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LEIDIANE DE MESQUITA AS PRINCIPAIS TEORIAS DA PSICOLOGIA APLICADA À EDUCAÇÃO ESCOLAR. PROCESSOS PSICOLÓGICOS DA APRENDIZAGEM. PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO. SÃO PAULO-SP 2020 LEIDIANE DE MESQUITA AS PRINCIPAIS TEORIAS DA PSICOLOGIA APLICADA À EDUCAÇÃO ESCOLAR. PROCESSOS PSICOLÓGICOS DA APRENDIZAGEM. PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO. SÃO PAULO-SP 2020 Trabalho final apresentado à disciplina Psicologia da Educação, como exigência parcial para a obtenção do curso de Programa Especial de Formação Pedagógica R2 – Turma ----, sob a supervisão da Professor(a) ------. Polo: ---------------- SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 3 2. AS PRINCIPAIS TEORIAS DA PSICOLOGIA APLICADAS À EDUCAÇÃO ESCOLAR ........................................................................................................... 4 2.1. Behaviorismo ................................................................................................. 4 2.1.1. Behaviorismo Metodológico ........................................................................... 5 2.1.2. Comportamento Reflexo ................................................................................ 5 2.1.3. Behaviorismo Radical .................................................................................... 6 2.1.4. Condicionamento Reflexo e Operante .......................................................... 6 2.2. Humanismo .................................................................................................... 7 2.3. Transição entre as Teorias Behavioristas e as Teorias Cognitivistas ........... 8 2.4. Cognitivismo ................................................................................................... 9 3. PROCESSOS PSICOLÓGICOS DA APRENDIZAGEM ............................... 14 4. PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO ..................................................... 17 5. CONCLUSÃO ................................................................................................ 20 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 21 3 1. INTRODUÇÃO A importância da Psicologia no processo educacional é tão evidente quanto polêmica, contraditória e atual. Não é sem razão que, em dado momento histórico, apenas uma ou outra abordagem, de acordo com o prestígio alcançado, constitui preferência entre os educadores, instituições, pedagogos e órgãos oficiais que patrocinam o modelo de educação a ser adotado conforme seus critérios e necessidades. O fato é que a formulação de cada abordagem quer pela concepção de homem que contém, quer pelos pressupostos teóricos adotados ou pelos seus desdobramentos práticos, necessariamente implica uma estrutura de política educacional, um conjunto de objetivos específicos na formação acadêmica e um projeto sociocultural contextualizado. As abordagens psicológicas, nessa perspectiva, são muitas, mas nem todas com repercussão significativa no contexto prático-educacional. Os currículos dos cursos de formação de professores, em qualquer nível que seja, abordam temas que dizem respeito à escola, como instituição social, e às relações mantidas pelos agentes envolvidos no processo de ensinar e aprender. Algumas de suas disciplinas respondem pelos fundamentos filosóficos, políticos, sociais e legais do ensino, com ênfase no desenvolvimento histórico da escola e no perfil sociológico e antropológico da clientela. Outras abrangem aspectos teórico-metodológicos que, suplementados por atividades de estágio supervisionado, visam a instrumentalizar a prática docente. Neste universo em que se busca compreender a escola no tempo histórico e nas circunstâncias imediatas da ordem social, bem como discutir as bases epistemológicas da pedagogia, apresentam-se ensinamentos pertinentes à psicologia do educando e do educador para sustentar a relação entre quem ensina, o que é ensinado e quem aprende. A preocupação central do presente trabalho é discorrer sobre como a Psicologia tem servido e pode servir à educação, considerando que, no conjunto das ciências que fundamentam o ensino, ela é vista por muitos como 4 a principal subsidiária, uma ciência auxiliar que teria acabado por assenhorear-se da Pedagogia. O objetivo principal será mostrar as principais teorias da psicologia aplicadas no contexto escolar 2. AS PRINCIPAIS TEORIAS DA PSICOLOGIA APLICADAS À EDUCAÇÃO ESCOLAR O termo “Psicologia” tem origem grega, sendo derivado da junção de duas palavras - Psyché e logos - significando o “estudo da mente ou da alma”. Psicologia, então, pode ser entendida como a ciência que estuda o surgimento e o desenvolvimento dos fenômenos e dos processos