Buscar

ANESTESIA-EM-PROCEDIMENTOS-CIRÚRGICOS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
ANESTESIA EM PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS 
1 
 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO 2 
2. ANESTESIA EM PROCEDIMENTOS CIRURGICOS 5 
2.1 Agentes Inalatórios 5 
2.2 ANESTÉSICOS LOCAIS 6 
3. TÉCNICAS ANESTÉSICAS 8 
3.1 Anestesia local 8 
3.2 Bloqueios regionais 8 
3.3 Raquidiana 9 
3.4 Epidural 9 
3.5 Caudal 10 
3.6 Anestesia Geral 10 
4. ENFERMEIRO(A) ANESTESISTA: 17 
5. TIPOS DE ANESTESIAS EM PROCEDIMENTOS CIRÚRGIGOS 21 
5.1 Anestesia Geral Balanceada 21 
5.2 Anestesia do Neuroeixo 22 
5.3 Bloqueio de Nervos Periféricos Guiado por Ultrassom 23 
6. ETAPAS DE ATENDIMENTO 24 
7. ORIENTAÇÕES PARA O PACIENTE 25 
8. O IMPACTO DA CIRURGIA E OS ASPECTOS PISICOLÓGICOS DO PACIENTE
 26 
REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS 35 
 
 
2 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Anestesiologia é a especialidade médica que estuda e proporciona ausência 
ou alívio da dor e outras sensações ao paciente que necessita realizar procedimentos 
médicos, como cirurgias ou exames diagnósticos, identificando e tratando eventuais 
alterações das funções vitais. A especialidade vem a cada dia ampliando suas áreas 
de atuação, englobando não só o Período Intra-Operatório, bem como os períodos 
Pré e Pós-Operatórios, realizando atendimento ambulatorial para avaliação pré-
anestésica e assumindo um papel fundamental pós-cirúrgico no acompanhamento do 
paciente tanto nos Serviços de recuperação pós-anestésica e Unidades de Terapia 
Intensiva quanto no ambiente da enfermaria (cuidados paliativos, por exemplo) até o 
momento da Alta Hospitalar. Em razão destas mudanças, existe a tendência atual de 
se denominar esta especialidade médica como Medicina Perioperatória. 
Nos primórdios alguns cirurgiões consideravam a dor uma consequência 
inevitável do ato cirúrgico, não havendo uma preocupação, por parte da maioria deles, 
em empregar técnicas que aliviassem o sofrimento relacionado ao procedimento. 
As primeiras tentativas de alívio da dor foram feitas com métodos puramente 
físicos como pressão e gelo, bem como uso de hipnose, ingestão de álcool e 
preparados botânicos. 
Por volta dos séculos IX a XII a esponja soporífera tornou-se um dos métodos 
mais populares de prover analgesia. Preparada a base de mandrágora e outras ervas, 
tinha como seus principais compostos morfina e escopolamina. 
O ato anestésico possibilita o conforto do paciente durante a cirurgia, sendo a 
escolha do tipo de anestesia baseada no tipo, duração e posicionamento requerido 
durante o procedimento cirúrgico, associada às condições clínicas, mentais e 
psicológicas do paciente. Dessa forma, os tipos de anestesia são classificados em 
geral, regional e sedação. 
A anestesia geral é necessária aos procedimentos que exigem completa 
imobilidade e inconsciência. Pode ser classificada de três maneiras, definidas como 
venosa total, quando apenas fármacos venosos são infundidos, tais como propofol e 
etomidato, geral inalatória, quando ocorre administração de anestésicos inalatórios 
como sevoflurano, desflurano e geral balanceada, quando são administrados de forma 
associada anestésicos venosos e inalatórios. 
3 
 
 
A anestesia geral configura-se pela inconsciência reversível, imobilidade, 
analgesia e bloqueio dos reflexos autonômicos, cujos componentes são hipnose, 
analgesia, relaxamento muscular e bloqueio neurovegetativo. 
A hipnose caracteriza-se pela supressão da consciência, obtida por uso de 
agentes indutores, como midazolam, propofol e etomidato. A analgesia consiste no 
alívio ou ausência de dor pela utilização de fármacos como opioides e anti-
inflamatórios. O relaxamento muscular ocorre pela redução do tônus muscular, 
havendo administração de relaxantes como succinilcolina, atracúrio e rocurônio. O 
bloqueio neurovegetativo acontece após hipnose e analgesia adequadas, com 
resposta atenuada do sistema nervoso autônomo ao estímulo cirúrgico, como 
alterações de frequência cardíaca, pressão arterial e sudorese. 
A anestesia regional é selecionada para procedimentos cirúrgicos que abordam 
membros superiores ou inferiores, abdômen ou região pélvica. Pode ser realizada por 
bloqueio peridural, subaracnoídeo ou plexos nervosos, com a administração de 
anestésicos locais, como xilocaína, ropivacaína. A associação entre a anestesia geral 
e regional é definida como anestesia combinada. 
A sedação visa o conforto do paciente em procedimentos cirúrgicos de 
pequeno porte ou ambulatoriais, colaborando para a redução da ansiedade, 
analgesia, diminuição da movimentação e manutenção da estabilidade 
hemodinâmica, principalmente do padrão respiratório e função cardiovascular. 
Eventos adversos relacionados à assistência em saúde e comprometimento da 
segurança do paciente têm como origem erros humanos, ausência de trabalho em 
equipe e falhas organizacionais. A melhor comunicação e colaboração entre os 
profissionais pode diminuir o risco de morbidade associada ao cuidado do paciente 
cirúrgico. Nesse contexto, o planejamento da assistência pela equipe de saúde, 
constituída de médico, enfermeiro e anestesiologista, é fundamental para redução dos 
riscos de morbimortalidade durante o procedimento anestésico-cirúrgico, 
promovendo, assim, a segurança do paciente. 
Em estudos indica-se que os eventos adversos, referentes à anestesia, 
envolvem principalmente o sistema respiratório, sistema cardiovascular, erros na 
execução de bloqueios regionais, falhas de equipamentos e dispositivos, reações 
adversas a medicamentos e lesões relacionadas ao posicionamento cirúrgico. 
4 
 
 
Os eventos do sistema respiratório são causados por dificuldade de intubação, 
ventilação e oxigenação inadequadas, aspiração, extubação precoce e obstrução da 
via aérea. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
2. ANESTESIA EM PROCEDIMENTOS CIRURGICOS 
 
Na medicina, os procedimentos cirúrgicos e a anestesia vêm avançando nas suas 
técnicas e melhorando seus resultados no decorrer do tempo. A anestesia gera muito 
medo, quase sempre causado pela desinformação, e está envolvida em dúvidas e 
mitos. Ela garante que o paciente tenha conforto e o controle da dor durante as 
cirurgias. A anestesia é responsabilidade de um profissional habilitado, que avalia o 
paciente antes da operação e o monitoriza ao longo de todo procedimento. 
A avaliação prévia do paciente é fundamental para minimizar os riscos, esclarecer as 
dúvidas e passar orientações, como o período do jejum pré-operatório, a suspensão 
ou manutenção de medicações de uso diário, e as explicações sobre a técnica 
anestésica, para que todo o processo ocorra com sucesso. 
 
