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APOSTILA-COMPLETA-AVALIAÇÃO-FÍSICA-E-TREINAMENTO-DESPORTIVO-1

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO FÍSICA E 
TREINAMENTO DESPORTIVO 
 
 
 
 
 
GUARULHOS – SP 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 AVALIAÇÃO FÍSICA .................................................................................................. 3 
1.1 Métodos de avaliação ......................................................................................... 4 
1.2 IMC ...................................................................................................................... 8 
1.3 TMB ou TMR ....................................................................................................... 9 
1.4 Relação ou Índice Cintura Quadril .................................................................... 11 
1.5 Frequência Cardíaca ......................................................................................... 11 
1.6 Composição Corporal ........................................................................................ 15 
1.7 Potência Aeróbia ............................................................................................... 23 
2 TREINAMENTO ESPORTIVO ................................................................................. 24 
2.1 Princípios do treinamento esportivo .................................................................. 27 
2.2 A trajetória do treinamento desportivo: do empirismo ao cientificismo .............. 33 
2.3 O Período Tecnológico e suas referências ....................................................... 39 
2.4 O Período do mercantilismo esportivo e suas referências ................................ 41 
2.5 Escolas de treinamento ..................................................................................... 43 
3 MODELOS DE PERIODIZAÇÃO ............................................................................. 45 
3.1 Evolução histórica da periodização ................................................................... 45 
3.2 Modelo Clássico (Matveiev) .............................................................................. 47 
3.3 Treinamento pendular ....................................................................................... 52 
3.4 Treinamento modular ........................................................................................ 53 
3.5 Treinamento em bloco ....................................................................................... 54 
3.6 Treinamento estrutural ...................................................................................... 57 
3.7 Treinamento individualizado de Bondarchuk ..................................................... 58 
3.8 Estrutura de treinamento para as modalidades coletivas .................................. 59 
 
 
 
4 CAPACIDADES FÍSICAS ........................................................................................ 61 
4.1 Força ................................................................................................................. 63 
4.2 Velocidade ........................................................................................................ 65 
4.3 Resistência ........................................................................................................ 66 
4.4 Flexibilidade ...................................................................................................... 67 
4.5 Coordenação ..................................................................................................... 68 
4.6 Preparação desportiva de crianças e jovens ..................................................... 71 
5 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 75 
 
 
 
3 
 
 
1 AVALIAÇÃO FÍSICA 
Segundo ACSM (2003) a atividade física é benéfica tanto no tratamento quanto 
na prevenção de patologias e/ ou incapacidades crônicas, uma vez que a atividade 
promove uma redução na incidência de mortalidade precoce por coronariopatia, 
obesidade, hipertensão, mais comuns entre os sedentários, e câncer de mama e de 
colo do útero, essas duas últimas sendo menos decorrentes e que, obviamente, só 
atingem indivíduos do sexo feminino. 
O mesmo autor ressalta que o teste de esforço representa uma poderosa 
ferramenta para a avaliação da capacidade funcional e do efeito das mais diversas 
intervenções propostas pelo profissional, porém, mais importante que isso, que ela 
oferece a possibilidade de maior segurança ao exercício proposto. Veja abaixo uma 
adaptação da tabela “Benefícios da atividade física regular e/ ou do exercício” de ACSM 
(2003), que dará uma noção mais ampla do que foi falado anteriormente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
Quadro 1. Benefícios da Atividade Física Regular e/ ou do Exercício 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Adaptado de ACSM (2003) 
1.1 Métodos de avaliação 
Atualmente se conhecem três métodos para a predição da composição 
corporal, os métodos direto, indireto e duplamente indireto. Veremos a seguir do que se 
constitui cada um desses modos de avaliação. 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: revide.com.br 
 
Método direto 
A única forma completamente fiel a predição de composição corporal, porém só 
se pode fazer esse tipo de avaliação com cadáveres, pois a mesma se constitui na 
dissecação da peça anatômica e a separação de cada um dos componentes do corpo, 
segundo Fernandes da Costa (2001). 
Fernandes da Costa (2001) ainda ilustra a imensa dificuldade que há para a 
realização de pesquisas acerca da composição corporal utilizando o método direto, pois 
é necessário um grande número de cadáveres e profissionais especializados e 
experientes, além dos empecilhos éticos que existem nessas pesquisas. O autor cita 
em sua obra o estudo feito por Drinkwater e colaboradores, que contou com uma 
amostra de 25 indivíduos homens, com idades entre 55 e 94 anos. Nota-se, somente 
pela faixa etária, constituída de idosos, que os resultados apresentados por essa 
amostra não devem e nem podem ser aplicados a todas as faixas etárias, como adultos 
jovens, e tampouco em diferentes níveis de aptidão física, como atletas de alto nível. 
 
 
6 
 
 
Método indireto 
Segundo Fernandes da Costa (2001) e ACSM (2003) são aqueles em que, 
diferentemente do método direto, não há a manipulação dos componentes separada e 
diretamente. O que ocorrem são exames que, a partir de princípios físico-químicos, 
visam extrapolar os níveis de massa gorda e de massa livre de gordura (massa magra). 
Além disso, encontram-se disponíveis, para a mensuração indireta, exames de imagem, 
como a ressonância magnética nuclear, e testes de densitometria, como a pesagem 
hidrostática. 
 
Método duplamente indireto 
Fernandes da Costa (2001) cita que esses são os testes mais baratos, viáveis e 
facilmente aplicáveis. Geralmente eles são validados a partir de testes feitos com um 
método indireto, sendo mais comum, por sua viabilidade, o método indireto da pesagem 
hidrostática. 
Para o presente estudo, esse é o método que será enfocado, pois no programa 
que visamos apresentar existem diversos cálculos baseados em métodos duplamente 
indiretos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
Quadro 2. Métodos de avaliação da composição corporal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Adaptado de Fernandes da Costa (2001) e Petroski (2003) 
 
 
 
 
 
8 
 
 
1.2 IMC 
Índice de Massa Corpórea ou Índice de Quetelet, proposto em 1953 pelo 
Metropolitan Life Insurance Company, é um dos cálculos mais antigos e conhecidos, 
utilizado para determinar o peso ideal do indivíduo em relação a sua altura. Porém esse 
não pode ser considerado um resultado fidedigno para efeitos de pesquisa ou de uma 
avaliação mais profunda, uma vez que ele não leva em conta em sua fórmula o sexo, 
condição física e/ ou de saúde, percentual de gordura e de massa magra, entre outras 
tantas variáveis.Imagine o seguinte: 
 
Quadro 3. Relações IMC x capacidade física 
 
 
 
 
A resposta para a pergunta acima é não, e esse exemplo serve apenas para 
demonstrar que o IMC não deve ser utilizado como uma medida fidedigna e nem 
mesmo válida para uma pessoa que tenha um mínimo de preparo físico, devendo ser 
utilizada apenas para efeito de curiosidade ou de uma parte inicial a um processo de 
avaliação completo. 
O cálculo de IMC é o seguinte: 
 
 
 
 
 
9 
 
 
Onde: 
 Kg = Peso total do indivíduo, em Kg. 
 m = Altura total do avaliado, em metros. 
1.3 TMB ou TMR 
Taxa Metabólica Basal ou de Repouso, segundo Mahan e Escott-Stump (1998) 
é toda aquela energia gasta para a manutenção das funções vitais, expressadas em 
Kcal/ peso corpóreo (em Kg) / hora. 
Ela reflete a produção de calor pelo organismo sendo determinada 
indiretamente medindo-se o consumo de oxigênio sob condições bastante rigorosas. A 
utilização de TMB estabelece bases energéticas para a construção de um programa 
válido de controle de peso através da dieta, do exercício ou combinação de ambos. 
Ainda, segundo Mahan e Escott-Stump (1998), quando o corpo está em 
repouso ele utiliza calorias, principalmente provenientes de corpos cetônicos, 
metabolizados através do ácido graxo, para a manutenção das funções vitais como 
respiração, circulação, sintetização de constituintes orgânicos e manutenção da 
temperatura interna. Veja a tabela abaixo que ilustra quantas Kcal (em percentual do 
total) cada órgão e/ ou sistema utiliza em repouso. 
 
Quadro 4. Kcal gastas por órgãos em porcentagem do total 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
Note que 29% do total é utilizado pelo fígado, muito disso deve-se por ele estar 
envolvido na síntese da glicose e corpos cetônicos, que por sua vez serão utilizados 
como combustíveis para o cérebro, este sendo o 2º maior consumidor do total da TMR, 
com 19%. 
Para calculamos o metabolismo basal de um indivíduo, ou seja, quantas 
calorias o indivíduo necessita para sobreviver em repouso, segundo Williams (1995), 
basta substituirmos os dados abaixo como peso, altura e idade, do mesmo na equação 
de Harris Benedict. 
 
 
 
 
Existem outras equações para o mesmo cálculo. Foram encontrados valores 
menores: Harris & Benedict (1919) foi a que mais superestimou a TBM em 17%; 
FAO/WHO/UNU (1985) em 13,5%; Schofield (1985) em 12,9% e; Henry & Ress (1991) 
em 7,4%. 
Parece que as equações propostas por Harris & Benedict (1919) não são as 
mais adequadas para estimar a TMB tanto em mulheres norte-americanas quanto 
latino-americanas; as equações de Henry & Rees (1991) foram desenvolvidas para 
populações tropicais e, geralmente, fornecem estimativas menores do que aquelas 
derivadas de populações norte-americanas e europeias. Vale ressaltar que esses 
resultados foram obtidos somente com a população de um único público alvo, além de 
que não conhecemos dados referentes ao gênero masculino ou feminino, dependendo 
da pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
1.4 Relação ou Índice Cintura Quadril 
Petroski (2003) nos diz que, pelas dificuldades apresentadas muitas vezes, na 
avaliação das dobras cutâneas, pode-se utilizar o Índice Cintura/Quadril que tem por 
objetivo obter um indicativo do risco para a saúde decorrente da quantidade e 
distribuição da gordura corporal. 
A proporção da cintura para o quadril (ICQ) é fortemente associada à gordura 
visceral e parece ser um índice aceitável de gordura intra-abdominal. 
O ICQ merece destaque pela alta associação existente entre o acúmulo de 
gordura na região central do corpo e doenças crônico-degenerativas. Nesse sentido, 
vários estudos têm investigado a relação existente entre a distribuição da gordura 
corporal, sobretudo no que diz respeito à região abdominal, e efeitos adversos à saúde. 
A razão cintura/quadril parece ter um alto poder de predição das doenças 
metabólicas crônicas, sendo esta uma boa justificativa para a inclusão de tal índice nas 
rotinas de avaliação de aspectos morfológicos. 
 
