início da Revo-
lução Francesa propriamente dita, pois o maior sím-
bolo do Absolutismo francês agora estava nas mãos
do povo.
5.5 A Assembleia Nacional
Em Paris, pouco tempo depois a tomada da Bastilha, a Assembleia Nacional aprovou o fim dos
privilégios feudais e, em seguida, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, documen-
to que regulamentava os direitos humanos e a cidadania, estabelecendo o direito à igualdade de
todos os franceses perante a lei, o direito à liberdade e a defesa da propriedade.
No campo, os camponeses procuravam fazer valer
os direitos adquiridos na nova Declaração, se revoltado
contra os antigos senhores. Os boatos de novas revol-
tas populares se generalizaram de tal forma que o perí-
odo ficou conhecido como Grande Medo.
O povo francês, em Paris, desconfiava da vontade
de Luís XVI em se submeter às novas leis. Em outubro,
uma multidão de aproximadamente oito mil pessoas ca-
minhou até o Palácio de Versalhes (casa do rei), o obri-
gado a se transferir para Paris, se instalando no Palácio
das Tulherias, mais próximo do povo. Os revoltosos jul-
gavam que, assim, seria mais fácil acompanhar as ações
 do rei. Para por um ponto final a crise financeira que se
 tornava ainda mais grave com a Revolução, os deputa
 dos decidiram, em 1790, confiscar os bens da Igreja e
tornar cidadãos comuns os membros do Primeiro Estado por meio da Constituição Civil do Clero.
Os membros do clero que não juraram esse documento foram chamados de refratários e conside-
rados inimigos da Revolução.
Revolução Francesa
Camponeses atacam e queimam os castelos dos
nobres, período conhecido como o GRANDE MEDO.
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8º Ano • Volume 02
A alta nobreza contrária aos acontecimentos recorreu a países absolutistas para conter o pro-
cesso revolucionário francês. Os reis absolutistas europeus, em princípio, consideraram o caso fran-
cês um problema interno da França, não dando o devido valor aos acontecimentos. Os reis absolu-
tistas europeus mudaram de ideia quando viram a simpatia e o interesse que seus próprios súditos
recebiam as notícias da Revolução na França. O medo de que algo parecido ocorresse em seus
domínios fez com que os reis atendessem o apelo da alta nobreza francesa.
Luis XVI, rei francês, acuado decidiu fugir de seu país para encontrar-se como Imperador da
Áustria, Leopoldo II. O rei acabou sendo descoberto na cidade de Varennes, muito próximo da
fronteira. Luis XVI e sua família foram reconduzidos a Paris em 21 de junho de 1791.
Em setembro de 1791, a Assembleia Nacional finalizou a primeira Constituição francesa, esta-
belecendo a Monarquia Constitucional em substituição à Monarquia Absolutista. Era estabelecida
na França a divisão dos três poderes: Luis XVI assumindo o Poder Executivo, mas limitado pelo
Poder Legislativo (assembleia e deputados) e pelo Poder Judiciário. A eleição dos deputados, entre-
tanto, seria feita de acordo com a renda dos cidadãos, isto é, por meio do voto censitário.
Os reis absolutistas europeus com receio de uma possível expansão da Revolução na Europa
se prepararam para uma intervenção militar na França. Assinaram a Declaração de Pillnitz, onde
se colocavam a disposição para agir com a máxima urgência se a situação assim exigisse. Já a
Assembléia Nacional, em 1792, decretava o confisco dos bens dos emigrados, piorando ainda mais
as circunstâncias.
O conflito era iminente. Em abril de 1792, a França declarou guerra a Áustria, já que esta se
negara a expulsar os imigrados franceses de seu território. Porém o exército revolucionário não
estava preparado para a guerra e foi derrotado nos primeiros combates.
Aos austríacos se juntaram os prussianos e marcharam sobre a França, em direção a Paris.
Diante da situação, a Assembléia Nacional fez o decreto de "pátria em perigo" e organizou a resis-
tência. Comandante das forças de invasão, o Duque Brunswick, dirigiu um manifesto dizendo: "exe-
cução militar" caso este não se submetesse "imediata e incondicionalmente ao seu rei".
A Revolução estava em jogo. Guardas nacionais vieram das províncias a Paris, solicitando a
deposição de Luis XVI. Operários e pequenos comerciantes se apoderaram do Palácio de Tulherias
se juntando contra o rei. Na Câmara Municipal de Paris instalou-se uma comuna insurrecional dis-
posta a uma reformulação radical das instituições e da sociedade francesa.
Em agosto Luis XVI foi destituído das suas funções e preso com sua família. No dia 20 de
setembro em Valmy, as tropas da Revolução tiveram sua primeira grande vitória sobre o exército
austro-prussiano.
Com o afastamento do rei, a Constituição de 1791 e o regime de governo, a saber, Monarquia
Constitucional, ficavam sem efeito. Com isso, uma nova Assembleia Constituinte foi organizada para
redefinir a nova Carta. A nova Assembleia acumulava as funções dos poderes Legislativo e Executi-
vo passando a se chamar Convenção.
5.6 A Convenção (1792-1795)
Assim que a Convenção foi estabelecida, a primeira ação foi à abolição da realeza, isto é, o fim da
Monarquia, o rei deveria ser julgado por traição e a República foi proclamada, em 22 de setembro de 1792.
Os componentes da Convenção se organizaram em três grupos: os girondinos, os jacobinos e
o grupo da planície.
Em outubro de 1789, milhares de mulheres armadas de lanças, facas, rifles e canhões
marcharam em direção ao Palácio de Versalhes para exigir que o rei voltasse à capital.
257
8º Ano • Volume 02
⇒ Girondinos: deputados representantes da alta burguesia. Eram chamados dessa forma, pois a
maioria dos seus membros era procedente de uma região chamada Gironda.
