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Universidade Estadual de Goiás - Campus Faculdade do Esporte ESEFFEGO Curso: Fisioterapia Disciplina: Dermatologia Docente: Aurélio Barbosa Discente: Vitória Gomes e Silva Período: 5º Data: 21/11/2021 AZULAY, Rubem David; Azulay, David Rubem. Dermatologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. Capítulo I - ‘’A Pele - função, estrutura, fisiologia e embriologia.’’ A pele é constituída, basicamente, por três camadas interdependentes: a epiderme, mais externa; a derme, intermediária; e a hipoderme, mais profunda. A transição entre a epiderme e a derme é denominada junção dermoepidérmica ou zona da membrana basal. Epiderme ➢ tecido epitelial estratificado ceratinizado, com variações estruturais e funcionais significativas dependendo da localização anatômica. ➢ constituída por: sistema ceratinócito, composto por células epiteliais denominadas queratinócitos, responsáveis pelo corpo da epiderme e de seus anexos (pelos, unhas e glândulas); sistema melânico, formado pelos melanócitos; células de Langerhans, com função imunológica; células de Merkel, integradas ao sistema nervoso; e células dendríticas indeterminadas, com função mal definida ➢ a derme desempenha uma influência reguladora sobre a morfogênese e diferenciação epidérmica, sendo fundamental para a determinação de sua espessura, arquitetura, tipo de diferenciação e padrão dos seus anexos. O pH da pele situa-se entre 4,6 e 5,8. Sistema ceratinócito Responsável por, pelo menos, 80% das células epidérmicas, é caracterizado pela disposição lado a lado de suas células e por sua constante renovação. O alto índice de multiplicação celular dos queratinócitos da sua camada mais profunda, a camada basal, fornece as células que, a seguir, gradativamente se modificam (diferenciação) e migram para a superfície, formando a camada espinhosa ou de Malpighi; Além de sua função estrutural, os queratinócitos participam ativamente dos processos inflamatórios e imunológicos, seja como células-alvo. O queratinócito é capaz de produzir substâncias com ação autócrina, parácrina, e em situações especiais, endócrinas. Camada Basal A camada basal é a camada celular mais profunda da epiderme, e sua participação é vital na formação e manutenção da junção dermoepidérmica um pequeno percentual é composto de células-tronco caracterizadas por uma velocidade baixa de mitose durante toda a sua existência, que talvez supere o tempo de vida do próprio indivíduo, gerando clones de queratinócitos denominados células amplificadoras transitórias (TAC – transit amplifying cells), que se dividem muito mais rapidamente, mas são programadas para um número limitado de mitoses (ver adiante o item Células-tronco e pele). A mitose das TAC dá origem a duas células com características diferentes: uma nova célula amplificadora transitória, que permanece na camada basal, e outra, denominada pós-mitótica ou diferenciada, que perde a capacidade de mitose e inicia o processo de diferenciação ceratinocítica e de migração em direção à superfície. A renovação completa, desde a divisão da célula basal até a eliminação das lâminas córneas, faz-se em 52 a 75 dias, assim distribuídos: o tempo de duração da divisão celular é de aproximadamente 19 dias, o trânsito pela camada de Malpighi dura 26 a 42 dias e o trânsito pelo estrato córneo é de 19 dias. Camada espinhosa (ou de Malpighi) Ao deixarem a camada basal rumo à superfície, os queratinócitos sofrem contínuas e importantes modificações morfológicas, moleculares e histoquímicas, passando a ser poligonais, de citoplasma acidófilo e ricos em desmossomos, sendo denominadas células espinhosas ou células de Malpighi. Essas células são numerosas e dispostas em várias fileiras, cujo número varia de acordo com a localização anatômica e com fatores endógenos. Apesar de os filamentos de citoqueratina produzidos na camada basal (CK 5 e 14) deixarem de ser sintetizados, eles persistem nessas células, agora acompanhados do par CK 1 e 10 aí produzido. Em situações hiperproliferativas fisiológicas (reparação) ou patológicas (psoríase), há a diminuição da produção do par CK 1 e 10 e o surgimento do par CK 6 e 16. Embora os desmossomos (nódulos de Bizzozero) estejam presentes em toda a epiderme, é na camada espinhosa que se mostram mais numerosos. está presente entre os queratinócitos de toda a epiderme e é formado por uma placa desmossômica na parte interna da membrana celular composta por seis polipeptídios: placoglobina, desmoplaquinas I e II, desmoioquina, proteína banda 6 e a ceratocalmina, sendo esta última responsável pela manutenção da inserção dos tonofilamentos na placa desmossômica. Da placa desmossômica, partem cinco glicoproteínas transmembrânicas, as desmogleínas 1 e 3 e as desmocolinas I, II e III, cujos domínios extracelulares interagem com os das