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2017 TreinamenTo DesporTivo em eDucação Física Prof. Paulo Cesar do Nascimento Salvador Prof. Amadeo Félix Salvador Prof. Anderson Santiago Teixeira Copyright © UNIASSELVI 2017 Elaboração: Prof. Paulo Cesar do Nascimento Salvador Prof. Amadeo Félix Salvador Prof. Anderson Santiago Teixeira Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 796.07 S182t Salvador; Paulo César do Nascimento Treinamento desportivo em educação física / Paulo César do Nascimento Salvador; Amadeo Félix Salvador; Anderson Santiago Teixeira: UNIASSELVI, 2017. 215 p. : il. ISBN 978-85-515-0072-9 1.Educação Física - Treinamento. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. III apresenTação Caro acadêmico! Seja bem-vindo a mais uma disciplina do nosso curso! Convido você a começar agora sua jornada de estudos na disciplina de TREINAMENTO DESPORTIVO EM EDUCAÇÃO FÍSICA. Acreditamos que será uma viagem prazerosa pelos caminhos do conhecimento que envolvem a teoria do Treinamento Esportivo e suas facetas dentro do contexto da Educação Física. Esperamos poder proporcionar a você, acadêmico, bons momentos de estudos e reflexão para que possamos aprender mais sobre a temática. Na Unidade 1, teremos como objetivos o entendimento dos fundamentos do Treinamento Esportivo e seus processos de avaliação, o desenvolvimento das capacidades aeróbias e anaeróbias e o treinamento esportivo no contexto escolar e suas implicações para a saúde. Na Unidade 2, o objetivo é o aprendizado dos aspectos relacionados aos princípios do Treinamento Esportivo, como a individualidade, especificidade e a sobrecarga, bem como, o condicionamento físico específico para diferentes atividades esportivas. Enquanto que, na Unidade 3, veremos os principais métodos e a periodização do treinamento, com o objetivo de entender a aplicação deste para crianças e adolescentes, o condicionamento e o desenvolvimento das principais qualidades físicas como força, resistência e flexibilidade. Por fim, nós desejamos a você um ótimo período de estudos dentro desta e outras disciplinas do curso. Que você possa aproveitar esta fase da vida da melhor forma possível, valorizando a formação profissional e, acima de tudo o crescimento pessoal que você obterá! Bons estudos e sucesso! Prof. Paulo Cesar do Nascimento Salvador Prof. Amadeo Félix Salvador Prof. Anderson Santiago Teixeira IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! UNI V VI VII UNIDADE 1 - FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO .................................... 1 TÓPICO 1 - OS FUNDAMENTOS ...................................................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 FUNDAMENTOS ................................................................................................................................ 4 2.1 O TREINAMENTO FÍSICO ........................................................................................................... 7 3 OS PROCESSOS DE AVALIAÇÃO DO TREINAMENTO DESPORTIVO ............................. 8 3.1 A AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS FÍSICOS ................................................................................ 10 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 23 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 24 TÓPICO 2 - O TREINAMENTO DA APTIDÃO AERÓBIA E ANAERÓBIA ............................ 25 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 25 2 APTIDÃO AERÓBIA .......................................................................................................................... 26 3 O DESENVOLVIMENTO DA APTIDÃO AERÓBIA ................................................................... 31 3.1 AVALIAÇÃO DA APTIDÃO AERÓBIA ..................................................................................... 34 3.2 POSSIBILIDADES DE TREINAMENTO DA APTIDÃO AERÓBIA ....................................... 43 4 APTIDÃO ANAERÓBIA .................................................................................................................... 45 5 DESENVOLVIMENTO DA APTIDÃO ANAERÓBIA ................................................................ 46 5.1 AVALIAÇÃO DA APTIDÃO ANAERÓBIA ............................................................................... 51 5.2 POSSIBILIDADES DE TREINAMENTO DA APTIDÃO ANAERÓBIA ................................. 53 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 55 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 57 TÓPICO 3 - O TREINAMENTO DESPORTIVO E A SAÚDE NA IDADE ESCOLAR ............ 59 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 59 2 PREOCUPAÇÕES EM RELAÇÃO À SAÚDE NA ADOLESCÊNCIA ...................................... 59 3 O ESPORTE E SUAS IMPLICAÇÕES PARA SAÚDE DE ADOLESCENTES ......................... 61 4 O ESPORTE COLETIVO E OS PROCESSOS DE CRESCIMENTO DE ADOLESCENTES, POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO ..................................................... 65 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 68 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 72 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 73 UNIDADE 2 - PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO E O CONDICIONAMENTO FÍSICO APLICADO ..........................................................................................................................75 TÓPICO 1 - OS PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO .......................................... 77 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 77 2 PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO DESPORTIVOS – O QUE SÃO? ..................................... 77 3 HISTÓRIA DOS PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO .................................... 79 4 PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO – DEFINIÇÕES, EXEMPLOS, APLICAÇÕES E CURIOSIDADES .................................................................................................. 82 4.1 O PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIDADE BIOLÓGICA ............................................................ 