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- 1 SUMÁRIO 1 APRENDIZAGEM ....................................................................................... 3 1.1 Conceito ............................................................................................... 3 1.2 Características do processo de aprendizagem .................................... 5 2 APRENDIZAGEM E MATURAÇÃO ............................................................ 7 3 A APRENDIZAGEM É CONDICIONADA PELA MATURAÇÃO .................. 9 4 APRENDIZAGEM E DESEMPENHO........................................................ 10 4.1 Modelo de aprendizagem motora ....................................................... 11 5 APRENDIZAGEM E MOTIVAÇÃO............................................................ 13 5.1 Funções dos motivos .......................................................................... 14 5.2 Teorias da Motivação ......................................................................... 14 5.3 Teoria do condicionamento ................................................................ 15 5.4 Teoria cognitiva .................................................................................. 15 5.5 Teoria humanista ................................................................................ 15 5.6 Teoria psicanalítica............................................................................. 17 6 TEORIAS DA APRENDIZAGEM ............................................................... 18 6.1 Watson e o Behaviorismo ................................................................... 18 6.2 Teoria do condicionamento clássico................................................... 19 6.3 Teoria do condicionamento operante ................................................. 20 6.4 Teoria da aprendizagem por ensaio e erro ......................................... 21 6.5 Teoria da aprendizagem cognitiva...................................................... 21 6.6 Teoria da aprendizagem fenomenológica .......................................... 23 6.7 Teoria da aprendizagem da Gestalt ................................................... 23 7 TRANSFERÊNCIA DA APRENDIZAGEM ................................................ 24 7.1 Conceito e importância da transferência ............................................ 24 7.2 Transferência positiva e negativa ....................................................... 25 2 7.3 Teorias da transferência ..................................................................... 26 7.4 Teoria dos elementos idênticos .......................................................... 26 7.5 Teoria da generalização da experiência ............................................. 27 7.6 Teoria dos ideais de proceder ............................................................ 28 7.7 Teoria da Gestalt ................................................................................ 28 8 BIBLIOGRAFIAS ....................................................................................... 29 9 ARTIGO PARA REFLEXÃO ..................................................................... 31 3 1 APRENDIZAGEM www.sucessolondrina.com.br 1.1 Conceito O estudo do desenvolvimento humano é uma área bastante ampla e complexa por envolver mudanças físicas, mentais, sociais e emocionais (Berk, 2010). Por parte da Psicologia, o estudo sobre o desenvolvimento humano se ocupa de alterações relacionadas à idade no comportamento que ocorre em seres humanos. Inclui todos os aspectos do crescimento humano, abrangendo o desenvolvimento emocional, intelectual, social, perceptivo e de personalidade. Assim, buscar estudar a Psicologia da Aprendizagem e suas teorias, torna-se fundamental para a compreensão de sua importância para o campo do ensino-aprendizagem e suas contribuições para a área da educação; e conforme ressalta Bock et all (2008, p. 132), “assim, a Psicologia transforma a aprendizagem em um processo a ser investigado” pela ciência. É importante ressaltar que a Psicologia surge como ciência de fato no século XX. A aprendizagem é uma das funções mentais mais importante e inseparável do processo de desenvolvimento humano; está vinculada à história do homem, à sua construção e evolução enquanto ser social com capacidade de adaptação a novas situações. É um processo de aquisição e assimilação de novas formas de perceber, ser, pensar e agir, onde suas habilidades, 4 competências, conhecimentos, valores ou comportamentos são adquiridos ou modificados ao longo da vida; estando associado a fatores cognitivos, emocionais, orgânicos, psicossociais, culturais e resultante de constante estudo, experiência e observação. Há condições determinantes para que haja aprendizagem de acordo com as proposições das teorias gestaltistas: • Fatores Fisiológicos - maturação dos órgãos dos sentidos, do sistema nervoso central, dos músculos, glândulas etc.; • Fatores Psicológicos - motivação adequada, autoconceito positivo, confiança em sua capacidade de aprender, ausência de conflitos emocionais perturbadores etc.; • Experiências Anteriores - qualquer aprendizagem depende de informações, habilidades e conceitos aprendidos anteriormente. Afirma-se que o processo de aprendizagem pode ser diferente para cada indivíduo, dependendo dos seus conhecimentos, do ambiente e outros fatores que influenciam esse sistema. Aprender é o resultado da interação entre estruturas mentais e o meio ambiente para construir de modo progressivo e interminável suas representações do interno (o que pertence a ele) e do externo (o que está “fora” dele). Inúmeros são os autores que discutem as teorias da aprendizagem; dentre os principais destacam-se Wallon, Piaget, Vygotsky e Skinner; que deram relevantes contribuições para o campo de ensino-aprendizagem. Empenharam-se na elaboração de suas teorias para uma melhor compreensão do desenvolvimento humano. Para Piaget (1999), no Construtivismo a aprendizagem só ocorre mediante a consolidação das estruturas de pensamento, portanto a aprendizagem sempre se dá após a consolidação do esquema que a suporta, da mesma forma a passagem de um estágio para outro da criança estaria dependente da consolidação e superação do estágio anterior. Sendo assim, a aprendizagem em si nada mais é do que a substituição de uma resposta generalizada por outra mais complexa. (NETTO et al,2017). Segundo Vygotsky (1998) apud Netto (2017), a aprendizagem sempre inclui relações entre pessoas. Ele defende a ideia de que não há um desenvolvimento pronto e previsto dentro de nós que vai se atualizando com passar do tempo. O desenvolvimento é pensado como um processo em que estão presentes a maturação 5 do organismo, o contato com a cultura produzida pela humanidade e as relações sociais que permitem a aprendizagem. Wallon, defende que a aprendizagem está relacionada com o desenvolvimento da individualidade como unidade afetiva e cognitiva dos sujeitos. O estudo do desenvolvimento humano deve ser feito na sucessão das etapas e dos conflitos no decorrer da vida, sendo a linguagem e a cultura que fornecem ao pensamento as ferramentas para a sua evolução; a sua interação com o mundo biológico não depende apenas do seu amadurecimento intelectual, mas de habilidades mais complexas para interagir com a cultura existente entre o sujeito e seu meio.(NETTO et al,2017). Para Skinner, apud Netto (2017), a aprendizagem concentra-se na aquisição de novos comportamentos. É decorrente da relação estímulo-resposta (S-R) e das ações praticadas pelas crianças, tendo como objetivo a aquisição de novos comportamentos ou a mudança dos já existentes; pois o ensino decorre da adaptação e planejamento de reforços através dos quais o aluno é levado a adquirir ou modificar uma conduta,de modo que se torna mecanizada, deve ser incentivada, pois esta leva à memorização. O ensino é obtido quando o que precisa ser ensinado pode ser colocado sob condições de controle e sob comportamentos observáveis. É considerado o criador da teoria Behaviorista. 1.2 Características do processo de aprendizagem Aprendemos a todo momento, em um processo permanente de interação com o meio. Concebemos a aprendizagem como um processo de autoconhecimento contínuo que determina nossas relações sociais por toda a vida. Em nosso dia a dia, estamos expostos a situações que nos desafiam das mais variadas formas e que nos exigem uma resposta para cada acontecimento. Podem-se citar seis características básicas da aprendizagem, segundo Campos (1987): • Processo dinâmico - A aprendizagem é um processo que depende de intensa atividade do indivíduo em seus aspectos físico, emocional, intelectual e social. A aprendizagem só acontece através da atividade, tanto externa física, como também, de atividade interna do indivíduo envolve a sua participação global. 