psicológicos que motivam e orientam o comportamento humano. Caracteriza-se pelo momento de busca da verdade, no qual o ser humano anseia o aprimoramento de suas ideias pela reflexão e pelo diálogo, num exercício de análise interior para descobrir a verdade. É em sua busca pela verdade que se percebem as ideias psicológicas, pois, para o filósofo, a verdade está em cada indivíduo (PRADO, 2017). A partir do final do século XIX, começaram a surgir tentativas sistemáticas de entender os processos mentais por meios científicos. Uma das primeiras escolas foi a Introspectiva, que tomou para si a tarefa de compreender a consciência humana por meio de processos mentais, estimulando as pessoas a examinarem seus próprios sentimentos e motivações, e tomando-os como passe para generalizações. Um importante representante dessa escola foi William James, filósofo, fisiológico e psicólogo estadunidense, que se valeu de suas experiências para entender conceitos como atenção e memória. Os estudos introspectivos sofreram muitas críticas, ressaltando a esterilidade dos resultados, bem como a subjetividade das pesquisas (BIZERRA, URSI, 2012). 2.1. Behaviorismo O Behaviorismo, também conhecido como comportamentalismo, é uma área da psicologia, que tem o comportamento como objeto de estudo. A 5 palavra tem origem no termo behavior, que em inglês significa comportamento ou conduta. Essa concepção procura responder diversos questionamentos, entre eles: Por que repetimos determinados comportamentos? De quais formas o meio social influencia a nossa conduta? Quais são os fatores que favorecem a aprendizagem? Muitos dos aspectos relacionados ao comportamento humano foram explicados de forma científica a partir dos trabalhos realizados pelos psicólogos behavioristas na primeira metade do século passado. No início do século XX, a psicologia behaviorista se ramificou em algumas áreas que defendiam ideias semelhantes, mas também tinham aqueles que defendiam ideias com determinadas divergências (ALVES, JÚNIOR, 2018). 2.1.1. Behaviorismo Metodológico A ciência behaviorista teve início em 1913 através das teorias desenvolvidas por John Watson. Suas teorias tinham como interesse o Comportamento Reflexo, no qual descartava os pensamentos e as emoções como objetos de estudos pela psicologia, pois, não poderiam ser observados. Watson defendia o estudo do comportamento como função de variáveis do meio. Ou seja, certos estímulos levam o indivíduo a dar determinadas respostas. Tal fato ocorre, porque o indivíduo se ajusta ao seu ambiente por meio de características hereditárias e pelo desenvolvimento de hábitos. O modelo behaviorista coloca o comportamento como objeto de estudo da psicologia; porém, esse modelo, desde Watson até os dias atuais, foi se modificando. Hoje, não se entende comportamento como uma açãoisolada de um indivíduo; mas, sim, como uma interação entre aquilo que o sujeito faz e o ambiente onde o seu fazer acontece (TOCAFUNDO, 2018). 2.1.2. Comportamento Reflexo Comportamento reflexo é todo tipo de ação que não conseguimos conter como, por exemplo, o bocejo, salivação e o espirro. Esse tipo de 6 comportamento foi estudado através de um processo chamado Condicionamento Reflexo, que consiste na prática de um estímulo do qual espera-se a ação reflexa num organismo. Um exemplo desse comportamento é quando se apresenta um prato de comida a um cachorro, apresentando um estímulo sonoro, como o sim de uma campainha, após algumas associações, o som da campainha produzirá uma resposta de salivação independentemente da presença de comida. A salivação em resposta à campainha passa a ser uma resposta condicionada (BIZZERA, URSI, 2012). 2.1.3. Behaviorismo Radical Essa teoria foi desenvolvida por Frederik Skinner em 1945, para o Behaviorismo radical de Skinner, o organismo age no ambiente, daí sua proposta de condicionamento operante. O condicionamento operante refere- se a um procedimento através do qual é configurada uma resposta a um dado organismo através de reforço e ações sucessivas. Ou seja, uma ação gera uma resposta e essa consequência afeta a probabilidade da ação ocorrer novamente; se a consequência for reforçadora, aumenta a probabilidade, se for punitiva, além de diminuir a probabilidade de sua ocorrência futura, gera outros efeitos paralelos. Esse tipo de comportamento, que tem como consequência um estímulo que afete sua frequência (BIZERRA, URSI, 2012; ALVES, JUNIOR, 2018). 