Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Questões da AD1 - Fundamentos de Análise Real - 2o/2021 1. [3,0pt] Mostre que, dado qualquer n ∈ N, a equação x2 = 8n− 6 não tem solução x ∈ Q. 2. [4,0pt] Use o PIM, mencionando explicitamente seus cinco passos, para mostrar que, para todo n ∈ N, vale o seguinte: n∑ j=1 8j + 2 (2j − 1)2j(2j + 1)(2j + 2) = 1 2 − 1 (2n + 1)(2n + 2) · 3. [3,0pt] Considere A ⊂ R e B ⊂ R subconjuntos não vazios. Para cada item, se a resposta for afirmativa, justifique; se sua resposta for “não”, dê um contraexemplo para justificá-la. (a) Se A e B são finitos, podemos garantir que a união A ∪B possui ı́nfimo em R? (b) Se A e B são finitos, podemos garantir que a interseção A ∩B possui supremo em R? (c) Existem A e B infinitos e enumeráveis cuja união A ∪B possui supremo em R? (d) Se A e B são infinitos e não-enumeráveis, podemos garantir que a união A ∪ B não possui ı́nfimo em R? 1. Solução Suponha, por absurdo, que existe tal x em Q. Então existem p, q ∈ Z tais que q 6= 0, com p e q sem divisores comuns e x = pq . Dáı, se x 2 = 8n − 6 = 2(4n − 3), então p2 = 2(4n−3)q2. Assim, p2 é par, e portanto p é necessariamente par. Seja p = 2m, m ∈ Z. Consequentemente, 4m2 = 2(4n − 3)q2, ou seja 2m2 = (4n − 3)q2. Como 4n − 3 é ı́mpar, segue que q2 é par; dáı q é par. Portanto, p e q são pares o que é uma contradição com a propriedade de não possúırem divisores comuns. Esta contradição mostra que a suposição da existência de um x = pq satisfazendo x 2 = 8n−6 é absurda. Conclui-se que a equação x2 = 8n− 6 não possui solução x ∈ Q. 2. Solução Seja aj = 8j + 2 (2j − 1)2j(2j + 1)(2j + 2) · Propriedade P[n] : n∑ j=1 aj = 1 2 − 1 (2n + 1)(2n + 2) · Validade de P [n0]: Se n0 = 1, o lado esquerdo é 8+21·2·3·4 = 10 24 e o direito 1 2− 1 12 = 12−2 24 = 10 24 . Hipótese indutiva: fixado um k ∈ N arbitrário, vale P [k] : k∑ j=1 aj = 1 2 − 1 (2k + 1)(2k + 2) · Passo indutivo: partindo da HI, com argumentação lógica e procedimentos algébricos, ob- temos P [k + 1]. O membro direito de P [k + 1] é 12 − 1 (2k+3)(2k+4) · Somando 1 (2k+1)(2k+2) − 1 (2k+3)(2k+4) em P [k], vem: k∑ j=1 aj − 1 (2k + 3)(2k + 4) + 1 (2k + 1)(2k + 2) = 1 2 − 1 (2k + 3)(2k + 4) ; k∑ j=1 aj + (2k + 3)(2k + 4)− (2k + 1)(2k + 2) (2k + 1)(2k + 2)(2k + 3)(2k + 4) = 1 2 − 1 (2k + 3)(2k + 4) ; k∑ j=1 aj + 8k + 10 (2k + 1)(2k + 2)(2k + 3)(2k + 4) = 1 2 − 1 (2k + 3)(2k + 4) · Note que, no membro esquerdo, a fração é ak+1. Assim, a igualdade que provamos acima é P [k + 1]. Conclusão: mostrou-se que: fixado k ∈ N arbitrário, se P [k] é verdadeira então P [k + 1] é verdadeira. Das etapas acima acima, pode-se concluir pelo PIM que a propriedade P [n] é válida ∀n ∈ N. 3. Solução (a) Sim. Como A e B são finitos e não-vazios, a união A∪B ⊂ R é um conjunto finito e não vazio. Dáı A ∪B possui um menor elemento, que é também seu ı́nfimo. (b) Não. Pode ocorrer que A ∩ B = ∅ e o conjunto vazio não possui supremo em R. Exemplo: A = {1, 2} e B = {3, 4}. (c) Sim. Exemplo: A = { 1n , n ∈ N}, B = {1 − 1 n , n ∈ N} são conjuntos infinitos e enumeráveis. Ambos são limitados por 0 e 1 e portanto o conjunto formado pela união A ∪B também é limitado por 0 e 1. O supremo de A ∪B existe e é igual a 1. (d) Não. Dados a < b ∈ R, um intervalo fechado [a, b] é um conjunto de números reais que é infinito e não enumerável. Se A = [0, 1] e B = [1, 2], então A ∪ B = [0, 2] e o ı́nfimo da união existe e é 0.
Compartilhar