2.1 Agentes Inalatórios 
 
O éter dietílico já era um composto conhecido quando no século XVI Paracelsus 
observou suas propriedades anestésicas em galinhas. 
O Cirurgião-Dentista Horace Wells percebeu as propriedades anestésicas do óxido 
nitroso em 10 de dezembro de 1844, quando participou de uma exibição de um 
"cientista itinerante", Gardner QuincyColton. 
Na ocasião Wells notou que um jovem chamado Samuel Cooley não se deu conta que 
havia sofrido uma lesão na perna enquanto estava a inalar o óxido nitroso. Em 1845 
Wells fracassou em sua tentativa de demonstrar publicamente uma extração dentária 
sem dor com o uso do óxido nitroso. Tal fracasso o perturbou profundamente 
culminando com seu suicídio em 1848. Na verdade, o óxido nitroso é uma droga mais 
analgésica do que anestésica (é um fraco anestésico). 
Em 16 de Outubro de 1846 a anestesiologia tem seu marco inicial com William 
Thomas Green Morton, realizando uma anestesia baseada em éter no paciente 
Edward Gilbert Abbott para que o cirurgião John Collins Warren excisasse um tumor 
que lhe tomava a glândula submaxilar e uma parte da língua. Foi no Hospital Geral de 
Massachusetts. Morton chegou atrasado devido a um problema no inalador e a sessão 
quase foi suspensa por isso. Chegou esbaforido, desculpando-se pelo atraso e logo 
foi instruindoAbbott a respirar por uma das aberturas do inalador de vidro. Depois de 
perder a consciência e deixar cair a cabeça, Morton se vira para Warren e diz: 'Seu 
6 
 
 
paciente está a sua espera Dr!'. Warren fez a excisão do tumor com a rapidez habitual 
e o paciente não desferiu nenhum grito de dor. Depois de terminar, Warren, 
emocionado, fala para a plateia incrédula: 'Isso, senhores, não é nenhum embuste'. O 
impassível cirurgião chorava. Desde esse dia a humanidade venceu a dor. Saímos 
das trevas. 
Em 4 de Novembro de 1847 James Young Simpson, obstetra em Edinburgh, Escócia 
utilizou, como sugerido por David Waldie, clorofórmio para alívio da dor do parto 
vaginal. Tal fato suscitou diversos debates médicos e religiosos acerca da dor do parto 
como um castigo divino. John Snow, inglês, administrou clorofórmio à Rainha Vitória 
para alívio das dores do parto. Tal fato serviu de endosso à analgesia de parto 
minimizando as discussões de cunho religioso. 
Os agentes inalatórios de uso mais frequente no mundo e no Brasil, atualmente, estão 
divididos em dois grandes grupos: a) os gases (representados exclusivamente pelo 
óxido nitroso - histórica e popularmente conhecido como "gás hilariante") e b) os 
vapores. Dentre estes últimos há predominância dos éteres halogenados (enflurano, 
isoflurano, sevoflurano e desflurano). Por fim, ainda empregado em escala mundial, 
mas com restrições, há um alcano denominado halotano. O Xénon apresenta-se como 
o mais promissor anestésico inalado, encontrando-se ainda em fase experimental, 
mas com reconhecidas propriedades que o aproximam do "anestésico ideal". 
 
 
2.2 ANESTÉSICOS LOCAIS 
 
Em 1884 Sigmund Freud estudava os efeitos estimulantes da cocaína no sistema 
nervoso central. Karl Koller percebeu que a amostra de cocaína recebida de seu amigo 
Freud, ao entrar em contato com a língua, a deixava anestesiada. Percebeu ali a 
possibilidade de utilização de uma solução de cocaína para aplicação tópica em 
cirurgias oftalmológicas. Koller conduziu então, juntamente com Gustav Gartner 
estudos com sucesso em olhos de sapos, coelhos e cachorros. Tendo sido uma das 
primeiras aplicações dos anestésicos locais. 
Em dezembro de 1884, Willian Halsted e Richard Hall realizaram bloqueios de nervos 
periféricos bem como do plexo braquial. 
August Bier utilizando-se da técnica descrita por Heinrich Quincke realizou a primeira 
cocainização deliberada da medula espinhal. Permitiu inclusive que seu assistente, 
7 
 
 
Hildebrandt, realizasse uma punção lombar nele mesmo. Em seguida os papéis se 
inverteram e Bier realizou uma punção em Hildebrandt. Ambos apresentaram cefaleia 
após a experiência. A cefaleia inicialmente fora atribuída às comemorações pelo 
sucesso em obter anestesia com a técnica empregada. Mais tarde ficou mais claro 
que a cefaleia pós punção da dura-máter relacionava-se à perda de líquor pelo orifício 
realizado. August Bier e Theodor Tuffier dividem o mérito do início da então chamada 
raquianestesia. 
 
No Brasil 
Em 1847 Roberto Haddock Lobo e Domingos de Azevedo Marinho realizaram a 
primeira anestesia baseada em éter que se tem relato no Brasil. Em 1927 o Prof. 
Leonidio Ribeiro fez uso do óxido nitroso. O ciclopropano foi utilizado pela primeira 
vez em 1936 por Álvaro de Araújo Aquino Sales. 
Em 1948 foi fundada a Sociedade Brasileira de Anestesiologia. 
Figura 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
3. TÉCNICAS ANESTÉSICAS 
 
3.1 Anestesia local 
 
Baseia-se na infiltração de anestésicos locais nas proximidades da área a ser 
operada, usualmente empregada em cirurgias de superfície de pequeno ou médio 
porte. Auxilia no tratamento da dor pós-operatória quando utilizada sozinha ou em 
associação com outras técnicas anestésicas, no período pré-operatório, potencializa 
os resultados esperados, a saber a anestesia e o controle da dor. 
 
3.2 Bloqueios regionais 
 
Tenta-se impedir a condução do estímulo doloroso na emergência de nervos e 
troncos, a exemplo do bloqueio do plexo braquial realizado na região cervical (Técnica 
de Winnie, Técnica de Kullenkampff ou Técnica de Kullenkampff Modificada) ou axilar 
(Técnica da Bainha Perivascular ou Técnica Transarterial), visando anestesia de todo 
o membro superior, ou até mesmo o bloqueio de troncos nervosos ao nível do 
cotovelo, do punho, ou ainda nas porções proximais dos dedos visando anestesia de 
todo o dedo. Existe ainda uma técnica de bloqueio regional intravenoso desenvolvida 
por August Bier para cirurgias rápidas dos membros superiores e membros inferiores 
(pé e terço distal de perna, principalmente), que ficou consagrada como Bloqueio de 
Bier. A anestesia raquidiana e peridural também éconsiderada bloqueios regionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
3.3 Raquidiana 
 
 
Figura 2 
 
Também chamada de raquianestesia, anestesia intratecal e anestesia 
subaracnoídea. Baseia-se na administração de anestésico local diretamente no líquor. 
Suas principais vantagens são início rápido de ação (curta latência, boa intensidade 
de bloqueio sensitivo e motor e possibilidade de analgesia pós-operatória prolongada). 
Possíveis desvantagens são a maior ocorrência de cefaleia em relação as outras 
técnicas anestésicas e a limitada duração da anestesia quando utilizado técnica sem 
a colocação de cateteres (o mais comum). O uso dos anestésicos locais, mormente 
com a lidocaína (a lidocaína em raquianestesia está proscrita no Brasil exatamente 
pelas complicações citadas a seguir) o anestésico local preconizado em 
raquianestesia há algum tempo é a bupivacaína 0.5% pesada com glicose a 8% (mais 
segura que a lidocaína hiperbárica a 5%), por meio desta técnica anestésica pode 
propiciar o aparecimento da síndrome da cauda equina e de sintomas neurológicos 
transitórios embora sejam complicações raras. 
 
3.4 Epidural 
 
Também chamada anestesia peridural, baseia-se na aplicação de anestésico em um 
espaço virtual entre o ligamento amarelo e a dura-máter. 
As principais possíveis vantagens são a menor incidência de cefaleia quando 
comparado à raquianestesia, possibilidade de realização de bloqueios mais restritos 
à faixas de dermátomos e maior facilidade de realização de técnicas com utilização 
de cateteres (contínua). Como desvantagens temos uma latência (tempo para iniciar 
10 
 
 
ação) maior, uma menor intensidade de bloqueio sensitivo e motor e a maior 
possibilidade de toxicidade por anestésico local já que é utilizado volumes cerca de 
dez vezes maiores que os utilizados em anestesia subaracnoidea (raquidiana). 
 
 
3.5 Caudal 
 
Figura 3 
 
 
Fisiologicamente semelhante à anestesia peridural, realizada por punção do 
Hiato Sacral, podendo ser uma alternativa ao bloqueio epidural para procedimentos 
cirúrgicos e obstétricos das regiões perineal e anorretal. 
Comum em anestesia pediátrica. 
 
