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Tecnologia da informação jurídica A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO JURÍDICA Sumário: APRESENTAÇÃO 1. ELEMENTOS PARA APLICAÇÃO DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NO DIREITO Hugo Cesar Hoeschl 2. PROTEÇÃO DOS DIREITOS AUTORAIS NA INTERNET: UMA QUESTÃO JURÍDICA OU TECNOLÓGICA? Lourdes de Costa Remor 3. DIREITO, TECNOLOGIA E QUALIDADE Tânia Cristina D`Agostini Bueno 4. SIGILO, PRIVACIDADE E INTERCEPTAÇÃO NAS COMUNICAÇÕES DE DADOS. Orly Miguel Schweitzer 5. GOVERNO ELETRÔNICO (GOVERNO ON-LINE) - ASPECTOS DE VIABILIZAÇÃO E OTIMIZAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS Eduardo Marcelo Castella 6. O ENSINO DO DIREITO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE COMO PRESSUPOSTOS DE CIDADANIA COM USO DE TECNOLOGIAS DA EDUCAÇÃO Lúcio Eduardo Darelli 7. RESOLUÇÕES ALTERNATIVAS DE CONFLITOS FRENTE ÀS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO. Marco Antonio Machado Ferreira de Mello 8. FUNDAMENTOS JURÍDICOS PARA O ENSINO POR TELEPRESENÇA Hugo Cesar Hoeschl e Ricardo Miranda Barcia 9. E-GOVERNO Walter Felix Cardoso Junior 10. GOVERNO ON LINE COMO PRESSUPOSTO DO EXERCÍCIO DA CIDADANIA Fábio André Chedid Silvestre 11. DO DESRESPEITO À AUTORIDADE CONSTITUÍDA À DESOBEDIÊNCIA CIVIL COM VILIPÊNDIO ÀS INSTITUIÇÕES Antonio Carlos Facioli Chedid 12. A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO JURÍDICA E O ENSINO A DISTÂNCIA COMO FERRAMENTAS PARA A MODERNIZAÇÃO DA ADUANA EM TEMPO DE E- GOVERNO Ione Maria Garrido Andreta Lanziani 13. CONCEITOS DE REPRESENTAÇÃO JURÍDICO-POLÍTICA DIGITAL Marcio Humberto Bragaglia 14. Documentação da disciplina "Tecnologia da informação jurídica" Apresentação Se você está lendo este texto é porque gosta da associação entre direito e tecnologia. E nós lhe parabenizamos por isso. Este livro traz consigo uma discussão inicial: o que é tecnologia da informação jurídica, e para que ela serve. O tema é oriundo de um fenômeno multidisciplinar, fruto da aproximação de pesquisadores e profissionais de áreas como a informática, a ciência jurídica, a psicologia, a sociologia, a biblioteconomia, a administração, a economia, a pedagogia, a engenharia e outras. As pesquisas estão se materializando e as discussões estão cada vez mais frequentes e intensas. Os debates sobre a autonomia epistemológica de qualquer ramo da ciência sempre são muito interessantes, mas geralmente estão restritos ao círculo acadêmico, e não atingem o público em geral. Se a tecnologia da informação jurídica possui ou não tal capacidade, saberemos no futuro. Por ora nos interessa saber que o fenômeno está ocorrendo, e que a contextualização operada entre Lei e Justiça, de um lado, e Realidade Virtual, Inteligência Artificial e Internet, de outro, materializa excitantes temas a serem debatidos. Então, tentamos resumir um pouco disso tudo para você, neste livro eletrônico, através do esforço conjunto do IJURIS – Instituto Jurídico de Inteligência e Sistemas (www.digesto.net/ijuris), e do PPGEP - Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade Federal de Santa Catarina (www.eps.ufsc.br). Este texto possui algumas características: Foi concebido, desde sua primeira cogitação, para ser lançado no mundo digital. Nunca se pensou nele como um livro de "átomos", mas sempre como de "bits"; É fruto de intensas discussões científicas travadas durante as aulas do curso com o mesmo nome, ministrado no Programa da pós-graduação em engenharia de produção e sistemas da Universidade Federal de Santa Catarina, nas áreas de concentração "inteligência aplicada" e "mídia e conhecimento"; Possui em certo descompromisso com a metodologia tradicional de apresentação de obras, em razão de ter sido pensado e realizado em meio digital. Como os endereços eletrônicos dos autores constam dos textos, qualquer dúvida de ordem metodológica, referente a fontes de pesquisa e assuntos similares, pode ser dirimida diretamente com os mesmos, que são responsáveis pelo conteúdo dos respectivos textos; Possui um perfil multidisciplinar, pois as discussões foram travadas em ambiente com tal característica, em grupos de pesquisa que nunca estiveram restritos aos círculos do mundo jurídico. Isso ocorreu porque o tema central não pode, e nunca poderá, ser considerado como propriedade acadêmica de um único e específico ramo da ciência, seja ele o direito, a engenharia ou a computação. As soluções científicas para a sociedade hipercomplexa do novo milênio virão da multidisciplinariedade; Os textos aqui reunidos tratam de aspectos técnicos sobre o desenvolvimento de ferramentas para a tecnologia da informação jurídica, bem como das implicações jurídicas, éticas e políticas delas decorrentes. E se você está lendo estes "bits", é porque está engajado no mundo digital. De nossa parte, escolhemos este caminho porque temos apreço pela vida digital e pela facilidade que ela apresenta para este simples ato de divulgação científica. Florianópolis, 12 de outubro de 2000. Hugo Cesar Hoeschl, Msc, Tania Cristina D`Agostini Bueno, Msc, e Marcilio Dias dos Santos, Msc – Organizadores. Lourdes da Costa Remor, Fábio André Chedid Silvestre, Eduardo Marcelo Castela, Orly Miguel Scheitzer, Marco Antonio Machado Ferreira de Mello, Walter Felix Cardoso Junior, Antonio Carlos Facioli Chedid, Ione Maria Garrido Lanziani e Márcio Humberto Bragaglia – Autores. Ricardo Miranda Barcia, PhD – Orientador ELEMENTOS PARA APLICAÇÃO DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NO DIREITO Hugo Cesar Hoeschl digesto@digesto.net 1. Introdução As técnicas que constituem a tecnologia da informação, principalmente a telemática e a internet, a inteligência artificial e a realidade virtual, oferecem a possibilidade de desenvolvimento de diversas ferramentas que vão facilitar as tarefas diárias de formação e aplicação do direito. A instalação de redes, a emissão de sinais, a comunicação a distância, o desenvolvimento de "softwares" específicos, a aplicação da telepresença, entre outras atividades, estão entre as muitas a serem desenvolvidas no cotidiano dos trabalhos jurídicos. Serão dedicadas algumas linhas aqui às possibilidades oferecidas pela inteligência artificial e algumas de suas técnicas, comparando-as, quando possível, a figuras tradicionais do raciocínio jurídico, como, por exemplo, a analogia. Veja-se, então, uma visão, introdutória e superficial, sobre como possa ser definida a inteligência artificial (1): " Inteligência artificial - artificial intelligence O campo da ciência da computação que busca aperfeiçoar os computadores dotando-os de algumas características peculiares da inteligência humana, como a capacidade de entender a linguagem natural e simular o raciocínio em condições de incerteza. Muitos pesquisadores da inteligência artificial admitem que a IA falhou em alcançar seus objetivos, e os problemas que impedem seu avanço são tão complexos que as soluções podem demorar décadas - ou até séculos. Ironicamente, as aplicações da Inteligência artificial que, antes, eram consideradas as mais difíceis (como programar um computador para jogar xadrex ao nível dos grandes mestres) acabaram sendo produzidas com razoável facilidade, e as aplicações consideradas, a princípio, como mais tranqüilas (como a tradução de Idiomas) têm-se mostrado extremamente complicadas. Contudo, as tentativas de dotar os computadores de inteligência foram, sob certos aspectos, compensadoras: elas comprovaram a quantidade inacreditável de conhecimentos que os seres humanos utilizam em suas atividades cotidianas, como decodificar o significado de uma frase falada. Douglas Lenat, pesquisador de inteligência artificial que está tentando transportar para o computador uma boa parte de seus conhecimentos de vida, assinala que o computador não consegue decodificar plenamente nem trabalhar com frases como 'Sr. Almeida está em São Paulo' sem antes registrar uma infinidade de informações como 'Quandouma pessoa está numa cidade, seu pé esquerdo também está na cidade'. Se, algum dia, você já acordou preocupado com a possibilidade de que os computadores estivessem ficando mais Inteligentes que os seres humanos, este exemplo servirá para tranquilizá-lo". Fazer uso dessa técnica e tentar desenvolver uma ferramentas computacionais dotadas de lógica, para auxiliar na tarefa do estudo de dados jurídicos, envolve um trabalho dificultoso, qual seja, analisar a forma escolhida pelo homem para se comunicar e materializar suas normas: a codificação da palavra em símbolos abstratos e rigorosas regras gramaticais. Tal sistemática é relativamente recente, levando-se em conta a existência humana, e, até a idade média, ainda estava limitada aos padres e eruditos. Eles entendiam a codificação, e a maioria das pessoas era analfabeta (2). Nos dias de hoje, o número de analfabetos ainda é grande e ainda é relativamente restrito - embora não tanto quanto antes - o universo daqueles que realmente dominam a técnica da escrita. Vale lembrar que "a invenção e a difusão da técnica da escritura, somada à compilação de costumes tradicionais, proporcionam os primeiros códigos da Antiguidade, como o de Hamurábi, o de Manu, o de Sólon e a Lei das XII Tábuas"(3). Naqueles tempos, no surgimento das primeiras codificações, estava em curso a maior mudança do direito ao longo de sua história, quando se passou a considerar a escrita um mecanismo superior à memória das pessoas para a armazenagem das normas(4), pelo simples fato de ser uma técnica mais segura. Isso modificou profundamente o direito e as formas de organização social, e os grandes sábios, líderes e tiranos deixaram de ser a fonte do direito, passando a ser intérpretes. Ou seja, o surgimento de uma nova técnica de comunicação e