83 sumário VIII 4.2 O PRINCÍPIO DA ADAPTAÇÃO ................................................................................................ 86 4.3 O PRINCÍPIO DA SOBRECARGA ............................................................................................... 91 4.4 O PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE .......................................................................................... 95 4.5 O PRINCÍPIO DA REVERSIBILIDADE ...................................................................................... 96 4.6 O PRINCÍPIO DA INTERDEPENDÊNCIA VOLUME-INTENSIDADE ................................ 98 4.7 O PRINCÍPIO DA ESPECIFICIDADE ......................................................................................... 100 4.8 O PRINCÍPIO DA VARIABILIDADE .......................................................................................... 102 4.9 O PRINCÍPIO DA TREINABILIDADE ........................................................................................ 104 4.10 O PRINCÍPIO DA SAÚDE .......................................................................................................... 106 4.11 INTER-RELAÇÃO ENTRE OS PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO ..................................... 107 4.12 EDUCAÇÃO ESPECIAL E OS PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO ........... 108 4.13 INDIVIDUALIDADE BIOLÓGICA AO ATLETA OU ESTUDANTE ESPECIAL ............... 111 4.14 SOBRECARGA APLICADA AO DEFICIENTE ....................................................................... 116 4.15 CONTINUIDADE COM TREINAMENTO ESCOLAR ........................................................... 117 4.16 ENTREVISTA COM PSICÓLOGA ESPORTIVA ...................................................................... 118 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 123 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 125 TÓPICO 2 - O CONDICIONAMENTO FÍSICO PARA DIFERENTES ATIVIDADES ESPORTIVAS ........................................................................................ 127 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 127 2 PLANEJAMENTO ............................................................................................................................... 127 2.1 HABILIDADES MOTORAS ENVOLVIDAS ............................................................................... 128 2.2 TREINAMENTO DE ESPORTES CÍCLICOS PARA JOVENS E CRIANÇAS ........................ 129 2.3 MINI JOGOS EM ESPORTES COLETIVOS ................................................................................ 131 2.4 ESPORTE DE COLISÃO – O CONTATO .................................................................................... 133 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 137 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 138 UNIDADE 3 - MÉTODOS, ESTRUTURAÇÃO E PERIODIZAÇÃO DO TREINAMENTO ESPORTIVO .................................................................................................................. 139 TÓPICO 1 - CRESCIMENTO, MATURAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ........................................................................ 141 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 141 2 OS PERÍODOS ETÁRIOS DURANTE O CRESCIMENTO PÓS-NATAL ............................... 141 3 DEFININDO CRESCIMENTO, MATURAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ............................ 142 4 MEDIDAS USADAS PARA A AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO E MATURAÇÃO ......... 143 4.1 AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO .............................................................................................. 144 4.2 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA MATURAÇÃO .................................................................... 147 4.2.1 Idade no pico de velocidade em altura .................................................................................. 154 4.2.2 Porcentagem da estatura adulta predita ................................................................................ 155 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 157 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 158 TÓPICO 2 - TREINAMENTO ESPORTIVO NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA .................. 159 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 159 2 PERÍODOS SENSÍVEIS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS CAPACIDADES FÍSICAS .................................................................................................................. 160 3 MODELOS DE DESENVOLVIMENTO FÍSICO EM LONGO PRAZO PARA JOVENS ..................................................................................................................................... 162 3.1 DIFERENÇAS RELACIONADAS AO SEXO .............................................................................. 168 3.2 TREINAMENTO PARA JOVENS: MATURAÇÃO TARDIA VS. PRECOCE ........................ 169 IX RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 171 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 172 TÓPICO 3 - ESTRUTURAÇÃO E PERIODIZAÇÃO DOS PROGRAMAS DE TREINAMENTO NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA .................................... 173 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 173 2 TREINAMENTO DA APTIDÃO AERÓBIA PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES ......... 173 2.1 ADAPTAÇÕES AO TREINAMENTO AERÓBIO ...................................................................... 174 2.2 RECOMENDAÇÕES GERAIS PARA PRESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO AERÓBIO EM JOVENS ..................................................................................................................................... 174 2.3 TREINO DE FORÇA PARA JOVENS E CRIANÇAS – PARADIGMAS ................................. 176 2.4 ADAPTAÇÕES AO TREINAMENTO DE FORÇA E POTÊNCIA .......................................... 177 2.5 ESTRUTURAÇÃO DO TREINAMENTO USANDO EXERCÍCIOS NA MÁQUINA E DE PESO LIVRE .................................................................................................................................... 