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Parâmetros de Ensino em Libras como L1

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Prévia do material em texto

2018
Parâmetros de ensino 
em Língua BrasiLeira de 
sinais Como L1
Prof. Nilma Moreira da Penha
Copyright © UNIASSELVI 2018
Elaboração:
Prof. Nilma Moreira da Penha
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
P399p
 Penha, Nilma Moreira da
Parâmetros de ensino em língua brasileira de sinais como 
l1. / Nilma Moreira da Penha – Indaial: UNIASSELVI, 2018.
209 p.; il.
ISBN 978-85-515-0206-8
1.Língua de sinais – Brasil. 2.Língua brasileira de sinais 
– Brasil. 3.Surdos – Educação – Brasil. II. Centro Universitário 
Leonardo Da Vinci.
CDD 419 
Impresso por:
III
aPresentação
Prezado acadêmico!
É com satisfação que apresentamos a você a disciplina de Parâmetros 
de Ensino em Língua Brasileira de Sinais como L1. Este livro foi formulado 
com muito carinho, estudo, pesquisa e dedicação para apresentarmos 
orientações teóricas e metodológicas que servirão como base para conduzi-lo 
ao conhecimento acerca das questões e debates que envolvem os parâmetros 
de ensino em relação às línguas de sinais e, consequentemente, o processo 
de ensino e aprendizagem dos surdos, assim como a aquisição da língua 
de sinais. Este material aborda diferentes concepções teóricas com o intuito 
de problematizar e nos fazer refletir sobre o tema, tendo o objetivo de nos 
oferecer uma visão ampla dos diversos aspectos relacionados ao processo de 
ensino-aprendizagem da Libras.
Conforme você, acadêmico, tem estudado no decorrer deste curso, nas 
demais disciplinas, a Libras é uma língua que se destaca pela sua modalidade 
visual-espacial, é uma língua natural e tem aspectos culturais e de identidade. 
A Libras é reconhecida na legislação brasileira como língua e da comunidade 
surda. Pretendemos destacar, neste livro de estudos, a importância da Libras 
como L1 para o surdo, bem como os aspectos relevantes sobre esse tema tão 
importante. 
Na Unidade 1 do livro, nós mostraremos aspectos relacionados 
à aquisição de parâmetros sintáticos em língua de sinais comparada às 
línguas orais em relação à aquisição de línguas de sinais como primeira 
língua e sobre estudos de línguas de sinais e a aquisição da linguagem e a 
aquisição da linguagem oral para pessoas ouvintes e pessoas surdas, bem 
como, a aquisição da linguagem por crianças surdas estudando o período 
pré-linguístico, o estágio de um sinal, o estágio das primeiras combinações 
e o estágio de múltiplas combinações, bem como a aquisição da sintaxe 
nas línguas de sinais e a aquisição da morfologia verbal na língua de sinais 
brasileira e da aquisição da ordem da sentença: implicações nas categorias 
funcionais e a aquisição de construções com foco na língua de sinais brasileira.
Na Unidade 2, apresentaremos os aspectos metodológicos do ensino da 
língua de sinais, por meio de um contexto, situando o campo da metodologia de 
ensino de línguas – metodologia de ensino – metodologia de ensino de línguas. 
Teceremos ainda algumas conversas sobre a alfabetização e o ensino da língua 
de sinais e a alfabetização e letramento em sinais e escrita de sinais, assim 
como o ensino da língua de sinais no processo educacional da criança surda, 
explorando a língua de sinais –produções artísticas em sinais e os problemas 
IV
atuais no processo educacional das crianças surdas, refletindo sobre as práticas 
atuais de ensino de língua de sinais, em que faremos uma introdução sobre o 
contexto brasileiro atual, bem como traremos alguns esboços sobre o que as 
pesquisas dizem em relação aos professores de língua de sinais e sua formação, 
bem como sobre suas práticas pedagógicas e tudo levando em consideração o 
processo de ensino e aprendizagem do surdo brasileiro. 
Na Unidade 3, discutiremos alguns aspectos relevantes em relação 
ao desenvolvimento linguístico no surdo, teceremos alguns apontamentos 
iniciais a respeito do contexto histórico e do percurso da educação da criança 
surda, falaremos sobre oralismo, comunicação total e bilinguismo, refletindo 
a respeito do desenvolvimento da linguagem na criança surda e sobre o 
desenvolvimento cognitivo do sujeito surdo no processo de aquisição da 
língua de sinais – Libras. O texto ainda tem como objetivo nos fazer estudar e 
refletir sobre a aquisição da linguagem e desenvolvimento cognitivo, psíquico 
e social do sujeito surdo, estudando alguns teóricos e temas ligados a essas 
questões, dentre eles: Vygotsky, Piaget e Foucault, entre outros referenciais, 
bem como o tema surdez. Vamos estudar também a aquisição de L2, no caso 
do Brasil, a Língua Portuguesa para os surdos brasileiros, e estudos sobre 
aquisição de L2, bem como sobre a leitura e escrita do ensino de L2, tecendo 
reflexões sobre a realidade do surdo no mundo ouvinte.
No decorrer desse livro apresentamos uma série de atividades e no 
final traremos uma lista de indicações de filmes que abordam a questão da 
surdez e das línguas de sinais. Apresentando métodos e ideias de atividades 
educativas de aprendizagem para alunos surdos. Finalizaremos cada 
unidade com um minidicionário, com alguns sinais em Libras, referente aos 
temas trabalhados, para que você, acadêmico, aprenda e treine no dia a dia, 
oportunizando um aprendizado básico para desenvolver uma comunicação 
com os surdos brasileiros. É importante ter em mente que, como toda língua, 
para se aprender Libras é preciso treinar, e nada melhor do que treinar 
conversando com pessoas que são naturais dessa língua, ou seja, os surdos 
brasileiros usuários da Libras. 
Excelentes estudos!
V
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda 
mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza 
materiais que possuem o código QR Code, que 
é um código que permite que você acesse um 
conteúdo interativo relacionado ao tema que 
você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, 
acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor 
de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa 
facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
VI
VII
UNIDADE 1 – AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS
 EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS .....................1
TÓPICO 1 – AQUISIÇÃO DE LÍNGUAS DE SINAIS COMO PRIMEIRA LÍNGUA .............3
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................3
2 ESTUDOS DE LÍNGUAS DE SINAIS E A AQUISIÇÃO DALINGUAGEM ........................4
3 AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM ORAL PARA PESSOAS
 OUVINTES E PESSOAS SURDAS .................................................................................................6
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................9
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................10
TÓPICO 2 – AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM POR CRIANÇAS SURDAS ..............................11
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................11
2 PERÍODO PRÉ-LINGUÍSTICO .......................................................................................................19
3 ESTÁGIO DE UM SINAL .................................................................................................................20
4 ESTÁGIO DAS PRIMEIRAS COMBINAÇÕES ...........................................................................23
5 ESTÁGIO DE MÚLTIPLAS COMBINAÇÕES .............................................................................26
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................30
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................31
TÓPICO 3 – AQUISIÇÃO DA SINTAXE NAS LÍNGUAS DE SINAIS .....................................33
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................33
2 A AQUISIÇÃO DA MORFOLOGIA VERBAL NA LÍNGUA
 DE SINAIS BRASILEIRA ................................................................................................................34
3 AQUISIÇÃO DA ORDEM DA SENTENÇA: IMPLICAÇÕES
 NAS CATEGORIAS FUNCIONAIS ...............................................................................................38
3.1 TIPOS DE FRASES NA LIBRAS ..................................................................................................46
4 A AQUISIÇÃO DE CONSTRUÇÕES COM FOCO NAS
 LÍNGUAS DE SINAIS BRASILEIRAS ...........................................................................................49
5 GLOSSÁRIO COM ALGUNS SINAIS EM LIBRAS ..................................................................50
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................56
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................57
UNIDADE 2 – ASPECTOS METODOLÓGICOS DO ENSINO DA
 LÍNGUA DE SINAIS, POR MEIO DE UM CONTEXTO ....................................59
TÓPICO 1 – SITUANDO O CAMPO DA METODOLOGIA DE
 ENSINO EM RELAÇÃO ÀS LÍNGUAS .....................................................................61
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................61
2 METODOLOGIA DE ENSINO........................................................................................................62
3 METODOLOGIA DE ENSINO DE LÍNGUAS ............................................................................64
3.1 METODOLOGIA ORALISTA ......................................................................................................68
3.2 COMUNICAÇÃO TOTAL............................................................................................................69
sumário
VIII
3.3 BILINGUISMO ...............................................................................................................................69
3.4 PEDAGOGIA SURDA ...................................................................................................................70
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................71
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................72
TÓPICO 2 – ALFABETIZAÇÃO E O ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS .................................73
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................73
2 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO EM SINAIS E ESCRITA DE SINAIS .........................73
3 O ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS NO PROCESSO EDUCACIONAL
 DA CRIANÇA SURDA......................................................................................................................77
4 EXPLORANDO A LÍNGUA DE SINAIS – PRODUÇÕES ARTÍSTICAS EM 
 SINAIS ..................................................................................................................................................82
5 PROBLEMAS ATUAIS NO PROCESSO EDUCACIONAL DAS CRIANÇAS 
 SURDAS ...............................................................................................................................................92
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................93
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................98
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................99
TÓPICO 3 – REFLETINDO SOBRE AS PRÁTICAS ATUAIS DE
 ENSINO DE LÍNGUA DE SINAIS .............................................................................101
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................101
2 OS PROFESSORES DE LÍNGUA DE SINAIS E SUA FORMAÇÃO .......................................102
3 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS ..........................................................................................................106
4 SUGESTÕES DE ALGUMAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS ....................................................109
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................112
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................113
UNIDADE 3 – DESENVOLVIMENTO LINGUÍSTICO NO SURDO .........................................115
TÓPICO 1 – APONTAMENTOS INICIAIS A RESPEITO DO CONTEXTO HISTÓRICO 
 E DO PERCURSO DA EDUCAÇÃO DA CRIANÇA SURDA .............................117
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................117
2 ORALISMO, COMUNICAÇÃO TOTAL E BILINGUISMO .....................................................117
3 REFLETINDO A RESPEITO DO DESENVOLVIMENTO DALINGUAGEM NA 
 CRIANÇA SURDA .............................................................................................................................123
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................135
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................136
TÓPICO 2 – DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DO SUJEITO SURDO NO 
 PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS – LIBRAS ....................137
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................137
2 AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM E DESENVOLVIMENTO COGNITIVO, 
 PSÍQUICOE SOCIAL DO SUJEITO SURDO ..............................................................................138
3 VYGOTSKY, PIAGET E A SURDEZ ...............................................................................................140
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................146
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................158
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................160
IX
TÓPICO 3 – AQUISIÇÃO DE L2 ........................................................................................................161
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................161
2 LEITURA E ESCRITA – O ENSINO DE L2 ...................................................................................161
3 SISTEMAS DE TRANSCRIÇÃO PARA LIBRAS ........................................................................170
4 REFLEXÕES SOBRE A REALIDADE DO SURDO NO MUNDO OUVINTE .......................174
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................180
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................181
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................183
ANEXO 1 ..................................................................................................................................................190
ANEXO 2 ..................................................................................................................................................193
X
1
UNIDADE 1
AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS 
SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS 
COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade você será capaz de:
• conceituar e diferenciar a relação entre L1 e L2 para o surdo;
• entender a aquisição da Libras como L1;
• compreender a organização Libras; 
• estudar a aquisição da sintaxe nas línguas de sinais.