6 www.primecursos.com.br • Processo contínuo - Todas as ações do indivíduo, desde o início da infância, já fazem parte do processo de aprendizagem. O sugar o seio materno é o primeiro problema de aprendizagem: terá que coordenar movimentos de sucção, deglutição e respiração. Os diferentes aspectos do processo primário de socialização na família, impõem, desde cedo, a criança numerosas e complexas adaptações a diferentes situações de aprendizagem. Na idade escolar, na adolescência, na idade adulta e até em idade mais avançada, a aprendizagem está sempre presente. • Processo global - Todo comportamento humano é global; inclui sempre aspectos motores, emocionais e mentais, como produtos da aprendizagem. O envolvimento para mudança de comportamento, terá que exigir a participação global do indivíduo para uma busca constante de equilibração nas situações problemáticas que lhe são apresentadas. • Processo pessoal - A aprendizagem é um processo que acontece de forma singular e individualizada, portanto é pessoal e intransferível, quer dizer ela não pode passar de um indivíduo para outro e ninguém pode aprender que não seja por si mesmo. http://www.primecursos.com.br/ 7 • Processo gradativo - A aprendizagem sempre acontece através de situações cada vez mais complexas. Em cada nova situação uns maiores números de elementos serão envolvidos. Cada nova aprendizagem acresce novos elementos à experiência anterior, sem idas e vindas, mas em uma série gradativa e ascendente. • Processo cumulativo - A aprendizagem resulta sempre das experiências vividas pelo indivíduo que servem como patamar para novas aprendizagens. Ninguém aprende senão, por si e em si mesmo, pela auto modificação. Desta maneira, a aprendizagem constitui um processo cumulativo, em que a experiência atual, aproveita-se das experiências anteriores. 2 APRENDIZAGEM E MATURAÇÃO A aprendizagem é um processo que resulta em uma mudança de comportamento do indivíduo, ou seja, a aprendizagem ocorre através da prática e experiência. A maturação pode ser definida como o ato de amadurecimento. Esta não se refere apenas ao crescimento físico que um indivíduo se depara à medida que envelhece, mas também a capacidade de se comportar, agir e reagir de forma adequada. Neste sentido, o conceito de maturação ultrapassa o crescimento físico para abraçar outros aspectos como o crescimento emocional e mental. Os psicólogos acreditam que a maturidade vem com o crescimento e desenvolvimento individual. Este é um processo que ocorre ao longo da vida adulta, preparando o indivíduo para novas situações. Maturação e aprendizagem são conceitos inter-relacionados, porém não são a mesma coisa. Assim, toda aprendizagem depende da maturação (condições orgânicas e psicológicas) e das condições ambientais (cultura, classe social), etc. As características essenciais da maturação são: • Aparecimento súbito de novos padrões de crescimento ou comportamento; • Aparecimento de habilidades específicas sem o benefício de práticas anteriores; 8 • A consistência desses padrões em diferentes indivíduos da mesma espécie; • O curso gradual de crescimento físico e biológico em direção a ser completamente desenvolvido. Sobre a maturação, Piaget (1972, p.2) esclarece que: [...] certamente desempenha um papel indispensável e não pode ser ignorada. Toma parte certamente em cada transformação que ocorre durante o desenvolvimento da criança. Entretanto este primeiro fator por si só é insuficiente. [...] Acima de tudo a maturação não explica tudo, por que a idade média na qual este estádio aparece (idade cronológica média) varia grandemente de uma para outra sociedade. Ao contrário da aprendizagem que se baseia na experiência e prática para criar uma mudança no comportamento individual, a maturação não necessita de tais fatores. É adquirida através das mudanças que o indivíduo sofre, ou o crescimento individual. Para Wallon (1981, 2007), o ser humano é um ser geneticamente social. A aprendizagem no indivíduo estará dependente das condições biológicas da maturação, isto significa dizer que as estimulações só poderão resultar em resposta de aprendizagem quando a função do órgão chega à maturação. Para ele esta é uma lei geral onde a maturação funcional predomina. tribunadoreconcavo.com 9 3 A APRENDIZAGEM É CONDICIONADA PELA MATURAÇÃO Segundo Piaget, 2006 o curso do desenvolvimento precede sempre o da aprendizagem. A aprendizagem segue sempre o desenvolvimento. Ainda de acordo com o autor, o desenvolvimento deve atingir uma determinada etapa com a consequente maturação de determinadas funções antes mesmo de fazer o indivíduo adquirir determinados conhecimentos. Essa concepção torna-se uma grande contribuição, nos quais ‘o aprender’ favorece ativamente o desenvolvimento cognitivo e a maturação. As características específicas do ser humano: a fala, a noção de tempo, a cultura e a capacidade de abstração, confere uma qualidade única ao estudo do seu comportamento e desenvolvimento; sendo possível não só examinar o que o desenvolvimento já produziu, mas também o que produzirá no processo de maturação. A maturação é um processo de crescimento interno que opera como fator fundamental básico durante a aprendizagem. Afirma-se que o processo de aprendizagem sofre muitas interferências, intelectual, psicomotora, físico e social. Aprendizagem, desenvolvimento cognitivo e maturação, como processos interdependentes, Vygotsky (2006) em seus estudos, descreve três teorias relacionadas ao tema: a primeira teoria afirma que o curso de desenvolvimento precede o da aprendizagem, que a maturação precede a aprendizagem, que o processo educativo pode apenas limitar-se a seguir a formação mental. A segunda teoria considera, em contrapartida, que existe um desenvolvimento paralelo dos dois processos (...); o desenvolvimento está para a aprendizagem como a sombra para o objeto que a projeta (...) e, portanto, (...), não os diferencia absolutamente (...). A terceira teoria tenta conciliar os extremos dos dois pontos de vista, fazendo com que coexistam, é uma teoria dualista do desenvolvimento (...). Estas observações sugerem que o processo de aprendizagem prepara e possibilita um determinado processo de aprendizagem, enquanto o processo de aprendizagem estimula, por assim dizer, o processo de maturação e fá-lo avançar até certo grau (VYGOTSKY, 2006, pp.105-106). Ao expor essas teorias, VYGOTSKY (2006), procura esclarecer a relação sobre aprendizagem, desenvolvimento cognitivo e maturação, em que “a aprendizagem é uma superestrutura do desenvolvimento”. 10 4 APRENDIZAGEM E DESEMPENHO A todo o instante deparamo-nos com situações novas ou, mesmo que conhecidas, que contêm elementos que não estavam presentes ouque se apresentam de forma diferente na nova situação. Aprender é tudo sobre dominar essas novas habilidades e desenvolver uma maior compreensão sobre coisas que não nos são conhecidas e também sobre ter um melhor senso de nossos arredores. Nós crescemos e desenvolvemos mentalmente com a ajuda desse processo de aprendizagem à medida que nossa mente ou cérebro se desenvolve a todo seu potencial, do qual o desempenho é um objetivo realizável desse processo de aprendizagem. Piaget (1959, p. 34) esclarece que “a aprendizagem não se confunde necessariamente com o desenvolvimento”. O desenvolvimento permite a formação de estruturas de pensamento no sujeito, as quais possibilitam a aprendizagem. Uma estrutura sempre nasce de outra, e elas são construídas e não ensinadas, ao passo que a aprendizagem é provocada por situações diariamente. Da nossa infância, somos levados a acreditar que o desempenho é um resultado da aprendizagem e que a aprendizagem afeta o desempenho de forma positiva, desde que exista desejo e motivação para aprender. Afirma-se que o aprendizado é um processo contínuo a todos os indivíduos e acontece em qualquer idade, principalmente quando somos submetidos a uma situação nova. Já o desempenho pode ser produzido quando necessário, assim, compreende-se que a aprendizagem não pode produzir níveis de desempenho iguais em todos os indivíduos, pois, o desenvolvimento é um processo que ocorre depois da aprendizagem, mas requer prática constante e aperfeiçoamento, de modo a transformar as habilidades recém- adquiridas em comportamentos ou hábitos. Dessa forma, é fundamental para se concluir como está transcorrendo a aprendizagem a observação do comportamento do indivíduo, onde o desempenho/desenvolvimento pode ser considerado como o comportamento observável do indivíduo. Destarte, a aprendizagem não pode ser observada diretamente; só pode ser inferida do comportamento ou do desempenho de uma pessoa. 