 
Para a interpretação dos resultados obtidos por este índice, Bray & Gray (1988) 
apresentam valores referenciais que indicam o risco, de acordo com a idade e o sexo 
do avaliado. 
1.5 Frequência Cardíaca 
Para elaborar um bom programa de treino aeróbico a melhor maneira é 
controlar a frequência cardíaca durante a execução dos treinos, isso garantirá que os 
benefícios sejam sempre progressivos e com o mínimo de risco para os praticantes. 
Cooper (1982), sugere treino aeróbico no mínimo 3 vezes por semana, enquanto o 
ACSM (2000), recomenda uma frequência de treinamento de 3 a 5 dias por semana. 
 
12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: todomundocorre.com.br 
Segundo Pollock (1993), o treinamento aeróbico feito 2 vezes por semana com 
uma carga de 30% superior do que um treinamento de 3 vezes por semana, não difere 
em relação ao ganho de VO2máx de uma pessoa, entretanto com o treinamento feito 2 
vezes por semana não se obtêm perdas na composição corporal. McArdle, Katch & 
Katch (1998), descrevem que o treinamento pode ser de 2 a 3 dias por semana. 
Para indivíduos com insuficiência cardíaca, Rondon (2000), afirma que o treino 
deve ser feito apenas 3 vezes por semana em dias intercalados para uma melhor 
recuperação do organismo. 
O American College of Sport Medicine (2000), recomenda uma duração de 15 a 
60 minutos contínuos. Mcardle, Katch&Katch (1998), afirma que o treino não precisa 
ultrapassar 30 minutos. Pollock (1993) descreve que o treino pode ser de 20 a 30 
minutos. 
 
 
13 
 
 
Entretanto, Cosenza (2001), afirma que em seus estudos na literatura 
encontrou como um bom volume de atividade aeróbica uma faixa de 40 a 45 minutos 
contínuos. Pacientes com insuficiência cardíaca devem começar com 15 minutos e 
progressivamente a 30 e 40 minutos, afirma Rondon (2000). 
O mesmo American College of Sport Medicine (2000), recomenda uma 
frequência cardíaca de 60% a 90% da Fcmáx ou 50% a 85% do VO2máx, porém 
Cosenza (2001), afirma que em seus estudos a intensidade deve ser numa faixa de 
70% a 75% do VO2máx. Jenkins (2000), descreve que a partir de 55% do VO2máx é 
suficiente para melhorar o sistema cardiovascular e muscular. 
Todos esses dados exprimem duas coisas muito relevantes: (1) Não há 
consenso sobre quanto tempo deve durar o exercício aeróbico, ou qual deve ser a 
carga, volume ou qualquer outra variável, dependendo do aluno, a que população ele 
pertence, qual seu objetivo e, até mesmo, em que ambiente ele está inserido, seja 
socioeconômico ou ambiental. Por isso se torna de vital importância a (2) avaliação 
física prévia do aluno, pois sem ela não se poderia chegar a qualquer um desses 
dados, que de forma alguma optariam sozinhos pelo tipo de treinamento a ser 
aplicados, mas que com certeza serviriam, em mãos de profissionais habilitados, para a 
predição do treinamento e com eventuais modificações ao longo do treinamento crônico 
efetuadas pelo profissional da educação física. 
Seals & Tanaka (2001) propõe que para obtermos a frequência cardíaca 
máxima utilizemos a fórmula: 
 
 
Isso por se tratar atualmente da melhor relação com a frequência máxima 
possível de ser atingida para a maioria dos indivíduos. 
Para descobrimos a zona alvo de treinamento podemos aplicar a fórmula de 
Karvonen (1957) que consiste em: 
 
 
 
14 
 
 
Quadro 4. Cálculo de zona alvo de treinamento 
 
 
 
 
 
 
O grande erro de quase todos os profissionais e amadores que utilizam esse ou 
outros sistemas para monitoramento do treino é não levar em consideração o erro 
padrão das fórmulas existentes. Todas elas, mesmo essa que eu apresento tem uma 
aproximação, estando em média de 7 a 10% fora do patamar real para alguns 
indivíduos. Isso se dá por as pesquisas que levaram a esses resultados não serem 
completamente abrangentes, isso é, não envolvem nem uma mínima amostragem de 
todas as populaçõesdo mundo, apenas uma pequena porcentagem do público e 
ambiente ao qual está inserido o pesquisador ou a instituição responsável pelo mesmo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: opas.org.br 
 
15 
 
 
O que geralmente fazem é calcular duas vezes para estabelecer a zona alvo, 
ou seja, jogam uma faixa de 65% na formula e tem a zona inferior de treino, depois 
colocam 75% e obtêm a zona superior. Segundo Petroski (2003) e Fernandes da Costa 
(2001) está errado, dessa forma tendo em vista o erro de 10% que pode ocorrer o treino 
estaria entre 55% a 85% uma faixa de erro muito grande. O correto a fazer é 
estabelecer uma faixa fixa, nesse caso 70% e o erro da fórmula faria com que a faixa 
ficasse entre 65 e 75%. Dessa forma não tem erro, pois 10% de variação total é o 
melhor método de trabalho, não sub e nem superestimando o aluno. 
1.6 Composição Corporal 
Atualmente a maioria das academias propõe planos de treinamento sem 
qualquer avaliação física prévia. Mas então, por que realizar a avaliação? Segundo 
Tritschler (2003) há n Motivos que podemos considerar como relevantes para a 
realização da avaliação física, como (1) sendo ela parte de uma avaliação física 
abrangente da aptidão física, em relação à saúde ou; (2) como parte de um exame ou 
de quantificação de risco de cardiopatias; (3) como alternativa para o monitoramento 
das mudanças dos diversos componentes corporais, em resposta a programas de 
perda ou ganho de peso; ou até (4) para monitorar a eficiência de programas de 
treinamento físico para atletas, incluindo (5) sua nutrição. 
Conforme o ACSM (1998, 2000), a composição corporal, juntamente com a 
capacidade cardiorrespiratória, flexibilidade, força e resistência muscular, são 
componentes da aptidão física relacionadas com saúde. O controle da composição 
corporal torna-se pertinente em razão das relações existentes entre a quantidade e a 
distribuição da gordura corporal com alterações no nível de aptidão física e no estado 
de saúde das pessoas. Reduzir a quantidade de gordura e/ou aumentar a quantidade 
de massa magra estão entre os anseios de grande parte dos praticantes de exercícios 
físicos. 
 
 
16 
 
 
Esta preocupação pode ser notada não somente do ponto de vista estético, 
mas também do ponto de vista de qualidade de vida dos indivíduos, já que a obesidade 
está associada a um grande número de doenças crônico-degenerativas. 
É preciso, para uma avaliação de qualidade, algumas recomendações ao 
avaliado, como explicar os procedimentos, assinalando a importância de permanecer 
na posição determinada em cada uma das medidas. Proponho, através de experiência 
própria e da leitura de bibliografia especializada, uma “Ficha de recomendações ao 
avaliado”, que deve ser entregue ao aluno antes da avaliação, no momento em que a 
mesma foi marcada. 
Além disso, há alguns cuidados gerais que devem ser tomados pelo avaliador, 
como observar o local adequado para a avaliação, ter a certeza de que o avaliado 
estará descalço e com a menor roupa possível, todos os aparelhos devem estar 
calibrados, além, é claro, de serem de qualidade certificada, tomar todas as medidas do 
lado direito do avaliado, mesmo que este não seja o seu lado dominante, e marcar as 
medidas tomadas nos pontos anatômicos com lápis demográfico, ou com material 
facilmente removido da pele. A marcação dos pontos e a realização das medidas 
deverá ser feita de cima para baixo, sempre manipulando os instrumentos com a mão 
direita, aplicando-os de forma suave sobre a pele. As trocas de posição do avaliado 
devem ser feitas de formas não bruscas e, se necessário, com o auxílio do 
antropometrista, sempre mantendo, convenientemente, uma respeitosa distância do 
avaliado e, de preferência, com o auxílio de um ajudante de avaliador. Vale observar 
que em medições ao longo do tempo deve-se respeitar o horário das avaliações, bem 
como sempre serem executadas pelo mesmo avaliador. Tais cuidados minimizam a 
decorrência de erros e desconfortos por ambos os lados. 
Existe um grande índice de baixa fidedignidade ou fidedignidade duvidável, 
devida muitas vezes a pouca experiência do examinador, que localiza impropriamente o 
ponto exato da dobra, segundo Tritschler (2003). 
É importante também observar onde cada autor indica a dobra cutânea, 
circunferência ou ponto anatômico, pois muitas vezes diferentes protocolos indicam 
diferentes locais para um mesmo ponto, principalmente de dobras cutâneas. 
 
17 
 
 
Por exemplo, Lohman indica que a prega cutânea da panturrilha deve ser 
medida na parte posterior da perna, Jackson e Pollock dizem que esta deve ser na 
parte medial da perna e, outros autores como Guedes, Petroski e McArdle, que esta 
deve ser na parte lateral da perna. 
Para começarmos uma avaliação da composição corporal completa, primeiro é 
necessário que se decida qual protocolo de avaliação de percentual de gordura, ósseo, 
residual e muscular será utilizado. Para tanto terá que se encontrar pontos anatômicos, 
que ajudarão a localizar medidas como circunferências, dobras cutâneas e até 
diâmetros ósseos. 
 