registro de informações foi o responsável pela maior mudança até então registrada no universo jurídico, e não, ao contrário do que se possa imaginar inicialmente, a discussão de novos temas que foram surgindo com o passar dos anos. Então, dada a posição atual da escrita nas formas de estruturação e armazenagem dos comandos do direito, o estudo e desenvolvimento de qualquer sistemática de tratamento automático e inteligente das informações jurídicas envolve, basicamente, duas tarefas: 1. O TRATAMENTO DA LINGUAGEM NATURAL; 2. A BUSCA DE NOVAS TÉCNICAS DE ARMAZENAGEM. Na primeira, é necessária a estruturação de um mecanismo que faça uma leitura de textos e, devidamente orientado, identifique uma série de características relevantes para o utilizador, em algumas etapas específicas. Deve buscar referências superficiais e estáticas, como datas, nomes, números, etc. Deve identificar assuntos, temas e subtemas. Deve, igualmente, detectar conclusões e lições, destacando- as. Além, é claro, de outras funções. Na segunda tarefa, cabe indagar sobre o retorno às origens da linguagem. Explicando: as primeiras formas de escrita eram pictográficas, e, no âmbito computacional, o desenvolvimento de linguagens e interfaces está nos permitindo o uso de ícones (formas pictográficas) (5), um meio de comunicação mais confortável e prático do que a ortografia. Isso está nos permitindo idealizar um avanço significativo na comunicação, segundo o qual "textos escritos vão dar lugar a imagens mentais que apresentam tanto objetos reais quanto simbólicos e enfatizam a interação e a experiência em detrimento do aprendizado passivo." (6) (Destacado do original). 2. Inteligência artificial X inteligência natural No sentido de se buscar, no plano prático, essa evolução anunciada, tem-se um poderoso referencial: a interseção entre a inteligência natural - IN - e a inteligência artificial - IA -, onde é possível tentar conciliar a velocidade de processamento da segunda e a sofisticação da primeira, como apontou EPSTEIN (7). A inteligência artificial, dentro do contexto ora delimitado - sem prejuízo da definição já apresentada - pode ser entendida também, em uma ótica ainda bastante primária, como "o conjunto de técnicas utilizadas para tentar realizar autômatos adotando comportamentos semelhantes aos do pensamento humano", como apontou MORVAN (8). Sabemos que a IN perde para a artificial na capacidade de busca e exame de opções, mas é superior em tarefas refinadas e perceptivas, como fazer analogias e criar metáforas. Assim, um mecanismo que combine técnicas de IN e IA, buscando uma adequada manipulação da linguagem natural, permite a identificação de idéias dentro de um texto jurídico. Porém, é importante enfatizar que um passo no sentido de se buscar, no corpo de um escrito, aquilo que uma pessoa "pensou", ou seja, suas idéias e conclusões, está teleologicamente ligado ao desejo de se buscar aquilo que uma pessoa realmente "sentiu" ao analisar o tema sobre o qual escreveu. 3. Figuras de raciocínio Vale frisar que a inteligência artificial é uma figura típica da tecnologia da informação, praticamente moldada por ela. Para o delineamento da interseção apontada, vamos destinar breve atenção a algumas figuras ligadas à inteligência natural, como o raciocínio analógico, pré-existente aos computadores (9): Raciocínio analógico – analogical reasoning Uma forma de conhecimento na qual a dinâmica de um fenômeno do mundo real – como a aerodinâmica de um avião que se pretende construir – é compreendida a partir do estudo de um modelo do fenômeno. Uma das maiores contribuições da informática foi reduzir o custo (e aumentar a conveniência) do raciocínio analógico. "O raciocínio analógico era comum antes do cumputador, conforme atesta o uso de maquetes de aviões em túneis de vento. Como reduzem muito o custo do raciocínio analógico, os computadores provocaram uma verdadeira explosão de descobertas analógicas – e, a propósito, no tempo certo. Os cientistas admitem, cada vez mais, que a maioria dos fenômenos do universo não se caracteriza pelas simples relações do tipo f=ma que distinguem as grandes descobertas da física; pelo contrário, os sitemas complexos – como o sistema imunológico humano, as sociedades humanas, a ecologia, o clima do mundo e a interação das estruturas cosmológicas de grande escala – se caracterizam por um comportamento não-linera e caótico, que não pode ser descrito por equações simples. Esses sistemas não podem ser entendidos por outros meios que não o raciocínio analógico. Ao permitir que a humanidade crie modelos analógicos de abrangência sem precedentes, os computadores possibilitaram o surgimento de uma nova ciência: a ciência da complexidade". Esse instituto, anterior aos computadores - como já dito - foi adequadamente incorporado pela tecnologia da informação, assim como o raciocínio baseado em casos. É claro, sabemos, o raciocínio baseado em algum caso é algo quase tão velho quanto o hábito humano de "andar para a frente". Porém, aqui se trata de uma nova ferramenta da inteligência artificial que utiliza tal nomeclatura, podendo ser definida como uma "metodologia", que tem como característica básica buscar em experiências passadas a melhor solução para uma situação atual, aplicando o conhecimento já consolidado e cuja eficácia já foi validada. Tais procedimentos, derivados da tecnologia da informação, possuem semelhança evidente com uma tradicional figura do raciocínio jurídico, a analogia, um dos mais eficazes e pertinentes instrumentos de integração dos comandos do direito. Segundo Bobbio (10): "Entende-se por ‘analogia’ o procedimento pelo qual se atribui a um caso não- regulamentado a mesma disciplina que a um caso regulamentado semelhante. . ............... "A analogia é certamente o mais típico e o mais importante dos procedimentos interpretativos de um determinado sistema, normativo: é o procedimento mediante o qual se explica a assim chamada tendência de cada ordenamento jurídico a expandir-se além dos casos expressamente regulamentados." (Destacadodo original) . A noção é de utilidade indubitável, e a delimitação da análise da semelhança, ponto de contato entre os casos, é necessária (11): "Para que se possa tirar a conclusão, quer dizer, para fazer a atribuição ao caso não- regulamentado das mesmas conseqüências jurídicas atribuídas ao caso regulamentado semelhante, é preciso que entre os dois casos exista não uma semelhança qualquer, mas uma semelhança relevante, é preciso ascender dos dois casos a uma qualidade comum a ambos, que seja ao mesmo tempo a razão suficiente pela qual ao caso regulamentado foram atribuídas aquelas e não outras conseqüências." (Destacado do original). Outras figuras assemelham-se ao contexto apresentado, como a interpretação extensiva e o silogismo., com as quais não pode ser confundida. O silogismo possui um mecanismo vertical de obtenção de conclusões, enquanto a analogia e a interpretação extensiva se valem de um recurso horizontal. Mas, mesmo que próximas e horizontalizadas, analogia e interpretação extensiva possuem significativa diferença entre si, apontada pelo mesmo autor (12): "Mas qual é a diferença entre analogia propriamente dita e interpretação extensiva? Foram elaborados vários critérios para justificar a distinção. Creio que o único critério aceitável seja aquele que busca colher a diferença com respeito aos diversos efeitos, respectivamente, da extensão analógica e da interpretação extensiva: o efeito da primeira é a criação de uma nova norma jurídica; o efeito da segunda é a extensão de uma norma para casos não previstos por esta". Esta sutil diferença provoca um forte impacto sobre a atividade de construção e modelagem de sistemas inteligentes na área jurídica, visto que a proposta não é a construção de sistemas que gerem normas, mas que facilitem a sua aplicação (por enquanto...). A comparação dos institutos nos demonstra a importância da análise dos processos lógicos estruturados em torno do raciocínio de uma área específica, e nos demonstra, também, que a lógica tem muita contribuição a oferecer à inteligência artificial, residindo justamente aí um dos mais fortes aspectos favoráveis da interseção apontada entre IA e IN. 4. Conclusão O somatório dos instrumentos, espera-se, produzirá bons resultados, e o comparativo tem a finalidade de demonstrar tal possibilidade, bem como a viabilidade das interseções, tando da IA com a IN, como das figuras de raciocínio derivadas da tecnologia da informação com aquelas particulares ao universo jurídico. Por fim, é certa a necessidade de atenção à produção de ferramentas, enfatizando que tal atividade - que gerará novos métodos e técnicas de armazenamento e manipulação de informações - embora não seja diretamente ligada à ciência jurídica, vai provocar fortes reflexos sobre o direito e a justiça, como a escrita o fez. Referências: 1.-PFAFFENBERGER, Bryan. Dicionário dos usuários de micro computadores, p. 347. 2.-Conforme afirmação de Francis HAMIT, in "Realidade virtual e a exploração do espaço cibernético", p. 36. 3.-A assertiva é de WOLKMER, in "Fundamentos de história do direito", p. 20. 4.-Cf. SUMMER MAINE, citado por WOLKMER, ob. Cit., p. 20. 5.-Segundo constatação de HAMIT, ob. cit., p. 36. 6.-HAMIT, ob. cit., p. 226. 7.- IN "Cibernética", p. 81. 8.-Citado por EPSTEIN, ob. cit., p. 66. 9.-PFAFFENBERGER, Bryan.Ob. cit., p. 572. 10.-BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento jurídico, p. 151. 11.-BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento jurídico, p. 151. 12.-BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento jurídico, p. 151. Proteção dos Direitos Autorais na Internet: uma questão jurídica ou tecnológica? Lourdes de Costa Remor lu@saude.sc.gov.br Universidade Federal de Santa Catarina Estrutura: 1 - A Internet e a internacionalização dos direitos autorais 2 - Histórico 3 - Proteção legal dos Direitos autorais na Internet: a difícil aplicabilidade 4 - Proteção Tecnológica dos Direitos Autorais na Internet: a difícil aplicabilidade Exemplos de países que possuem proteção legal e tecnológica 5 - O futuro do direito autoral na internet - uma questão legal 6 - Conclusão 7 - Bibliografia 1 - A Internet e a internacionalização dos direitos autorais A experiência tem nos mostrado que a mudança ou a necessidade de mudanças gera não só desconforto, mas quase o pânico. Hoje, um dos meios que está propiciando e acelerando a mudança ou a passagem do mundo pós industrial para o mundo da informação é essa rede, chamada internet. A internet ou o ciberespaço derrubou fronteiras territoriais com suas características peculiares, sem dono, sem espaço, sem bandeira, sem controle, até num certo anonimato. Tais características têm gerado preocupações relativas aos direitos autorais, devido aos atributos da virtualidade da rede e também de seus usuários. A inexistência de controle da rede, se por um lado, parece prejudicial ao autor, por outro, pode ser-lhe benéfica, na medida em que consiste numa divulgação das obras com rapidez, abrangência e baixo custo. Pode-se pensar que o aparente prejuízo seria, em muito, compensado pelas vantagens da propaganda. A internet nasceu sem pai e leva consigo as marcas desse parto, como a essência mesma de seu processo. Um arranhão aí poderia descaracterizar, ou mesmo impossibilitar o uso da rede, pois o usuário já está habituado a essa relativa liberdade, e o seu sucesso talvez dependa disso. Contudo, essa relativa liberdade proporcionada pela virtualidade e um certo anonimato, não foi a causa das violações relativas aos direitos autorais, visto que, a pirataria (atividade de copiar sem nenhuma autorização nem pagamento) praticada, hoje, não é privilégio ou malefício único da internet. Ela existe tanto dentro quanto, fora da internet. Sabe-se que o prejuízo patrimonial, referente à infração do direito autoral, nos casos de pirataria, é muito maior para o atravessador do que para o autor. Nessa discussão, o direito moral da propriedade parece não ser muito considerado. O plágio, outra preocupação relativa à difusão de obras na internet é considerado também uma violação do direito autoral. Tanto o plágio como a pirataria não são frutos da internet. Combatê-los, preservando o direito do autor, deveria ser uma preocupação de longo tempo e não somente direcionado à internet Henrique Gandelmann, cita que "vários estudiosos de literatura confirmam que Shakespeare, em sua dramaturgia, utilizava temas e personagens e até mesmo a linguagem expressa nos diálogos, de outros autores, alterando seus textos, criando os personagens que já existiam." [Gandelmann, 1997, p.48] "Pesquisas recentes comprovam que Galileu utilizou, em seus trabalhos, anotações provenientes de seus professores do Colégio Romano, que ele freqüentou."[Gandelmann, 1997, p.48.] Como pensar o conceito de criação atribuído ao autor? O autor é quem criou, inventou ou descobriu? Jacques Lacan, em seu seminário 23, trata da criação como sendo a "chamada divina". É senso comum entre os psicólogos que o que se chama criatividade, não passa de uma imprecisão fraseológica, de que, a rigor, a criatividade não existe. Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, traz no verbete criador, como substantivo masculino: aquele que criou; Deus, entre outras. Portanto esse conceito parece mais ligado a ordem do divino do que a do humano. Assim, na impossibilidade de considerar o autor como criador, pode se pensar que tamanho rigor com relação ao plágio, deveria merecer maior atenção, visto que, supostamente, na natureza nada se cria, conforme o célebre dito de Lavoisier. Com referência à contrafação, ou seja, a falsificação de produtos, de valores, assinaturas, ela já existe e é combatida legalmente fora da internet. O delito aqui citado continua sendo o mesmo, o que mudou foi o meio em que ele é praticado, ou seja, o meio virtual, que dificultou a sua localização,identificação e conseqüente aplicação da lei. Há legislações, brasileira e internacional, os chamados Tratados Internacionais, que tratam exclusivamente dos direitos autorais. Criar outras leis ou acordos não acrescentariam maior proteção aos direitos autorais. A questão não é falta de legislação é aplicabilidade destas leis na virtualidade dos meios. A Lei Brasileira do Direito Autoral, Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998, concede proteção legal ao direito autoral, independente de registro, bastando para tal, a obra ser fruto de capacidade criativa e tenha o requisito da originalidade. Quanto aos Tratados Internacionais, "A legislação autoral cobre qualquer meio de comunicação, existente ou que venha a ser inventado, ressalvando assim o aspecto legal dos direitos autorais. Ela tem como referência e objeto as obras de espírito, seja qual for o meio de fixação e transmissão, tendo vocação universal, amparada em convenções que envolvem todos os paises do mundo."[Plínio Cabral, 1999] O Brasil faz parte de importantes Tratados Internacionais. E, por esse motivo, os direitos autorais, no Brasil, do ponto de vista legal, teoricamente não esbarrariam com o ilimitado espaço territorial alcançado pela internet. 2 - Histórico O surgimento de problemas ou preocupações relativos aos direitos autorais é bastante antigo. Nos tempos romanos as obras eram reproduzidas por meio de manuscritos, e apenas os copistas eram remunerados pelo seu trabalho. Aos autores só lhe eram reconhecidas honras e glórias quando lhe respeitavam a paternidade e a fidelidade do texto original. Havia o direito natural referente as obras. Com a invenção da impressão gráfica, no século XV, surge o problema da proteção jurídica do direito autoral, principalmente no que se refere a remuneração.[Gandelmann, 1997, p.28.] Na Inglaterra, desde 1662, com Licensing ACT, era proibida a impressão de qualquer livro não registrado devidamente. Era uma forma de censura. O copyright começa a ser reconhecido na Inglaterra com o "Copyright ACT", de 1709, da rainha Ana. A coroa protegia por 21 anos, as cópias impressas e por 14 anos as cópias não impressas. O prazo de proteção contava da data da impressão.[Gandelmann, 1997, p.29.] Na França, a revolução francesa de 1789, acrescenta a primazia do autor sobre a obra. A Proteção se estende por toda a vida do autor, e até mesmo após a sua morte, transferindo-se todos os direitos para seus herdeiros. [Gandelmann, 1997, p.30.] No Brasil, a primeira manifestação a respeito encontra-se na Lei de 11 de agosto de 1827, que instituiu os cursos jurídicos no Brasil. Em 1830, com a promulgação do direito criminal, surgiu a primeira regulamentação geral da matéria , no Brasil.[Gandelmann, 1997, p.31.] Tratados Internacionais: "A dramática e dinâmica explosão tecnológica dos meios de comunicação do mundo moderno, com a difusão das obras intelectuais cada vez mais internacionalizada, criou a necessidade de se proteger o direito autoral em todos os territórios do planeta. Tal fato deu origem aos tratados internacionais, nos quais se busca dar aos autores e titulares dos paises aderentes aos convênios a mesma proteção legal que cada país dá a seu autor ou titular nacional." [Gandelmann, 1997, p.33.] 3 - Proteção legal dos Direitos autorais na Internet: a difícil aplicabilidade A veiculação e divulgação de informação de alcances territoriais ilimitados chegou com a criação da internet. Com ela também chegaram alguns problemas. Um deles seria a garantia dos direitos autorais num veículo sem território. Para Stuber "A territorialidade sempre foi um dos elementos essenciais para a aplicação do Direito, sendo um dos princípios da Soberania dos Estados contemporâneos, o reconhecimento do poder de aplicação do direito nacional de um Estado, dentro de seu próprio território." A descentralização é uma das características da internet, já que não existe um órgão que controle o fluxo, nem o conteúdo das informações que circulam pela rede. A informação pode ser lançada na rede, passar por vários servidores e percorrer vários paises até chegar no destinatário final.[ Stuber, 1998] Daí surgem as dúvidas sobre a responsabilidade das violações dos direitos autorais na internet, tais como: a responsabilidade das violações é do servidor de acesso, ou de quem incorpora conteúdo e os transmite? É possível que o servidor, no qual o conteúdo pirateado esteja armazenado, se localize em determinado país; o servidor por cujo intermédio ele é anunciado, em outro; e o vendedor, num terceiro. [Gandelmann, 1997, p.162.] Na Web, a identificação só é possível para o provedor e seus clientes, mas o usuário mesmo pode ser qualquer pessoa física ou jurídica, em qualquer lugar do mundo. A Compuserve, talvez o maior provedor de acesso do mundo, foi obrigada a desconectar cerca de 200 clientes da rede porque veiculavam matéria pornográfica, por decisão de um tribunal alemão. [Gandelmann, 2000] Ainda que não garantam a proteção dos direitos autorais, devido as características da internet, existem os tratados internacionais que tratam de legislação específica no esforço de cobrir o maior espaço territorial possível. "A adesão de vários paises aos tratados internacionais sobre a proteção dos direitos intelectuais, dentre eles, os mais importantes, a Convenção de Berna de 1886 (obras literárias e artísticas) e a Convenção Universal dos Direitos do Autor (Convenção de Genebra), os direitos autorais recebem um tratamento mais ou menos homogêneo em todo o mundo." [STUBER, 1998] "É necessário, no entanto, que os paises aderentes aos tratados internacionais, além das adaptações que os mesmos estão a exigir, façam também alterações nas suas legislações internas. Só assim os titulares de direitos autorais de um determinado país terão os seus direitos assegurados nos outros, e vice-versa." [GANDELMAN, 1997, p.164.] No Brasil, a proteção legal aos direitos autorais é abrangente - basta que a obra tenha o requisito da originalidade, que seja produto da capacidade criativa do artista, para merecer a proteção dos direitos autorais. Por exemplo, nos Estados Unidos, há a exigência do registro da obra para que ela tenha proteção jurídica.