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Gramática do Português Gláucia do Carmo Xavier Kelly Cesário de Oliveira Formação Inicial e Continuada + IFMG Gláucia do Carmo Xavier Kelly Cesário de Oliveira Gramática do Português 1ª Edição Belo Horizonte Instituto Federal de Minas Gerais 2021 FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) X2g Xavier, Gláucia do Carmo. Gramática do português [recurso eletrônico]. / Gláucia do Carmo Xavier, Kelly Cesário de Oliveira. – Belo Horizonte: Instituto Federal de Minas Gerais, 2021. 66 p. : il. E-book, no formato PDF. Material didático para Formação Inicial e Continuada. ISBN 978-65-5876-134-1 1. Língua portuguesa - gramática. I. Oliveira, Kelly Cesário. II. Título. CDU 81'36(81) Catalogação: Aline M. Sima - CRB-6/2645 Índice para catálogo sistemático: 1. Língua portuguesa – gramática: 81'36(81) Pró-reitor de Extensão Diretor de Programas de Extensão Coordenação do curso Arte gráfica Diagramação Carlos Bernardes Rosa Júnior Niltom Vieira Junior Gláucia do Carmo Xavier Ângela Bacon Eduardo dos Santos Oliveira © 2021 by Instituto Federal de Minas Gerais Todos os direitos autorais reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico. Incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização por escrito do Instituto Federal de Minas Gerais. 2021 Direitos exclusivos cedidos à Instituto Federal de Minas Gerais Avenida Mário Werneck, 2590, CEP: 30575-180, Buritis, Belo Horizonte – MG, Telefone: (31) 2513-5157 Sobre o material Este curso é autoexplicativo e não possui tutoria. O material didático, incluindo suas videoaulas, foi projetado para que você consiga evoluir de forma autônoma e suficiente. Caso opte por imprimir este e-book, você não perderá a possiblidade de acessar os materiais multimídia e complementares. Os links podem ser acessados usando o seu celular, por meio do glossário de Códigos QR disponível no fim deste livro. Embora o material passe por revisão, somos gratos em receber suas sugestões para possíveis correções (erros ortográficos, conceituais, links inativos etc.). A sua participação é muito importante para a nossa constante melhoria. 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Esse receio se deve à Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB), um documento elaborado por professores e gramáticos, como Carlos Henrique da Rocha Lima e Celso Ferreira da Cunha, com o intuito de simplificar e unificar o ensino da gramática brasileira. No entanto, no documento oficial, aprovado pelo Ministério da Educação, encontramos uma série de incoerências sistemáticas por trás das assombrosas e extensas nomenclaturas, quando poderíamos encontrar um texto que explicasse termos da gramática a partir de suas funções. Ou seja, na prática, não há uma simplificação. Pensando nisso, esta apostila tem como objetivo principal facilitar o ensino da gramática do Português Brasileiro, tratando das funções exercidas por um determinado termo, seja ele essencial (o predicador e os termos exigidos pelo próprio predicador de uma frase) ou acessório (o “intruso”, que não aparece por razões sintáticas, mas, sim, por razões informacionais). O destaque desta apostila é a forma com a qual trataremos a linguagem: a partir de um tratamento com ênfase em sintaxe, privilegiamos a área da Linguística que trata da ordenação de sintagmas em uma estrutura formal, isto é, uma frase. Aqui, então, faz-se necessário apresentar uma breve explicação sobre o que chamamos de sintaxe. A sintaxe é o campo dos Estudos Linguísticos que estuda a relação formal entre sintagmas (conjunto de palavras)1 que compõem uma frase, quer dizer, como os sintagmas de uma estrutura se conectam para satisfazer às exigências de um predicador, seja ele um verbo, seja ele um predicativo do sujeito. De início, como exemplo, tomemos o verbo construir, apresentado na imagem a seguir como verbo pleno e, também, com uma perífrase (verbo auxiliar + verbo principal). 1 É possível constituir sintagmas com apenas uma palavra, que pode ser produzida com ou sem nenhum tipo de representação sonora. Veremos isso mais adiante. Figura 1: O verbo construir como predicador Fonte: elaborada pelas autoras O verbo em questão exige algo ou alguém para construir e algo para ser construído, como nas frases: a) A empreiteira construiu um prédio. b) Bárbara construirá sua loja. c) Bruno está construindo uma vida melhor. Bárbara, por exemplo, constrói algo e algo é uma loja. Bárbara é o sujeito da ação exigida pelo verbo enquanto sua loja é o complemento que conclui as demandas impostas por construir. Isso é sintaxe. É desta forma que você irá entender conosco que a frase somente é uma estrutura completa quando o predicador tem suas exigências concretizadas, a partir de uma relação estabelecida entre sintagmas. Dando sequência à apresentação de nossa proposta para o ensino simplificado de gramática, como objetivos específicos, esta apostila pretende apresentar uma base para que estudantes compreendam: (i) a diferença entre frases, orações, enunciados, períodos e sintagmas. (ii) as regras de estruturas frasais; (iii) a organização e a constituição das frases do Português Brasileiro. Esta apostila, também, servirá como suporte para que estudantes, de maneira intuitiva e sem ênfase em nomenclaturas demasiadamente extensas, consigam: (iv) caracterizar e classificar orações coordenadas e subordinadas de forma simplificada; e (v) construir períodos complexos corretamente. Para atingir os objetivos propostos, a apostila foi pensada em três módulos (cada módulo equivale a 10 horas semanais de estudo, totalizando 30 horas de curso). No primeiro módulo, intitulado Estrutura Sintática do Português Brasileiro, trabalharemos com as noções de sintaxe, sintagmas, frases, predicação e tipos de sujeito. No segundo módulo, intitulado Uma visão sobre termos essenciais e acessórios, trabalharemos com as noções de complemento nominal, adjuntos (adnominais e adverbiais), aposto, vocativo e, ainda, o uso da vírgula. No terceiro e último módulo, intitulado Período composto: coordenação e subordinação, trabalharemos com as frases que contam com mais de um verbo em sua composição. Agora que a apresentação de nosso material foi devidamente feita, podemos, finalmente, começar a trabalhar com uma perspectiva mais simples e objetiva da sintaxe. Vamos começar? Bons estudos! Gláucia do Carmo Xavier Kelly Cesário de Oliveira Apresentação do curso Este curso está dividido em três semanas, cujos objetivosde cada uma são apresentados, sucintamente, a seguir. SEMANA 1 Neste módulo, você entenderá, formalmente, o que é: sintaxe, sintagmas, frases (diferente de orações e enunciados), predicação e, por fim, tipos de sujeito. SEMANA 2 Neste módulo, você avançará nos estudos sobre os termos essenciais (selecionados pelo predicador), sobre os termos acessórios (estão nas frases, mas não são selecionados pelo predicador) e sobre o papel das vírgulas na estrutura sintática. SEMANA 3 Neste módulo, retomaremos alguns conceitos tratados anteriormente para estudarmos, especificamente, o período composto e o que esta classificação comporta: orações coordenadas e orações subordinadas. Carga horária: 30 horas. Estudo proposto: 2h por dia em cinco dias por semana (10 horas semanais). Apresentação dos Ícones Os ícones são elementos gráficos para facilitar os estudos, fique atento quando eles aparecem no texto. Veja aqui o seu significado: Atenção: indica pontos de maior importância no texto. Dica do professor: novas informações ou curiosidades relacionadas ao tema em estudo. Atividade: sugestão de tarefas e atividades para o desenvolvimento da aprendizagem. Mídia digital: sugestão de recursos audiovisuais para enriquecer a aprendizagem. Sumário Semana 1 – Estrutura Sintática do Português Brasileiro ............................... 15 1.1 Introdução à Sintaxe, aos sintagmas e à diferença entre frases, orações e enunciados .................................................................................................... 15 1.2 Predicação e tipos de Predicado ............................................................. 18 1.2.1 O Verbo Monoargumental .................................................................... 21 1.2.2 O Verbo Biargumental não Preposicionado .......................................... 23 1.2.3 O Verbo Biargumental Preposicionado ................................................. 25 1.2.4 O Verbo Biargumental com Argumentos Internos ................................. 26 1.2.5 O Verbo de Ligação .............................................................................. 27 1.3 Tipos de Sujeitos ..................................................................................... 28 1.3.1 Sujeito Determinado ............................................................................. 28 1.3.2 Sujeito Indeterminado ........................................................................... 29 1.3.3 Frases sem Sujeito ............................................................................... 30 Semana 2 – Uma visão sobre Termos Essenciais e Termos Acessórios ...... 33 2.1 Termos Essenciais e Acessórios: contextos ............................................ 33 2.1.1 Termos Essenciais ............................................................................... 33 2.1.2 Termos Acessórios ............................................................................... 34 2.2 Complemento Nominal X Adjunto Adnominal .......................................... 35 2.3 Adjuntos Adverbiais e Adnominais .......................................................... 37 2.3.1 Adjunto Adverbial – algumas especificidades ....................................... 37 2.3.2 Adjunto Adnominal – algumas considerações ...................................... 38 2.4 Aposto e Vocativo ................................................................................... 38 2.4.1 Aposto .................................................................................................. 38 2.4.2 Vocativo ............................................................................................... 39 2.5 A Vírgula e a Estrutura Sintática .............................................................. 40 2.5.1 Inversão ............................................................................................... 40 2.5.2 Coordenação em Enumeração ............................................................. 