Defendiam: consolidação da Monarquia Constitucional e censitária e a revolução moderada.
Os deputados girondinos se sentavam à direita do plenário da Convenção, e por isso foram
chamados também de Partido de Direita.
⇒ Jacobinos ou montanheses: essa facção unia os sans-culottes e a pequena burguesia. Rece-
beram também o nome de montanheses, pois ocupavam o lugar mais alto do edifício. Seus
representantes mais importantes eram: Marat, Danton e Robespierre.
Defendiam: a radicalização do processo revolucionário. Ficaram conhecidos como republica-
nos radicais. Os deputados jacobinos se sentaram à esquerda do plenário da Convenção, por-
tanto, Partido de Esquerda.
⇒ Planície ou pântano: grupo também composto por membros da alta burguesia, porém não
possuíam convicções políticas definidas. Variavam entre a moderação girondina e o radicalismo
jacobino. Seus representantes se sentavam no centro da Convenção, e por isso, foram chama-
dos de Partido do Centro.
5.7 A República da França - Paris, 22 de setembro de 1792 e a radicalização
No início do período republicano francês o domínio político era dos girondinos. À medida que a
Revolução se tornava mais radical (a execução de Luis XVI contribuiu bastante para esse quadro),
os jacobinos, com o apoio dos sans-culottes, foram ganhando força e o controle da Convenção
consequentemente do Governo. A guerra avançava, havia inflação e fome, e os jacobinos, liderados
por Robespierre, acreditavam que o Estado francês deveria garantir aos cidadãos os bens necessá-
rios a sobrevivência, mesmo que para isso tivessem que negar o direito à propriedade privada. Para
os jacobinos apoiados pelos sans-culottes a França e todo o povo francês estavam em perigo.
As novas medidas a serem tomadas pela Convenção, não deveriam de forma alguma possuir
vínculos com as práticas do Antigo Regime, tempo das desigualdades sociais e políticas, dos privilé-
gios e da traição aos ideias populares. As novas medidas deveriam romper com o passado. Para
isso a Convenção elaborou uma nova Constituição, denominada de Constituição do Ano 1, fazendo
referência ao novo calendário criado pelos revolucionários.
Novo Calendário Revolucionário
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8º Ano • Volume 02
A Constituição do Ano 1, era republicana, igualitária e adotava o voto universal. No entanto, a
nova Constituição nunca entrou em vigor, pois a situação política durante a fase final da Convenção
se agravou bastante, não permitindo o funcionamento de qualquer sistema constitucional.
A execução de Luis XVI aterrorizou os governos europeus, que com medo, organizaram uma
série de invasões estrangeiras ao território francês.
No interior da França, diversas províncias, partidárias da realeza, deixaram de obedecer à Con-
venção. Nobres organizaram movimentos contrarrevolucionários. Em Paris, um dos líderes jacobinos,
Marat, foi assassinado por uma jovem girondina, Charlotte Corday, em julho de 1793. Esse aconte-
cimento agravou ainda mais a crise política estabelecida. Para combatê-la a Convenção criou o
Comitê de Salvação Pública, dirigido primeiro por Danton e depois por Robespierre.
O governo jacobino contou com o apoio do
povo francês, ao adotar medidas como a institui-
ção do ensino gratuito e obrigatório, o congela-
mento dos preços dos produtos (Lei do Preço
Máximo), a regulamentação dos salários, a re-
forma agrária e a repartição dos bens dos nobres
emigrados, o divórcio e a abolição do escravismo
nas colônias francesas.
As províncias favoráveis ao rei foram domi-
nadas, e seus líderes, punidos com a pena de
morte por guilhotina. No tribunal revolucionário
de Paris, quem fosse acusado de
contrarrevolucionário recebia diretamente a pena
de morte sem qualquer forma de apelação. Entre
os anos de 1793 e 1795, Período do Terror, calcula-se cerca de 35 mil pessoas tenham sido execu-
tadas sumariamente na guilhotina.
A violência revolucionária provocou desentendimentos entre os membros da Convenção, que se
dividiram em dois grupos: os moderados que não queriam abertamente a continuação do Terror, e os
extremistas, que desejavam não só a permenencia como o reforço das medidas radicais do Terror.
As divergências entre os jacobinos, mais às dificuldades militares e econômicas, enfraqueciam
o governo da Convenção, liderada por Robespierre. Para continuar no poder, Robespierre, adotou
medidas mais extremas, como por exemplo: condenou Danton, o líder dos jacobinos moderados e
Hérbet um dos principais chefes radicais, à morte na guilhotina. Sem poupar nem mesmo os mem-
bros da Convenção, a prática do Terror se tornou cada vez mais impopular.
Os girondinos percebendo o enfraquecimento da Convenção sob comando jacobino desfecha-
ram um golpe contra Robespierre. Defendendo o fim do Períododo Terror e condenando o "banho
de sangue" jacobino, os girondinos invadiram a Convenção e assumiram o governo da França.
Robespierre foi preso, condenado e executado na guilhotina em julho de 1794. Como a ação girondina
acontecera no dia 09 do mês termidor, segundo o calendário da Revolução, se denominou a retoma-
da do poder pela alta burguesia (girondinos) de Reação Termidoriana.
O novo governo pôs um ponto final ao período radical e anulou as decisões jacobinas, consoli-
dando a posição da burguesia (girondinos) no comando político nacional.
Execução de Luis XVI.
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8º Ano • Volume 02
5.8 O período do Diretório (1795-1799)
Os representantes termidorianos fizeram uma terceira Constituição, cha-
mada Constituição do Ano II (1794-1795), e criaram um governo chamado de
Diretório. Era restabelecido, portanto o caráter censitário para as eleições dos
deputados e determinava-se o poder Executivo, órgão máximo do governo,
seria composto por cinco membros.