Pontos Anatômicos 
Para os protocolos apresentados neste trabalho, sugiro dez pontos anatômicos, 
que estão divididos, anatomicamente em três grupos: Tronco (mesoesternal, acromial, 
subescapular, xifoidal, ileocristal e ileoespinhal); Membro superior (radial e estiloide) e; 
Membro inferior (trocantérico e tibial medial). Esses pontos servem para que se guiem 
os locais exatos do pinçamento das dobras cutâneas, uma vez que a morfologia 
muscular, adiposo e tegumentar do indivíduo pode sofrer alterações com o tempo e o 
treinamento, ou a falta dele, entretanto a morfologia óssea deve permanecer imutável, a 
menos que haja ruptura do segmento ou osteopatias (Fernandes da Costa, 2001). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: repocursos.unasus.ufma.br 
 
Perimetria 
Também conhecidas como perímetro, são medidas que determinam os valores 
de circunferências de um segmento corporal perpendicular ao eixo longitudinal do 
mesmo segmento. 
Os perímetros mais usados no campo da Educação Física são: coxa medial, 
perna, braço, antebraço, tórax, cintura, abdome e quadril. 
 
Dobras cutâneas 
O percentual de gordura (ou a densidade corporal) medida através do método 
de dobras cutâneas tem sido o mais comumente utilizado em academias e clubes. 
Muito disso se deve ao seu baixo custo e facilidade de aplicação e relativa 
fidedignidade. 
 
19 
 
 
O equipamento necessário para a medição é compasso de dobras, adipômetro 
ou plicômetro. 
Baseia-se no fato de que aproximadamente metade do conteúdo corporal total 
da gordura fica localizada nos depósitos adiposos existentes diretamente debaixo da 
pele. Essa gordura localizada está diretamente relacionada com a gordura total. A 
espessura das dobras cutâneas é medida utilizando-se o compasso de dobras 
cutâneas, também conhecido como adipômetro ou plicômetro. No Brasil, os compassos 
mais utilizados são o americano Lange, o inglês Harpenden e os nacionais Cescorf e 
Sanny. 
Quanto aos procedimentos, o compasso deve ser tomado na mão direita e o 
gatilho do compasso manuseado com o dedo indicador (exceto o compasso Lange, que 
por sua anatomia, deve ter seu gatilho pressionado com o polegar), com a mão 
esquerda pinçamos o tecido adiposo subcutâneo entre o polegar e o indicador, 
cuidando para que o músculo não seja pinçado junto, na dúvida solicita-se uma leve 
contração e posterior relaxamento do músculo. É importante observar se as hastes do 
compasso estão perpendiculares à superfície da pelo no local da medida. A prega deve 
ser pinçada no ponto determinado, as extremidades do compasso são ajustadas 
perpendicularmente a prega, 1 cm abaixo dos dedos, aguarda-se dois segundos antes 
de efetuar a leitura. São realizadas três medidas não consecutivas de cada prega 
cutânea,utilizando-se para os cálculos o valor mediano. Se ocorrerem duas medidas 
com valores iguais toma-se a moda, sendo estas as duas primeiras não são 
necessárias que se faça uma terceira. O objetivo deste (três medidas não consecutivas) 
procedimento é evitar que “viciemos” as medidas, o que nos faz encontrar três valores 
iguais, ou muito próximos, quando executamos as medidas consecutivamente no 
mesmo ponto de reparo. As dobras cutâneas são tomadas sempre do lado direito, 
independente se este é o lado dominante, devendo o indivíduo estar com a musculatura 
relaxada. 
 
 
 
 
20 
 
 
Quando encontramos uma diferença superior a 5% entre a menor e a maior 
medida encontrada no mesmo ponto de reparo, devemos realizar uma nova série de 
medidas. Além desse cuidado, será adotada a mediana ((n+1)/2) das medidas obtidas 
em cada local, para que os valores extremos sejam eliminados. 
Existem diferentes padronizações para as medidas de dobras cutâneas, sendo 
que não há uma forma mais correta que as outras para se medir as dobras cutâneas. O 
importante é utilizar sempre a mesma padronização para que possam ser feitas 
comparações ao longo do tempo. Quando se trabalha com equações de predição de 
gordura corporal, deve-se medir as dobras cutâneas seguindo rigorosamente a 
padronização proposta pelo autor da referida equação. 
Para os protocolos propostos nesse programa utilizam-se nove principais 
dobras cutâneas, tríceps, subescapular, bíceps, peitoral, axilar, crista ilíaca (supra 
ilíaca), abdominal, coxa e panturrilha. 
 
Diâmetros ósseos 
Existem diversas medidas de diâmetros ósseos, porém para a montagem do 
software aqui apresentado foram utilizados somente dois: Bicondilianofemural e 
Biestilóide. 
Os diâmetros ósseos são medidas de largura ou profundidade entre dois 
pontos, usadas para mensurar o crescimento e o desenvolvimento ósseo, 
transversalmente e ântero-posteriormente, desenvolvimentos esses medidos com um 
aparelho chamado paquímetro. 
Para se efetuar a leitura do diâmetro as ramas do paquímetro ou do 
antropômetro devem estar colocadas entre os dedos polegar e indicador, utilizando-se 
o dedo médio para localizar o ponto anatômico. Deve-se aplicar uma pressão firme 
sobre as ramas para minimizar a espessura dos tecidos como músculos e gordura. 
Os pontos mais comuns de mensuração dessa variável são: punho (biestilóide), 
joelhos (bicondilianofemural), cúbito (epicôndilos do úmero) e tornozelo (bimaleolar). 
 
 
 
21 
 
 
Fórmulas para predição de percentual de gordura ou densidade corporal 
Todas as fórmulas de composição corporal levam em conta diretamente o peso 
corporal total do aluno avaliado e, em algumas delas, a altura do mesmo, por isso 
devemos saber a forma correta de avaliar essas variáveis: 
 
 
 
 
 
 
 
Além dessas variáveis, temos também as dobras cutâneas, que em algumas 
fórmulas nos dizem diretamente o percentual de gordura do indivíduo, e em outras a 
densidade corporal, que deve ser calculada através de fórmulas de conversão. A 
fórmula de conversão utilizada no PHISIOPOP é a de Siri (1961), que é ilustrada a 
seguir: 
 
 
Essa fórmula não discrimina o público alvo, ao contrário dos protocolos a 
seguir, que mostram qual público foi avaliado para a obtenção dos resultados. O 
Software aqui apresentado traz a possibilidade do cálculo dessas variáveis (densidade 
corporal ou percentual de gordura) em dez protocolos diferentes, montados por 
diferentes autores, em anos e com públicos alvos distintos. São eles: Faulkner (1968), 
Yuhasz (1968), Pollock e Colaboradores (1984), Guedes (1985), Jackson & Pollock 
(1984) em dois formatos (atletas e não atletas), Petroski (1995), T. G. Lohman (1987) e 
McArdle (1992) também em duas versões (adultos e crianças). 
 
 
22 
 
 
Para se chegar ao valor absoluto de gordura, isso é, o peso em quilos, basta 
uma simples regra de três. Veja: 
 
Porém, essas fórmulas nos dão apenas o peso de gordura corporal, não nos 
dando o peso dos outros componentes corporais, como peso ósseo, residual e 
muscular ou de massa magra total. Para tanto precisamos de outras fórmulas, como as 
que seguem: 
 
Quadro 5. Fórmulas relacionadas à predição de cada componente corporal 
 
 
Parâmetros de percentual gordura 
A obesidade é um grave problema de saúde que reduz a expectativa de vida, 
pois aumenta o risco individual de se desenvolver doença arterial coronariana, 
hipertensão, diabetes tipo II, doença pulmonar obstrutiva, ósteo-artrite e certos tipos de 
câncer. 
 
 
23 
 
 
O aumento de riscos à saúde associados à obesidade é relacionado não 
apenas com a quantidade de gordura total de corporal, mas também, com a qual a 
gordura está distribuída, especialmente na região abdominal (gordura visceral). 
Muito pouca gordura corporal, por outro lado, também representa um risco à 
saúde, porque o corpo necessita de uma certa quantidade de gordura para a 
manutenção das funções fisiológicas normais (lipídeos essenciais e não essenciais). 
Os lipídios essenciais são os fosfolipídios (são necessários para a formação da 
membrana celular), já os lipídios não essenciais são triglicérides (encontrados no tecido 
adiposo), e fornecem isolamento térmico e armazenam energia metabólica (ácidos 
graxos livres). 
A OMS (2000) nos prediz o quanto de gordura é ideal para homens e mulheres, 
seja para parâmetros estéticos, seja para parâmetros de saúde. 
1.7 Potência Aeróbia 
Resistência Aeróbia é a capacidade do indivíduo em sustentar um exercício, 
que proporcione um ajuste cardiorrespiratório e hemodinâmico global ao esforço, 
realizado com intensidade e duração mais ou menos longa, onde a energia necessária 
para a realização desse exercício provém principalmente do metabolismo oxidativo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: xtrainingbrasil.com.br 
 
24 
 
 
Avaliações da Potência Aeróbia 
 Os testes para a medida da potência aeróbia podem ser realizados de duas 
formas: (1) Direta, onde o consumo de oxigênio é medido diretamente; E (2) Indireta, 
onde o consumo de oxigênio é calculado em função de frequência cardíaca, da 
distância percorrida, da resistência do ergômetro, por meio de monogramas e fórmulas 
de regressão, desenvolvidas através de medida direta. Normalmente os testes de 
laboratório, como o de Harvard e o de Balke podem ser boas alternativas para quem 
não possui uma pista atlética ou um amplo espaço para a aplicação do teste, porém o 
PHISIOPOP traz cálculos sobre quatro testes de campo para a definição do volume de 
oxigenação máxima do indivíduo: Caminhada de 3 Km, caminhada de 1600 m, corrida 
de 2,400 metros (Cooper) e o de andar e correr 12 minutos (Cooper). 
 Como os protocolos definem bem se o teste deve ser realizado correndo ou 
andando, ou ambos, vale definir o que vem a ser cada uma dessas:1 
 
 
Fonte: Cooper (1985), citado por Fernandes da Costa (2001). 
2 TREINAMENTO ESPORTIVO 
Atualmente, o conceito sobre Preparação física ultrapassou o mundo dos 
especialistas no assunto, ou seja, os preparadores físicos, chegando aos meios de 
comunicação e em muitos outros lugares. 
Contudo, no que se refere à preparação física, deve existir um completo 
embasamento teórico e prático através do comando de profissionais da área, 
graduados em educação física e especializados em preparação física esportista. 
 