178 2.6 ESTRUTURAÇÃO DO TREINAMENTO USANDO EXERCÍCIOS PLIOMÉTRICOS ......... 187 2.7 IMPLICAÇÕES PARA O TREINAMENTO PLIOMÉTRICO ...................................................187 2.8 PROGRESSÃO DO TREINAMENTO PLIOMÉTRICO AO LONGO DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA ........................................................................................................................... 188 2.9 TREINAMENTO PARA FLEXIBILIDADE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES ................ 191 2.9.1 Desenvolvimento da flexibilidade na infância e adolescência ........................................... 192 2.10 TREINAMENTO DA VELOCIDADE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES ...................... 194 2.10.1 Desenvolvimento da velocidade na infância e adolescência ............................................ 195 2.11 TREINAMENTO DA AGILIDADE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES .......................... 198 2.11.1 Desenvolvimento da Agilidade na infância e adolescência .............................................. 199 2.11.2 Diretrizes para o treinamento da agilidade ......................................................................... 201 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 203 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 205 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 207 X 1 UNIDADE 1 FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Esta unidade tem por objetivos proporcionar a você: • conhecer acerca dos fundamentos e dos processos de avaliação do Treina- mento Esportivo; • entender as capacidades aeróbias e anaeróbias, os processos de produção de energia e o desenvolvimento destas capacidades com o treinamento; • compreender os métodos de treinamento para o condicionamento esporti- vo de crianças e adolescentes em idade escolar. Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles, você encontrará atividades que visam à compreensão dos conteúdos apresentados. TÓPICO 1 – OS FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO TÓPICO 2 – O TREINAMENTO DAS CAPACIDADES AERÓBIAS E ANAERÓBIAS TÓPICO 3 – O TREINAMENTO DESPORTIVO E A SAÚDE NA IDADE ESCOLAR 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 OS FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO 1 INTRODUÇÃO Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao nosso livro de estudos. Você está tendo o primeiro contato com o conteúdo que será abordado durante a disciplina de Treinamento Desportivo, e já que estamos iniciando esta unidade, vamos introduzir você ao primeiro tema que será apresentado. Esta unidade abordará os Fundamentos do Treinamento Desportivo, e no nosso primeiro tópico, além dos fundamentos, vamos também tratar sobre os processos de avaliação do treinamento. O objetivo deste tópico é proporcionar a você, acadêmico, conhecimentos relacionados aos principais fundamentos, por exemplo, o desenvolvimento físico e os fatores que envolvem este, bem como os processos de avaliação que envolvem essa disciplina, como por exemplo, as diferentes possibilidades de avaliação física. Nos dias de hoje, com toda a evolução tecnológica e científica, a ciência da Teoria e Metodologia do Treinamento também evoluiu muito. Na atualidade, a Ciência do Esporte tem um enorme embasamento científico e teórico sobre quais os melhores meios de atingir o melhor rendimento. Na área da iniciação esportiva e na formação de talentos não é diferente, são inúmeros pesquisadores e/ou cientistas com grande diversidade de publicações sobre o treinamento e o desenvolvimento de crianças e adolescentes. São diversos os campos da ciência que envolvem o treinamento. Podemos citar a anatomia, fisiologia, biomecânica, estatística, medicina esportiva, psicologia, aprendizagem motora, a pedagogia e a nutrição, entre outros. A teoria e metodologia do treinamento é uma área muito extensa e cabe ao professor de Educação Física selecionar os melhores conteúdos que estarão diretamente envolvidos com sua forma de trabalho. Durante o treinamento, o atleta reage a vários estímulos, alguns dos quais podem ser previstos com mais exatidão do que outros, com base na coleta de informações fisiológicas, biomecânicas, psicológicas, sociais e metodológicas. Assim o treinador precisa de um instrumento científico para garantir que o processo de treinamento seja ancorado em avaliações objetivas que meçam a reação do atleta, a qualidade e a carga dos exercícios, podendo-se assim planejar de modo apropriado os futuros programas (BOMPA, 2002, p. 4). Assim como este conceito que foi citado acima, muito da teoria que existe sobre o Treinamento Desportivo está em livros-textos ou artigos científicos, que UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO 4 tratam principalmente do como lidar com atletas. A intenção deste tópico é trazer este conhecimento a você buscando possibilitar o aprendizado dos conceitos principais e de como estes poderão ser aplicados na sua realidade na atuação como professor de Educação Física. Por exemplo, podemos explorar no conceito de Bompa (2002) que o planejamento das aulas e atividades da Educação Física deverão estar ancoradas em avaliações específicas do comportamento e da evolução dos alunos. O conhecimento dos fundamentos também auxiliará para uma melhor compreensão do último tópico desta unidade que irá abordar especificamente o treinamento desportivo na escola. 