Fazendo oposição ao Diretório estavam os representantes dos antigos gru-
pos políticos rivais: jacobinos (esquerda-radical) eram liderados pelo jornalista
Graco Babeuf, e os realistas (direita) que defendiam e restabelecimento da
Monarquia.
Em 1795, logo após o
estabelecimento do Diretório,
os realistas tentaram tomar o
poder sem sucesso. No ano
seguinte ocorreu uma cons-
piração (Conspiração dos Iguais), agora jacobina,
liderada por Babeuf, pregando a necessidade da
instalação do que os jacobinos chamavam de "di-
tadura dos humildes", acabou preso e executado
em 1797. Em Paris, pessoas contrárias a Conspi-
ração dos Iguais assaltavam e destruíam clubes
republicanos jacobinos, perseguindo, intimidando
e executando líderes sans-culottes, no episódio
chamado de Terror Branco.
As ameaças internas contra o Diretório so-
mavam-se as ameaças externas, pois os exérci-
tos absolutistas continuavam a atacar a França.
Para piorar, a crise econômico-financeira se tor-
nava mais radical estimulando o descontentamen-
to e as manifestações populares.
Os deputados mais moderados do Diretório possuíam forte desejo de estabelecer um governo
eficiente na pacificação do país e na defesa das conquistas burguesas da Revolução. Dessa forma
articularam um golpe de Estado que levou ao poder o principal líder militar da França naquele mo-
mento, Napoleão Bonaparte.
Em 09 de novembro de 1799 ( dia 18 do mês brumário no calendário revolucionário), Napoleão
Bonaparte derrubou o Diretório e instaurou o Consulado, assumido como primeiro cônsul. O fato histó-
rico ficou conhecido como o Golpe do 18 Brumário.
PARTE 05 – A Revolução Francesa (1789)
01 (Ufsm) "Liberdade, igualdade e fraternidade" é o lema de um importante movimento social, cujos
princípios influenciaram vários movimentos revolucionários no mundo. Esse movimento é a:
(A) Revolução Americana.
(B) Revolução Liberal de 1848, na França.
(C) Revolução Gloriosa.
(D) Revolução Francesa de 1789.
(E) Comuna de Paris em 1871.
02 Os componentes da Convenção se organizaram em três grupos. Quais eram, o que defendiam
e de que forma se colocaram no Parlamento?
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O quadro mostra a posse do Conselho de Estado,
durante o consulado. Repare que o artista buscou
captar um sentimento de quase "veneração" pelo
primeiro-cônsul, Napoleão Bonaparte, que está à
mesa, olhando para a frente.
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8º Ano • Volume 02
01 (G1 - CFTCE) O início da Revolução Francesa tem como marco simbólico:
(A) A Queda da Bastilha, em 14 de julho de 1789
(B) A instalação da Assembléia dos Estados Gerais, em maio de 1789
(C) A "Noite do Grande Medo"
(D) A aprovação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, em agosto de 1789
(E) A execução do rei Luís XVI, em 1793
02 (G1 - Uftpr) A Revolução Francesa de 1789 foi diretamente influenciada pela Independência
dos Estados Unidos da América e pelo Iluminismo no combate ao Antigo Regime e à autoridade
do clero e da nobreza na França. Além do mais, a França passava por um período de crise
econômica após a participação francesa na guerra da independência norte-americana e os
elevados custos da Corte de Luís XVI, que tinham deixado as finanças do país em mau estado.
Em 1791, os revolucionários promulgaram uma nova Constituição, a partir dos princípios preco-
nizados por Montesquieu, que consagrou, como fundamento do novo regime:
(A) A subordinação do Judiciário ao Legislativo.
(B) A divisão do poder em três poderes.
(C) A supremacia do Judiciário sobre os outros poderes.
(D) O estabelecimento da soberania popular.
(E) O fortalecimento da monarquia absolutista.
03 (Fuvest - gv) Na Revolução Francesa, foi uma das principais reivindicações do Terceiro Estado:
(A) A manutenção da divisão da sociedade em classes rigidamente definidas.
(B) A concessão de poderes políticos para a nobreza, preservando a riqueza dessa classe social.
(C) A abolição dos privilégios da nobreza e instauração da igualdade civil.
(D) A união de poderes entre Igreja e Estado, com fortalecimento do clero.
(E) O impedimento do acesso dos burgueses às funções políticas do Estado.
04 (Puccamp) No contexto da Revolução Francesa, a organização do Governo Revolucionário
significou uma forte centralização do poder: o Comitê de Salvação Pública, eleito pela Conven-
ção, passou a ser o efetivo órgão do Governo... . Havia ainda o Comitê de Segurança Geral,
que dirigia a polícia e a justiça, sendo que estava subordinado ao Tribunal Revolucionário que
tinha competência para punir, até a morte todos os suspeitos de oposição ao regime. O conjun-
to de medidas de exceção adotadas pelo Governo revolucionário deram margem a que essa
fase da Revolução viesse a ser conhecida como:
(A) Os Massacres de Setembro.
(B) O Período do Terror.
(C) O Grande Medo.
(D) O Período do Termidor.
(E) O Golpe do 18 de Brumário.
05 (Uece) Na História da França, o Golpe de 18 Brumário significa:
(A) O início da Revolução de 1789 com a abolição dos direitos feudais.
(B) O fim da Revolução com a subida de Napoleão ao poder com o apoio do exército e da
alta burguesia.
(C) O fortalecimento da participação popular e dos embates entre Danton e Robespierre.
(D) O estabelecimento da igualdade de todos perante a lei com a aprovação da Declaração
dos Direitos do Homem e do Cidadão.
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8º Ano • Volume 02
06 (Mackenzie) A abolição da escravidão nas Colônias, a criação da Lei do Máximo, o estabeleci-
mento do sufrágio universal, a criação do Tribunal Revolucionário e o Comitê de Salvação Públi-
ca, foram instituídos na Revolução Francesa, na fase:
(A) Assembléia Nacional Constituinte.