[Stuber, 1998] A não exigência de registro da obra para a concessão do direito autoral no Brasil é de certa maneira, uma medida inteligente e que vale pensar para a proteção na internet. O fato da ausência do registro da obra, nunca tirou do autor a primazia de seu direito, visto que, mesmo das obras antigas, conhecemos seu autor, ainda que criadas antes da impressão gráfica. A disponibilização de obras, na forma digitalizada, não retira o direito da sua autoria, ela continua a ter vigência no mundo on line da mesma maneira que no mundo físico, embora o autor levanta um aspecto sobre a definição jurídica da transmissão eletrônica de obras protegidas pelos direitos autorais, se ela é uma reprodução ou distribuição? [Gandelmann, 1997, p.154 e 162] 4 - Proteção Tecnológica dos Direitos Autorais na Internet: a difícil aplicabilidade Além das leis existentes e em vigor, existem outras formas de proteger o direito autoral, na internet. São medidas tecnológicas, que dificultariam o acesso do usuário às informações. Uma delas seria a "utilização de 'tatuagens' do objeto digital, um tipo de marca ou sinal que acompanhe o objeto digital e seu conteúdo de forma a permitir a verificação de novas cópias, adaptações, transmissões, etc."[Santos, 1999] A Elaboração de códigos de acesso às informações, as chamadas "chaves" eletrônicas, sem as quais o receptor não poderá ler ou reproduzir, é uma outra forma. Criptografia, uma escrita enigmática, permite codificar uma informação de forma a tornar difícil sua decodificação sem a chave adequada. Uma outra medida seria, inserir no material disponível na rede, mensagens evidenciandoa necessidade do pagamento dos direitos autorais, no caso de uso e reprodução (acordo de cavalheiros).[Stuber, 1998] Levantam-se questões: essas medidas tecnológicas não atentam contra a liberdade de informação? A essência mesma da internet não estaria na característica da liberdade individual mais do que na do controle, já que não tem dono, nem patrões, nem controladores? Se reproduções sem permissões acontecem fora da internet, porque acreditaríamos que ela funcionaria para a internet? Podemos perguntar sobre a legalidade da exigência de que todo usuário de criações intelectuais disponibilizadas no ambiente digital, seja obrigado a se identificar, e que os objetos digitais assim fornecidos, possam ser posteriormente localizados, sem se ferir o direito à privacidade do cidadão? [Santos, 1999] Manoel Pereira dos Santos cita a sustentação de alguns sobre a inexistência de tecnologia segura que permita associar aos arquivos digitais, licenças e condições de uso que subsistam após a disponibilização digital da obra, de forma a controlar usos derivados posteriores. Acrescenta ainda que há uma tendência no sentido de priorizar as medidas legais como a melhor forma de combater os usos não autorizados, na rede. [Santos, 1999] Exemplos de países que possuem proteção legal e tecnológica (Comércio eletrônico) Irlanda : Existe proteção legal e tecnológica, no comércio eletrônico Legal: O regime de comércio eletrônico da Irlanda é muito flexível e orientado para o consumidor doméstico tanto quanto as empresa. A abordagem utilizada na legislação e regulação das atividades de comércio eletrônico foi pautada por um critério de "neutralidade tecnológica", ou seja, um regime que permitisse a rápida adoção das transações comerciais via internet através da validação de assinaturas eletrônicas. Contratos e assinaturas realizadas via internet, são cobertos por legislação formal que dá plena garantia aos termos firmados, assegurando os negócios conduzidos pelas empresas do ramo. Tecnológica: Através da criptografia. A orientação adotada foi balançar 4 elementos cruciais na questão da privacidade da informação. 1 - A preservação dos direitos individuais à privacidade 2 - A necessidade de garantir a segurança nas comunicações 3 - As exigências das Agências governamentais 4 - O desenvolvimento da indústria criptográfica na Irlanda. Assim, a regulação irlandesa garantiu aos indivíduos a capacidade de escolherem o método de criptografia preferido, permitindo a produção, implantação e o uso de produtos criptográficos sem quaisquer restrições legais. A exportação de produtos criptográficos é regulada por sua vez, de acordo com a legislação da união européia, de modo que o regime jurídico adotado na Irlanda segue o chamado "Acordo de Wasenaar", que regula a proteção da privacidade nas transações eletrônicas em toda a Europa.[Camarero, 2000] Alemanha: Nos Estados Unidos, a assinatura digital já foi reconhecida, agora a Alemanha reconhece a validade jurídica das assinaturas eletrônicas na internet, 16/08/2000 - Berlim. Os contratos firmados no comércio eletrônico, através da internet, terão a mesma validade legal na Alemanha que os contratos comerciais impressos, segundo um projeto de lei aprovado esta quarta- feira, pelo governo. (Esta notícia circulou no UOL, em 16/08/2000) 5 - O futuro do direito autoral na internet - uma questão legal O futuro sempre é desconhecido. Entretanto, é de se pensar no que houve com a invenção da fotocópia. Falava-se, à época, que o comércio dos livros seriam prejudicados, ou até que a maioria das obras seriam apenas reproduzidas, sendo que os direitos autorais estariam correndo grave perigo. A situação da fotocópia, por baixos preços, se instalou, proliferou e, hoje foi superada pelo computador, antes mesmo de ser resolvida. Será este também o destino dos direitos autorais na internet? Outro fato, levantado por alguns autores, é de que a cópia ou a reprodução de obras acessadas gratuitamente, via internet, poderá diminuir a produção intelectual. Isso não parece fazer sentido, posto que a reprodução intelectual já era possível por outros meios e nunca desfavoreceu a produção. Uma talvez menor margem de lucro poderia ser compensada pela propaganda. Vale lembrar que o conhecimento difundido se reproduz, e não diminui. Quanto à proteção do direito autoral, a aplicação da legislação existente, parece, no momento, não ser suficiente, contudo ela seria a mais adequada visto que a aplicação de mecanismos tecnológicos que propiciem um alto grau de segurança podem traduzir também um alto custo. Isto posto, o encarecimento do processo, inviabilizaria a difusão da informação e descaracterizaria a essência da internet. 6 - Conclusão O homem, diferentemente dos animais, é dotado de razão, mas em situações conflitantes age de maneira irracional, às vezes imprevisível. O surgimento das questões do direito autoral na internet tem levado o homem a pensar nas diversas maneiras de proteger esse direito, esquecendo de priorizar a legislação existente, que já concede ao autor essa proteção. Essa preocupação exacerbada em controlar, mais do que uma defesa de direitos, mostra-se uma imposição de poder. É mesmo de se estranhar, que o homem no seu narcisismo, suportasse por um período de tempo significativo uma rede de comunicação na qual não houvesse hierarquia vertical, onde não houvesse comandantes e comandados subordinados. Por isso a caricata preocupação de saber quem controla, de não entender que o mundo virtual não está em nenhum lugar e ao mesmo tempo está em todos os lugares, é realmente conflitante com a sua soberba. O homem parece não conviver bem com enigmas e abstrações, é avesso ao que não compreende, por não admitir que existam coisas além da sua capacidade de compreensão. Se o mundo do Direito concede proteção ao autor, das obras difundidas na internet, porque o bloqueio tecnológico, que descaracterizaria a rede? Segundo Domenico De Masi, há perigos no progresso tecnológico, porém pesam mais os seus aspectos positivos.[De Masi, 2000, p.77.] A grande incógnita relativa aos direitos autorais é se ela emana dos autores ou do chamado atravessador, que deixaria de ter grandes margens de lucro, por intermediar as vendas. A história mostrou que, independente de registro, proteção legal ou tecnológica, o reconhecimento moral do direito autoral sempre existiu. Parece que a preocupação em proteger os direitos autorais é meramente comercial. Outras vantagens, outros meios haverão de ser reconhecidos que compensarão a aparente perda causada pela internet. Não seremos nós, a nossa geração, o retrocesso da tecnologia. 7 - Bibliografia 1. CABRAL, Plínio. "Problemas relativos a direitos autorais na obra multimídia". In: Revista da ABPI, nº 42, set/out/99. p.38-47. 2. CAMARERO, Erik. "Todo mundo fala em internet, mas a Irlanda faz". www.revistadigital.com.br/radar/06012000.htm, 06/01/2000, em 10/07/2000. 3. DE MASI, Domenico. O Ócio Criativo. Rio de Janeiro: Sextante, 2000. 4. GANDELMAN, Henrique. De Gutemberg à Internet: direitos autorais na era digital. Rio de Janeiro: Record, 1997. 5. GANDELMAN, Sílvia Regina Dain. A Propriedade intelectual na era digital - a difícil relação entre a internet e a lei. In: WWW.gilbertogil.com.br/humus/hu_sg.htm, em 18/08/2000. 6. LACAN, Jacques. Seminário 23. El Sinthoma. "El sínthoma y el padre". Classe 1, de 18/11/75. Inédito. 7. SANTOS, Manoel J. Pereira. "A proteção e o exercício dos direitos autorais sobre obras intelectuais e fonogramas no comércio eletrônico". In: Revista da ABPI, nº 42, set/out/1999. p.48-59. 