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TRATAMENTOS-EM-ACUPUNTURA-1(1)

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2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 
2 TRATAMENTO EM ACUPUNTURA ........................................................... 5 
3 O DIREITO DE PRATICAR A ACUPUNTURA NO BRASIL ....................... 8 
3.1 Memórias de desafios e lutas ............................................................... 8 
3.2 A introdução da acupuntura no SUS .................................................. 10 
3.3 Aspectos legais da acupuntura no Brasil............................................ 11 
3.4 Conflito legal ....................................................................................... 12 
3.5 Sobre o direito de praticar a acupuntura no Brasil ............................. 14 
3.6 Regulamentação da acupuntura ........................................................ 16 
4 MÉTODOS DE APLICAÇÃO .................................................................... 18 
4.1 Agulha Filiforme: ................................................................................ 19 
4.2 Inserção sem Mandril ......................................................................... 20 
4.3 Ângulos de Inserção ........................................................................... 21 
4.4 Formas de Procurar o Qi .................................................................... 21 
4.5 Formas de Reter o QI ......................................................................... 22 
4.6 Cuidados ............................................................................................ 23 
4.7 Método de Tonificação (Reforço) Sedação (Redução)....................... 23 
5 APLICAÇÕES DA ACUPUNTURA JUNTO AOS TRANSTORNOS 
PSICOLÓGICOS ....................................................................................................... 24 
6 A APLICAÇÃO DA ACUPUNTURA SOBRE AS EMISSÕES 
OTOACÚSTICAS DE PACIENTES COM ZUMBIDOS .............................................. 28 
7 APLICAÇÃO DA ACUPUNTURA NA ANALGESIA DO PARTO ............... 31 
8 O TRATAMENTO DA ANSIEDADE ATRAVÉS DA ACUPUNTURA ........ 35 
8.1 Compreendendo a ansiedade pelo referencial teórico da MTC ......... 37 
8.2 Método do tratamento e explicação dos princípios e pontos utilizados
 39 
 
3 
 
9 ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA INSÔNIA ................................... 42 
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 47 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2 TRATAMENTO EM ACUPUNTURA 
 
Fonte: espacobabui.com.br 
Extraída dos radicais latinos acus e pungere, que significam agulha e 
puncionar, respectivamente, a acupuntura visa à terapia e cura das enfermidades 
pela aplicação de estímulos através da pele, com a inserção de agulhas em pontos 
específicos (SCOGNAMILLO-SZABÓ; BECHARA, 2001) chamados acupontos. 
Trata-se também de uma terapia reflexa, em que o estímulo de uma área age sobre 
outra(s). Para este fim, utiliza, principalmente, o estímulo nociceptivo. 
No entanto, além do sentido específico de agulhamento, a palavra acupuntura 
pode ter sentido mais amplo, o do estímulo do acuponto segundo as várias técnicas 
disponíveis (agulhamento, alterações de temperatura, pressão e outras). A 
acupuntura faz parte de um conjunto de conhecimentos teórico empíricos, a Medicina 
Tradicional Chinesa (MTC) que inclui técnicas de massagem (Tui-Na), exercícios 
respiratórios (Chi-Gung), orientações nutricionais (Shu-Shieh) e a farmacopeia 
chinesa (medicamentos de origem animal, vegetal e mineral) (SCOGNAMILLO-
SZABÓ; BECHARA, 2001). 
Cumpre elucidar que a acupuntura é denominada medicina tradicional no 
contexto dos países que utilizam essas práticas tradicionais e populares como a 
principal forma de atenção à saúde. Ela foi nomeada como Medicina Complementar 
e Alternativa nos países onde a principal forma de medicina praticada é alopática. 
 
6 
 
A Organização Mundial de Saúde (OMS), desde de meados da década de 70, 
vem incentivando o uso da acupuntura e de outras práticas alternativas pelos países 
membros. Posteriormente, criou-se um documento intitulado “Estratégia da OMS 
sobre Medicina Tradicional (MT) 2002-2005”, com o objetivo de promover o 
desenvolvimento de políticas para a implantação de Medicina Tradicional e 
estabelecer requisitos de segurança, eficácia, qualidade, uso racional e acesso. 
Originada de um conjunto de conhecimentos teórico-empíricos da Medicina 
Tradicional Chinesa (MTC), a acupuntura é uma tecnologia de intervenção em saúde 
que aborda de modo integral e dinâmico o processo saúde-doença no ser humano, 
podendo ser usada isoladamente ou de forma integrada com outros recursos 
terapêuticos. A MTC é constituída por um vasto campo de saberes e práticas, o qual, 
embora aparente ao leigo um alto grau de homogeneidade, revela a um olhar 
minucioso considerável heterogeneidade. Em seu aspecto positivo, a diversidade 
enriquece o campo, mas no negativo é fonte de tensões e conflitos que definem 
algumas fronteiras internas (ROCHA et. al, 2015). 
Na MTC, assim como em qualquer sistema médico, o diagnóstico é um pré-
requisito para a determinação do tratamento e visa compreender como o paciente se 
insere dentro do seu contexto de vida e de que maneira interage com os fatores que 
o cercam. Esta abordagem é a aplicação prática da filosofia chinesa que vê o ser 
humano (microcosmo) em constante interação com o mundo (macrocosmo). O 
padrão de resposta de cada indivíduo, em dado momento, é categorizado em 
síndromes. A partir desse diagnóstico, é definido o plano de tratamento (ROCHA et. 
al, 2015). 
A World Health Organization (WHO, 2002) publicou diretrizes para 2002−2005, 
visando integrar a Medicina Tradicional / Medicina Complementar e Alternativa 
(MT/MCA) nos sistemas de saúde nacionais, desenvolvendo e implantando políticas 
e programas nacionais. Buscou publicar diretrizes para normatização e controle de 
qualidade dos serviços de acupuntura e medicina tradicional. Esse documento 
pretendia, entre outras coisas, ampliar a acessibilidade, disponibilidade e 
exequibilidade da acupuntura em outros países. Enfatizou−se a importância do 
acesso da técnica às populações pobres e fomento ao uso racional e terapêutico por 
parte de provedores e consumi− dores de saúde (WHO, 2002). 
 
7 
 
Com o intuito de dar maior visibilidade e fundamentação à acupuntura como 
terapêutica eficaz e segura para uma grande quantidade de enfermidades, em 2003, 
a WHO fez divulgações de doenças tratáveis pela acupuntura. Foi realizada uma 
listagem sobre estudos clínicos controlados de acupuntura em diferentes 
enfermidades, coletados nos anos anteriores a 2002 e provenientesde diversos 
países do mundo. Para justificar a importância das publicações realizadas pela 
Organização Mundial de Saúde, cumpre ressaltar que essa listagem foi também 
referenciada pelo governo do Distrito Federal no Manual de Normas e Procedimentos 
das atividades do Núcleo de Medicina Natural e Terapêuticas de Integração em 2005 
(KUREBAYASHI et. al., 2009). 
De acordo com o documento organizado pela WHO, existe uma ampla gama 
de possibilidades terapêuticas da acupuntura para doenças agudas e crônicas, para 
todas as faixas etárias inclusive e especialmente para idosos. Ela pode ser sugerida 
para todos os níveis de atenção com alto grau de resolutividade e eficiência. Embora 
a acupuntura tenha credibilidade no Ocidente como método eficaz para alívio de dor, 
o documento afirma sua aplicação para desordens dos sistemas respiratório, 
digestivo, nervoso, bem como para problemas psicológicos e emocionais. 
Ressalte−se que o principal foco do tratamento pela acupuntura deve ser 
prioritariamente o todo da pessoa e não o alívio de sintomas. Portanto, ao se realizar 
o diagnóstico e tratamento pela acupuntura, múltiplos sintomas podem ter remissão 
completa ou parcial simultaneamente, pois é o todo energético que está implicado no 
tratamento (KUREBAYASHI et. al., 2009). 
Nogueira (1983), relata que, no Brasil, em meados de 1983, muito antes 
mesmo dessas iniciativas, uma enfermeira já relatava, o crescente interesse pela 
população brasileira sobre o uso das Terapias Alternativas e Complementares (TAC) 
e a importância de o enfermeiro não ficar alheio a esse movimento. Esse interesse, 
segundo a autora, devia−se principalmente a alguns fatores: o preço elevado da 
assistência médica privada, o alto custo de medicamentos, precariedade da 
assistência dos serviços de saúde pública, eficácia da terapêutica e menores efeitos 
colaterais (NOGUEIRA, 1983 apud (KUREBAYASHI et. al., 2009). 
Ainda assim, foi apenas em 2002 que a Secretaria Municipal de Saúde da 
Prefeitura Municipal de São Paulo aprovou o uso de práticas integrativas e 
complementares e lançou um Caderno Temático de Medicina Tradicional Chinesa. A 
 
8 
 
acupuntura, entretanto, tem sido realizada desde então somente pelos profissionais 
médicos, embora tenha sido reconhecida como especialidade de outras categorias 
profissionais de saúde (KUREBAYASHI et. al., 2009). 
Em maio de 2006, entretanto, surgiu a Portaria de nº 971, Brasil (2006) apud 
KUREBAYASHI et. al., (2009), que aprovou em âmbito nacional, a Política Nacional 
de Práticas Integrativas e Complementares pelo Ministério da Saúde, 
estabelecendo−se diretrizes para a regularização do uso dessas terapêuticas em 
Unidades de Saúde Pública no país. A novidade, no entanto, é que se espera que a 
partir dessa portaria, a acupuntura possa vir a ser praticada por toda equipe de saúde, 
uma vez que institui a acupuntura como atividade multiprofissional. Essas medidas 
podem ampliar o volume de serviços prestados à população que é atendida nas 
unidades de saúde referidas e estão em consonância com os princípios e preceitos 
preconizados pelo Sistema Único de Saúde 2005. 
Tendo feito essas considerações introdutórias, vejamos na sequência o 
embasamento legal para a pratica da acupuntura no Brasil, bem como a aplicação da 
mesma no tratamento de diversos casos e necessidades físicas e psicológicas. 
3 O DIREITO DE PRATICAR A ACUPUNTURA NO BRASIL 
3.1 Memórias de desafios e lutas 
Vários países vêm realizando a regulamentação da prática da acupuntura e o 
perfil de profissional exigido para tal varia de país para país, sendo que, em parte 
deles é necessária a formação em medicina ocidental como principal requisito. No 
Brasil, a acupuntura é considerada uma especialidade médica pelo Conselho Federal 
de Medicina, o qual defende a exclusividade de sua prática por médicos. Entretanto, 
conselhos de outras categorias profissionais de saúde também reconheceram a 
acupuntura como especialidade. Desta maneira, esta tem sido exercida por uma 
gama variada de profissionais que inclui acupunturistas com formação no exterior, 
práticos com formação em cursos livres no Brasil, técnicos em acupuntura e 
especialistas em acupuntura. Este cenário acabou gerando dilemas ético-legais 
quanto o direito ao exercício dessa terapêutica no país (ROCHA et. al. 2014). 
 