(B) Convenção Nacional.
(C) Diretório.
(D) Reação Termidoriana.
(E) Monarquia Constitucional.
01 (Mackenzie - adaptada) Explique a frase abaixo:
"Em tempos de revolução, nada é mais poderoso do que a queda de símbolos. A
queda da Bastilha, que fez do dia 14 de julho a data nacional francesa, ratificou a queda
do despotismo..."
(Eric Hobsbawn)
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02 (Puccamp - adaptada) A Constituição de 1791, na medida em que estabeleceu a liberdade de
comércio, confirmou o direito à propriedade privada e adotou o voto censitário. O que a Revolu-
ção Francesa representou nesse contexto?....................................................................................................................................................
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03 Em 1796, Graco Babeuf, seguidor de Marat liderou a "Conspiração dos Iguais". O que esse
movimento popular pretendia?
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04 Por que podermos dizer que a maioria dos historiadores atribui à Revolução Francesa uma contri-
buição decisiva para a construção de novos valores políticos e sociais do mundo contemporâneo.
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05 O que representou a Reação Termidoriana no contexto da Revolução Francesa?
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8º Ano • Volume 02
01 (ENEM 2004) Algumas transformações que antecederam a Revolução Francesa podem ser
exemplificadas pela mudança de significado da palavra "restaurante". Desde o final da Idade
Média, a palavra 'restaurant' designava caldos ricos, com carne de aves e de boi, legumes,
raízes e ervas. Em 1765 surgiu, em Paris, um local onde se vendiam esses caldos, usados para
restaurar as forças dos trabalhadores. Nos anos que precederam a Revolução, em 1789, mul-
tiplicaram-se diversos 'restaurateurs', que serviam pratos requintados, descritos em páginas
emolduradas e servidos não mais em mesas coletivas e mal cuidadas, mas individuais e com
toalhas limpas. Com a Revolução, cozinheiros da corte e da nobreza perderam seus patrões,
refugiados no exterior ou guilhotinados, e abriram seus restaurantes por conta própria. Apenas
em 1835, o Dicionário da Academia Francesa oficializou a utilização da palavra restaurante com
o sentido atual.
A mudança do significado da palavra restaurante ilustra:
(A) A ascensão das classes populares aos mesmos padrões de vida da burguesia e da nobreza.
(B) A apropriação e a transformação, pela burguesia, de hábitos populares e dos valores
da nobreza.
(C) A incorporação e a transformação, pela nobreza, dos ideais e da visão de mundo da burguesia.
(D) A consolidação das práticas coletivas e dos ideais revolucionários, cujas origens remontam
à Idade Média.
(E) A institucionalização, pela nobreza, de práticas coletivas e de uma visão de mundo igualitária.
02 (Enem 2010)
 Em nosso país queremos substituir o egoísmo pela moral, a honra pela probidade, os
usos pelos princípios, as conveniências pelos deveres, a tirania da moda pelo império da
razão, o desprezo à desgraça pelo desprezo ao vício, a insolência pelo orgulho, a vaidade
pela grandeza de alma, o amor ao dinheiro pelo amor à glória, a boa companhia pelas boas
pessoas, a intriga pelo mérito, o espirituoso pelo gênio, o brilho pela verdade, o tédio da
volúpia pelo encanto da felicidade, a mesquinharia dos grandes pela grandeza do homem.
HUNT, L. Revolução Francesa e Vida Privada. In: PERROT, M. (Org.) História da Vida Privada: da Revolução Francesa à
Primeira Guerra. Vol. 4. São Paulo: Companhia das Letras, 1991 (adaptado).
O discurso de Robespierre, de 5 de fevereiro de 1794, do qual o trecho transcrito é parte, relaciona-se
a qual dos grupos político-sociais envolvidos na Revolução Francesa?
(A) À alta burguesia, que desejava participar do poder legislativo francês como força polí-
tica dominante.
(B) Ao clero francês, que desejava justiça social e era ligado à alta burguesia.
(C) A militares oriundos da pequena e média burguesia, que derrotaram as potências rivais e
queriam reorganizar a França internamente.
(D) À nobreza esclarecida, que, em função do seu contato, com os intelectuais iluministas,
desejava extinguir o absolutismo francês.
(E) Aos representantes da pequena e média burguesia e das camadas populares, que deseja-
vam justiça social e direitos políticos.
263
8º Ano • Volume 02
PARTE 06
6. O PERÍODO NAPOLEÔNICO E O CONGRESSO DE VIENA
6.1 Situando no tempo e no espaço
O golpe de Estado de 18 Brumário pôs fim ao Diretório e às disputas políticas que abalaram a
França durante todo o período. A partir de então, teve início o período tido pelos historiadores como
o de consolidação das conquistas burguesas obtidas por meio da Revolução Francesa. Os ideais
liberais se espalharam por muitos países, graças à ação do exército francês liderado pelo jovem
general Napoleão Bonaparte, que acabou por contribuir para o fim do Antigo Regime por toda a
Europa.
A nova forma de governo na França chamava-se Consulado. Até 1802, o governo francês ficou
a cargo de três cônsules. Napoleão era o Primeiro Cônsul, e a ele cabia a tomada das decisões. De
1802 a 1804, Napoleão ampliou o seu poder ao estabelecer o Consulado Uno. Em 1804, Napoleão
Bonaparte instituiu o Império, que durou até 1815.
