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1 OMF II ANATOMIA LETÍCIA LEÃO P2 Anatomia das hérnias: O que é uma hérnia? Ocorre quando uma víscera deixa a cavidade que a contém, devido a uma falha congênita ou adquirida de uma das paredes que delimitam esta cavidade. Para caracterizar uma hérnia, é necessário haver integridade da pele e do peritônio, pois, se isso não ocorrer, será evisceração Falha no plano músculo-aponeurótico = porta herniária Parte do peritônio que passa pela porta e se exterioriza = saco herniário (divertículo do peritônio que passa pela porta herniária) Parte mais estreita do saco herniário, que fica na porta herniária = colo do saco herniário Conteúdo do saco: geralmente alças delgadas, ceco, bexiga, sigmoide e o grande omento. Classificação das hérnias: 1. Internas: Tipos especiais de hérnias, que, excluindo a hérnia diafragmática, são emergências cirúrgicas, pois geralmente obstruem o intestino e podem provocar necrose de alça intestinal se não forem operadas. a) Hérnias diafragmáticas: Passagem de conteúdo abdominal para o tórax (nunca o contrário devido à pressão negativa do tórax), através das 4 possiveis passagens (hiato aórtico, forame da VCI, hiato esofágico e trigono esternocostal/ fissura de Larrey). Pelo forame da VCI é difícil ocorrer, pois o fígado está próximo. Pelo hiato aórtico também dificilmente ocorrem hérnias. Já no hiato esofágico podem ocorrer 2 tipos: De escorregamento (junção esôfago-gástrica se encontra no tórax) De rolamento (junção esôfago-gástrica se encontra no abdome, mas a parte superior do estomago se encontra no tórax). Esses 2 tipos são adquiridas e ocorre dispneia (dificuldade de respirar) depois das refeições e tosse crônica. Tratamento: voltar o estomago para o lugar correto e juntar os pilares para diminuir o hiato. Pelo trígono esternocostal/ fissura de Larrey (entre as partes costal e esternal do diafragma, por onde passam os vasos epigástricos superiores) também ocorrem hérnias, mas com frequência menor. Hérnia de Morgani: Se o indivíduo nascer com o triângulo mais aberto, uma estrutura do abdome pode passar. Hérnia de Bochdaleck: Também pode haver hérnia diafragmática pela abertura causada por falta de diafragma de um lado (hérnia congênita). Nesse caso, quase todo o conteúdo do abdome passa para o tórax e por isso é uma urgência médica, pois será apresentado dificuldade respiratória. Cirurgia: colocar tela para fechar a abertura. Hérnia traumática: Contusões toracoabdominais abertas ou fechadas podem causar ruptura do diafragma b) Hérnia de forame omental: 2 OMF II ANATOMIA LETÍCIA LEÃO P2 Entre o fígado, o estomago e o duodeno, existe uma lamina de peritônio, chamada de omento menor. Posteriormente a ele existe o forame omental ou epiplóico. Este forame, quando é muito largo, pode acarretar uma hérnia interna. Por causa dos movimentos peristálticos poderá haver aprisionamento de uma alça intestinal. c) Hérnia da fosseta duodeno-jejunal Na transição duodeno- jejunal, existem duas pequenas depressões chamadas fossetas duodeno- jejunais. Quando uma dessas fossetas for anormalmente larga e profunda, uma alça intestinal poderá ser aprisionada ocasionando uma hérnia interna. d) Hérnia das fossetas íleos-cecais: Na transição entre intestino delgado e grosso (entre íleo e ceco), há duas fossetas íleo-cecais (uma superior e outra inferior). Quando uma dessas fossetas se torna mais larga e mais profunda, uma alça intestinal pode se insinuar através dela e ser aprisionada, caracterizando uma hérnia interna. e) Hérnia inter sigmóidea: No meso-sigmoide existe uma fossa denominada inter-sigmoidea. Quando essa fossa está larga e profunda, pode aprisionar uma alça intestinal. 