2 OS FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO Para começar precisamos pensar no significado da palavra fundamento. O que seria para você os fundamentos do treinamento esportivo? No dicionário Priberam (2017) o significado da palavra fundamento é base principal, prova, causa, motivo, fundação, alicerce. Desta forma, podemos pensar que fundamento poderia estar ligado ao sentido de alicerce ou uma base sólida para construir algo que se deseja que seja duradouro. De outra forma então, podemos pensar que os fundamentos do treinamento seriam as questões teórico/práticas que dariam um embasamento para a construção ou planejamento de uma linha de trabalho, ou seja, um ponto de partida e uma rota de destino clara e fixa para conduzir as aulas e o trabalho que se objetiva. Em palavras mais teóricas, poderíamos dizer que é o conjunto de regras básicas de organização e funcionamento ou o conjunto de princípios a partir dos quais se pode fundar ou deduzir um sistema ou um conjunto de conhecimentos. UNI E você, caro acadêmico, concorda com o que foi dito? O que você acredita serem os fundamentos do Treinamento Desportivo? Pare por alguns instantes e reflita sobre o assunto antes de prosseguir a leitura. Para pensarmos de maneira um pouco mais aprofundada sobre o assunto, vamos começar considerando as questões relacionadas aos objetivos do treinamento. Estes objetivos podem ser diversos e será preciso adaptar cada um deles a sua realidade na prática profissional. Porém, de maneira geral, o quadro a seguir lista cada um dos principais objetivos que estão ligados ao treinamento de acordo com Bompa (2002). TÓPICO 1 | OS FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO 5 Desenvolvimento físico multilateral. Desenvolvimento físico específico. Fatores técnicos. Fatores táticos. Aspectos psicológicos. Habilidade para o trabalho em equipe. Fatores ligados a saúde. Prevenção de lesões. Conhecimento teórico. QUADRO 1 - OBJETIVOS DO TREINAMENTO FONTE: Os autores Vamos, a partir de agora, explorar um pouco mais detalhado cada um deles. Comecemos pelo desenvolvimento físico multilateral. • Desenvolvimento físico multilateral: Como o nome já propriamente refere, é pensar no desenvolvimento do corpo como um todo, todas as habilidades necessárias para uma boa execução esportiva. É uma base para o treinamento físico geral. A ideia é aprimorar todas as qualidades físicas (por exemplo: resistência, força e velocidade) de uma maneira harmoniosa para o melhor desenvolvimento corporal. • Desenvolvimento físico específico:Neste caso, a ideia é desenvolver ou aprimorar as qualidades físicas mais associadas ao desporto-alvo que será praticado. O treinamento buscará desenvolver todas as qualidades físicas necessárias, mas o foco será um melhor aprimoramento daquelas diretamente ligadas à execução de movimento da modalidade praticada. • Fatores técnicos: Buscam-se desenvolver as habilidades técnicas necessárias do desporto, ou seja, o aprimoramento da melhor técnica, aquela com melhor economia de movimento, o gesto motor mais eficiente e ideal para realização de determinada tarefa. • Fatores táticos: Bompa (2002) diz que os fatores táticos são a melhoria da estratégia por meio do estudo da tática de futuros oponentes. Ampliar a capacidade técnica e aperfeiçoar a estratégia desenvolve um modelo estratégico. A tática é a estratégia em ação. • Aspectos psicológicos: É preciso pensar que todo bom desportista, independente da modalidade, vai precisar de um bom nível motivacional, força de vontade, confiança, perseverança e disciplina para o desenvolvimento das habilidades necessárias. • Habilidade para o trabalho em equipe: Em alguns desportos, principalmente os coletivos, este fator é de imprescindível importância para um bom aprendizado e desenvolvimento das habilidades envolvidas. O aluno vai precisar ter um bom desenvolvimento social e saber lidar com relações sociais. Nas aulas de educação física o desenvolvimento do trabalho em equipe vai criar alunos conscientes, confiantes e certos de seus direitos e deveres diante da sociedade. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO 6 • Fatores ligados à saúde: A recuperação adequada é tão importante quanto ao estímulo que será dado. Essa é uma mensagem importante aos profissionais que precisam planejar atividades físicas para os seus alunos. O aluno vai precisar sempre estar saudável e recuperado para realizar de maneira correta as atividades esportivas, o seu desenvolvimento e aprendizado também vai depender de uma saúde adequada, por isso é importante que o professor crie estratégias de acompanhamento da qualidade de vida dos seus alunos. • Prevenção de lesões: Aumentar o nível de flexibilidade, proporcionar aumentos da força muscular, principalmente durante o treinamento com iniciantes são cuidados que auxiliarão na prevenção de lesões (BOMPA, 2002). A realização de uma prática esportiva tomando todos os cuidados de segurança também é um ponto a se observar. • Aspectos psicológicos: É preciso pensar que todo bom desportista, independente da modalidade, vai precisar de um bom nível motivacional, força de vontade, confiança, perseverança e disciplina para o desenvolvimento das habilidades necessárias. • Conhecimento teórico: O aluno vai precisar de um bom nível de conhecimento dos aspectos nutricionais, psicológicos, do funcionamento do organismo, da Fisiologia, do planejamento do aumento sistemático da carga de treinamento e da necessidade de uma boa recuperação. Estes aspectos o professor vai precisar saber transmitir da melhor forma possível, sempre respeitando as características dos indivíduos que ele está trabalhando, sua realidade e sua faixa etária. FIGURA 1 – DESENVOLVIMENTO INTEGRAL NA INFÂNCIA FONTE: Disponível em: <http://maurosandri.blogspot.com.br/2015/11/ atividade-fisica-na-infancia-pode-ser.html>. Acesso em: 2 fev. 2017. TÓPICO 1 | OS FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO 7 2.1 O TREINAMENTO FÍSICO O treinamento físico, ou um bom condicionamento físico, é um dos primeiros aspectos que lembramos quando pensamos em atletas. O que vem a sua mente quando você pensa no treinamento físico? Esforço, cansaço, fadiga, superação, gasto energético, são vários os fatores que podemos elencar. Geralmente, as pessoas ligam o treinamento a atletas, ou quando pensam em treinamento lembram-se do mais rápido, do mais alto, do mais forte. Não era esse o lema grego? O que você poderia listar como componentes que fazem parte do treinamento físico? Segundo Bompa (2002), o treinamento físico é em muitos dos casos o fator mais importante para o rendimento esportivo. Dependendo da modalidade o treinamento físico vai ser um fator que receberá mais ou menos ênfase, mas sempre muito considerado. O objetivo deste é o desenvolvimento do potencial fisiológico e das habilidades motoras. O treinamento físico é divido por muitos autores em treinamento geral e treinamento específico. Perceba, caro acadêmico, que deve haver uma ordem lógica em um treinamento organizado e planejado, segundo Bompa (2002), pode ser desenvolvido na seguinte sequência: 1. Treinamento físico geral. 