3.6 Anestesia Geral 
 
Refere-se a um estado de inconsciência reversível, imobilidade, analgesia e 
bloqueio dos reflexos autonômicos obtidos pela administração de fármacos 
específicos. Os componentes de uma anestesia geral são a analgesia, hipnose, 
controle dos reflexos autonômicos e relaxamento muscular. Na atualidade para 
realização de uma anestesia geral utiliza-se comummente: 
hipnóticos visando inconsciência, amnésia (Propofol)opioides visando analgesia e 
proteção contra os reflexos autonômicos (remifentanil, fentanil, sulfentanil, alfentanil) 
11 
 
 
bloqueadores neuromusculares (Curare) visando imobilidade. (Atracúrio, Cisatracúrio, 
Rocurônio, Vecurônio, Pipecurônio)bloqueios regionais associados visando analgesia 
e proteção autonômicafármacos adjuvantes visando efeitos diversos como controle 
da pressão arterial, frequência cardíaca, tratamento de intercorrências tais como 
alergias entre outras funções. 
A inconsciência pode não ocorrer nos casos em que se deseje algum grau de 
proteção ao paciente ou em situações de extremo riscode vida, como: gravidez, 
traumatizado multissistêmico, idosos e pacientes com algum grau de choque, seja ele 
hipovolêmico, séptico ou cardiogênico. Quanto maior a profundidade da anestesia, 
maior o grau de inconsciência. 
A anestesia geral possui quatro fases: pré-medicação, indução, manutenção e 
recuperação. 
 
Pré-medicação 
A fase de pré-medicação é feita para que o paciente chegue ao ato cirúrgico 
calmo e relaxado. Normalmente é administrado um ansiolítico (calmante) de curta 
duração, como o midazolam, deixando o paciente já com um grau leve de sedação. 
Deste modo, ele entra na sala de operação sob menos estresse. 
 
Indução 
A fase de indução é normalmente feita com drogas por via intravenosa, sendo 
o Propofol a mais usada atualmente. 
Após a indução, o paciente rapidamente entra em sedação mais profunda, ou seja, 
perde a consciência, ficando em um estado popularmente chamado de coma induzido. 
O paciente apesar de estar inconsciente, ainda pode sentir dor, sendo necessário 
aprofundar ainda mais a anestesia para a cirurgia poder ser realizada. Para tal, o 
anestesista também costuma administrar um analgésico opioide (da família da 
morfina) como o Fentanil. 
Neste momento o paciente já apresenta um grau importante de sedação, não 
sendo mais capaz de proteger suas vias aéreas das secreções da cavidade oral, como 
a saliva. Além disso, na maioria das cirurgias com anestesia geral é importante haver 
relaxamento dos músculos, fazendo com que a musculatura respiratória fique inibida. 
O paciente, então, precisa ser intubado* e acoplado à ventilação mecânica para poder 
receber uma oxigenação adequada e não aspirar suas secreções. 
12 
 
 
Manutenção 
No início da fase de manutenção, as drogas usadas na indução, que têm curta 
duração, começam a perder efeito, fazendo com que o paciente precise de mais 
anestésicos para continuar o procedimento. Nesta fase, a anestesia pode ser feita 
com anestésicos por via inalatória ou por via intravenosa. 
Na maioria dos casos, a via inalatória é a preferida. Os anestésicos são 
administrados através do tubo orotraqueal na forma de gás (vapores) junto com o 
oxigênio, sendo absorvidos pelos alvéolos do pulmão, passando rapidamente para a 
corrente sanguínea. 
Alguns exemplos de anestésicos inalatórios são o óxido nitroso e os 
anestésicos halogenados (halotano, sevoflurano e desflurano), fármacos que são 
administradas continuamente durante todo o procedimento cirúrgico. 
A profundidade da anestesia depende da cirurgia. O nível de anestesia para se 
cortar a pele é diferente do nível para se abordar os intestinos, por exemplo. 
Conforme o procedimento cirúrgico avança, o anestesista procura deixar o paciente 
sempre com o mínimo possível de anestésicos. Uma anestesia muito profunda pode 
provocar hipotensão e desaceleração dos batimentos cardíacos, podendo diminuir 
demasiadamente a perfusão de sangue para os tecidos corporais. 
 
Recuperação 
Quando a cirurgia entra na sua fase final, o anestesista começa a reduzir a 
administração das drogas, já planejando uma cessação da anestesia junto com o 
término do procedimento cirúrgico. Se há relaxamento muscular excessivo, drogas 
que funcionam como antídotos são administradas. 
Nesta fase de recuperação, novamente analgésicos opioides são administrados para 
que o paciente não acorde da anestesia com dores no local onde foi cortado. 
Conforme os anestésicos inalatórios vão sendo eliminados da circulação sanguínea, 
o paciente começa a recuperar a consciência, passando a ser capaz de voltar a 
respirar por conta própria. Quando o paciente já se encontra com total controle dos 
reflexos das vias respiratórias, o tubo orotraqueal pode ser retirado. 
Nesse momento, apesar do paciente já ter um razoável grau de consciência, ele 
dificilmente se recordará do que aconteceu devido aos efeitos amnésicos das drogas. 
 
 
13 
 
 
Riscos 
Existe um mito de que a anestesia geral é um procedimento perigoso. 
Complicações exclusivas da anestesia geral são raras, principalmente em pacientes 
saudáveis. 
Na maioria dos casos, as complicações são derivadas de doenças graves que 
o paciente já possuía, como doenças cardíacas, renais, hepáticas ou pulmonares em 
estágio avançado, ou ainda, por complicações da própria cirurgia, como hemorragias 
ou lesão/falência de órgãos vitais. 
Só como exemplo, um trabalho canadense de 1997, apenas com cirurgias 
odontológicas com anestesia geral, ou seja, cirurgias de baixo risco realizadas em 
pacientes saudáveis, detectou uma taxa de mortalidade de apenas 1,4 a cada 1 milhão 
de procedimentos. Esse tipo de estudo nos mostra que a anestesia em si é muito 
segura. 
Em geral, a taxa de mortalidade da anestesia geral é de apenas 1 em cada 
100.000 a 200.000 procedimentos, o que significa um risco de morte de míseros 
0,0005% a 0,001%. 
É importante destacar que muitas cirurgias sob anestesia geral são realizadas 
em pacientes com doenças graves ou em cirurgias complexas de alto risco. Porém, 
na imensa maioria dos casos, quando o desfecho é trágico, raramente a culpa é da 
anestesia geral. 
Também há que se destacar que a anestesia geral é um procedimento 
complexo, devendo ser feita somente por profissionais qualificados e em ambientes 
com ampla estrutura para tal. 
Fatores que aumentam o risco de complicações: 
Antes de qualquer cirurgia, um anestesista irá consultá-lo para avaliar o seu 
risco cirúrgico. Além do reconhecimento prévio de doenças graves que podem 
complicar o ato cirúrgico, é importante para o anestesista saber algumas informações 
pessoais do paciente que possam aumentar o risco da anestesia, tais como: 
 História prévia de reação anafilática. 
 Alergias alimentares ou a drogas. 
 Uso frequente de bebidas alcoólicas. 
 Uso de drogas, principalmente cocaína. 
 Uso de medicamentos. 
 História de tabagismo. 
14 
 
 
 Apneia do sono. 
 Obesidade. 
 Efeitos colaterais possíveis 
 
A maioria dos efeitos colaterais da anestesia geral ocorre imediatamente após 
a cirurgia e desaparece em questão de horas. Eventualmente, porém, podem surgir 
casos de efeitos adversos que demoram mais tempo para melhorar ou que se tornam 
permanentes. 
Efeitos adversos imediatos 
Os efeitos imediatos da anestesia geral costumam ser aqueles que são notados 
logo que o paciente acorda. Em geral, eles são de curta duração, com duração inferior 
a um dia. Os mais comuns são: 
 Náusea e vômitos. 
 Boca seca. 
 Calafrios. 
 Dor muscular. 
 Coceira pelo corpo. 
 Dificuldade para urinar. 
 Tontura. 
 Rouquidão após anestesia 
Cerca de 5 a 10% podem apresentar um quadro de rouquidão no pós-
operatório. Essa complicação ocorre devido à lesão das cordas vocais pela intubação 
orotraqueal necessária durante a cirurgia. Na imensa maioria dos casos, o quadro é 
brando e melhora espontaneamente após alguns dias, como qualquer rouquidão 
comum. 
Raramente, pode haver uma lesão mais séria das cordas vocais, provocando 
rouquidão a longo prazo. Cirurgias prolongadas e pacientes fumantes são os fatores 
de risco mais comuns para rouquidão pós-anestesia geral. 
 