1 Extraído: www.efdeportes.com 
 
25 
 
 
O conceito básico de treinamento esportivo é entendido como sendo o processo 
de adaptação a estímulos externos, racionalmente organizados para alcançar um 
objetivo concretamente definido e, geralmente, esse objetivo está relacionado com o 
aumento do rendimento. 
Colocado de uma forma bem generalizada, esse termo pode ser entendido 
como todo o trabalho realizado pelos componentes de uma comissão técnica para 
preparar a equipe ou um atleta em busca da melhoria de todas as condições inerentesàs ações do esporte praticado. 
Esse processo é de grande complexidade e, normalmente, pode ser agrupado 
em três aspectos: o técnico-tático, o físico e o psicológico. Cada um requer uma 
preparação, segundo os seus respectivos pontos de vista, mas com grande importância 
no desenvolvimento global do atleta. Se uma dessas orientações é falha, o mesmo 
estará comprometendo o grau ótimo de rendimento que deveria alcançar. 
Portanto, o aspecto físico é um componente fundamental a ser desenvolvido, 
sendo denominados como preparação física os passos desse processo. Preparar 
fisicamente um atleta significa desenvolver e melhorar as capacidades motoras que de 
alguma maneira influenciam no rendimento do mesmo, durante a competição ou no 
decorrer de uma temporada. 
Já é familiar o conceito de preparação física específica como sendo um 
componente do treinamento, cujo objetivo básico é o desenvolvimento e melhoria das 
capacidades motoras específicas que influenciam diretamente na performance do atleta 
durante uma prova ou uma competição. Ou seja, são quase todas as atividades 
realizadas durante um treino ou uma prova esportiva de uma determinada modalidade. 
Em um treinamento o profissional deve antes de tudo planejar, periodizar e 
avaliar. 
Planejar 
O preparador físico deve saber planejar, ou seja, organizar de forma detalhada 
e registrada tudo aquilo que irá fazer com o atleta no que se refere a um treinamento 
físico, quais os objetivos a serem conquistados e quais as formas para tentar conquistá-
los. 
 
26 
 
 
Meios de treinamentos como corridas, musculação e exercícios na água podem 
ser seguidos, desde que não se perca o foco no objetivo a ser conquistado. 
 
Periodizar 
Ele deverá além de planejar, periodizar seu treinamento, ou seja, dividi-lo em 
partes, antecipando quanto tempo durará cada etapa e o que irá ser feito em cada 
uma. 
A periodização mais tradicional divide-se em três partes: 
- Período Preparatório: É o começo de tudo. Geralmente é chamado em alguns 
esportes como a pré-temporada. É nele que são realizados os testes fisiológicos e 
avaliações médicas. Inicialmente busca-se uma preparação geral e posteriormente 
específica. É o período em que se procura melhorar o condicionamento físico dos 
atletas. 
- Período Competitivo: Denomina-se período competitivo a fase em que se 
disputam competições. Durante este período, busca-se a manutenção do nível de 
preparação física atingido. 
- Período Transitório: Contribui para a recuperação completa do esportista. 
Geralmente é no final da temporada (entre uma temporada esportiva e outra) e muitas 
vezes nem acaba acontecendo, principalmente nos esportes coletivos. 
 
Avaliação 
Dentro do meio esportivo, seja a nível profissional ou não, é fundamental que 
sejam feitas as avaliações periódicas no praticante do esporte. Estas avaliações são 
realizadas antes do início de qualquer trabalho e durante seu período de prática. 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: blog.unisportbrasil.com.br 
A avaliação inicial deve englobar exames médicos e testes físicos realizados 
pelo ciclista. Durante o treinamento serão realizados novos testes físicos e seus 
resultados serão cruzados e analisados de forma a observar se o ciclista apresentou 
alguma evolução.2 
2.1 Princípios do treinamento esportivo 
Com o enriquecimento teórico dos autores, Manoel Tubino, Estélio Dantas, 
Marcelo Gomes da Costa, entre outros os quais pesquisei para elaboração desse 
estudo que descreve de maneira teórica, porém com uma visão prática os Princípios do 
Treinamento Esportivo e relata a importância de cada um dos princípios no 
desenvolvimento de uma periodização esportiva. Serão descritos nove princípios. 
 
 
 
2 Extraído: www.portaleducacao.com.br 
 
28 
 
 
Princípio da individualidade biológica 
De acordo com Tubino, “chama-se individualidade biológica o fenômeno que 
explica a variabilidade entre elementos da mesma espécie, o que faz que com que não 
existam pessoas iguais entre si. ” (TUBINO, 1984, p. 100). Cada ser humano possui 
uma estrutura e formação física e psíquica própria, neste sentido, o treinamento 
individual tem melhores resultados, pois obedeceria às características e necessidades 
do indivíduo. 
Mesmo gêmeos univitelinos possuem diferenças, seja cultural, de 
personalidade, de caráter, ou seja, características próprias que os diferem um do outro. 
E como prescrever atividades iguais para estas duas pessoas sendo que cada ser é 
único? Em se tratando de individualidade biológica, cada um tem uma genética 
diferente e os treinamentos devem ser prescritos e desenvolvidos individualmente, 
mesmo que em esportes coletivos isso exija mais do treinador e comissão técnica, mas 
cada um desempenha uma função diferente dentro do jogo, sendo assim os treinos 
devem ser individualizados ou reduzidos a pequenos grupos de acordo com a função 
exercida para o desenvolvimento desejado. 
 
Princípio da adaptação 
De acordo com Weineck, a adaptação é a lei mais universal e importante da 
vida. Adaptações biológicas apresentam-se como mudanças funcionais e estruturais em 
quase todos os sistemas. Sob “adaptações biológicas no esporte”, entendem-se as 
alterações dos órgãos e sistemas funcionais, que aparecem em decorrência das 
atividades psicofísicas e esportivas (WEINECK, 1991). 
““Capacidade de adaptação” ou “adaptabilidade” é o nome que se dá à diferente 
assimilação dos estímulos, frente à mesma qualidade e quantidade de exercícios ou 
carga de treinamento. Ela pode ser atribuída à correlação organismo/ambiente, sob o 
ponto de vista da predisposição hereditária e sua expressão (genética) (Gürtler 1982, 
35).” (ibidem, 1991, p. 23). 
 
 
 
29 
 
 
1. a. estímulos débeis => não acarretam consequências; 
2. b. estímulos médios => apenas excitam; 
3. c. estímulos médios para fortes => provocam adaptações; 
4. d. estímulos muito fortes => causam danos. ” (Ibidem, 1984, p. 101). 
Somos seres adaptáveis, por isso, quando somos estimulados seja fisicamente, 
cognitivamente, ou socialmente, respondemos a estes estímulos com uma adaptação. 
Se gostamos ou nos sentimos bem com o estimulo a tendência é que aprimoremos o 
dom que que possuímos para o desenvolvimento de nossas habilidades. Em se 
tratando de treinamento os estímulos que recebemos devem ser sempre variados para 
que estes estímulos ocasionem uma adaptação positiva ao organismo. 
 
Princípio da sobrecarga 
De acordo com Dantas: “Imediatamente após a aplicação de uma carga de 
trabalho, há uma recuperação do organismo, visando restabelecer a homeostase” 
(DANTAS, 1995, p. 43). 
Tubino (1984) cita algumas indicações de aplicação do Princípio da 
Sobrecarga, referenciado nas variáveis: Volume (Quantidade) e Intensidade 
(Qualidade); em vários Tipos de Treinamento, como: Contínuo, Intervalado, em Circuito, 
de Musculação, de Flexibilidade e Agilidade, e Técnico. 
Sobrecarga, como o próprio nome diz é uma carga imposta ou condicionada a 
uma outra carga que já está sendo trabalhado no indivíduo durante a periodização do 
treinamento, esta sobrecarga é importante para que o organismo ao se adaptar à carga 
não fique homeostático e gere posteriormente uma resposta positiva do organismo 
gerando resultados de evolução nos treinamentos e competição. Podemos citar um 
exemplo de academia de ginástica, onde um cliente faz supino reto (uma das atividades 
mais conhecidas pelos homens em academias de ginástica) com 15 Kg de cada lado 
por um longo período, se este cliente não mudar o peso depois de um tempo, seu 
organismo terá gerado uma adaptação que aquela atividade não será benéfica em 
termos de ganho para o indivíduo. 
 
 
30 
 
 
Princípio da continuidade 
Compartilho com Tubino, a ideia de que a condição atlética só pode ser 
conseguida após alguns anos seguidos de treinamento e, existeuma influência 
bastante significativa das preparações anteriores em qualquer esquema de treinamento 
em andamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: br.freepik.com 
Para Tubino (1984), quando começamos a praticar algo seja no esporte ou 
mesmo em nossas vidas se não damos continuidade a esta prática, ou a esquecemos 
como se faz ou nos tornamos menos habilidosos em tais afazeres. Um exemplo nítido 
para isso são os músculos, o cérebro e a prática esportiva, você deve estar se 
perguntando, mas como assim? No caso dos músculos, se pararmos de utiliza-los 
durante um tempo, eles diminuem; no caso do cérebro, se optamos por não ler ou 
interagir com as atualidades, ou paramos de estudar, não teremos ganhos cognitivos; e 
no esporte se paramos de praticar algum determinado esporte ao qual estamos 
acostumados, quando retornamos percebemos que perdemos boa parte da habilidade 
que tínhamos. 
 