11 Para tanto devem ser observadas determinadas características do desempenho que servirão como indicadores do desenvolvimento da aprendizagem ou da aquisição de uma habilidade. A característica principal é quando o desempenho da habilidade melhorou, durante um período de tempo no qual houve a prática, tornando- se, assim, mais capaz de desempenhar a habilidade do que era anteriormente. A melhoria do desempenho deve ser marcada por certas características: • O desempenho deve ser, como resultado da prática, persistente, ou seja, relativamente constante. Deve ser duradoura no tempo. catracalivre.com.br • As flutuações do desempenho devem ser cada vez menores, ocorrendo menos variabilidade. Aprendizagem é uma mudança no estado interno do indivíduo, que é inferida de uma melhora relativamente permanente no desempenho como resultado da prática. 4.1 Modelo de aprendizagem motora Segundo Fitts & Posner (1967), durante a aprendizagem de uma habilidade um indivíduo passa por três estágios: cognitivo, associativo e autônomo. Dentre as 12 diversas características de cada estágio, uma importante mudança decorrente da prática ocorre nos processos da atenção. • 1 - Estágio Cognitivo - Se caracteriza por uma grande quantidade de atividade mental e intelectual. O principiante costuma responder às técnicas ou estratégias, apresentando grande número de erros grosseiros no desempenho; • 2 - Estágio Associativo - A atividade cognitiva envolvida na produção de respostas decai. Mecanismos básicos da habilidade foram aprendidos até certo ponto. O aprendiz está concentrado em refinar a habilidade. Detecta alguns dos seus erros. A variação de desempenho começa a decrescer; • 3 - Estágio Autônomo - As habilidades são aprendidas a um tal grau que respostas são geradas de maneira quase automática. Desenvolve capacidade para detectar seus erros e que espécies de ajustes são necessários para corrigir os erros. A variação do desempenho de dia a dia já se torna muito pequena. É importante entender esses estágios de aprendizagem para determinação de estratégias instrucionais apropriadas a serem utilizadas ao ensinar habilidades motoras. O desempenho inicial na aprendizagem nem sempre permite predizer com precisão o desempenho posterior. O desempenho posterior deve ser considerado a partir de: a) determinação das capacidades relacionadas com a tarefa; b) motivação para ter sucesso e para continuar a aprender a habilidade; c) instrução inicial deve enfatizar os fundamentos importantes da habilidade a ser aprendida; d) quantidade de tempo de prática disponível do indivíduo é importante na determinação do sucesso posterior. Esses fatores além de serem valiosos na previsão do desempenho futuro, são geradores de informações para determinar o que deve ser incluído no plano de instrução, para ajudar o estudante a desenvolver seu potencial. 13 5 APRENDIZAGEM E MOTIVAÇÃO Dentre todos os fatores que influenciam no processo de aprendizagem, o mais importante deles é, sem dúvida, a motivação. A motivação ganhou importância já na década de 1950, quando gestores perceberam que alguns fatores influenciavam na produtividade e nos resultados da empresa. Segundo o autor, a motivação humana no ambiente de trabalho é sensível a diversos fatores, entre os quais, as limitações culturais, os objetivos individuais, os métodos de diagnósticos e intervenção variáveis de análise. (SANTOS, 2014, p. 123). Para Chiavenato (2010), é difícil definir exatamente o conceito de motivação, uma vez que tem sido utilizado com diferentes sentidos. De modo geral, motivo é tudo aquilo que impulsiona a pessoa a agir de determinada forma ou, pelo menos, que dá origem a um comportamento específico. No contexto educacional, tem função ativadora e estimulante no comportamento já que mobiliza recursos internos, permitindo que o aluno se envolva de forma mais profunda e empenhada na aprendizagem. Assim, motivação é a energia para a aprendizagem, o convívio social, os fatos da superação, da participação, da conquista, da defesa, do desenvolvimento cognitivo entre outros. É um fator importante no processo de ensino e aprendizagem por movimentar indivíduos para a ação. É ela que impulsiona o indivíduo a agir, a buscar novos conhecimentos, novas experiências. Sem motivação não há aprendizagem. Podem existir os mais diversos recursos para a aprendizagem, mas se não houver motivação ela não acontecerá. É necessário identificar os fatores motivacionais como também às estratégias de aprendizagem que despertem no aluno o desejo de aprender e seu comprometimento com o processo e, assim, realizar com eficiência sua aprendizagem. Para Piaget: “A criança, como o adulto, só executa alguma ação exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sob a forma de uma necessidade.” (1967, p.16). A motivação atua de forma construtiva na aceleração do raciocínio e necessidade do educando de expor seus conhecimentos e ideias. 14 5.1 Funções dos motivos A motivação existe quando o indivíduo se propõe a emitir um comportamento desejável para um determinado momento em particular. O indivíduo motivado é aquele que se dispõe a iniciar ou continuar o processo de aprendizagem. São três as funções mais importantes dos motivos: img.stpu.com.br • Os motivos têm a função de manter ativo o organismo para que a necessidade que gerou o desequilíbrio seja satisfeita; • Os motivos dão direção ao comportamento para que os objetivos sejam alcançados, definindo quais os mais adequados para conduzir a ação; • Os motivos fazem a seleção das respostas que satisfazem as necessidades para que possam ser reproduzidas posteriormente, quando situações semelhantes se apresentarem. 5.2 Teorias da Motivação As Teorias da Motivação foram desenvolvidas na segunda metade do século XX, e estão em constantepesquisa. Muitos estudiosos caracterizam estas teorias como sendo estudo de satisfação, pois visam medir o índice de motivação das 15 pessoas, baseadas em suas necessidades e aspirações. São quatro as linhas teóricas que abordam a questão da motivação dentro da Psicologia. 5.3 Teoria do condicionamento Segundo esta teoria, para que o indivíduo seja motivado a emitir determinado comportamento, é preciso que esse comportamento seja reforçado seguidamente. A aprendizagem só acontece caso haja a associação de determinada resposta a um reforço, até que o indivíduo fique condicionado. Em outras palavras, uma necessidade (estímulo) leva a uma atividade (resposta) que a satisfaz, e aquilo que satisfaz ou reduz a necessidade serve como reforço da resposta. Isto é, o indivíduo age para alcançar um reforço que vai satisfazer sua necessidade. De acordo com a teoria do condicionamento, só há motivação para aprender em sala de aula na medida em que as matérias oferecidas estiverem associadas a reforços que satisfaçam certas necessidades dos alunos. 5.4 Teoria cognitiva A teoria cognitiva, ao contrário da teoria do condicionamento que considera a aprendizagem como resultado de uma série de estímulos externos para reforço do comportamento, dá maior importância a aspectos internos, racionais, como: objetivos, intenções, expectativas e planos do indivíduo. A teoria cognitiva considera que, como ser racional, o homem decide conscientemente o que quer ou não quer fazer. Pode interessar-se pelo estudo da matemática por compreender que esse estudo lhe será útil no trabalho, na convivência social, ou apenas para satisfazer sua curiosidade ou porque se sente bem quando estuda matemática. 