40 2.5.3 Elipse Verbal ........................................................................................ 41 2.5.4 Separação do Aposto ........................................................................... 41 file:///C:/Users/Niltom/Downloads/Livro%20Gramática%20do%20Português.docx%23_Toc66449397 file:///C:/Users/Niltom/Downloads/Livro%20Gramática%20do%20Português.docx%23_Toc66449409 2.5.5 Isolamento do Vocativo ........................................................................ 41 Semana 3 – Período Composto: Coordenação e Subordinação ................... 43 3.1 O que é um Período Composto? ............................................................. 43 3.2 Coordenação e Subordinação ................................................................. 43 3.2.1 Coordenação ........................................................................................ 44 3.2.2 Subordinação ....................................................................................... 46 Referências ................................................................................................... 53 Currículo das autoras .................................................................................... 55 56 Glossário de códigos QR (Quick Response) ................................................. 57 file:///C:/Users/Niltom/Downloads/Livro%20Gramática%20do%20Português.docx%23_Toc66449428 Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 15 Mídia digital: Antes de iniciar os estudos, vá até a sala virtual e assista ao vídeo “Aula 1”. 1.1 Introdução à Sintaxe, aos sintagmas e à diferença entre frases, orações e enunciados Como apontado na introdução desta apostila, existe uma imagem quase consensual sobre a gramática do Português Brasileiro (PB) ser um pesadelo e, ainda pior, inacessível para os próprios falantes da Língua Portuguesa. Neste módulo, trabalhamos com a Estrutura Sintática do PB, ou seja, como uma frase é composta e estruturada por falantes da nossa língua materna. Antes de trabalhar com questões específicas da sintaxe formal, como predicados, predicadores e tipos de sujeito, vamos pensar nas noções de frases e sintagmas, já anunciadas anteriormente. Uma dúvida recorrentemente relatada pelos estudantes é a dificuldade para compreender a diferença entre frases, orações e enunciados. De imediato, podemos dizer que frase é toda estrutura realizada na língua, como aquelas construídas sem a utilização de um verbo, Olá! Bom dia! Cada macaco no seu galho! e como aquelas construídas com um ou mais verbos - estruturas que contêm verbos são também chamadas de orações: Você comprou arroz hoje? O Ministro da Educação não compareceu ao evento. Aquele presidente equivocou-se publicamente ao falar sobre um assunto que não domina. Objetivos Neste módulo, você entenderá, formalmente, o que é: sintaxe, sintagmas, frases (diferente de orações e enunciados), predicação e, por fim, tipos de sujeito. Semana 1 – Estrutura Sintática do Português Brasileiro Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 16 Aqui, além de compreender que frases englobam estruturas construídas com ou sem a presença de verbos, entendemos que orações são estruturas que contêm, obrigatoriamente, pelo menos um verbo. Nos resta, então, entender o que são os enunciados. Para tanto, recorremos a Bakhtin (1997, p. 293), importante filósofo e estudioso sobre as questões sociais e identitárias da língua, que define o enunciado como “a unidade real da comunicação verbal”. Araújo (2014, p. 186), refletindo sobre esta definição, afirma que “todo o processo de interação e, consequentemente, comunicação verbal, só se dará por enunciados. Sendo assim,só há comunicação verbal se houver enunciados”. Nesse sentido, o enunciado não é um termo utilizado nos estudos sintáticos, uma vez que ele se trata de questões discursivas, interativas (pensemos, aqui, em comandos de exercícios - há uma orientação por parte de algo/alguém e há alguém para realizar as atividades) e comunicativas, enquanto a sintaxe busca compreender a relação estrutural entre sintagmas dentro de uma frase. Agora, podemos passar para a noção de sintagma. Vejamos, pois, as frases a seguir: (1) O Ministro da Economia vendeu nossas estatais. (2) Nossas estatais o Ministro da Economia vendeu. (3) *Ministro da Economia vendeu estatais o nossas. Na tríade acima, com o exemplo (1), observamos uma frase cuja ordem é o que chamamos de estrutura canônica da Língua Portuguesa, ou ordem Sujeito - Verbo - Objeto (complemento), construção mais recorrente em nossa língua: o sujeito [o ministro da economia] aparece na primeira posição da frase, seguido do verbo [vendeu] e do complemento [nossas estatais]. Em (2), percebemos que o verbo (predicador da oração em pauta) ainda mantém suas exigências satisfeitas mesmo com a estrutura elaborada na ordem OSV (objeto - sujeito - verbo). Já na letra C, com a construção de uma estrutura desordenada, temos uma frase mal formada. Aqui, é importante observar que a ordem da estrutura não é o suficiente para construirmos uma frase gramatical. Vejamos mais um exemplo: (4) *Ministro da Economia o vendeu nossas estatais ontem. Mesmo acrescentando o grupo [ontem] na frase, percebemos que a ordem sozinha não é um problema. Com (3) e (4), vimos que [ministro da economia] está acompanhado do artigo [o] e isso causa um estranhamento e, é claro, a agramaticalidade da frase. Esse estranhamento é visto porque, até mesmo de forma intuitiva, sabemos que [o] deve vir antes de [ministro da economia]. Ao encontrar asterisco no início de uma frase, entenda-o como: - agramaticalidade; - frase mal formada na Língua Portuguesa; - pouco comum para os falantes. Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 17 Neste momento, podemos considerar o seguinte questionamento: devemos sempre apenas considerar a ordem artigo + substantivo nas frases? A resposta é NÃO. Mesmo que façamos um exercício para ordenar as palavras, ainda teríamos exemplos agramaticais caso o sintagma [ontem] estivesse disposto aleatoriamente nas estruturas: (5) *O Ministro da Economia vendeu nossas [ontem] estatais. (6) *O Ministro ontem da Economia vendeu nossas estatais. Observe que a palavra [ontem], nas posições em (5) e (6), está causando a agramaticalidade das frases. Isso acontece porque [ontem] não pertence aos sintagmas [nossas estatais] ou [o ministro da economia]. [ontem], na verdade, é um sintagma de uma única palavra. Aqui, estamos começando a entender a noção de sintagma como um grupo de palavras afins que não podem ser separadas. Se alguns sintagmas2 da frase são [o ministro da economia], [vendeu], [nossas estatais] e [ontem], havendo a necessidade de mudar a ordem de uma inteira frase, é preciso mover um grupo inteiro, o SINTAGMA completo, para que não haja agramaticalidades nas frases. Vejamos: (7) [o ministro da economia] [ontem] [vendeu] [nossas estatais] (8) [ontem], [nossas estatais] [o ministro da economia] [vendeu] (9) [nossas estatais] [o ministro da economia] [vendeu] [ontem] (10) *[vendeu] nossas ontem estatais [o ministro da economia] Então, com esses exemplos, podemos definir sintagma como um grupo indivisível de palavras. Um sintagma pode ser movido para mais de uma posição na frase, desde que ele esteja completo, como nos exemplos (7), (8) e (9). Quando um sintagma, ou até mesmo uma palavra, invade o sintagma a qual não pertence, como na frase (10), temos uma má formação frasal que resulta numa agramaticalidade estrutural. Podemos, então, compreender que frases não são compostas por palavras aleatórias, mas, são compostas por sintagmas organizados de forma coerente entre si. O exercício que fizemos até o momento, de mover os sintagmas para mais de uma possibilidade de posição na frase, recebe o nome de deslocamento sintático. Esse exercício é uma forma bastante útil para que sejamos capazes de identificar um sintagma, pois, se um determinado grupo se move junto e a frase não se torna agramatical, encontramos um sintagma. No entanto, se um conjunto se move com um intruso em sua composição, sabemos que aquela organização não pode ser considerada um sintagma. 2 [comprou muitos pacotes de arroz ontem] e [de arroz] também são sintagmas. Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 18 Além do deslocamento sintático, há uma série de testes3 que podemos, e devemos, fazer para identificar os sintagmas. Consideremos, então, os testes de pronominalização e de topicalização: Pronominalização Topicalização Substituição de um determinado sintagma por um pronome. Inserção de um determinado sintagma na posição de tópico - posição inicial de uma frase para ser o destaque, a ênfase da proposta da sentença. O Ministro da Economia vendeu nossas estatais. O Ministro da Economia vendeu nossas estatais. Ele vendeu nossas estatais. Nossas estatais o Ministro da Economia vendeu. *O ele vendeu nossas estatais. *Nossas, O Ministro da Economia vendeu estatais. Tabela 1: Testes de pronominalização e topicalização Fonte: elaborada pelas autoras Com o teste de pronominalização, a partir dos exemplos, foi válido substituir [o ministro da economia] por [ele], mas não foi possível substituir apenas [ministro da economia] por [ele]. Nesse sentido, atestamos, mais uma vez, que o sintagma é [o ministro da economia] e não apenas [ministro da economia]. Com o teste de topicalização, inserir o sintagma [nossas estatais] no início da frase se mostrou gramatical e, ainda, coloca em ênfase o tópico da sentença produzida. Entretanto, inserir a palavra [nossas] no início da frase, sem a presença de [estatais], foi necessário para entender que [nossas] não é um sintagma. Ela sozinha em posição de tópico não é possível, muitos menos gramatical. 1.2 Predicação e tipos de Predicado Pensar em predicação é pensar, imediatamente, nas exigências - ou seleções - feitas pelo predicador (verbo ou predicativo do sujeito, o predicador em frases com verbos de ligação). Nesse sentido, torna-se relevante, no primeiro momento de uma análise sintática, identificar o verbo - se de ligação ou não - e, então, verificar o que ele seleciona para que a estrutura a qual ele pertence esteja completa. Nesta apostila, com o intuito de apresentar estruturas arbóreas, ou simplesmente árvores sintáticas, como um suporte visual- explicativo, conceitos como sujeito e objeto também serão referenciados como argumento externo (ao sintagma verbal) e argumento interno (ao sintagma verbal), respectivamente. É preciso, neste momento do curso, expandir o conceito de sintagma e postular que cada um tem um núcleo, ou seja, dentro de cada sintagma há um item central que domina, de certa forma, os outros. Dentro de uma frase, muitas vezes, temos dois principais 3 Há, ainda, outros testes que podem ser realizados para a identificação de sintagmas, como a clivagem, a apassivação e a elipse. Para tanto, conferir Kenedy e Othero (2018). Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 19 sintagmas, sendo eles o sintagma nominal, cujo núcleo é um nome (pronome ou substantivo) e o sintagma verbal, cujo núcleo é um verbo. Vejamos como esses conceitos funcionam em uma árvore sintática que ilustra a frase [Ele comprou arroz]: Figura 2: Sintagmas nominal e verbal Fonte: elaborada pelas autoras O verbo comprar é o predicador da frase. Ele seleciona [arroz] como seu argumento interno (repare em como comprare arroz estão no mesmo “ramo” do sintagma verbal). Assim, temos o sintagma nominal [arroz], dentro do sintagma verbal [comprou arroz]. O verbo comprar, além disso, seleciona [Ele] como argumento externo (observe, novamente, o sintagma verbal). Dessa forma, na frase [ele comprou arroz], o verbo comprar seleciona dois argumentos, um interno [arroz - objeto direto] e um externo [ele - sujeito]. Para dar continuidade a nossa análise sintática, é preciso conhecer melhor as características específicas de cada um dos verbos predicadores e, também, dos verbos de ligação. A primeira tabela mostra com o sinal de (+) a necessidade de os verbos precisarem de termos para completarem a estrutura sintática. O sinal de (-) demonstrar a não obrigatoriedade de termos e classes gramaticais. Vejamos as tabelas a seguir: Verbos monoargumentais Argumento externo (sujeito) + Argumento interno (objeto) - Preposição - Tipo de predicado Verbal Tabela 2: Estrutura sintática de verbos monoargumentais Fonte: elaborada pelas autoras S = sentença SN = sintagma nominal N = nome SV = sintagma verbal V = verbo Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 20 Ao interpretar as tabelas, compreendemos que verbos monoargumentais selecionam apenas argumento externo para ter seu sentido completo. Verbos biargumentais, no entanto, selecionam argumento externo e argumento interno para que o sentido das frases que fazem parte esteja completo. Alguns verbos biargumentais selecionam um argumento não preposicionado, outros selecionam um argumento preposicionados. Alguns, ainda, podem selecionar mais de um argumento interno, com ou sem a presença de preposições. Verbos biargumentais Argumento externo (sujeito) + Argumento interno (objeto) + Preposição +/- Tipo de predicado Verbal Tabela 3: Estrutura sintática de verbos biargumentais Fonte: elaborada pelas autoras Verbos de Ligação Predicador Predicativo do sujeito Tipo de predicado Nominal Exemplos Ser, estar, continuar, virar, andar, ficar, parecer, permanecer, viver, tornar-se e encontrar-se Tabela 4: Estrutura sintática de verbo de ligação Fonte: elaborada pelas autoras Em relação aos verbos de ligação, entendemos que estes não predicam. Os verbos de ligação selecionam o que chamamos de minioração, um sintagma composto pelo sujeito e pelo predicativo do sujeito (KATO; NASCIMENTO, 2015). Essa tipologia verbal, então, aparece para (i) ligar o sujeito e o predicativo e, principalmente, (ii) para atribuir traços (características) semânticas ao sujeito. Para Castilho (2014), ser e estar, assumem a carga de denotar certas propriedades ao sujeito, propriedades como [+] ou [-] dinâmicas, [+] ou [-] transitórias e [+] ou [-] permanente, por exemplo (XAVIER; OLIVEIRA, 2020). Vejamos como essas características podem ser vistas nos exemplos a seguir: (11) Guilherme é inabalável (12) Guilherme está inabalável. Observamos, primeiro, que o sujeito e o predicativo do sujeito são repetidos nas duas frases, mas as características atribuídas, pelos verbos, ao sujeito, são diferentes. Em (11), as características [-] dinâmico e [+] permanente são atribuídas, pelo verbo ser, ao sujeito [Guilherme], revelando peculiaridades fixas do sujeito. Já em (12), as características [+] Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 21 dinâmico e [+] transitório são atribuídas ao sujeito, revelando outros tipos de peculiaridades do sujeito. Ademais, o predicativo do sujeito é um predicador nominal, pois é este elemento que que diz algo sobre o sujeito. Antes de passarmos para uma análise mais detalhada de cada uma dessas tipologias verbais, falemos sobre os predicados verbo-nominal. Essa tipologia é significativa quando, na frase, temos mais de um núcleo predicador, justamente um verbo e um nome, como na frase [Dulce estudou despreocupada]. Estudar é o predicador que seleciona os argumentos da frase e [despreocupada] predica, isto é, atribui uma característica à Dulce. 1.2.1 O Verbo Monoargumental Como vimos anteriormente, o verbo monoargumental não seleciona um argumento interno para integrar frases. Entendemos, dessa maneira, que esse verbo é um predicador verbal, núcleo de frases, e apenas seleciona um argumento externo, ou seja, um sujeito, na maioria das vezes. Consideremos, agora, a estrutura arbórea dessa tipologia verbal: Figura 3: Estrutura sintática de verbos monoargumentais Fonte: elaborada pelas autoras Formando a frase, temos o sintagma verbal, composto por um verbo monoargumental (núcleo do sintagma), e temos um sintagma nominal, composto por um argumento externo, em que o nome é o núcleo do sintagma. A título de exemplo, consideremos os seguintes verbos: (13) X pescou. (14) X viajou. (15) X dançou. (16) X acordou. Embora não tenhamos um argumento externo especificado para cada uma das frases anteriores, sabemos que os verbos em pauta precisam ter essa posição preenchida por um sintagma condizente com a ação verbal. Pescar é um verbo que pede um argumento externo, como um ser com habilidades específicas. Viajar é um verbo que pede algo ou alguém capaz de exercer tal ação, como um estudante brasileiro participante de um Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 22 intercâmbio no Canadá. Dançar é um verbo que pede alguém para realizar uma ação. Acordar é um verbo que pede um ser, literalmente, para realizar tal ação, ou algo inanimado para realizar construções metafóricas, como em [o céu acordou triste]. Esses são alguns exemplos, mas poderíamos acrescentar uma série de possibilidades condizentes para o preenchimento da posição do argumento externo. Podemos, em paralelo, acrescentar sintagmas que oferecem mais informações sobre as frases, como: (17) X pescou ontem. (18) X viajou de carro. (19) X dançou na rua. (20) X acordou pensativo. Nas frases (17), (18) e (19), os itens destacados fazem parte do que chamamos de termos acessórios. De forma mais específica, estes são adjuntos adverbiais de tempo, modo e lugar, respectivamente. Compreenderemos melhor os termos acessórios na seção seguinte, mas, aqui, é importante enfatizar que adjuntos adverbiais (e adnominais!) não são selecionados pelo predicador, ou seja, a presença de um em frases não é sintaticamente obrigatória, é opcional. Em (20), a situação é um pouco diferente. O sintagma “pensativo” caracteriza o argumento externo. Nesse caso, não temos mais uma frase de predicação verbal, temos uma frase de predicação verbo-nominal, em que o verbo seleciona os argumentos e um deles é uma característica a respeito de X. Vejamos, a seguir, a representação arbórea de verbos monoargumentais com alguns dos exemplos trabalhados: Figura 4: verbos monoargumentais Fonte: elaborada pelas autoras Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 23 1.2.2 O Verbo Biargumental não Preposicionado Verbos biargumentais são aqueles que selecionam um argumento externo e pelo menos um argumento interno (com e/ou sem preposição) para compor estruturas frasais. Esses verbos fazem parte do grupo de predicados verbais. Para compreender a organização frasal desses verbos, vejamos as árvores a seguir: Figura 5: estrutura argumental do verbo biargumental não preposicionado Fonte: elaborada pelas autoras Essa primeira árvore representa um verbo biargumental que apenas seleciona um argumento interno não preposicionado. O argumento externo, como esperado, encontra-se fora do sintagma verbal e tem um nome como núcleo. O sintagma verbal, como visível na árvore, comporta o verbo, núcleo da frase, e o sintagma nominal, argumento interno do predicador. Verbos como dizer e encontrar são enquadrados nesta categoria. Consideremos, a seguir,algumas frases. (21) João encontrará seu eleitorado. (22) Aquele Ministro disse asneiras. (23) Paulo não encontrou bom senso. Em (21), [seu eleitorado] é argumento interno não preposicionado, um sintagma nominal, selecionado pelo predicador encontrar, flexionado no futuro do indicativo. O verbo, além disso, seleciona [João] como argumento externo. Em (22), o verbo dizer seleciona [asneiras] como seu argumento interno e, também, seleciona [aquele ministro] como argumento externo. Vejamos na imagem. Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 24 Figura 6:argumentos do verbo dizer Fonte: elaborada pelas autoras Aqui, é indispensável pensar em [aquele], o determinante da frase, ou seja, o termo que postula que há um Ministro específico falando asneiras. Não é UM Ministro ou O Ministro, é AQUELE Ministro. Vejamos, agora, a representação arbórea deste exemplo. Figura 7: estrutura argumental do verbo dizer Fonte: elaborada pelas autoras Por fim, na frase (23), o predicador, encontrar, ainda que venha acompanhado da negativa, seleciona [bom senso] como seu argumento interno e [Paulo] como seu argumento externo, completando o sentido do verbo e deixando a frase gramatical. Como postulado por Kenedy e Othero (2018), a classe dos determinantes é de extrema importância para marcar o plural em sintagmas nominais na oralidade: "Os menino", por exemplo, são produções recorrentes enquanto "O meninos" não. Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 25 1.2.3 O Verbo Biargumental Preposicionado Verbos biargumentais preposicionados são aqueles que selecionam um argumento externo e um argumento interno com preposição para compor estruturas frasais. Esses verbos fazem parte do grupo de predicados verbais. Para compreender a organização frasal desses verbos, consideremos a árvore a seguir: Figura 8: estrutura do verbo biargumental preposicionado Fonte: elaborada pelas autoras O argumento externo encontra-se fora do sintagma verbal. Por haver uma preposição na frase, o argumento interno tem uma preposição como núcleo, ou seja, há um sintagma preposicional pertencendo ao sintagma verbal. Dentro do sintagma preposicionado, há um sintagma nominal para finalizar nossa árvore sintática. Exemplificando essa tipologia verbal, consideremos os verbos assistir, concordar e confiar. (24) Victória assistiu ao filme. (25) Muitos eleitores concordam com Guilherme. (26) Nós confiamos em você. Em (24), o predicador assistir, seleciona o argumento externo [Victória] e o argumento interno [ao filme], formado pela preposição [a], mais o artigo [o] e nome [filme]. Na frase (25), [muitos eleitores] é o argumento externo selecionado pelo verbo concordar e [com Guilherme] é o argumento interno, formado pela preposição [com] e o nome [Guilherme]. Vejamos como essa sentença é estruturada em uma árvore sintática: Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 26 Figura 9: estrutura argumental do verbo concordar Fonte: elaborada pelas autoras Em (26), uma frase não muito diferente das últimas, o verbo confiar seleciona [em você] como argumento interno, cujo sintagma é formado pela preposição [em] e o nome [você]. 1.2.4 O Verbo Biargumental com Argumentos Internos O verbo biargumental, como vimos, seleciona mais de um argumento para compor sua estrutura. O verbo biargumental com mais de um argumento interno é um predicador que seleciona um argumento externo e, pelo menos, dois argumentos internos, com e/ou sem a presença de uma preposição. Como há mais de uma possibilidade de representar a estrutura arbórea dessa tipologia verbal, trouxemos a seguinte: Figura 10: estrutura argumental do verbo biargumental com mais de um argumento interno Fonte: elaborada pelas autoras Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 27 Abordando essa tipologia verbal, consideremos os verbos informar e ensinar nas seguintes frases. (27) [A comunidade médica] informou [os riscos] [aos pacientes]. (28) [O professor de Geografia] ensinou [a importância das matas] [aos alunos]. Em (27), o verbo informar seleciona [os riscos do remédio] como argumento interno sem preposição e [aos pacientes] como outro argumento interno, no entanto, este está preposicionado. O predicador ainda seleciona [a comunidade médica] como seu argumento externo. Figura 11: estrutura argumental do verbo informar Fonte: elaborada pelas autoras Em (28), o predicador ensinar seleciona como argumentos internos os sintagmas [a importância das matas], sem preposição, e [aos alunos], com preposição. Além disso, o verbo predicador seleciona o sintagma nominal [o professor de geografia] como seu argumento externo. 1.2.5 O Verbo de Ligação O verbo de ligação não pode ser considerado predicador de frases. Anteriormente, apontamos que essa tipologia verbal seleciona uma minioração – um sintagma constituído pelo sujeito e pelo predicativo do sujeito, geralmente um adjetivo –. O predicador em frases com verbos de ligação é o predicativo do sujeito. Vejamos, pois, alguns exemplos. (29) Guilherme (sujeito) [é] impaciente (predicativo do sujeito). (30) Guilherme (sujeito) [está] impaciente (predicativo do sujeito). Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 28 A ausência do verbo de ligação não resultou numa agramaticalidade. Nesse sentido, além de selecionar uma minioração, verbos de ligação atribuem certas características ao sujeito. Se usarmos o verbo ser flexionado em é (presente do indicativo) na frase (29), por exemplo, as características [+] permanente e [-] dinâmico são atribuídas ao sujeito. Se utilizarmos o verbo estar, também no presente do indicativo em (39), está, as características atribuídas ao sujeito serão [+] dinâmico e [+] transitório. Agora, consideremos outros exemplos: (31) *Guilherme é (32) *Guilherme está Em (31) e (32), mesmo com a presença dos verbos ser ou estar, a agramaticalidade das frases é causada pela ausência do predicativo do sujeito, ou seja, pela ausência do núcleo predicador dessas estruturas. 1.3 Tipos de Sujeitos Na sintaxe, de forma geral, o sujeito é o termo que determina a flexão verbal e é uma posição, geralmente, ocupada pelo argumento externo dos verbos. Definições como “aquele que pratica a ação”; “aquele que sofre a ação”, entre outras, são semânticas e não serão considerados nesta seção. Consideramos, nesse sentido, sujeitos determinados, sujeitos indeterminados e, também, sujeitos inexistentes para falar sobre as especificidades da categoria aqui em questão, resumidas na tabela a seguir. Determinado Indeterminado Inexistente O sujeito é explícito ou pode ser recuperado na frase por meio de elementos morfológicos. O sujeito não é explícito e nem pode ser recuperado na frase por meio de elementos morfológicos. O sujeito não existe na frase. Há apenas o sintagma verbal com verbos impessoais. O sujeito pode ser: - simples; - composto; - oculto ou desinencial. Ocorre com o verbo: - na 3ª pessoa do plural; - na 3ª pessoa do singular, acompanhado por “se”; - no infinitivo impessoal. Os verbos exprimem ou indicam: - fenômenos da natureza; - tempo - fenômenos meteorológicos. Tabela 5: tipos de sujeitos Fonte: elaborada pelas autoras 1.3.1 Sujeito Determinado Com o sujeito simples, consideramos um único núcleo pertencente ao sintagma nominal na posição de argumento externo. Aqui, o sujeito pode aparecer tanto no singular quanto no plural. Vejamos: Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 29 (33) [A comunidade médica] informou os pacientes. (34) [Ele] considera o remédio inapropriadopara o tratamento. (35) [Os professores] falaram sobre a importância das matas. (36) [Pesquisadores] combatem a desinformação em nome da ciência. Em (33), temos um sintagma nominal contemplando um sujeito simples. Embora este sintagma seja mais extenso do que o comumente associado aos sujeitos simples, como o exemplo em (34), [ele], [a comunidade médica] conta com um núcleo flexionado no singular, como indicado pelo determinante [A]. Nesse caso, assim como em (34), o sujeito está flexionado no singular e determina que o verbo (sublinhado) deve, também, estar flexionado no singular. Nas frases (35) e (36), temos, ainda, exemplos de sujeitos simples, isto é, com um único núcleo no sintagma nominal, mas flexionados no plural. Nesse segmento, os verbos devem acompanhar o sujeito e concordar em gênero e número. Os determinantes [os], explícito em (35) e oculto em (36) (Ø), designam a relação de plural entre sujeito e verbo. Com o sujeito composto, consideramos dois núcleos pertencentes ao sintagma nominal. O sujeito e o verbo, então, devem aparecer no plural. Vejamos: (37) [Bombeiros e população] lutam contra as queimadas criminosas. (38) [Liza e João] são irmãos. (39) [Os pesquisadores e os alunos] publicaram suas descobertas. Na tríade anterior, as frases demonstram a existência de mais de um núcleo nominal dentro do argumento externo. Em (37), [bombeiros] e [população] formam o sujeito composto, isto é, dois núcleos com determinantes Ø designam a relação de plural entre sujeito e verbo. Encontramos a mesma situação em (38) e (39). Como diferença, (39) abarca determinantes explícitos e pronunciados. Em relação ao sujeito oculto ou desinencial, consideramos que este pode ser recuperado em frases por meio da morfologia. Vejamos: (40) Lutamos contra as queimadas. O morfema -mos é uma partícula da morfologia flexional e recupera o pronome de primeira pessoa do singular, nós. 1.3.2 Sujeito Indeterminado O sujeito indeterminado é aquele que não pode ser determinado pelo contexto ou pela morfologia. Esta categoria ocorre em pelo menos três cenários: (i) com o verbo na terceira Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 30 pessoa do plural; (ii) com o verbo na terceira pessoa do singular acompanhado pelo pronome “se” e (iii) com o verbo no infinitivo impessoal. • Verbo na terceira pessoa do plural Verbos flexionados na terceira pessoa do plural, como roubaram (roubar), procuram (procurar) e comeram (comer), entre outros, são verbos que indeterminam o sujeito. Não há nenhuma partícula que recupere o sujeito e nenhum elemento no contexto que indique quem ocupa a posição de argumento externo das seguintes frases: (41) Roubaram o carro na esquina floresta queimada. (42) Procuram por sobreviventes. (43) Comeram todo o doce da festa. • Verbo na terceira pessoa do singular acompanhado por “se” Verbos flexionados na terceira pessoa do singular, como come (comer), precisa (precisar) e fica (ficar), acompanhados pelo pronome “se”, abarcam o que chamamos de Índice de Indeterminação do Sujeito. Frases com essas características podem ser acompanhadas por verbos monoargumentais, que não selecionam argumento interno, por verbos biargumentais preposicionados, que selecionam um argumento interno preposicionado, e por verbos de ligação, que não selecionam argumentos. Vejamos, a seguir, um exemplo para cada um dos contextos: (44) Pesca-se melhor em rios. (45) Precisa-se de políticos com experiência. (46) Na apresentação, nunca se fica tranquilo. • Verbo no infinitivo impessoal Verbos no infinitivo impessoal, isto é, verbos sem nenhum tipo de flexão, porém em um estado genérico, também são responsáveis pela indeterminação do sujeito, como atestado pelas seguintes frases: (47) Foi intenso apagar todo fogo do Pantanal. (48) É indignante acompanhar o cenário político atual. 1.3.3 Frases sem Sujeito Talvez você esteja se perguntando o motivo de analisarmos frases sem a presença de um sujeito em um tópico intitulado “tipos de sujeito”. No entanto, abordar essa classificação é importante para desmistificar mais de uma possibilidade para a construção de frases sem a presença de um argumento externo. Nessa perspectiva, as frases sem Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 31 sujeito são importantes para ilustrar a composição de frases apenas com o sintagma verbal, considerando o verbo impessoal. Isso pode ser feito de duas formas: (i) quando o verbo exprime fenômenos da natureza ou (ii) quando os verbos ser, estar, fazer e haver indicam tempo ou fenômenos meteorológicos. Vejamos um exemplo para cada. (49) Choveu esta semana. (50) São 15h em Belo Horizonte e 13h em Rio Branco. (51) Está muito quente hoje. (52) Fez calor no Rio de Janeiro. (53) Havia poucos políticos no parlamento. Nos encontramos na próxima semana. Bons estudos! Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 32 Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 33 Mídia digital: Antes de iniciar os estudos, vá até a sala virtual e assista ao vídeo “Aula 2”. 