 
31 
 
 
Princípio da interdependência volume-intensidade 
Este princípio está intimamente ligado ao da sobrecarga, pois o aumento das 
cargas de trabalho é um dos fatores que melhora a performance. Este aumento 
ocorrerá por conta do volume e devido à intensidade. 
Para Tubino (1984), pode-se afirmar que os êxitos de atletas de alto 
rendimento, independente da especialização esportiva, estão referenciados a uma 
grande quantidade (volume) e uma alta qualificação (intensidade) no trabalho, sendo 
que, estas duas variáveis (volume e intensidade) deverão sempre estar adequadas as 
fases de treinamento, seguindo uma orientação de interdependência entre si. 
Um dos princípios mais conhecidos no Treinamento Esportivo e corresponde 
aos estímulos de volume e intensidade de treinamento, estas variáveis devem ser muito 
estudadas, já que, é fundamental que a periodização esportiva esteja muito bem 
embasada para que o volume e intensidade tenham uma harmonia não ocasionando o 
overtrainning ou o burnout. O volume e intensidade de treinamento devem ser 
planejados em todos os âmbitos do treinamento: físico, técnico, tático e psicológico. 
 
Princípio da especificidade 
“O princípio da especificidade é aquele que impõe, como ponto essencial, que o 
treinamento deve ser montado sobre os requisitos específicos da performance 
desportiva, em termos de qualidade física interveniente, sistema energético 
preponderante, segmento corporal e coordenações psicomotoras utilizados” (Dantas, 
1995, p. 50). 
“Isto serve, cada vez mais, para firmar na consciência do treinador que o treino, 
principalmente na fase próxima à competição, deve ser estritamente específico, e que a 
realização de atividades diferentes das executadas durante a performance com a 
finalidade de preparação física, se justifica se for feita para evitar a inibição reativa (ou 
saturação de aprendizagem). ” (Dantas, 1995, p. 50). 
 
 
 
 
32 
 
 
Então, se a especificidade do movimento, e consequentemente da modalidade 
esportiva, está atrelada à memória do gesto motor, de seu treinamento, podemos dizer 
que o Princípio da Especificidade está ligado diretamente aos gestos específicos de 
uma determinada modalidade e o treinamento utilizado para o aprendizado e os 
desenvolvimentos destes respectivos gestos específicos. 
Princípio da Especificidade, o princípio ao qual mais estou me atentando nos 
treinamentos que organizo. Um exemplo fora dos esportes seria: como vou pedir para 
um funcionário do banco em hora de expediente "brincar" de banco imobiliário. 
Transferindo para o esporte como vou pedir para meu atleta realizar 
movimentos que não sejam específicos ou tragam benefícios para a especificidade do 
esporte. No caso do futebol como pedir para um atleta fazer um exercício de bíceps ou 
outro qualquer de cadeia cinética aberta, sendo que o mesmo não sabe sua função 
entro do campo, ou simploriamente como chutar e executar um passe com as duas 
pernas. O trabalho ou treinamento deve ser específico, os testes devem ser específicos 
para o esporte, não podemos realizar atividades que compreendem a movimentos de 
outros esportes, temos que estudar, pensar e criar métodos de treinamentos 
específicos. 
 
Princípio da variabilidade 
Também denominado de Princípio da Generalidade, encontra-se fundamentado 
na ideia do Treinamento Total, ou seja, no desenvolvimento global, o mais completo 
possível, do indivíduo. Para isso devem-se utilizar as mais variadas formas de 
treinamento (GOMES da COSTA, 1996). 
Os atletas devem ser preparados de maneira geral nos primeiros anos de 
atividade, vivenciando diferentes esportes e posteriormente, caso tenha predisposição 
para uma determinada modalidade esportiva, aperfeiçoar-se fazendo com que toda 
aquela vivência no âmbito motor, psicológico e social vivido anteriormente contribua 
deforma positiva em seu futuro. 
 
 
 
33 
 
 
Princípio da saúde 
Segundo Gomes da Costa (1996), esse princípio encontra-se diretamente 
ligado ao próprio objetivo maior de uma atividade física utilitária que vise à saúde do 
indivíduo. 
Este princípio muitas das vezes não é respeitado devido a resposta imediata 
que o atleta tem que dar para a si mesmo, sociedade, treinador e seus patrocinadores. 
O ganhar a qualquer custo, pode trazer sequelas graves que não são pertinentes ser 
citadas neste momento. Porém a prática esportiva de auto rendimento, ou mesmo 
recreativa traz inúmeros benefícios para a saúde geral do indivíduo. 
 
Princípio da inter-relação dos princípios 
De acordo com Gomes da Costa (1996), se faz lógico e transparente que essas 
leis não existem apenas por existir. Cada princípio, considerado individualmente, possui 
seu valor e função próprios, entretanto, a integração entre esses princípios adquire 
inestimável importância. “Aqui acontece aquela “historinha” de que o todo é sempre 
maior do que a soma de suas partes. ”3 
2.2 A trajetória do treinamento desportivo: do empirismo ao cientificismo 
A evolução do treinamento desportivo tem seus alicerces fundamentados na 
cultura grega. A necessidade de se organizar métodos de treinamento surgiu de 
maneira gradativa, sempre atendendo as necessidades especificas da época em que 
se vivia (ANDRADE, ROCHA, CALDAS, 1978; HERNANDES JR., 2002). 
 
 
 
 
 
 
 
3 Extraído: www.portaleducacao.com.br 
 
34 
 
 
 
 
Fonte: br.freepik.com 
O planejamento do treinamento naquela época (Grécia antiga) consistia em 
uma preparação geral com um misto de corridas, marchas, jogos, lutas, danças e uma 
preparação específica, onde os atletas trabalhavam com sobrecargas, como sacos de 
areia, pesos e pedras. O treinamento obedecia a uma rotina cíclica de quatro dias, que 
eram os chamados tetras, os quais eram repetidos indefinidamente durante toda a vida 
do atleta. Era o chamado “treinamento total”, feito pelos gregos há quase 2800 anos. A 
carga de treinamento era forte, e era comum o caso de mortes de atletas (ANDRADE, 
ROCHA, CALDAS, 1978). 
Em 1896, com a retomada dos Jogos Olímpicos, atletas e treinadores 
retornaram aos treinos e buscou-se cada vez mais os métodos que visassem à melhora 
na performance física e técnica (ANDRADE, ROCHA, CALDAS, 1978). 
 
 
35 
 
 
Segundo Pierre de Coubertin, citado por Hernandes Jr. (2002), o lema do 
esporte amador era “O essencial não é vencer, mas competir com lealdade, 
cavalheirismo e valor”. No início dos anos 30, Adolf Hitler utilizou os jogos de Berlim 
(1936) para divulgar sua ideologia nazista, organizando uma grande e eficiente 
infraestrutura de treinamento para que através desse treinamento, eles obtivessem a 
maioria das medalhas disputadas. Este foi o primeiro relato de treinamento desportivo 
visando à competição. 
A evolução do treinamento desportivo pode ser dividida em cinco fases para 
melhor compreensão: A) Período da Arte; B) Período da Improvisação; C) Período da 
Sistematização; D) Período Pré-Científico; E) Período Cientifico (TUBINO,1979; 
HERNANDES JR., 2002). 
O Período da Arte compreende os Jogos Olímpicos da Grécia Antiga a partir de 
776 a.C. até as primeiras olimpíadas da era moderna em Atenas em 1896. Os 
treinamentos eram conduzidos de uma forma global. Esses treinamentos eram 
baseados em experiências subjetivas de cada treinador. Os conteúdos eram 
extenuantes, tinha-se a ideia de que quanto mais difícil for o treino, mais dor o atleta 
sentir, melhor. Um relato dizia que os gregos usavam algumas poções elaboradas com 
ervas, para aumentar o rendimento físico de seus atletas. 
O Período da Improvisação inicia-se com a primeira olimpíada da era moderna 
em Atenas em 1896 e termina na sétima olimpíada da era moderna em Antuérpia em 
1920. Nessa fase, começou a surgir a necessidade de se estruturar o treinamento e 
compreender os resultados que se obtinha através desse treinamento. 
O Período da Sistematização se caracteriza pela revolução das estruturas da 
teoria do treinamento que o finlandês Lauri Pihkala propôs, que era o “treinamento 
intervalado”, onde alternava-se o treino de distâncias curtas com intensidade forte e 
intervalos longos para recuperação. Os atletas finlandeses chegavam a treinar três 
vezes por dia, onde o local Paava Nurmi, em 1920, surpreendeu a todos ao correr com 
um cronômetro para controlar o seu ritmo, e seu treinamento consistia no “treinamento 
duração”, com marchas, e corridas de longa distância e no “treinamento tempo”, 
utilizando o trabalho intervalado. E através de seu método de treinamento, Paava Nurmi 
 
