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O direito administrativo é o conjunto de normas jurídicas e administrativas de direito público, que regem a relação entre o Estado e a sociedade como um todo, a fim de preservar o interesse coletivo, bem como a proteção do interesse público. Pode interpretar que o direito administrativo é um conjunto de regras e princípios que regem a atividade administrativa (entidades, órgãos e os agentes públicos) junto à coletividade e os seus interesses. A diferença entre o direito público e o direito privado: Direito público: o Estado será parte nas relações jurídicas e atuará em busca, como regra geral, dos interesses estatais e coletivos. Nesse caso tem uma relação vertical e desigual, estando o Poder Público em posição de supremacia em relação aos indivíduos. São ramos de direito público, entre outros: Direito Constitucional, Administrativo, Penal, Processual e Tributário. Obs: no uso do direito público, existindo um conflito de interesse entre o Estado e o particular, deverá prevalecer a melhor solução para a coletividade, limitando-se assim o interesse individual em prol do interesse público. Por exemplo, a própria Constituição Federal admite a existência de desapropriações de imóveis privados em benefício de melhorias públicas. Art. 5.º, XXIV, CF/1988. A lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição. Direito privado: tem a relação entre particulares, não atuando o Poder Público como parte integrante, ou seja, aqui haverá uma relação horizontal travada entre indivíduos. Como exemplo tem o direito civil o empresarial. O Estado é um ente soberano, organizado politicamente e detentor de personalidade jurídica própria de direito público, mantendo tanto relações internas (plano nacional) quanto externas (plano internacional). Caiu na Prova: O Estado é um ente personalizado, apresentando-se não apenas exteriormente, nas relações internacionais, mas também internamente, como pessoa jurídica de direito público capaz de adquirir direitos e contrair obrigações na ordem jurídica. Resposta: certo. Antigamente, existia a teoria da dupla personalidade, segundo a qual o Estado poderia ter personalidade de direito público ou privado, a depender da área em que atuasse. Hoje, tal entendimento está em desuso, encontrando-se pacificado o fato de o Estado possuir personalidade jurídica de direito público. Entretanto, pergunta-se: quais os elementos necessários para se formar um Estado? Fácil. Precisamos de três elementos, originários e indissociáveis: Povo, Território e Governo soberano. Lembrando que elementos são os requisitos mínimos necessários à formação do Estado. Caiu na Prova: O Estado, consoante o Direito Administrativo, possui três elementos originários e indissociáveis: povo, território e governo soberano. Resposta: Certo. • Funções e poderes do Estado Depois de formado, o Estado passa a desempenhar algumas funções: legislativa, administrativa e judicial. De início, na época das Monarquias absolutista, existia a concentração de todas as funções do Estado nas mãos do monarca, ou seja, este criava as leis, as executava e realizava os julgamentos. Isso ocorria porque nessa época existia uma confusão entre Estado e igreja, sendo assim, o rei era considerado o representante de Deus no plano terrestre e, como Deus não erra, o rei também não poderia errar (the king can do no wrong). Só que com o passar dos tempos essa teoria foi sendo abandonada, principalmente pelo visível abuso de poder que era cometido pelos Monarcas e o crescente descontentamento social. Foi assim que, mediante o fortalecimento do movimento iluminista e em especial pelas ideias do Barão de Montesquieu, as funções do Estado começaram a ser repartidas entre três poderes distintos: Legislativo, Executivo e Judiciário. Assim, surgiu a clássica teoria da tripartição de funções idealizada por Montesquieu e adotada até hoje em nosso ordenamento jurídico, a qual separou as funções do Estado em três poderes distintos. Art. 2.º, CF/1988. São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Perceba que cada poder foi criado com a finalidade de exercer especificamente umas das funções do Estado, por exemplo, o Poder Legislativo foi instituído para realizar a criação das leis que irão organizar a vida em sociedade. Nesse caso, diz-se que o Poder está desempenhando a sua função típica, ou seja, está realizando a sua atividade principal. No entanto, como a separação dos poderes não é absoluta, poderá um poder, sempre de maneira excepcional e permitida constitucionalmente, exercer funções que originalmente foram conferidas a outro poder. Nesse caso, existirá o desempenho da função atípica. caiu na prova: A divisão de poderes no Estado, segundo a clássica teoria de Montesquieu, é adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro, com