O uso de corticoides ajuda a reduzir o edema das cordas vocais e reduz o risco 
de rouquidão a longo prazo. 
 
 
 
15 
 
 
Confusão mental e delirium 
A confusão mental é um efeito colateral comum, mas que costuma durar muito 
pouco tempo, principalmente nos pacientes jovens. Nos idosos, o risco maior é o 
desenvolvimento de delirium. 
O delirium é um quadro transitório de redução da capacidade de concentração, 
alterações da memória, confusão mental e alteração da percepção do ambiente, que 
é bastante comum nos pacientes idosos que estão hospitalizados (explicamos o 
delirium em detalhes no artigo: Delirium – Confusão Mental nos Idosos). 
 
Os principais fatores de risco para o desenvolvimento de delirium pós-
operatório são: 
 Idade avançada. 
 Tabagismo. 
 História préviade doença psiquiátrica. 
 Uso de medicamentos psicotrópicos. 
 História prévia de AVC. 
 Demência. 
 Cirurgia de emergência. 
O delirium não é provocado exclusivamente pela anestesia geral. Ele surge com 
frequência em pacientes idosos internados por qualquer motivo, principalmente nos 
casos mais graves e prolongados. A ocorrência de delirium no pós-operatório aumenta 
a taxa de complicações e o tempo de internação. Todos os idosos melhoram após 
alguns dias, mas cerca de 40% nunca retornam totalmente ao estado cognitivo pré-
operatório. 
 
Problemas de memória 
Os pacientes idosos também apresentam maior risco de desenvolverem um 
quadro chamado disfunção cognitiva pós-operatória, que é um quadro de redução das 
capacidades cognitivas e problemas de memória. Os fatores de risco são basicamente 
os mesmos descritos acima para o delirium. 
Assim como ocorre no delirium, a disfunção cognitiva pós-operatória não provocada 
diretamente pela anestesia e não costuma ocorrer em pessoas jovens e previamente 
saudáveis. 
 
16 
 
 
Hipertermia maligna 
A hipertermia maligna é uma raríssima e potencialmente fatal complicação que 
pode ocorrer durante a cirurgia. O quadro ocorre em 1 a cada 100 mil anestesias, 
geralmente tem origem familiar e cursa com febre alta, alterações respiratórias e 
contrações musculares que se iniciam logo após a administração de anestésicos 
inalatórios. 
 
3.7 Anestésico ideal 
 
O anestésico ideal será aquele que provoca indução e recuperação da 
anestesia rápidas e agradáveis para o paciente, ao mesmo tempo possuído uma 
profundidade de anestesia apropriada para a cirurgia a realizar, promovendo um 
adequado relaxamento muscular. Deve ter, também uma boa margem de segurança 
para o paciente, não apresentando reações adversas. 
 
Figura 4 
 
 
 
 
 
17 
 
 
4. ENFERMEIRO(A) ANESTESISTA: 
 
O cotidiano do enfermeiro de centro cirúrgico consiste em ofertar qualidadena 
assistência ao paciente, garantindo a segurança dos serviços prestadosdurante todas 
as etapas do procedimento anestésico-cirúrgico evitandointercorrências, porque 
quando o paciente recebe uma assistência humanizada épossível diminuir a 
insegurança que passa pelo seu imaginário. 
Uma enfermeira anestesista é uma enfermeira de prática avançada que 
administra anestesia para cirurgias ou outros procedimentos médicos. Enfermeiros 
anestesistas estão envolvidos na administração de anestesia na maioria dos países, 
com vários níveis de autonomia. Uma pesquisa de 2002 relatou que havia 107 países 
onde enfermeiros anestesistas praticam anestesia e nove países onde enfermeiros 
auxiliam na administração de anestesia. 
Nos Estados Unidos, o termo "CertifiedRegistered Nurse Anesthetist" (CRNA) 
é usado para denotar enfermeiros registrados de prática avançada com doutorado ou 
mestrado, especializados na administração de anestesia. Enfermeiros anestesistas 
devem ter 7 a 8 anos de educação, treinamento e experiência antes de se tornarem 
CRNA; a média de experiência em cuidados intensivos antes de entrar em um 
programa de mestrado ou doutorado em anestesia com enfermeiros é de 3,5 anos. 
Os CRNAs respondem por aproximadamente metade dos provedores de 
anestesia nos Estados Unidos e são os principais provedores de anestesia na América 
rural, militares dos Estados Unidos, Administração de Veteranos, comunidades 
clinicamente carentes e para pacientes em maternidade. Mais de 49.000 enfermeiras 
anestesistas administram aproximadamente 43 milhões de anestésicos aos pacientes 
a cada ano. Os CRNAs são treinados para administrar todos os tipos de anestesia. 
Historicamente, as enfermeiras anestesistas têm fornecido cuidados anestésicos a 
pacientes desde a Guerra Civil Americana, há mais de 150 anos. A credencial CRNA 
surgiu em 1956 e aproximadamente 40% dos enfermeiros anestesistas são do sexo 
masculino. 
O escopo das limitações da prática e os requisitos de supervisão do médico 
variam entre a unidade de saúde e o estado, com 17 estados e Guam concedendo 
autonomia completa em 2016. Nos estados que optaram por não receber supervisão, 
a Comissão Conjunta e o CMS reconhecem os CRNAs como médicos independentes 
licenciados. Em estados que requerem supervisão, os CRNAs têm responsabilidades 
18 
 
 
separadas de qualquer médico supervisor e são capazes de administrar anestesia 
independentemente dos médicos anestesiologistas. 
A Associação Brasileira de Enfermeiros de CentroCirúrgico, Recuperação 
Anestésica e Centro de Materiale Esterilização (SOBECC) recomenda que o 
enfermeirocolabore no ato anestésico caso seja necessário, mas nãohá um padrão 
assistencial para os profissionais. Desta forma,cada instituição realiza uma prática, e 
os cuidados dependem da interação profissional entre o anestesiologista e aequipe 
de enfermagem. 
Alguns estudos brasileiros discutiram as possibilidadesde atuação do 
enfermeiro em anestesia, com a organização de um serviço e a criação de uma 
especialização deenfermagem, para que o enfermeiro pudesse atuar diretamente nos 
cuidados antes e durante a cirurgia. Todavia,seria necessária a modificação da 
estrutura curricular dos 
cursos de graduação e especialização em enfermagem, alémda reformulação da 
legislação entre os conselhos de enfermagem e anestesia. 
Esses padrões aplicam-se a todos os cuidados de anestesia, sedação e 
assistência clínica (cuidados de monitorização em anestesia), 
embora, em circunstâncias de emergência, medidas de suporte à vida sejam 
necessárias. Esses padrões podem ser modificados aqualquer momento com base 
no julgamento do anestesiologista responsável e condição clínica do paciente. Eles 
são destinados aincentivar o atendimento ao paciente com qualidade e segurança, 
mas observá-los não garante qualquer resultado específico ao paciente. 
Eles estão sujeitos à revisão periódica, conforme evolução da tecnologia e da 
prática médica baseada em evidências. 
 É importante que o anestesista esteja presente na sala cirúrgica antes do início 
do procedimento, com o intuito de preparar opaciente de acordo com o cuidado 
anestésico planejado (acesso à via aérea, acesso venoso, monitorização, reposição 
volêmica, analgesiapós-operatória, posicionamento cirúrgico). 
Realizar, antes do início da anestesia, a identificação do paciente, confirmação 
de sítio cirúrgico, procedimento a ser realizado elateralidade (quando aplicável). 
 Realizar a checagem de segurança da anestesia, que prevê a verificação dos 
riscos e o funcionamento e disponibilidade demateriais, medicamentos e 
equipamentos, assim como o sistema de aspiração e fluxo de oxigênio independente, 
esta checagem tambémé realizada pela equipe da engenharia clínica seguindo 
19 
 