6.2 Napoleão Bonaparte: o mito
Napoleão Bonaparte foi retratado como o mais bem sucedido governador de
sua época, herói nacional, glorioso nos confrontos contra os estrangeiros, era
indiscutivelmente muito inteligente. Além de estadista, foi um estrategista militar
brilhante. Os historiadores atuais nos mostram que as vitórias militares de Napoleão
não podem ser explicadas apenas por seu gênio. Os exércitos franceses eram
formados por soldados bastante entusiasmados com a revolução e, por isso, não
precisavam ser vigiados para obedecer às ordens dos oficiais. O grande segredo
é que com isso os exércitos podiam marchar mais livre e rapidamente com gran-
de mobilidade. Não podemos ignorar as ações sociais lutando
por seus interesses frente à afirmação das conquistas do período revolucionário.
 Napoleão Bonaparte
A autocoroação: o ponto máximo do governo de um estadista brilhante e chefe militar.
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8º Ano • Volume 02
6.3 A política interna de Napoleão Bonaparte
Durante todo o Período Napoleônico, as discussões referentes a cidadania, nação, valores
nacionais, valor individual e não social, estiveram em destaque.
Através da criação do Banco da França e de nova moeda nacional, o franco, o governo conseguiu
equilibrar as finanças. O governo, deu ocupação a militares desempregados por meio de um progra-
ma de construção de obras públicas, como estradas e portos incentivando também a industrialização.
No governo napoleônico ganhou força a ideia de uma escola universal, isto é, para todos e não
somente para membros da nobreza, laica e não religiosa, sendo tudo isso supervisionado pelo Esta-
do. Sobretudo, o novo sistema educacional visava a formação de administradores fiéis a Napoleão,
de maneira a formar um quadro de funcionários eficientes para a burocracia centralizada e capazes
de acompanhar o crescimentoe a modernização do Estado napoleônico.
Napoleão vislumbrou também a criação de liceus e o fortalecimento da instrução pública, além
disso, promoveu, em 1804, o Código Civil Napoleônico, que procurava conciliar a legislação com
os princípios básicos da Revolução Francesa. O código tornava legítimo os novos valores liberais,
como garantia da propriedade privada, a igualdade dos cidadãos perante a lei, a proibição das
greves e sindicatos operários, bem como restaurava a escravidão nas colônias francesas e o domí-
nio dos maridos sobre as esposas, antes abolido.
6.4 A política externa de Napoleão Bonaparte
No plano externo, Napoleão enfrentou as várias coligações militares que atacavam a França
desde o período revolucionário. Apesar de ter vencido várias batalhas na Europa, o exército francês
enfrentou a resistência da Inglaterra, a maior potência econômica do início do século XIX e principal
oponente da França a um domínio mundial. Em 1805, tentou invadir, sem sucesso, o território inglês,
sendo derrotado pela competente Marinha inglesa na Batalha de Trafalgar.
Bonaparte tentou uma nova estratégia contra a Inglaterra: pressão econômica nos parceiros
comerciais da Inglaterra na Europa. Ele acreditava que, se toda a Europa deixasse de comerciar
com a Inglaterra, o reino britânico entraria em colapso econômico e consequentemente militar. As-
sim, em 1806, Napoleão decretou o Bloqueio Continental, que consistia na proibição de quaisquer
pais europeu de realizar transações econômicas e comerciais com os ingleses.
265
8º Ano • Volume 02
A charge foi produzida no início do sé-
culo XIX pelo caricaturista inglês James
Gillray. A Cena criada procura retratar o
clima de tensão vivido entre as duas mai-
ores potências econômicas da época,
França e Inglaterra, no exato momento em
que Napoleão Bonaparte, imperador fran-
cês, decreta o Bloqueio Continental (1806),
impedindo às nações do continente euro-
peu que estavam sobre o seu domínio, de
estabelecerem qualquer tipo de relações
comerciais com a Inglaterra. Esta medida
napoleônica visava enfraquecer a econo-
mia britânica.
Dessa forma, dotado de uma sensibilidade aguçada para tratar em suas obras de
questões ligadas ao campo político e social, Gillray, fantasticamente utiliza-se de um ban-
quete para demonstrar, a fome (gana) e a rivalidade destes dois grandes impérios que na
charge encontram-se representados pelo Primeiro Ministro inglês William Pit (sentado à
esquerda) facilmente identificado pela figura contida na cadeira em que se senta, um leão,
símbolo da Grã-Bretanha, portando uma bandeira da Inglaterra e o Imperador francês
Napoleão Bonaparte (sentado à direita), também facilmente identificado pelas plumas que
compõe seu chapéu, nas cores azul, branco e vermelho, cores estas da bandeira francesa,
e pela águia real, símbolo utilizado por Bonaparte para representar o seu império. No cen-
tro da mesa, servido em uma bandeja como se fosse um bolo que acabara de sair do forno,
muito apetitoso por sinal, está o planeta Terra que à luz daquele período encontrava-se
dividido entre as pretensões francesas e inglesas.
Repare que a espada de Napoleão Bonaparte corta exatamente o continente europeu
dividindo-o ou separando-o da Inglaterra, é exatamente neste ponto que se representada
as pretensões napoleônicas a respeito do Bloqueio Continental, citado inicialmente. Por
outro lado, percebe-se que a espada de Willian Pit corta o mundo ao meio, ficando sobre o
julgo inglês toda a região do Oceano Atlântico aonde se faz presente as Américas, naquele
período muito mais promissoras no sentido de mercado quanto a própria Europa.
http://historiaporimagem.blogspot.com.br/2011/09/bloqueio-continental-fome-de-mercado.html
Os países que foram contrários ao Bloqueio sofreram re-
presálias, Portugal foi um exemplo. Esse país, economicamen-
te dependente da Inglaterra, não aderiu ao Bloqueio Conti-
nental. Napoleão decidiu invadir Portugal pelo não cumprimento
do Bloqueio. Com a aproximação de tropas napoleônicas, o
Conselho de Estado Português, com a proteção de parte da
Marinha inglesa, optou por deixar Portugal rumo ao Brasil, onde
desembarcou em janeiro de 1808 mantendo a soberania do
reino português.