2. Treinamento físico específico. 3. Aperfeiçoamento das capacidades biomotoras. É sugerido que o desenvolvimento desta sequência ocorra durante o planejamento anual, ou seja, aplicado com o objetivo de chegar ao final de uma temporada no melhor rendimento. No caso do trabalho com crianças é sempre bom lembrar da necessidade de respeitar as fases de desenvolvimento e crescimento (POWERS; HOWLEY, 2005). Dessa forma, esta sequência também se aplica de maneira longitudinal, ou seja, nos primeiros anos da infância a preocupação do professor vai estar voltada ao desenvolvimento geral e global dos alunos, o desenvolvimento do organismo como um todo a partir de atividades mais lúdicas. Ao que, na adolescência, durante a fase da puberdade, pelo desejo de muitos pais e pela própria vontade dos adolescentes, estes são encaminhados para alguma modalidade específica. Nesse momento, o professor vai trabalhar com estes indivíduos buscando o aperfeiçoamento físico específico da modalidade. Em outras palavras, o aprimoramento fisiológico ideal para desempenhar tal desporto. A necessidade de respeitar a sequência citada acima no decorrer de uma temporada permanece válida. Com o final da puberdade, o jovem poderá começar o trabalho de desenvolvimento e aperfeiçoamento das capacidades biomotoras específicas, buscar-se-á o aprimoramento das qualidades físicas, como força, potência, resistência e velocidade de maneira que o desporto seja praticado em um bom nível de rendimento. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO 8 IMPORTANT E Tenha em mente que a maioria dos livros que abordam a teoria do Treinamento Desportivo dividem um planejamento anual ou uma temporada em períodos de preparação. Os dois principais são o período preparatório, quando ocorrerá a preparação física geral e específica e; o período competitivo em que ocorrerá o aperfeiçoamento das capacidades biomotoras específicas. Ainda, você poderá encontrar, na literatura, outras divisões de períodos, nomeadamente os períodos de pré-temporada, de base, pré-competitivo, de transição, entre outros. Segundo Powers e Howley (2005), existem muitas questões não esclarecidas relacionadas às respostas fisiológicas de uma criança saudável a vários tipos de exercício. Muito do que é realizado na prática do treinamento com crianças e adolescentes ainda é de forma empírica e sem muito embasamento científico. Isto se dá pela seguinte razão, por questões éticas óbvias muitas pesquisas e projetos não são aplicados com crianças para salvaguardar o bem-estar físico do indivíduo. Dessa forma, pouco se sabe sobre os efeitos da exposição ao calor ou ao frio extremo, ou outros ambientes hostis, por exemplo. Poucos cientistas fariam uma biópsia muscular em uma criança somente para saber os efeitos de determinado treinamento. Assim, muito do que existe na teoria do treinamento durante a infância e a adolescência está relacionado ao desenvolvimento do sistema cardiopulmonar e do sistema musculoesquelético (MACARDLE et al., 2005). No decorrer desta unidade, mais precisamente no Tópico 2, vamos estudar o desenvolvimento do sistema aeróbio e dos sistemas anaeróbios de produção de energia. O treinamento do sistema musculoesquelético, mais precisamente questões relacionadas ao desenvolvimento da força serão abordadas de maneira mais aprofundada na Unidade 3. 3 OS PROCESSOSDE AVALIAÇÃO DO TREINAMENTO DESPORTIVO A ciência do treinamento esportivo é uma área muito ampla e complexa. Esta ciência possui um grande número de variáveis intervenientes, ou seja, que vão influenciar em maior ou menor grau e estão relacionadas entre si. Como foi listado anteriormente sobre os fatores fundamentais do treinamento, essas variáveis serão de teor prático ou teórico. Estas poderão estar relacionadas aos objetivos dos principais componentes do treinamento esportivo, o aprimoramento físico, técnico, tático ou psicossocial. São diversas as ferramentas que poderão ser usadas para o acompanhamento e a avaliação do rendimento esportivo de um aluno. Estas ferramentas poderão ser mais complexas ou mais simples, poderão avaliar um ou mais componentes do treinamento, poderão ser mais específicas ou gerais. Existe, ainda, outra divisão clara na literatura que você acadêmico poderá encontrar em muitos livros que TÓPICO 1 | OS FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO 9 tratam do assunto, avaliações laboratoriais ou testes de campo. Uma ferramenta de avaliação poderá ser avaliada pela sua especificidade, reprodutibilidade e validade (MATHEWS, 1980). Ao começar um novo trabalho, ou um novo ano de trabalho, uma das primeiras coisas que você irá fazer é decidir seu plano de ensino, traçar suas metas e objetivos para aquele período. Depois, você escolherá ou decidirá qual(ais) método(s) ou metodologia(s) de avaliação do desenvolvimento dos seus alunos você usará, sejam teóricos ou práticos, físicos ou de alguma habilidade ou capacidade específica. FIGURA 2 – AVALIAÇÃO ESPORTIVA NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/ search?q=avaliação+esportiva+crianças>. Acesso em: 2 fev. 2017. Independente da ferramenta que você utilizará para avaliar seus alunos ou do componente que você quer avaliar, é preciso, primeiramente, ter certeza de que esse instrumento foi cientificamente elaborado e que faz um trabalho acurado de medição daquilo que foi designado a medir (MATHEWS, 1980). Assim, vamos olhar um pouco mais detalhadamente quais seriam estes critérios: • Validade: uma ferramenta de avaliação pode ser considerada válida quando ela foi cientificamente testada para avaliar o que ela se propõe a medir. Por exemplo, um teste de habilidade para jogar basquete será válido se os praticantes que apresentarem maiores escores no teste forem os melhores pontuadores durante um jogo ou um torneio. Não adiantaria um teste com o objetivo de testar o mais habilidoso dos jogadores, se este praticante não fosse realmente o que apresentasse