2. EXTERNAS: a) Hérnia perineal: O diafragma pélvico é formado por dois músculos pares e na borda medial de cada musculo há fendas que permitem a passagem da uretra, do reto e da vagina (nas mulheres). Portanto, o diafragma pélvico feminino, por ser atravessado por 3 estruturas, é mais 3 OMF II ANATOMIA LETÍCIA LEÃO P2 débil que o masculino e por isso essa hérnia é mais frequente nas mulheres, principalmente multíparas (aumento da pressão intra-abdominal no parto) b) Hérnia obturatória: Passa pelo canal obturatório e se exterioriza na parte medial da raiz da coxa (rara) c) Hérnia epigástrica; Entre o processo xifoide e sínfise púbica existe uma faia de tecido conjuntivo (linha alba) que é formada pelo entrecruzamento aponeurótico. No meio deste entrecruzamento, principalmente entre processo xifoide e cicatriz umbilical, existem pequenos orifícios para dar passagem a vasos e nervos. Se um desses orifícios se alargar, com o aumento da pressão intra- abdominal, forma-se hérnia epigástrica. Inicialmente passara pela falha na gordura pré-peritonial, que trará consigo o peritônio parietal e por isso, em hérnias epigástricas encontramos um lipoma pré-herniário. d) Hérnia umbilical: Outro tipo de hérnia da linha branca. Pode ser congênita ou adquirida. Durante a gestação, as trocas materno-fetais são feitas através do cordão umbilical, que passa através do anel umbilical (abertura na linha branca) e após o nascimento esse anel se fecha. Se isso não ocorrer, a hérnia umbilical congênita é gerada. Já se o indivíduo possuir um fator que provoque constante aumento da pressão intra- abdominal (muitas gestações, ascite, tumores...), o anel umbilical sofre dilatação e ocorre hérnia umbilical adquirida. Tratamento: cirúrgico- fechamento do anel umbilical Onfalocele: Falta pele em torno do umbigo e as vísceras ficam expostas com o peritônio recobrindo-as. Nesse caso, a operação deve ser precoce. Gastroquises: Além da parede abdominal, falta também o peritônio, ficando as vísceras expostas sem nada recobrindo-as. A cirurgia também deve ser feita imediatamente. 4 OMF II ANATOMIA LETÍCIA LEÃO P2 e) Hérnia lombar Existem dois tipos: a do trígono de J L Petit e a do quadrilátero de Grynfelt, que ocorrem devido ao aumento da pressão intra-abdominal nessas áreas que são consideradas débeis. O quadrilátero de Grynfelt é limitado, lateromedialmente, pela 12ª costela, pelo serrátil póstero-inferior, superiormente pelos músculos quadrado lombar e oblíquo interno inferiormente. Trígono lombar Hérnias lombares f) Hérnias da linha arqueada de douglas e da linha semilunar de spiegel A linha arqueada de douglas também é uma área débil da parede antero-lateral do abdome (possui fáscia transversal), assim como a linha semilunar de Spiegel (na borda medial do músculo transverso). Em ambas as linhas podem ocorrer hérnias. g) Hérnia glútea: O forame isquiático maior é preenchido parcialmente pelo musculo piriforme, que resulta em duas aberturas, superior e inferir, os forames infra e supra piriformes, que dão passagem a vasos e nervos. Quando um desses orifícios se alarga poderá ocorrer passagem de conteúdo pélvico para região glútea. Tipo de hérnia muito raro. h) Hérnia femoral: Passa pelo anel femoral cirúrgico, que é delimitado pelo ligamento inguinal e posteriormente pelo ligamento pectíneo, medialmente pelo ligamento lacunar e lateralmente pela veia femoral. Ocorre mais em mulheres, pois a pelve feminina é mais inclinada que a masculina, a veia femoral feminina é mais fina que a masculina, o que torna o anel mais largo e, na gravidez, o ligamento inguinal é tracionado para cima, aumentando o diâmetro. Esta hérniaocorre mais do lado direito, porque o anel femoral é maior do lado direito. 5 OMF II ANATOMIA LETÍCIA LEÃO P2 Anéis: Anel trapezoide Anel triangular Anel semi-circular Canal inguinal e anéis inguinais: superficial e profundo Na parede AL do abdome, há um trajeto acima do ligamento inguinal, entre os músculos largos = canal inguinal. Este canal é limitado anteriormente pela aponeurose do músculo oblíquo externo, onde está o anel inguinal superficial (uma abertura triangular, formada pelos dois pilares: medial e lateral e as vezes pelo pilar posterior, que é protegida pelas fibras intercrurais); inferiormente pelos ligamentos: inguinal e lacunar, superiormente: fibras dos músculos oblíquo interno e transverso que se originam no ligamento inguinal, se arqueam e prendem ao púbis (tendão conjunto) ou não (triangulo de hessert); parede posterior: pelo tendão conjunto e a fáscia transversal (onde está o anel inguinal profundo, que passa ligamento redondo do útero e funículo espermático). Parte da fáscia transversal se espessa e envolve inferior e medialmente o anel inguinal profundo e vai até a linha arqueada, constituindo o ligamento interfoveolar ou ligamento de Hesselbach (mecanismo de proteção ao anel inguinal profundo). O canal inguinal possui uma parte débil que só é protegida pela fáscia transversal. Quem faz a proteção do anel inguinal superficial são as fibras intercrurais (originam da aponeurose do oblíquo externo) e a do profundo, o ligamento interfoveolar (formado pela fáscia transversal que se prende a linha arqueada). Quando os músculos abdominais se contraem, a pressão aumenta, mas o conteúdo não se exterioriza devido aos mecanismos. Mecanismo do anel superficial- quando a musculatura se contrai, as fibras se originam do ligamento inguinal são tracionadas para baixo, estreitando o canal (efeito cortina) Mecanismo de proteção do anel profundo- quando o musculo transverso se contrai, como a fáscia transversal é presa a ele, o ligamento interfoveolar é tracionado, deitando o ligamento profundo e ele gira lateralmente ORIFÍCIO MIOPECTÍNEO Abertura/ falha na parte inferior da parede AL- orifício miopectineo de Fruchaud. Situado entre o arco mioaponeurótico dos músculos obliquo interno e transverso e a crista pectínea. Este orifício é dividido em superior e inferior pelo ligamento inguinal e dá passagem aos vasos sanguíneos, linfáticos, nervos, músculos e tendões. 6 OMF II ANATOMIA LETÍCIA LEÃO P2 VISTA INTERNA DO PERITÔNIO: Peritônio que recobre a parte infraumbilical: anel umbilical, bexiga e dois ligamentos inguinais. No feto, existe um canal, por onde a urina é eliminada (úraco) vai do anel umbilical até a bexiga. Depois que o cordão umbilical é ligado, se oblitera e vira a prega umbilical mediana. As duas artérias umbilicais existentes no feto também viram pregas após o nascimento, são as pregas umbilicais laterais. As 3 depressões: supravesical, média e lateral Em cada uma das fossas inguinais pode aparecer um tipo de hérnia. Supravesical- rara. Na fossa média= hérnia direta, acontece pelo aumento da pressão e é uma hérnia de esforço. Na fossa lateral = hérnia indireta/ obliquo externa. É congênita, ocorre em ambos os sexos. No homem, o testículo desce atrás do peritônio na vida fetal, ao migrar, arrasta um divertículo de peritônio, que chega a bolsa testicular pelo funículo espermático (conduto peritônio-vaginal). 1 mês antes do nascimento esse conduto se oblitera e começa a se fechar, restando apenas o chamado ligamento de Cloquet. Se o conduto não fechar, fica uma comunicação entre cavidade peritoneal e bolsa testicular, onde uma alça intestinal pode formar hérnia indireta. Tratamento: abertura do funículo e ressecção do conduto. Na mulher, o ligamento redondo se inicia pelo útero, passa pelo canal inguinal e se fixa no tecido gorduroso dos grandes lábios, arrastando divertículo de peritônio (canal de Nuck) que deve fechar. Caso não feche, a comunicação pode gerar uma hérnia, corrigida pela ressecção do canal de Nuck. Diferença hérnia direta e indireta- manobra de Landivar. O indivíduo é colocado em decúbito dorsal, fecha-se o anel profundo com o dedo e pede para o paciente fazer força, se ela não aparecer é indireta. Se aparecer, não tem a ver com o anel, por isso, é direta. OBS: alteração da estrutura da fáscia transversal acarretada por diminuição da síntese de colágeno, levando à perda de elasticidade. OBS2: A hérnia é estrangulada quando uma alça é aprisionada pelo anel inguinal superficial ou pelo profundo; este tipo de hérnia requer cirurgia imediata, porque, além de ser uma obstrução, interrompe a vascularização da alça. HÉRNIA INCISIONAL: Também chamada de eventração. Conteúdo abdominal passa por um ponto fraco de cicatriz de cirurgia. Pode ocorrer em qualquer parte da parede AL. Mais frequente nas incisões medianas infra- umbilicais.
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