Esta unidade está dividida em três tópicos e em cada um deles você encontrará 
atividades visando à compreensão dos conteúdos apresentados.
TÓPICO 1 – AQUISIÇÃO DE LÍNGUAS DE SINAIS COMO PRIMEIRA 
LÍNGUA
TÓPICO 2 – AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM POR CRIANÇAS SURDAS
TÓPICO 3 – AQUISIÇÃO DA SINTAXE NAS LÍNGUAS DE SINAIS
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
AQUISIÇÃO DE LÍNGUAS DE SINAIS COMO 
PRIMEIRA LÍNGUA
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico! Sabemos que para as pessoas a comunicação é a 
maneira mais importante para expressarmos nossos pensamentos, desejos, 
opiniões, sentimentos e emoções. Podemos dizer que a linguagem é natural do 
ser humano. Desde o nosso nascimento somos expostos à comunicação, e essa 
comunicação se enraíza nos dando subsídios para dialogarmos com o mundo 
à nossa volta, seja através do choro ou do sorriso, através das palavras ou dos 
gestos. Além disso, é através do meio em que vivemos e no ambiente em que 
nascemos que adquirimos a língua que nos é natural, pelo fato de pertencer ao 
nosso cotidiano, para as pessoas ouvintes nascidas e que moram no Brasil, por 
exemplo, a língua natural é PB (Português Brasileiro). Mas antes de qualquer 
coisa é importante falarmos sobre língua e linguagem.
IMPORTANT
E
De acordo com especialistas e pesquisadores da Língua portuguesa no Brasil, 
a Língua portuguesa brasileira se difere da língua portuguesa europeia, de acordo com o 
Professor e pesquisador e linguista Marcos Bagno em uma entrevista dada ao jornal Opção, 
disponível em: <https://www.jornalopcao.com.br/entrevistas/o-portugues-brasileiro-
precisa-ser-reconhecido-como-uma-nova-lingua-e-isso-e-uma-decisao-politica-37991/>. 
Acesso em: 2 ago. 2018. “Muitas vezes quando nós, brasileiros, falamos sobre a necessidade 
de reconhecer o português brasileiro como uma língua autônoma e com um sistema 
linguístico próprio, ouvimos que isso é nacionalismo, maluquice ou desvario de “gente 
de esquerda”. Mas aqui trazemos a palavra de um especialista português que reconhece 
que, de fato, já existe uma “fratura”, como ele diz, que separa as duas línguas. São línguas 
muito próximas, claro, aparentadas. Mas já com características muito evidentes que nos 
permitem, de fato, fazer uma descrição mais própria do português brasileiro – inclusive 
usando esse nome”. Ou seja, trazemos no português brasileiro uma carga histórica, 
econômica, política e social que nos difere do português falado em Portugal, por isso PB 
(português brasileiro). Tente acessar e ler a entrevista, vale a pena, é muito interessante. 
Para Saussure (1987), por exemplo, a língua não se confunde com 
a linguagem, pois ela é somente uma parte determinada, essencial dela, 
indubitavelmente, sendo, ao mesmo tempo, um produto social da faculdade de 
linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social 
UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
4
para possibilitar o exercício dessa faculdade nos indivíduos. Já a linguagem, por 
sua vez, é tida como tudo o que envolve significação, que tem valor semiótico, não 
se restringindo apenas a uma forma de comunicação, e é nela que o pensamento 
do sujeito é constituído (GOLDFELD, 1997). 
Como a linguagem está sempre presente no sujeito, até quando não tem 
a intenção de se comunicar com os outros, pois o nosso corpo fala, nossos olhos 
falam e nesse ínterim somos constituídos enquanto sujeitos para nós mesmos 
e para os outros, onde nos apresentamos e do modo como nos apresentamos; 
assim, constitui o sujeito, a forma como este recorta, se percebe e atua no mundo 
e em relação a si próprio, construindo assim sua identidade. Para alguns teóricos, 
como Vygotsky (1989), por exemplo, a trajetória principal do desenvolvimento 
psicológico da criança é uma trajetória de progressiva individualização, ou seja, 
é um processo que se origina nas relações sociais, interpessoais e se transforma 
em uma relação do sujeito consigo mesmo, ou seja, individual e intrapessoal. 
Assim, vemos que a língua e a linguagem são importantíssimas na constituição 
do sujeito, independentemente de ele ser surdo ou ouvinte.
Durante muito tempo, as pesquisas e teorias elaboradas em relação à 
língua e à linguagem se voltaram apenas para o sujeito ouvinte, porém, com um 
tempo surgiram pesquisas voltadas para a língua e linguagem do sujeito que não 
é ouvinte. Estudos esses voltados, por exemplo, para a língua de sinais, sendo o 
nosso foco nesta disciplina e neste livro. Nesta Unidade 1 iremos nos debruçar a 
estudar a língua de sinais como L1 para os surdos, e faremos um estudo sobre a 
língua de sinais e sobre a aquisição da linguagem.
Sempre que nos referirmos à L1 para o surdo que é brasileiro, estaremos falando 
da Libras (Língua Brasileira de Sinais), e L2 para esse como sendo o Português Brasileiro 
(isso, porque o português falado no Brasil tem suas particularidades linguísticas que não 
temos, por exemplo, no Português de Portugal).
DICAS
2 ESTUDOS DE LÍNGUAS DE SINAIS E A 
AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM
“A única força criativa da humanidade, sua única força utópica: a força da 
linguagem” (MICHON, 2005, p. 289 apud LAZZARATO, 2014, p. 55).
Como a linguagem é a força criativa da humanidade, neste tópico iremos 
falar sobre algumas produções e teorias em relação a estudos relacionados à 
língua de sinais e sobre a sua aquisição por crianças surdas e a relação desta com 
o ensino e aprendizagem de um modo geral. 
TÓPICO 1 | AQUISIÇÃO DE LÍNGUAS DE SINAIS COMO PRIMEIRA LÍNGUA
5
Alguns estudos produzidos em relação a esse tema focaram em crianças 
surdas, filhasde pais surdos, uma vez que neste contexto a criança está exposta 
ao contexto adequado para a aquisição da língua de sinais acontecer de forma 
natural, assim como acontece com as crianças ouvintes expostas às línguas 
faladas, no caso do Brasil, com o PB. Outras pesquisas já remeteram a pesquisa 
para a aquisição tardia, uma vez que uma parte das crianças surdas nasce em 
famílias ouvintes, que desconhecem a língua de sinais, muitas vezes. Além disso, 
muitas famílias levam muito tempo até conhecerem a língua de sinais, podendo 
implicar a aquisição tardia.
Assim, estudaremos algumas pesquisas considerando os estudos das 
línguas de sinais, tais como, pesquisas sobre os efeitos de modalidade da língua 
na aquisição da linguagem. No Brasil, a língua de sinais brasileira começou a ser 
investigada nas décadas de 1980 e 1990 (QUADROS, 1995, 1999) e a aquisição da 
língua de sinais brasileira nos anos 1990 (KARNOPP, 1994; QUADROS, 1995, 1997). 
Estas pesquisas têm mostrado que as crianças surdas, filhas de pais 
surdos, adquirem as regras de sua gramática de forma muito similar às crianças 
adquirindo as línguas faladas. A constituição da gramática da criança independe 
das variações das línguas e das modalidades em que as línguas se apresentam. 