9 
 
No Brasil, a prática da MTC se iniciou com a vinda dos primeiros imigrantes 
chineses para o Rio de Janeiro, em 1810. Em 1908, os imigrantes japoneses 
inseriram a acupuntura japonesa, embora restrita à colônia. Em 1958, Friedrich 
Spaeth, fisioterapeuta, considerado responsável pela difusão da acupuntura na 
sociedade brasileira na década de 1950, começou a ensinar esta prática milenar no 
Rio de Janeiro e em São Paulo e, em 1972, foi fundada a Associação Brasileira de 
Acupuntura (ABA) (ROCHA et. al. 2014). 
O estabelecimento da acupuntura no Brasil foi marcado principalmente pelo 
repúdio da classe médica; como consequência disto, a introdução e o 
desenvolvimento inicial desta prática milenar foram realizados por profissionais de 
outras áreas. Dessa feita, a acupuntura passou por um período caracterizado pela 
marginalização antes que ocorresse sua efetiva aceitação pela classe médica 
(ROCHA et. al. 2014). 
Os conflitos decorrentes do processo de ‘importação’ e aculturação de um 
sistema médico exógeno nos países ocidentais resultaram em distintas configurações 
institucionais, conforme os poderes dos atores e das instituições envolvidas, tais como 
as associações e os conselhos profissionais; as características das leis trabalhistas e 
educacionais; o sistema nacional de saúde; a história prévia da imigração de orientais; 
e as instituições de pesquisa, construção e legitimação do conhecimento, entre outros 
(ROCHA et. al. 2014). 
Na década de 1970, a acupuntura ainda sofria uma importante resistência 
por parte dos conselhos de medicina, que a classificavam como “charlatanismo” e 
“crendice”, conforme foi apontado por alguns colaboradores. A conjuntura autoritária 
que marcou esta época colaborou para que a intolerância médica à acupuntura viesse 
a se traduzir em atos que ameaçaram e por vezes atingiram com prisão e processos 
criminais alguns acupuntores, particularmente aqueles que não possuíam formação 
em medicina ocidental (ROCHA et. al. 2014). 
Na década de 1980, tanto os movimentos organizados da sociedade civil, seja 
em associações comunitárias seja posteriormente em ONGs, como a demanda social 
da clientela para serviços públicos de saúde crescentemente pressionaram as 
instituições médicas no sentido de uma “abertura” para as medicinas ditas alternativas 
(ROCHA et. al. 2014). 
 
10 
 
A Declaração de Veneza, em 1986, é um marco importante, pois voltou os 
olhares para a existência de outras fontes e formas de saber. A declaração 
desencadeou intensos debates ao sugerir um diálogo entre a ciência e outras formas 
de conhecimento. A partir de então a ciência e a tradição passaram a ser vistas não 
como contraditórias, mas complementares (ROCHA et. al. 2014). 
Nessa época, os Conselhos de Classe iniciaram reconhecimento da 
acupuntura através da criação de uma série de resoluções: 
[...] Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Resolução COFFITO-
60, 1985); Conselho Federal de Biomedicina (Resolução nº 02, 1986); Federação 
Nacional de Profissionais de Acupuntura, Moxabustão, Do-In e Quiroprática (registro 
no Ministério do Trabalho nº 24000.000345, 1991); Conselho Federal de Medicina 
(Resolução CFM 1455/95, 1995); Conselho Federal de Enfermagem (Parecer CTA nº 
004, 1995); Conselho Federal de Farmácia (Resolução CFF nº 353/00, 2000); 
Conselho Federal de Fonoaudiologia (Resolução CFFa nº 272, 2001) e o Conselho 
Federal de Psicologia (CFP 005, 2002). (ROCHA et. al. 2014). 
Ainda que a partir da década de 1980 o sistema público brasileiro de 
assistênciaà saúde tenha absorvido profissionais acupunturistas em alguns hospitais 
e postos de saúde nos grandes centros, o processo de expansão da acupuntura nas 
demais instituições públicas vêm sendo dificultado pela polêmica entre médicos e não 
médicos (ROCHA et. al. 2014). 
Assim, a história desse processo de institucionalização vem se inscrevendo 
com muitos percalços no Brasil, especialmente na última década, tendo seu percurso 
encontrado obstáculos constantes interpostos pela medicina socialmente 
hegemônica. Nesta obstaculização, o saber médico científico funciona como 
elemento às vezes de censura, às vezes de comprovação (ROCHA et. al. 2014). 
3.2 A introdução da acupuntura no SUS 
No Brasil, a prática da acupuntura foi introduzida na tabela do Sistema de 
Informação Ambulatorial - SIA/SUS em 1999, através da Portaria nº 1230/GM2, e sua 
prática reforçada pela Portaria 971, publicada pelo Ministério da Saúde em 2006, que 
aprovou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema 
Único de Saúde (SUS). Este documento define que no SUS, sejam integrados 
 
11 
 
abordagens e recursos que busquem estimular os mecanismos naturais de 
prevenção de agravos e de recuperação da saúde, sobretudo, os com ênfase na 
escuta acolhedora, no desenvolvimento do vínculo terapêutico e na integração do ser 
humano com o meio ambiente e com a sociedade (ROCHA et. al. 2014). 
Jacques (2005), afirma que existe um grande número de profissionais 
acupunturistas no Brasil, mas há também uma forte disputa política e jurídica pelo 
direito de exercer a prática da acupuntura (ROCHA et. al. 2014). 
3.3 Aspectos legais da acupuntura no Brasil 
A preocupação com os aspectos legais da Acupuntura no país teve início em 
1984 com a criação do Projeto de Lei 3838 da Câmara dos Deputados Federais. 
Desde então, os Conselhos Federais, preocupados com tal prática pelos seus pares, 
iniciaram regulamentações próprias: o COFFITO (fisioterapia e terapia ocupacional) 
em 1985, o CFBM (biomedicina) em 1986, o COFEN (enfermagem) e o CFM 
(medicina) em 1995, o CFF (farmácia) em 2000, o CFFa (fonoaudiologia) em 2001 e 
o CFP (psicologia) em 2002 (CRF, 2019). 
Segundo o CRF (2019), segue um breve histórico para se compreender a 
evolução do processo da legalização da prática da acupuntura em nosso país: 
1986: 8ª Conferência Nacional de Saúde - Práticas Integrativas e 
Complementares no sistema de saúde que fixaram normas e diretrizes para o 
atendimento em homeopatia, acupuntura e fitoterapia. 
1995: Instituição do Grupo Assessor Técnico-Científico em Medicinas Não 
Convencionais, por meio da Portaria nº 2543/GM, de 14 de dezembro de 1995, 
editada pela então Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde. 
1996: 10ª Conferência Nacional de Saúde - aprova a “incorporação ao SUS, 
em todo o País, de práticas de saúde como a fitoterapia, acupuntura e homeopatia, 
contemplando as terapias alternativas e práticas populares”. 
2000: 11ª Conferência Nacional de Saúde - recomenda “incorporar na atenção 
básica: Rede PSF e PACS práticas não convencionais de terapêutica como 
acupuntura e homeopatia”. 
2003:12ª Conferência Nacional de Saúde - delibera pela efetiva inclusão da 
MNPC no SUS (Atual Práticas Integrativas e Complementares). 
 
12 
 
2004: 2ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovações em Saúde 
à MNPC (Atual Práticas Integrativas e Complementares) - incluída como nicho 
estratégico de pesquisa dentro da Agenda Nacional de Prioridades em Pesquisas. 
2006: Edição nº 84 de 04/05/2006: Ministério da Saúde - Gabinete do 
Ministro: PORTARIA Nº 971, de 3 de maio de 2006: Aprova a Política Nacional 
de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS (CRF, 2019). 
3.4 Conflito legal 
O crescimento e o reconhecimento da acupuntura como uma prática eficaz, 
bem como sua inserção no SUS, através da Portaria 971, como mencionado, 
trouxeram uma série de discussões. A oposição entre as classes envolvidas com a 
prática da acupuntura – médica e as demais – vem se caracterizando por um aumento 
de tensões que resultou em um intenso conflito legal (ROCHA et al., 2015). 
Há diversas ações jurídicas e, em 2012, retomou-se a discussão da 
regulamentação da acupuntura, quando o Tribunal Regional Federal da 1ª Região 
decidiu, no dia 27 de março de 2012, que a acupuntura poderia ser exercida somente 
por médicos. “Nesta ação, o Conselho Federal de Medicina questiona a legitimidade 
das resoluções de especialidade em acupuntura dos conselhos de Fisioterapia e 
Terapia Ocupacional, Enfermagem, Psicologia, Fonoaudiologia e 
Farmácia” (ROCHA et al., 2015).). 
Esta decisão desencadeou discussões entre os demais Conselhos de Classes 
prejudicados. 
 Um processo que ficou parado desde 2004, onde essas entidades proibiam 
os outros Conselhos de baixar resoluções aceitando a acupuntura, de 
repente, sem mais nem menos, no dia 27 de março de 2012, algum juiz 
suplente liberou uma sentença a favor do Conselho Federal de Medicina, 
portanto caíram todas as liminares. (Dr. Wu) (ROCHA et al., 2015). 
 