glicoproteínas transmembrânicas do desmossomo da célula adjacente, garantindo a adesão intercelular. As gap junctions são verdadeiros canais de comunicação intercelular por onde fluem diversos elementos, dando um caráter quase sincicial à epiderme e assumindo importante papel na regulação do metabolismo celular das células vizinhas. Ao deixarem a camada espinhosa em direção à superfície, as células formam algumas fileiras em que se apresentam repletas de grânulos basofílicos de cerato-hialina no citoplasma, constituindo a camada granulosa. Camada granulosa Essa camada caracteriza-se por grande atividade metabólica, objetivando a síntese dos elementos necessários ao processo final da cornificação, que resulta no súbito surgimento da camada córnea. Esses elementos são armazenados, em grande quantidade, na sua forma pré-ativada, tanto no interior de organelas como livremente. A pró-filagrina converte-se em filagrina (filament aggregation protein), promovendo a agregação e compactação lado a lado dos filamentos de queratina, uma característica dos corneócitos. As proteínas (involucrina, ceratolinina, loricrina, envoplaquina etc.) do envelope celular dos corneócitos (camada proteica densa na parte interna da membrana celular) já estão presentes no interior das células granulosas, embora só venham a formar o envelope depois de ativadas pelas transglutaminases da membrana celular. Finalmente, os grânulos lamelares (corpos de Odland ou ceratinossomos), morfologicamente semelhantes a lipossomos, contendo no seu interior glicoproteínas, ácidos graxos, fosfolipídios, glicosilceramidas e colesterol, são inicialmente vistos nas células das porções superiores da camada espinhosa, mas é na camada granulosa que se apresentam em grande número; o conteúdo desses grânulos é liberado no espaço intercelular durante a transição súbita da camada granulosa para a córnea, quando, sob a ação de suas hidrolases, é remodelado, e seus lipídios transformados em ceramida (45%), colesterol (25%), ácidos graxos (15%), esfingosina livre, sulfato de colesterol, ésteres do colesterol e triglicerídios. Camada córnea Sendo a camada mais externa da epiderme, a camada córnea constitui o verdadeiro limite entre o indivíduo e o meio ambiente. As células são acidófilas e extremamente planas, sendo as células mais largas do organismo, o que torna possível a sua descamação e a mobilidade da região sem provocar dano à integridade do tecido. A camada córnea surge subitamente pela ocorrência simultânea e muito rápida de vários eventos na célula da camada granulosa, dos quais se destacam: apoptose, com destruição do núcleo e organelas, cujos componentes podem ser reaproveitados pela própria epiderme; liberação e ativação da filagrina contida nos grânulos de cerato-hialina, com consequente organização dos filamentos de queratina em feixes paralelos compactos; extrusão do conteúdo dos grânulos lamelares, especialmente colesterol, ceramida e ácido graxo livre, seguida pela formação da barreira lipídica extracelular hidrofóbica; e destruição gradativa dos desmossomos,que leva à descamação final de células isoladas na porção mais externa da camada córnea. Além da proteção mecânica, a camada córnea previne o trânsito de água e substâncias solúveis pelas duplas lamelas lipídicas intercelulares presentes nas suas porções média e baixa, mantendo a homeostasia do indivíduo frente ao ambiente. Antes da transformação da camada granulosa em córnea, especialmente nas regiões palmoplantares, pode ser observada a camada lúcida, de aspecto homogêneo e constituída por células achatadas, anucleadas, que não se coram pelos métodos de rotina, mas que são osmiófilas. Processo de transição que ocorre das células basais até a formação do corneócito, com o seu posterior destacamento, é metabolicamente bastante rico devido à participação de numerosas hidrolases e proteases. Junção dermoepidérmica A epiderme e a derme unem-se de maneira sinuosa e interpenetrante, isto é, a epiderme penetra na derme por meio dos cones interpapilares (cristas epidérmicas), e a derme projeta-se na epiderme pelas papilas dérmicas. A interface entre a epiderme e a derme é conhecida como junção dermoepidérmica ou zona da membrana basal, que, por ser rica em mucopolissacarídios neutros, torna-se bastante evidente em cortes corados pelo PAS ao assumir uma cor avermelhada; Além de ser responsável pela adesão dermoepidérmica, funciona como suporte para a epiderme, determina a polaridade do seu crescimento, fornece sinais para o seu desenvolvimento, dirige a organização do citoesqueleto das células basais e serve como barreira semipermeável. Sumariamente, essa união é composta pelo polo inferior da membrana da célula basal e seus hemidesmossomos, lâmina lúcida, lâmina densa e sublâmina densa. *OUTRAS CÉLULAS EPIDÉRMICAS Melanócito Os melanócitos são células