Para Quadros (2007, p. 677): “Qualquer língua oral exigirá procedimentos 
sistemáticos e formais para ser adquirida por uma pessoa surda”. Assim, caso 
a pessoa surda estude, por exemplo, o PB, precisa ter procedimentos formais e 
sistemáticos, ou seja, sendo necessário criar estratégias de ensino e aprendizagem. 
Na verdade, todo ensino e aprendizagem precisa de metodologias e didática, 
e como o ensino da língua oral para o surdo não é diferente, diante disso, na 
Unidade 2 estudaremos alguns aspectos metodológicos do ensino da língua de 
sinais, por meio de um contexto. 
Como diz Chomsky (1995), independentemente da língua, a faculdade 
da linguagem é algo comum entre os seres humanos. Assim, a aquisição da 
linguagem é algo natural a todos os seres humanos, na verdade, até mesmo os 
animais irracionais fazem uso de suas linguagens próprias, cada um com suas 
particularidades. 
O ser humano, enquanto ser ainda mais complexo, se mostra mais 
envolvido em relação à linguagem, pois de um modo geral somos gerados 
enquanto sujeitos através da linguagem, por isso, e devido a ela, somos seres 
únicos, que temos uma identidade, porém, devido à linguagem nos tornamos 
parecidos na nossa unicidade, pois carregamos um pouco da cultura que nos foi 
impregnada através da linguagem, mas também deixamos, nos outros, nossas 
marcas por intermédio dela. Por exemplo, se você tiver um parceiro ou uma 
parceira, sabe o que ele ou ela está pensando por um simples gesto, isso porque 
você conhece a linguagem corpórea do outro. 
Com relação à língua de sinais é interessante observarmos que quanto 
mais cedo for o acesso da criança surda à linguagem que envolve a língua de 
UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
6
sinais, melhor será o desenvolvimento dessa criança em relação à linguagem. Na 
sua maioria, os linguistas têm se ocupado em identificar o que é comum entre as 
línguas de sinais e as línguas faladas e a importância delas em relação à linguagem. 
Por volta de 1960 havia um movimento intenso no sentido de “provar” 
que as línguas de sinais eram, de fato, línguas naturais, entretanto, atualmente, 
não há dúvida em relação ao estatuto linguístico das línguas de sinais. Assim, 
principalmente a partir da década de 1990, iniciaram-se investigações com 
o intuito de identificar não apenas o que era “igual”, mas também o que era 
“diferente” com o objetivo de enriquecer as teorias linguísticas atuais. 
No passado, as pesquisas linguísticas perguntavam, por exemplo, como 
a linguística se aplica às línguas de sinais e aos estudos da aquisição das línguas 
de sinais? – passando a ser, como as línguas de sinais e os estudos do processo 
de aquisição das línguas de sinais podem contribuir para os estudos linguísticos? 
Essa mudança abre novos caminhos investigativos no campo da linguística, 
buscando explicações para o que é diferente entre estas modalidades, até porque 
o que nos move é a diferença e não o igual, pronto e acabado. As possibilidades 
diante do novo e do diferente é que dão o toque e o tempero todo especial às mais 
diferentes pesquisas, e na linguística não é diferente.
A partir de uma perspectiva mais ampla, o desenvolvimento da linguagem 
depende da interação entre os sujeitos. O conhecimento linguístico vai se construindo 
desde o nascimento, nos diálogos e partilhas da criança com o adulto. Assim, é 
importante que no cotidiano escolar haja estimulação e interação, no intuito de dar 
oportunidade aos alunos, sendo eles ouvintes ou surdos, para ampliar a capacidade 
de comunicação oral e de sinais por meio de conversas, discussões, comentários, 
relatos, músicas, escuta e reconto de histórias, como também jogos e brincadeiras, 
pois, de acordo com Lazzarato (2014, p. 55), “a igualdade é, desse modo, verificável 
na linguagem”. Ou seja, podemos ver a inclusão e a igualdade de tratamento entre 
todos os sujeitos, também, através da linguagem. 
3 AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM ORAL PARA PESSOAS 
OUVINTES E PESSOAS SURDAS
Desenvolvemos a linguagem de acordo com nossas necessidades. Para 
Vygotsky (1996), o uso de signos na linguagem conduz os seres humanos a uma 
estrutura específica do comportamento que se destaca no desenvolvimento 
biológico e cria novas formas de processos psicológicos enraizados na cultura. 
Desta forma, o ser humano, através da utilização de instrumentos, criados 
culturalmente ao longo do curso da história, define o seu comportamento diante 
da sociedade, se tornando um sujeito com traços culturais do seu entorno, como 
disse anteriormente.
TÓPICO 1 | AQUISIÇÃO DE LÍNGUAS DE SINAIS COMO PRIMEIRA LÍNGUA
7
Assim, a pessoa desenvolve sua linguagem, conforme as suas necessidades. 
É importante ressaltar que entre a mãe e a criança, ou entre a criança e aquele 
que está próximo a ela, a comunicação se faz através de laços fraternos. Esta 
comunicação é natural, pois mesmo através de gestos, do choro e, às vezes, com o 
próprio olhar, a criança se faz entender. Com a criança surda, entretanto, ela não 
irá se comunicar através do som dos signos e palavras. Mas irá buscar alternativas 
para atingir seus objetivos de se fazer entender, assim ela começa a desenvolver 
sua língua natural, ou seja, a língua de sinais.
De acordo com Guattari (1980, p. 178 apud Lazzarato, 2014, p. 65) “A 
criança não aprende apenas a falar uma língua materna; ela também aprende 
códigos para andar na rua, certo tipo de relação complexa com as máquinas, 
eletricidade etc.” 
Assim, podemos dizer que, independentemente de que forma a criança irá 
desenvolver o seu processo de comunicação e de linguagem, seja na forma oral, 
seja na forma gestual, ou através da língua de sinais, é por meio da linguagem que 
a criança tem acesso a tudo que compõe o meio social e cultural, sejam normas 
morais e éticas, as regras, as crenças e os mais diversos valores, reunindo assim 
os conhecimentos da sua cultura e, consequentemente, a sua formação enquanto 
indivíduo e sujeito.
Prezado acadêmico! Sabemos que, por meio da linguagem, constituímos o 
mundo e nos construímos como sujeitos, com uma identidade, e que essa mesma 
linguagem é adquirida de forma espontânea, ou seja, a linguagem é o nosso meio 
de comunicação com o mundo. Como em nossa sociedade há o predomínio da 
linguagem oral, visto que a maioria das pessoas se comunica através dela, muitas 
vezes, a linguagem adquirida pelos surdos, a língua de sinais, não é reconhecida, 
e na maioria das vezes não é prestigiada como língua, ainda que possua 
características próprias, com estruturas diferenciadas. Além disso, muitos pais 
de filhos surdos possuem preconceito (no sentido de terem um conceito formado 
antes mesmo de conhecer a importância social e linguísticada Libras para o 
surdo) formado em relação à língua de sinais, ficando inseguros em permitir que 
os filhos aprendam Libras, por exemplo. 
É importante ressaltarmos que o surdo pode vir a aprender a se comunicar 
através da língua oral, mas esse não é um processo natural a ele, assim como os 
ouvintes podem aprender a se comunicar através da língua de sinas, todavia esse 
também não é um processo natural ao ouvinte. Mas não há problema algum em 
aprender a se comunicar em outra língua. Não é esta a questão que queremos 
mostrar aqui, mas chamar sua atenção para a importância do aprendizado da 
língua de sinais para os surdos. Ela é algo natural e o fato de o surdo se comunicar 
através da língua de sinais não faz dele uma pessoa restringida em relação ao 
conhecimento. 
 A Libras, no Brasil, deve ser ofertada em cursos de licenciaturas e de 
fonoaudiologia, isso para que os futuros professores tenham acesso aos conceitos 
UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
8
básicos da Libras durante sua formação docente. Na Unidade 3, nós trataremos 
das questões metodológicas voltadas para o ensino e aprendizagem da Libras, 
e, também falaremos sobre a formação docente em relação ao ensino da Libras e 
em relação à Libras como disciplina obrigatória no Curso de Fonologia a partir 
do segundo semestre/2017, em muitas universidades, principalmente na UFMG. 
A disciplina já existia desde agosto de 2006 e era oferecida como optativa. Com 
a mudança, o estudante passou a ter a obrigação de cursá-la e ser aprovado 
para obter o diploma de graduação. A obrigatoriedade foi imposta pela Lei nº 
10.436/2002 e pelo Decreto-lei nº 5.626/2005.
9
No Tópico 1, da Unidade 1, você viu e estudou:
• A aquisição de línguas de sinais como primeira língua.
• A linguagem é natural do ser humano.
• Desde o nascimento somos expostos à comunicação, e essa comunicação se 
enraíza nos dando subsídios para dialogarmos com o mundo à nossa volta, 
seja através do choro ou do sorriso, através das palavras ou dos gestos. 
• É através do meio em que vivemos e no ambiente em que nascemos que 
adquirimos a língua que nos é natural, pelo fato de pertencer ao nosso 
cotidiano.
• Para as pessoas ouvintes nascidas e que moram no Brasil, por exemplo, a 
língua natural é PB (Português Brasileiro). 
• L1para os surdos brasileiros: Libras.
• L2 para os surdos brasileiros: Língua Portuguesa.