2.1.4. Condicionamento Reflexo e Operante Os condicionamentos reflexo e operante são relações inversas, ou seja, se gotejar limão na boca de alguém, espera-se que essa pessoa passe a salivar condicionamento reflexo. No entanto, não se espera que ao gotejar limão na boca de alguém ele passe a contar piadas ou pintar quadros como resposta. O comportamento operante não pode ser automaticamente posto em ação por um estímulo, ele é considerado um comportamento a forma, não é possível obrigar um organismo a ter um comportamento operante, mas 7 através de consequências reforçadoras é possível torná-lo mais provável de acontecer. Por exemplo, um vendedor de quadros observa que quando ele pinta quadros com paisagens de praia o lucro das vendas aumenta significativamente uma consequência reforçadora. Portanto, as chances desse pintor produzir quadros com essas características são aumentadas devido ao lucro nas vendas de seus quadros. Skinner considerava que consequências reforçadoras são consequências agradáveis, ou seja, consequências que um organismo procura. Por exemplo, o ato de se alimentar pode ser uma consequência agradável para quem está faminto, mas pode ser uma consequência desagradável para quem está farto (SANTANA, et al., 2008; TOCAFUNDO, 2018). 2.2. Humanismo Os estudos da psicologia humanista têm como princípio estudar o ser humano como um todo, em seus múltiplos fatores, não isolados, que se interligam, tais como: emoções, sentimentos, comportamento, pensamentos etc. As raízes desses estudos estão na corrente filosófica do existencialismo europeu. Esta corrente filosófica tem como objetivo conhecer o ser humano visto como ponto de partida dos processos de reflexão. Para a psicologia humanista, o homem tem consciência do mundo que o cerca, dos fenômenos e da sua experiência; contrariando, assim, a visão do homem como um ser condicionado pelo mundo externo (PRADO, 2017). Nascida na década de 1950, a psicologia humanista, ao reconhecer que o homem tem consciência do mundo que o cerca, que ele e é capaz de refletir sobre esse mundo e não apenas responde à estímulos. Em contraposição ao Behaviorismo, o humanista não aceita a ideia do ser humano como máquina ou animal sujeitos aos processos de condicionamento (TOCAFUNDO, 2018; ALVES, JUNIOR, 2018). No que diz respeito à aprendizagem, a corrente humanista propõe que essa seja significativa e vivencial e a define como processos que modificam a percepção dos indivíduos sobre a realidade. Pela 8 corrente humanista, a aprendizagem significativa ocorre quando o estudante percebe o tema de estudo como importante para seus objetivos, quando o tema se inter-relaciona com sua afetividade e com seu intelecto. Dentre os autores humanistas, destacam-se o americano Abraham Maslow (1908-1970). A teoria desse psicólogo gira em torno de dois aspectos: as nossas necessidades e as nossas experiências. Maslow propôs uma escala, conhecida como Pirâmide de Maslow, pela qual ele define uma hierarquia de diferentes necessidades humanas a serem satisfeitas. Nessa escala, a partir de uma necessidade mais básica (fisiológica), a cada conquista realizada pelo homem, nova necessidade se apresenta, até chegar ao topo, onde o homem encontraria a autor realização, pelas sucessivas necessidades satisfeitas. Para Maslow, o que nos motiva é o que vamos buscando ao longo da vida e o que vai acontecendo nesse caminho; ou seja, o que vamos vivendo. É assim que se forma a personalidade humana (TOCAFUNDO, 2018). Outro importante nome da psicologia humanista foi o também americano Carl Rogers (1902- 1987), cuja visão humanista teve início quando tratava de pessoas com distúrbios emocionais. O pensamento de Carl Rogers influenciou a educação centrada no aluno, a espontaneidade, as questões de aconselhamento psicológico no ambiente escolar, a relação educação e pedagogia sendo importantes contribuições da Psicologia por uma escola atualizada e renovada através de atitudes facilitadoras da aprendizagem (PRADO, 2017). 2.3. Transição entre as Teorias Behavioristas e as Teorias Cognitivistas Vários estudiosos iam contra as proposições de Skinner entre os anos de 1940 e 1950, mas, somente em 1960 os psicólogos que estudavam o raciocínio conseguiram desafiar de fato o reinado do Behaviorismo Radical. Assim surgiu o Cognitivismo. No período de transição entre as duas teorias, as teorias cognitivas não contrariavam por completo as teorias behavioristas, a princípio elas incluíam algumas novas variáveis. Enquanto o behaviorismo 9 está interessado nos estudos do estímulo, resposta, reforços e punição; o cognitivismo ampliou essa lista de itens para incluir a cognição, ou seja, o raciocínio, a percepção entre outros. Se um indivíduo recebe um estímulo, isso aumenta as chances de ele emitir uma resposta, mas aquele estímulo precisa ser processado pela mente antes mesmo de emitir uma possível resposta. Esse processamento cognitivo que interessa os cognitivistas. A mente é, portanto, a marca do Cognitivismo e é nela que se armazena e se processa as informações. 