 Recentemente, temos uma discussão contrária, na segunda instância do 
Tribunal Federal Regional – TRF1, dizendo que os conselhos não podem 
regulamentar a acupuntura, pois estariam ampliando seu campo de atuação. 
(Dr. Delvo) (ROCHA et al., 2015). 
Este conflito vem sendo discutido desde 2001, quando o CFM pediu à Justiça 
a anulação de resoluções que autorizavam enfermeiros, psicólogos, fonoaudiólogos, 
farmacêuticos e fisioterapeutas a praticar acupuntura. Como mencionado, o CFM 
 
13 
 
defende que a acupuntura é usada para tratar dores que precisam ser diagnosticadas, 
atividade exclusiva dos médicos. Entretanto, os Conselhos Federais de Farmácia e 
Fisioterapia recorreram sobre a decisão judicial que garante aos médicos a 
exclusividade de exercer a acupuntura (BRASIL, 2012 apud ROCHA et al., 2015). 
Os conselhos estão recorrendo ao Tribunal Superior e ao Supremo Tribunal 
Federal. Se este ou aquele profissional não pode fazer, essa determinação 
fere o direito líquido e certo de manifestação de exercício, porque não existe 
regulamentação da prática da acupuntura no país (Dr. Delvo) (ROCHA et al., 
2015). 
O maior receio das demais categorias diz respeito ao término da 
multidisciplinaridade nos hospitais/serviços de saúde, pois impediria que as decisões 
relativas ao paciente sejam tomadas em conjunto, visto que a palavra final seria do 
médico, o que culminaria e caracterizaria a subordinação das demais classes à 
categoria médica (ROCHA et al., 2015). 
O Ato Médico é considerado, pela maioria dos colaboradores, inconstitucional 
e um retrocesso em relação às diretrizes e os princípios estabelecidos na Constituição 
de 1988 para o Sistema Único de Saúde. Numa perspectiva geral, o Ato Médico, tal 
como formulado a priori, compromete o modelo de atenção à saúde que vem sendo 
preconizado pelo SUS, baseado no atendimento universal, igualitário e integral, por 
equipes multiprofissionais (ROCHA et al., 2015). 
Temas concernentes às necessidades de saúde há muito circulam no campo 
da Saúde Coletiva “em estudos sobre o acesso a serviços e cuidados, a qualidade da 
assistência e das práticas dos profissionais, e ainda sobre os direitos à saúde e 
deveres do Estado em suas políticas públicas”. Em razão de obstáculos culturais, 
políticos e ideológicos de grande complexidade, observa-se a dificuldade de atingir as 
práticas profissionais (ROCHA et al., 2015). 
Pode-se afirmar que o Ato Médico se mostrou incompatível com os inúmeros 
programas que já vêm sendo desenvolvidos no Sistema Único de Saúde, impedindo 
a continuidade dos mesmos, que funcionam a partir do trabalho multiprofissional. Eis, 
portanto, a razão central apresentada pela então presidente Dilma Rousseff para os 
vetos, que foram bem recebidos pelos profissionais de saúde, que os apontam como 
uma grandevitória. No entanto, o Conselho Federal de Medicina os chamou de 
“agressão aos médicos” (ROCHA et al., 2015). 
 
14 
 
Ao caracterizar de maneira ampla e imprecisa o que seriam procedimentos 
invasivos, os dois dispositivos atribuem privativamente aos profissionais médicos um 
rol extenso de procedimentos, incluindo alguns que já estão consagrados no Sistema 
Único de Saúde a partir de uma perspectiva multiprofissional. Em particular, o projeto 
de lei restringe a execução de punções e drenagens e transforma a prática da 
acupuntura em privativa dos médicos, restringindo as possibilidades de atenção à 
saúde e contrariando a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares 
do Sistema Único de Saúde. O Poder Executivo apresentará nova proposta para 
caracterizar com precisão tais procedimentos (BRASIL, 2013 apud ROCHA et al., 
2015). 
Nesta perspectiva, torna-se importante destacar que “a oferta de Práticas 
Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde é estimulada para 
ampliar a integralidade da atenção e o acesso às mesmas, mas é um desafio 
incorporá-las aos serviços” (Santos, 2012), principalmente quando o número de 
recursos humanos capacitados é insuficiente, assim como o financiamento voltado 
para a maioria das práticas (Souza, 2005 apud ROCHA et al., 2015). 
 Com base na perspectiva integrativa, [...] a curto prazo, o modelo de 
atenção à saúde poderá ter custo mais elevado, em razão das mudanças na 
organização do sistema de saúde e nas percepções dos profissionais sobre 
o processo saúde-doença. Porém, a médio e longo prazos, a criação de 
serviços integrados levará à diminuição de gastos, devido ao cuidado integral, 
prevenção de doenças e promoção da saúde com que opera. (TESSER; LUZ, 
2008 apud ROCHA et al., 2015). 
3.5 Sobre o direito de praticar a acupuntura no Brasil 
Recentemente uma decisão em segunda instância no Tribunal Regional 
Federal da 1ª Região (TRF1) voltou a colocar em debate a prática da acupuntura no 
Brasil. Nessa ação, o Conselho Federal de Medicina questiona a legitimidade das 
resoluções de especialidade em acupuntura dos conselhos de Fisioterapia e Terapia 
Ocupacional, Enfermagem, Psicologia, Fonoaudiologia e Farmácia (ARAÚJO, 2012). 
Segundo Araújo (2012), a acupuntura no Brasil é uma ocupação descrita na 
Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). Na CBO, encontramos os códigos da 
ocupação de acupunturista para fisioterapeuta, psicólogo, médico e técnicos. Dessa 
maneira, não se trata de uma especialidade de qualquer profissão da Área da Saúde 
e sim de uma ocupação carente de regulamentação por lei federal. Como não existe 
 
15 
 
lei federal regulamentando a acupuntura no Brasil, a Constituição da República é 
soberana: 
Art. 5º -Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: II - ninguém será obrigado a fazer ou 
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; XIII - é livre o exercício 
de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações 
profissionais que a lei estabelecer (ARAUJO, 2012). 
Sem a votação de um projeto de lei que regulamente a acupuntura, nenhum 
Conselho Federal e nenhuma decisão judicial pode impedir quem quer que seja de 
utilizar a acupuntura em todo território nacional. Atualmente, existem dois projetos de 
lei tramitando em Brasília e, em ambos, deverá ser criada a lei que regulamenta, no 
Brasil, a acupuntura multiprofissional. Debate-se, ainda, a necessidade da criação de 
faculdades de acupuntura e a criação de uma nova profissão da Área da Saúde. 
Nesse sentido, a Sociedade Brasileira de Fisioterapeutas Acupunturistas 
(SOBRAFISA) se posiciona de maneira contrária, uma vez que há mais de 25 anos o 
fisioterapeuta utiliza a acupuntura sem nenhum dolo social comprovado. O mesmo 
pode-se dizer das outras profissões da Saúde que também regulamentaram a prática 
para seus profissionais (ARAÚJO, 2012). 
Esse é o ponto chave que não foi entendido pelo magistrado do TRF1. Quando 
o Conselho Federal de Fisioterapia (COFFITO), por meio de sua primeira presidente, 
a Dra. Sônia Gusman, em 1985, editou a resolução 60 e, posteriormente, as 
resoluções 97, 201 e 209, de autoria do Dr. Rui Gallart de Menezes e da Dra. Célia 
Rodrigues Cunha, não foram atos que objetivaram alargar o campo de atuação de 
seus profissionais, mas sim atos que estabeleceram regras e limites na atuação 
desses profissionais em relação à acupuntura. O mesmo pode-se dizer das 
resoluções de outros conselhos da Saúde. Como um conselho profissional pode ser 
acusado de alargar o campo de atuação de seus profissionais, já que a acupuntura 
no Brasil é uma ocupação que tem seu livre exercício por falta de lei? (ARAÚJO, 
2012). 
As resoluções do COFFITO estabeleceram rígidos critérios para que o 
fisioterapeuta pudesse utilizar a acupuntura. Além de ser fisioterapeuta, deve cumprir 
uma carga horária de 1.200 horas em um período mínimo de integralização de dois 
anos e ainda prestar a prova de especialidade. Somente assim, pode utilizar o título 
 
16 
 
de fisioterapeuta especialista em acupuntura. De certa maneira, os critérios 
estabelecidos pelo COFFITO são aqueles que as boas escolas de acupuntura no 
Brasil usam para certificar seus alunos. O profissional fisioterapeuta conta ainda com 
a chancela de qualidade da SOBRAFISA, presente em muitas escolas, garantindo a 
qualidade teórica, prática, clínica e científica da formação em acupuntura (ARAÚJO, 
2012). 
Enquanto os projetos de lei não forem votados no Brasil, a Constituição Federal 
garante o livre exercício profissional da acupuntura; os conselhos profissionais e as 
associações de classe resguardam os usuários, que buscam a acupuntura como 
forma de tratamento por meio de suas resoluções e normatizações. Dessa maneira, 
quem se beneficia é o usuário, que tem o direito de escolher livremente o melhor 
profissional para realizar o seu tratamento (ARAÚJO, 2012). 
3.6 Regulamentação da acupuntura 
O projeto de lei que regulamenta a acupuntura no Brasil foi aprovado pela 
Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados. De autoria 
do deputado Celso Russomano, o texto demorou 16 anos para passar em três 
comissões na Câmara Federal e autoriza profissionais não médicos a exercerem a 
atividade (NEVES, 2019). 
A proposta seguirá agora para análise do Senado, caso não apareça nenhum 
recurso de parlamentares para que o plenário da Câmara discuta o tema (NEVES, 
2019). 
O deputado Hiran Gonçalves (PP-RR), que é crítico da proposta, destacou que 
a acupuntura é uma especialidade médica e que necessita de conhecimento 
adequado para a prática. “Ao tentarmos regulamentar a profissão de acupunturista 
para quem não fez medicina, estamos dando o direito a uma pessoa que não tem 
conhecimento de anatomia, de fisiologia, de neuroanatomia, de neurologia, enfim, de 
conhecimento, de pré-requisitos necessários para que se pratique uma atividade que 
envolve inclusive procedimentos invasivos”, argumentou o deputado (NEVES, 2019). 
Como resposta, o deputado Gilson Marques (Novo-SC) argumentou que é o 
consumidor que deve avaliar o profissional. “Existem duas visões de como analisar 
esse projeto. A visão dos médicos e a visão dos pacientes e consumidores. Não tenho 
 