• Para Saussure (1987), a língua não se confunde com a linguagem, pois ela 
é somente uma parte determinada, essencial dela; indubitavelmente, é, ao 
mesmo tempo, um produto social da faculdade de linguagem e um conjunto 
de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para possibilitar o 
exercício dessa faculdade nos indivíduos.
• Já a linguagem é tida como tudo o que envolve significação, que tem valor 
semiótico, não se restringindo apenas a uma forma de comunicação, e é nela 
que o pensamento do sujeito é constituído (GOLDFELD, 1997). 
• Independentemente da língua, a faculdade da linguagem é algo comum entre 
os seres humanos.
• Desenvolvemos a linguagem de acordo com nossas necessidades. Para 
Vygotsky (1996), o uso de signos na linguagem conduz os seres humanos a uma 
estrutura específica do comportamento que se destaca no desenvolvimento 
biológico e cria novas formas de processos psicológicos enraizados na cultura.
RESUMO DO TÓPICO 1
10
Perguntas para a pesquisa:
1. Você é filho de pais surdos ou ouvintes?
2. Com quantos anos você passou a ter contato com a Libras?
3. Com quantos anos você passou a ter contato com o Português Brasileiro?
4. Você se considera falante da Língua Portuguesa ou da Libras?
5. Qual língua considera natural para você? O Português ou a Libras?
AUTOATIVIDADE
Prezado acadêmico, faça uma pesquisa rápida com 
pessoas que você conheça que sejam surdas, para saber qual é a 
relação delas com a Libras, de preferência escolha fazer com no 
mínimo cinco surdos. 
11
TÓPICO 2
AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM POR CRIANÇAS 
SURDAS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Conforme nossos estudos, as línguas de sinais são 
naturais às comunidades surdas dos países que as utilizam. Assim como as 
línguas faladas, as línguas de sinais não são universais, sendo que geralmente 
cada país apresenta a sua própria língua. No caso do Brasil, temos a Libras 
e, além dela, tem-se também a língua de sinais usada por uma tribo indígena 
brasileira chamada Urubu Kaapor, citada por Ferreira Brito (1993). As línguas 
de sinais apresentam-se numa modalidade diferente das línguas orais auditivas; 
são línguas espaço-visuais, ou seja, a realização dessas línguas não é estabelecida 
através do canal oral-auditivo, mas através da visão e da utilização do espaço. A 
diferença na modalidade determina o uso de mecanismos sintáticos específicos 
diferentes dos utilizados nas línguas orais. As línguas de sinais são sistemas 
linguísticos independentes dos sistemas das línguas orais e não são universais. 
 As línguas de sinais, entre elas a Libras, parecem apresentar especial 
interesse nas pesquisas linguísticas dentro da perspectiva gerativista. As línguas 
de sinais podem ser exemplos de línguas que fortalecem a proposta gerativista 
quanto à existência de um módulo da linguagem na mente/cérebro do ser humano. 
Quanto aos aspectos estruturais das línguas de sinais, há dois fundamentais: 
a) o estabelecimento nominal e a pronominalização e 
b a concordância verbal (conforme podemos ver em relação aos pronomes no 
glossário ao final dessa unidade). 
Os sujeitos e objetos podem ser estabelecidos em um ponto no 
espaço de sinalização, quando isso ocorre, há um estabelecimento nominal 
e a pronominalização. Esse estabelecimento é completamente espacial e é 
fundamental para a concordância verbal, principalmente com referentes não 
presentes. Considerando que o processo de aquisição das línguas de sinais é 
análogo ao processo de aquisição das línguas faladas, as seções seguintes estão 
subdivididas nos estágios de aquisição adotados nos estudos sobre a aquisição da 
linguagem. O estabelecimento nominal, o sistema pronominal e a concordância 
verbal serão enfatizados tendo em vista que tais tópicos são fundamentais para o 
estabelecimento de relações gramaticais (espaciais).
Até porque o fato de a criança ser surda não é empecilho para que não 
possa se constituir como sujeito. Essa limitação não priva a criança de adquirir sua 
linguagem, pode ocasionar um atraso no processo, mas não uma incapacidade. 
UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
12
Esse processo dependerá do ambiente linguístico, neste caso o gestual, em que 
a criança esteja exposta, assim como da interação com outros indivíduos de 
características semelhantes. Para Quadros (1997, p. 67), “Os estudos sobre a 
aquisição da linguagem – AL – estão diretamente relacionados com as diferentes 
abordagens sobre a aquisição”. São para ela três abordagens sobre aquisição 
da linguagem. A abordagem comportamentalista, a abordagem linguística e a 
abordagem interacionista. 
Para falar da abordagem comportamentalista, Quadros (1997) toma 
como base teórica o pensamento de Skinner (1957). Nesta abordagem, 
comportamentalista, a experiência é a experimentação planejada como base do 
conhecimento. Onde os modelos de ensino são desenvolvidos a partir da análise 
dos processos por meio dos quais o comportamento humano é modelado e 
reforçado. Assim, a aquisição da linguagem se dá através de estímulos, reforço, 
condicionamento, treino e imitação.
Segue um esquema sobre a abordagem comportamentalista.
FIGURA 1 - ESQUEMA DA ABORDAGEM COMPORTAMENTALISTA
FONTE: <https://goo.gl/6qB9df>. Acesso em: 4 jun. 2018.
HomemAbordagem Comportamentalista
Conhecimento Operacionalizado Produto do Meio
Comportamento Social
enfatiza
para moldar manipula-lo
Em relação à abordagem linguística, essa abordagem irá utilizar o teórico 
Chomsky (1957). Para ele, a cada época, cada regiãoe mesmo cada indivíduo 
sempre modificam um pouco a língua, de maneira que o trabalho seria uma 
catalogação infinita, pois está sempre em mudança. Chomsky (1957) postulou 
que se pode descrever algebricamente as línguas – ou melhor, a língua humana 
–, a partir de esquemas abstratos e não de dados colhidos em cada situação. Saiu 
da visão indutiva e passou à dedução: em vez de procurar as particularidades 
de cada língua, ele cogitou que, sendo manifestações de uma condição inata, as 
línguas devem guardar características universais, marcas de sua origem comum 
no cérebro humano.
TÓPICO 2 | AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM POR CRIANÇAS SURDAS
13
Para descrever o processo cerebral que dá origem às frases, ele postulou a 
tese de que a linguagem humana ocorre em dois níveis, uma estrutura profunda, 
na qual o raciocínio ocorre sem o uso de palavras (essa estrutura corresponderia 
ao que hoje concebemos como um software), e uma estrutura superficial, que são 
as frases que dizemos, pensamos e escrevemos. Entre os dois níveis haveria um 
conjunto de transformações, que o linguista deveria descrever.
Nesta perspectiva da linha de pensamento de Noam Chomsky, segue a 
Figura 2, sobre a importância de cada sujeito independentemente da sua linguagem.
FIGURA 2 - NOAM CHOMSKY
FONTE: <https://goo.gl/K7Lg7H>. Acesso em: 4 jun. 2018.
Ainda em relação à abordagem linguística, esse dispositivo é a gramática 
universal, que contém princípios rígidos e abertos. Esses princípios rígidos captam 
os aspectos gramaticais que são comuns às línguas humanas, já os princípios 
abertos captam as variações das línguas, também chamadas de parâmetros. Para 
Quadros (1997, p. 68), “Quando todos os parâmetros estão fixados, a criança 
adquiriu a Gramática Núcleo, isto é, a gramática de sua língua”.
A abordagem interacionista tem dois aspectos, que são: cognitivista e o 
enfoque social. Os enfoques cognitivistas têm como base teórica o pensamento 
de Piaget, investigando o que há de comum e de universal no desenvolvimento. 
E a abordagem sociointeracionista, tendo como base o pensamento de Vygotsky, 
enfatizando o papel do ambiente na produção da estrutura da linguagem, em que 
a interpretação e as associações, bem como as regras gramaticais (signos), estão 
dentro de um contexto social. 
Segue esquema sobre a abordagem interacionista dentro da perspectiva 
cognitivista. 
UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
14
Objeto
Abordagem Cognitivista
Interacionista
Aprendizagem
Adaptação ao Meio
Assimilação do Conhecimento
Modificação de estruturas mentais
Pensamento
Sujeito
faz
faz
base
FIGURA 3 - ESQUEMA SOBRE ABORDAGEM COGNITIVISTA 
FONTE: <https://goo.gl/6GT7AD>. Acesso em: 5 jun. 2018.
Enquanto Piaget (1990) defende que a estruturação do organismo procede 
o desenvolvimento, para Vygotsky (1989 - 1996) é o próprio processo de aprender 
que gera e promove o desenvolvimento das estruturas mentais superiores. 
Segue esquema do pensamento interacionista na visão de Piaget. São 
quatro fatores que Piaget (1990) considera essenciais e, até mesmo, responsáveis 
pelo desenvolvimento cognitivo da criança: 
1) Fator biológico: é um fator que está relacionado ao crescimento orgânico e à 
maturação do sistema nervoso.
2) Fator de experiências e de exercícios: este fator é obtido na ação da criança 
sobre os objetos. 
3) Fator de interações sociais: é um fator que se desenvolve por meio da linguagem 
e da educação. 
4) Fator de equilibração das ações: é um fator que está relacionado à questão da 
adaptação ao meio e/ou às situações.