8. STUBER, Walter Douglas e FRANCO, Ana Cristina de Paiva. "A Internet sob a ótica jurídica". In: RT 749. v. 749, mar/98. p. 60-81. Direito, Tecnologia e Qualidade Tânia Cristina D'Agostini Bueno bueno@eps.ufsc.br "O nosso universointelectual comum entrou num processo de fuga, de rejeição do mundo romântico e irracional do homem pré- histórico. Desde antes de Sócrates foi necessário rejeitar as paixões, as emoções, para liberar o raciocínio, com o objetivo de compreender a ordem da natureza, até o momento desconhecido. Agora é tempo de aprofundar o conhecimento sobre a ordem natural, através da recuperação daquelas paixões, originalmente rejeitadas. As paixões, as emoções, e o universo afetivo da consciência humana também fazem parte da ordem natural. Aliás, são o cerne dessa ordem". Robert Pirsig Resumo A perfeição atingida pelos cérebros eletrônicos a muito tempo saiu das páginas da ficção científica e está sendo absorvida pela realidade. Banco de dados, sistemas especialistas e principalmente a inteligência artificial estão contribuindo para a formação de um Poder Judiciário mais célere, eficiente e, seguramente mais justo. Entretanto, somente a informatização não será capaz de provocar as mudanças a muito requeridas pela sociedade. É necessário uma atuação mais efetiva que substituir a máquina de escrever pelo computador, é necessário reestruturar a Justiça utilizando-se dos novos parâmetros da sociedade tecnológica. O presente estudo procura apenas apresentar aspectos da questão tecnológica sobre a mente humana e suas conseqüências para o mundo jurídico, sob a ótica da conclusão atingida por Robert M. Pirsig, em seu livro "Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas". Nele o autor joga o impasse filosófico que existe entre a mente e a matéria para cima daquilo que ele denomina qualidade: "um evento que torna possível a inter-relação sujeito-objeto, uma ferramenta do pensamento indispensável para a compreensão do verdadeiro papel da tecnologia na vida do homem" e, deduz que a visão que o homem tem do mundo - realidade - não é obtida pelo desenvolvimento do método científico, mas pela visão dessa "qualidade", que é um "a priori" do qual deriva a mente e a matéria. Introdução Existe uma incompatibilidade entre razão e sentimento, que revela algo profundamente arraigado na mentalidade do homem ocidental, refletindo de uma maneira negativa no relacionamento entre o homem e a tecnologia, algo que o esta destruindo lentamente. Descobrir a origem, ou melhor os fundamentos filosóficos desta crise, é um modo de eliminar aquilo de podre que ainda constitui a mentalidade do chamado homem "moderno". Na busca de uma orientação filosófica para a questão e empurrados pelo trabalho recente na neurociência e na inteligência artificial, filósofos tentam como nunca, resolver a antiga questão da dualidade corpo e mente, perguntando se há realmente uma distinção entre ambos e como se processa a interação. A perspectiva materialista está enraizada na filosofia naturalista: como parte da natureza, os homens são objetos da ciência e cada fenômeno humano, incluindo a experiência subjetiva, tem uma causa material. Filósofos como Paul Churchland e Mr. Dennett, freqüentemente anunciam que o mistério da consciência está resolvido: o cérebro é para mente, como um computador é para o processamento [The economist, (1996)]. Inobstante, talvez por respeito a mente, esta perspectiva ainda é um projeto não um resultado, pois mesmo se a computação prever um bom modelo de pensamento, poderia ser ele o certo para o sentimento e experiência? Como poderia a atividade cerebral ser tudo o que existe nos sentimentos de remorso ou nas sensações de cor? Questões como essas devem ser colocadas com nova veemência, ou cruéis versões do materialismo serão redescobertas. O objetivismo da ciência já não serve para resolver questões que o homem sabe serem reais. É tão falho como qualquer outro processo do conhecimento. O raciocínio dualista (objetivismo) dominou o homem civilizado de maneira tal, que quase eliminou as outras opções. E essa é a origem de todas as queixas. No direito, a visão positivista, ou seja, o direito como ciência jurídica, nos legou um poder judiciário distante e ineficiente. Este fato que nos levou a conclusão que a justiça não é simplesmente a aplicação da lei e o juiz não é imparcial na sua decisão. O universo afetivo que envolve o caso acaba se manifestando, seja na forma da ideologia dominante, seja em forma de discursos retóricos que podem ou não ser decisões justas. Então, torna-se primordial reconhecer que para atingirmos a tão esperada justiça - que muitos buscam nos tribunais, é necessário dar atenção a este universo afetivo que envolve os casos. Pois, partindo deste reconhecimento, será possível utilizar as tecnologias necessárias para a aproximação das pessoas envolvidas na relação jurídica e tornar o judiciário mais efetivo e eficiente. Este é o primeiro passo para uma visão de qualidade como resposta para o equilíbrio das relações no universo jurídico, onde justiça poderá ser sinônimo desta qualidade. A seguir, veremos como Pirsig busca a "qualidade" e como ela pode trazer soluções para a estruturação de um papel real e efetivo do direito e da tecnologia na sociedade. Razão x sentimento A lógica tradicional, imposta pela racionalidade do homem ocidental como único modo para se conhecer a realidade, revelou uma certa incompatibilidade entre razão e sentimento (corpo e mente), que refletiu de uma maneira direta no relacionamento do homem com a máquina, impedindo-o de compreender integralmente o que seja essa tecnologia - não uma exploração da natureza, mas uma fusão entre a natureza e o espírito humano, numa criação que transcende a ambos. Quando a lógica tradicional divide o mundo em sujeitos e objetos , está expulsando dele a qualidade. Então, ao romper com as barreiras do pensamento dualista para preencher esse vácuo racionalista, Pirsig procurou destruir a base da estrutura do conhecimento ocidental, construindo um pensamento antiaristotélico. E é aí, através de uma importante ligação entre as filosofias ocidentais e orientais, entre o misticismo religioso e o positivismo científico, que ele encontra uma saída para esse estilo de vida tenso, supermoderno, individualista e egoísta, que pensa ter dominado o mundo. Então, utilizando a motocicleta apriorística de Kant - filósofo que ele considera, entre os montanhistas modernos, aquele que atingiu um dos mais altos cumes das montanhas do pensamento - Pirsig inicia a sua busca ao conceito de qualidade, principalmente porque para Kant, a racionalidade de um conhecimento não reside no objeto que se estuda, mas no modo como se tenta conhecê-lo [Warat, (1995)]. Na sua tese, Kant considerou os pensamentos apriorísticos independentes dos dados sensoriais. Infelizmente, Pirsig considera este pensamento dualista a razão da atual crise social, uma prisão intelectual da qual o raciocínio de Kant também faz parte, resultado de um defeito genético da razão. Razão que o homem moderno descobriu ser cada vez mais inadequado para lidar com suas experiências cotidianas, pois a satisfação de seus desejos não funcionavam de acordo com as leis da lógica. Tal relação entre a Qualidade e o mundo objetivo poderia parecer misteriosa, mas não é o que ocorre, ao colocar a qualidade como a essência da realidade, desencadeou-se, para Pirsig, uma nova sequência de analogias filosóficas. Hegel já havia se referido a isso com o seu conceito de Espírito Absoluto, que também era independente da objetividade quanto da subjetividade, era a origem de tudo, mas excluiu a experiência romântica desse tudo. A partir daí nada mudou, e tudo mudou, isto é, mudou-se a visão apriorística, os fatos eram os mesmos, mas os resultados não. Como aconteceu com a revolução copernicana. Na busca deste conceito de Qualidade, o autor descobriu vários caminhos que partiam da vereda principal, levando a um mesmo ponto. Desembocou na Grécia Antiga. A grande questão é como adentrar nos universos ultra-racionais, sem o medo de cair no finisterra, comoeliminar a analogia existente entre a razão moderna e o pensamento medieval da terra chata . O retorno ao pensamento mítico e a origem da qualidade Existem questões que preocupam o homem "moderno" mais que outras. Notamos a incrível evolução tecnológica que surpreende a humanidade, superando aquilo que é o maior motivo de orgulho do homem, ou seja, a sua racionalidade. Por outro lado, essa mesma racionalidade se torna cada vez mais inadequada para lidar com nossas experiências cotidianas, e isso está gerando um ingresso em áreas irracionais do pensamento - ocultismo, misticismo, experiências com drogas e coisas semelhantes. Na sociedade moderna, cada vez mais a tecnologia faz parte do nosso cotidiano, ela amarra nossas relações e torna-se parte indispensável da nossa vida. No entanto, subexiste um grande desconforto em relação a essa mesma tecnologia, ao ponto de gerar um certas pessoas uma completa aversão a qualquer mecanismo um pouco mais complexo. Mas, retornemos à Grécia Antiga, ponto no qual encontraremos a base do pensamento racionalista ocidental, onde iniciou o processo de desligamento entre a filosofia e o pensamento mítico [Aranha et al, (1993)]. O argumento da preponderância do mythos sobre o logos afirma que a nossa racionalidade é moldada por lendas, que o conhecimento atual está para essas lendas assim como uma árvore está para o pequeno broto que já foi. A diferença não está no tipo, nem na identidade; está apenas nas dimensões. A Qualidade que Pirsig fala se situa além dos limite do mythos . É a Qualidade que gera o mythos. "A Qualidade é o estímulo contínuo que