um melhor rendimento em uma situação real. • Reprodutibilidade: o teste precisa ser reprodutível, ou seja, se for aplicado duas vezes ou mais com o mesmo grupo de indivíduos na mesma situação terá que apresentar resultados idênticos ou semelhantes (MATHEWS, 1980). No caso do exemplo acima, o mesmo grupo de alunos apresentaria resultados muito UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO 10 parecidos no teste de habilidade se fossem testados uma segunda vez sem a ocorrência de alguma intervenção que pudesse melhorar o rendimento. • Especificidade: a avaliação do professor precisa ser específica à realidade da modalidade que ele quer testar (MATHEWS, 1980). Utilizando-se do mesmo exemplo citado, testar a habilidade dos alunos pedalar em uma bicicleta pouco responderia à capacidade deles em jogar basquete. Concluindo esta parte, Mathews (1980) ainda ressalta que um dos critérios para selecionar um teste é a sua aplicação educacional. Dessa forma, ao selecionar um teste é preciso ver se ele se aplica ao programa escolar oferecido e, esse plano deve ditar os tipos de testes que serão aplicados. Podemos ainda ressaltar a você, caro acadêmico, que uma avaliação precisa ser bem planejada, clara, objetiva, estruturada, direta e organizada. IMPORTANT E Caro acadêmico! Grave as seguintes informações, pois serão de grande valia para o seu aprendizado. O aprimoramento físico, técnico, tático e psicossocial são os principais objetivos do treinamento esportivo. São diversas as ferramentas que poderão ser utilizadas para a avaliação do desenvolvimento durante o treinamento. Estas ferramentas precisarão possuir validade, especificidade, reprodutibilidade e aplicação educacional. 3.1 A AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS FÍSICOS Um dos principais componentes que precisamos avaliar de nossos alunos durante nossa atuação profissional é a avaliação dos aspectos físicos, ou seja, do desenvolvimento das capacidades motoras e das qualidades físicas destes indivíduos. São diversas qualidades físicas que um indivíduo precisa desenvolver. Podemos classificá-las em três grandes grupos: força, resistência e velocidade. Dentro de cada um desses grandes grupos haverá outras subdivisões. A força pode ser dividida em estática, dinâmica e explosiva. A resistência em aeróbia, anaeróbia e resistência muscular localizada. Enquanto que a velocidade poderá ser dividida em de deslocamento, de membros e de reação (WEINECK, 2005). Veja a figura a seguir para gravar estas informações. TÓPICO 1 | OS FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO 11 FIGURA 3 – QUALIDADE FÍSICAS FONTE: Os autores Perceba você, acadêmico, que não podemos entender estas capacidades como isoladas e sem conexão com as outras. É preciso ter o entendimento que elas estão conectadas e existem inter-relações que ainda vão criar outras categorias. Observe que na figura as conexões criam as categorias de resistência de força, resistência de velocidade e a potência. Cada uma dessas qualidades poderá ser treinada ou desenvolvida em menor ou maior grau, dependendo sempre do planejamento de ensino do professor e dos objetivos traçados durante um determinado período de tempo. Assim, os instrumentos para avaliação, quando do objetivo de uma avaliação física, devem estar direcionados para averiguar uma ou mais dessas qualidades físicas. Os testes podem ser bem específicos para a avaliação de um destes componentes físicos, por exemplo, um teste de sprint curto para avaliar a velocidade de deslocamento, ou mais amplos e generalizados como um teste que vise, por exemplo, avaliar ao mesmo tempo o desempenho técnico de alguma tarefa e a exigência física do mesmo. Portanto, nesta parte deixamos um exemplo de uma possibilidade de avaliação criada por nós para o futsal, mas que pode ser adaptada para outras modalidades coletivas. Acreditamos que poderá ser uma boa ferramenta para aulas de educação física por exemplo. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO 12 O teste que será sugerido agora foi criado enquanto atuava como treinador de futsal. Acabou não sendo publicado em nenhuma revista científica, mas ele pode ser encontrado on-line no blog <nascimentopc.blogspot.com.br>. TESTE FÍSICO/TÉCNICO ESPECÍFICO PARA O FUTSAL Após um longo período de “silêncio” no blog, e depois de um período de férias na ativa, um pouco conturbado, mas também merecido, queremos retomar com uma breve sugestão de avaliação para nossa modalidade. Esta tem como objetivo uma avaliação mais completa com aspectos físicos e técnicos/táticos, de uma forma global incluindo os componentes técnicos básicos com uma movimentação semelhante ao que ocorre durante o jogo e certo nível de acidose. Antes de discutir melhor o assunto, a figura a seguir ilustra a forma de realização do teste. DICAS Vamos desvendar agora a complexa ilustração do teste. Pode-se dividi-lo em três partes: parte inicial com ênfase no esforço físico. A segunda e a terceira partes, com mais ênfase na técnica do passe e chute, respectivamente. O raio significa o ponto de início do teste. As carinhas são os jogadores(as). O(a) atleta inicia o teste com deslocamento para sua direita, o caminho a ser percorrido está demarcado pelos triângulos estrategicamente posicionados em lugares onde poderia estar um jogador no caso do sistema 3x1. A distância entre os triângulos (na prática, discosou cones) é de 10 metros. Depois do primeiro deslocamento para a direita, o jogador muda de sentido e corre até o próximo disco (posição pivô, vamos nomear didaticamente dessa maneira), contornando e voltando pelo mesmo caminho até o ponto inicial. Muda de sentido e corre em direção à ala esquerda, passando pelo disco e correndo até o disco “pivô”. Retorna pelo caminho da ala esquerda chegando ao ponto de início novamente. Até então, o atleta realizou uma corrida de 80 metros, dividido em 8x de 10 metros com 7 mudanças de sentido, caracterizando um esforço anaeróbio alático e lático. O tempo deve ser coletado a cada 40 metros. A partir desse ponto, começa a segunda parte com ênfase na realização correta do fundamento passe. Serão 4 passes ao todo. O primeiro já é realizado no ponto inicial, onde está