5.5 Teoria humanista Para Maslow, um dos principais formuladores desta teoria, o comportamento humano pode ser motivado pela satisfação de necessidades biológicas, mas que toda 16 motivação humana não poderia ser explicada em termos de privação, necessidade e reforçamento. Para Maslow existe uma hierarquia de necessidades que vão se manifestando à medida que as necessidades básicas, consideradas por ele de ordem inferior, são satisfeitas e, que evoluem em direção a necessidades de ordem superior. Quando não há alimento, o homem vive apenas pelo alimento. Mas o que acontece quando o homem consegue satisfazer sua necessidade de alimento? Imediatamente surgem outras necessidades, cuja satisfação provoca o aparecimento de outras. Esquematicamente, Maslow construiu uma pirâmide, que segundo ele, localiza está hierarquia de sete conjuntos de motivos-necessidades: • Necessidades fisiológicas – um indivíduo com as necessidades fisiológicas oxigênio, líquido, alimento e descanso – insatisfeitas tende a comportar-se como um animal em luta pela sobrevivência. É a satisfação dessas necessidades que permite ao indivíduo dedicar-se a atividades que satisfaçam necessidades de ordem social; • Necessidade de segurança – é o comportamento manifesto diante do perigo e de situações estranhas e não familiares. É essa necessidade que orienta o organismo na ação rápida em qualquer situação de emergência, como doenças, catástrofes naturais, incêndios, etc. • Necessidade de amor e participação – expressa-se no desejo de todas as pessoas de se relacionarem afetivamente com os outros, de pertencerem a um grupo. • Necessidade de estima – leva-nos à procura de valorização e reconhecimento por parte dos outros. Quando essa necessidade é satisfeita, sentimos confiança em nossas realizações, sentimos que temos valor para os outros, sentimos que podemos participar na comunidade e ser úteis. • Necessidade de realização – expressa-se em nossa tendência a transformar em realidade o que somos potencialmente, a realizar nossos planos e sonhos, a alcançar nossos objetivos. A satisfação da necessidade de realização é sempre parcial, na medida em que sempre temos projetos inacabados, sonhos a realizar, objetivos a alcançar. 17 • Necessidade de conhecimento e compreensão – é a curiosidade, a exploração e o desejo de conhecer novas coisas, de adquirir mais conhecimento. Essa necessidade é mais forte em uns do que em outros e sua satisfação se realiza através de análises, sistematizações de informações, pesquisas, etc. Essa talvez devesse ser a necessidade específica a ser atendida pela atividade escolar. • Necessidade estética – manifesta-se através da busca constante da beleza. Essa necessidade, segundo Maslow, parece ser universal em crianças sadias e a escola pode contribuir muito para sua satisfação. www.dicasdeescrita.com.br 5.6 Teoria psicanalítica Para a teoria psicanalítica, criada por Sigmund Freud, as primeiras experiências infantis são os principais fatores a determinar todo o desenvolvimento posterior do indivíduo. A maior parte dos motivos seriam, assim, inconscientes. Quando criança, 18 todo indivíduo tem uma série de impulsos e de desejos que procura satisfazer. Entretanto, muito desses impulsos e desejos não podem ser satisfeitos, em virtudes das sanções sociais. Assim, eles são reprimidos para o inconsciente e lá se organizam a fim de se manifestarem de outra forma, de uma maneira que não contrarie as normas sociais. Na prática clínica, Freud, pesquisando sobre causas e funcionamento das neuroses, descobriu que a grande maioria dos pensamentos e desejos reprimidos eram de ordem sexual, localizados nos primeiros anos de vida do indivíduo. Na vida infantil estavam as experiências traumáticas, reprimidas que originavam os sintomas atuais. Essas ocorrências deixavam marcas profundas na estrutura da personalidade. Freud, então, coloca a sexualidade no centro da vida psíquica e postula a existência da sexualidade infantil. 6 TEORIAS DA APRENDIZAGEM As teorias da aprendizagem se caracterizam como uma área bem específica dentro da psicologia teórica na tentativa de fundamentar como surge a natureza essencial do processo de aprendizado. Serão apresentadas a seguir as principais teorias que procuram compreender e explicar o processo de aprendizagem: 6.1 Watson e o Behaviorismo No início de nosso século, vários psicólogos preocupavam-se em fornecer à Psicologia foros de ciência. Tal tentativa já havia sido feita pelos adeptos das ideias de Wundt, criador da Psicologia Fisio1ógica; nos Estados Unidos, J.B. Watson insistia em que o corpo voltasse a centralizar os estudos psicológicos e propunha que a Psicologia mudasse seu foco da consciência para o comportamento. O objetivo de Watson era que a ciência psicológica se interessasse por indícios publicamente verificáveis, ou seja, dados abertos à observação de outros, estudados por diversos pesquisadores, que poderiam chegar a conclusões uniformes. Watson foi iniciador da escola behaviorista. Ele considerava a pesquisa animal a única verdadeira, pela sua possibilidade de verificação empírica. Propunha a abolição dos métodos introspectivos, devido à sua falta de objetividade. Rejeitava o 19 estudo da consciência e atacava veementemente a análise da motivação em termos de instintos. Na sua época, era frequente admitir que muitos comportamentos fossem inatos e constituíssem instintos. Watson propôs a tese de que herdamos apenas estrutura física e alguns reflexos. Três tipos de reação emocional são inatos: medo, cólera e amor; todas as outras reações emocionais são aprendidas em associação com eles, através de condicionamento. A influência de Watson foi tão grande, que a maioria das teorias que se seguiram foram behavioristas e, portanto, preocupadas com os fatores puramente objetivos, baseando-se na pesquisa com animais e preferindo a análise do tipo estímulo-resposta. psicoativo.com 6.2 Teoria do condicionamento clássico O fisiologista russo Ivan P. Pavlov (1849-19360), estava interessado em descobrir princípios do funcionamento das glândulassalivares e usava cães em suas experiências. Em uma de suas experiências um fato em particular chamou sua atenção. Pavlov verificou os animais salivavam, de maneira abundante, não apenas a vista e cheiro do alimento, mas também na presença de outros estímulos associados a ele, como o som de passos fora da sala, na hora da alimentação. Desta forma ele 20 chegou à conclusão de que o reflexo salivar, provocado normalmente pela presença do alimento na boca, também podiam ser provocados por outros estímulos associados aos alimentos. Começou, então, a relacionar o alimento a outros estímulos, originalmente neutros quanto à capacidade de provocar a salivação, como a luz de uma lâmpada ou o som de uma campainha. Verificou que, se o alimento fosse muitas vezes precedido destes estímulos, o cão passaria a salivar também na sua presença. A esta reação Pavlov denominou: reflexo condicionado. Posteriormente, os psicólogos passaram preferir a expressão – resposta condicionada -, uma vez que este tipo de aprendizagem não se limita só aos comportamentos reflexos. 6.3 Teoria do condicionamento operante O psicólogo americano B. F. Skinner, nascido em 1904, fez uma distinção entre dois tipos de comportamentos: as respostas provocadas por um estímulo específico e aquelas que são emitidas sem a presença de um estímulo conhecido. Ao primeiro tipo de respostas Skinner chamou – respondente-; e ao segundo – operante. O comportamento respondente é automaticamente provocado por estímulos específicos como, por exemplo, a contração pupilar mediante uma luz forte. O comportamento operante, no entanto, não é automático, inevitável e nem determinado por estímulos específicos. Assim, caminhar pela sala, abrir uma porta, cantar uma canção, são comportamentos operantes, já que não se pode estipular quais os estímulos que os causaram. O que caracteriza o condicionamento operante é que o reforço não ocorre simultaneamente ou antes da resposta (como no condicionamento clássico) mas sim aparece depois dela. A resposta deve ser dada para que depois surja o reforço, que, por sua vez, torna mais provável nova ocorrência do comportamento. A aprendizagem não se constitui, como no condicionamento clássico, em uma substituição de estímulo, mas sim em uma modificação da frequência da resposta. 