2.4. Cognitivismo A mente é, sem dúvida, mais complicada do que qualquer teoria a seu respeito, entretanto, muitos questionamentos relacionados ao seu estudo, ou ainda da cognição, vêm ocorrendo ao longo do tempo e teorias diversas aplicáveis à educação têm sido debatidas, aceitas ou refutadas (ALVES, VIEIRA JUNIOR, 2018). A convergência de pesquisas interdisciplinares em diversas áreas como, por exemplo, psicologia, linguística, computação, neurociência e filosofia, deu origem à chamada Ciência Cognitiva cuja teoria central é que o funcionamento da mente é melhor entendido em termos de representações mentais e procedimentos (analogias) computacionais que atuam sobre tais representações. A Teoria Cognitiva surge então nos Estados Unidos, entre as décadas de 1950 e 1960, praticamente na mesma época que o Humanismo, em resposta ao Behaviorismo. Essa teoria critica os postulados do Behaviorismo de ser a aprendizagem resultado do condicionamento de indivíduos expostos a situações de estímulo e resposta (TOCAFUNDO,2018). Embora esta nova ciência tenha se estabelecido na década de 1950, estudos anteriores já embasavam suas concepções. Na década de 1930 as principais contribuições no campo lógico-matemático para a Ciência Cognitiva 10 foram apresentadas por Turing ao propor uma máquina que simulasse o pensamento humano - as mesmas que impulsionaram a ciência da computação. Ainda nesse período o engenheiro eletricista Shannon, que percebeu que os princípios da lógica (proposições verdadeiras ou falsas) poderiam ser usados para descrever estados (ligado ou desligado) em dispositivos eletromecânicos, sugeriu em sua dissertação de mestrado no MIT (Massachusetts Institute of Technology) que circuitos elétricos poderiam conter operações fundamentais do pensamento humano e se tornou um dos maiores ícones nas Ciências Cognitivas (GARDNER, 2003). Os britânicos procuraram determinar o que acontece com a informação recebida a partir do momento que ela é apreendida pela primeira vez e Broadbent foi o primeiro psicólogo da época moderna a descrever o funcionamento cognitivo com um diagrama de fluxo. Nesse diagrama a informação era apresentada entrando através dos sentidos, sendo colocada em um armazenamento de curto prazo, e em seguida sendo filtrada seletivamente antes de entrar em um sistema perceptivo de capacidade limitada. Somente a informação que se tornava consciente – que passava através do canal de capacidade limitada, poderia entrar na memória de longo prazo e assim tornar-se parte do conhecimento ativo. Ele concluiu que a informação que não recebia atenção desfazia-se em poucos segundos e não sofria nenhum processamento além da análise inicial “préatencional” (GARDNER, 2003). O americano Jerome Bruner publicou, em 1956, resultados de pesquisa do Projeto Cognição da Universidade de Harvard. Sobre a habilidade dos indivíduos de classificação e categorização. Bruner avaliava a capacidade dos indivíduos de selecionar cartas que exibissem propriedades relativas a um conceito previamente definido. Sua abordagem contrariava a abordagem behaviorista, pois tratava os sujeitos como solucionadores de problemas ativos e construtivos, aos quais se dava importância às introspecções apresentadas na avaliação (SANTANA et. al., 2008). 11 As formas de pensar de Broadbent e Bruner fizeram com que se abrissem muitas possibilidades produtivas para as pesquisas em psicologia. Gardner (2003) afirma que os adventos do computador e da teoria matemática da comunicação permitiram aos psicólogos pensarem a representação da informação dentro da mente. Robert Sterngberg define psicologia cognitiva como “o estudo do modo como as pessoas percebem, apreendem, recordam e pensam sobre a informação” (SANTANA et. al., 2008). Uma série de métodos foram utilizados pelos psicólogos cognitivos destacando-se experimentos, técnicas psicobiológicas, auto-relatos, estudos de casos, observação naturalista, simulações computadorizadas e inteligência artificial (SANTANA et. al., 2008). Entre os estudos cognitivos destaca-se o de George Sperling, de 1960. Sperling se interessou pela quantidade de informação que um indivíduo pode receber visualmente de uma vez. Ele inferiu que a informação apresentada ao olho era mantida em uma memória sensorial, onde ela se deteriorava em um segundo. Se a informação pudesse ser acessada imediatamente, uma entrada duas vezes maior de informação poderia ser documentada (GARDNER, 2003). No final da década de 1960, Saul Sternberg quis avaliar a diferença de velocidade e precisão de armazenamento em virtude do tamanho da série apresentada para memorização. Segundo Sternberg, cada item adicional apresentado prolongava a busca em aproximadamente trinta a quarenta milissegundos. O