TÓPICO 2 | AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM POR CRIANÇAS SURDAS
15
FIGURA 4 - ESQUEMA SOBRE A ABORDAGEM INTERACIONISTA DE PIAGET 
FONTE: <https://goo.gl/p2zrZi>. Acesso em: 5 jun. 2018.
Agora, esquema sobre a linha de pensamento de Vygotsky (1989) em 
relação à abordagem interacionista.
UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
16
Teoria Sociocultural 
Vygotsky
Zona de Desenvolvimento 
Proximal - ZDP
Mediação Cognitiva
Processo de 
Internalização
Nível Potencial
Nível Social
Nível Individual
Interação Social
Planejar
Comprar
Imaginar
Lembrar
Trocas mediadas 
pela linguagem
Professor Instrumentos
Funções Psicológicas 
Superiores
Colega Signos
relaciona
outro
mais capaz por meio
corresponsável
pelo desenvolvimento
das
processos mentais 
não inatos, Ex:
devidamente 
mediado
envolve
para
facilitadas 
pela
o conhecimento é 
adquirido pelascorre do
Nível Real
FIGURA 5 - ESQUEMA SOBRE ABORDAGEM INTERACIONISTA – VYGOTSKY 
FONTE: <https://goo.gl/V75urH>. Acesso em: 5 jun. 2018.
Assim, na perspectiva interacionista, o meio em que a criança vive é 
influenciador de sua linguagem. As relações sociais são importantíssimas nessa 
perspectiva. Na perspectiva de Vygotsky (1996), o desenvolvimento histórico 
acontece do social para o individual, podemos dizer assim que a aquisição da 
língua de sinais se estende do social para o individual, sendo algo natural e que 
é fomentado no meio social, assim como ocorre com as línguas orais. Vygotsky 
(1996) fez seus estudos baseando-se no materialismo-histórico-dialético de Marx 
e Engels, que afirmavam que as mudanças históricas sociais ocorridas dentro de 
uma sociedade influenciam o comportamento dos indivíduos. Vygotsky (1989) 
afirmava que o homem só se constrói ser humano nas suas relações sociais, pois 
é na vivência em sociedade que acontece a transformação do ser biológico para o 
ser humano. As informações e a linguagem nunca são absorvidas diretamente do 
meio, mas elas são intermediadas, direta ou indiretamente, pelas pessoas que nos 
cercam, e que são carregadas de significados sociais e históricos. Essas informações 
intermediadas e reelaboradas se concretizam numa espécie de linguagem interna, 
que caracterizará a sua individualidade, sendo essa fundamental. Um dos meios 
importantes para o desenvolvimento da linguagem são as brincadeiras infantis 
que proporcionam a interação do indivíduo um com o outro. 
TÓPICO 2 | AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM POR CRIANÇAS SURDAS
17
FIGURA 6 - ABORDAGEM INTERACIONISTA – CRIANÇAS BRINCANDO
FONTE: <https://goo.gl/4kUNof>. Acesso em: 5 jun. 2018.
É importante também levarmos em conta o pensamento de Vygotsky 
(1989), em que ele caracterizou a chamada zona de desenvolvimento proximal, 
que é a distância entre o que se pode fazer sozinho e o que se faz com a 
mediação de outra pessoa, ou de signos. O que novamente valida a importância 
de conhecer o contexto social no qual o sujeito está inserido, para entender a 
maneira como estrutura o seu pensamento. Essas medidas são essenciais para 
iniciar e nortear um processo significativo de alfabetização, em que o aluno seja 
capaz de relacionar aprendizagens anteriores às atuais e não apenas decodificar 
signos, não bastando ao surdo apenas aprender os sinais, mas ser letrado, ou seja, 
saber refletir utilizando a linguagem de sinais, dentro desse processo de ensino e 
aprendizagem como um todo.
UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
18
FIGURA 7 - CRIANÇAS APRENDENDO BRINCANDO-INTERAÇÃO 
FONTE: <https://goo.gl/68bFM6>. Acesso em: 5jun. 2018.
Para Vygotsky (1989), o desenvolvimento da linguagem implica o 
desenvolvimento do pensamento, pois pelas palavras o pensamento ganha 
existência (MIRANDA; SENRA, 2012). A linguagem intervém no desenvolvimento 
intelectual da criança ouvinte e surda desde seu nascimento, pois, para Fossile 
(2010), a linguagem fornece os conceitos e as formas de organização do real que 
constituem a mediação entre o sujeito e o objeto de conhecimento.
FIGURA 8 - SUJEITO-OBJETO-CONHECIMENTO
FONTE: <https://goo.gl/fKJGFX>. Acesso em: 5 jun. 2018.
TÓPICO 2 | AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM POR CRIANÇAS SURDAS
19
O contato que o indivíduo tem com o meio e com seus iguais, ou seja, 
como outros que falam a sua língua, é mediado por um conhecimento e/ou 
experiênciaassimilados anteriormente, uma vez que o indivíduo não tem contato 
direto com os objetos, e sim mediado através da linguagem. Por isso, ele tem a sua 
teoria como socioconstrutivista, pois percebe que interação é mediada por várias 
relações, diferentemente do construtivismo, em que o sujeito age diretamente 
com o objeto (MAGALHÃES, 2007).
Assim, nós iremos entender um pouco mais sobre esse processo de 
aquisição da linguagem, quando estudaremos o período pré-linguístico, o estágio 
de uma palavra, estágio das primeiras combinações e estágio das múltiplas 
combinações. 
2 PERÍODO PRÉ-LINGUÍSTICO
De acordo com Quadros (1997, p. 70):
Petitto & Marantette (1991) realizaram um estudo sobre o balbucio em 
bebês surdos e bebês ouvintes no mesmo período de desenvolvimento 
(desde o nascimento até por volta dos 14 meses de idade). Elas 
verificaram que o balbucio é um fenômeno que ocorre em todos os 
bebês, surdos assim como ouvintes, como fruto da capacidade inata 
para a linguagem. As autoras constataram que essa capacidade inata é 
manifestada não só através de sons, mas também através de sinais. Nos 
dados analisados por Petitto & Marantette foram observadas todas as 
produções orais para detectar a organização sistemática desse período. 
Também foram observadas todas as produções manuais tanto dos bebês 
surdos como dos bebês ouvintes para verificar a existência ou não de 
alguma organização sistemática.
Nos bebês surdos foram detectadas duas formas de balbucio manual: 
o balbucio silábico e a gesticulação. O balbucio silábico apresenta 
combinações que fazem parte do sistema fonético das línguas de sinais. 
Ao contrário, a gesticulação não apresenta organização interna. 
Os dados apresentam um desenvolvimento paralelo do balbucio oral e 
do balbucio manual. Os bebês surdos e os bebês ouvintes apresentam 
os dois tipos de balbucio até um determinado estágio e desenvolvem 
o balbucio da sua modalidade. É por isso que os estudos a firmavam 
que as crianças surdas balbuciavam (oralmente) até um determinado 
período. As vocalizações são interrompidas nos bebês surdos assim 
como as produções manuais são interrompidas nos bebês ouvintes, pois 
o input favorece o desenvolvimento de um dos modos de balbuciar.
As semelhanças encontradas na sistematização das duas formas de 
balbuciar sugerem haver no ser humano uma capacidade linguística 
que sustenta a aquisição da linguagem independente da modalidade da 
língua: oral-auditiva ou espaço-visual.
Assim, Petitto & Marantette (1991 apud QUADROS 1997) nos apresenta 
estudos realizados sobre o balbucio dos bebês, que independem. São um fenômeno 
que ocorre em bebês, surdos e ouvintes, pois o balbucio é parte da linguagem, 
destacando que essa capacidade inata é manifestada não só através de sons, mas 
também através dos sinais, ou seja, através da língua de sinais, porém esse balbucio 
UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
20
é interrompido assim como ocorre com as crianças ouvintes. Caro acadêmico, o 
mais interessante é que as semelhanças encontradas em relação ao balbuciar nos 
apresentam que a aquisição da linguagem independe da modalidade da língua 
que será usada futuramente pelo bebê, se ela será oral-auditiva ou espaço-visual.
Portanto, no estádio pré-linguístico, a criança, em princípio, usa o choro 
para se comunicar, podendo ser rica em expressão emocional. Logo ao nascer este 
choro ainda é indiferenciado, porque nem a mãe sabe o que ele significa, e muitas 
vezes é desesperador, pois a criança chora e você, adulto, não sabe o significado 
daquele choro, mas aos poucos começa a ficar cheio de significados e é possível, 
pelo menos para a mãe, ou para a pessoa mais próxima daquele bebê, saber se o 
bebê está chorando de fome, de cólica, por estar se sentindo desconfortável, por 
querer colo etc. É importante ressaltar que é a relação do bebê com sua mãe, ou 
com a pessoa que cuida dele, que lhe dá elementos para compreender seu choro.
Além do choro, a criança ouvinte começa a produzir o arrulho, que é a 
emissão de um som gutural, que sai da garganta, que se assemelha ao arrulho dos 
pombos. O balbucio ocorre de repente, por volta dos 6-10 meses, e caracteriza-se 
pela produção e repetição de sons de consoantes e vogais como “ma – ma – ma – 
ma”, que, muitas vezes, é confundido com a primeira palavra do bebê.
No desenvolvimento da linguagem, os bebês começam imitando 
casualmente os sons que ouvem. Por exemplo: os bebês repetem repetidas vezes 
os sons como o “da – da – da”, ou “ma – ma – ma – ma”. Por isso as crianças que 
têm problema de audição não evoluem para além do balbucio, já que não são 
capazes de escutar.