2.1 Termos Essenciais e Acessórios: contextos Neste módulo, você irá estudar os chamados termos essenciais e acessórios de uma frase. É verdade que já trabalhamos com os termos essenciais anteriormente, no entanto, neste módulo, trabalharemos com estes em contraste com os termos acessórios, o que nos permitirá uma visão mais crítica e, principalmente, mais simplista desses termos. Vamos lá? 2.1.1 Termos Essenciais Os termos essenciais são os argumentos selecionados pelo predicador. Numa frase em que o predicador é um verbo, temos, evidentemente, um predicado verbal. Cada tipo predicado verbal seleciona argumentos específicos. Vamos relembrar! • Verbos monoargumentais - selecionam apenas um argumento externo. • Verbos biargumentais não preposicionados - selecionam um argumento externo e um argumento interno sem preposição. • Verbos biargumentais preposicionados - selecionam um argumento externo e um argumento interno com preposição. • Verbos biargumentais com mais de um argumento interno - selecionam um argumento externo e dois ou mais argumentos internos com e/ou sem preposição. Numa frase em que o predicador é um nome, temos, evidentemente, um predicado nominal. O verbo de ligação é um predicado nominal, uma vez que seu núcleo é um predicativo do sujeito e este elemento seleciona o sujeito (um nome) para estruturar a frase. Objetivos Neste módulo, você avançará nos estudos sobre os termos essenciais (selecionados pelo predicador), sobre os termos acessórios (estão nas frases, mas não são selecionados pelo predicador) e sobre o papel das vírgulas na estrutura sintática. Semana 2 – Uma visão sobre Termos Essenciais e Termos Acessórios Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 34 Com predicados verbo-nominais, temos frases com mais de um predicador: um verbo selecionando seus argumentos interno e externo e um nome predicando, atribuindo uma característica, a um nome, seja ele sujeito ou complemento. Convém, neste momento, sintetizar o que classificamos como termos essenciais. 2.1.2 Termos Acessórios Produzimos na oralidade, na escrita, escutamos e lemos frases com informações para além do que o predicador verbal ou predicativo do sujeito exige. Aqui, estamos falando sobre os termos acessórios, aqueles que aparecem em frases para especificar alguns sintagmas, inteiros argumentos ou, até mesmo, frases completas, para fornecer um nível maior de informação, algo recorrente em textos jornalísticos, por exemplo. Os termos acessórios nãomudam a estrutura sintática de frases, estas estão completas quando seus predicadores já fizeram suas devidas seleções. Os termos acessórios fornecem um nível maior de informação em prol de um discurso mais rico. Vejamos as seguintes frases: (54) Nesta manhã, a comunidade médica informou aos pacientes sobre os riscos da COVID- 19. (55) O bolo do aluno estava delicioso. (56) Guilherme, um grande amigo, considera o remédio inapropriado para o tratamento. (57) Paulo, invista mais em sua saúde. Vejamos bem. Em (54), a partir de reflexões já realizadas nesta apostila, sabemos que [a comunidade médica] é o argumento externo selecionado pelo verbo predicador informar, que também seleciona os argumentos internos [aos pacientes] e [sobre os riscos Argumento Externo Sujeito Argumento Interno (-P) Objeto Direto Argumento Interno (+P) Objeto Indireto Predicativo do Sujeito Predicativo do Sujeito Complemento Nominal Complemento Nominal Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 35 da COVID-19] para completar o sentido da frase. No entanto, o que temos a dizer sobre o item em negrito, [nesta manhã]? Podemos dizer que [nesta manhã] é um adjunto adverbial de tempo, termo que modifica e especifica a ação verbal, informando que foi em uma manhã específica que houve um pronunciamento informativo da comunidade médica, sobre os riscos trazidos pela COVID-19. Sabemos, ademais, que [nesta manhã] não é selecionado pelo verbo informar, portanto, ele só pode ser um termo acessório. Em (55), [do aluno] está apontando uma característica acessória para o sintagma [o bolo]. A frase não perderia o sentido caso [do aluno] seja retirado da estrutura. Nesse sentido, entendemos que o adjunto adnominal, termo capaz de caracterizar outro, não é selecionado como pelo predicativo do sujeito, mas aparece, mesmo assim, para dizer algo sobre o argumento externo, nesse caso. Na frase (56), entendemos que considerar é o predicador que seleciona [Guilherme] como argumento externo e os sintagmas [o remédio inapropriado] e [para o tratamento] como argumentos internos. Já o aposto, [um grande amigo], uma informação a mais sobre [Guilherme], não é selecionado pelo verbo, portanto, é um termo acessório. Em (57), [Paulo] está em posição de tópico (como vimos por meio dos testes de topicalização) e é acompanhado, mesmo que separado por vírgula, do verbo investir no imperativo. A ideia de que uma ordem está sendo dada a Paulo, melhor, a ideia de que chamamos a atenção de Paulo para que ele se cuide, coloca [Paulo] como o vocativo da frase. Outro termo acessório, já que não é selecionado por nenhum predicador. A partir dos exemplos, entendemos que adjuntos adverbiais, adjuntos adnominais, apostos e vocativos são termos que podem aparecer em frases para especificar, qualificar, acrescentar, chamar, entre outras funções, sem que sejam selecionados pelo predicador. 2.2 Complemento Nominal X Adjunto Adnominal Nesta seção, trabalharemos com dois termos que entram em conflito em exercícios classificatórios: o complemento nominal, termo essencial, é constantemente confundido com o adjunto adnominal, termo acessório. Os nomes destes termos parecem mais complexos do que sua caracterização. Consideremos, inicialmente, uma tabela a respeito do complemento nominal. Marina age igual a mim. *Marina age igual _____ a quem? Este livro é inadequado para sensíveis à violência gráfica. *Este livro é impróprio _____ para quem? Vivo próximo a meus tios. *Vivo próximo _____ a quem? Tabela 6: o complemento nominal Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 36 Fonte: elaborada pelas autoras Na primeira coluna, com o complemento nominal em negrito, entendemos que ele vem acompanhado de uma preposição e completa o sentido dos adjetivos igual, inadequado e próximo. Na segunda coluna, ao retirar o complemento nominal, as frases tornam-se agramaticais, pois o sentido desses adjetivos está incompleto e as frases parecem não finalizadas. Vejamos o mesmo exercício com adjuntos adnominais. Dois políticos faltaram à sessão. ___ políticos faltaram à sessão. Aqueles políticos faltaram à sessão. ___ políticos faltaram à sessão. Os políticos cariocas faltaram à sessão. ___ políticos ___ faltaram à sessão. Os políticos do Rio de Janeiro faltaram à sessão. ___ políticos ___ faltaram à sessão. Tabela 7: o adjunto adnominal Fonte: elaborada pelas autoras Na primeira coluna, entendemos que os adjuntos adnominais podem ser determinantes, como dois, aqueles e os, do nome, especificando os políticos em questão. Entendemos, também, que ele pode aparecer com ou sem preposição. Na segunda coluna, entendemos que a retirada dos adjuntos adnominais das frases não resulta em uma agramaticalidade. Pelo contrário, o sentido completo das estruturas está presente, embora sem nenhum tipo de especificação. Nesse sentido, assimilamos que o complemento nominal é um termo essencial de uma frase, selecionado por algum predicador nominal, não pode ser retirado de estruturas, pois sua ausência causa agramaticalidade. Assimilamos, ademais, que o adjunto adnominal é um termo acessório de uma frase, não é selecionado por um predicador, pode ser retirado de estruturas, pois sua ausência não causa agramaticalidade. Dessa forma, reforçamos a ideia de que um exercício de reflexão é mais relevante do que o bruto exercício de decorar nomes e funções para classificar complementos nominais e adjuntos adnominais: se entendemos que o primeiro é selecionado por um predicador e o segundo não, sabemos o que pode ou não ser considerado essencial ou acessório. Para finalizar, podemos recapitular algumas características desses termos: Complemento Nominal Adjunto Adnominal É um termo essencial; É sempre acompanhado de uma preposição; Não pode ser retirado das frases; Nunca indica posse. É um termo acessório; Pode aparecer acompanhado de uma preposição ou não; Pode ser retirado das frases; Pode indicar posse. Tabela 8: Diferenças entre complemento nominal e adjunto adnominal Fonte: elaborada pelas autoras Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 37 2.3 Adjuntos Adverbiais e Adnominais Os adjuntos são termos acessórios com o poder de modificar muitos aspectos de uma frase. Por exemplo, um adjunto adverbial pode modificar, intensificar, especificar, entre outros, o sentido de um verbo, um adjetivo, um advérbio e, também, uma frase inteira. Um adjunto adnominal acompanha um nome para exercer funções semelhantes ao adjunto adverbial. A ideia central destes dois termos é que eles vêm juntos, acoplados, a outro termo. 2.3.1 Adjunto Adverbial – algumas especificidades Em manuais educacionais, ao estudar termos acessórios, especificamente adjuntos adverbiais, nos deparamos com uma lista infinita de classificações para este termo. Há, ainda por cima, divergências em relação a essas classificações: alguns manuais apontam mais classificações, outros menos. Pensando nisso, optamos por não trazer uma extensa lista de possibilidades do adjunto em questão, trazemos, entretanto, 3 frases que podem funcionar como porta de entrada para a compreensão de todos, ou quase, adjuntos adverbiais. Muitas (intensidade) queimadas criminosas ocorreram no pantanal (lugar) nesta semana (tempo). A corrupção no Brasil não acabou e, na verdade, está longe de acabar. Como o arroz está caro (condição), não o compraremos hoje. A partir dos exemplos, compreendemos que o mesmo adjunto adverbial pode abarcar uma série de classificações, bem como uma mesma frase acolher diversos adjuntos e demais termos não selecionados pelo predicador. Nesse sentido, defendemos que não existe a necessidade de decorar as classificações assumidas pelos adjuntos: além de serum exercício cansativo e demorado, é, acima de tudo, um exercício inútil. Defendemos, novamente, a compreensão acerca do selecionado pelo predicador. Após a identificação e isolamento dos termos essenciais, encontramos os termos acessórios oferecendo informações e enriquecimento contextual para as frases. Ao colocar o adjunto adverbial como destaque de nossa análise, devemos compreender o que ele está modificando e como essa modificação ocorre. Com a frase [como o arroz está caro, não o compraremos hoje], muito antes de compreender que [como o arroz está caro] é um adjunto de classificação X, entendemos, intuitivamente, que essa é uma condição para a não obtenção de um produto. Formalmente, a frase conta com um adjunto adverbial dando uma condição para a ação verbal, isto é, um adjunto adverbial de condição. Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 38 Outra forma de compreender o adjunto adverbial dentro de frases é considerar que ele pode ser composto por um advérbio (classe gramatical de uma palavra), uma locução adverbial (duas palavras que formam, juntas, um único significado), por uma expressão adverbial (três palavras que formam um único sentido) ou pela frase inteira. Ao olhar para alguns advérbios, como muito, pouco, aqui, ali, ontem, hoje, etc., é possível, intuitivamente, eleger o seu sentido. Muito pode indicar quantidade e/ou intensidade - possivelmente outro significado também - e, então, temos um adjunto adverbial de quantidade e/ou intensidade na frase. Se temos uma locução adverbial de modo modificando, justamente, o modo de um verbo… Vocês entenderam a ideia, certo? 2.3.2 Adjunto Adnominal – algumas considerações Em frases, o aposto, como veremos de forma mais detalhada na seção seguinte, vem para explicar algum outro termo. O adjunto adnominal, ao contrário, acompanha e qualifica, por meio da adjetivação, algum nome. Mesmo com características tão distintas, estes dois termos são, comumente, confundidos quando o aposto aparece preposicionado em certas sentenças. Para dissociar estes termos, convém ilustrarmos suas diferenças nos exemplos a seguir: (58) Ilha de Marajó. (59) Casa do Pedro. Em (58), [de Marajó], adjunto adnominal, acompanha o nome [Ilha] para qualificar e especificar o tema do assunto, por exemplo. Em (59), no entanto, temos um aposto preposicionado, [do Pedro]. Embora este aposto não apareça separado por pontuação - característica elementar do termo em questão -, expandir a frase pode ser um exercício esclarecedor: (60) Aquela casa, do Pedro, é muito bonita! 2.4 Aposto e Vocativo Dando continuidade ao estudo sobre os termos acessórios, neste momento, compreenderemos um pouco mais sobre o aposto e o vocativo. 2.4.1 Aposto O aposto, conforme apresenta Cegalla (2008, p. 365), é “uma palavra ou expressão que explica ou esclarece, desenvolve ou resume outro termo da oração” (grifo nosso). Bechara (2009), completando a apresentação anterior, postula que o aposto também tem função enumerativa, distributiva e circunstancial. Ademais, entendemos o aposto como Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 39 capaz de ampliar, recapitular e comparar. Ainda podemos apresentar mais algumas especificações do aposto, como: esta categoria é separada dos outros termos da oração por pausas marcadas por pontuação (vírgulas, dois-pontos ou travessões) e, por fim, o aposto não é um termo essencial de frases, mas, sim, um termo acessório. Visando a uma melhor visualização deste termo, consideremos alguns exemplos: (61) Bruno, diretor geral da escola, alertou os pais à importância de acompanhar as crianças durante o ano letivo. (62) Então, falando com nervosismo, o advogado, recém formado em direito, argumentou frente ao juiz. (63) A apresentadora do programa da noite, favorita de toda a audiência brasileira, chegou alguns minutos atrasada e perdeu a abertura. (64) Argumentar, justificar, esclarecer e explicar, nada foi capaz de resolver o problema com os vizinhos. (65) Os brunches de domingo contam sempre com comidas deliciosas: patês, pães, geleias, frutas e tortas doces. (66) E, assim, proferiu o juiz toda a sentença aos dois grupos presentes, uns cumpririam 15 anos, outros, 18. (67) Nossos sonhos, imbróglios de desejos jamais concretizados e de questões não resolvidas, falam mais de nós do que imaginamos. (68) Assim, todos os artistas do canal, estrelas vitoriosas do Troféu Imprensa 2020, foram convidados à festa de fim de ano da emissora. (69) Risadas, abraços, carinhos e trocas de afetos, tudo foi visto na festa. (70) Minha cabeça, confusão de sentimentos e ansiedades, não estava funcionando bem quando tomei a decisão. A partir dos exemplos, é possível observar que muitos apostos parecem exercer o mesmo sentido, embora nossa intenção tenha sido acompanhar a lista de especificações apontada anteriormente. Dessa forma, para realizar a classificação de um aposto, é preciso considerar o contexto da frase inteira. 2.4.2 Vocativo O vocativo é o termo acessório que, de certa forma, assume a segunda pessoa do discurso (tu/você), pois é a partir dela que invocamos, chamamos e ordenamos, entre outras ações, um interlocutor, seja ele uma pessoa, animal ou alguma personificação. Cabe dizer que o vocativo é um termo que não está ligado ao argumento externo, ao predicador e nem ao argumento interno. Este é um termo a parte na frase. Vejamos, pois, alguns exemplos: (71) João, você pode vir aqui? (72) Senhor presidente, cuide melhor de nosso país! (73) Sol, diminua a intensidade, por favor! Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 40 Uma importante característica desses dois termos é que verbos não fazem parte de sua composição. Ao inserir verbo em um aposto, temos, então, uma oração apositiva. Este será o tópico do Módulo III de nossa apostila: períodos compostos, isto é, frases com mais de um verbo, e como eles são formados. 2.5 A Vírgula e a Estrutura Sintática A vírgula é um sinal de pontuação que pode assumir uma série de funções dentro de frases. Inicialmente, convém mencionar que há três funções que merecem destaque: - Nunca devemos considerar a pausa feita ao respirar para inserir vírgulas em frases. Esse costume não passa de uma representação no imaginário das pessoas. - Não devemos separar, por vírgulas, argumento externo do verbo predicador. Essa função pode ser “quebrada” por termos acessórios que se encontram intercalados. Vejamos: (74) A comunidade médica, nesta manhã, informou os pacientes sobre os impactos da COVID-19 (intercalação do adjunto adverbial). (75) Pesquisadores, conforme combinado, combatem a desinformação em nome da ciência (intercalação de conjunções). (76) Os professores falaram sobre a importância das matas, ou seja, sobre como devemos evitar queimadas acidentais (intercalação de termos explicativos ou corretivos). - Não devemos separar o verbo predicador de seu argumento interno. Vejamos, a seguir, outras funções para o uso da vírgula. 2.5.1 Inversão • Do adjunto adverbial: Nesta manhã, a comunidade médica informou os pacientes sobre os impactos da doença. • Dos objetos pleonásticos antepostos: À ciência, todo respeito lhe deve ser oferecido. • Do nome do lugar antes da data: Belo Horizonte, 10 de outubro de 2020. 2.5.2 Coordenação em Enumeração Foi ao supermercado comprar frutas, verduras e vegetais, menos arroz. Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 41 2.5.3 Elipse Verbal Liza leu terror e João, drama. (Aqui, a vírgula evitou a repetição do verbo) 2.5.4 Separação do Aposto O professor, preocupado com a situação do país, falou sobre a importância das matas 2.5.5Isolamento do Vocativo Guilherme, continue fazendo um bom trabalho. Nos encontramos na próxima semana. Bons estudos! Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 42 Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 43 Mídia digital: Antes de iniciar os estudos, vá até a sala virtual e assista ao vídeo “Aula 3”. 3.1 O que é um Período Composto? No primeiro módulo desta apostila, vimos que frases são toda e qualquer estrutura produzida na língua, e agora as tomamos como uma ideia completa finalizada com ponto, que pode ser estruturada, por exemplo, da seguinte maneira: (77) Olá! (78) O presidente equivocou-se publicamente ao falar sobre um assunto que não domina. Assim, entendemos que frases podem ser estruturas produzidas sem a presença de verbo (frases nominais) e podem ser estruturas produzidas com um ou mais verbos (período simples e período composto). No entanto, ao lidarmos com o termo orações, entendemos que (78) pode ser considerada uma, mas (77) não. Orações, nesse sentido, são toda e qualquer estrutura produzida na língua com a presença de pelo menos um verbo. Se há apenas um verbo na estrutura, temos um período simples, conforme já estudamos. Se há dois verbos na estrutura, temos um período composto. Neste módulo, trabalharemos especificamente com o período composto. Este pode abarcar as chamadas orações coordenadas (assindéticas e sindéticas) e orações subordinadas (extensa lista de classificações). Vejamos, agora, como pode ser possível compreender melhor essas orações sem contar, é claro, com a necessidade de memorizar amplas nomenclaturas. 3.2 Coordenação e Subordinação De início, apontamos que em orações subordinadas, como o próprio nome antecipa, há uma relação de subordinação e dependência entre a oração matriz (principal) e a oração subordinada. Aqui, a subordinada se apoia na matriz, para completar e estabelecer o sentido Objetivos Neste módulo, retomaremos alguns conceitos tratados anteriormente para estudarmos, especificamente, o período composto e o que esta classificação comporta: orações coordenadas e orações subordinadas. Semana 3 – Período Composto: Coordenação e Subordinação Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 44 completo da frase, já que não há sentido nas frases isoladas. Em relação às orações coordenadas, com estas não existe uma relação de dependência, mas, sim, de independência entre as orações. 