fato sugeria que os indivíduos realizavam busca serial e não uma busca simultânea ou paralela. Sternberg descobriu também que a busca feita era exaustiva. A busca não terminava mesmo após encontrar o item, o que sugere que o tempo de busca não dependia da posição do alvo na série memorizada. Sternberg afirmou que as tarefas de memorização envolviam uma série de quatro estágios: (a) codificação; (b) busca pela memória para achar uma correspondência; (c) seleção de uma resposta; e (d) execução da resposta (SANTANA et. al., 2008). Richard Atkinson e Richar Shiffrin publicaram em 1968 um modelo de memória. Eles acreditavam que a memória possuia três armazenamentos. Um armazenamento sensorial imediato que Sperling denominou de buffer; depois, um armazenamento de 12 curto prazo, local em que a informação armazenada se deteriora e se perde em pouco tempo (de 15 a 30 segundos); depois, um armazenamento de longo prazo, informação conhecida como sendo relativamente permanente. Esse modelo de processamento de informação encaixava-se numa acepção geral de memória limitada, legado de Broadbent no qual o ser humano é recipiente que, como um computador, recebe informações e manipula certa quantidade delas em certo período de tempo (GARDNER, 2003). Entre os cognitivos surgiu também a visão de processamento de informação. John Bransford sugeriu que os indivíduos processam informação ativa e construtivamente e inferem significado, ao invés de simplesmente recordarem séries de palavras. Nos seus experimentos, segundo a perspectiva dos “esquemas organizadores”, a capacidade dos indivíduos de processarem informação difere dramaticamente, dependendo de se lhes foi fornecido de antemão um título ou uma figura relevante para olharem. Ficou revelado que “os sujeitos invariavelmente faziam inferências sobre as sentenças que ouviam e respondiam perguntas baseadas nessas inferências, e não nos conteúdos literais das sentenças em si” (GARDNER, 2003). Segundo Gardner (2003), outra noção surgida entre os cognitivos é a abordagem da profundidade de processamento. Nessa visão o processamento pode ocorrer de duas maneiras: superficial ou profundamente. O tipo de processamento, superficial ou profundo, seria influenciado pela natureza do estímulo, tempo disponível para processamento, motivação, objetivos e principalmente da base de conhecimento do próprio indivíduo. O indivíduo pode prestar atenção somente a aspectos superficiais do estímulo, como o som das palavras, a sintaxe das frases etc., ou esse estímulo pode ser associado a vários esquemas que já existiam, o que lhe confere maior profundidade de processamento. [...] quanto mais a informação for envolvida em formas anteriores de conhecimento, e embebida de ricas associações, mais profundo o nível de processamento; e portanto, maior a probabilidade de a informação 13 ser firmemente codificada e corretamente lembrada (GARDNER, 2003). Dessa forma, a psicologia passou a apresentar diversas opções para a possibilidade de memorização. Uma delas é relativa à decisão do indivíduo de processar a informação em diferentes níveis de profundidade. O caso de formação de rimas é descrito como um processamento superficial, enquanto que a maioria das operações que são feitas é de natureza profunda. Segundo Gardner (2003), isso significa um avanço em relação aos estudos anteriores. Podem ser mais bem compreendidas as estruturas que os indivíduos trazem para a experiência, quais manipulações tendem a causar mudança significativa no processamento, na memória ou na inferência. Estes aspectos configuram caracteres da psicologia molar, isto é, descendente. Oficialmente a Ciência Cognitiva foi reconhecida em 1956, onde trabalhos de fundamental importância foram publicados. Além dos progressos científicos, que os avanços tecnológicos e a atuação conjunta de estudiosos de diversas áreas influenciaram decisivamente a maneira pela qual a ciência considerava a mente humana. (GARDNER, 2003; ALVES, VIEIRA JUNIOR, 2018). Um cientista cognitivoassume o pressuposto de que a atividade cognitiva humana deve ser descrita em termos de símbolos, esquemas, imagens e outras formas de representação mental (GARDNER, 2003). A partir daí têm início novas e diversas discussões no que diz respeito ao modo pelo qual o cérebro processa a informação. Alguns defendem que só há uma forma de representação mental (proposições ou enunciados) que são do tipo digital; outros acreditam em pelo menos duas: representações proposicionais ou sob a forma de imagens (que são analógicas); e há ainda os que creem na existência de múltiplas formas de representações e que é impossível determinar qual é a correta. Aceita-se a ideia de que em última instância tais processos são representados