divisão absoluta de funções. Resposta: Errada. Pode citar como exemplo o caso do Senado Federal o realizar o julgamento dos crimes de responsabilidade supostamente cometidos pelo Presidente da República. Note que o Poder Legislativo foi “criado” para produzir leis (função típica), mas, excepcionalmente, por autorização da Constituição Federal, receberá a possibilidade de proferir julgamentos (função atípica). Art. 52, CF/1988. Compete privativamente ao Senado Federal: I – processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles. Pode ainda citar outros exemplos de função atípica (lembrando que estas devem estar previstas no texto Constitucional, sob pena de ofensas ao princípio da separação dos poderes): a) Quando o Presidente da República edita medidas provisórias. Art. 62, CF/1988. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. b) Quando o Poder Judiciário realiza licitações. Art. 37, XXI, CF/1988 – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. Pode definir o Estado como um povo, situado em determinado território e sujeito a um governo soberano. O governo é apenas um dos elementos necessários à formação do Estado. Então pode conceituar o governo usando a concepção mais atual, em dois sentidos: a) Subjetivo (formal) – é a cúpula diretiva do Estado, ou seja, o conjunto de órgãos e Poderes constitucionais; b) Objetivo (material) – são as funções estatais básicas. A Administração é a responsável pelo desempenho da função administrativa, ou seja, deve praticar atos concretos em busca da satisfação do interesse público. Tipicamente, essa função pertence ao Poder Executivo, mas, como sabemos, além das funções típicas, existem as atípicas, logo, os Poderes Legislativo e Judiciário também desempenharão atividades com perfil administrativo. Caiu na Prova: A função administrativa é exclusiva do Poder Executivo, não sendo possível seu exercício pelos outros poderes da República. Resposta: Errada. A Administração pública deve ser analisada sob dois sentidos diferentes: a) Subjetivo, orgânico, formal: compreendeo conjunto de pessoas, órgãos e agentes responsáveis pelo desempenho da função administrativa. Aqui o foco é “quem” está compondo o aparelho administrativo. Nesse caso, o termo “Administração Público” deve ser grafado com letras maiúsculas. Caiu na Prova: Em sentido subjetivo, a administração pública confunde-se com os próprios sujeitos que integram a estrutura administrativa do Estado. Resposta: Certo. b) Objetivo, funcional, material: compreende a própria função administrativa, ou seja, são as atividades, serviços e funções desempenhadas pelo Poder Público. Aqui o foco é “o que” está sendo feito. Nesse caso, o termo “administração pública” deve ser grafado com letras minúsculas. • Tarefas da Administração Pública: A Administração possui diversas atribuições a serem desempenhadas. Ao longo dos anos, o número dessas atividades foi crescendo e hoje, segundo a doutrina majoritária, deverá o Estado desempenhar três tarefas precípuas, quais sejam: a) Poder de polícia: esta foi a primeira missão conferida à administração. Pelo exercício desse poder, o Estado poderá instituir limitações à liberdade e à própria propriedade particular em benefício da coletividade; b) Serviços públicos: logo no início do século XX, em especial após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), percebeu-se que o Estado não deveria apenas de maneira negativa, ou seja, limitando a vida em sociedade (caso do uso do poder de polícia), deveria ele agir também de forma positiva, isto é, prestando serviços públicos à sociedade, tais como energia elétrica, transporte público e água canalizada; c) Fomento: fomentar significa incentivar. Portanto, após a segunda metade do século XX, o Estado percebeu que não bastava limitar o convívio em sociedade (poder de polícia) nem prestar serviços de interesse coletivo (serviços públicos), deveria ir além, incentivando setores sociais específicos da iniciativa privada para que estes pudessem desenvolver a ordem social e econômica. Conceito: Direito Administrativo é um ramo do direito público cuja finalidade é a busca pela satisfação do interesse público. Para alcançar seus objetivos, existem diversas regras e princípios (típicos do direito público) que em determinados momentos limitam a atuação administrativa e noutros oferecem prerrogativas ao agente público, para que este possa se sobrepor ao interesse dos particulares em benefício de melhorias para a coletividade. Critérios do Direito Administrativo: Ao longo do tempo, vários critérios com a finalidade de tentar definir o conceito do Direito Administrativo. Para fins de prova, devem ser analisados todos eles, entretanto, para a doutrina majoritária, adota-se, atualmente, o critério funcional. a) Critério Legalista: também chamado de