 
protocolo específico, a checagem do preenchimento correto e completo do termode 
consentimento da anestesia e avaliação pré-anestésica. Verificar alergias, risco de via 
aérea difícil e broncoaspiração, solicitando echecando a disponibilidade de materiais 
e equipamentos necessários para um cuidado seguro. Verificar risco de perda 
sanguíneasignificativa (mais de 500 mL em adultos e 7 mL/kg de peso em crianças), 
garantindo acesso venoso adequado e planejando reposiçãovolêmica e confirmando 
reserva de sangue. 
Sistemas de aquecimento de soluções ativos e monitoramento laboratorial – 
glicemia devem ser considerados, dependendo dacondição clínica do paciente e 
complexidade do procedimento a ser realizado. 
 Segundo o protocolo de monitorização perioperatória, todos os pacientes devem ter 
monitorização básica que consiste emcardioscopia (frequência cardíaca e ritmo), 
oximetria de pulso (saturação) e pressão arterial não invasiva. A capnografia (teores 
de gáscarbônico) sempre deve ser utilizada nos casos de anestesia sob via aérea 
artificial (como intubação traqueal, brônquica ou máscaralaríngea) e/ou ventilação 
artificial e/ou exposição a agentes capazes de desencadear hipertermiamaligna. Os 
componentes damonitorização podem se modificar a qualquer instante dependendo 
da condição clínica do paciente. 
Em conjunto com a equipe cirúrgica/ procedimento e de enfermagem, o 
anestesiologista deve participar de forma proativa doprocesso de verificação de 
segurança pré-operatória (time out). Estes dados serão registrados no prontuário em 
campo específico pelaenfermagem. 
 Junto à equipe multidisciplinar, deve o anestesiologista realizar a checagem 
periódica do posicionamento do paciente, dos pontosde pressão e materiais utilizados 
para proteção. 
 Durante a anestesia/ sedação por anestesistas e médicos não 
anestesiologistas, os sinais vitais devem ser documentados em ficha. 
específica em intervalos de até 10 minutos (monitorização básica - pressão arterial 
não invasiva, frequência cardíaca e oximetria de pulso,ou de acordo com condição 
clínica do paciente). 
 Os medicamentos administrados (dose e via), os materiais utilizados, os 
procedimentos realizados e as intercorrências tambémdeverão ser documentados em 
prontuário, em documento específico. 
20 
 
 
 Nos casos de pacientes sedados em Unidades Críticas e semi-críticas pelo 
intensivista não há a necessidade de preencher a ficha deanestesia, já que o registro 
é realizado em campos específicos no prontuário do paciente. Exemplos para este 
caso são os pacientes emventilação mecânica na Unidade de Terapia Intensiva, onde 
são mantidos inconscientes sob efeito de medicamentos sedativos. 
 O médico que administra a sedação responsabiliza-se pela guarda dos agentes 
anestésicos e das ampolas vazias durante aassistência, desde a retirada da caixa de 
medicamentos controlados na farmácia do Centro Cirúrgico (“psicobox”) até a 
devolução damesma após o uso, com a devida receita corretamente preenchida. 
 Os medicamentos anestésicos devem ser identificados com nome da droga e 
concentração padronizada na instituição. No caso dasseringas, devem ser utilizadas 
etiquetas coloridas conforme padronização internacional (ISO 26825) e nos soros, a 
etiqueta padrão dohospital. 
 Todos os tipos de sedação e anestesia deverão ser realizados em ambiente 
seguro, devendo estar disponíveis equipamentos básicospara a administração da 
anestesia e suporte cardiorrespiratório, instrumental, materiais e fármacos conforme 
os anexos da ResoluçãoCFM n° 1.802/ 2006. 
 Para conduzir as anestesias gerais ou regionais com segurança, deve o médico 
anestesiologista manter vigilância permanente a seupaciente, sendo ato atentatório à 
ética médica a realização simultânea de anestesias em pacientes distintos, pelo 
mesmo profissional. 
Elaborar e manter atualizado o prontuário de seus pacientes, documento que deverá 
conter, de forma legível e completa, as informaçõesregistradas nas fichas de 
avaliação pré-anestésica, ficha de anestesia (intra-operatório), termo de 
consentimento de anestesia e sedação eficha de indicadores da anestesia e todas as 
ordens, altas e prescrições assinadas com nome legível e número de registro no 
ConselhoRegional de Medicina, de acordo com as normas estabelecidas pela 
instituição. 
 Observar as políticas, protocolos e rotinas específicas da anestesia e as 
institucionais (Protocolo de Tromboprofilaxia (TVP);Protocolos de Antibioticoprofilaxia; 
entre outras). 
 
21 
 
 
5. TIPOS DE ANESTESIAS EM PROCEDIMENTOS CIRÚRGIGOS 
 
No geral, para garantir a segurança e o conforto dos pacientes, os médicos 
anestesiologistas trabalham com três tipos de substâncias principais: 
Sedativas, que tiram a consciência do paciente; 
Analgésicas, que impedem a percepção da dor; 
Relaxantes musculares, que facilitam os procedimentos. 
O que difere efetivamente uma anestesia geral de uma sedação leve é a 
combinação e a dose destes elementos – e a resposta que o paciente tem a 
determinado estímulo. 
 Sedação leve: estado de tranquilidade e calma induzido pela medicação e 
durante o qual o paciente responde ao estímulo de fala; 
 Sedação moderada: estado de depressão da consciência induzido pela 
medicação. O paciente desperta com estímulos verbais ou toques leves; 
 Sedação profunda: estado de depressão da consciência induzido pela 
medicação e do qual o paciente desperta com estímulos dolorosos; 
 Anestesia geral: estado de depressão da consciência do qual o paciente não é 
despertado por estímulos dolorosos.A anestesia geral é muito temida pela população 
em geral, mas essa má fama é bastante injusta. Conforme veremos mais à frente, o 
risco de alguém vir a falecer por causa da anestesia é muitíssimo baixo, 
principalmente se o paciente for saudável e a cirurgia não for complexa. 
 
5.1 Anestesia Geral Balanceada 
 
Na anestesia geral é utilizada uma combinação de substâncias sedativas, 
analgésicas e relaxantes musculares. Elas promovem total inconsciência, analgesia e 
relaxamento do paciente. Este tipo de anestesia é utilizado nos procedimentos 
cirúrgicos de maior porte, como as cirurgias cardíacas, cirurgias ortopédicas e 
cirurgias bariátricas realizadas no Hospital. 
Sabe-se, porém, que as substâncias analgésicas presentes na anestesia geral 
podem provocar efeitos colaterais em algumas pessoas. Certos desconfortos como 
náuseas e vômitos no pós-cirúrgico são alguns exemplos. 
Para diminuir essas ocorrências, todos os pacientes que realizam procedimentos com 
anestesia passam por uma consulta pré-anestésica. Nela, o médico anestesiologista 
22 
 
 
irá identificar pré-disposição do paciente e outras características individuais para 
definira melhor estratégia anestésica. 
Além disso, os anestesiologistas aplicam a técnica de anestesia geral. Nela, 
são administradas substâncias anestésicas de forma contínua (por inalação e via 
venosa) durante todo o procedimento. Assim, é possível controlar com maior precisão 
quando cada paciente irá despertar e reduzir a ocorrência de efeitos adversos. 
Além disso, a técnica de anestesia geral inalatória por exemplo, possui efeitos 
cardioprotetores. Ela pode proteger o coração contra eventuais episódios de isquemia 
durante as cirurgias.Muitas pessoas tem receio ainda da anestesia geral. 
 
5.2 Anestesia do Neuroeixo 
 
Trata-se de uma técnica bastante utilizada para anestesiar apenas uma parte 
do corpo, como o abdome inferior e as extremidades inferiores. Nela, os 
medicamentos são injetados nos diferentes espaços entre as vértebras da coluna (de 
acordo com o objetivo e procedimento realizado). 
Figura 5 
 
 
Na anestesia raquidiana, a substância anestésica entra em contato com os nervos e 
leva a uma interrupção temporária da transmissão dos impulsos nervosos. Assim, 
provoca perda de sensibilidade dos membros inferiores e da zona inferior do abdome. 
Essa anestesia é indicada, por exemplo, para a cirurgia de remoção do cisto pilonidal. 
A anestesia peridural é bastante parecida com a anestesia raquidiana. No 
entanto, nesta técnica, o medicamento é injetado ao redor do canal espinhal e em 
maior quantidade. A anestesia peridural pode utilizada em algumas cirurgias e é 
23 
 
 
bastante comum durante o parto normal. Atualmente serve principalmente para 
proporcionar analgesia pós-operatória aos pacientes. 
 