no sistema nervoso central, mas nos resta sustentar que a cognição pode ser explorada sem um conhecimento 14 detalhado do sistema nervoso na medida em que a ciência avançar sobre características ainda misteriosas da mente esse distanciamento será reduzido. Por essas razões, neurocientistas mantém certo receio em relação às representações, enquanto psicólogos, cientistas da computação, engenheiros e outros estudiosos as constituem como crença (GARDNER, 2003; ALVES, VIEIRA JUNIOR, 2018). Em contraposição ao Behaviorismo, a Teoria Cognitivista propõe que o aluno seja ativo na aprendizagem. Pois, nessa teoria, diferentemente da Teoria Comportamentalistas, o estudante deixa de ser visto como o aquele que absorve passivamente os conhecimentos transmitidos pelo professor, mediante os quais se espera determinadas respostas a partir de estímulos. As Teorias Cognitivas estudam a cognição, termo que pode ser compreendido como estruturas mentais necessárias para a construção de conhecimento. Por exemplo, raciocínio, percepção, linguagem, memória, abstração, criatividade, capacidade de resolver problemas e encontrar soluções etc. 3. PROCESSOS PSICOLÓGICOS DA APRENDIZAGEM Fala-se tanto em ensinar e pouco em aprender, mas de que adianta tentar ensinar se o aluno não aprende? Hoje parece que está sendo revertida essa situação. Toda preocupação gira em torno do educando, de sua aprendizagem; afinal, se o aluno não quer, ele não aprende. Portanto, ele é o objeto e o agente da aprendizagem, sendo que esta ocorre dentro dele e através de sua ação, do seu pensamento. Dito isso, importa considerar também que o professor é quem orienta, conduz e facilita o aprendizado do aluno e precisa estar preparado para a missão de educar. Como a educação é um fenômeno da natureza essencialmente social, pelas funções que cumpre e pelos elementos que integra, as práticas educativas adquirem enorme importância nas sociedades em geral. Daí a decantada valorização da educação e da criação de escolas, que seriam a base de uma sociedade ideal. 15 Além do saber específico (didática) pertinente a função do professor, para atuar adequada e eficazmente no magistério, o profissional precisa dominar conhecimentos sobre o desenvolvimento do ser humano, suas necessidades culturais, pretensões e idiossincrasias. O comportamento de cada indivíduo em diferentes circunstâncias, espaços e épocas de sua vida, se seguirá pelos genes que carrega e também pela sua maturação como pessoa. O desenvolvimento pleno pode ser alcançado por meio da escola e nela a aprendizagem básica e a evolução intelectual e pessoal tem seu lugar e vez. No preparo daqueles que vão enfrentar o desafio de comandar a aprendizagem, estudos sobre o assunto têm uma relevância especialíssima. Nesse particular, a psicologia, tratando dos temas afetos à aprendizagem, contribui bastante, já que se ocupa fartamente deles; há nela uma capítulo especial – a psicologia educacional – que é de grande valia para educadores. Estudiosos e pesquisadores da área empenham-se em dar munição aos que procuram conhecer os fundamentos e questionamentos do ensino que se pretende satisfatório em situações empíricas. Podemos ver a aprendizagem ocorrendo o tempo todo, mas não existe uma explicação simples para o processo. Os psicólogos examinaram detalhadamente quatro tipos de aprendizagem: o condicionamento clínico ou aprendizagem de resposta; o condicionamento instrumental ou aprendizagem operacional; a aprendizagem de respostas múltiplas; a aprendizagem por “insight”. O condicionamento clínico baseia-se em uma relação estímulo-resposta; estímulo é um objeto ou uma situação com que os nossos órgãos dos sentidos entram em contato, provocando uma resposta. A aprendizagem ocorre quando um estímulo novo provoca um comportamento semelhante ao que era provocado por outro estímulo, ocorrendo o chamado “reforço” da aprendizagem. O processo de condicionamento clássico é importante para a compreensão de como adquirimos o comportamento emocional. Seu estudo baseia-se nas experiências realizadas no início do século 20 por Pavlov, que 16 usando as associações sensoriais demonstrando a possibilidade de “aprendizagem de resposta”. O condicionamento instrumental, também chamado de operacional, revela que uma pessoa aprende a executar uma determinada ação como resultado do que acontece após realizar esta ação. Na década de 1930, o psicólogo norte-americano Skinner realizou experimentos com esse tipo de condicionamento, baseado no “reforço” do comportamento anteriormente tomado, pela repetição do efeito desejado. O psicólogo americano Thordike, em suas experiências já havia notado o aprendizado gradual dos ratos de seu laboratório; foi o que inspirou Skinner. Eles conseguiam