O ano de 1808 foi agitado na Península Ibérica. Logo após
invadir Portugal, Napoleão depôs o rei da Espanha, Fernando
VII, e nomeou seu irmão, José Bonaparte, chefe de Estado
espanhol. As colônias espanholas na América, se recusaram
a obedecer um rei que não fosse espanhol. Sendo assim, foi o
início de um movimento de libertação que, logo depois, garan-
tiria a completa independência da região.
A constante mobilização dos cidadãos franceses e das
áreas conquistadas para as guerras, os altos custos das campa-
nhas panhas militares e as perdas humanas que ocasionaram o crescimento da insatisfação do povo
francês com a política expansionista e agressiva do imperador francês. Além disso, os países europeus
que se viam prejudicados pelo Bloqueio Continental fortaleciam sua resistência ao domínio napoleônico.
Bonaparte atravessando o monte Saint
Bernard, de Jacques-Louis Davi, c. 1800.
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8º Ano • Volume 02
6.5 O Declínio do Período Napoleônico
O Império Napoleônico não demorou a sucumbir por suas próprias contradições. Para começar,
a principal razão do fracasso da política expansionista da França foi à quebra do Bloqueio Continen-
tal: a França não tinha a capacidade de produção suficiente para substituir a Inglaterra nos merca-
dos da Europa. A economia francesa, basicamente agrária, não conseguiu sequer sustentar a guer-
ra materialmente, nem alcançar uma produção industrial de grande escala. Com isso a tentativa de
frear o desenvolvimento inglês imposto por Napoleão acabou por enfraquecer as próprias finanças
francesas e contribuindo para fragilizar o seu domínio na Europa.
Outro problema era o domínio imperial francês. Os povos europeus se sentiam oprimidos pelas
tropas napoleônicas. Os franceses deixaram de ser vistos como libertadores dos povos. O sentimen-
to nacionalista cresceu e rebeliões começaram a estourar. A Espanha, jamais aceitou a total domina-
ção francesa.
O czar russo, Alexandre I, também desrespeitou o Bloqueio. Não suportava mais sacrificar a
economia da Rússia em favor da França. Napoleão respondeu invadindo a Rússia em 1812. Essa
guerra, porém, não era igual às outras. O exército napoleônico sempre haviam se sustentado graças
ao saque. Sobreviviam durante meses se apropriando da comida e dos objetos das regiões invadi-
das. Acontece que a Rússia era enorme e muito pobre. Lá não havia as extensas plantações e ricas
cidades da Europa Ocidental. As tropas francesas tiveram que percorrer centenas de quilômetros
sem encontrar comida e repouso. Assim sendo, os próprios russos tratavam de destruir as cidades
e plantações que restavam para os franceses não se abastecerem. A fome, o cansaço e um rigoroso
inverno acabaram destruindo o poderoso exército napoleônico. O retorno para França foi melancó-
lico, com o terrível inverno e os constantes ataques de guerrilheiros russos. A campanha militar a
Rússia acabou sendo um terrível engano. Napoleão que havia partido com cerca de 600 mil homens
retornou com cerca de 30 mil homens.
O exército napoleônico chegou a França já com notícias sobre a formação de uma nova coliga-
ção de países europeus. Em outubro de 1813, em Leipzig, as tropas francesas foram derrotadas
pelos exércitos ingleses, prussianos, russos e austríacos, episódio que ficou conhecido como Bata-
lha das Nações, em 31 de março de 1814, os exércitos coligados entraram vitoriosos em Paris.
Sem apoio político, Napoleão abdicou do trono francês, recebendo em troca a soberania sobre
a Ilha de Elba, no Mar Mediterrâneo, e uma pensão de dois milhões de francos anuais.
Em 1815, Bonaparte deixou a Ilha de Elba e desembarcou na França, sendo recebido festiva-
mente por seus ex-soldados e por populares. Enquanto Luis XVIII, que o sucedera no trono, fugia
para a Bélgica, Napoleão assumia novamente o trono francês.
Oexército de Napoleão deixa a Rússia com grandes baixas. Os homens morreram devido à
fome e ao frio. Alguns sobreviventes foram retratados neste quadro do pintor britânico L. J. Pott.
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8º Ano • Volume 02
6.6 Os Cem Dias de Napoleão e a última batalha – Waterloo
As constantes batalhas tinham dizimado a população francesa, aproximadamente três milhões
de pessoas haviam morrido. No entanto, Napoleão rapidamente reorganizou o exército, lançando
mão de soldados mais jovens (alguns com menos de 15 anos). Em seguida, tentou uma ofensiva
contra os territórios das nações adversárias.
As tropas napoleônicas foram derrotadas na Batalha de Waterloo na Bélgica, em 18 de junho de
1815. Terminava em definitivo o governo de Bonaparte, cujo último período durara apenas cem dias.
Napoleão foi novamente preso e exilado, desta vez, na Ilha de Santa Helena, no Atlântico Sul, onde
morreu em 1821.
6.7 O Congresso de Viena (1814-1815)
No ano de 1814, antes mesmo dos Cem Dias de Napoleão, as nações europeias se reuniram
para definir as fronteiras, que haviam sido modificadas pela ação de Napoleão, e restaurar a ordem
na Europa.
A forma com que os países vencedores encontraram para efetivar de uma vez por todas a
derrota de Napoleão foi o Congresso de Viena. O Congresso foi presidido pelo príncipe austríaco
Metternich e contou com a participação do: Czar russo, Alexandre I, o kaiser prussiano Frederico
Guilherme III e pelo general inglês Wellington (substituído por Castlereagh). O representante da
França era o diplomata Talleyrand, que havia sido ministro das Relações Exteriores durante o gover-
no de Napoleão e retornara ao governo durante o período da restauração da Dinastia Bourbon.