5.3 Bloqueio de Nervos Periféricos Guiado por Ultrassom 
 
Figura 6 
 
 
É um método de anestesia bastante preciso e que reduz o número de 
intercorrências. 
O bloqueio de nervos periféricos consiste na utilização de equipamentos de 
imagem (ultrassom) para localizar de forma precisa os nervos responsáveis pela 
sensibilidade e movimento da região onde será realizada a cirurgia. Assim, o médico 
pode ver em uma tela, em tempo real, o posicionamento da agulha e injetar o 
medicamento anestésico sem tocar no nervo (evitando lesões e desconfortos). A 
técnica também pode ser utilizada em associação com outras formas de sedação ou 
anestesia geral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
6. ETAPAS DE ATENDIMENTO 
 
Os pacientesque passam por cirurgia recebem atendimento em três etapas: 
 Indução anestésica - Nesta etapa, conduzida pelo médico anestesiologista e 
pela equipe de enfermagem, o paciente é monitorado para controle do traçado 
cardíaco, frequência cardíaca, pressão arterial, oxigenação sanguínea e nível de 
anestesia. Uma vez anestesiado, o paciente recebe as proteções necessárias, de 
acordo com a cirurgia a ser realizada. 
 Período intraoperatório - A cirurgia propriamente dita, começa no momento em 
que o cirurgião inicia a incisão e vai até o seu fechamento. Da sala de cirurgia, o 
paciente poderá ser encaminhado para a Recuperação Anestésica, para o quarto, ou 
para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), o que acontece caso precise de cuidados 
especiais, após cirurgias muito extensas ou com pacientes muito debilitados. 
 Recuperação Anestésica - O paciente conta com a alta tecnologia de 
monitoramento, sob observação e cuidados constantes da equipe de enfermagem e 
do médico anestesiologista, até a plena recuperação da consciência e da estabilidade 
clínica. O período de permanência nesse setor varia de acordo com a complexidade 
da cirurgia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
7. ORIENTAÇÕES PARA O PACIENTE 
 
Infecções prévias – Comunique ao cirurgião, antes da cirurgia, se estiver com 
alguma infecção (furúnculo, foliculite, sinusite, dor de garganta, infecção urinária ou 
gripe, por exemplo). Nesses casos, se possível, é melhor postergar a cirurgia para 
evitar que haja risco de infecção pós-operatória. 
 
Cigarro – Deixe de fumar um mês antes da cirurgia. O fumo pode prejudicar a 
cicatrização. 
 
Depilação – Não depile o local a ser operado antes da cirurgia. A retirada dos pelos 
será realizada no hospital com tricotomizador elétrico. 
 
Higiene – Tome banho completo na noite anterior e novamente no dia da cirurgia, o 
mais próximo possível do horário da operação. Use toalha e roupas limpas. 
 
Curativo – Mantenha o curativo da ferida cirúrgica limpo e seco, seguindo a 
recomendação do seu médico. 
 
Sintomas de infecção – Comunique o cirurgião caso apresente qualquer sinal de 
infecção, como febre, dor excessiva no local operado, vermelhidão, calor local ou 
secreção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
 
8. O IMPACTO DA CIRURGIA E OS ASPECTOS PISICOLÓGICOS DO 
PACIENTE 
Figura 7 
 
 
Qualquer evento novo ou desconhecido gera nas pessoas um sentimento de 
ansiedade e medo. A ansiedade é a reação ao perigo ou à ameaça. Cientificamente 
ansiedades imediatas ou de período curto, são definidas como reações de luta e fuga. 
É assim denominada porque visa lutar ou fugir do perigo. Dessa maneia objetiva 
prioritariamente proteger o organismo. No âmbito da cirurgia, não é diferente. É 
possível supor que a antecipação desse evento desencadeia sentimentos 
potencialmente negativos baseados na avaliação cognitiva de cada indivíduo. 
As avaliações cognitivas dependem dos dados de realidade que o indivíduo 
possui, os quais são constituídos através das experiências que teve ao longo da vida, 
dos significados atribuídos a estes eventos e de suas formulações sobre a cirurgia, 
neste caso específico. 
A maneira que o paciente percebe a ameaça, no caso a cirurgia, ou seja, o 
significado que atribui a ela, é mais importante do que a própria cirurgia. A partir da 
percepção, surgem comportamentos de ajuste, os quais têm como objetivo enfrentar 
o estresse e a ansiedade desencadeados por este momento. 
Quando um paciente recebe a notícia de que terá que se submeter a um procedimento 
cirúrgico, automaticamente ficará focalizado nas implicações deste evento em sua 
vida. A doença, o diagnóstico e a necessidade da cirurgia como forma de tratamento 
significam que a saúde da pessoa está debilitada. Assim, o passo seguinte é se 
adaptar a esse contexto de forma adequada. 
A situação cirúrgica requer que o indivíduo se reacomode e se adapte à nova 
situação. 
A situação cirúrgica é complexa sendo, pois, um evento multideterminado, com 
diversas variáveis combinadas que interagem constantemente entre si. 
27 
 
 
Seguindo essa linha de raciocínio, é necessária uma visão completa do fenômeno. 
Existem cinco tipos de variáveis interdependentes que são observadas: as físico-
químicas, as biológicas, as psicológicas, as sociais e as culturais; cada qual com suas 
características particulares. 
É importante a avaliação da experiência vivida pelo paciente para favorecer a 
máxima cooperação do mesmo e promover a aderência ao tratamento para que a 
recuperação seja mais rápida. 
Assim, de acordo com esse enfoque todo acontecimento humano é um 
fenômeno biopsicosociocultural. Sob esta ótica, o ato cirúrgico, considerado um 
evento deste nível, compreende a totalidade de fatores envolvidos, desde as reações 
da pessoa diante do diagnóstico, da necessidade da cirurgia, associadas ao 
funcionamento e à organização do ambiente e da equipe, assim como o 
desenvolvimento da cirurgia, as técnicas relacionadas, seus resultados e até a cultura 
em que o paciente está inserido interfere no fenômeno como um todo. 
O paciente tem que lidar com o fato de estar doente, enfrentar a situação 
cirúrgica, e se reorganizar, já que existe uma ruptura em seu cotidiano. O evento 
cirúrgico provoca no paciente sensação de ausência de controle. Durante o 
procedimento, o paciente é manipulado pela equipe médica, caracterizando, pois, uma 
situação de dependência, a qual também deve ser elaborada pela pessoa. O paciente 
sente-se ameaçado, por se submeter a uma técnica invasiva. 
O efeito número um da reação de ansiedade é alterar o organismo para a 
possível existência do perigo. Portanto, há uma mudança automática e imediata na 
atenção para verificar no ambiente, ameaças em potencial. 
A hospitalização isolada causa estresse e este é ainda maior em pacientes 
cirúrgicos. 
O caráter estressante do acontecimento cirúrgico depende diretamente das 
características da doença; sua duração, a intensidade, a gravidade, os sintomas que 
produz, a incapacidade que gera e a possibilidade de cura por outros meios. Pode 
gerar também uma dor importante, um sentimento de impotência, mudanças 
permanentes nas funções corporais, insegurança e alterações na qualidade de vida. 
No que se refere à qualidade de vida, esta pode ser entendida enquanto 
fenômeno que se inter-relaciona com as diversas dimensões do ser humano e tem 
sido objeto de inúmeros estudos na comunidade científica. 
28 
 