3.2.1 Coordenação Para Bechara (2009), o que caracteriza a coordenação é “a circunstância de que unidades combinadas são equivalentes do ponto de vista gramatical, isto é, uma não determina a outra, de modo que a unidade resultante da combinação é também gramaticalmente equivalente às unidades combinadas” (grifo nosso) Compreendemos, então, que as orações coordenadas compõem o período composto de forma autônoma, isto é, não precisamos da primeira para inferir o sentido da segunda ou vice versa. Mais importante do que estabelecer sentido, na sintaxe, a independência das orações coordenadas é pautada no que estamos postulando ao longo de nossa apostila: uma oração coordenada não é termo essencial da outra, não é selecionada pelo predicador. Agora, veremos mais sobre a estrutura das orações coordenadas, que se dividem em dois grupos: orações assindéticas, que não contam com a presença de uma conjunção para ligar as orações, e orações sindéticas, marcadas pela união das orações por meio da conjunção. Basta pensarmos na palavra sindetos, que significa, grosso modo, presença de conjunções, e no prefixo de negação "a". Assindéticas, então, são orações que negam a presença de conjunções. Comecemos por elas. • Orações Assindéticas Orações assindéticas são orações coordenadas que não são combinadas por meio de um elemento de ligação, como conjunções. Observe, agora, algumas orações assindéticas: (79) Eu corri pela manhã, ele correu pela tarde. (80) O preço do arroz subiu, o salário do povo não. (81) Um Ministro defende o Sistema de Saúde, Paulo não tem este costume. Em (79), a oração [eu corri pela manhã] é equivalente a [ele correu pela tarde]. Se tivéssemos apenas uma das orações, teríamos, de toda forma, um contexto completo. No caso de (79), o que pode causar estranhamento é o mesmo verbo repetido nas duas orações, ainda que com flexões distintas. Uma estratégia para evitar esse estranhamento seria lançar mão da elipse, que, como já sabemos, é uma artimanha para que o verbo não seja repetido, como ocorre em (80). Em (81), temos uma oração com dois verbos distintos, defender e ter, coordenados no período. Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 45 • Orações Sindéticas Apostos, advérbios e locuções adverbiais devem ganhar mais espaço no ensino como possíveis colaboradores de uma compreensão mais intuitiva e menos “decorável”. De fato, como todos esses termos, as conjunções, itens de ligação em orações sindéticas, também podem assumir mais de uma função a depender do contexto. No entanto, se observamos, de forma atenta, ao que as conjunções estão ligando, conseguimos entender o sentido da oração sindética sem decorar termos como orações sindéticas adversativas. Observe as frases a seguir para comprar nossa posição anti-memorização. (82) Corri e cansei. (83) Corri, entretanto não me cansei hoje. (84) Ora assisto a um filme, ora faço as atividades domésticas. (85) O preço do arroz aumentou, portanto não o compraremos. (86) O ar das cidades está seco, pois há diversas queimadas pelo Brasil. Em (82), o período composto foi formado por dois verbos unidos pela conjunção [e]. Correr e cansar são dois eventos independentes naturalmente não conectados. No entanto, a conjunção contabiliza a ação de cansar como efeito de correr e, então, temos uma soma de eventos. Diferentemente de (82), a conjunção do exemplo (83) aponta para uma ideia completamente oposta do construído anteriormente: [entretanto] não soma eventos, cria um distanciamento entre eles: apesar de ter corrido, o sujeito das ações propostas no período não se cansou. Temos, aqui, a ideia de contraste. Em (84), a conjunção [ora...ora] aponta uma alternativa para a realização da ação de assistir a um filme ou fazer uma tarefa doméstica. De forma semelhante, a conjunção [portanto], em (85), estabelece uma relação de consequência - o aumento do preço do arroz fez com que seu consumo fosse reduzido. No período composto ilustrado em (86), a conjunção [pois] justifica e explica a postulação do verbo de ligação estar. A partir dela, entendemos [diversas queimadas pelo Brasil] como a causa de [o ar das cidades está seco], consequência das queimadas. Agora, é importante considerar que essas conjunções nem sempre construirão a mesma ideia. Observe. (87) Vejamos, pois, os exemplos tratados a seguir. Em (87), a conjunção [pois] não está justificando ou explicando algum contexto, mas, sim, exercendo a função de chamar a atenção do leitor para o que será tratado em seguida. Então, estudante, agora que temos sua atenção: invista em entender o sentido da conjunção que está ligando as orações e busque compreender como ela auxilia, de modo geral, a construir o processo de significação do período inteiro. Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 46 3.2.2 Subordinação Na apresentação de nossa apostila, deixamos claro que a Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB), há alguns anos, forneceu ao mundo uma receita extensa de nomenclaturas extensas e ambíguas para o estudo do período composto, principalmente para a subordinação. Aqui, seguimos defendendo que não é preciso memorizar títulos para compreender um período. Evidentemente, provas e muitos exercícios classificatórios cobram que saibamostodas as nomenclaturas e que saibamos, imediatamente, como fornecer exemplos para explicá-las. Nossa proposta para esta seção é que a partir dos períodos compostos e da retomada da compreensão de termos que aprendemos, seja possível inferir e classificar a função sintática da oração subordinada. Então, à luz de Bechara (2009), trataremos a oração subordinada como aquela que “consiste na possibilidade de uma unidade correspondente a um estrato superior poder funcionar num estrato inferior, ou em estratos inferiores. É o caso de uma oração passar a funcionar como “membro” de outra oração (...)” Nesse sentido, a oração subordinada é aquela que completa o sentido da oração matriz (principal) ao auxiliar na produção de sentido de todo o período (orações adjetivas e adverbiais). A oração subordinada substantiva, no entanto, atua como termo essencial. Ao contrário das orações coordenadas, a oração matriz é dependente da subordinada (substantiva, adjetiva e adverbial) e vice versa. Ainda, a subordinação exerce uma função sintática dentro do período composto, isto é, uma oração subordinada substantiva, por exemplo, assume uma das funções que já conhecemos: sujeito, objeto direto, objeto indireto, aposto, complemento nominal e predicativo do sujeito. A oração subordinada adjetiva assume a função de adjunto adnominal ao restringir, caracterizar e reduzir termos. Por fim, a oração subordinada adverbial acomoda advérbios de causa, comparação, concessão, entre outros, para explicar o sentido dos verbos presentes no período. Todas essas funções aparecem em períodos simples sem a presença de um verbo. Ao inserir o verbo, há, então uma subordinação. Nesse sentido, estudante, tudo que você viu até o momento, nesta seção, será utilizado com o intuito de formar períodos compostos ao inserir um verbo que é capaz de exercer as supracitadas funções sintáticas. Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 47 • Orações subordinadas substantivas As orações subordinadas substantivas são aquelas que exercem a função sintática de sujeito, objeto direto, objeto indireto, aposto, complemento nominal e predicativo do sujeito. Observemos, a seguir, algumas delas. (88) Não é possível que ele assuma o poder novamente Oração Subordinada Substantiva Subjetiva Neste período, a oração subordinada [que ele assuma o poder novamente] atua como o sujeito da oração matriz [não é possível], isto é, como termo essencial. Há, nesse segmento, uma relação de dependência entre as orações para que o todo o período faça sentido e complete as exigências dos predicadores. (89) O Ministro disse que não saíram asneiras da sua boca Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta Em (89), a oração matriz [O Ministro disse] tem o verbo biargumental não preposicionado, e, por isso, nos perguntamos “o que o Ministro disse?”. A oração subordinada, selecionada pelo verbo dizer, responde, sem contar com uma preposição em sua estrutura, à pergunta: [que não saíram asneiras da sua boca]. Toda a oração subordinada funciona como um objeto direto para completar o sentido do verbo dizer. (90) O povo necessita de que Guilherme mude a cidade. Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta Em (90), o verbo necessitar exige algo. Neste caso, a oração subordinada [de que Guilherme mude a cidade] atende a exigência do predicador na condição de objeto indireto. Veja bem: [de que guilherme mude a cidade] é o algo que o povo necessita. Então, temos uma oração com preposição completando o sentido do verbo predicador da oração matriz. Aqui, não preciso saber que esta é uma oração subordinada substantiva objetiva indireta. Precisamos, de fato, entender que há uma oração completando o sentido da outra ao exercer a função de objeto indireto. (91) O homem revelou à sua namorada seu maior sonho: que lutassem pelo mesmo coletivo socialista. Oração Subordinada Substantiva Apositiva Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 48 Lembrando que o aposto é um termo acessório que fornece mais informações sobre um determinado termo ou contexto e, acima de tudo, é marcado pela presença de pontuação, seja por vírgulas, travessões ou dois pontos, entendemos que [que lutassem pelo mesmo coletivo socialista] tem a função sintática de aposto. No entanto, também afirmamos que um aposto, na verdade, se torna uma oração ao acomodar um verbo em sua estrutura, como é o caso de (91). O verbo fez com que o aposto se tornasse uma oração apositiva, isto é, uma oração que exerce a função sintática de aposto. (92) Este livro despertou interesse para que nós pesquisemos sobre sensibilidade à violência doméstica Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal Em (92), [este livro despertou interesse para] é a oração matriz e [que nós pesquisemos sobre a sensibilidade à violência doméstica] é a oração subordinada que complementa o nome [interesse]. (93) O problema é que a paciência do povo acabou. Oração Subordinada Substantiva Predicativa Neste exemplo, o verbo de ligação [é] compõe a oração matriz com o sujeito [o problema]. A oração subordinada, [que a paciência do povo acabou], exerce a função sintática de predicativo do sujeito (com o acréscimo do verbo acabar), completando o sentido do período. Para finalizar esta subseção, trazemos um quadro com o tratamento da NGB para com as orações subordinadas substantivas seguido do que consideramos necessário durante uma análise sintática: perceber a função sintática de uma oração e como essa função contribui para o sentido do período é compreender as exigências feitas pelo predicador. Esse exercício auxilia no entendimento e caracterização da oração subordinada substantiva sem que haja a necessidade de memorizar extensas nomenclaturas. Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 49 Frase Como é para a NGB? O que é preciso? (88) Oração Subordinada Substantiva Subjetiva Entender que a subordinada exerce a função de sujeito selecionado pelo predicador. (89) Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta Entender que a subordinada exerce a função de objeto direto selecionado pelo predicador (verbo biargumental não preposicionado). (90) Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta Entender que a subordinada exerce a função de objeto indireto selecionado pelo predicador (verbo biargumental preposicionado). (91) Oração Subordinada Substantiva Apositiva Entender que a subordinada exerce a função de aposto, um termo acessório, não selecionado por um predicador. (92) Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal Entender que a subordinada exerce a função de complemento nominal, um termo essencial, selecionado por um predicador nominal (predicativo do sujeito ou predicado verbo-nominal) (93) Oração Subordinada Substantiva Predicativa Entender que a subordinada exerce a função de predicativo do sujeito, termo essencial. Tabela 9: NGB X o que é preciso para entender uma coordenada substantiva Fonte: elaborada pelas autoras • Orações subordinadas adjetivas Orações subordinadas adjetivas são aquelas que exercem a função de adjetivar - de alguma maneira - a oração matriz do período composto. Elas podem restringir, caracterizar (explicar) e reduzir com o uso de infinitivo, gerúndio e particípio. Vejamos como isso ocorre a partir das seguintes frases: (94) Os hospitais que têm leito são do governo. (95) Os hospitais, que têm leito, são do governo. (96) É vergonhoso não votar. (97) Vi uma moça correndo. (98) Aprovadas as alterações, o trabalho pode ser publicado. Repare, aqui, na diferença entre os exemplos (94) e (95). [que têm leito], na primeira, delimita um grupo “somente os hospitais que têm leito”. Na segunda, a mesma expressão, isolada por vírgulas, caracteriza/explica a condiçãode um grupo. Temos, dessa forma, uma oração adjetiva restritiva e uma oração explicativa, respectivamente. De (96) a (98), encontramos as chamadas orações reduzidas: de infinitivo (verbo sem nenhum tipo de flexão), de gerúndio (verbo terminado em -NDO) e de particípio (verbo terminado em -ADO e -IDO). Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 50 Frase Como é para a NGB? O que é preciso? (94) Orações Subordinadas Adjetivas Restritivas Entender que a subordinada delimita um determinado grupo. (95) Orações Subordinadas Adjetivas Explicativas Entender que a subordinada explica ou caracteriza um determinado grupo. (96) Orações Subordinadas Adjetivas Reduzidas de Infinitivo Entender que a subordinada possui um infinitivo em sua composição. (97) Orações Subordinadas Adjetivas Reduzidas de Gerúndio Entender que a subordinada possui um gerúndio em sua composição. (98) Orações Subordinadas Adjetivas Reduzidas de Particípio Entender que a subordinada possui um particípio em sua composição. Tabela 10: o que é preciso para entender uma coordenada adjetiva Fonte: elaborada pelas autoras • Orações subordinadas adverbiais Estas orações podem ser compreendidas da mesma forma que explicamos o adjunto adverbial, porém, com o acréscimo do verbo na estrutura: se temos um advérbio, uma locução adverbial ou uma expressão adverbial acompanhada pelo verbo temos, então, uma oração subordinada adverbial completando o sentido da oração matriz. Uma outra forma para entender essas orações é fazer uma descrição do que estamos observando: Oração subordinada adverbial de causa Advérbios de causa, comparação, concessão, condição, conformidade, consequência, finalidade, proporção e tempo são recorrentes na formação dessas orações. período com verbo se une a oração matriz para completar as seleções do predicador e o sentido da união presença de um advérbio modifi- cando um verbo caracte- rística do advérbio Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 51 (99) Não saímos porque estava frio. Nesse sentido, em (99), [porque] é o advérbio da oração subordinada que modifica o verbo estar flexionado e indica a causa da situação. Vejamos, agora, alguns outros exemplos: (100) Se chover, ficarei em casa com a companhia de um bom livro. (101) Estou tão ansioso como você já esteve. Em (100), um pouco diferente do que vimos até então, temos uma oração subordinada no início da frase. Nela, o advérbio [se] aponta para uma condição da ação de [ficar em casa]. No período estipulado em (101), o par [tão] e [como] atuam, paralelamente, para apontar uma comparação entre os sujeitos das ações verbais. Atividade: Para concluir o curso e gerar o seu certificado, vá até a sala virtual e responda ao “Questionário Final”. A média exigida é de 60%. Parabéns pela conclusão do curso. Foi um prazer tê-lo conosco! elemento de negação verbo da oração matriz advérbio indicando causa da ação (ou falta dela) verbo da oração subordi- nada predicati- vo do sujeito Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 52 53 Referências ARAÚJO, Annyelle de Santana. AS NOÇÕES DE ENUNCIADO PARA BAKHTIN, FOUCAULT E PÊCHEUX DOI: 10.5216/lep.v18i1.35042. Linguagem: Estudos e Pesquisas, v. 18, n. 1, 17 abr. 2015. BAKHTIN, Mikhail (Volochinov). Estética da criação verbal. Tradução de Maria Ermantina Galvão G. Pereira. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997. BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37.ed. revista, ampliada e atualizada conforme o novo Acordo Ortográfico. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009. CASTILHO, Ataliba de. Nova gramática do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2014. CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 48.ed. revisada. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008. KATO, Mary A.; NASCIMENTO, Milton do. Gramática do Português Culto Falado no Brasil: a Construção da Sentença. São Paulo: Contexto, 2015. KENEDY, Eduardo; OTHERO, Gabriel de Ávila. Para Conhecer Sintaxe. São Paulo: Contexto, 2018 XAVIER, Gláucia do Carmo; OLIVEIRA, Kelly Cesário de. Marcação de aspecto gramatical nos verbos de ligação: uma análise morfológica. Scripta, v. 24, n. 51, p. 210-237, 23 set. 2020. 54 55 Currículo das autoras Feito por (professora-autora) Data Revisão de layout Data Versão Gláucia do Carmo Xavier Kelly Cesário de Oliveira 15/10/2020 Viviane Lima Martins 09/02/2021 1.0 Gláucia do Carmo Xavier é doutora em Linguística e Língua Portuguesa pela PUC Minas (2016) e mestre em Educação também pela PUC Minas (2008). Realizou estágio de pós-doutorado na área de Sintaxe Gerativa, sobre gramática mental, pelo Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem da UFF (2019). Possui duas especializações: Psicopedagogia Clínica pela UVA (2006) e Psicopedagogia Institucional pela Universidade Grande Rio (2007). É licenciada em Letras pelo UNI-BH (2002) e desde 2010, é professora, em regime de dedicação exclusiva, no Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG). Atualmente, compõe o corpo docente do Programa de Pós- graduação Strictu-Sensu em Educação Profissional e Tecnológica (PROFEPT), além de lecionar Língua Portuguesa e disciplinas afins para o Ensino Médio Técnico Integrado e cursos superiores do IFMG. Ao longo dos vinte e dois anos como professora, atuou em todos os segmentos, desde a Educação Infantil à Pós-graduação. É líder do grupo de estudos GEPET (Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Profissional e Tecnológica), coordena dois projetos de pesquisa sobre estudos gramaticais e um projeto de ensino sobre escrita da redação do Enem, ambos com apoio do Programa Institucional de Bolsas do IFMG. É organizadora e autora de seis obras, sendo duas sobre gramática mental, além da autoria em vários capítulos de livros e artigos em revistas científicas. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7280286769320051 Kelly Cesário de Oliveira possui Licenciatura Plena em Letras - Português/Inglês - pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2019) e Bacharelado em Letras (2020) pela mesma instituição. Atualmente, é mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos da Universidade Federal de Minas Gerais (POSLIN/UFMG), bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), estudante no grupo de pesquisa Estudos em Linguagem e Cognição (eLinC) e, também, estudante no grupo de pesquisa Cognição, Processamento e Aquisição de Linguagem (CogProA), vinculado ao laboratório de Psicolinguística da UFMG. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5118749027628608 http://lattes.cnpq.br/7280286769320051 http://lattes.cnpq.br/5118749027628608 56 57 Glossário de códigos QR (Quick Response) Mídia digital Aula 1 / Semana 1 Mídia digital Aula 2 / Semana 2 Mídia digital Aula 3 / Semana 3 58 Plataforma +IFMG Formação Inicial e Continuada EaD A Pró-Reitoria de Extensão (Proex), neste ano de 2020 concentrou seus esforços na criação do Programa +IFMG. Esta iniciativa consiste em uma plataforma de cursos online, cujo objetivo, além de multiplicar o conhecimento institucional em Educação à Distância (EaD), é aumentar a abrangência social do IFMG, incentivando a qualificação profissional. Assim, o programa contribui para o IFMG cumprir seu papel na oferta de uma educação pública, de qualidade e cada vez mais acessível. Para essa realização, a Proex constituiu uma equipe multidisciplinar, contando com especialistasem educação, web design, design instrucional, programação, revisão de texto, locução, produção e edição de vídeos e muito mais. Além disso, contamos com o apoio sinérgico de diversos setores institucionais e também com a imprescindível contribuição de muitos servidores (professores e técnico- administrativos) que trabalharam como autores dos materiais didáticos, compartilhando conhecimento em suas áreas de atuação. A fim de assegurar a mais alta qualidade na produção destes cursos, a Proex adquiriu estúdios de EaD, equipados com câmeras de vídeo, microfones, sistemas de iluminação e isolação acústica, para todos os 18 campi do IFMG. Somando à nossa plataforma de cursos online, o Programa +IFMG disponibilizará também, para toda a comunidade, uma Rádio Web Educativa, um aplicativo móvel para Android e IOS, um canal no Youtube com a finalidade de promover a divulgação cultural e científica e cursos preparatórios para nosso processo seletivo, bem como para o Enem, considerando os saberes contemplados por todos os nossos cursos. Parafraseando Freire, acreditamos que a educação muda as pessoas e estas, por sua vez, transformam o mundo. Foi assim que o +IFMG foi criado. O +IFMG significa um IFMG cada vez mais perto de você! Professor Carlos Bernardes Rosa Jr. Pró-Reitor de Extensão do IFMG Características deste livro: Formato: A4 Tipologia: Arial e Capriola. E-book: 1ª. Edição Formato digital