Dois princípios básicos serviram de base para as discussões do congresso realizado em Viena:
⇒ Legitimidade: seriam considerados legí-
timos os governos e as fronteiras que vi-
goravam antes da Revolução Francesa.
O princípio da legitimidade visava aten-
der aos interesses dos Estados vencedo-
res na guerra contra Napoleão. Ao mes-
mo tempo, buscavam defender a França
de perdas territoriais e da intervenção go-
vernamental estrangeira.
⇒ Equilíbrio Europeu: unia as nações em
torno de "interesses comuns", como a luta
contra os ideais liberais e a ajuda mú-
tua para conservar a situação de domínio
na Europa.
Congresso de Viena. Imagem de Jean-Baptist Isabey em cerca de 1880.
Nessa caricatura do Congresso de Viena, representantes das
nações vencedoras estão debruçados sobre um mapa da Eu-
ropa, discutindo como repartir o continente de modo que todos
levem vantagem.
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8º Ano • Volume 02
Em meio a esse contexto, foi criada a Santa Aliança, proposta pelo Czar Alexandre I. Segundo
ela, as nações europeias deveria se unir militarmente na luta contra as transformações revolucioná-
rias dos últimos anos.
Além disso, se instalou na Europa um clima reacionário, com perseguições, fechamento de
escolas e de jornais, prisões de pessoas de tendência liberal e o restabelecimento da Santa Inquisição
em alguns países.
A reação das tendências absolutistas não levou muito tempo. Os países participantes da Santa
Aliança ainda buscaram, sem sucesso, restabelecer o domínio colonial europeu sobre as nações
recém-independentes da América Espanhola.
Em 1823, os EUA estabeleceram a Doutrina Monroe, com o lema era "América para os
americanos", que ameaçava declarar guerra a Santa Aliança caso esta fizesse qualquer interven-
ção recolonizadora na América.
A Inglaterra não entrou em acordo com os objetivos da Santa Aliança. O pais da Revolução
Industrial (1760) não queria e não podia admitir qualquer tipo de restrição de mercado sob pena de
ver bloqueado seu desenvolvimento econômico. A Inglaterra passou a defender o princípio de não
intervenção, apoiando as nações independentes da América.
PARTE 06 – O Período Napoleônico e o Congresso de Viena
01 Como podemos chamar o período da História da França que consolidou a revolução burguesa
através da contenção dos monarquistas e jacobinos?
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02 Por que Napoleão retirou a coroa das mãos do Papa Pio VII, que viajara especialmente para a
cerimônia, e ele mesmo se coroou?
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01 (Unirio) A era napoleônica (1799-1815) caracterizou-se como um período de profundas trans-
formações políticas e sociais que consolidaram a hegemonia burguesa na França. Marque a
opção que identifica corretamente uma dessas transformações.
(A) Abolição da escravidão nas colônias francesas.
(B) Aprovação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
(C) Promulgação do Código Civil dos franceses.
(D) Extinção dos laços senhoriais de servidão e vassalagem.
(E) Instituição do sufrágio censitário.
02 (Pucmg) O Congresso de Viena, de 1815, reuniu representantes dos países europeus com o
objetivo de:
(A) Apoiar a Doutrina Monroe para impedir a recolonização da América.
(B) Organizar uma aliança militar para conter a expansão napoleônica no continente.
(C) Combater as idéias socialistas difundidas pelos operários nas indústrias.
(D) Reorganizar o mapa político europeu e promover a paz entre os países beligerantes.
03 (Pucmg) O mapa a seguir mostra a Europa Ocidental nos anos iniciais do século XIX. A situa-
ção assinalada resultou na vinda da Corte Portuguesa para o Brasil, em 1808.
Portanto, o mapa retrata:
(A) O Tratado de Comércio e Navegação, assinado entre D. João e lord Strangford, que garan-
tia liberdade comercial para ingleses e portugueses.
(B) O Tratado de Fontainebleau, assinado por França e Espanha, que supunha a invasão de
Portugal e divisão de suas colônias.
(C) A Convenção Secreta, acordo entre Inglaterra e Portugal, que determinava a defesa marí-
tima dos lusitanos pelos ingleses.
(D) O Bloqueio Continental determinado por Napoleão Bonaparte, que proibia os países euro-
peus de comercializarem com os ingleses.
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8º Ano • Volume 02
04 (FGV) Entre 1814-1815, representantes das nações européias reuniram-se no chamado Con-
gresso de Viena. As principais discussões desses encontros giraram em torno:
(A) Da adoção do Código Napoleônico por todos os Estados europeus, como forma de moder-
nizar as instituições sociais e adequá-las ao desenvolvimento capitalista do período.
(B) Da reorganização da Europa após as guerras napoleônicas, procurando garantir à burgue-
sia os avanços conquistados após anos de revoluções.
(C) Da definição de fronteiras e governantes europeus a partir da idéia de legitimidade, isto é,
a restauração do poder e das divisões territoriais anteriores à Revolução Francesa.
(D) Da necessidade de banir definitivamente os princípios fundamentais do Antigo Regime,
tais como a desigualdade jurídica, a dominação aristocrática e o absolutismo.
(E) Da implementação do Parlamentarismo como a única forma de garantir a dominação aris-
tocrática e a restauração das dinastias destronadas pelas revoluções.
05 (FGV)
Os soberanos do Antigo Regime venceram Napoleão, em que eles viam o herdeiro da
Revolução, e a escolha de Viena para a realização do Congresso, para a sede dos repre-
sentantes de todos os Estados europeus, é simbólica, poisViena era uma das únicas
cidades que não haviam sido sacudidas pela Revolução e a dinastia dos Habsburgos era o
símbolo da ordem tradicional, da Contra-Reforma, do Antigo Regime.