17 
 
dúvida de que, para os pacientes, é melhor aprovarmos esse projeto de lei. O que 
precisamos é abrir o mercado. Quem define qual é o bom trabalho, qual é o bom 
profissional, qual é o bom preço, quem tem mais atendimento, é o consumidor, é o 
cliente”, afirmou Gilson Marques (NEVES, 2019). 
Na opinião do presidente da Federação dos Acupunturistas do Brasil (FENAB), 
Afonso Henrique Soares, a decisão é um avanço para a área (NEVES, 2019). 
De acordo com aFENAB, cerca de 160 mil profissionais poderão se beneficiar 
com essa regulamentação. 
Caso seja aprovada a regulamentação no país, poderão exercer a acupuntura 
os seguintes profissionais: 
• Pessoas com diplomas de nível superior em acupuntura expedido por 
instituição reconhecida; 
• Pessoas com curso de graduação expedido por instituições exteriores 
com validade e registro; 
• Profissionais com diplomas na área de saúde, tendo título de 
especialista em acupuntura reconhecido por conselho federal; 
• Pessoas formadas em cursos técnicos de acupuntura, com diploma 
expedido por instituição reconhecida; 
• Aqueles sem diploma que comprovarem exercer a profissão há, pelo 
menos, cinco anos sem interrupção. 
• Segundo o texto aprovado pelos deputados, compete ao profissional de 
acupuntura: 
• Observar, reconhecer e avaliar os sinais, sintomas e síndromes 
energéticas; 
• Consultar, avaliar e tratar os pacientes através da acupuntura; 
• Organizar e dirigir os serviços de acupuntura nas empresas ou 
instituições; 
• Prestar serviços envolvendo auditoria, consultoria e emissão de 
pareceres sobre a acupuntura; 
• Participar no planejamento, execução e avaliação da programação de 
saúde; 
• Participar na elaboração, execução e avaliação dos planos 
• assistenciais de saúde; 
 
18 
 
Auxiliar na educação, visando à melhoria da saúde da população (NEVES, 
2019). 
4 MÉTODOS DE APLICAÇÃO 
O ponto de acupuntura pode ser estimulado por acupressão, moxabustão, 
laserpuntura, aquapuntura e eletroacupuntura, dentre outras técnicas. A acupressão 
consiste na aplicação de pressão sobre a superfície do corpo de uma forma geral 
(massagem) ou em pontos específicos. Normalmente não é utilizada por médicos 
veterinários, mas os proprietários podem ser treinados para utilizar essa técnica como 
forma de complementar a terapia com agulhas (ALTMAN, 2006). 
A moxabustão é o aquecimento do ponto de acupuntura com a queima de 
bastões de uma planta chamada Artemisia vulgaris. A técnica pode ser realizada de 
forma direta, queimando os bastões diretamente sobre a pele, ou indireta. Outro 
método não invasivo consiste na utilização de Laser (Light Amplification by Stimulated 
Emission of Radiation), com rendimento de 1 a 10mW cm-2 (soft-laser), em acupontos 
analgésicos (DRAEHMPAHEL & ZOHMANN, 1997). 
A aplicação do soft-laser aumenta a síntese de adenosina trifosfato (ATP) na 
célula, causando hiperpolarização e bloqueio de estímulos menores, diminuindo a 
transmissão de impulsos dolorosos (TAFFAREL, 2009). 
A injeção de produtos medicinais nos acupontos é chamada de aquapuntura. 
É especialmente indicada na auriculoterapia. Também pode ser empregada para 
tratar lombalgias, melhorando a excreção de toxinas metabólicas e substâncias 
álgicas pelas vias linfáticas (DRAEHMPAHEL & ZOHMANN, 1997). 
De outra forma, a eletroacupuntura consiste na utilização de estímulo elétrico 
pelas agulhas, emitido por meio de um aparelho de eletroestimulação. LIU et al. (2007) 
afirmaram que a estimulação elétrica de acupontos é efetiva no alívio da dor central e 
periférica. O efeito analgésico desse método foi descrito em cirurgias abdominais (LIN 
et al., 2002), reparo de hérnia inguinal, toracotomia, como método complementar para 
analgesia em pacientes com câncer, e lesões na articulação tibiotársica (TAFFAREL, 
2009). 
A auriculoterapia é indicada nas doenças agudas e reversíveis, para analgesia 
e adjuvante nas doenças crônicas. ALIMI et al. (2003) comprovaram a eficácia da 
 
19 
 
auriculoterapia como tratamento auxiliar na dor crônica neuropática em pacientes 
oncológicos. Apesar dos resultados promissores, as evidências para o uso da 
auriculoacupuntura no controle da dor ainda são inconclusivas. Comumente não se 
realiza em animais o agulhamento da orelha, mas sim a cauterização dos pontos 
(TAFFAREL, 2009). 
Tipos de agulhas 
 
Fonte: portalunisaude.com.br 
4.1 Agulha Filiforme: 
 
Inserção com Mandril: 
 
Inserção sem Mandril: 
 
20 
 
 
4.2 Inserção sem Mandril 
Inserção de Agulhas Curtas Inserção de Agulhas Longas 
 
 
 
Inserção superficial e horizontal Inserção com Pele Enrugada 
 
 
 
 
21 
 
4.3 Ângulos de Inserção 
• Perpendicular 
• Obliqua 
• Horizontal 
 
4.4 Formas de Procurar o Qi 
Pancadas no Cabo Massagear o Trajeto do Canal 
 
 
Empurrar e Puxar (Bicada do Pássaro) 
 
Sacudir e/ou Vibrar; Apoiar ou Pressionar e/ ou Mudar o Local da Picada. 
 
22 
 
4.5 Formas de Reter o QI 
Empurrar a agulha até a profundidade Níveis de profundidade 
 Céu, homem e terra 
 
 Rotação Arranhar 
 
 
 Curva Girar a agulha 
 
 
 
 Voar Agitar 
 
 
23 
 
 
 
4.6 Cuidados 
Há poucas contra- indicações absolutas ao tratamento com acupuntura, pois, 
em geral, ela consiste em um procedimento seguro e bem tolerado. Apesar disso, é 
importante levarmos em consideração que a acupuntura deve ser evitada em 
pacientes com neutropenia grave, como observado no caso de pacientes após 
quimioterapia mielossupressiva. Adicionalmente, devemos ter em mente que é 
contraindicada a inserção de agulhas de acupuntura em locais de infecção ativa ou 
de tumores, pois há um risco teórico de causar dispersão metastática de células 
tumorais em caso de malignidade. É importante mencionar também que, embora a 
acupuntura tradicional seja segura em pacientes que utilizam cardioversor 
desfibrilador implantável (CDI) ou marcapasso, a eletroacupuntura deve ser evitada 
nesses pacientes, devido ao risco de interferência elétrica no dispositivo (DE SOUZA, 
2020). 
4.7 Método de Tonificação (Reforço) Sedação (Redução) 
 
• Tonificação e Sedação pela Manipulação de Agulhas 
 
Penetrar e Puxar Respiração 
 
 
24 
 
 
5 APLICAÇÕES DA ACUPUNTURA JUNTO AOS TRANSTORNOS 
PSICOLÓGICOS 
Desordens psicológicas, como a depressão e suas diferentes manifestações, 
têm sido objeto de estudo analítico de uma grande gama de profissionais, 
especialmente da área de saúde, no sentido de melhor compreendê-la, diagnosticá-
la e, assim, tratá-la com maior eficácia. A ciência psicológica tem contribuído com 
diferentes formas de se intervir terapeuticamente no fenômeno depressivo, e, dentre 
as abordagens mais promissoras, encontra-se a terapia cognitiva, desenvolvida por 
(AARON BECK,1991 apud VECTORE, 2005). 
Entretanto, ao se considerar as publicações envolvendo as diferentes formas 
de tratamento das manifestações depressivas, constata-se um grande interesse de 
pesquisadores da área de Psicologia (VECTORE, 2005) em investigar a efetividade 
da terapêutica com acupuntura em relação a tais desordens e a outras, de natureza 
eminentemente emocional. Mostraram a eficácia da acupuntura no tratamento de 
episódios depressivos e ansiedade generalizada por meio do agulhamento em pontos 
como: CS 6, C 7, VC 6, B 62. 
Em um artigo escrito por White (2000) apud VECTORE (2005), publicado na 
renomada revista americana “Professional Psychology: Research and Practice”, 
intitulado Psicologia e Medicina Complementar e Alternativa, a autora discorre sobre 
a importância de os psicólogosconhecerem e estudarem cientificamente as 
abordagens alternativas, como a acupuntura, a homeopatia, a medicina ayurvédica e 
a naturopatia, pois estatísticas mostram que, em 1997, 42% da população americana 
utilizou um tratamento não convencional, gastando cerca de $21.2 bilhões de dólares 
com essas práticas, conforme aponta EISENBERG et al. (1998) apud VECTORE, 
 