o disco ‘fixo’. O “T” no centro da quadra significa o treinador, que deve passar a bola aos atletas durante essa parte do teste. Os atletas dominam a bola, realizam o passe de volta ao treinador e correm ao próximo disco (ala direita). Executam outro passe e assim sucessivamente até chegar ao disco da ala esquerda. O passe é classificado pelo conjunto de ações e classificado em um score de 0-3. Será considerado o domínio correto, a força correta aplicada ao passe e se o passe foi em linha reta para o treinador. A distância total percorrida nessa parte será de 30 metros. Por fim, a terceira parte do teste será a fase de chutes a gol. Posicionado no disco da ala esquerda, após realizar o quarto passe, o atleta receberá a bola passada pelo treinador nesta mesma ala para executar a primeira finalização. TÓPICO 1 | OS FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO 13 O “T” situado no canto esquerdo da figura significa o outro treinador necessário para a realização do teste. Este deve passar a bola próxima ao centro da quadra ofensiva (marca dos 10 metros) para a execução da segunda finalização. Após o chute o atleta deve posicionar-se próximo da ala direita para realizar a terceira e última finalização a gol. Desta forma, vamos focar principalmente nas ferramentas que poderão ser utilizadas como avaliação do processo de treinamento. Como dito anteriormente, para a avaliação física de uma (ou mais) determinada qualidade poderão ser utilizados testes laboratoriais ou testes de campo. Como o nome propriamente já diz, o teste laboratorial é aquele em que o indivíduo realiza uma avaliação neste tipo de ambiente. Geralmente, este tipo de teste é mais válido e é chamado de padrão ouro para avaliação de determinada qualidade física. Por outro lado, usualmente dependem de materiais e equipamentos mais caros, não é tão específica a realidade das modalidades realizadas de maneira individual. Nesse sentido, os testes de campo surgem buscando atender uma demanda de custo-benefício para as avaliações físicas. Os testes de campo, historicamente, foram criados como alternativas para a avaliação dos componentes físicos em um ambiente “fora do laboratório”, na busca de acompanhar o desenvolvimento e rendimento esportivo no ambiente em que é praticado, ou seja, o próprio local de prática. Dessa forma, este tipo de teste geralmente ganha em especificidade e aplicação educacional, pois além de serem de um custo-benefício melhor, permitem a avaliação de um grupo de indivíduos simultaneamente e não dependem de equipamentos caros. Esta possibilidade pode auxiliar o professor que visa acompanhar a evolução dos seus alunos no próprio ambiente de ensino e prática (quadra esportiva por exemplo) de uma maneira mais barata e acessível. Vejamos, em seguida, o que Arins et al. (2015, p. 759) têm a dizer sobre os testes de campo: Porém, apesar das avaliações realizadas em laboratório fornecerem dados valiosos sobre a performance e as características fisiológicas de atletas, normalmente não possuem validade ecológica, sendo UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO 14 incapazes de reproduzir os padrões de movimentos específicos associados às modalidades intermitentes. Desse modo, para superar algumas deficiências apontadas sobre os testes de laboratório, foram desenvolvidos protocolos de campo mais específicos que possuem a finalidade de refletir de forma mais apropriada o caráter intermitente dessas modalidades [...] os testes compostos por multiestágios têm sido amplamente utilizados para estudar as respostas fisiológicas do exercício intermitente que envolve mudanças de direção, como o futsal. Esses protocolos objetivam reproduzir o padrão de movimento executados nos esportes coletivos, permitindo a avaliação simultânea de um grande número de atletas por um custo financeiro mínimo. Dessa forma, podemos observar que além de tudo que foi citado sobre os testes de campo, eles podem avaliar também uma ou mais das qualidades físicas exigidas durante a prática. Um dos mais famosos e utilizados em muitos lugares é o teste de vai e vem de 20 metros. Inicialmente proposto por Léger e Lambert (1982), se popularizou e ganhou espaço em muitos clubes, escolas e equipes, que utilizam o teste para avaliação da resistência aeróbia. O teste progressivo intermitente de campo de 20 metros (SHT20) de Léger et al. é um teste incremental máximo, do tipo intermitente escalonado, composto de multiestágios de 60 segundos de duração em sistema shuttle-run run, constituído de um número de repetições variadas de corrida. O SHT20 fornece dados de potência (estimativa do VO2max; PV) e capacidade (ponto de deflexão da FC (PDFC)) aeróbia (ARINS et al., 2015, p. 759). ATENCAO Caro acadêmico! Em relação às variáveis a que Arins et al. (2015) se referem, o PV (Pico de Velocidade) é a máxima velocidade atingida durante o teste e é um indicador da máxima produção aeróbia de energia. Enquanto o ponto de deflexão da frequência cardíaca (PDFC) é um indicador de capacidade aeróbia, ou seja, um limite que pode indicar a capacidade do indivíduo em realizar um esforço de longa duração. Como pode ser observado na figura seguinte, o teste de vai e vem é executado em um espaço delimitado por cones de 20 metros. É necessária a utilização de um equipamento de som para emitir um sinal sonoro ‘beep’ que vai dar o ritmo de corrida. A cada ‘beep’ o indivíduo deve atingir uma das marcas. A cada 60 segundos, a duração entre os sinais sonoros vai diminuindo e, em consequência aumentando a velocidade. Se houver a possibilidade do uso de um monitor cardíaco é possível identificar através do comportamento da frequência cardíaca o PDFC (veja o UNI anterior). TÓPICO 1 | OS FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO 15 FIGURA 4 – TESTE DE CAMPO VAI E VEM DE 20 METROS FONTE: Disponível em: <http://guardamunicipalcuritiba.blogspot.com. br/2015/04/corrida-de-vai-e-vem-em-20-metros-teste.html>. Acesso em: 7 fev. 2017. Vale ressaltar que o monitoramento da aptidão aeróbia é de extrema importância e, nas fases da infância e adolescência poderá auxiliar na prescrição das cargas de treinamento para o desenvolvimento adequado do praticante, bem