(René Reymond, "O século XIX: introdução à história do nosso tempo")
 Acerca do Congresso de Viena (1815), é correto afirmar que:
(A) Tornou-se a mais importante referência da vitória do liberalismo na Europa, na medida em
que defendia a legitimidade de todas as dinastias que aceitavam a limitação dos seus
poderes por meio de cartas constitucionais.
(B) Países como a Inglaterra, Portugal e a Espanha, os mais prejudicados com o expansionismo
napoleônico, defendiam que a França deveria tornar-se republicana, com o intuito de evitar
novos surtos revolucionários.
(C) Foi orientado, entre outros, pelo princípio da legitimidade - que determinava a volta ao
poder das antigas dinastias reinantes no período pré-revolucionário, além do recebimento
de volta dos territórios que possuíam em 1789.
(D) Presidido pelo chanceler austríaco Metternich, mas controlado pelo chanceler francês
Talleyrand, decidiu-se por uma solução conciliatória após o caos napoleônico: haveria a
restauração das dinastias, mas não a volta das antigas fronteiras.
(E) Criou, a partir da sugestão do representante da Prússia, um organismo multinacional, a
Santa Aliança, que detinha a tarefa de incentivar regimes absolutistas a se modernizarem
com o objetivo de sufocar as lutas populares.
06 (UFMG) Em 1793, Schiller, um crítico da Revolução Francesa vislumbrou os possíveis resulta-
dos contra-revolucionários gerados pelo movimento de 1789 na seguinte passagem:
"A tentativa do povo francês de instaurar os sagrados Direitos do Homem e de con-
quistar a liberdade política não fez mais que trazer à luz sua impotência e falta de valor a
este respeito; o resultado foi que não apenas esse povo infeliz mas junto com ele boa parte
da Europa e todo um século foram atirados de volta à barbárie e à servidão".
O processo contra-revolucionário que veio confirmar o receio do autor foi:
(A) A eclosão da Guerra dos Cem Anos.
(B) A formação da Santa Aliança.
(C) A proclamação da Comuna de Paris.
(D) As jornadas de 1830 e 1848.
(E) O estabelecimento do Comitê da Salvação.
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01 (Mackenzie - adaptada) Minha maior glória não consistiu em ter ganho quarenta batalhas;
Waterloo apagará a memória de tantas vitórias. O que nada apagará, o que viverá eternamente,
é o meu Código Civil. Napoleão Bonaparte
O que o Código Civil Napoleônico, promulgado em 1804, assegurava?
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02 (Pucmg - adaptada) O que a ascensão de Napoleão Bonaparte ao poder na França representou?
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03 Qual era o objetivo do Congresso de Viena?
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04 De que forma o Congresso de Viena agiu para conter a conjuntura pós-napoleônica marcada
pela ação da burguesia em prol dos ideais liberais e nacionais desencadeados com a Revo-
lução Francesa, e contra a velha ordem absolutista representada pela Europa do Congres-
so de Viena.
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05 Explique a formação da Santa Aliança.
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8º Ano • Volume 02
PARTE 07
7. AS REVOLTAS COLONIAIS E ANTICOLONIAIS NO BRASIL COLONIAL
7.1 Situando no tempo e no espaço
 São chamados de movimentos nativistas o conjunto de revoltas po-
pulares que tinham como objetivo o protesto em relação à administração
colonial portuguesa no Brasil. Tais revoltas foram importantes, apesar de
constituírem movimentos exclusivamente locais, que não tinham o objetivo
a separação política de Portugal. O seu protesto contra algum abuso do
pacto colonial contribuiu para a construção do sentimento de nacionalidade
em meio a tais comunidades. As principais revoltas ocorrem entre meados
do século XVII e começo do século XVIII, quando Portugal perdeu sua influ-
ência no Oriente, e passou a cobrir os gastos da Coroa com a receita obtida
do Brasil. A sempre crescente cobrança de impostos, a criação frequente de novos impostos e o
abuso dos comerciantes portugueses na fixação de preços começam a gerar insatisfação entre a
elite agrária da colônia.
Este é o contexto interno da colônia para o nascimento dos chamados movimentos nativistas,
onde surgem a contestação de aspectos do colonialismo e primeiros conflitos de interesses entre os
senhores do Brasil e os de Portugal. Entre os movimentos de destaque estão a Insurreição
Pernambucana (1645 - 1654), a Revolta de Beckman, no Maranhão (1684); a Guerra dos Emboabas,
em Minas Gerais (1707-1709), a Guerra dos Mascates, em Pernambuco (1710 - 1711) e a Revolta
de Felipe dos Santos em Minas Gerais (1720).
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8º Ano • Volume 02
7.2 A Insurreição Pernambucana (1645 - 1654)
Em 1624, a Companhia das Índias Ocidentais
holandesas quis estabelecer uma colônia aqui no
Brasil, mas precisamente em Salvador (Bahia). Em
março de 1625 foram expulsos pelos colonos com
o apoio de navios espanhóis. Dois anos depois os
holandeses voltaram a atacar a Bahia novamente
sem sucesso. Porém em 1830, os holandeses, ata-
caram a região de Olinda no Recife, onde perma-
neceram por vinte anos, tendo o ponto de maior
destaque na administração do Conde Maurício de
Nassau (1637-1644).
Em 1645, o descontentamento dos colonos se
tornou mais agressivo, explodindo a Insurreição Pernambucana, uma luta entre os colonos na Amé-
rica portuguesa e os holandeses. No início do conflito, a Coroa portuguesa não ajudou os colonos
em Pernambuco. Pouco tempo antes, havia feito acordos de ajuda e colaboração mútuas com a
Holanda sobre assuntos de guerra e comerciais. Eram líderes da insurreição tanto senhores de
engenho, como pessoas do povo, como Henrique Dias, que comandava um batalhão de negros, e
Felipe Camarão, conhecido por Índio Poti, que chefiava um batalhão indígena.
À medida que as vitórias dos pernambucanos se acumulavam, Portugal passou a enviar

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