36 
 
 
obteve 22 recordes mundiais, 10 medalhas olímpicas, sendo sete de ouro e três de 
prata. O alemão Krummel, a partir de 1920, sistematizou o treinamento através de 
alguns estudos. Finalizando esse período de 1920 a 1930, a escola sueca associou à 
velocidade, ritmo e o endurance, integrando os treinamentos em uma única sessão. O 
sueco Bosse Kolmer desenvolveu o sistema fartlek (jogo de velocidade). Esse sistema 
era feito através de trabalhos de corrida mediante a resistências naturais, como corridas 
na areia, bosques, ladeiras. O sistema compreende a alternância entre corridas rápidas 
e lentas, utilizando o descanso ativo e controlando o tempo de treinamento (ANDRADE, 
ROCHA, CALDAS, 1978; TUBINO, 1979; HERNANDES JR., 2002). 
No Período Pré-Cientifico (1930 a 1950), vários estudos foram feitos a respeito 
sobre as variáveis envolvidas no desempenho físico. Algumas propostas de Waldemar 
Gerschller e Waitzer (1933) recomendam a utilização de pistas ao invés de corridas na 
praia, bosques, como defende o fartlek, e a utilização de sessões mais curtas e da 
utilização de corridas de velocidade. A partir de 1942, o alemão Toni Nett estabeleceu 
normas de execução para outras formas de treinamento, sobressaindo-se o “time-
trainning”. A maior contribuição desse período é a criação do treinamento intervalado 
(interval trainning) realizado por Toni Nett junto com o tcheco Kerssenbrac. Esse tipo de 
treino se caracteriza pelo uso de distâncias entre 200 e 400 metros, com alto volume de 
treinamento, chegando a 70 repetições, com intervalo de descanso de um minuto, 
quando o atleta realiza o repouso ativo (ANDRADE, ROCHA, CALDAS, 1978; TUBINO, 
1979; HERNANDES JR., 2002). 
As pesquisas científicas realizadas por várias escolas notaram que o trabalho 
intervalado na década de 50 permitia que outros treinadores confirmassem que o 
princípio do treinamento intervalado era eficaz no preparo físico dos atletas de alto 
nível. Neste período, métodos de musculação, diferentes sistemas de treinamento 
(estabelecimento de diferentes objetivos de treinamento, proposição de tabelas de 
trabalhos, organização e estruturação de temporadas, preponderância da intensidade 
sobre o volume de treinamento), pesquisas sobre fisiologia do esforço, se tornaram 
cada vez mais comuns (ANDRADE, ROCHA, CALDAS, 1978; DANTAS, 1998). 
 
 
37 
 
 
O Período Científico começa a partir de 1950 e vai até os dias atuais. 
Pesquisas científicas realizadas por Gerchller e Herbert Reindell fundamentam e 
comprovam a eficácia do treinamento intervalado. A hegemonia do treinamento 
intervalado perdurou até os Jogos Olímpicos de Roma em 1960, onde duas escolas se 
consagraram: australiana e neozelandesa. A australiana mesclava o time-trainning com 
o treinamento total, enquanto a neozelandesa criou o “marathon trainning”, cuja 
característica era um treinamento com altíssima intensidade, onde os atletas para 
treinarem percorriam até 160 quilômetros por semana (ANDRADE, ROCHA, CALDAS, 
1978; TUBINO, 1979; HERNANDES JR., 2002). 
 
 
 
Fonte: domalberto.edu.br 
Segundo Mollet, pode-se dizer que não basta apenas ter um excelente 
treinamento tático, técnico e físico, cabe também ao atleta procurar aperfeiçoar o seu 
preparo, através de bons hábitos de vida, alimentação adequada. Segundo o 
treinamento de Raul Mollet, cada pessoa possui uma bagagem genética, que irá 
determinar suas potencialidades físicas e psicológicas para a prática de determinado 
desporto. 
 
38 
 
 
Para que o indivíduo atinja o seu alto rendimento em determinado esporte, é 
necessário que ele tenha características acima do normal que o destaque dos demais 
indivíduos. E para treiná-lo é necessário aplicar um treinamento adequado (DANTAS, 
1998; HERNANDES JR., 2002). 
O enorme desenvolvimento tecnológico permitiu e vem permitindo aos 
treinadores e preparadores físicos o acesso a uma série de informações que o 
influenciam positivamente, para melhorar o desempenho do atleta. É notável a 
constante evolução tecnológica no que se refere a métodos de avaliação e controle de 
treinamento, como, por exemplo, os monitores de frequência cardíaca, que possibilitou 
aos treinadores e preparadores físicos monitorarem a frequência cardíaca do atleta 
durante todo o treinamento, e assim obter através do processamento de informações a 
demonstração do aproveitamento efetivo de cada sessão de treinamento e suas 
exigências fisiológicas. Outros aparelhos como o esfigmomanômetro (aferidor de P.A.), 
esteiras, bicicletas ergométricas, transports, elipticons, aparelhos de musculação, ergo-
espirômetros, aparatos para realização de testes físicos e metabólicos e outros 
aparelhos que contribuem muito com os profissionais que trabalham com treinamento 
esportivo (TUBINO, 1979; DANTAS, 1998; HERNANDES JR., 2002). 
Devido à constante evolução da tecnologia em prol do esporte como um todo, a 
vitória não é mais suficiente em algumas modalidades esportivas. Hoje em dia o que 
interessa é a quebra de recordes. Em consequência disso, originou-se os atletas de 
laboratório, onde várias pesquisas são feitas a fim de se aumentar a capacidade e 
performance física. Para isso, têm-se as inúmeras pesquisas da Fisiologia do Exercício 
e dos Recursos Ergogênicos. Para conseguir quebrar recordes, algumas medidas 
básicas ainda são válidas, como ter uma alimentação adequada, uma assistência 
médica permanente, um descanso apropriado e claro, um treinamento eficaz. 
 
 
 
 
 
 
39 
 
 
2.3 O Período Tecnológico e suas referências 
Após o período científico os resultados desportivos já em evidente crescimento, 
foram vertiginosamente ascendentes. Isto se deve não somente ao surgimento de uma 
metodologia de treinamento com bases científicas, como também a uma constante 
evolução da tecnologia na fabricação dos equipamentos e confecção da indumentária 
usada pelos atletas de alto nível (TUBINO, 1985; DANTAS 1996). 
As novas concepções aliaram-se ao crescente interesse político pelo grandes 
resultados desportivos, que vinham sendo evidenciados como supremacia das nações 
e até mesmo ideologias pelos países socialistas, desde os XI Jogos Olímpicos (Berlim – 
1936), fazendo do esporte de alto rendimento um eficaz meio de propaganda de seu 
sistema político. Os países ocidentais aceitaram prontamente o desafio, de tal forma 
que atualmente em defesade suas ideologias políticas, as nações 
investem orçamentos milionários na preparação de seus atletas, o que fica evidenciado 
quando observamos as competições internacionais. 
Não obstante a tudo isso, constata-se que o uso da informática passou a ser 
fundamental no diagnóstico morfofuncional e psicológico dos indivíduos, na planificação 
do treinamento, na prescrição dos exercícios sobre as linhas guias de volume e 
intensidade, bem como na correção de gestos técnicos e análise tática das situações 
de competição. Tais fatores podem ser considerados determinantes, em se tratando da 
moderna ciência da preparação física. 
A partir daí os meios esportivos passaram de acordo com suas tradições, a 
utilizar as mais variadas formas de pesquisas que pudessem trazer algum benefício em 
prol do desporto de competição. Iniciou-se assim uma nova etapa dentro do processo 
de evolução do treinamento, com o aparecimento de diferentes filosofias orientando de 
formas diferenciadas as direções quando da preparação dos atletas. 
 
 
 
 
40 
 
 
Tendência saxônica de treinamento desportivo 
Tinha como líder os Estados Unidos, seguido pelo Canadá, Austrália, Nova 
Zelândia e África do Sul, onde a universidade se constituía na principal fonte de 
pesquisas dentro da mais sofisticada condição tecnológica, oferecendo total apoio aos 
seus atletas, os quais recebiam em troca os estudos na própria universidade, além da 
orientação dos melhores técnicos desportivos do país, bem como utilizavam uma 
tecnologia e material desportivo de alto-nível. (FERNANDES, 1981; TUBINO, 1985). 
Tendência socialista de treinamento desportivo 
Liderada pela União soviética, abrangia todos os demais países do bloco 
socialista, onde o Estado tinha a completa responsabilidade sobre a educação física e o 
desenvolvimento desportivo, encaminhando desde muito cedo a criança para a 
atividade desportiva em que a mesma pudesse ter maiores possibilidades de sucesso 
no futuro. 
Esses países possuíam a exemplo da tendência capitalista, importantes centros 
de investigação científica dirigidos para a ciência dos desportos além da orientação dos 
melhores técnicos desportivos do país, bem como utilizavam uma tecnologia e material 
desportivo de alto-nível. (FERNANDES, 1981; TUBINO, 1985). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www.br.freepik.com 
 
41 
 
 
Tendência europeia-ocidental de treinamento desportivo 
Comandada pela antiga Alemanha Ocidental, tinha nos países europeus não-
socialistas os seus principais componentes. Esta tendência tinha o intercâmbio técnico-
científico facilitado pela situação geográfica dos países europeus, com o Brasil muito se 
beneficiando mediante estágios realizados em seus principais centros de treinamento e 
pesquisas científicas, como Colônia e Mainz e outros situados nos demais países 
partidários de sua doutrina (FERNANDES, 1981; TUBINO, 1985). 
Tendência asiática de treinamento desportivo 
Dentre os países que faziam parte está escola destacavam-se principalmente o 
Japão, as Coreias e ainda a China. Nesses países, além do estrito planejamento 
educacional, o desporto já recebia uma grande ajuda das numerosas indústrias lá 
existentes, com as fábricas se formando equipes desportivas. A característica mais 
marcante dessa tendência, é que naquela época já se evidenciava aspectos 
capitalistas, e a cultura era usada como meio de motivação (TUBINO 1985). Os 
principais centros de investigação científica localizavam-se nas universidades, 
principalmente em Tóquio (FERNANDES, 1981; TUBINO, 1985). 
2.4 O Período do mercantilismo esportivo e suas referências 
O esporte se tornou sem dúvida um dos mais eficientes produtos para 
divulgação do nome e marca de seus anunciantes e patrocinadores, porque lhes 
permite aproximarem-se dos seus clientes e do mercado. O sucesso que o esporte 
transmite aos seus participantes é inconscientemente atribuído às empresas que o 
promovem e, o que é mais importante, aos seus produtos (NETO,1986). 
Dessa forma atualmente não existem mais relutâncias: é notório o surgimento 
do desporto-espetáculo, e investir no esporte se consolidou um excelente negócio com 
grandes retornos publicitários em termos de divulgação, melhoria de imagem, lucros 
financeiros e vantagens fiscais. 
 