resolver o problema a tempo, mas o processo de aprendizagem era lento e gradual, chamado então de “tentativa-e-erro”. A aprendizagem de respostas múltiplas se baseia no fato de que quando aprendemos a fazer alguma coisa, primeiro aprendemos uma sequência de padrões simples de movimentos. Combinamos estes padrões para formar um padrão mais complexo de comportamento e na maioria dos casos estímulos variados dirigem o processo. Um bom exemplo disso é o ato de digitar em aparelhos de informação e comunicação de uso moderno. No caso da aprendizagem verbal (decorar um poema ou aprender nova língua), aprendemos sequência de palavras e as combinamos em uma organização complexa. A aprendizagem que envolve diversas respostas requer muita prática para aperfeiçoar-se. Nos experimentos dos psicólogos, os animais eram colocados em labirintos, aprendendo a correr pelos escaninhos, insistindo em correr doidamente, eles “aprendiam” a encontrar o alimento no externo do labirinto. O animal, após algum tempo, aprende a seqüência correta de escolhas, concluindo que na aprendizagem dos humanos ocorre a mesma coisa. Aprendizagem por “insight” significa a compreensão simultânea das diversas partes de um problema. O “insight” ocorre muitas vezes subitamente, como quando uma pessoa examina certa questão problemática por algum 17 tempo e então, de repente, encontra a solução. Na Alemanha, os estudiosos denominaram o “eureca” dos antigos de “gestalt”, pois em suas experiências com chimpanzés descobriram que os animais às vezes usavam o “insight”em vez de usar tentativa-e-erro para resolver os problemas: quando uma banana era colocada no alto, fora de alcance, eles empilham caixas para alcançá-la. Também reuniam duas varas para atingir um objeto que estivesse longe demais para ser alcançado com apenas uma vara (será isto inteligência?). Parece que os animais observavam e usavam várias relações diferentes envolvidas na realização de seus objetivos. Para os humanos, seria criatividade, iniciativa e predisposição para o trabalho? 4. PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO Psicologia do desenvolvimento é o estudo das mudanças de comportamento do ser humano, da infância até a velhice, sendo o interesse maior dos pesquisadores na infância e na adolescência. Há quatro teoriasprincipais sobre estas fases da vida e seu desenvolvimento, muito utilizadas pelos psicólogos nas pesquisas sobre o comportamento de crianças e adolescentes. São elas: teoria da maturação, teoria psicanalítica, teoria da aprendizagem, teoria cognitiva. A teoria da maturação afirma que o princípio básico da mudança no desenvolvimento é a “maturação”, que significa o amadurecimento fisiológico, especialmente do sistema nervoso. Arnold L. Gesell, o principal defensor norte-americano dessa teoria, verificou que o comportamento da criança que cresce parece seguir um conjunto de padrões de desenvolvimento. Descreveu em detalhes as maneiras como o comportamento muda com o decorrer da idade. Ele acreditava que as diferenças entre as pessoas resultam mais da hereditariedade que do meio ambiente. 18 A teoria psicanalítica baseia-se na teoria formulada pelo suíço Sigmund Freud, criador da psicanálise. Segundo ele, as crianças são impelidas por impulso de sexo e agressividade e desenvolvem-se através de uma complicada interação entre suas necessidades, baseadas em impulso sexuais, e as exigências de seu meio ambiente. Tais exigências são representadas, primeiramente, pelos pais amorosos e repressores e, mais tarde, pela própria versão que as crianças dão as exigências dos pais. Outros estudiosos modificaram a teoria freudiana e aplicaram suas modificações ao comportamento infantil. Do ponto de vista psicanalítico do desenvolvimento, as crianças mudam por meio dos conflitos, principalmente entre seus próprios impulsos e exigências apresentadas pela realidade. Uma solução bem sucedida desse conflito acarreta o desenvolvimento normal e uma solução mal sucedida pode levar a distúrbios mentais e doenças. A teoria da aprendizagem afirma que o desenvolvimento da criança depende principalmente da experiência com gratidão e punição. A criança deve aprender certas reações, como a fala, as maneiras e as atitudes para com os adultos. Elas aprendem essas reações através de sua associação com um “reforço” (qualquer providência que faz com que a aprendizagem ocorra). Se a mãe sorri para o filho cada vez que este se mostre educado para com os adultos, seu sorriso reforça a aprendizagem de boas maneiras. A tarefa de pais e professores é organizar o ambiente para oferecer reforços adequados e efetivos para a realização do comportamento desejado, demonstrando que houve aprendizagem. Os teóricos da aprendizagem baseiam suas