nos faz criar o mundo em que vivemos, na sua integridade, nos mínimos detalhes. O homem inventa respostas à Qualidade, e entre essas respostas está a compreensão do que ele mesmo é. Sabe-se alguma coisa, vem o estímulo da Qualidade, a gente tenta trabalhar com aquilo que já sabe. O estímulo é uma correspondência daquilo que já se sabe. A pergunta "o que é qualidade?" havia sido lançada na filosofia sistemática, abrindo um segundo caminho rumo à Grécia Antiga. A filosofia sistemática é grega, as origens da dúvida sobre a autenticidade da qualidade tinham que estar localizadas em algum ponto da Antigüidade grega. O mundo nem sempre acreditou na superioridade do espírito. A idéia de que a mente é uma questão de segunda categoria é muito antiga. A crença que a matéria é a base e a mente veio posteriormente ou sobre o topo era a favorita dos primeiros gregos. Isto cansou Platão que insistia que aquelas pessoas tinham almas que sobreviviam à morte do corpo. Aristóteles opôs-se a esta separação entre mente e corpo, impondo uma potente imagem de uma mente com forma e estrutura, retornando ao atomismo de Demócrito, que sustentou que a alma era feita de matéria. Platão desprezava os retóricos. Ao estudar a razão de tal abominação, Pirsig, chegou a conclusão de que o ódio que Platão voltava aos retóricos fazia parte de um conflito muito mais amplo, no qual a realidade do Bem, representada pelos sofistas, e a realidade da Verdade, representada pelos dialéticos, lutavam sem tréguas pela posse da mente humana. Como a Verdade venceu o Bem, hoje podemos facilmente aceitar a realidade da Verdade e dificilmente aceitar a da Qualidade. Quando se vai apresentar uma idéia nova num ambiente acadêmico, age-se objetivamente, sem se envolver com ela. Mas a idéia de Qualidade questionava justamente essa objetividade e esse desinteresse, maneirismos apropriados apenas à razão dualista. Alcança-se a qualidade dualista através da objetividade; mas com a qualidade criativa, é diferente. A voz analítica da razão dualista Na tradição aristotélica, interpretada pela escolástica medieval, o homem é considerado um animal racional, capaz de buscar e definir uma vida adequada, e também de vivê-la . Ao ler Aristóteles, Pirsig concluiu que o mesmo estava incrivelmente satisfeito com a proeza de identificar e classificar tudo. O mundo aristotélico começava e terminava com tal proeza. Pirsig adverte: se você entrar em uma das centenas de milhares de salas de aula de hoje e ouvir os professores fazerem divisões, subdivisões, estabelecerem relações e princípios e estudarem "métodos", será o mesmo que escutar o fantasma de Aristóteles, que fala através dos séculos - voz analítica da razão dualista. A substância não muda. O método não permanece. Um sistema complexo pode ser descrito de forma adequada primeiro em termos de suas substâncias: seus subsistemas e peças que o compõem. Depois, ele é descrito em termo dos métodos: das funções que desempenha, em ordem. A qualidade não é uma substância. Tampouco um método. É o objetivo que o método visa alcançar. Quando tudo se divide em substância e método, assim como em sujeito e objeto, já não há mais lugar para a Qualidade. O Direito tornou-se ciência, perdeu-se o sentido da Justiça, o objetivo é a lei. O juiz não decide mais sobre a vida de pessoas, mas se uma norma se aplica ou não num determinado caso. Usar recursos tecnológicos onde não há lugar para sentimentos, é caminhar para as previsões mais cruéis sobre uma sociedade tecnológica. O papel da qualidade criativa será criar um ambiente jurídico onde a tecnologia será utilizada para valorizar o seu humano, diminuindo os entraves burocráticos, a corrupção e principalmente a incompetência. Conclusão Importantes transformações, antes impensáveis pelos teóricos do direito, estão ocorrendo no mundo jurídico. A tecnologia informática está provocando mudanças estruturais no ensino do direito, na organização judiciária e, principalmente, em alguns princípios fundamentais da teoria jurídica, pois os velhos conceitos jurídicos não serem suficientes para compreender os novos fatos que o complexo mundo cibernético começam a provocar. No entanto, a evolução só será possível se a tecnologia informática empregada for orientada para a busca da qualidade criativa, pois, senão tivermos uma orientação teórica neste inevitável envolvimento do Direito com a informática, num futuro não muito distante estaremos a mercê de sistemas informáticos mal estruturados, no qual os sentimentos de uma sociedade serão considerado de pouca relevância na elaboração final das leis, sentenças e destino de toda humanidade. A "qualidade" poderá ser a ponte de ligação entre o direito e a tecnologia, pois sem qualidade a tecnologia nada mais é que um amontoado de bits dentro de um amontoado de peças mecânicas, coisa que, substâncialmente, para quem busca a Justiça pouco significa. Bibliografia PIRSIG, Robert M. Zen e a arte da Manutenção de Motocicletas : uma investigação sobre valores. Tradução de Celina Cardim Cavalcanti. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984. Science does it with feeling. The economist. july 20th 1996,. p.71 a 73 WARAT, Luis Alberto. O Direito e sua Linguagem.. 2a versão. 2ª ed. Sergio Antonio Fabris Editor. Porto Alegre. 1995. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena . Filosofando: introdução à filosofia. 2ª ed. rev.. SãoPaulo : Moderna, 1993, p.67. SIGILO, PRIVACIDADE E INTERCEPTAÇÃO NAS COMUNICAÇÕES DE DADOS. Orly Miguel Schweitzer orlyms@zaz.com.br RESUMO A intensa evolução das comunicações de dados vem apresentando uma constante necessidade de regulamentação ou de adaptação às normas legais já existentes em todo o universo, à respeito do sigilo, privacidade, interceptação e ética nas comunicações de dados. Este artigo aborda como estas questões estão sendo tratadas no Brasil e em outros países. INTRODUÇÃO As comunicações de dados, notadamente pela Internet, avançaram fronteiras entre os países caracterizando a mundialização das informações virtuais, implicando na necessidade de medidas regulatórias em cooperação internacional e em organismos de caráter supranacional. No entanto, considerada a globalização da informação virtual torna-se difícila possibilidade de ser conseguido um sistema que substitua a necessidade de educação, pedagogia e informação dos cidadãos tanto em relação às implicações de seus atos como em relação aos seus deveres, e ainda sobre a necessidade de garantir a uns e de observar a outros. Para tanto, a administração pública federal, estadual, e municipal deverá oferecer condições de acesso e métodos de obtenção de informações bem como a garantia do sigilo e privacidade naquelas prestadas aos órgãos públicos pelas pessoas - naturais e jurídicas - nas informações administrativas pela via eletrônica, nos procedimentos já existentes. A exemplo de outros países, no Brasil, a legislação tributária já obriga, ou possibilita em alguns casos, que um grande número de procedimentos de natureza fiscal e tributária sejam prestados via Internet, tanto a nível federal como estadual, a exemplo da declaração ao imposto de renda das pessoas jurídicas e das pessoas físicas, obtenção de certidão negativa federal, informações econômico-fiscais estaduais, etc. A interligação entre os diversos órgãos da administração pública através da Internet que assegure a prestação de informações com as empresas e os cidadãos deverá garantir o respeito pela privacidade individual, pelos direitos das empresas e instituições privadas e pela própria segurança do Estado. Surge então, a necessidade de se criar meios que possibilitem a segurança da informação, a garantia da privacidade e a possibilidade de cobrança de serviços, a exemplo, neste último caso, dos cartões bancários. No entanto, há que se assegurar de que tais medidas não venham se caracterizar em censura. PROTEÇÃO DO SIGILO E DA PRIVACIDADE NAS COMUNICAÇÕES DE DADOS DOS INDIVÍDUOS, DAS EMPRESAS E DAS INSTITUIÇÕES, SEM IMPOSIÇÃO DE CENSURA. O direito à privacidade, no Brasil, está assegurado na Constituição Federal, em seu artigo 5°, incisos X e XII, que expressam: "Inciso X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente da sua violação;" "Inciso XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados, e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal e instrução processual penal;" (o destaque não consta do texto legal). No entanto, o mesmo dispositivo legal, expressa outros direitos, que a primeira vista se contradizem àqueles citados anteriormente, porém, após pequenas considerações constata-se que não se contrapõem. O mesmo artigo 5° do texto constitucional, também garante: "IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;" "IX- é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica, e de comunicação, independentemente de censura ou licença;" Verifica-se que a Constituição Federal, do Brasil, ao garantir direitos impõe responsabilidades, expressando assim, o consagrado princípio democrático no qual "o direito de uma pessoa só termina quando inicia o direito de outrem". A respeito argumenta Gomes Júnior: "Se a vida privada do indivíduo é inviolável, como admitir que mensagens na Internet possam atingir a honra alheia impunemente?" 1 O doutrinador português JJ. Gomes de Canotilho, ressalta: "não há conflito entre liberdade de expressão e o direito ao bom nome em caso de difamação". 