 
 
42 
 
 
É dentro desse enfoque que as empresas passaram a se interessar pela 
promoção institucional do esporte, consolidando na atualidade a existência de apenas 
duas grandes orientações de treinamento desportivo, independente das condições 
sócio econômicas, opções políticas, tradições ou mesmo posições geográficas, as quais 
a seguir descrevemos resumidamente. 
Tendência capitalista de treinamento desportivo 
Tem como componentes os países capitalistas do globo, independentemente 
de sua situação geopolítica, com os clubes e associações, quase sempre subsidiadas 
pelas empresas oferecendo total apoio aos atletas, que recebem em troca além de 
salários considerados, outras vantagens financeiras. 
A característica mais marcante dessa tendência, é que as competições de alto 
nível se tornaram verdadeiros shows, independentemente do nível profissional ou 
pseudo-amador das mesmas, nas quais utilizando-se de estratégias promocionais as 
grandes empresas interessadas na divulgação de seus produtos, investem orçamentos 
milionários no financiamento da preparação de atletas ou equipes, (que são 
considerados verdadeiros astros) bem como, promovem e administram eventos 
desportivos. 
A universidade, a exemplo do período anterior, se constituí ainda na principal 
fonte de pesquisas. 
Tendência socialista de treinamento desportivo 
Abrange todos os países do bloco socialista, onde o estado tem a completa 
responsabilidade sobre a educação física e o desenvolvimento desportivo. A base 
dessa tendência é o regime de governo que entrega ao estado a educação integral das 
crianças. 
 Esses países possuem importantes centros de investigação científica dirigidos para a 
ciência dos desportos (FERNANDES, 1981;TUBINO, 1985).4 
 
 
 
 
4 Extraído: www.sitedosboleiros.webnode.com.br 
 
43 
 
 
2.5 Escolas de treinamento 
SAXÔNICA 
Características: 
 Estados Unidos como líder; 
 Agrega: Austrália, Canadá, África do Sul, Nova Zelândia; 
 Tem como base as Universidades (treinamento/ciência); 
 Grande importância aos Coaches (centro da Equipe); 
 Avanço tecnológico materiais esportivos. 
Desvantagens: 
 Tradição contrária prática feminina; 
 Dificuldades de decisões por falta de um poder desportivo central forte; 
 Seleção biotipológica somente na massa praticante e com idade avançada; 
 Atua por interesse da população, desprezando outras modalidades. 
 
SOCIALISTA (herdeiras) 
Características: 
 Rússia / China como líderes; 
 Agrega: países socialistas e ex-socialistas, como Cuba, Romênia, Lituânia, 
Ucrânia, Geórgia, Coréia; 
 Tem como base o regime de governo; 
 Seleção biotipológica precoce e numa grande massa populacional; 
 Poder Central forte e coordenativo, com base científica; 
 Apoio à totalidade das modalidades; 
 Apoio cultural pela população. 
Desvantagens: 
 Lentidão nas decisões; 
 Falta de material esportivo. 
 
44 
 
 
Europeia Ocidental 
Características: 
 Alemanha como expoente, mas não líder (história); 
 Compreende os países do centro-oeste da Europa; 
 Tem como base os Clubes e seus patrocinadores; 
 Forte intercâmbio técnico-científico entre países; 
 Apoio cultural pela população. 
Desvantagens: 
 Falta de uma base de trabalho principal; 
 Divergências quanto às linhas de trabalho; 
 Opções da modalidade pelos investimentos dos patrocinadores. 
 
Asiática 
Características: 
 China e Japão como líderes; 
 Apresenta grande planejamento educacional; 
 Tem como base as Indústrias, com as fábricas formando as equipes esportivas; 
 Vantagens nos esportes queexigem flexibilidade; 
 Evolução do material esportivo; 
 Utiliza a cultura como meio de motivação; 
 Tem apoio das Universidades nas pesquisas. 
Desvantagens: 
 Divergências quanto às linhas de trabalho; 
 Opções da modalidade pelos investimentos dos patrocinadores. 5 
 
 
 
 
 
5 Extraído: www.mirantoseventos.files.wordpress.com 
 
45 
 
 
3 MODELOS DE PERIODIZAÇÃO 
3.1 Evolução histórica da periodização 
Periodização, “ato de periodizar”, ou seja, dividir em períodos. É assim que o 
dicionário define e foi desta forma que no Egito e na Grécia antiga se realizava uma 
preparação, primeiramente para as batalhas e posteriormente com o surgimento dos 
Jogos Olímpicos, foi utilizada esta mesma periodização de forma a melhorar a 
performance dos atletas, tal como foi citado por Braz (2006), citando Dantas (2003), “De 
início utilizado apenas para fins militares e depois passou a ser utilizada com o objetivo 
de aumentar a performance na prática desportiva.” 
O modelo de periodização utilizado na Grécia antiga denominado de “TETRA”, 
é um dos primeiros, senão mesmo o primeiro modelo conhecido. Este modelo foi 
desenvolvido para a periodização do treino dos atletas que iriam participar nos Jogos 
Olímpicos. Os “tetras” utilizavam ciclos de três dias de treino por um de repouso (ou 
exercício ligeiro) e teriam uma duração de quatro meses (DANTAS, 2003; DA SILVA, 
2004). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
 
 
Com a evolução e o mediatismo dos Jogos Olímpicos esta periodização foi 
aumentando “até uma duração de dez meses de preparação geral, sendo que no último 
mês precedente à competição testavam a sua prova ante gente especializada. ” Braz 
(2006) 
Já no século XIX e com o renascimento dos Jogos Olímpicos é que a 
periodização do treino voltou a ser estruturada de forma a otimizar o rendimento 
desportivo dos atletas. Segundo Gomes (2004) estudiosos como Kraevki (1902), 
Tausmev (1902), Olshanik (1905), Skotar (1906), Shtliest (1908) e Murphy (1913) 
contribuíram para o aparecimento da periodização do treino desportivo. Nesta fase 
evolutiva da periodização Murphy e Kotov (1900-1920) sistematizaram os conteúdos de 
treino em fases, de modo a permitir uma evolução progressiva da condição física dos 
atletas. (Raposo, 2002). Kotov iniciou então a concepção de treino ininterrupto dividido 
em três etapas: Geral (desenvolvimento do sistema cardiovascular e respiratório), 
Preparatória (desenvolvimento da força e resistência muscular) e especial (preparação 
para uma modalidade ou prova especifica). (Da Silva 2004). Neste modelo de Kotov 
verificaram-se tendências evolutivas no volume de trabalho na preparação desportiva. 
Mais tarde e através de Pihkala, Gorinovski e Birsin, finlandês e russos 
respectivamente, que surgiram as primeiras tentativas de definição de uma 
periodização de treino através de um trabalho publicado em 1930, chamado “Athletik”. 
Com esta publicação surgem alguns princípios da periodização do treino, uma vez que 
os autores propõem o seguinte conjunto de leis: “ a carga deve diminuir 
progressivamente em volume e aumentar em intensidade”; “o treino específico edifica-
se sobre uma ampla base geral”, “o treino deve apresentar uma clara alternância entre 
o trabalho e a recuperação”. Braz (2006) 
Uns anos antes, em 1922 era publicado o primeiro livro, “Bases Fundamentais 
do Treino” por Gorinovski. Seis anos mais tarde L.Mang foi pioneiro ao “formular o 
desenvolvimento paralelo do treino físico orgânico, técnico e táctico, coordenando 
diversas variáveis de preparação” Barbanti e Filho (s/d). K. Gratyn publica em Moscovo 
no ano de 1939 os “Conteúdos e princípios gerais da preparação do treino desportivo”, 
um estudo onde apresenta as principais características que deve ter a periodização do 
 
47 
 
 
treino. No ano seguinte G. Dyson, apresenta o treino anual ininterrupto, propondo uma 
divisão da época de preparação e cinco períodos. Já nos anos 50, G. Dyson juntamente 
com N. Ozolin desenvolvem modelos que assentam numa preparação multilateral que 
terminam numa especialização no momento da competição, estes modelos foram 
aplicados especificamente ao atletismo. 
Contudo e antes de se falar claramente em modelos de periodização, o artigo 
de Letunov, em 1959 sobre “O sistema de planeamento do treino” não pode ser 
esquecido. Leunov apresentava críticas aos “modelos” anteriores nomeadamente “pela 
falta de bases fisiológicas e individualização do processo apresentado”. Neste artigo 
Letunov apresentava a “junção dos conhecimentos sobre a adaptação biológica aos 
modelos de treino e uma divisão da temporada em períodos de treino geral e 
especifico, destinados à aquisição de forma, período competitivo e um outro à 
diminuição do nível de treino”. Braz (2006) 
Atualmente existem diferentes conceitos sobre o treino e a sua periodização, na 
sua grande maioria todos partiram da proposta do russo L.P. Matveiev. 
3.2 Modelo Clássico (Matveiev) 
Leev Pavlovitchi Matveiev, revelou ao mundo no final dos anos 50 o modelo de 
periodização que para muitos treinadores ainda é um modelo bastante utilizado 
principalmente nos desportos individuais, mas para outros é considerado um modelo 
clássico. Contudo L.P. Matveiev é considerado o “pai” da periodização do treino. 
Matveiev fundamentou as suas explicações com base na teoria da Síndrome da 
Adaptação Geral. Abrantes (2006) refere que Matveiev dividiu em três períodos o 
macrociclo tendo em conta muitos fatores que influenciam o calendário de competições, 
contudo muitos destes fatores não dependem nem do treinador nem do atleta. Assim foi 
necessário criar condições que eliminassem as contradições entre o calendário 
desportivo e a periodização do treino, essas condições são as seguintes: 
 
 
 
48 
 
 
 Calendário Competitivo: as competições mais importantes devem concentrar-se 
num período cuja duração não deve ser superior ao tempo de duração da forma 
desportiva dos atletas. Antes disso, deve haver um número ideal de 
competições secundárias para o atleta aperfeiçoar a sua forma. A importância e 
dificuldade das competições devem aparecer ao longo da época de uma forma 
progressiva e crescente. 
 Condições Climatéricas: são um fator determinante da periodização, pois 
Matveiev baseou-se nas investigações de Hettinger & Muller e Prokop para 
estabelecer períodos óptimos para alcançar a forma desportiva. 
 Leis Biológicas: fundamentadas as teorias de Selye (Síndrome da Adaptação 
Geral), estabelece diferentes fases para se atingir a forma desportiva – 
Desenvolvimento, Conservação e Perda – daí a existência de 3 períodos ao 
longo da época – Preparação, Competição e Transição. 
 