idéias em duas famosas experiências: estudos do comportamento clássico (Pavlov) e nos estudos do condicionamento instrumental (Thordike e Skinner). Maturação e hereditariedade têm relativamente pouca importância no desenvolvimento da teoria da aprendizagem. A teoria cognitiva considera a criança como uma ativa solucionadora de problemas. Os teóricos da cognição dão ênfase ao papel da motivação natural da criança como o fator principal do seu desenvolvimento. Essa 19 motivação pode incluir o desejo que as crianças sentem de satisfazer sua curiosidade, de dominar tarefas desafiadoras ou de reduzir as incoerências e as ambigüidades que encontram no mundo ao seu redor. Segundo a teoria cognitiva, as crianças formam suas próprias teorias acerca do mundo e das relações entre seus diferentes aspectos. As teorias são primitivas a princípio, mas depois de serem testadas com a experiência da própria criança, tornam- se mais realistas. Abrangentes teorias cognitivas do desenvolvimento foram propostas por Kurt Koffka, Heinz Werner e Jean Piaget. Este descreveu em detalhes como as crianças em crescimento mudam suas idéias sobre número, causa, tempo, espaço e moralidade. Primeiramente, as crianças representam o mundo em termos de suas próprias atividades e em seguida passam para uma limitada série de generalizações baseadas no seu conhecimento de casos específicos. Finalmente, adquirem a capacidade de formular generalizações abstratas válidas sobre a natureza da realidade. Maturidade e velhice – em geral, o estudo dessas fases da existência humana tem-se baseado em observações. Não há tantos princípios teóricos claros para orientar os psicólogos na busca de padrões coerentes de desenvolvimento. Os cientistas têm estabelecido que a acuidade sensorial, a rapidez na resposta, a produtividade na arte e na ciência, e a capacidade de absorver novas informações declinam com a idade. Felizmente, hoje em dia esses padrões têm mudado um pouco, talvez pelas novas tecnologias, novos estudos e novas formas com que a sociedade encara a situação de idosos, cujo número cresce a cada dia. Menos bem documentadas são as diminuições da memória e a capacidade de resolver problemas e tem havido a preocupação por parte da sociedade no sentido de inclusão social do idoso. Os psicólogos ainda sabem pouco acerca da mais importante ocorrência da velhice, ou seja, o fato de algumas pessoas sofrerem um grande declínio em razão dos anos vividos e outras permanecerem capazes e ativas até o final de seus dias. 20 5. CONCLUSÃO O principal objeto da Psicologia da Educação, apesar de não haver um consenso entre os principais teóricos e seus pressupostos básicos, é a análise, promoção e avaliação do comportamento do educador e do educando, assim como a relação entre ambos em situação educativa, através de métodos científicos. Outra questão problemática que afeta a Psicologia da Educação é a sua extrema dependência em relação à Psicologia Geral ou Científica. Mesmo que não seja um consenso, muitos pesquisadores concordam considerar como objeto fundamental o processo de ensino- aprendizagem, abordado de forma científica como principal foco de estudo, análise e abordagem que claramente tendem a atravessar outros conteúdos e questionamentos no processo de ensinoaprendizagem com a qual a psicologia educacional se identifica. O fato da Psicologia da Educação dispor de diversos modelos teóricos, como foram resumidamente aqui abordados, pode ser visto como falta de cientificidade, de rigor e falta de objetividade; como também pode ser interpretado como vantajoso, pois possibilita um maior leque de interpretações dado que as diversas teorias poderão ser integradas e servirem de complemento contribuindo deste modo para um saber mais aprofundado. O conhecimento e a noção dos modelos e dos pressupostos que a psicologia da educação nos proporciona é de extrema importância para que ao conhece-los, possamos integrá-los e relacionálos de modo singular às problemáticas vivenciadas em um espaço de promoção e construção do indivíduo, a escola. 21 REFERÊNCIAS ALVES, Andressa Giarola; VIEIRA JUNIOR, Niltom. Ciências cognitivas na educação. Pós-graduação em Docência. Instituto Federal de educação, ciência e tecnologia de Minas Gerais, 2018. BIZERRA, Alessandra; URSI, Suzana. Teorias da aprendizagem: Influências da psicologia experimental. Introdução aos Estudos da Educação I. Licenciatura em Ciências - USP/Univesp, 2012. GARDNER, H. A nova ciência da mente. São Paulo: Editora da USP, 2003. PRADO, Margareth Simone Marques. Psicologia da educação. SEAD/UFRB, Cruz das Almas, 2017. SANTANA, Maria Aparecida Lourenço; DIAS, José Eduardo Wense; BORGES, Mônica Erichsen Nassif. 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