dendríticas derivadas da crista neural e produtoras do pigmento intrínseco da pele, a melanina, que, por sua vez, é responsável pela absorção e difusão da RUV. São vistos predominantemente na camada basal na proporção de 1 melanócito para 10 queratinócitos basais. Por meio de seus dendritos, cada melanócito relaciona-se com, aproximadamente, 36 queratinócitos, em sua maioria situados nas camadas basal e suprabasal, para os quais transfere o seu pigmento, constituindo, assim, a unidade epidermomelânica. Embora o número de melanócitos varie de acordo com a região anatômica, na cabeça há duas a três vezes mais melanócitos do que nas demais regiões, excetuando-se o saco escrotal, e é aproximadamente o mesmo em todas as raças; o que varia por determinação genética é o número, a morfologia, o tamanho e a disposição dos seus melanossomos, que são elípticos quando produzem eumelanina (marrom ou negra) e esferóides se produzem feomelanina (amarelo-vermelha), além de serem maiores na pele negra. Os melanossomos são produzidos continuamente no complexo de Golgi, como organelas membranosas ovóides, dentro das quais, principalmente pela ação da tirosinase, ocorre a síntese e armazenamento da melanina; por sofrerem melanização progressiva, são encontrados em quatro estágios (I a IV), sendo transferidos aos queratinócitos, onde desempenham sua ação protetora e são degradados na medida em que essas células se diferenciam. Células de Langerhans e células indeterminadas A célula de Langerhans é um dos principais componentes do sistema imunológico da pele, sendo responsável pelo reconhecimento, pela internalização, pelo processamento e pela apresentação de antígenos solúveis e haptenos presentes na epiderme. Originada na medula óssea, corresponde a 2 a 8% das células epidérmicas e distribui-se da camada basal à granulosa, tendo preferência pela posição suprabasal. em seu estágio não ativado tem significativa ação fagocítica, internalizando antígenos e processando-os, o que provoca transformações que a fazem perder o potencial fagocítico, mas aumentam sua capacidade apresentadora de antígeno para os linfócitos T e, desse modo, produz uma resposta imunológica. Célula de Merkel A célula de Merkel, relativamente rara e aparentemente derivada de uma célula-tronco epidérmica, localiza-se entre as células basais, às quais está aderida por desmossomos. parece ser estimulada pela deformação nos queratinócitos adjacentes provocada por contatos externos, respondendo com a secreção de transmissores químicos nas sinapses estabelecidas com as terminações nervosas livres da junção dermoepidérmica. A célula de Merkel tem núcleo lobulado ou oval e citoplasma claro, no qual são encontrados grânulos osmiófilos produzidos no complexo de Golgi, que contêm neurotransmissores. Anexos cutâneos Folículo piloso Forma-se na vida embrionária como uma projeção de queratinócitos modificados (tricócitos) para dentro da derme; istmo, da inserção da glândula sebácea à região da inserção do músculo eretor do pelo e da protuberância (área de concentração de células-tronco; e bulbo, ou porção inferior do folículo, que, na sua extremidade mais inferior, tem a matriz, responsável pela produção do pelo e que abraça a papila folicular. Transversalmente, observa-se que o folículo piloso é circundado por uma membrana vítrea, acelular, seguida da: bainha externa do pelo, também denominada triquilema; A linha de Auber é uma linha imaginária que atravessa a região de maior diâmetro do bulbo, abaixo da qual está a área de maior atividade mitótica, que dá origem à haste e à bainha interna do pelo. Glândula sudorípara écrina Principal responsável pela termorregulação do corpo humano em decorrência da perda evaporativa de calor, está distribuída por toda a pele, com maior densidade nas regiões palmoplantares; O ducto tem uma porção dérmica e outra epidérmica (acrossiríngio), desemboca diretamente na superfície da pele e é composto por uma camada externa de células basais e, internamente, pela camada de células cuticulares. O suor, que inicialmente é semelhante a um ultrafiltrado isotônico do plasma, composto por NaCl, K, HCO3–, lactato, ureia, amônia e traços de aminoácidos e proteínas, após a reabsorção de NaCl e HCO3– pelas células ductais, dá origem à secreção hipotônica que chega na superfície. Glândula sudorípara apoécrina Recentemente reconhecida, de localização axilar exclusivamente de adultos, compartilha características tanto de glândulas écrinas quanto apócrinas Unhas As unhas são lâminas de citoqueratina que recobrem as últimas falanges, e originam-se na matriz ungueal. Além da matriz, devem ser considerados os seguintes componentes: lúnula, eponíquio, lâmina ungueal, leito ungueal e hiponíquio.. Crescem de maneira contínua, em média 0,5 a 1,2 mm por semana.
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