 
Neste sentido, a Organização Mundial de Saúde definiu qualidade de vida 
como a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e do 
sistema de valores nos quais ele vive, considerando seus objetivos, expectativas, 
padrões e preocupações. 
A qualidade de vida influencia e é influenciada pelo status da saúde geral do 
indivíduo. Trata-se de uma relação de causa e efeito, a qual interfere na interpretação 
do indivíduo sobre sua qualidade de vida. 
Dessa forma, o evento cirúrgico e suas implicações têm relação direta com a 
percepção da qualidade de vida de uma pessoa. Sendo assim, tudo o que estiver 
ligado à cirurgia, causará mudanças na dinâmica do paciente. 
Toda e qualquer intervenção cirúrgica é uma situação crítica que expõe o 
indivíduo a um estresse físico e emocional. Desperta componentes pessoais 
complexos que se manifestam em emoções, fantasias, atitudes e comportamentos 
que prejudicam o desenvolvimento da prática médica. 
 Os estressores mais significativos dentro da situação cirúrgica, de acordo com 
Méndez, Ortigosa e Pedroche (1996) são: o diagnóstico, a doença, a dor, a 
hospitalização, os procedimentos médicos, o temor de não despertar da anestesia, as 
consequências da cirurgia, a perda da autonomia e a morte. Estes geram medos bem 
específicos. 
Suporte pré-operatório e intervenções complementares durante a reabilitação 
maximizem a qualidade de vida do indivíduo. 
Tambémse ressalta a importância de uma intervenção psicológica em casos 
cirúrgicos, já que contribuem para a manutenção da qualidade de vida do paciente. 
Gil, Gibbons, Jeneson, Hopkins e von Gruenigen (2007) acrescentam que para 
aumentar o nível de qualidade de vida, as variáveis que permeiam o diagnóstico, o 
tratamento e o prognóstico devem ser abordadas e trabalhados. Acrescentam anda 
que existe uma correlação positiva entre bem-estar físico e mental. 
Para que o estresse pré-cirúrgico seja reduzido, o método mais comum e mais 
utilizado é a preparação psicológica, em que são fornecidos dados sobre o 
procedimento e sobre o comportamento a ser adotado. Intervenções psicológicas e 
educacionais tão se tornando cada vez mais importantes. Fazem parte do 
enfrentamento da situação cirúrgica. 
Ao antecipar o ato cirúrgico, com todas as particularidades já mencionadas, é 
muito comum o paciente experimentar o sentimento de ansiedade. Diante da 
29 
 
 
intervenção cirúrgica o paciente tem necessidade de saber e entender o que acontece 
e o que vai acontecer com ele. Esta é considerada uma ansiedade funcional porque 
pode possibilitar reflexão, debate e busca de conhecimento. 
A prática clínica e o contato com os pacientes permitem a definição de que a 
ansiedade se caracteriza por ser um estado emocional subjetivo, direcionada para o 
futuro, que gera desconforto somático subjetivo, bem como alterações somáticas 
manifestas. 
Existe um nível de ansiedade considerado normal e positivo. São reações 
próprias da personalidade e sua presença não representa nenhum estado excepcional 
da pessoa, pelo contrário, são parte do funcionamento natural de cada um, pois atua 
como uma força motivadora de todas as condutas e comportamentos das pessoas. 
Esse tipo de ansiedade faz com que o indivíduo busque coisas, movimenta a vida das 
pessoas, as deixa alerta. 
Porém, existe um limite. Até este ponto, a ansiedade mobiliza esses aspectos 
positivos e necessários mencionados anteriormente; ultrapassando esse tênue limite, 
a ansiedade passa a ser extremamente prejudicial ao indivíduo. O seu efeito passa a 
ser limitador. Impede que o indivíduo realize as coisas. É acompanhada por reações 
fisiológicas características, tais como: taquicardia, hiperventilação, aumento da 
pressão arterial, sudorese, tremor etc.; além de reações cognitivas, tais como 
alteração do fluxo de pensamentos, ausências (branco) etc., e reações 
comportamentais, nas quais o indivíduo inicia uma série de atividades e não consegue 
terminá-las, quando o indivíduo demonstra intensa agitação psicomotora, ou ainda 
quando paralisa e não consegue prosseguir suas atividades. 
Não há dúvidas que a neuroendocrinologia das emoções tem correlação 
estreita com a percepção clínica da ansiedade e do estresse, além das mudanças 
fisiológicas que se tornam detectáveis. A ansiedade é comumente e facilmente 
observada no paciente diante do ato cirúrgico. Este passa a ter condutas 
contraproducentes que dificultam o desenvolvimento do processo operatório. Daí a 
importância de uma intervenção. 
o aumento do nível da ansiedade coincide com a proximidade da cirurgia, 
caracterizando a ansiedade situacional. Os níveis de ansiedade dependem também 
do ´locus´ de controle, ou seja, os tipos de variáveis que podem determinar a 
ansiedade, as quais se alteram de indivíduo para indivíduo.Acrescentam que as 
variáveis podem ser determinadas por características demográficas, a história clínica 
30 
 
 
do paciente, variáveis da personalidade, tipo de funcionamento psicológico, cognitivo, 
afetivo e interacional, a relação médico-paciente e a própria experiência de 
hospitalização. 
É importante identificá-las para que sejam manejadas adequadamente. 
Platas (1990) diferencia três tipos de ansiedades básicas presentes ao longo da 
situação da cirurgia. 
A primeira é a ansiedade confusional e é referente ao período pré-operatório. 
Existe uma desestruturação do paciente, um desequilíbrio como consequência da 
confusão. O paciente fica indeciso, vacilante, descoordenado etc. Existem alguns 
comportamentos que podem ajudar a enfrentar esta fase; são eles: ordenar, 
classificar, perguntar, entender, refletir, planejar, programar e controlar. Nesta etapa 
o ato cirúrgico em si tem um peso relativamente pequeno. É importante que o 
profissional forneça explicações breves de forma sensível, assim como proposto na 
intervenção de psicoprofilaxia. 
Na fase seguinte o paciente experimenta a ansiedade paranóide. Existe uma 
ameaça de desestruturação por um ataque externo. As manifestações comuns são o 
medo, a desconfiança, o temor, e inclusive uma paralisação por pânico, uma 
ansiedade muito intensa. Como condutas niveladoras: a prevenção, a cautela, a 
indagação, a escuta e o contra-ataque. O ato cirúrgico nesta etapa tem papel central. 
É a característica do período operatório. Tende a decair se a equipe tem um bom 
vínculo com o paciente. 
O período pós-operatório imediato, na sala de recuperação da anestesia, é um 
período em que o indivíduo fica vulnerável e bastante instável com capacidade 
psicológica adaptativa alterada, já que como consequência do procedimento 
anestésico, o processo de questionamento e busca de dados que orientam a 
avaliação cognitiva fica modificado; assim, medos e incertezas tendem a aumentar. 
A ansiedade seguinte é a depressiva, pois existe uma ameaça de 
desestruturação. As manifestações mais comuns são: tristeza, aborrecimento, fadiga, 
insônia, impotência e euforia. Para nivelar tais manifestações, criar, trabalhar, ler, 
estabelecer relações sociais, comer, beber, dormir, estudar e se divertir são os 
comportamentos mais indicados ao paciente. Neste período a incidência do ato 
cirúrgico no psiquismo aumenta. O nível vai diminuindo lentamente conforme s 
recuperação e a elaboração do evento cirúrgico. 
31 
 
 
Uma dessas fases predomina sobre as outras e por consequência, demandam 
tipos diferentes de intervenção e manejo. O profissional deve identificar qual a 
necessidade maior do paciente e atuar para que minimize os efeitos da fase 
predominante. 
Para identificar em que fase está o paciente, Platas (1990) descreve atitudes e 
comportamentos clássicos dos pacientes a serem observados e identificados para 
uma atuação profissional mais adequada. 
Perguntas em excesso e repetidas sobre detalhes técnicos da intervenção, 
dificuldades de compreensão da situação, sinais de desorientação espacial e/ou 
temporal, ou alterações da fala e insistência por garantir o prestígio da equipe, 
caracterizam o predomínio da ansiedade confusional. 
Os indicativos do predomínio da ansiedade paranóide são: um tom agressivo, 
perguntas desafiadoras, intenção de aproximação e curiosidade por aspectos 
pessoais e afetivos da vida dos membros da equipe, excesso de reclamações, 
questionamentos, protestos e ameaças, tendência a verificar repetidamente o 
diagnóstico e confrontá-lo com diferentes profissionais, idealização, estabelecimento 
de um vínculo de adoração com um ou mais membros da equipe. 
Já os comportamentos comuns do paciente com predomínio da ansiedade 
depressiva são os seguintes: euforia, excesso de otimismo, logorréia, e abuso de 
humor, tristeza acentuada, anorexia, insônia, choro intenso, autoabandono, 
insistência por estabelecer vínculos afetivos com algum membro da equipe e 
tendência a maximizar a importância da cirurgia. 
A seguir, são apresentados os desencadeantes, que são situações e/ ou 
circunstâncias que favorecem o aparecimento de um ou outro tipo de ansiedade, mais 
comuns de cada etapa. Os primeiros se referem à ansiedade confusional: medidas de 
emergência, mudança de planos, terminologia excessivamente técnica, exagero no 
número de pessoas da equipe, as mudanças de pessoal da equipe, muitas 
prescrições medicamentosas e/ou troca de uma por outras e a complexidade do 
instrumental cirúrgico. 
 