25 
 
2005) , e, dentre as patologias mais suscetíveis a tais terapêuticas, encontram-se a 
dor nas costas, a ansiedade, a depressão e as dores de cabeça; há que se considerar 
que principalmente a ansiedade e a depressão são patologias prioritariamente 
tratadas por psicólogos. Assim, a referida autora conclui que, possivelmente, os 
pacientes estão tanto fazendo terapia psicológica junto a uma prática não 
convencional quanto substituindo a terapia por práticas alternativas. 
Contudo, deve-se considerar as dificuldades em se realizar estudos clínicos 
controlados e aceitos pela comunidade científica utilizando-se a acupuntura, pois 
LEWITH e KENVON (1984) já demonstraram que qualquer agulhamento no corpo 
produz algum efeito psicológico. 
A combinação da acupuntura com o biofeedback é duas vezes mais efetiva que 
apenas o biofeedback na redução da ansiedade e tensão muscular (LANZA, 1986 
apud VECTORE, 2005). 
Outros estudos, como o de GUIZHEN et al (1998) apud VECTORE (2005), 
defendem que a associação da acupuntura na dessensibilização comportamental é 
claramente superior a qualquer outro procedimento usado no tratamento de pacientes 
com quadros de ansiedade. 
Estudos americanos têm demonstrado que pessoas com diagnóstico de 
doenças como síndrome do pânico e depressão são as que mais utilizam técnicas 
alternativas para o tratamento, muitas vezes sem o conhecimento do terapeuta, 
embora relatem melhoria em seus sintomas. Existe a dificuldade em avaliar 
experimentalmente, com métodos quantitativos, tais técnicas, principalmente porque, 
em muitas dessas técnicas, a força curativa advém da relação entre terapeuta e 
paciente. Além disso, estudos sérios a respeito da utilização de abordagens 
alternativas, na maioria das vezes, são publicados em veículos específicos, gozando, 
normalmente, de menor credibilidade que os jornais científicos para os profissionais 
da Medicina e da Psicologia (UNUTZER et al., 2000; KNAUDT et al., 1999 apud 
VECTORE, 2005). 
BASSMAN e UELLENDAHL (2003) apud VECTORE (2005) realizaram um 
estudo objetivando conhecer como as tendências alternativas eram vistas pelos 
psicólogos, membros da American Psychological Association (APA). Para tanto, 
elaboraram um instrumento contendo questões acerca do conhecimento sobre as 
práticas alternativas bem como do seu uso pelos referidos profissionais, e 
 
26 
 
encaminharam, via correio, as questões para 1000 membros da referida associação. 
É interessante observar que, a despeito do pequeno número de respondentes (202), 
os psicólogos mostraram uma tendência a reconhecer a importância das técnicas com 
relação a determinados problemas psicoterápicos, além do desejo de aprender a 
utilizar algumas dessas técnicas (acupuntura, ervas, entre outros). Entretanto, há a 
preocupação legal e ética sobre o uso de tais procedimentos. Pois, segundo as 
autoras, é fundamental a realização de novos estudos que ampliem o conhecimento 
sobre a efetividade das técnicas junto à abordagem psicológica, de modo que venham 
a respaldar possíveis ações legais (VECTORE, 2005). 
O investimento em novos estudos, como os que permitiram ao Novo México a 
possibilidade de incorporar a psicofarmacologia na prática psicológica, são 
extremamente valiosos. O atual crescimento e demanda por práticas alternativas, 
além da intensa focalização na espiritualidade, nas sociedades pós-modernas, têm 
levado os psicólogos a repensarem o seu próprio trabalho, o que, segundo DAW, 
(2002, p.24 apud VECTORE, p. 280, 2005), “é um exemplo do contínuo crescimento 
e evolução da Psicologia enquanto uma profissão da saúde “. 
Alguns estudos, publicados em inglês, de estudos controlados utilizando a 
acupuntura, demonstraram a eficácia da acupuntura em relação à depressão e ao 
abuso de drogas a percepção da doença tem sido descrita na literatura psicológica 
como um importante prognóstico de saúde, embora tal fator tenha sido pouco 
contemplado no campo das desordens mentais. Assim, os autores empreenderam um 
estudo buscando validar o instrumento PDIQ – percepção da depressão pelo paciente, 
um questionário contendo quatro subescalas relativas a: eficácia do eu: reflete a 
crença do paciente no controle de sua doença; externalização: reflete a crença do 
paciente de que a sua doença tem causas externas; desesperança/cisão: reflete a 
crença de que a depressão é uma característica pessoal, havendo pouca esperança 
de cura; holística: reflete a crença em terapias alternativas (VECTORE, 2005). 
A importância do instrumento se deve à possibilidade de predizer a aderência 
do paciente ao tratamento bem como as expectativas, as preferências e a aliança 
terapêutica, o que pode corroborar os achados do estudo que mostram a importância 
da relação terapeuta – paciente no sucesso de um tratamento por meio, por exemplo, 
da acupuntura (VECTORE, 2005). 
 
27 
 
Com o objetivo de fornecer indicadores mais fidedignos em relação à avaliação 
de crenças na efetividade da acupuntura para o tratamento dos sintomas psiquiátricos, 
DENNEHY, WEBB e SUPPES (2002) apud VECTORE, (2005). Desenvolveram a 
escala “The Acupuncture Beliefs Scale”, considerando todas as propriedades 
psicométricas que envolvem a construção de instrumentos de medida. 
Em um importante e singular estudo sobre os resultados e as expectativas 
gerados pela acupuntura, concluiu que a percepção dos resultados da acupuntura não 
está diretamente relacionada ao efeito placebo e às expectativas do paciente, mas, 
ao contrário, aos fatores referentes ao relacionamento entre terapeuta e paciente. 
Todavia, o autor ressalta que o achado deverá ser investigado com maiores detalhes, 
incluindo a construção de instrumentos de medida capazes de mensurarem a 
qualidade de tal relacionamento. Os estudos devem priorizar tanto a pesquisa 
qualitativa, considerando a eficiência do tratamento focalizado no paciente, quanto a 
pesquisa quantitativa com estudos experimentais controlados, de modo a se verificar 
a eficácia do tratamento (VECTORE, 2005). 
WANG e KAING (2001) apud VECTORE, (2005), relataram a eficiência da 
acupuntura auricular no tratamento das desordens crônicas de ansiedade. Através de 
procedimento experimental, foi comprovado que a acupuntura auricular no ponto de 
“relaxamento” diminuiu a ansiedade em voluntários saudáveis. O estudo foi conduzido 
pela formação de três grupos distintos, sendo que, no grupo 1, era utilizado o ponto 
Shenmen (porta do espírito), no grupo 2, o de “relaxamento”, e, no grupo 3, um ponto 
qualquer na orelha. 
No ano de 1998, o Instituto Norte-Americano de Saúde (NIH) organizou uma 
conferência com diversos especialistas sobre a eficiência da acupuntura. Através do 
levantamento bibliográfico do período compreendido entre janeiro de 1970 a outubro 
de 1997 (MEDLINE, ALLIED and Alternative Medicine, EMBASE E MANTIS), foram 
encontradas 2302 referências. Os estudos foram analisados considerando a 
metodologia adotada e os resultados obtidos. Desse modo, tem-se que a acupuntura 
mostrou ser uma técnica eficaz, entre outras, no tratamento pós-operatório e na 
redução dos transtornos da quimioterapia. Há evidências da adequação do uso da 
acupuntura, junto a outras modalidades terapêuticas, nos tratamentos de adição, dor 
de cabeça e fibromialgia, entre outros (VECTORE, 2005). 
 
28 
 
No entanto, é importante destacar que, entre as dificuldades apontadas em 
estudos dessa natureza, encontra-se o fato de que a colocação das agulhas em 
qualquer lugar da pele elicia uma resposta biológica, dificultandoestudos 
experimentais que envolvam a eficácia dos pontos (VECTORE, 2005). 
Há evidências razoáveis mostrando que a acupuntura pode causar múltiplas 
respostas biológicas em virtude do papel desempenhado pelos opioides endógenos 
na analgesia pela acupuntura. A estimulação pela acupuntura pode ativar o 
hipotálamo e a glândula pituitária, resultando em um largo espectro de efeitos 
sistêmicos. Há também comprovações de alterações nas funções imunológicas 
deflagradas pela acupuntura. Muitos fatores determinam o resultado terapêutico, 
como a qualidade do relacionamento e a compatibilidade de crenças entre terapeuta-
paciente, além do grau de confiança e das expectativas do cliente (VECTORE, 2005). 
Fundamentados nas preocupações e nos estudos que vêm sendo 
sistematicamente empreendidos e divulgados na literatura internacional, no que diz 
respeito principalmente à eficácia e à eficiência de terapêuticas complementares, 
entre elas, a prática da acupuntura por psicólogos, ressalta-se a necessidade de se 
ter escolas credenciadas, devidamente fiscalizadas e reconhecidas, para o ensino e 
a prática da referida técnica terapêutica (VECTORE, 2005). 
6 A APLICAÇÃO DA ACUPUNTURA SOBRE AS EMISSÕES OTOACÚSTICAS 
DE PACIENTES COM ZUMBIDOS 
O Zumbido geralmente é comparado ao som de um chiado, apito ou cachoeira. 
E é definido como a sensação do som percebido pelo indivíduo independente de 
estímulo externo (AZEVEDO et. al., 2007). 
Pesquisas recentes evidenciam prevalências de até 32% de indivíduos com 
esse sintoma, sendo que em 0,5% o sintoma é tão severo que impede o indivíduo de 
viver uma vida normal (AZEVEDO et. al., 2007). 
 