escola exegética, empírica ou caótica, mencionava que o Direito Administrativo se limitava ao conjunto de leis existentes no País. Essa corrente não prosperou, pois era extremamente reducionista, já que o Direito não se esgota na lei. b) Critério do Serviço Público: esse pensamento surgiu na França, seguindo as orientações de Leon Duguit e da Escola do Serviço Público. Ocorre que, na época, o serviço público representava, basicamente, toda a atividade desempenhada pelo Estado. Entretanto, hoje esse conceito se encontra superado, principalmente pelo fato de não abarcar todas as áreas de atuação do Poder Público, pois, além de serviços públicos, o Estado exerce atividades de fomento, executa obras, atua no uso do poder de polícia e intervém no domínio econômico. c) Critério do Poder Executivo: para tal critério, o Direito Administrativo se confunde com as atuações do próprio Poder Executivo. Logicamente, essa corrente não poderia prosperar, pois, como vimos, existem funções típicas e atípicas, logo, a função administrativa poderia muito bem ser exercida pelos Poderes Legislativo e Judiciário, e, além do mais, o próprio Poder Executivo nem sempre atua como administrador, podendo, em determinados momentos, por exemplo, exercer a função atípica de legislar. d) Critério das Relações Jurídicas: de acordo com tal critério, o Direito Administrativo seria embasado nas relações travadas entre a Administração e os administrados. Essa é mais uma corrente falha, principalmente pelo fato de sua imprecisão, já que diversos outros ramos do direito público, por exemplo, o Direito Tributário e o Penal, também praticam essas mesmas relações. Além do mais, em determinados momentos as atuações administrativas não visam os particulares, como no caso da normatização das regras protecionistas dos bens estatais. Caiu na prova: Pelo critério legislativo, o direito administrativo compreende os direitos respectivos e as obrigações mútuas da administração e dos administrados. Resposta: Errada. e) Critério Teológico: também denominado critério finalístico, tenta definir o Direito Administrativo como um sistema de princípios jurídicos que regulam as ações estatais na busca da concretização de seu fim, qual seja a satisfação do interesse público. Apesar de correta, considera-se esse critério incompleto por não abarcar a matéria de forma integral. Caiu na prova: Pelo critério teológico, define- se o direito administrativo como o sistema dos princípios que regulam a atividade do Estado para o Cumprimento de seus fins. Resposta: Certo. f) Critério Negativista: de acordo com essa corrente, o Direito Administrativo seria conceituado por exclusão, ou seja, englobaria todas as funções que não fossem legislativas ou judiciais. A grande crítica a ele é o fato de não se poder conceituar algo dizendo o que ele não é; deve existir precisão na definição e, para isso, faz-se necessário mencionar o que o Direito Administrativo é. Caiu na prova: Consoante o critério negativo, o direito administrativo compreende as atividades desenvolvidas para a consecução dos fins estatais, incluindo as atividades jurisdicionais, porém excluindo as atividades legislativa. Resposta: Errado. g) Critério Funcional: é o critério adotado atualmente pela doutrina majoritária, o qual menciona que o Direito Administrativo está relacionado ao ramo do Direito que estuda o desempenho da função administrativa, esteja ela sendo exercida pelo Poder Executivo, Legislativo ou Judiciário. Essa corrente foi defendida por Hely Lopes Meireles, segundo o qual o Direito Administrativo é: “conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado”. Características: O Direito Administrativo, sendo um ramo independente dos demais, possui características especificas. a) Ramo recente: O ponto de partida para a formação do Direito Administrativo foi a teoria dos Poderes, desenvolvida pelo barão de Montesquieu com a publicação, em 1748, da obra O espírito das leis (L’ Espirit des Lois). Posteriormente, em 1789, após a Revolução Francesa, foi definida e efetivada a tripartição dos Poderes em: Legislativo, Executivo e Judiciário. No Brasil, com o Decreto 608, de 1851, foi criada a cadeira de Direito Administrativo, ficando para o ano 1857, em Recife, o surgimento da primeira obra doutrinária sobre o tema: Elementos de direito administrativo brasileiro, de Vicente Pereira do Rego. b) Ramo autônomo: O Direito Administrativo possui princípios e objeto próprios (estudo e regras relacionadas ao desempenho da função administrativa), logo, essas duas características são suficientes para considerar esse ramo autônomo em relação aos demais. Caiu na prova: O direito administrativo, como ramo autônomo, tem como finalidade disciplinar as relações entre as diversas pessoas e órgãos do Estado, bem como este e os administrativos. Resposta: Certo c) Ramo não codificado: Ao contráriode diversos outros ramos do direito, tais como o Penal, Tributário e Civil, o Direito Administrativo não possui um código, ou seja, a legislação administrativa é esparsa (espalhada) não existindo assim uma organização e reunião dos temas em um documento único. A grande crítica à não codificação reside, principalmente, na dificuldade existente para assimilar os temas e a falta de segurança jurídica causada pala fragmentação das normas. Caiu na prova: A ausência de um código específico para o direito administrativo reflete a falta de autonomia dessa área jurídica, devendo o aplicador do direito recorrer a outras disciplinas subsidiariamente Resposta: Errado. d) Influenciado parcialmente pela jurisprudência: Em virtude do princípio da legalidade (que será estudado no próximo capítulo), o administrador só pode fazer aquilo que a lei autoriza. Assim, a base da atuação do agente público é a legislação. Contudo, para ajudar o administrador a interpretar a lei e a suprir suas lacunas, usa- se a jurisprudência, a qual pode ser conceituada como a reiteração de decisões judiciais referentes a determinado assunto. e) Adoção do modelo de jurisdição uma: Como veremos um pouco adiante, as causas administrativas serão julgadas pelo Poder Judiciário, sendo este o responsável por gerar decisões com cunho de definitividade. Relação com outros ramos do Direito: Como o Direito é um só, logicamente, deverá existir a correlação do Direito Administrativo com os diversos outros ramos jurídicos. a) Direito Constitucional: dentre os diversos traços em comum, pode citar o capítulo VII da CF, dedicado exclusivamente à Administração Pública. Art. 37, CF/1988. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. b) Direito Penal: dá o conceito de servidores públicos Art. 327, CP. Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. O termo usado pelo dispositivo foi “funcionário público”, o que se justifica em virtude de o Código Penal ser de 1940; sabemos que hoje a nomenclatura usada é servidores públicos. c) Direito Processual: Os processos administrativos usam várias regras também existentes no processo civil, por exemplo, o direito de o acusado apresentar sua defesa. Art. 5.º, LV, CF/1988 – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. d) Direito Tributário: Conceituou o poder de polícia. Art. 78, CTN. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. e) Direito Eleitoral: o Direito Administrativo realiza a organização e estrutura da Justiça Eleitoral e define regras sobre votações, apurações e partidos políticos. Art. 1°, Lei 9.096/1995. O partido político, pessoa jurídica de direito privado, destina-se a assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e a defender os direitos fundamentais definidos na Constituição Federal. Parágrafo único. O partido político não se equipara às entidades paraestatais. f) Direito do Trabalho: dentre alguns pontos em comum, pode citar o caso de empregados públicos, os quais, mesmo após a aprovação em um concurso público, se submetem ao regime da CLT. Art. 1.º, CLT. Esta Consolidação estatui as normas que regulam as relações individuais e coletivas de trabalho, nela previstas. Art. 3.º, CLT. Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. g) Direito Civil: apesar de ser um ramo de direito privado, o Direito Civil elenca vários conceitos que são também utilizados pelo Direito Administrativo. Podemos citar o uso supletivo da teoria geral dos contratos e o procedimento de criação das pessoas jurídicas de direito privado. Art. 45, CC. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. h) Direito Empresarial: possui alguns dispositivos que serão usados, em especial, pelas empresas estatais. Obs: o caso das sociedades de economia mista que devem ser constituídas na forma de sociedade anônima (Lei 6.404/1976): “Art. 235. As sociedades anônimas de economia mista estão sujeitas a esta Lei, sem prejuízo das disposições especiais de lei federal”. Interpretação do Direito Administrativo: O exercício o trabalho de interpretação é necessário para que se atinja o real sentido de algo. No Direito, em geral, a arte de interpretar fica a cargo das regras próprias do direito privado e da Hermenêutica, tópico estudado dentro da Filosofia do Direito. Entretanto, por ser o Direito Administrativo um ramo de direito público possui características próprias na arte da interpretação de suas normas, atos e contratos administrativos, usando-se, apenas de forma subsidiária, as disposições do setor privado. São três os pressupostos de interpretação: a) desigualdade jurídica entre a Administração e os administrados: como o Poder Público visa atingir o bem-estar coletivo e este é preponderante em relação ao interesse particular, existirá, naturalmente, uma desigualdade entre