2 O dispositivo constitucional não inclui em liberdade de expressão (Inciso IV) o direito à difamação ou injúria (Inciso X). Os Incisos IV e IX-CF não têm caráter absoluto e irrestrito. Existe a possibilidade de o Poder Judiciário coibir abusos, inclusive com a proibição de lançamento de mensagens ofensivas à honra e a imagem de terceiros, sem que caracterize a censura, porém, deverá haver a iniciativa do ofendido ou de órgãos de proteção à coletividade como é o caso no Ministério Público. (Inciso "XXXV- a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;") O poder do Estado que se fará representar pelo Judiciário, interferirá, então, para evitar abusos praticados nas comunicações virtuais, como: Propaganda de racismo; instigação a crimes; ameaças de seqüestro em listas de discussão; receitas de fabricação de bombas em home pages; pornografia infantil; propaganda anti-negra ou anti-semita; propaganda enganosa entre outras ilegalidades. Há que ressaltar que a interferência do Estado se fará exercer, como se afirmou, pelo Poder Judiciário em processo legal. Nunca sob a forma de censura e sim, sob a forma de responsabilização. A censura é a proibição de certos atos e muito usada em regimes governamentais onde não está evidenciada a democracia. É o exemplo de necessidade de autorização prévia do órgão censor para publicação de determinada matéria ou exibição de peças teatrais ou cinematográficas. A responsabilização se faz presente, atualmente, no Brasil e de forma democrática: A publicação por meios de comunicação como jornais, revistas e televisão é totalmente livre, porém, os autores responderão pelos abusos que cometerem em contrariedade com a legislação já existente (CF, Código Penal Brasileiro, Lei de Imprensa, Código de Defesa do Consumidor, Estatuto da Criança e do Adolescente e outras). Sobre a censura na Internet são vários os juristas e doutrinadores que se expressam totalmente contrários: a) Opina Georges Charles Fischer: "Não obstante a inegável importância que desperta, a Internet não pode estar acima da lei, mas a censura não é desejável, pois no mais das vezes constitui instrumento abominável que serve, quando muito, aos propósitos políticos e ideológicos dos que a impõem." 3 b) Luis Carlos Cancelier de Olivo (obra já citada), assim se expressa: "Para o Procurador da Fazenda Nacional e especialista em Informática Jurídica pela Univali (SC), Hugo Cesar Hoeschel, a liberdade de comunicação, sob qualquer forma, são mais protegidas pelo direito brasileiro. Isso significa poder publicar qualquer coisa que se queira. No caso dos veículos de comunicação de massa, há cautelas e restrições estabelecidas nas esferas constitucional, legal e regulamentar, principalmente no tocante à proteção da infância e da juventude. Porém, elas, - as restrições cauteladas - não incidem sobre a Internet, o que vale dizer que pode ser veiculada qualquer coisa, independente de seu conteúdo, inclusive a tão discutida pornografia. Na defesa desta posição Hoeschel utiliza três argumentos: a rede é mundial e nenhuma censura tem seu alcance; o usuário tem opção de visitar o site que quiser, prevalece a sua vontade; e a ética que impera na Internet é a da liberdade. Daí que o mecanismo hábil à redução dos abusos, como pornografia infantil, calúnias e facismo é a responsabilização e não a censura. A divulgação de material pornográfico, pela Internet, não pode nem ser capitulada como ofensa ao art. 17 da lei n° 5.250/67 (ofender a moral pública e os bons costumes), visto que a infração deveria ser cometida "através dos meios de comunicação e divulgação". A Internet não é definida como uma das figuras descritas pelo parágrafo único do art. 12 - "são meios de informação e divulgação, para os efeitos deste artigo, os jornais e outras publicações periódicas, os serviços de radiodifusão e os serviços noticiosos - hipótese na qual ela simplesmente não insere-se, argumenta para concluir que "a censura, a qualquer título e de qualquer tipo, é simplesmente incabível na Internet... diante da escolha entre censura e pornografia, devemos ficar com a segunda, pois a primeira prejudicou muito mais a humanidade, ao longo de sua história." CENSURA NO E-MAIL Conforme visto anteriormente, as comunicações virtuais deverão gozar de privacidade. A Internet é protegida pela maior parte dos países do mundo. No entanto as mensagens que circulamnas redes corporativas são consideradas de propriedade das empresas. É considerado crime grampear telefones ou abrir correspondências de funcionários das empresas e no entanto é permitido ler as mensagens do correio eletrônico nas empresas. É que ditas mensagens circulam dentro da empresa, nos aparelhos da empresas e entre funcionários por ela pagos e em horário de trabalho. Em vários países, estão ocorrendo demissões de funcionários que fizeram uso indevido de e-mail na empresa, com mensagens contrárias ao direito, como propaganda racista, textos obscenos piadas preconceituosas, correntes religiosas, fotos pessoais, cartões virtuais, currículo ao concorrente, comentários sobre a empresa, comentários sobre os chefes, cantadas a colega de trabalho, assuntos de futebol e tantos outros. Em outros países, como a Alemanha, a lei proíbe a violação de correspondência eletrônica corporativa. Se a empresa quiser espionar terá de obter ordem judicial. Há também uma tolerância em relação à utilização do e-mail para assuntos particulares, determinando um número máximo. A tendência é de que os funcionários passem a ser avisados de que seus e-mail serão lidos pela empresa. Legislação neste sentido, foi proposta em julho do ano 2000, nos Estados Unidos. São várias as notícias que se tem sobre o assunto, na atualidade: 21/07/2000 : Proposta apresentada ao Congresso dos EUA a LEI DE AVISO DE MONITORAÇÃO ELETRÔNICA: As empresas deverão informar a seus funcionários se monitoram ligações telefônicas, uso de computadores e e-mails. BRASIL: Na falta de legislação específica, o mesmo vale para o Brasil.4 ALEMANHA: Lá, a situação é diferente. Conforme Roland Huegel, coordenador de Internet da Siemens a lei proíbe a violação de correspondência eletrônica corporativa. Se a empresa quiser espionar terá de obter ordem judicial. Porém, existe uma tolerância em relação à utilização do e-mail para assuntos particulares.5 INGLATERRA: Aprovada pelo Parlamento Inglês, a lei de Regulamentação de Poderes Investigatórios (RIP). Falta a assinatura da rainha, para vigência a partir de 05/10/2000. Concede ao Governo poderes para acessar e-mails e outras comunicações codificadas na Internet 01/08/2000. O jornal alemão Volkskrant: O serviço secreto de espionagem alemão, o BVD estaria interceptando e monitorando o tráfego de e-mails entre uma companhia de software da Alemanha e uma empresa purificadora de água Iraniana, que estaria envolvida em projetos de energia nuclear. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA E DE DADOS NO BRASIL. A Lei n° 9.296, de 25/07/96, veio regulamentar o inciso XII em sua parte final, do art. 5° da Constituição Federal, dispondo sobre a interceptação das comunicações telefônicas para fins de investigação criminal e instrução em processo penal. O seu artigo primeiro assim se expressa: Lei n° 9.296/96 Art. 1° A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça. Parágrafo único: O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática. O dispositivo constitucional (art. 5°, XII) determinou a inviolabilidade: 1. absoluta: 1.1 do sigilo da correspondência; 1.2 do sigilo das comunicações telegráficas; 1.3 do sigilo de dados. 2. relativa: 2.1 sigilo da comunicação telefônica. Ocorreu uma vedação parcial, ou seja, permitiu que em casos de investigação criminal e instrução em processo penal pudesse ser violada, porém, mediante ordem judicial e na forma que a lei viesse a estabelecer. Trata-se de uma lei de grande importância no combate ao crime, quando na atualidade é muito grande o uso das comunicações telefônicas, tanto para as práticas lícitas como para aquelas consideradas ilícitas, ou sejam, as práticas criminosas onde os delitos são praticados, articulados com planejados pela via em questão. Daí, a necessidade de uma regulamentação legal que possibilitasse e regulamentasse a forma em que pudesse ser concedida autorização judicial para a escuta das comunicações telefônicas, permitidas no texto constitucional, já descrito inicialmente. A legislação ordinária concebeu uma abrangência que não esta prevista na Constituição Federal, ou muito ao contrário, está determinantemente proibida, quando determina: "É inviolável o sigilo ...de dados". Em decorrência desse preceito constitucional, o legislador ordinário deveria restringir-se a regulamentar tão somente a escuta telefônica, que no nosso entendimento foi, ali, definida e permitida. No entanto, a interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática foi recepcionado no parágrafo único do art. 1° da referida lei. Daí, é grande o número de juristas, doutrinadores e especialistas em informática jurídica que consideram ser inconstitucional esse disposito: • O jurista Vicente Greco Filho, (citado por Olivo) define: "Em nosso entendimento é inconstitucional o parágrafo único do art. 1° da lei comentada, porque não poderia estender a possibilidade de interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática. Não se trata aqui de aventar a possível conveniência de fazer interceptação nesses sistemas, mas sim de interpretar a Constituição e os limites por ela estabelecidos à quebra do sigilo". • Especialista em Informática Jurídica: HUGO CÉSAR HOESCHEL, em sua dissertação de Mestrado em Direito na UFSC, sobre "O relacionamento da telemática com o Direito e seu tratamento jurídico no Brasil" , defende a idéia de que "a comunicação de dados não pode ser interceptada; o parágrafo único do artigo 1° da Lei 9.296/96 é absolutamente inconstitucional". • O advogado José Henrique B. M. Lima Neto (citar n° para a obra no rodapé) opina pela inconstitucionalidade do dispositivo em estudo e afirma: "Toda e qualquer prova obsoluta através da violação de comunicações