De acordo com Petitto e Marantette (1991) (apud Quadros e Schmiedt, 
2006) e Karnopp (1994), por volta dos dez meses, os bebês imitam deliberadamente 
os sons que ouvem, ou os sinais que vêm deixando clara a importância da 
estimulação externa para o desenvolvimento da linguagem. Ao final do primeiro 
ano, o bebê já tem certa noção de comunicação, uma ideia de referência e um 
conjunto de sinais, para se comunicar com aqueles que cuidam dele. Para o surdo, 
o uso de expressões faciais, a repetição de sinais e a utilização de movimentos 
mais lentos e amplos na articulação dos sinais são estratégias utilizadas para 
atrair a atenção visual do bebê surdo. Por fim, quanto à produção manual, o 
período pré-linguístico caracteriza-se, em linhas gerais, pela produção do que é 
denominado balbucio manual, pelos gestos sociais, sendo eles o bater palmas, dar 
tchau, enviar beijinhos, dentre outros, e pela utilização do apontar.
3 ESTÁGIO DE UM SINAL
De acordo com Quadros (1997, p. 71), 
O estágio de um sinal inicia por volta dos 12 meses da criança surda e 
percorre um período até por volta dos dois anos. Karnopp (1994) cita 
estudos que apontam o início do estágio de um sinal por volta dos seis 
meses em bebês surdos filhos de pais surdos adquirindo língua de 
sinais. Por outro lado, sabe-se que os estudos de crianças adquirindo 
TÓPICO 2 | AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM POR CRIANÇAS SURDAS
21
línguas orais iniciam esse período por volta dos 12 meses. Lillo-
Martin (1986) observa que as razões apontadas por esses estudos para 
explicar tal diferença cronológica baseiam-se no desenvolvimento 
dos mecanismos físicos (mãos e trato vocal). Entretanto, Petitto (1987) 
argumenta que a criança simplesmente produz gestos que diferem dos 
sinais produzidos por volta dos 14 meses, analisando essa produção 
gestual como parte do balbucio, período pré-linguístico. As primeiras 
produções na língua de sinais americana – ASL incluem as formas 
chamadas congeladas da produção adulta. São sinais que não são 
flexionáveis, tipo MOTHER na ASL. Quando um sinal apresenta 
flexões no padrão adulto, a criança usa formas morfofonêmicas.
Desta forma, o estágio de um sinal, de acordo Karnopp (1994), começa 
por volta de seis meses, quando esses bebês surdos são filhos de pais surdos, 
e por volta dos 12 meses de um modo geral, pois essa criará estratégias para se 
comunicar, ou seja, para se fazer entendida, para conseguir aquilo que almeja. 
Explicando assim, a diferença cronológica tem como base os desenvolvimentos 
dos mecanismos físicos (mãos e trato vocal), porém a criança simplesmente produz 
gestos que diferem dos sinais produzidos por volta dos 14 meses, analisando essa 
produção gestual como parte do balbucio, período pré-linguístico.
FIGURA 9 - SINAL DE MOTHER NA ASL
FONTE: <https://goo.gl/nxrpzT>. Acesso em: 5 jun. 2018.
UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
22
De acordo com Quadros (1997, p. 71), os autores
Petitto & Bellugi (1988) observaram que as crianças surdas com 
menos de dois anos não fazem uso dos dispositivos indicativos da 
ASL. Os dispositivos indicativos envolvem o sistema pronominal das 
línguas de sinais. As crianças omitiam essas indicações até quando 
imitavam seus pais. Petitto (1987) e Bellugi e Klima(1989) analisaram a 
descontinuidade no uso da indicação (apontação) nas crianças surdas. 
As crianças surdas com menos de um ano, assim como as crianças 
ouvintes, apontam frequentemente para indicar objetos e pessoas. 
Mas quando a criança entra no estágio de um sinal, o uso da apontação 
desaparece. Petitto (1987) sugere que nesse período parece ocorrer uma 
reorganização básica em que a criança muda o conceito da apontação 
inicialmente gestual (pré-linguística) para visualizá-la como elemento 
do sistema gramatical da língua de sinais (linguístico).
O segundo estágio, denominado de "estágio de um sinal", inicia-se, 
segundo Quadros (1997), como vimos na citação acima, entre o primeiro e 
segundo ano de vida da criança. No início deste período, tanto a criança surda 
quanto a ouvinte deixam de apontar objetos e pessoas.
É neste estágio que ela inicia as primeiras produções, na língua de sinais, 
assim como a criança ouvinte começa a pronunciar as primeiras palavras. Para 
Quadros (1997), é nesse período que ocorre uma reorganização básica, em que 
a criança muda o conceito da "apontação" inicialmente gestual, pré-linguística, 
para visualizá-la como elemento do sistema gramatical da língua de sinais, ou 
seja, o linguístico.
Ou seja, o estágio de um sinal inicia por volta dos 12 meses da criança 
surda e vai até por volta dos dois anos. Estudos mostram que a criança surda, 
filha de pais surdos, inicia o estágio de um sinal por volta de seis meses, enquanto 
que uma criança ouvinte iniciaria a linguagem oral em torno dos 12 meses; porém, 
se sabe que essa produção gestual inicial é relativa ao balbucio de crianças sem 
deficiência auditiva. As formas inflexionáveis são as primeiras a se apresentarem, 
enquanto que as flexionáveis são utilizadas morfofonemicamente. 
Crianças surdas, com menos de dois anos de idade, não fazem uso dos 
dispositivos indicativos da ASL, e consequentemente da Libras, ou seja, não 
utilizam pronomes nem mesmo quando imitando seus pais. Com menos de um 
ano, usam a apontação assim como uma criança que adquire a língua oral, e este 
processo desaparece quando inicia o estágio de um sinal. 
Veja a figura a seguir resumindo esse estágio.
TÓPICO 2 | AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM POR CRIANÇAS SURDAS
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FIGURA 10 - ESTÁGIO DE UM SINAL – RESUMO
FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/gRYGS2>.Acesso em: 22 jul. 2018.
4 ESTÁGIO DAS PRIMEIRAS COMBINAÇÕES
Já no estágio das primeiras combinações, que se inicia por volta dos dois 
anos de idade, começa o estabelecimento da ordem das palavras que é utilizada 
nas relações gramaticais.
Para Quadros (1997, p. 71-74), 
Surgem as primeiras combinações de sinais por volta dos dois anos 
das crianças surdas. Fischer (1973) e Hoffmeister (1978) observaram 
que a ordem usada pelas crianças surdas durante esse estágio é SV, VO 
ou, ainda, num período subsequente, SVO. Meier (1980) verificou que 
a ordem das palavras é utilizada para o estabelecimento das relações 
gramaticais.
Meier (1980) observou que, assim como o japonês e o croata, nem 
todos os verbos da ASL podem ser flexionados para marcar as 
relações gramaticais em uma sentença. Há alguns tipos de verbos 
que apresentam limitações lexicais e fonológicas para incorporar 
os pronomes, por exemplo, os verbos ancorados no corpo, como 
GOSTAR e PENSAR na Libras. Isso sugere que as crianças surdas 
devem adquirir duas estratégias para marcar as relações gramaticais: a 
incorporação dos indicadores e a ordem das palavras. A incorporação 
dos indicadores envolve a concordância verbal, e essa depende 
diretamente da aquisição do sistema pronominal.
UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
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No estágio em discussão, as crianças começam a usar o sistema 
pronominal, mas de forma inconsistente. Os estudos realizados por 
Bellugi e Klima (1979) detectaram que o padrão de aquisição das 
crianças surdas é bastante próximo ao das crianças ouvintes. Bellugi 
e Klima (1979), a princípio, consideravam que seria mais fácil para as 
crianças surdas a aquisição do sistema pronominal. Os resultados foram 
surpreendentes. Os pronomes EU e TU na ASL são identificados através 
da indicação propriamente dita, a si mesmo e ao outro, respectivamente. 
Parece óbvio que uma criança aprendesse essa regra rapidamente e a 
usasse sem cometer erros. Mas o que acontece é, na verdade, diferente.
Assim como na aquisição do Inglês por crianças ouvintes, a aquisição 
na ASL desses pronomes apresenta as mesmas características conforme 
mencionam os estudos de Petitto (1986, 1987). Petitto (1986) observou 
que nesse período ocorrem 'erros' de reversão pronominal, assim como 
ocorrem com crianças ouvintes. As crianças usam a apontação direcionada 
ao receptor para referirem-se a si mesmas. A princípio, causa certa 
surpresa constatar esse tipo de erro nas crianças surdas devido à aparente 
transparência entre a forma de apontação e o seu significado. Esse tipo 
de erro e a evitação do uso dos pronomes são fenômenos diretamente 
relacionados com o processo de aquisição da linguagem.
Petitto descarta a hipótese de mudança de perspectiva, pois, no caso 
das línguas de sinais, se essa hipótese fosse verdadeira, as crianças 
deveriam apresentar erros na perspectiva de todos os sinais. Para 
Petitto, a criança usa o sinal 'YOU' como um item congelado, não 
dêitico, não recíproco e que refere somente a ela.