as partes. Tudo isso decorre diretamente do princípio da supremacia do interesse público sobre o privado, tema este que será aprofundado no próximo capítulo; b) presunção de legitimidade dos atos da Administração: seguindo o princípio da legalidade, só poderá o administrador agir se e quando a lei permitir. Logo, quando um agente público atua, goza da fé pública, ou seja, presume-se que seus atos são válidos em decorrência da presunção de estarem sendo praticados dentro dos limites legais. Entretanto, essa presunção de validade é meramente relativa, pois poderá o interessado contestar o ato e eventualmente provar sua invalidade. Veremos esse tópico de maneira mais aprofundada no capítulo referente aos atos administrativos; c) discricionariedade administrativa: quando existir discricionariedade, poderá o administrador selecionar, dentre as hipóteses legalmente válidas, qual a conduta mais conveniente e oportuna a ser adotada em determinado caso concreto. Esse poder de escolha é necessário para que o agente público atue com certa liberdade e, desta forma, atinja a satisfação do interesse público. Caiu na prova: a interpretação do Direito Administrativo deve considerar a desigualdade jurídica entre a Administração e os administrados, a presunção de legitimidade dos atos da Administração e a necessidade da prática de atos discricionários para a Administração atender ao interesse público. Resposta: Certo. As fontes do Direito Administrativo estão relacionadas à origem da norma posta, ou seja, aqui se estuda quais as regras e os comportamentos que ensejam a positivação do Direito, existindo, para a doutrina majoritária, cinco fontes: lei, doutrina, jurisprudência (incluindo as súmulas normais e vinculantes), costumes e princípios. Dentro da noção de hierarquia, as fontes foram subdivididas em: primárias e secundárias.a) Fontes primárias, maiores, diretas: LEI. A lei é por excelência a fonte primária do Direito Administrativo. Deve esta ser interpretada em seu sentido amplo de forma a incluir diversas espécies normativas, tais como: emendas constitucionais, leis ordinárias, leis complementares e medidas provisórias. Art. 59, CF/1988. O processo legislativo compreende a elaboração de: I – emendas à Constituição; II – leis complementares; III – leis ordinárias; IV – leis delegadas; V – medidas provisórias; VI – decretos legislativos; VII – resoluções. Caiu na prova: No Brasil, as fontes do direito administrativo são exclusivamente, a CF, as leis e os regulamentos. Resposta: Errado. SÚMULAS VINCULANTES: A Emenda Constitucional 45/2004 trouxe a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal editar súmulas de efeito vinculante para a Administração, ou seja, depois da edição de tais súmulas o administrador estará vinculado aos seus termos, devendo agir conforme o enunciado proposto pelo STF. Art. 103-A, CF/1988. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. Depois da implementação desse tipo de súmula, muito se discutiu acerca de sua natureza. Seria uma fonte primária ou secundária? Para a corrente majoritária, devem-se considerar as súmulas vinculantes como fontes primárias, já que inovam no ordenamento e impõem condutas a serem seguidas de forma obrigatória pela Administração Pública. b) Fontes secundárias, menores, indiretas: DOUTRINA: Está relacionada aos estudos do Direito Administrativo. São os textos elaborados pelos mestres da matéria de forma a facilitar o entendimento do tema, dos princípios e da jurisprudência, e ainda serve como base de sugestão para as futuras normas. JURISPRUDÊNCIA. A jurisprudência é formada pela reiteração das decisões judiciais sobre determinado assunto, as quais servem de parâmetro para a atuação administrativa. Observe que as súmulas proferidas pelos tribunais nada mais são do que o resumo da jurisprudência, sendo ambas fontes secundárias. Entretanto, no caso das súmulas vinculantes, como visto, teremos fontes primárias, dado que elas possuem um cunho impositivo para a atuação administrativa. Caiu na prova: Considerada fonte secundária do direito administrativo, a jurisprudência não tem força cogente de uma norma criada pelo legislador, salvo no caso de súmula vinculante, cujo cumprimento é obrigatório pela administração pública. Resposta: Errada. COSTUMES: Representam a prática habitual da administração, os quais só poderão ser levados em consideração se estiverem de acordo com a lei. Logo, não possuem força inovadora e são considerados fontes de menor hierarquia em comparação com as outras. Caiu na prova: Conforme a doutrina, diferentemente do que ocorre no âmbito do direito privado, os costumes não constituem fonte do direito administrativo, visto que a administração pública deve obediência estrita ao princípio da legalidade. Resposta: Errada. PRINCÍPIOS: São normas não escritas, mas que