em sistemas de informática ou telemática - nos quais existe tráfego de dados de computador - deve ser considerada prova ilícita." CONCLUSÃO O assunto tratado é bastante controverso. Várias leis já existem no Brasil e no mundo, que poderão ser aplicadas à Internet e outras haverão de ser editadas. Deve-se considerar a grande dificuldade se ser alcançada essa regulamentação, eis que são constantes as transformações das tecnologias e meios de comunicação e informação. É importante ressaltar que o esforço de legislação de aspectos do mundo virtual em um país deve obedecer ao conjunto de premissas e diretrizes que pauta a tradição do direito do país. Há por exemplo clara distinção entre as abordagens dos EUA e da União Européia face ao desafio da legislação da Internet. Enquanto nos EUA há uma tendência de "liberdade", na União Européia a tendência dominante aponta no sentido oposto, criando controles mais rígidos. Cabe ao Brasil, definir sua política de regulamentação, objetivando sua inserção na Sociedade da Informação. BIBLIOGRAFIA * Livro Verde - A Sociedade da Informação no Brasil. Grupo de implantação da SocInfo. Agosto de 2000. * Livro Verde para a Sociedade da Informação em Portugal. Disponível em: http://www.missao-si.mct.pt * Olivo, Luis Carlos Cancellier. Direito e internet: a regulamentação do ciberespaço. Ed. Da UFSC, 1999. Governo Eletrônico (Governo on-line) - Aspectos De Viabilização E Otimização Dos Serviços Públicos Eduardo Marcelo Castella ragalodu@bol.com.br Resumo: No mundo pós moderno não há mais lugar para governantes que trabalham de portas fechadas. Há a imperiosa necessidade de exercer a cidadania no seu mais amplo espectro. Coincidentemente ou não, as inovações tecnológicas vêm de encontro a este anseio, possibilitando fiscalizar, acionar e participar das atuações governamentaisde maneira antes inimaginável. A Internet é dinâmica, veloz, tudo que vai a Web vai ao mundo. Se o governo precisa mostrar que é capaz de produzir bons resultados, assim deve fazer também na rede mundial de computadores. Investimentos precisam ser alocados para o desenvolvimento de "sites" que não sejam puro "marketing", mas que visem dar atendimento ao público alvo, o cidadão. Construir meios que possam tornar a vida mais simples. Podendo, de outro lado, aumentar a arrecadação de taxas e emolumentos através de serviços on-line, como no caso já utilizado pela Receita Federal em relação ao IR (imposto de renda), bem como incrementar e agilizar as relações comerciais e diplomáticas estatais, são o "g to c" (governo para cidadão), "g to b" (governo para empresas) e o "g to g" (governo para governo). O que este trabalho propõe é apontar por onde deve o Estado começar, com o objetivo de evitar a criação de sistemas oficiais que não correspondam as expectativas dos destinatários, seja frustrando-lhes em não oferecer eficiência, seja por não possuir atrativos ou por não ter sido colocado em funcionamento há mais tempo. Introdução: Para alguns trata-se de assunto que não deve receber grande atenção, vez que os problemas sociais são imensos e não foram solucionados, sendo eles reais e não virtuais, podendo-se relegar a um segundo plano a parte eletrônica de um governo. Porém, os avanços tecnológicos estão abrangendo cada vez mais as ações governamentais não havendo possibilidade de não se atender ao que está sendo pesquisado nas universidades e empresas, com repercussão direta nas atividades oficiais do Estado. Dentre as inovações tecnológicas, certamente, o que mais vem se destacando é o uso da Internet para atividades comerciais, pessoais e oficiais, dada a sua grande mobilidade e poder de penetração, atingindo os grandes centros populacionais até os mais distantes rincões, do país e do mundo, até mesmo em alto mar, bastando para isso estarem conectados a uma linha telefônica, forma mais comum de acesso. A conseqüência disto é a possibilidade de disseminação de informações em tempo real e para um maior número de pessoas, bem como proporcionar, no caso de um "site" governamental, a facilidade de acesso também para serviços. Evidentemente para que sejam implantados serviços e informações em todo o âmbito governamental há um longo caminho a percorrer, vez que as atividades são várias e disseminadas em múltiplos órgãos (previdência social, segurança pública, saúde, etc., no âmbito do Executivo) e esferas (federal , estadual, municipal), mas, como disse o poeta, o caminho se faz ao caminhar. E sob esta ótica destacamos alguns pontos que julgamos importantes. Implantação: Para disponibilizar uma página na WEB o governo precisa dimensionar o que e para que vai montar esta página, especificando quais as informações e serviços manterá ao alcance dos internautas. Deverá realizar um projeto que vislumbre as necessidades imediatas e mediatas. Neste aspecto acreditamos que a melhor maneira de se pensar seja a de Jay Nussbaum, da Oracle, para quem o governo on-line, governo eletrônico ou "e-government", deve seguir a linha do " Start small. scale fast, deliver value." Para que não ocorram atropelos e falhas em um projeto que não venha a atingir todas as possibilidades de uso da tecnologia. Portanto, um plano bem pensado vale muito mais do que um realizado a "toque de caixa" apenas para satisfazer uma determinada situação ou momento política. Dentro desta área deve-se prever a instalação da área física, com a alocação de equipamentos de informática que atendam eficientemente a demanda, bem como a extensão da mesma. Se queremos uma rede Federal, devemos estar preparados para investir em todo o território nacional. Em alguns países isto, de certo modo, é bem mais fácil, seja porque tratam-se de países "ricos", seja porque possuem dimensões reduzidas, comparadas às nossas. Exemplos são Singapura e Inglaterra. Ambos possuem condições financeiras e territoriais propícias ao excelente desenvolvimento do e-governo. Tanto assim que Singapura está muito avançada nesta área implementando serviços e atividades governamentais, nas mais diversas áreas, como governo para cidadão (g. to c.), governo para governo(g. to g.) e governo para empresa (g. to b.), extraindo o máximo de proveito que a Internet pode fornecer, implementando continuamente programas de expansão da rede e facilitação do acesso. Na Inglaterra o primeiro ministro Tony Blair, desenvolve projeto no sentido de implementar o e-governo, disponibilizando para toda a população da ilha, com um forte apelo para a previdência social. Como representante das classes trabalhistas inglesas, acredita Blair que a Internet pode democratizar e facilitar a vida da população menos favorecida da Inglaterra. Países da Comunidade Européia, de modo geral, já dispõem de infra estrutura para a demanda criada, bem como regulamentação sobre transações comerciais e delitos, havendo legislação semelhante para os Estados integrantes, fazendo-se mesmo o reconhecimento e validação da assinatura digital, caso da Alemanha. No mesmo diapasão os Estados Unidos, onde reconheceram a validade da assinatura digital, anterior a Europa, e proporcionam serviços e informações na Web. Tratando-se de uma organização gigantesca, apontam os especialistas que a evolução das redes no serviço público devem progredir passo a passo. Primeiro um site com um panorama geral, do governo e das suas atividades e serviços. Num segundo momento comunicação de uma via (one way), onde o usuário já poderá requerer serviços mas recebe as respostas posteriormente, e.g. via e-mail. E, a terceira, ao oferecer serviços on-line em tempo real. Tudo isto com sites cada vez mais objetivos e práticos, não ficando o internauta pesquisando e navegando pelas páginas até encontrar o link que resolva o problema que o levou a acessar a rede. Estaríamos apenas retirando-o da fila física e empurrando para a digital. Deverão prover o site com sistemas de inteligência artificial onde bastará a explanação da situação e o link indicará a página com a melhor solução. As iniciativas tanto do governo federal quanto dos governos municipais vêm obtendo excepcionais resultados. Estes, por serem regionalizados, tem condições de medir aonde podem ser mais eficientes no atendimento ao cidadão. No mesmo sentido o governo Federal brasileiro vêm agindo ao implantar páginas de previdência social e da receita federal, oferecendo informações e serviços que redundem em maior comodidade para a população, esta última inclusive obtendo índices extremamente altos para a entrega de declarações de IR via Web. Manutenção: A instalação da estrutura física deve obedecer a critérios bastante objetivos, não perdendo de vista a necessidade de expansão da rede na mesma proporção que aumenta a demanda. Como corolário temos a manutenção do sistema. Este não pode ser relegado a um segundo plano ou considerado menos importante. Tudo que for disponibilizado estará sendo acessado por milhares de pessoas, empresas e governos. O sistema não pode cometer falhas, vendo-se aí a questão da segurança. Todo o sistema deve trabalhar integrado ao mesmo tempo que não pode oferecer riscos aos usuários, seja quanto a invasão por "hackers" seja em razão de "quedas" ou panes ou mesmo má administração dos equipamentos. Ninguém quer ver seus dados trafegando pela rede de forma aberta, muito menos saber que eles foram conseguidos através de um "site" oficial do governo. Mesmo que os serviços e informações oferecidos oficialmente não proporcionem o retorno financeiro desejado para o governo, até porque não tem como objetivo o lucro, deverá investir muito para que não ocorram falhas no sistema eletrônico. Afinal ter a imagem arranhada pode custar muito mais que o investimento para ver funcionar adequadamente. Descontinuidade:
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