Petitto (1987) concluiu que, apesar da aparente relação entre forma e 
significado da apontação, a compreensão dos pronomes não é óbvia para 
a criança dentro do sistema linguístico da ASL. A aparente transparência 
da apontação é anulada diante das múltiplas funções linguísticas que 
apresenta. Se as crianças não entenderem a relação indicativa entre a 
forma apontada e o seu referente, a plurificação da apontação pode 
tomar-se uma dificuldade na aquisição dos mecanismos gramaticais.
Esse estudo nos revela evidências da descontinuidade da transição dos 
fatores pré-linguísticos aos linguísticos. Petitto afirma que aspectos da 
estrutura linguística e da sua aquisição parecem envolver conhecimentos 
específicos da linguagem. Ela conclui que, apesar da relação entre a 
forma e o símbolo e a apontação e seu significado, a compreensão das 
funções da apontação dos pronomes não é óbvia para a criança dentro do 
sistema linguístico da ASL. A ideia de que a gesticulação pode funcionar 
linguisticamente é tão forte que anula a transparência indicativa da 
apontação. As semelhanças na aquisição do sistema pronominal entre 
crianças ouvintes e surdas sugerem um processo universal de aquisição 
de pronomes, apesar da diferença radical na modalidade. Hoffmeister 
(1978) observou que a apontação envolve o sistema pronominal, o 
sistema dos determinadores e modificadores, o sistema de paralisação e 
a modulação do sistema verbal. No estágio das primeiras combinações, 
Hoffmeister observou que os objetos são nomeados e referidos somente 
em situações do contexto imediato.
Na Libras, Quadros (1995) observou algumas combinações de sinais, 
normalmente envolvendo dois a três sinais (Os nomes dos informantes 
observados por Quadros (1995) foram substituídos por letras maiúsculas. 
Cinco crianças foram observadas: F tinha 2:04 anos de idade; D, 3:05; L, 
3:03; G, 5:11 e M, 6:04) congelados, pois IR é um verbo com concordância 
na Libras e F usou-o sem flexioná-lo (a Libras é uma língua ágrafa). Para 
efeitos de simplificação, foram usadas palavras da Língua Portuguesa 
em letras maiúsculas para transcrição dos enunciados das crianças. Os 
índices indicam as pessoas envolvidas no discurso (i, j, k para 1a. 2a e 3ª, 
respectivamente). Para diferentes 3" pessoas citadas foram usadas aspas 
simples para diferenciá-las (k, k' k", k'")).
TÓPICO 2 | AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM POR CRIANÇAS SURDAS
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(DF (2:4) 
a. AULA IR. '(Eu) vou à aula'. 
b. TRÊS kBRINCAR AQUI. '(Eles) três brincam aqui'. 
Exemplos como os ilustrados em (2) mostram que F já usa o sistema 
pronominal com referentes presentesde forma adequada.
(2) 
a. EU SAIR TCHAU! 'Eu estou saindo. Tchau!'
b. ELEk OLHAR ELEk. 'Elei olhou para ele/.
Sobre esse período, Quadros e Schmiedt (2006, p. 20) explicam:
A língua de sinais vai ser adquirida por crianças surdas que tiverem 
a experiência de interagir com usuários de língua de sinais. Se isso 
acontecer, por volta dos dois anos de idade, as crianças estarão 
produzindo sinais usando um número restrito de configurações 
de mão [...]. As crianças nesta fase começam a marcar sentenças 
interrogativas com expressões faciais concomitantes com o uso de 
sinais [...]. Nesse período, também é verificado o início do uso da 
negação não manual através do movimento da cabeça para negar, 
bem como o uso de marcação não manual para confirmar expressões 
comuns na produção do adulto.
Como podemos observar nas citações de Quadros (1997) e Quadros e 
Schmiedt (2006), neste estágio das primeiras combinações, a criança começa a 
formular frases para expressar o que ela quer, onde também começa a usar o sistema 
pronominal, mas de forma inconsistente. Detecta-se que o padrão de aquisição das 
crianças surdas é bastante próximo ao das crianças ouvintes. Neste período, elas 
usam em média três sinais. Como é bonito ver o desenvolvimento da linguagem 
humana e em especial da criança surda, todavia a língua de sinais vai ser adquirida 
por crianças surdas que tiverem a experiência de interagir com usuários de língua 
de sinais, e isso é um ponto importantíssimo das citações acima. 
O estágio das primeiras combinações surge por volta dos dois anos e a 
ordem usada nas combinações frasais é: SV, VO ou depois SVO, havendo uma 
limitação no que diz respeito às ligações lexicais e fonologias, além de não ocorrer 
a flexão de alguns verbos. Devido a esta deficiência, as crianças surdas utilizam 
duas estratégias para marcarem as relações gramaticais, são elas: a incorporação 
dos indicadores e a ordem das palavras. 
Neste estágio, é iniciado o uso da forma pronominal, porém de forma ainda 
inconsistente; há ocorrência de erros, principalmente no que diz respeito a indicações 
pronominais, por exemplo, na utilização do pronome “tu” ao invés de “eu”. 
Em pesquisas, foi observado que a apontação envolve o sistema pronominal, 
o sistema dos determinadores e modificadores, onde objetos são nomeados 
e referidos somente em situações do contexto imediato, ou seja, que estejam 
presentes no espaço onde se encontra o não ouvinte. 
UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
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FIGURA 11- RESUMO: ESTÁGIO DAS PRIMEIRAS COMBINAÇÕES
FONTE: <https://goo.gl/gRYGS2>. Acesso em: 22 jul. 2018.
5 ESTÁGIO DE MÚLTIPLAS COMBINAÇÕES
O estágio das múltiplas combinações tem como característica uma 
ampliação do vocabulário nas crianças surdas e ouvintes, que ocorre dos dois 
anos e meio em diante. Karnopp (1999) explica que neste estágio, a criança surda 
comete os mesmos erros gramaticais na língua de sinais que a criança ouvinte 
comete na língua oral. Quadros e Schmiedt (2006, p. 22) relatam os principais 
avanços desse estágio:
A partir desse período, elas começam a combinar unidades 
de significado menores para formar novas palavras de forma 
consistente. [...] Nesse período, as expressões faciais são usadas de 
acordo com a estrutura produzida, isto é, as produções não manuais 
das interrogativas, das topicalizações e negações são produzidas 
corretamente [...]. Aos poucos, torna-se mais claro o uso da direção 
dos olhos para concordância com os argumentos, bem como o jogo de 
papéis desempenhados através da posição do corpo. 
Por volta dos dois anos e meio aos três anos, a criança surda inicia o 
processo de distinções derivacionais, de expansão do vocabulário e da formação 
pronominal para indicar pessoas e objetos que não estejam presentes fisicamente 
no espaço onde ela se encontra. De acordo com Quadros (1997, p. 74),
Em torno dos dois anos e meio a três anos, as crianças surdas 
apresentam a chamada explosão do vocabulário. Lillo-Martin (1986) 
cita que nesse período começam a ocorrer distinções derivacionais 
(por exemplo, a diferenciação entre CADEIRA e SENTAR). As crianças 
começam a usar formas idiossincrásicas para diferenciar nomes e 
verbos. O domínio completo dos recursos morfológicos da língua é 
totalmente adquirido por voltados cinco anos. 
TÓPICO 2 | AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM POR CRIANÇAS SURDAS
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Segundo Bellugi e Klima (1989), a criança surda ainda não usa os 
pronomes identificados espacialmente para referir-se às pessoas e aos 
objetos que não estejam fisicamente presentes. Ela usa substantivos 
não associados com pontos no espaço. Mesmo quando a criança 
apresenta algumas tentativas de identificação de pontos no espaço, ela 
apresenta falhas de correspondência entre a pessoa e o ponto espacial. 
Com referentes presentes no discurso já há o uso consistente do sistema 
pronominal e inclusive indicações espaciais (indicações ostensivas).
Dos três anos em diante as crianças começam a usar o sistema 
pronominal com referentes não presentes no contexto do discurso, mas 
ainda apresentam erros. Algumas crianças empilham os referentes 
não presentes em um único ponto do espaço. Petitto e Bellugi (1988) 
observaram que, de três anos a três anos e meio, as crianças usam 
a concordância verbal com referentes presentes. Entretanto, elas 
flexionam alguns verbos cuja flexão não é aceita nas línguas de sinais. 
Bellugi e Klima (1990) identificam essa flexão generalizada dos verbos 
nesse período como supergeneralizações, considerando esse fenômeno 
análogo a generalizações verbais como 'fazi', 'gosti' e 'sabo' em língua 
portuguesa. Meier (1980) detectou esse uso supergeneralizado 
observando que, nesse período, as crianças usam os verbos como 
pertencentes a uma única classe verbal na ASL, a classe dos verbos 
com concordância, chamada por ele de verbos direcionais. 
Neste estágio das múltiplas combinações, como podemos ver nas 
citações acima, ela envolve as expressões faciais, que são usadas de acordo com 
a estrutura produzida, isto é, as produções não manuais das interrogativas, das 
topicalizações e negações são produzidas corretamente. Além disso, o uso da 
direção dos olhos para concordância com os argumentos, bem como o jogo de 
papéis desempenhados através da posição do corpo ao pronunciar suas palavras, 
para se comunicar.
Para Meier (1980) surgem supergeneralizações, que são flexões de verbos que 
não podem ser flexionados através da linguagem de sinais. As crianças utilizam os 
verbos sempre direcionados, achando que somente eles fazem parte do vocabulário. 