Segundo Matveiev (1990) a periodização tem como objetivo proporcionar a um 
atleta em competições a forma desportiva, ou seja, o estado no qual ele está preparado 
para a obtenção de resultados desportivos. Assim e com base no que foi referido 
anteriormente Matveiev elaborou o modelo distribuindo as cargas pelos períodos. Com 
uma duração de até 12 meses, ele atribuiu seis meses para o primeiro, quatro a cinco 
para o segundo e um a dois para o terceiro período. 
 
 
 
 
 
 
 
 
49 
 
 
Os períodos em referência são o período preparatório, competitivo e transitório. 
Período Preparatório: para Matveiev neste período devem ser criadas e 
desenvolvidas as premissas necessárias para que surja a forma desportiva, devendo 
ser assegurada a sua consolidação. Assim este período divide-se em duas etapas, uma 
de preparação geral e outra de preparação específica, sendo que a primeira é mais 
prolongada. 
Durante a etapa de preparação geral a principal preocupação é criar uma boa 
base de forma desportiva, para isso é necessário aumentar as capacidades funcionais 
do organismo desenvolvendo as várias qualidades físicas. Caracteriza-se por um 
aumento gradual do volume e da intensidadecom crescimento preferencial do volume. 
A forma desportiva a partir daqui dependerá do nível de preparação física de que se 
parte, ou seja um indivíduo que está a começar a treinar não terá os mesmos 
resultados que outro que já tenha um historial desportivo. Uma vez que nesta etapa é 
necessário aumentar as capacidades funcionais do organismo, o conjunto de exercícios 
deve ser muito mais amplo e variado, com uma maior proporção para desenvolver a 
resistência geral, aperfeiçoamento geral da força. Nesta fase os exercícios competitivos 
devem ter uma percentagem mínima, em alguns casos devem mesmo ser excluídos 
como é o caso de atletas que têm um período muito curto e concentrado de 
competições. Esta percentagem tão reduzida ou mesmo nula, deve-se a situações em 
que estes exercícios podem ser executados sob um estereótipo motor assimilado 
anteriormente, deste modo irá converter-se num obstáculo ao aperfeiçoamento. 
Na etapa de preparação específica tem mais ênfase a estrutura e o conteúdo 
do treino com o intuito de se criarem condições de organização da forma desportiva. A 
tendência das cargas nesta etapa resume-se numa redução do volume total e no 
acréscimo subsequente da intensidade. A preparação técnica é uma tarefa primordial 
nesta etapa, para que possa ser criado um estereótipo dinâmico motor estável, 
paralelamente aumenta-se a preparação táctica. Assim, são criadas condições para o 
aumento do treino específico, permitindo a combinação harmoniosa das várias 
componentes da forma desportiva. Ainda nesta etapa há uma inter-relação especial da 
preparação física, técnica, táctica e volitiva adaptando-se internamente entre elas. 
 
50 
 
 
 
 
Período Competitivo: após a aquisição da forma desportiva, é necessário 
preservá-la durante este período, aplicando-a na conquista de resultados desportivos. 
Não devem ser realizadas reestruturações neste período, uma vez que limitariam a 
forma desportiva impossibilitando o êxito traçado nos objetivos para as competições. 
Para um período competitivo de curta duração o volume geral das cargas de treino 
contínua, inicialmente com uma redução ligeira e uma estabilização a seguir, 
aumentam-se as intensidades das cargas específicas até atingir um máximo e 
estabilizar-se nesse patamar, nesta situação produzem-se oscilações ondulatórias do 
volume e da intensidade. Se o período for prolongado produz-se um novo aumento do 
volume geral das cargas após a estabilização das exigências do treino, seguindo-se 
uma ligeira redução da sua intensidade, manifestando-se novamente uma redução do 
volume e um aumento na intensidade. 
A preparação moral e volitiva assume neste período um papel especial, ou seja, 
a adaptação psicológica às competições. É essencial a mobilização do atleta para a 
manifestação máxima das forças físicas e psicológicas, necessitando adoptar uma 
atitude correta face a possíveis dissabores desportivos mantendo-se emocionalmente 
forte. A preparação física tem um papel meramente de evolução funcional, orientada 
para a manutenção e conservação do nível de forma até aí alcançado. Já as 
preparações técnicas e tácticas asseguram o aperfeiçoamento das formas adoptadas 
da atividade motora até aí, aproveitando ao máximo a coordenação dos movimentos, 
desenvolvimento táctico e ampliação dos conhecimentos especializados. 
 
51 
 
 
Período de Transição: tem como objetivo principal proporcionar aos atletas 
algum descanso entre dois macrociclos. Não se trata de uma suspensão do processo 
de treino, mas antes um período para evitar o efeito acumulativo do treino 
em overtraining, devendo ser criadas condições de manutenção de um determinado 
nível de treino, uma vez que com descanso ativo é impossível manter o nível de treino 
num ponto ideal, mas pode manter-se de tal modo que permita iniciar um novo ciclo de 
treino com posições de partida mais elevadas que as anteriores. Em suma e segundo 
Abrantes (2006), este período deve ser utilizado para manter a atividade física regular 
com uma diminuição da carga de treino como já foi referido anteriormente, devendo-se 
quebrar as rotinas de treino praticando desportos diferentes, aproveitar para melhorar a 
flexibilidade e tratar de lesões, analisar a época anterior e preparar a seguinte, por fim 
manter uma alimentação saudável. 
Dependendo de cada desporto e das respectivas características do calendário 
de competições, etc., destacam-se os ciclos anuais e os ciclos semestrais. Abrantes 
(2006) esquematiza na imagem seguinte a periodização simples (ciclo anual) e a 
periodização dupla (ciclo semestral). De realçar e segundo Barbabti & Filho (s/d), 
também que existe a periodização tripla que é usada em jovens atletas em formação e 
que não têm uma estrutura rígida de treino.6 
 
 
6 Texto de: Fernando Jorge Alves. Extraído: www.efdeportes.com 
 
52 
 
 
3.3 Treinamento pendular 
Esta sistemática para estruturação do processo de treino foi proposta por 
Arosjev na década de 1970 (SILVA, 1995) e se constitui numa tentativa de 
aperfeiçoamento do sistema proposto por Matvéiev, pois se orienta pelos princípios da 
teoria do referido autor. De acordo com TSCHIENE (1985), pode-se concluir que a 
estrutura pendular de Arosjev representa apenas uma reforma da periodização do 
treino de Matvéiev, já que a tradicional subdivisão em períodos não é desconsiderada. 
O treinamento pendular tem como proposta básica a obtenção de vários 
momentos da forma, a fim de atender às necessidades do calendário de competição, e 
fundamenta-se na alternância sistemática entre cargas específicas e gerais. De uma 
maneira geral, as cargas gerais decrescem ao longo do período até praticamente 
desaparecerem por ocasião das competições mais importantes, ao passo que as 
cargas de natureza específica crescem a cada ciclo de treino (SILVA, 1995). Essa 
alternância na natureza das cargas em um mesmo ciclo de treino é responsável pela 
formação do chamado pêndulo (SILVA, 1998). 
Quanto menores são os pêndulos durante o processo de treinamento, maiores 
serão as condições de competir eficazmente, todavia se os pêndulos são maiores, 
maior será a possibilidade de sustentar a forma desportiva por um tempo maior por 
parte do atleta (FORTEZA DE LA ROSA, 2001). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
53 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: blog.unisportbrasil.com.br 
Sinteticamente, nessa forma de organizar o treinamento desportivo fica 
evidente que se mantém a importância das cargas gerais de treinamento e que existe a 
relativa separação igual, mas em menor escala, do que na periodização do treinamento 
de Matvéiev é a preparação geral e a específica (FORTEZA DE LA ROSA, 2001). 
3.4 Treinamento modular 
Elaborado também na década de 1970 por Vorobjev, este modelo de treino foi 
utilizado principalmente pelos halterofilistas (TSCHIENE,1985) e apresenta como 
características: a aplicação de mudanças bruscas e frequentes no volume (variações de 
30 a 50% entre um a dois meses e média de 35% ao longo do ano) e na intensidade 
(oscilações mensais entre 20 a 25%, com média de 11%) das cargas; ao longo de toda 
a temporada, as cargas de natureza específica assumem um caráter predominante; o 
 
54 
 
 
ciclo anual das cargas de treino é organizado na forma de pequenas ondas uma vez 
que o treinamento não deve ser projetado para determinar uma transferência a longo 
prazo dos efeitos da carga (SILVA, 1995). 
Com relação à proposta deste modelo em que as cargas de natureza específica 
assumem um caráter predominante ao longo da temporada, é considerado por 
TSCHIENE (1985) um progresso na teoria do treinamento desportivo. Da mesma forma, 
SILVA (1995) acredita que a proposta de Vorobjev se constitui no primeiro modelo a, 
efetivamente, estabelecer um certo afastamento dos esquemas da periodização 
clássica de Matvéiev. 
3.5 Treinamento em bloco 
No final

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