 
29 
 
 
Fonte: istockphoto.com 
Um estudo epidemiológico realizado no Hospital das Clínicas encontrou uma 
proporção de 60% dos pacientes sendo do gênero feminino. Outro estudo realizado 
também reporta uma maior prevalência do zumbido na população feminina, assim 
como na população de expostos a ruído e indivíduos de baixa renda (COLES, 1990). 
Ainda existem outras explicações possíveis para a maior prevalência de 
zumbido nas mulheres. As mulheres vivem mais que os homens, com isso, podem 
ter maior probabilidade de ter doenças crônicas como diabetes e hipertensão, com 
todas as complicações, além de presbiacusia e consequente zumbido (AZEVEDO et. 
al., 2007). 
Em razão da heterogeneidade observada na população de indivíduos com 
zumbido devem-se considerar mais de uma teoria que explique a sua geração. 
Existem vários modelos que tentam explicar o mecanismo envolvido na geração do 
zumbido. A maioria dos modelos sugere uma disfunção coclear. A teoria denominada 
hipótese de danos discordantes sugere que o zumbido seja gerado em uma porção 
da membrana basilar, na qual há preservação de células ciliadas internas e danos em 
células ciliadas externas. Essa teoria pode explicar a ocorrência de zumbido em 
indivíduos com audição normal, visto que danos difusos de até 30% de CCE podem 
ocorrer sem que haja perda auditiva detectável. Outra teoria proposta é de que em 
áreas com danos de células ciliadas internas haveria redução da inibição eferente. Em 
consequência, à menor inibição haveria aumento de áreas ativas da membrana 
basilar, causando o zumbido, (AZEVEDO et. al., 2007). 
Uma proposta bioquímica para a geração do zumbido, sugere que as dinorfinas 
endógenas potencializam a atividade excitatória do glutamato nos receptores NMDA 
(n-metil-d aspartate) da cóclea e potencializam altos níveis do sistema auditivo. Esta 
 
30 
 
ação produziria uma descarga sincrônica nos neurônios auditivos no silêncio, que 
seria percebido como som real (AZEVEDO et. al., 2007). 
Um modelo neurofisiológico descrito por JASTREBOFF e HANZEL (1993), 
relata que as principais dificuldades encontradas na avaliação e tratamento do 
zumbido são: 
1- Dificuldade de exames objetivos para avaliação do zumbido; 
2- O zumbido ser um sintoma com enormes possibilidades de disfunções 
periféricas e centrais associadas; 
3- Falta de provas dos mecanismos envolvidos na geração do zumbido; 
4- Forte impacto causado pelo zumbido no sistema nervoso central do 
paciente, e por fim, a forte ligação da percepção do zumbido com o sistema emocional 
(JASTREBOFF; HANZEL, 1993 apud AZEVEDO et. al., 2007). 
Por conta de sua subjetividade, o sintoma não pode ser medido por exames 
laboratoriais, nem compreendido totalmente pelos pesquisadores. Um sintoma com 
muitas causas prováveis, muitos mecanismos envolvidos e, portanto, muita confusão 
no tratamento. Confusão que causa mais estresse para o paciente, que acaba 
acreditando que nada mais há para ser feito. Uma conduta comum dos profissionais 
ao lidar com esses pacientes é mandá-los para casa dizendo que nada poderá ser 
feito e que o paciente deverá aprender a conviver com esse sintoma (AZEVEDO et. 
al., 2007). 
Todavia, muitos estudos continuam sendo realizados nessa área. Um modelo 
neurofisiológico ressalta a importância do sistema límbico no reforço emocional do 
sintoma, sendo este o responsável pela permanência da percepção do zumbido. 
Acreditamos que a manutenção e a interferência desse sintoma na qualidade de vida 
da pessoa estão muito relacionadas com padrões de equilíbrio global do paciente, 
características físicas e, principalmente, emocionais. Portanto, o profissional de 
saúde, ao assumir um desses pacientes, deverá ter um cuidado especial, muita 
paciência e persistência. Além disso, dar ao paciente a segurança de que existem 
várias alternativas para aliviar seu sintoma e de que sua participação ativa é essencial 
no processo de cura (AZEVEDO et. al., 2007). 
Em razão da diversidade na sua origem, o tratamento deste sintoma continua 
a ser um desafio, mas diferentes métodos vêm sendo empregados com sucesso, 
dentre eles está a Acupuntura (AZEVEDO et. al., 2007). 
 
31 
 
Os estímulos realizados pela acupuntura em pontos específicos têm por 
objetivo obter do organismo uma resposta que visa à resolução de um quadro clínico 
específico, à recuperação da saúde ou a prevenção de doenças. Esse resultado 
ocorre por meio do incremento de processos regenerativos, normalização de funções 
orgânicas de regulação e controle, da modulação da imunidade, da promoção de 
analgesia e da harmonização de funções endócrinas, autônomas e mentais 
(AZEVEDO et. al., 2007). 
Na MTC, a acupuntura é recomendada para o alívio do zumbido, apesar de 
faltarem provas científicas nesta área. Estudos mostram que o estímulo realizado com 
as agulhas promove uma introdução de carga elétrica que desencadeia potenciais de 
ação a fim de reequilibrar o sistema (AZEVEDO et. al., 2007). 
Na maioria dos estudos sobre a eficácia da acupuntura, um dos principais 
problemas é a falta de dados objetivos que comprovem as melhoras relatadas pelos 
pacientes. Os estudos costumam utilizar a referência da sensação subjetiva do 
paciente com relação ao zumbido para analisar o efeito do tratamento. Um estudo de 
revisão sistemática sobre a eficácia da acupuntura no tratamento do zumbido concluiu 
que a crença de que a acupuntura é efetiva no tratamento do zumbido não é baseada 
em evidências de estudos controlados e randomizados (AZEVEDO et. al., 2007). 
AXELSSON et al. (1994) estudaram a eficácia da acupuntura em pacientes com 
zumbido utilizando uma escala de analogia visual. Em seu estudo não houve diferença 
significativa. Park et al. (2000), em seu estudo, comenta sobre a falta de dados 
baseados em evidências feitas por estudos randomizados nesta área, e que portanto, 
mais estudos devem ser feitos nessa área de forma mais adequada do ponto de vista 
metodológico (AZEVEDO et. al., 2007). 
7 APLICAÇÃO DA ACUPUNTURA NA ANALGESIA DO PARTO 
Atualmente há uma grande mobilização do setor saúde no sentido de garantir 
a diminuição das taxas de mortalidade materna, dos altos índices de cesariana e 
incentivoao parto natural, e garantir a humanização da assistência ao parto 
(MARTINI, 2009). 
Todavia, de modo geral, na tentativa do resgate da qualidade e da 
humanização do parto, ainda permanece a visão dos profissionais de saúde, em 
 
32 
 
especial a visão do médico, sem uma leitura da complexidade cultural que permeia o 
nascimento e que precisa passar pelo envolvimento real das mulheres. Não é mais 
possível tratar as questões de atenção ao parto sob a ótica eminentemente técnico 
profissional, biologista, sem levar em consideração as dimensões de gênero, cultura, 
saúde e sociedade que se manifestam nas relações mulheres-homens-profissionais 
(MARTINI, 2009). 
 
Fonte: bebe.abril.com.br 
Nesse momento em que o discurso da humanização do parto tornou-se o ponto 
alto para a definição de novas tecnologias do cuidado à gestante durante o parto e 
nascimento, busca-se conhecer como as parturientes percebem o uso, ou o quanto 
elas conhecem sobre o uso da acupuntura na analgesia das dores do parto (MARTINI, 
2009). 
Possivelmente, um dos maiores medos associados ao parto seja o medo da 
dor. É verdade que os avanços da medicina permitiram o aparecimento de drogas 
cada vez mais sofisticadas utilizadas para tirar a dor. No entanto, a anestesia não só 
tira a dor, como, também, muitas das sensações físicas ligadas ao trabalho de parto 
(MARTINI, 2009). 
Diante disso, foram desenvolvidas inúmeras práticas terapêuticas, 
classificadas como alternativas ou complementares, que têm sido empregadas por 
diversos profissionais com resultados positivos no manejo das dores do parto. Entre 
elas, a homeopatia pode ser utilizada, no trabalho de parto, para auxiliar no 
relaxamento, na dilatação, na indução e aceleração; a acupuntura pode ser usada 
para alívio da tensão, indução e aceleração do parto; a cromoterapia, para relaxar 
durante as contrações ao passo que suaviza as sensações fortes da expulsão, quando 
aplicada diretamente sobre a vulva; a terapia floral abaixa o nível de ansiedade, ajuda 
 
33 
 
a lidar com o medo, tranquiliza, acalma e permite uma percepção mais aguçada, 
reforçando a resistência física e emocional (MARTINI, 2009). 
Além da necessidade de controle da dor do parto pelas razões já apontadas, 
devemos considerar a necessidade de seu controle do ponto de vista médico, pois, 
como tem sido demonstrado, a dor obstétrica não controlada produz uma série de 
alterações na fisiologia materna, as quais, somadas àquelas que a própria gestação 
causa, podem ocasionar efeitos colaterais indesejáveis no feto e na mãe, entre os 
quais destacamos a hiperventilação, o aumento do consumo de oxigênio, o aumento 
das concentrações plasmáticas de betaendorfinas e catecolaminas, que diminuem o 
fluxo sanguíneo placentário, bem como o aumento de renina que estimula a produção 
de angiotensina I e II e aumento nas concentrações de ácidos graxos livres, entre 
outras alterações (MARTINI, 2009). 
Pode-se afirmar que, na evolução e duração do trabalho de parto, tem se 
observado que a dor obstétrica pode aumentar a incidência de distocias e prolongar 
sua duração. Assim, há motivos bastante razoáveis, tanto do ponto de vista 
humanitário como clínico, para enfatizar que é necessário e fundamental o controle 
da dor do parto. Numerosos estudos demonstraram os benefícios obtidos no binômio 
mãe-filho com o simples fato de controlar a dor obstétrica, destacando a analgesia 
epidural entre os procedimentos analgésicos que produzem respostas mais favoráveis 
(MARTINI, 2009). 
A decisão pela técnica mais adequada de analgesia deve considerar as 
seguintes condições: não produzir depressão em nenhum dos órgãos e sistemas da 
mãe e do concepto; não pode modificar a dinâmica do trabalho de parto; e as drogas 
anestésicas utilizadas não podem ultrapassar a barreira placentária. Entretanto, ainda 
não dispomos, na medicina ocidental, de uma droga ou de uma técnica de analgesia 
ideal que reúna as características mencionadas para o adequado controle da dor 
obstétrica, daí decorre nosso interesse em intensificar as abordagens de analgesia 
por meio da acupuntura, que, em nossa análise, é uma terapêutica capaz de atender 
às recomendações mencionadas (MARTINI, 2009). 
Para os chineses, há uma contínua circulação de energia em nosso corpo, e a 
desorganização dessa circulação causa os adoecimentos. A acupuntura é efetiva na 
medida em que redistribui e normaliza a corrente energética em nosso organismo, 
 