Os desencadeantesda ansiedade paranóide: todas as medidas que impliquem 
sofrimento e dor física, roupas cirúrgicas, entrevistas aos familiares dos pacientes sem 
conhecimento do paciente, atitudes autoritárias e excessivamente rígidas, a 
imobilização física e uso abusivo de sedativos. 
32 
 
 
O manejo da dor é significativamente favorável. Um trabalho psicológico pré-
cirúrgico tem sido considerado importante. Sentimentos negativos existentes nesta 
etapa, podem prejudicar o enfrentamento do paciente, culmimando com o 
comprometimento de sua recuperação. 
Por fim, a ansiedade depressiva tem como desencadeantes a anestesia geral, 
a prostração e as indicações de repouso, a presença de flores, imagens e altares no 
quarto, falta de cores na decoração, geram despersonalização e alteram o humor do 
paciente, presença de religiosos, dietas alimentares muito rígidas, outros doentes 
dividindo o mesmo quarto, muitas pessoas no quarto ou a proibição de visitas. 
Essa ansiedade se alterna com a sensação de medo e estresse. O estresse 
promove mudanças biológicas e fisiológicas, e por sua ação funcional pode converter-
se num fator de risco diante do procedimento cirúrgico, complicando seus resultados 
e comprometendo a recuperação pós-operatória. 
Mostraram que o estresse e a ansiedade pré-cirúrgica aumentam os tempos 
de recuperação; são obstáculos contraproducentes na reabilitação do paciente. 
Foi demonstrado que quanto maior o nível de estresse de um paciente antes 
da cirurgia, maior é a demora do processo de cicatrização, maior a debilidade do 
sistema imunológico e pode mostrar-se pouco colaborador com os procedimentos 
médicos. 
O nível de estresse pós-operatório se agrava se o paciente tem em sua história 
pessoal, experiência de temor ou fobia diante de enfermidades. A incidência depende 
também do momento atual do paciente. É um momento de crise, e como tal gera 
instabilidade. Para enfrentar isso o indivíduo necessita se adaptar à sua nova 
realidade, tarefa essa realizada pela equipe de psicologia, através da Psicoprofilaxia 
Cirúrgica, cujos benefícios já explorados anteriormente. 
Diante da ansiedade causada pela situação cirúrgica,intervenção baseada na 
formação e na educação sobre a doença e suas implicações, assim como o tratamento 
proporciona um suporte emocional significativo. 
A Psicoprofilaxia Cirúrgica surge para amenizar o impacto provocado pela 
cirurgia no psiquismo do paciente. É um tipo de intervenção que prepara o paciente 
para lidar com o evento cirúrgico através de técnicas de enfrentamento. É importante, 
para o profissional que trabalha com psicoprofilaxia cirúrgica, levar em consideração 
que o paciente ocupa uma posição vulnerável. 
33 
 
 
Dessa maneira, fornecer suporte psicológico e social, é uma importante ajuda 
para o enfrentamento da cirurgia. Proporciona adaptação emocional e interpessoal. 
Intervenções psicológicas pré-operatórias proporcionam melhora na qualidade de vida 
do paciente, já que diminui riscos de depressão, diminui grau de ansiedade e 
aumentam o sentimento de bem-estar mental do indivíduo. É uma maneira que o 
paciente tem para lidar melhor com a situação em que se encontra. 
Destaca que a exploração dos fatores desencadeantes, diante da iminência da 
cirurgia, é relevante para que o psiquismo da pessoa reaja frente ao estressor. As 
características de personalidade do paciente, produto de sua história evolutiva são 
determinantes. 
Concluindo que o uso de técnicas é eficiente na redução do estresse. As 
diferenças são significantes já que melhoram o estado emocional geral do paciente. 
Isso acontece porque o paciente passa a ter controle de seus sentimentos e por 
consequência, da situação em que se encontra. 
O autor sugere que o profissional transmita o conteúdo da informação ao 
paciente começando do mais simples e esquemático até o mais completo e detalhado, 
subdividindo cada segmento de informação em sessões diferentes e progressivas. 
O profissional com essa consciência, de abordar o paciente como um todo, tem 
mais probabilidade de atingir a eficácia em sua intervenção. 
Além dos aspectos levantados, a Autora destaca a importância de avaliar a 
vulnerabilidade do sujeito, através da observação da maneira que recebem a notícia 
da necessidade da cirurgia e a localização anatômica da mesma. 
Rinaldi (2001) descreve vulnerabilidade como fundamentalmente psicológica, de 
caráter preditivo que permite prever o nível de diminuição dos recursos psicológicos, 
que poderiam predispor a aparição de transtornos ou futuras enfermidades. 
Em síntese, a psicoprofilaxia cirúrgica é uma alternativa que ajuda o paciente 
a enfrentar e aliviar sintomas e problemas específicos derivados da situação da 
intervenção cirúrgica e o prepara emocionalmente para a tal situação. Permite, ainda, 
detectar traumas produzidos por ocasião da intervenção cirúrgica, como também 
prevenir e diminuir os efeitos dos estressores da situação. Por fim, o processo 
preventivo serve como diagnóstico e prognóstico através da avaliação da 
vulnerabilidade do indivíduo. 
34 
 
 
A Psicopofilaxia Cirúrgica trata-se de uma nova modalidade que surge para 
facilitar o processo da hospitalização e da cirurgia, assim como potencializar os 
recursos dos pacientes para enfrentar o impacto da cirurgia. 
Submeter-se a uma intervenção cirúrgica gera alterações significativas, desequilíbrios 
psicológicos que podem dificultar o período pós-operatório. Antes e depois da cirurgia 
é importante consultar um psicólogo para diminuir a ansiedade e racionalizar o temor 
que toda cirurgia desencadeia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS 
 
McAuliffe, M. S; Henry, B (1996). “Países onde a anestesia é administrada por 
enfermeiras”. AANA Journal . 64 (5): 469–79. PMID 9124030 . 
 
McAuliffe, MS, Henry B. (2002). Nurse AnesthesiaWorldwide: Practice, 
EducationandRegulation. Recuperado em 23 de maio de 2007, emhttp://ifna-
int.org/ifna/e107_files/downloads/Practice.pdf 
 
 Federação Internacional de Enfermeiros Anestesistas (2007). Sobre IFNA 
...Recuperado em 23 de maio de 2007, emhttp://ifna-int.org/ifna/page.php?16 
"CertifiedRegistered Nurse Anesthetists (CRNAs) - DepartmentofAnesthesiology" 
.anesthesiology.weill.cornell.edu . 
 
Daughettry, Lindsay (2010). "Há escassez de provedores de anestesia nos Estados 
Unidos?" .RandHealth . Recuperado em 30 de setembro de 2018 . 
 
"Ficha informativa de CRNA" .www.aana.com . 
 
Allard N. C. (2007). Day surgery for breastcancer: effectsof a 
psychoeducationaltelephoneinterventiononfunctional status andemotionaldistress. 
OncolNursForum. 34(1),133-141. 
 
Chamberlain W. M., Tulman L., Coleman E. A., Stewart C. B., Samarel N. (2006). 
Women'sperceptionsoftheeffectivenessoftelephonesupportandeducationontheiradjust
menttobreastcancer. OncolNursForum. 33(1), 138-144. 
 
Ferraro, A. (2000, Outubro). Psicoprofilaxisquirurgica. Revista Crescimiento Interior 66 
(7). 
 
Fiorentino, S. (2005). Psicoproflaxisquirurgica: como dominar elmiedo a operarse. 
Diário de Cuyo. Estilo. 
 
Garcia, S. B.; Lado, M. C.; Makler, C.; Besada, M.; Mucci, M. C.; Covaro, J.A.(2004). 
Estratégias de itervención “psi” ensituaciones médicas: psicoproficalxiaquirurgica. 
(Trabalho apresentado no Congresso de Salus Mental de La Ciudad de Buenos Aires) 
 
Garretson, S. (2004). Benefitsofpré-operativeinformationprogrammes. 
NursingStandart, 18 (47), 33-37.

Outros materiais