21 6.4 Teoria da aprendizagem por ensaio e erro Este tipo de aprendizagem foi primeiramente estudado por Edward Lee Thorndike (1874-1949), psicólogo americano. Seus experimentos foram feitos com animais, preferencialmente gatos. Um gato faminto era colocado em uma gaiola com o alimento à vista do lado de fora. O gato ao tentar sair da gaiola para conseguir o alimento produzia uma série de ensaios ou tentativas. Ocasionalmente, ele tocava na tranca que abria a gaiola e o alimento era alcançado. O experimento era repetido durante alguns dias e o gato, ia, aos poucos, eliminando os ensaios infrutíferos para sair da gaiola, coisa que conseguia em cada vez menos tempo, até que nenhum erro mais era cometido e o gato saia da gaiola com apenas um movimento preciso: o de abrir a tranca. O ensaio e erro é um tipo de aprendizagem que se caracteriza por uma eliminação gradual dos ensaios ou tentativas que levam ao erro e à manutenção daqueles comportamentos que tiveram o efeito desejado. Thorndike formulou, a partir de seus estudos, leis de aprendizagem, das quais se destacam a lei do efeito e a lei do exercício. A lei do efeito, afirma que um ato é alterado pelas suas consequências. Assim, se um comportamento tem efeitos favoráveis, é mantido; caso contrário, eliminado. A lei do exercício propõe que a conexão entre estímulos e respostas é fortalecida pela repetição. Em outras palavras, a prática, ou exercício, permite que mais acertos e menos erros sejam cometidos como resultado de um comportamento qualquer. Pode-se notar a semelhança existente entre este tipo de aprendizagem e o condicionamento operante. Alguns autores, porém, estabelecem uma diferença, afirmando que o ensaio e erro é mais complexo, já que envolve a intenção do indivíduo na aquisição de algum efeito específico. 6.5 Teoria da aprendizagem cognitiva Para John Dewey a aprendizagem deve estar vinculada aos problemas práticos aproximando-se o mais possível da vida cotidiana dos alunos. À escola cabe preparar seus alunos para a vida democrática, para a participação social, deve praticar a democracia dentro dela, dando preferência à aprendizagem por descoberta. 22 Para Dewey, seis são os passos que caracterizam o pensamento científico: • Tornar-se ciente do problema – É necessário que o problema proposto tenha significado para o indivíduo. O problema deve ser transformado em uma necessidade individual que lhe proporcione estímulos suficientes; s-media-cache-ak0.pinimg.com • Esclarecimento do problema – Consiste na coleta de dados e informações sobre o problema proposto. É onde vai se selecionar a melhor forma de atacar o problema, através dos recursos disponíveis; • Aparecimento da hipótese – São as possibilidades que surgem para a provável solução do problema. As hipóteses costumam surgir após um longo período de reflexão sobre o problema e suas implicações, a partir dos dados coletados na etapa anterior. • Seleção da hipótese mais provável – É o confronto da hipótese com o que se conhece do problema. Passando de uma hipótese a outra na medida que vão se mostrando ineficazes para a resolução do problema uma hipótese verifica-se outra; • Verificação de hipótese - É na prática que acontece a verdadeira prova da hipótese que será comprovada na ação; • Generalização – Em situações posteriores semelhantes, uma solução já encontrada poderá contribuir para a formulação de hipótese mais realista. 23 A capacidade de generalizar consiste em saber transferir soluções de uma situação para outra. 6.6 Teoria da aprendizagem fenomenológica As significações produzidas pelos indivíduos são, para teoria fenomenológica, assim como a teoria cognitiva, acima descritas, e a teoria da gestalt, que veremos mais adiante, de grande relevância para compreensão do processo de aprendizagem. A criança é vista como um ser que aprende naturalmente. A aprendizagem só acontece a partir do material que se vincule a experiência do indivíduo. Assim, existem alguns passos que devem para facilitar a aprendizagem do indivíduo, a partir de sua própria experiência. • Proporcionar aos alunos oportunidades de pensamento autônomo, criando um clima de diálogo, que os encoraje a expressar suas opiniões e a participar das atividades do grupo; • Os alunos devem desenvolver suas atividades em acordo com o ritmo pessoal. O êxito e a aprovação sendo considerados a partir das realizações individuais; • Oferecer aos alunos a oportunidade de utilizar um impulso universal presente em todos os seres humanos, no sentido de concretizar suas próprias potencialidades. Sem podá-los em uma camisa de força, prendendo-os à competição artificial e ao rígido sistema de notas. 6.7 Teoria da aprendizagem da Gestalt Os psicólogos que preconizaram a teoria da Gestalt, como Köhler, Koffka, defendiam que a experiência e a percepção são mais importantes que as respostas específicas no processo de aprendizagem. Segundo eles a aprendizagem acontece através de insight, que se constituem em uma compreensão súbita para solução de problemas. Mas para que isso ocorra existe a necessidade de experiências anteriores vinculadas ao problema e só acontece em consequência de uma organização permanente da experiência, que permite a percepção global dos elementos significativos. 24 7 TRANSFERÊNCIA DA APRENDIZAGEM videoaula.cefac.br/ 7.1 Conceito e importância da transferência A transferência da aprendizagem tem sido um dos fenómenos mais activamente estudados em Psicologia (Detterman, 1996). Foi consideradoo tema mais importante na psicologia da aprendizagem e um dos problemas mais importantes da aprendizagem. A transferência de aprendizagem acontece quando o indivíduo é capaz de transmitir o material retido em uma primeira experiência para as próximas experiências. É a influência de um órgão ou capacidade, sobre outra capacidade ou órgão, ainda não exercitado. É considerada a arte de colocar habilidades em prática. Podemos assim, falar de transferência da aprendizagem, que pode ser entendida como a influência que a aprendizagem anterior exerce no desempenho de uma nova aprendizagem. A transferência da aprendizagem tem sido colocada em lugar de destaque em vários domínios, nomeadamente, ao nível da Psicologia e da Educação. Olhando para o século XXI, Schoenfeld (1999) diz-nos que na investigação em educação, a aprendizagem e a transferência são áreas onde é necessário fazer- se um progresso significativo ao nível do desenvolvimento teórico, com vista à prática. A experiência é aprendida em seu conjunto e transferida como tal para uma situação http://videoaula.cefac.br/cursos.php?cat=36 25 nova, quando há identidade de estrutura ou função entre as situações. É o problema de transportar e de aplicar em uma situação conhecimentos, habilidades, ideais, valores, hábitos e atitudes, adquiridos em outros setores, ou situações de vida. Este problema afeta diretamente o conteúdo e método de ensino. Porque se acreditamos que, a aprendizagem é uma função tão específica que só é aplicável à matéria ou à habilidade diretamente envolvida, a orientação do ensino será diferente de quando se venha acreditar que a aprendizagem é um processo geral, que permite transferência a uma variedade ampla de áreas de atividades. Dessa forma, no que respeita à transferência, a questão essencial centra-se em compreender o modo como nós usamos o conhecimento em circunstâncias diferentes daquelas em que adquirimos esse conhecimento. A transferência é omnipresente, a cada momento, fazemos conexões, adaptamo-nos ao meio, transpomos aquilo que já aprendemos para situações novas, transferindo assim, pelo menos em algum grau, aquilo que antes foi aprendido. 7.2 Transferência positiva e negativa www.friendshipcircle.org Dizemos que houve uma transferência positiva quando uma aprendizagem anterior favorece uma nova aprendizagem. Dizemos que houve uma transferência negativa quando uma aprendizagem prejudica outra aprendizagem posterior. “Existe 26 transferência quando a aprendizagem da tarefa A influencia a aprendizagem da tarefa B. A transferência pode ser positiva ou negativa. Quando a aprendizagem de A facilita a aprendizagem de B, diz-se que houve transferência positiva; quando a aprendizagem de A inibe a aprendizagem de B, ocorre transferência negativa” (Sprinthall & Sprinthall, 2001, p. 249). A transferência da aprendizagem pode assumir formas na medida em que o desempenho numa primeira tarefa pode ajudar ou facilitar, dificultar ou inibir. 