Aos quatro anos, a linguagem de sinais não é, ainda, correta, pois param de 
empilhar os referentes e apresentam dificuldade em estabelecer associações entre 
o local e as referências, e a partir dos cinco ou seis anos é que as crianças surdas 
começam a corrigir os erros apresentados nestas associações. 
Em Libras, a partir dos três anos e meio ocorre o uso da concordância 
com referentes presentes. Aos cinco e seis anos se torna comum o uso de sujeito 
e objeto nulo, porém quando se trata de referentes ausentes no diálogo, há uma 
necessidade de definir mais claramente os referentes. 
Cada etapa, cada estágio é marcado por uma evolução linguística 
importante para o desenvolvimento da língua. Quantas vezes sorrimos ao ver um 
bebê construindo suas primeiras palavras, sejam elas em Libras, ou na linguagem 
oral. A partir da análise desses estágios, podemos perceber que, de fato, a surdez 
não se caracteriza como impedimento para a aquisição da linguagem, porém é 
importante esclarecer que, de acordo com os autores acima citados, as crianças 
surdas, em geral, têm esse processo retardado pelo fato de não estarem expostas 
à língua de sinais na idade correspondente a cada estágio. 
UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
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Segundo Quadros e Schmiedt (2006, p. 20), "95% das crianças surdas são 
filhas de pais ouvintese, portanto, na maioria dos casos, não dominam uma 
língua de sinais". No caso de crianças surdas filhas de pais surdos, esse processo 
acontece naturalmente, mas as demais acabam por sofrer um grande atraso na 
aquisição da linguagem, o que é muito prejudicial para criança. Sendo que a 
maior parte das crianças surdas só terá contato com a língua de sinais no período 
escolar. Desta forma, é imprescindível que o professor conheça e compreenda os 
processos que envolvem a aquisição da linguagem pelo surdo, daí a importância 
de uma formação de qualidade para esses docentes, a fim de se organizar no 
sentido de trabalhar formas adequadas para facilitar a aquisição da língua de 
sinais e, consequentemente, a apropriação do conhecimento pelo discente.
A esse respeito, Rinaldi (1997, p. 27) destaca que o objetivo da escola é 
"propiciar às crianças surdas o desenvolvimento espontâneo da língua de sinais 
como forma de expressão linguística, de comunicação interpessoal e como suporte 
do pensamento e do desenvolvimento cognitivo”.
Assim, é o domínio da língua de sinais que tornará o surdo apto a produzir 
sua comunicação e adquirir conhecimentos, assumindo papel semelhante ao que 
a oralidade desempenha para o aluno ouvinte. Para Quadros (1997), a primeira 
língua de uma criança norteia, promove e facilita o acesso aos conhecimentos 
escolares, e é por isso que os surdos têm experiências diferenciadas em relação à 
construção do conhecimento. Diferentemente da criança ouvinte, o processo de 
significação da criança surda acontece da língua de sinais para a língua portuguesa 
escrita, ao invés de ser da língua portuguesa oral para a língua portuguesa escrita. 
Além disso, é importante ressaltar que é através da língua de sinais que o surdo 
construirá sua identidade enquanto sujeito surdo. 
TÓPICO 2 | AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM POR CRIANÇAS SURDAS
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FIGURA 12 - RESUMO: ESTÁGIO DAS MÚLTIPLAS COMBINAÇÕES
FONTE: <https://goo.gl/gRYGS2>. Acesso em: 22 jul. 2018.
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RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, viu e estudou:
• Aquisição da linguagem por crianças surdas.
• Assim como as línguas faladas, as línguas de sinais não são universais, 
geralmente cada país apresenta a sua própria língua.
• No caso do Brasil, temos a Libras e, além dela, tem-se também a língua de 
sinais usada por uma tribo indígena brasileira chamada Urubu Kaapor, citada 
por Kakumasu (1968) e Ferreira Brito (1993).
• As línguas de sinais apresentam-se numa modalidade diferente das línguas 
orais-auditivas; são línguas espaço-visuais, ou seja, a realização dessas línguas 
não é estabelecida através do canal oral-auditivo, mas através da visão e da 
utilização do espaço.
• A diferença na modalidade determina o uso de mecanismos sintáticos específicos 
diferentes dos utilizados nas línguas orais. As línguas de sinais são sistemas 
linguísticos independentes dos sistemas das línguas orais e não são universais. 
• As línguas de sinais, dentre elas a Libras, parecem apresentar especial interesse 
nas pesquisas linguísticas dentro da perspectiva gerativista. A razão de tal 
interesse está relacionada à possibilidade de determinar os princípios da UG 
independentemente da modalidade da língua. Se isso for possível, as línguas de 
sinais podem ser exemplos de línguas que fortalecem a proposta gerativista quanto 
à existência de um módulo da linguagem na mente/cérebro do ser humano.
• Quanto aos aspectos estruturais das línguas de sinais, há dois fundamentais: (a) 
o estabelecimento nominal e a pronominalização e (b) a concordância verbal.
• Para Quadros (1997), existem três abordagens sobre aquisição da linguagem. 
A abordagem comportamentalista, a abordagem linguística e a abordagem 
interacionista.
• Para Vygotsky (1989), o desenvolvimento da linguagem implica o 
desenvolvimento do pensamento, pois pelas palavras o pensamento ganha 
existência.
• Piaget defende que a estruturação do organismo procede o desenvolvimento.
• Estudamos o processo de aquisição da linguagem, em que analisamos o período 
pré-linguístico, o estágio de uma palavra, estágio das primeiras combinações e 
estágio das múltiplas combinações.
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2. Vários fatores contribuem e favorecem o desenvolvimento 
da linguagem e da comunicação. Para ocorrer a aquisição e o 
desenvolvimento de bons padrões de comunicação precisamos 
circunstâncias externas em relação ao sujeito, para tanto o 
sistema simbólico de cada língua precisa ser aprendido de 
maneira dinâmica, dentro da comunidade em que vivemos. Todavia existem 
estímulos que interferem neste processo. Que estímulos são esses?
3. Explique quais são as implicações da interação precoce das 
crianças surdas com adultos surdos, usuários da língua de sinais.
AUTOATIVIDADE
1. No Brasil, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) é usada pelas 
comunidades surdas e, ainda, pela tribo de índios Urubu-Kaapor. 
Pode-se afirmar que as línguas de sinais se caracterizam como: 
32
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TÓPICO 3
AQUISIÇÃO DA SINTAXE NAS LÍNGUAS DE 
SINAIS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico! A sintaxe é o estudo da estrutura interna da frase. Diferente 
da Língua Portuguesa, a sintaxe da Libras é estudada a partir da organização dos 
sinais no espaço. Em relação à aquisição da sintaxe nas línguas de sinais, temos 
Rohrbacher (1999), entre outros teóricos, que diz que os estudos em aquisição da 
sintaxe e da morfologia situam-se em um debate que se coloca teoricamente entre 
os que sustentam que a sintaxe é guiada pela morfologia e aqueles que sustentam 
que processos morfológicos sejam derivados da sintaxe, como Bobaljik (2001).
Por morfologia entendemos que é o estudo da estrutura, da formação e 
da classificação das palavras, independentemente de sua função sintática na 
participação da frase ou oração. Em Libras, a morfologia refere-se ao modo como 
os sinais são estruturados segundo seus parâmetros de configuração. Morfema 
refere-se às partes constituintes das palavras, em sua menor unidade gramatical. 
Em palavras como “infelizmente” temos o prefixo “in”, o radical “feliz” e o sufixo 
“mente”. Em Libras, os parâmetros de configuração equivalem aos morfemas, que 
combinados formam o sinal. Cada morfema (parâmetro de configuração) reúne, 
por sua vez, unidades menores diferenciadoras de sentido, chamadas de quiremas 
(quiro em grego significa mão), equivalendo aos fonemas em línguas orais.
Em relação à sintaxe, podemos dizer que a sintaxe da Libras não é 
organizada aleatoriamente, ao contrário, segue regras. Possui, na estrutura de suas 
sentenças, restrições e ordenações complexas e específicas de uma língua visual. 
Há especificidades em sua produção linguística que devem ser respeitadas, tais 
como a utilização de verbos com concordância e da marcação não manual ou ENM. 
Assim, a Libras não deve ser entendida como um instrumento para aquisição da 
Língua Portuguesa (língua majoritária do país). Mas para os surdos, a Língua 
Brasileira de Sinais é a língua que proporciona o acesso à informação e à cultura, 
especificamente a cultura surda e, concomitantemente, possibilitando expressar o 
jeito como o surdo pensa, sente e aspira ao mundo, como foi dito anteriormente. 
Em relação à sintaxe da Libras, muitas pesquisas têm comprovado que 
embora a ordem básica das sentenças seja SVO (sujeito, verbo e objeto), há 
derivações em OSV, SOV e VOS e que estas derivações são possíveis devido 
à utilização de marcas como a concordância e a ENM, as quais devem ser 
analisadas com aprofundamento para sua real compreensão. Para detalhar as 
restrições sobre estas estruturas, apresentaremos algumas evidências apontadas 
por Quadros (2004):
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UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
1. As frases com ordem SVO são gramaticais.
2. As ordens OSV e SOV ocorrem com a incorporação da ENM e as marcas de 
concordância.
3. No caso das organizações OSV e SOV com incorporação das ENM, se o objeto 
não for uma oração simples e sim, subordinada, não será possível mudar este 
objeto de ordem.

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