servem de base para toda a atuação administrativa. Cite-se, como exemplo, o princípio da impessoalidade, que impede a promoção pessoal de agentes públicos. A atividade estatal deve ser fiscalizada para que se evitem atuações desproporcionais e desvinculadas dos interesses públicos. Para isso, surgem os sistemas administrativos, também denominados mecanismos de controle, os quais representam os mecanismos do Estado para controlar os atos administrativos defeituosos, ou seja, que possuam alguma ilegalidade. Para a efetivação dessa fiscalização, surgiram dois modelos: o sistema do contencioso administrativo e o da jurisdição una. Para facilitar, vamos analisá-los separadamente. Contencioso administrativo, também chamado de sistema francês ou da dualidade de jurisdição, decorre da separação absoluta dos poderes. Assim, serão vedados ao Poder Judiciário o conhecimento e a análise dos atos praticados pela Administração Pública. Dessa forma, existirão dois tribunais, um de natureza judiciária e o outro de cunho administrativo. A este caberão o processamento e julgamento dos ilícitos administrativos e àquele as ações que não envolvam a Administração. Esse sistema é o adotado na França até hoje. Lá, têm-se, de um lado, o Poder Judiciário e, de outro, o Conselho de Estado, sendo este o órgão administrativo responsável pelas decisões definitivas que envolvam questionamentos acerca da atuação da Administração. Já no sistema de jurisdição una, também denominado sistema inglês, todos os conflitos, sejam eles decorrentes de atos do Poder Público ou não, poderão ser julgados pelo Poder Judiciário. É o sistema adotado no Brasil. Caiu na prova: O ordenamento jurídico brasileiro adotou, desde a instauração da República, o sistema inglês, no qual todos os litígios podem ser resolvidos pelo Judiciário, ao qual é atribuída a função de dizer, com formação de coisa julgada, o direito aplicável à espécie. Resposta: Certa. Nesse ponto, surge uma pergunta: pelo sistema da jurisdição uma, a Administração Pública está impedida de exercer o controle sobre os seus próprios atos? Não! Até mesmo em virtude do princípio da autotutela, a Administração tanto poderá rever a legalidade quanto o mérito de seus atos. Vejamos o que diz a Súmula 473 do STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. Entretanto, o julgamento administrativo não faz coisa julgada material, ou seja, ainda que se percorra todas as instâncias, a decisão administrativa não será definitiva, pois, de acordo com o princípio da inafastabilidade da jurisdição, o interessado sempre poderá rediscutir a matéria no Poder Judiciário. Art. 5.º, XXXV, CF/1988 – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Resumindo, pelo sistema de jurisdição una, todos os conflitos, administrativos ou não, poderão ser decididos pelo Poder Judiciário, pois somente a este cabe a decisão com caráter de definitividade. O Direito Administrativo é um ramo de direito público regido por princípios e normas próprias, as quais regulam o exercício da função administrativa. Então, a grande questão é: o que vem a ser a função administrativa? Simples. Quando o administrador atua em nome próprio, mas busca interesses alheios, ou seja, visa atingir e beneficiar o interesse público, estará ele exercendo a função administrativa. Como forma de aprofundamento, devemos subdividir o interesse público em primário e secundário. Aquele é o verdadeiro interesse coletivo e este está relacionado aos fins patrimoniais do próprio Estado. Por exemplo, o pagamento de indenizações aos particulares que sofrem danos causados por agentes públicos está relacionado ao interesse primário. Já a protelação desses pagamentos com a finalidade de minimizar os prejuízos públicos relaciona- se ao interesse público secundário. O próprio STJ, em diversos julgados, já diferenciou os interesses primários dos secundários. Por fim, cumpre assinalar que, segundo a corrente majoritária, os interesses públicos secundários só poderão ser objetivados se também atingirem o interesse primário. Ou seja, só poderá o Estado atuar em busca de seus fins patrimoniais se o bem coletivo tambémfor atingido. Por exemplo, a existência de impostos tanto interessa ao próprio Estado quanto à coletividade que deseja, com o dinheiro destes receber a prestação de diversos serviços públicos. Caiu na prova: Um Estado que tributasse desmesuradamente os administrados enriqueceria o Erário, com maior volume de recursos, o que, por outro lado, tornaria a sociedade mais pobre. Tal conduta de exação excessiva viola o princípio pelo qual deve prevalecer o interesse público primário. Resposta: Certa. Súmula 641. A portaria de instauração do processo administrativo disciplinar prescinde da exposição detalhada dos fatos a serem apurados.
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