7.3 Teorias da transferência As teorias da transferência da aprendizagem tiveram sua origem nas críticas à teoria da disciplina formal. A teoria da disciplina formal concebia a mente composta de faculdades, tais como: memória, raciocínio, vontade, atenção. Assim, bastava que estas “faculdades da mente” fossem, adequadamente, treinadas para que funcionassem igualmente bem em todas as situações, mesmo que a aprendizagem houvesse ocorrido em uma situação particular. O ensino de latim, por exemplo, treinava a capacidade de raciocínio lógico para qualquer tipo de situação. Na teoria da disciplina formal, a ênfase não se vinculava, de maneira específica, na matéria. Era mais importante para a educação a forma da atividade do que o conteúdo em si mesmo. A educação, seria então, em grande medida, uma questão de exercitar ou disciplinar a mente, de acordo com rigorosos exercícios mentais nos autores clássicos, em lógica, matemática, etc. Contudo, William James (1890), em um trabalho experimental conclui que a melhora da memória consistia, não em qualquer melhora na retenção, mas no aperfeiçoamento do método de memorizar. Este experimento foi o ponto de partida para experiências posteriores, cujos resultados vieram contrariar a doutrina da disciplina formal. 7.4 Teoria dos elementos idênticos Tem como autor Thorndike. Afirma que há transferência de aprendizagem quando se verifica identidade de CONTEÚDO (Exemplo: a análise lógica em uma língua auxilia na aprendizagem de outra.); de MÉTODO ou PROCESSO (Exemplo: o 27 estudo de uma lição, lendo o conjunto e depois repetindo trechos difíceis é processo que faculta o estudo de outra lição do mesmo tipo.); de ATITUDE (Exemplo: o hábito de aprender teoremas depois de algum esforço leva o indivíduo a esperar dominar com esforço novo teorema.); de GENERALIDADES de fatos compreendidos (Exemplo: regras, princípios, leis, etc., induzidos e aplicados a seguir a casos particulares diversos, habilitam o indivíduo a aprender outros casos particulares, pelo pensamento dedutivo). Nesta teoria a transferência é a repetição, em uma nova situação, de uma reação já aprendida anteriormente. 7.5 Teoria da generalização da experiência Nesta teoria, que tem Judd como precursor, os fatores mais importantes são: o Método de Ensino ou de Estudo e Grau de Auto Atividade despertada no aluno. A matéria ou conteúdo a ser aprendidos é de muito pouco importância. Esta teoria preconiza que, a função da educação é treinar a inteligência, internalizar o método científico, assistir os alunos a abstrair o geral e essencial dos aspectos particulares e acidentais em suas experiências. Esta teoria enfatiza a aplicabilidade de princípios e generalizações a situações variadas e diversas. A repetição do experimento original de Judd, por outros estudiosos, conclui que as crianças acostumadas com o princípio da refração da luz foram mais capazes de atingir um alvo submerso na água do que crianças que não conheciam o princípio. 28 www.hmhco.com 7.6 Teoria dos ideais de proceder O autor desta teoria, Bagley, considera que a generalização não representa tudo, mas que deve ser associada a um ideal e possuir um conteúdo emocional. Para Bagley, a aprendizagem de hábitos de ordem, por exemplo, não se transfere da aritmética para a ortografia, mas que, se a aprendizagem de tais hábitos for considerada um ideal, e enfatizada pelo professor, será transferida para outros assuntos, sem que seja preciso referência especial sobre os mesmos. Esta teoria acentua a transferência através da formulação de ideais e atitudes generalizadas, constituindo outra versão da teoria da generalização da experiência. 7.7 Teoria da Gestalt Esta teoria enfatiza outro aspecto do conceito de generalização. Para seus partidários, quanto maior o significado de uma experiência, tanto mais rica sua conceituação e mais profunda a sua compreensão, maiores serão suas possibilidades de transferência. Para os gestaltistas, o discernimento (Insight) das relações entre os elementos da situação é o meio que garante a aprendizagem e é este conhecimento das relações que se transfere na aprendizagem. Os gestaltistas explicam a transferência através do que denominam “transposição”. Por exemplo, determinada canção ouvida em certo tom pode ser reconhecida em outro, ainda que todos os componentes da canção sejam diversos. Identicamente, gatos treinados a comer no prato maior, quando encontram outros dois pratos, onde o que era maior é agora o menor dos dois, comem no maior e não naquele no qual aprenderam a comer. Os gatos reagem não às partes, os pratos, mas à relação maior-menor, que continua existindo. Esta teoria preconiza que, a função da educação é treinar a inteligência, internalizar o método científico, assistir os alunos a abstrair o geral e essencial dos aspectos particulares e acidentaisem suas experiências. Esta teoria enfatiza a aplicabilidade de princípios e generalizações a situações variadas e diversas. 29 A repetição do experimento original de Judd, por outros estudiosos, conclui que as crianças acostumadas com o princípio da refração da luz foram mais capazes de atingir um alvo submerso na água do que crianças que não conheciam o princípio. 8 BIBLIOGRAFIAS BARROS, Célia S.G. Pontos da Psicologia Geral. SP: Ática, 1995. BERK, L.E. (2010). History, theory, and research strategies. 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São Paulo: Martins Fontes, 2007. (Coleção Psicologia e Pedagogia). 9 ARTIGO PARA REFLEXÃO Nome do autor: Jeniffer Satie Vaz Ogasawara Disponível em: http://www.uneb.br/salvador/dedc/files/2011/05/Monografia-Jenifer-Satie-Vaz- Ogasawara.pdf Acesso: 17 de junho de 2016 O CONCEITO DE APRENDIZAGEM DE SKINNER E VYGOTSKY: UM DIALÓGO POSSÍVEL RESUMO Muitas são as teorias de aprendizagem existentes, atualmente, no âmbito acadêmico. Isso se deve ao fato de cada teórico escolher estudar os aspectos que acreditam ser essenciais para as questões da educação. Contudo, sabe-se que nenhuma delas esgota e explica todos os questionamentos dessa área de conhecimento. Esse estudo versa sobre duas dessas teorias com o objetivo geral de discutir a relação entre as teorias de aprendizagem de Skinner e Vygotsky e suas contribuições para o processo ensino-aprendizagem. Assim, fez-se necessário descrever o conceito de aprendizagem de Skinner e Vygotsky, apontando as suas implicações pedagógicas, para em seguida comparar os principais pressupostos de cada teoria. Para atender aos objetivos deste estudo comparativo utilizou-se da pesquisa exploratória do tipo bibliográfica. Buscou-se, então, fazer um levantamento sobre as principais obras dos autores escolhidos, para em seguida destacar os principais conceitos envolvidos na questão da aprendizagem. Diferentemente da idéia difundida na comunidade acadêmica, esclareceu-se que as abordagens possuem vários pontos de convergência, mas que também divergem em alguns aspectos. Uma conclusão obtida com a realização deste trabalho se refere ao conceito principal de cada autor para o entendimento do processo de ensino - aprendizagem. Espera-se que este trabalho possa contribuir para um melhor entendimento da teoria de Skinner bem como, explique alguns equívocos difundidos sobre sua abordagem, contribuindo também para ampliar a compreensão geral sobre as diferentes abordagens para o conceito de aprendizagem facilitando a prática pedagógica. Palavras-chaves: Teoria de Aprendizagem; Skinner; Vygotsky; Prática pedagógica. INTRODUÇÃO Inúmeros são os teóricos que discutem a teoria da aprendizagem. Cada um destes define e aponta os principais focos que devem ser analisados para o 32 entendimento do assunto. Bock, Furtado e Teixeira (2000) colocam como principais pontos abordados pelos estudiosos que se propõem a estudar esse processo a natureza e os limites da aprendizagem, como também a participação dos aprendizes e a motivação durante o processo. Outro ponto bastante discutido é a importância do outro na aquisição de novos conhecimentos. Na tentativa de explicar a existência de diversos resultados para pesquisas que se referem ao campo da Psicologia, Cunha (1998) expõe que nessa ciência os paradigmas são vistos como revolucionários e inéditos, pois são muito diferentes entre si. Isto ocorre, pois, cada teórico acaba por encaminhar suas pesquisas de acordo com o que acredita ser essencial. Dentre os autores que estudaram a aprendizagem, aparecem Vygotsky e Skinner, os escolhidos para o desenvolvimento deste trabalho. Esses autores são considerados opostos no que se refere às ideias que desenvolveram sobre o tema da aprendizagem, principalmente, pelo fato dos teóricos pertencerem a abordagens diferentes da psicologia. O primeiro ficou mais conhecido por sua ênfase nas questões cognitivas e do desenvolvimento humano, já o segundo focou seu trabalho para o estudo do comportamento. Contudo, ao analisar mais detalhadamente os escritos de cada um sobre o tema, é possível perceber inúmeras semelhanças das suas formas de pensamento. Desse modo, o