34 
 
recuperando a circulação normal. Assim, a acupuntura é um complexo sistema 
medicinal que envolve todo o campo terapêutico (MARTINI, 2009). 
Os objetivos terapêuticos da acupuntura são definidos como a obtenção da 
analgesia, recuperação motora, normalização das funções orgânicas, modulação da 
imunidade, das funções endócrinas, autonômicas e mentais e ativação de processos 
regenerativos (MARTINI, 2009). 
Os resultados da acupuntura no campo da analgesia tem sido objeto de 
estudos, especialmente em experimentos na área da neurofisiologia da acupuntura, 
realizados no Instituto de Pesquisas em Neurociências da Universidade de Pequim, 
Beijing, China. As investigações por ele realizadas indicam que é possível afirmar que 
a eletroacupuntura ativa o sistema supressor da dor. A estimulação de terminações 
nervosas das vias dolorosas segmentares e suprassegmentares produzem analgesia 
por mecanismos neurais e neuroquímicos (MARTINI, 2009). 
Algumas pesquisas realizadas em meados da década de 1970, foi explorado o 
papel dos neurotransmissores centrais clássicos na mediação da analgesia por 
acupuntura, incluindo as catecolaminas e a serotonina. As experiências com modelos 
animais permitem evidenciar a liberação diferenciada de peptídeos opiáceos do 
sistema nervoso central (SNC) pela eletroacupuntura de acordo com o tipo de 
estímulo elétrico utilizado. Quando o eletroestimulador libera uma frequência de 2Hz 
ocorre a liberação de encefalinas e betaendorfinas, mas quando o estímulo é de 
100Hz, seletivamente aumenta a liberação de dimorfina na medula espinhal. Assim, a 
combinação de ambas as frequências permite uma interação sinérgica entre os três 
peptídeos opiáceos endógenos e um efeito analgésico mais potente. A manipulação 
manual da agulha inserida em um ponto de acupuntura também produz um aumento 
marcante no limiar de tolerância a dor (MARTINI, 2009). 
Estudos confirmam também que o uso combinado da eletroacupuntura com 
anestesia geral ou epidural, em procedimentos cirúrgicos, reduz o consumo 
anestésico em até 50%, sugerindo que a acupuntura produz um efeito analgésico 
substancial, porém não forte o suficiente para abolir completamente a dor aguda 
provocada pela intervenção cirúrgica (MARTINI, 2009). 
No ocidente, especialmente Europa e Américas, a acupuntura tem sido utilizada 
para a indução do parto, em tentativas de interferir na apresentação do feto, para 
analgesia de cesáreas e para o controle da dor obstétrica, tanto na fase de dilatação 
 
35 
 
como do parto propriamente. As técnicas utilizadas variam quanto ao tipo de estímulo, 
à escolha dos pontos, ao tipo de manipulação, se manual ou eletroacupuntura, e 
quanto aos resultados relatados. A maioria dos estudos relata experiências que 
utilizaram a eletroacupuntura (MARTINI, 2009). 
Apesar das dificuldades relacionadas com as metodologias de estudo das 
experiências com o uso de acupuntura na analgesia das dores do parto, o interesse 
pela acupuntura nesta área se justifica pelas inúmeras vantagens que ela representa 
para o binômio mãe-filho: não altera os níveis de consciência materna, 
proporcionando o seu envolvimento durante todo o processo de parto, melhorando, 
com isso, a interação mãe-filho, principalmente logo após o parto; libera endorfinas, o 
que melhora os processos fisiológicos ou metabólicos de ambos; por ser minimamente 
invasiva, não impede o uso de outrastécnicas de analgesia; é uma opção viável 
economicamente, enfim, ao que tudo indica e pelos resultados dos estudos 
conhecidos, é uma técnica que, até o momento, parece segura já que não há registro 
de efeitos colaterais em sua aplicação (MARTINI, 2009). 
8 O TRATAMENTO DA ANSIEDADE ATRAVÉS DA ACUPUNTURA 
 
Fonte: portalsuperacao.org.br 
A ansiedade está presente na vida de todas as pessoas, ao longo de toda a 
existência delas, por isso é entendida como um acompanhamento normal das 
diversas mudanças que ocorrem na vida. Entretanto, tal fenômeno pode apresentar 
 
36 
 
um caráter patológico quando surge como uma resposta inadequada, devido a sua 
intensidade ou duração, perante um determinado estímulo (SILVA, 2010). 
Quando a ansiedade se apresenta em uma intensidade ou duração elevada, 
desproporcional ao estímulo frente ao qual o indivíduo se encontra, é possível dizer 
que se está diante de um quadro patológico, denominado de transtorno de ansiedade 
(SILVA, 2010). 
Em relação aos transtornos de ansiedade, o DSM-IV (2002) classifica 14 tipos 
diferentes de transtornos que podem ser enquadrados nessa categoria. Dentre eles 
destacamos o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). Este se caracteriza por: 
...uma ansiedade ou preocupação excessiva (expectativa apreensiva), 
ocorrendo na maioria dos dias por um período de pelo menos 6 meses... O 
indivíduo considera difícil controlar a preocupação. A ansiedade e a 
preocupação são acompanhadas de pelo menos três sintomas adicionais, de 
uma lista que inclui inquietação, fatigabilidade, dificuldade em concentrar-se, 
irritabilidade, tensão muscular e perturbação do sono... embora os indivíduos 
com transtorno de ansiedade generalizada nem sempre sejam capazes de 
identificar suas preocupações como “excessivas”, eles relatam sofrimento 
subjetivo devido a constante preocupação, têm dificuldade em controlar a 
preocupação, ou experimentam prejuízo no funcionamento social ou 
ocupacional ou em outras áreas importantes... A intensidade, duração ou 
freqüência da ansiedade ou preocupação são claramente desproporcionais à 
real probabilidade ou impacto do evento temido. (DSM-IV, 2002, p. 457) 
 Destaca que dentre as principais características apresentadas nos transtornos 
de ansiedade, os indivíduos apresentam sintomas específicos nos campos somático, 
motor, no do humor e no da cognição. Em relação aos sintomas de humor, o 
sofrimento advindo da ansiedade tem a característica de apresentar um sentimento 
constante de que o indivíduo será condenado por algo, ou que algo terrível irá 
acontecer; desse modo, o indivíduo pode apresentar sensações de tensão, medo, 
irritabilidade e depressão. Os sintomas cognitivos, por sua vez, dizem respeito à 
apreensão e/ou preocupação com uma possível condenação ou desastre que pode 
vir a ocorrer e que o indivíduo antecipa (SILVA, 2010). 
O autor, afirma ainda que os sintomas somáticos, podem ser divididos em dois 
tipos; os primeiros podem ser chamados de imediatos, que podem ser boca seca, 
suor, respiração curta, sensações de tensão muscular, latejo na cabeça, pulso rápido 
e aumento de pressão sanguínea. Já os segundos são resultantes de um estado 
crônico de ansiedade, que pode debilitar o sistema fisiológico ocasionando fadiga 
geral, sofrimento intestinal, fraqueza muscular, hipertensão e constantes dores de 
cabeça. Por fim, os sintomas motores dizem respeito à impaciência e à inquietação 
 
37 
 
que indivíduos em estados ansiosos podem apresentar, sendo comum que pessoas 
nesse estado emitam rápidos e repetidos movimentos com dedos, pés ou pernas ou 
respostas de susto muito exageradas a estímulos como ruídos ou presença súbita de 
pessoas (SILVA, 2010). 
8.1 Compreendendo a ansiedade pelo referencial teórico da MTC 
A palavra ansiedade é uma palavra ocidental que se refere a um estado 
somatopsíquico descrito pela Psicologia e pela Medicina ocidentais. Nesses termos, 
a terminologia ansiedade não é uma terminologia oriental, portanto, na literatura 
clássica da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), é impossível encontrar descrições 
de tratamentos para ansiedade. Aliado a isso, na MTC, não existe separação entre 
mente, corpo e espírito, portanto, não existem classificações de doenças ou distúrbios 
exclusivamente psicológicos ou psiquiátricos, como ocorre no ocidente, como, por 
exemplo, no caso de transtornos de ansiedade (SILVA, 2010). 
Na MTC, existe uma classificação de doenças nas quais se enquadram as 
patologias que apresentam maior sintomatologia psíquico/ emocional, as chamadas 
dian-kuang, que podem ser traduzidas por perturbações mentais. Nas dian-kuang, 
porém, estão enquadradas as patologias mais severas, o que, no ocidente, pode ser 
traduzido por psicoses. Assim sendo, distúrbios menos intensos, como, por exemplo, 
estados ou transtornos de ansiedade, não poderiam ser classificados como patologias 
dian-kuang (SILVA, 2010). 
Entendem que fenômenos como a ansiedade são sintomas (assim como no 
ocidente) de distúrbios de outra ordem. Aliado a isso, como na MTC não existe 
separação entre corpo, mente e espírito, uma desarmonia em um dos cinco principais 
órgãos do corpo (na perspectiva chinesa: coração, baço, pâncreas, pulmão, rins e 
fígado) ocasionará automaticamente um desequilíbrio nos aspectos mentais e 
espirituais desses órgãos, chamados respectivamente de SHEN, HUN, PO, YI E ZHI 
(SILVA, 2010). 
Dessa feita, como a ansiedade é sintoma de uma desarmonia, ela pode ser 
sintoma de desequilíbrio de qualquer um desses aspectos, sendo, porém, mais 
marcadamente considerada um distúrbio do shen, que significa espírito, ressaltando-
se que, para os chineses, o espírito reside no coração. Esse espírito não fica preso 
 