objetivo geral desse estudo é discutir a relação entre as teorias de aprendizagem de Skinner e Vygotsky e suas contribuições para o processo ensino aprendizagem. Para isso, faz-se necessário descrever o conceito de aprendizagem de Skinner e Vygotsky, apontando as suas implicações pedagógicas e em seguida, faz-se uma comparação dos principais conceitos propostos por ambos. Para atender aos objetivos, este trabalho teve como delineamento de estudo a pesquisa exploratória do tipo bibliográfica. A necessidade da elaboração desse estudo teórico-comparativo foi sentida ao se perceber a existência de equívocos difundidos na Faculdade de Educação sobre os estudos de Skinner que, muitas vezes, são infundados ou repletos de desconhecimento sobre o autor. Confunde-se o que foi desenvolvidopor ele com os escritos de seus antecedentes dentro da filosofia behaviorista na prática docente sobre o estudo do conceito de aprendizagem, para os alunos do curso de pedagogia da Universidade do Estado da Bahia – UNEB. 33 A formação no curso de Psicologia permitiu que a autora do presente trabalho possuísse um conhecimento mais aprofundado da teoria behaviorista, sentindo-se responsável por contribuir para uma melhor compreensão da análise do comportamento e da sua filosofia, o behaviorismo radical. Para tanto, buscou-se desmitificar alguns conceitos ao compará-los à obra de Vygotsky, já que esta possui uma grande aceitação na área de Educação. Tentou-se, assim, mostrar que a teoria de Skinner não ocupa um lugar de oposição em relação a alguns pensamentos elaborados por Vygotsky. Gioia (2004) afirma que a propagação de ideias imprecisas ou insuficientes do behaviorismo radical conduz a um desconhecimento das contribuições que a análise do comportamento poderia oferecer sobre a relação do indivíduo com o ambiente. A autora destaca ainda que, dentre os contextos de interação, o ambiente escolar é o que poderia receber maiores benefícios em função do papel da educação na sociedade e da importância dada por Skinner a esse aspecto. Assim, as informações imprecisas sobre o behaviorismo impedem que os futuros professores se apropriem das ideias dessa abordagem, o que dificulta a sua utilização em contextos adequados. Apesar disso, Gioia (2004) afirma que esses dados errôneos trazem consequências ainda piores quando formam opiniões preconceituosas, pois são propagadas sempre da mesma forma no ambiente acadêmico e escolar. Reafirmando essa idéia, Cunha (1998) expõe que “o que se observa no dia-a- dia das salas de aula é que os professores possuem uma capacidade insuperável para transformar os pressupostos de qualquer ciência da educação e adequá-los às suas características e possibilidades pessoais”. A grande aceitação da teoria de Vygotsky se deve ao fato dessa ser considerada a mais adequada para os moldes de educação que se pensa nos dias atuais. Utilizando-se da boa aceitação da teoria vygotskyana no ambiente dos cursos de educação, procurou-se estabelecer a relação desta com a teoria de Skinner, tentando, assim, aproximar os educadores da leitura da obra deste último. Outra relevância de relacionar as teorias consiste no fato de que, para a educação, não existe uma única teoria que responderá a todas as dúvidas e questões vividas no contexto de sala de aula. Coll (1997) aponta uma saída para essa situação ao expor que se deve fugir de uma junção impensada das teorias, ao mesmo tempo, 34 não se apegar unicamente a contribuições de apenas uma abordagem. Deve-se perceber no contexto educacional qual a teoria traria melhores resultados e utilizar as contribuições pertinentes a essa prática educativa. Percebe-se, com isso, que o conhecimento sobre as múltiplas teorias da aprendizagem pode auxiliar o trabalho do professor, uma vez que, tendo propriedade sobre as contribuições que cada uma destas teorias pode oferecer é possível trabalhar com a integração das mesmas. Vale ressaltar que, para trabalhar com inúmeras abordagens, é necessário que o professor tenha um processo reflexivo sobre a sua prática. Integrar as teorias significa relacioná-las e não simplesmente juntar as suas ideias. O presente estudo é composto por três capítulos. O primeiro aborda o trabalho desenvolvido por Skinner, seus antecedentes históricos e teóricos, o conceito de aprendizagem e a importância do professor no processo. Buscou-se desenvolver as mesmas ideias no segundo capítulo sobre o pensamento de Vygotsky. Por fim, o terceiro capítulo faz a interrelação dos principais pontos discutidos sobre os dois autores. APRENDIZAGEM SEGUNDO SKINNER Burrhus Frederic Skinner nasceu em 1904 na cidade de Susquehanna, no Estado da Pennsylvania, Estados Unidos. Concluiu o segundo grau em 1922, no mesmo ano entrou na universidade Hamilton College. Graduou-se em literatura inglesa e línguas românicas, em 1926, e, com essa formação, Skinner decidiu ser escritor. Essa idéia foi abandonada em 1928 quando resolveu fazer o curso de pós- graduação em Psicologia, se inscrevendo no programa de Psicologia Experimental, em Harvard University. Obteve os títulos de Mestrado e Doutorado, em 1930 e 1931, respectivamente. Após o doutoramento, permaneceu em Harvard, até 1936, com um apoio financeiro para fazer pesquisas. Após isso, mudou para Minneapolis para assumir as atividades de professor e de pesquisador na University of Minnesota. Foi lá que Skinner encontrou espaço livre para ensinar e pesquisar o behaviorismo. Tornou-se chefe de departamento de Psicologia da Indiana University, em 1945. Neste local, começou a escrever Verbal Behavior e Walden II, publicados em 1957 e 1948, respectivamente. Em 1948, ele retornou a Harvard como convidado para 35 pesquisar e ensinar naquela Universidade, na qual permaneceu até a sua aposentadoria, em 1974 (CUNHA; VERNEQUE, 2004). Skinner desenvolveu inúmeros estudos científicos sobre o comportamento, a maioria deles utilizando organismos infra-humanos como base comparativa do humano. Assim, desenvolveu instrumentos básicos e construiu uma sistematização para o estudo das relações comportamentais do organismo com seu meio ambiente. Nesse sentido, criou uma metodologia que denominou de Análise Experimental do Comportamento. Após essa organização, Skinner sentiu a necessidade de firmar a sua base filosófica, escrevendo sobre o behaviorismo. Neste livro buscou elucidar as bases epistemológicas e filosóficas da sua ciência (CUNHA; VERNEQUE, 2004). Dentre as teorias que influenciaram o pensamento de Skinner, destacam-se principalmente dois autores: Ivan Petrovich Pavlov e Jonh B. Watson. Assim, para entender o pensamento skinneriano, faz-se necessário um retorno aos seus principais precedentes e influenciadores. O condicionamento operante é um processo no qual se pretende condicionar uma resposta de um indivíduo, seja para aumentar a sua probabilidade de ocorrência ou para extingui-la. No primeiro caso, são apresentados reforços toda vez que o sujeito apresenta a resposta adequada. Vale ressaltar que o conceito de reforço está diretamente ligado a ocorrência da resposta, um estímulo só pode ser considerado reforçador se aumentar a probabilidade do comportamento ocorrer. O reforço pode ser positivo quando é apresentado algo ao indivíduo ou negativo quando se retira algo do ambiente. Percebe-se, com isso, que, diferentemente do que se diz, reforço não é sinônimo de recompensa. APRENDIZAGEM SEGUNDO VYGOTSKY Lev Smenovitch Vygotsky nasceu em 1896 na antiga União Soviética, proveniente de uma família com boas condições financeiras e com um bom nível intelectual, sendo sempre estimulado a ler e pesquisar sobre as coisas de seu interesse. Sua formação intelectual foi feita basicamente em seu ambiente familiar, só indo para a escola aos 15 anos. Estudou em um colégio particular por dois anos, tempo para concluir os estudos secundários. Após a saída do colégio, ingressou na Universidade de Moscou no curso de Direito, que, diferentemente dos padrões que 36 possuímos hoje, era um curso no qual se estudava e discutia questões pertinentes às Ciências Humanas. Frequentou também a Universidade Popular de Shanyavskii, onde aprofundou os seus estudos em Psicologia, Filosofia e Literatura e, apesar disso, não recebeu nenhum título por essa universidade (OLIVEIRA, 1993). Devido à diversidade de assuntos estudados por Vygotsky, inúmeras foram também as áreas da sua atividade profissional, sendo professor e pesquisador das áreas de Psicologia, Filosofia, Pedagogia e Psiquiatria. Apesar de ter vivido apenas até os 37 anos, é grande o número de trabalhos acadêmicos desenvolvidos por este autor.Atualmente as áreas de Psicologia e Pedagogia são as que mais trabalham com as obras deste autor e seus trabalhos mais conhecidos são os que se referem ao desenvolvimento humano (OLIVEIRA, 1993). Faz-se necessário também entender o contexto social vivido por Vygotsky durante a sua elaboração intelectual. É importante salientar que a psicologia na Rússia, assim como em todo o mundo, passava por uma confrontação de correntes contrárias às explicações dos fenômenos psicológicos. A primeira, derivada dos pensamentos de Wundt, descrevia o conteúdo da consciência humana e sua relação com o ambiente externo, acabou sendo modificada pelo primeiro behaviorista, que substituíram o estudo da consciência pelo do comportamento, mas ainda buscando identificar a unidade básica e suas relações na formação de fenômenos mais complexos. A segunda era a psicologia da Gestalt, que se colocava como antagônica à primeira, não acreditando ser possível a explicação dos processos psicológicos por suas unidades básicas. (COLE; SCRIBNER, 2001). Para a teoria de Vygotsky, esse contexto social criou um problema epistemológico que foi apontado por Luria e Leontiev (apud Bruner, 1998), seus principais colaboradores. Esse problema consistia em livrar-se da “batalha pela conscientização” existente no contexto acadêmico. Era necessário “liberar-se, por um lado, do behaviorismo corrente e, por outro, da abordagem subjetiva dos fenômenos mentais enquanto condições subjetivas exclusivamente internas, cuja investigação só pode ser realizada por introspecção” (LURIA; LEONTIEV apud Bruner, 1998, p. 8). APRENDIZAGEM 37 Para o entendimento da aprendizagem segundo os estudos de Vygotsky, será utilizada a definição dada por Oliveira (1993, p. 57), sendo esta “o processo pelo qual o sujeito adquire informações, habilidades, atitudes, valores e etc. a partir do seu contato com a realidade, o meio ambiente e as outras pessoas”. Outro importante ponto a ser citado, logo inicialmente foi também ressaltado, refere-se aos problemas de tradução da obra deste autor. Em Vygotsky, justamente por sua ênfase nos processos sóciohistóricos, a idéia de aprendizado inclui a interdependência dos indivíduos envolvidos no processo. O termo que ele utiliza em russo (obuchenie) significa algo como processo de ensino aprendizagem, incluindo sempre aquele que aprende, aquele que ensina, e a relação entre as duas pessoas. Pela falta de um termo equivalente em inglês, a palavra obuchenie tem sido traduzida ora como ensino, ora como aprendizagem e assim re-traduzida em português (OLIVEIRA, 1993, p. 57). Vygotsky foi um dos primeiros autores a diferenciar o processo de aprendizagem da criança e a formalização escolar. Para este autor, a aprendizagem começa no ingresso à escola. Nessa afirmação, fica claro que, para este teórico, o processo de formalização do conhecimento proposto pela escola não é a única fonte que o sujeito possui para aprender, isso está inato às capacidades humanas, conseguindo assim, aprender com qualquer situação vivida (VYGOTSKY, 2001). Por, a aprendizagem ser algo tão implícito à capacidade humana, acredita-se que exista uma associação desta com o processo de desenvolvimento dessa espécie. Como se sabe, o desenvolvimento ocorre desde a geração do feto, perpassando por toda a vida do homem, sendo finalizado na sua morte. Acredita-se que a aprendizagem também seja um dos processos pelo quais se está sujeito em todos os momentos da vida. O PAPEL DO PROFESSOR Vygotsky afirma que o bom ensino é aquele baseia as suas intervenções pensando no que o sujeito está em fase de maturação, isto é, o que está na zona de desenvolvimento proximal. “O aprendizado deve ser orientado para o futuro, e não para o passado.” (VYGOSTKY, 1998, p. 130). Com a afirmação de Vygotsky, pode-se perceber a necessidade que o professor tem de estar atento àquilo que a criança ainda está em fase de apreensão. 38 As boas atividades de aprendizagem são sempre as que trabalham com os aprendizados ainda não totalmente conquistados pelos alunos. Vygotsky também coloca como um fator crucial para um bom trabalho do professor que este entenda, de forma clara, a formação dos conceitos pelas crianças. Assim, divide conceito em duas categorias: a primeira, os conceitos espontâneos, que são aqueles construídos aleatoriamente ao longo da vida, e os conceitos científicos, os que necessitam de um processo especial para a sua assimilação. Fazendo uma crítica ao ensino tradicional, Vygotsky diz que o ensino que tenha como foco uma transmissão direta de conceitos é ineficiente. Para ele, o professor que baseie seu trabalho nessa passagem direta não conseguirá obter bons resultados, o máximo que irá conseguir são alunos que repetem o que foi aprendido sem que haja uma internalização do conceito utilizado, o que acaba por ser um aprendizado totalmente vazio e sem significado para a vida do sujeito (VYGOTSKY, 1998). CONSIDERAÇÕES FINAIS Essa pesquisa buscou discutir a relação entre as teorias de aprendizagem desenvolvidas por Skinner e Vygotsky. Assim, fez-se necessário descrever os principais conceitos elaborados e defendidos por estes autores nas questões sobre a temática escolhida. Durante a descrição, foi-se percebendo a existência de inúmeras concordâncias e discrepâncias das duas teorias. Apesar disso, buscou-se deixar ainda mais clara esta relação, fazendo-se um capítulo apenas para discutir essa questão. Durante a análise da relação das teorias, foi percebido que os autores convergem no que se refere à necessidade de um desenvolvimento prévio para a programação de atividades que promovam a aprendizagem; à importância dada ao meio social na aquisição de novos conceitos; à aprendizagem e ao papel do professor no processo de ensino-aprendizagem. Percebeu-se, assim, que diferentemente do que são trazidos em alguns livros didáticos que abordam as duas teorias, estas não são opostas, porém, possuem diferenças básicas, como ocorre com qualquer estudo elaborado por pessoas distintas, sendo possível também visualizar semelhanças. Faz-se necessário então 39 propor a utilização de materiais mais condizentes com a realidade teórica e a necessidade de mais trabalhos que se proponham a dialogar com perspectivas tidas como diferentes. No que se refere ao pensamento de Skinner, esse trabalho buscou desmistificar alguns equívocos sobre este autor. Pretende-se que as pessoas, ao terem acesso a este trabalho, se permitam conhecer mais sobre os estudos deste autor, tentando modificar os conhecimentos errôneos que lhes foram transmitidos ao longo do tempo por inúmeras fontes. É importante salientar que, para o curso de Pedagogia, pesquisas deste tipo melhoram o entendimento do processo de aprendizagem, pois permitem a análise 43 mais completa sobre o fenômeno, de forma a poder integrar diferentes abordagens de trabalho. Sabe-se que nenhum trabalho desenvolvido irá esgotar as possibilidades de análise nem fornecerá um entendimento do total. Outro ponto que merece destaque é a necessidade de leituras mais fidedignas sobre o estudo de um autor. Percebe-se que a leitura do autor em seus próprios escritos é sempre mais profunda do que a análise feita por outros autores. Apesar disso, nos cursos de graduação, os alunos costumam apenas trabalhar com os teóricos a partir de seus comentadores. Espera-se que este trabalho contribua para a formação de professores ao propor a integração de diferentes abordagens teóricas, através da compreensão dos conceitos presentes nas duas teorias. O contexto da educação permite que os educadores façam ajustes nas teorias, aplicando-as da forma mais adequada com os alunos. Acredita-se que, se os professores de forma reflexiva e consciente, se valerão dos ganhos teóricos de ambos os autores, muito se tem a ganhar nas práticas educativas.BIBLIOGRAFIAS VIGOTSKY, L. S. Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar. In: VYGOTSKY, Lev Semyonovitch.; LURIA, Alexander Romanovitch.; LEONTIEV, Aleksei Nikolaievitch.; Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 2001. ______. Ciência e Comportamento Humano. São Paulo: Martins Fontes, 2003. 40 ______. Formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 7 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. ______. Sobre o behaviorismo. (M. P. 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