38 
 
no coração, mas circula por todo o corpo, garantindo a vitalidade e a consciência, 
regulando o humor e a sensação de bem-estar no mundo, como destaca Silva (2010): 
O Shen aloja-se no coração. O coração é o órgão que funciona como 
receptáculo das funções ativas da consciência, ele abriga ou expressa 
sentimentos, emoções, desejos mais profundos, imaginação, intelecto e 
memória dos eventos passados. Como um copo ou cálice, o coração contém 
o sangue e o Shen, que são seu conteúdo, seu vinho sagrado... Ou seja, ao 
se alojar no coração, o Shen não está em um lugar fixo, mas circula como o 
sangue nos vasos. Ele está em todo o corpo, pois o sangue dos vasos irriga 
tudo, da pele aos olhos. O Shen é, portanto, uma atividade dinâmica que está 
na essência do coração. Adquire-se e desenvolve-se a consciência 
interagindo com o mundo e com os próprios órgãos e o Shen está presente 
em cada um deles. (p 92), (p 204) 
Portanto, para os chineses, um distúrbio no coração corresponde 
automaticamente a uma desarmonia no espírito. A ansiedade, então, pode ser 
entendida como o resultado de uma desarmonia do espírito, seja por uma situação de 
excesso, insuficiência ou estagnação de qi (energia) ou xue (sangue) no coração ou 
em outros órgãos que acabam afetando o coração. Essa situação de excesso, 
insuficiência ou estagnação pode ser causada pelos seis fatores patogênicos 
externos, vento, frio, calor, umidade, secura e fogo; pelos sete fatores internos, 
alegria, raiva, tristeza, pesar, preocupação, medo e pavor, ou pelos fatores nem 
internos nem externos, como a alimentação, os traumas, o excesso de trabalho, de 
exercícios físicos ou de relações sexuais (SILVA, 2010). 
 Embora não existam na literatura clássica da MTC referências específicas ao 
fenômeno ansiedade, a não ser como um sintoma de distúrbios nos cinco órgãos, 
mais preponderantemente no coração, já existem autores modernos, como Ross, que 
traçam um paralelo mais direto entre as terminologias ocidental e oriental. Para ROSS 
(2003, p. 461), a ansiedade “pode ser definida como um estado subjetivo 
desagradável e inquieto de tensão e apreensão, no qual é difícil relaxar ou encontrar 
calmae paz”. 
Baseando-se no princípio chinês da indissociabilidade entre corpo, mente e 
espírito e da relação entre os cinco órgãos, ROSS (2003), também enfatiza que a 
ansiedade é causada por uma perturbação do sistema do coração. O autor acrescenta 
que o surgimento de distúrbios de ansiedade está relacionado constantemente a um 
desequilíbrio entre os sistemas do coração e do rim: 
“A ansiedade do coração está baseada no medo do rim, com sentimentos 
característicos de apreensão, do medo de que algo terrível aconteça. A 
 
39 
 
ansiedade pode então vir combinada de sobressaltos e receio, com sinais 
físicos como tremor, frequência urinária ou intestinos soltos” (ROSS, 2003, p. 
464 apud, SILVA, 2010, p.204). 
É possível perceber que para o autor, a ansiedade é o resultado de um distúrbio 
do shen, é um sintoma que indica que o espírito não está conseguindo se mover de 
modo adequado pelo corpo (SILVA, 2010) 
Segundo Ross (2003, p. 465), na perspectiva chinesa, existem pelo menos três 
tipos diferentes de ansiedade, de acordo com a situação que a originou: 
 
Ansiedade por excesso: 
“...O fogo fleuma do coração é uma forma de excesso que pode levar à 
ansiedade e à confusão de pensamento, linguagem e comportamento. 
Consiste, essencialmente, em fleuma, decorrente da deficiência do baço, em 
combinação com o fogo do coração. Pode surgir de um estresse emocional 
ou do excesso de fumo, do álcool e de alimentos gordurosos, com falta de 
exercícios físicos”. 
Ansiedade por estagnação: 
“A estagnação pode dar origem ao distúrbio do movimento. A estagnação do 
qi do coração e do qi do fígado, por exemplo, decorrentes da estagnação 
emocional, podem levar ao distúrbio do espírito do coração e à hiperatividade 
do yang do fígado, levando à ansiedade. A estagnação do qi pode resultar 
em acúmulo de fleuma, que pode perturbar a livre circulação do espírito, 
causando ansiedade”. 
 Ansiedade por deficiência: 
“à ansiedade aumenta quando a energia está reduzida, quando há deficiência 
por falta de sono e descanso, excesso de trabalho, estresse, doença e 
nutrição deficiente, além de outros fatores. A deficiência do qi do coração e 
do rim, do yin do coração e do rim, e do sangue do coração e do baço podem 
dar origem à ansiedade, já que o qi, o yin e o sangue são necessários para 
manter o espírito estável”. 
8.2 Método do tratamento e explicação dos princípios e pontos utilizados 
R3 – (terceiro ponto do canal de energia do rim): Regula o equilíbrio do yin e 
do yang, fortalece e estabiliza a mente e as emoções, equilibra a labilidade emocional, 
a deficiência do qi do rim; tonifica o rim e beneficia a essência e tonifica o sangue. 
R6 – (sexto ponto do canal de energia do rim): Tonifica o yin do rim, a 
deficiência do rim, nutre o yin, principalmente quando existe excesso de fogo no 
coração, promove o sono e os fluidos corpóreos. 
 
40 
 
C7 – (sétimo ponto do canal de energia do coração) Tonifica o coração, 
equilibra o yin e o yang, estabiliza o coração, clareia a mente, acalma a mente e as 
emoções, regula o espírito, tonifica o sangue, tonifica o yin do coração, elimina o fogo. 
CS6 – (sexto ponto do canal de energia do coração/sexualidade) Move a 
estagnação e acalma irregularidades do qi, remove a estagnação de sangue e fleuma, 
acalma o espírito, remove a estagnação do qi do pulmão, tonifica o coração; é indicado 
para dor, choque e traumatismo. 
CS7 – (sétimo ponto do canal de energia do coração/sexualidade) Acalma o 
espírito, move a estagnação e regula o qi do coração e do estômago. 
E25 – (vigésimo quinto ponto do canal de energia do estômago) Regula o 
estresse emocional, regulariza o qi. 
E36 – (trigésimo sexto ponto do canal de energia do estômago) Fortalece o 
baço e o estômago para produzirem qi e sangue, que eliminam a umidade; faz subir 
o qi, tonifica o sangue e o qi, estabiliza a mente e as emoções, regulariza o qi defensivo 
e nutritivo. 
P5 – (quinto ponto do canal de energia do pulmão) Resfria e acalma o pulmão, 
trata a retenção de fleuma no pulmão, trata a deficiência de yin no pulmão. 
P7 – (sétimo ponto do canal de energia do pulmão) Expele o vento externo, 
fortalece o pulmão melhorando a circulação do qi defensivo, remove a estagnação do 
qi do pulmão, remove as emoções estagnadas do pulmão, como a tristeza e a mágoa 
reprimidas. 
P9 – (nono ponto do canal de energia do pulmão) Tonifica o qi do pulmão, 
tonifica o yin do pulmão, fortalece os vasos sanguíneos e a circulação do sangue. 
IG4 – (quarto ponto do canal de energia do intestino grosso) Remove o vento 
exterior, remove o calor, relaxa a tensão muscular, move estagnações do sangue, 
acalma a hiperatividade do yang do fígado, acalma a mente, tonifica o qi e o sangue. 
IG11 – (décimo primeiro ponto do canal de energia do intestino grosso) Expele 
o vento exterior, remove o calor, relaxa a tensão muscular e alivia a dor, acalma a 
hiperatividade do yang do fígado, resolve a umidade. 
F3 – (terceiro ponto do canal de energia do fígado) Move a estagnação do qi e 
do sangue, acalma a hiperatividade do yang do fígado, elimina o vento do fígado e 
reduz espasmos e dor; tonifica o sangue e acalma o espírito. 
 
41 
 
F14 – (décimo quarto ponto do canal de energia do fígado) Move a estagnação 
do qi do fígado, elimina a umidade calor do fígado; utilizado para congestionamento 
mental e emocional. 
VC4 – (quarto ponto do canal de energia do vaso da concepção) Fortalece o 
jing, o qi, o yin e o yang do rim, dispersa a estagnação do qi. 
VC6 – (sexto ponto do canal de energia do vaso da concepção) Tonifica a 
deficiência e move a estagnação do qi. 
VC12 – (décimo segundo ponto do canal de energia do vaso da concepção) 
harmoniza a preocupação e a insegurança, tonifica a deficiência do qi e do yang do 
baço, move a estagnação e regula a rebelião do qi do estômago. 
VC15 – (décimo quinto ponto do canal de energia do vaso da concepção) 
Acalma o espírito quando este está agitado pelo fogo do coração ou obstruído pela 
fleuma no coração. 
VC17 – (décimo sétimo ponto do canal de energia do vaso da concepção) 
Dispersa a estagnação do qi, remove a estagnação do qi do coração, do sangue do 
coração, do qi do pulmão e do aquecedor superior. 
BP3 – (terceiro ponto do canal de energia do baço-pâncreas) move a 
estagnação do qi do baço, tonifica a deficiência e fortalece o baço, resolve o 
esgotamento e o embotamento mental por umidade e fleuma. 
BP6 – (sexto ponto do canal de energia do baço-pâncreas) Tonifica o baço, o 
qi e o sangue, elimina a umidade, tonifica o yin, acalma a mente, regula o qi do fígado. 
BP9 – (nono ponto do canal de energia do baço-pâncreas) Elimina a umidade. 
 TA4 – (quarto ponto do canal de energia do triplo aquecedor) Tonifica a 
deficiência do qi do rim, remove o excesso do vento e calor e a estagnação do qi. 
TA5 – (quinto ponto do canal de energia do triplo aquecedor) Remove vento e 
calor e a estagnação do qi do fígado (FOCKS, 2005; ROSS, 2003 apud SILVA, 2010).: 
Yintang – (ponto extra localizado no entre as sobrancelhas) Acalma a mente, 
diminui cefaleia, tonturas e a sensação de peso na cabeça; é utilizado em casos de 
estados de ansiedade, de distúrbios do sono e em estados de confusão mental 
(SILVA, 2010). 
É importante lembrar que a seleção e a utilização desses pontos devem ocorrer 
a partir de breve investigação oral do(a) paciente e do exame dos pulsos e da língua 
em cada sessão. Dentro da perspectiva teórica da acupuntura, é possível identificar a 
 
42 
 
qualidade da energia qi dos órgãos do corpo, a saber, pulmão, baço, pâncreas, ming, 
men (órgão da medicina chinesa correspondente a um dos rins), coração, fígado e 
rim, por intermédio do exame dos pulsos do(a) paciente (FLAWS, 2005). 
Procedimento semelhante pode ser realizado pelo exame da língua, que 
apresentará, em áreas específicas (correspondentes aos órgãos do corpo), sinais

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