como na detecção de talentos esportivos. A aptidão aeróbia e anaeróbia será abordada mais especificamente no Tópico 2 desta unidade. Metodologias de treinamento para o desenvolvimento da força serão abordadas na Unidade 3. ESTUDOS FU TUROS Outro ponto que precisa ser destacado é a avaliação do desenvolvimento das qualidades físicas relacionadas à força durante o processo de treinamento. Existem algumas ferramentas que podem ser utilizadas para tal. O método que parece ser mais confiável é a avaliação isocinética. A avaliação em aparelhos isocinéticos e/ou dinamômetros, apesar de não possuir uma grande especificidade com a maioria dos gestos motores das modalidades esportivas, trará valores bem apurados da força de membros do avaliado. A maior dificuldade neste tipo de teste é o custo e o acesso a este tipo de equipamento. Basicamente, os aparelhos trazem como resultado a capacidade de aplicar em determinado movimento, por exemplo, a extensão de joelhoque poderia estar relacionada ao movimento do chute e/ou a flexão de cotovelo que poderia estar relacionado a algum gesto do vôlei ou tênis. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO 16 FIGURA 5 – AVALIAÇÃO DE EXTENSÃO DE JOELHO EM DINAMÔMETRO ISOCINÉTICO FONTE: Disponível em: <http://bmsi.ru/doc/3970d6ac-5b28-470d-b805- 8751cd154363>. Acesso em: 7 fev. 2017. O termo isocinético significa se mover numa velocidade constante. Dinamômetro isocinético de resistência variada é um instrumento eletromecânico que mantém uma velocidade movimento constante enquanto varia a resistência durante determinado movimento. A resistência oferecida pelo instrumento é uma resistência de acomodação, destinada a combinar com a força gerada pelo músculo. Um transdutor de força no interior do instrumento monitora constantemente a força muscular gerada e transmite a informação a um computador, que calcula a força média gerada em cada período de tempo e o ângulo articular durante o movimento (POWERS; HOWLEY, 2005, p. 419). Existem outros tipos de testes para avaliar parâmetros de força com um custo mais baixo. Entre eles, podemos destacar os que utilizam dinamômetros mais simples para realizar o teste de força de membros inferiores e lombar (como no exemplo da figura a seguir, do lado esquerdo) ou força de preensão manual (figura a seguir no lado direito). Os dinamômetros de preensão manual e os dinamômetros de tração lombar têm sido utilizados para avaliar as forças de preensão e dorsal, respectivamente, há muitos anos. Quando uma força é aplicada a um dinamômetro uma mola de aço é comprimida e move um ponteiro ao longo de uma escala. Calibrando-se o dinamômetro com pesos conhecidos, pode-se determinar quanta força é necessária para mover o ponteiro a uma distância específica da escala (POWERS; HOWLEY, 2005, p. 420). TÓPICO 1 | OS FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO 17 FIGURA 6 – TESTE EM DINAMÔMETRO DE FORÇA LOMBAR E PREENSÃO MANUAL FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/ search?q=dynamometer+children>. Acesso em: 7 fev. 2017. Apesar deste tipo de testes não apresentar grande nível de especificidade, eles apresentam boas relações com determinados esportes, ou pelo menos com testes mais específicos de determinados esportes. O teste de preensão manual, por exemplo, apresenta-se como uma boa ferramenta para avaliar tenistas ou praticantes de esportes de raquete, visto da necessidade da força para realizar a empunhadura da raquete (REID; SCHNEIKER, 2008). Neste sentido, Lemos (2015) ressalta a importância de acompanhar variáveis relacionadas à força em adolescentes tenistas para identificar possíveis desequilíbrios de força e, consequentemente, evitar o risco de desenvolvimento de instabilidade e lesão na articulação do ombro. Esta citação poderemos aplicar a outros tipos de esportes nos quais o movimento de membros superiores é predominante, como o basquete, handebol e vôlei. Além disso, o desenvolvimento da força parece estar relacionado ao crescimento e à maturação, bem como é influenciado pelo tipo de treinamento e a modalidade praticada. Neste sentido, modalidades coletivas, por exemplo, podem desenvolver a força de jovens e adolescentes de maneira diferente que modalidades individuais. Por isso a importância de se analisar a ferramenta que poderá ser utilizada de maneira mais adequada para atender aos objetivos do professor e do planejamento. Durante esse período da puberdade, o aumento do torque muscular tem sido atribuído a diferentes alterações nas características morfológicas, biomecânicas, neurais e hormonais do sistema neuromuscular e neuroendócrino. Além disso, a participação em programas de treinamento esportivo organizados também pode influenciar positivamente o desenvolvimento do torque muscular. Os estudos realizados com adolescentes jogadores de futebol têm apresentado resultados consistentes mostrando que o torque muscular concêntrico e excêntrico dos extensores e flexores do joelho em diferentes velocidades angulares aumenta progressivamente entre os 9-21 anos de idade (TEIXEIRA, 2015, p. 24). UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO 18 Outro tipo de teste que é comumente utilizado para avaliar os aspectos de força e potência muscular, principalmente de membros inferiores, são os testes de saltos verticais. Acreditamos, caro acadêmico, que os mais utilizados são os saltos com contramovimento (CMJ) e os saltos contínuos (CJ). A questão que mais implica este tipo de avaliação é a necessidade de uma plataforma de força ou de um equipamento similar. Porém, primeiramente queremos explicar rapidamente como este tipo de teste funciona e depois vamos apresentar algumas evidências que mostram a aplicação prática deles. FIGURA 7 – TESTE DE SALTOS VERTICAIS A = posição inicial. B = ângulo do joelho próximo a 90º. C = joelho em completa extensão no salto. D = aterrissagem FONTE: Bosco (1999) O CMJ investiga os níveis de força explosiva exercida, a capacidade de recrutamento neural e a reutilização da energia elástica (BOSCO, 1999). Neste salto ocorre participação do ciclo alongamento-encurtamento, potencializando a ação muscular por meio da energia elástica acumulada e aos reflexos de estiramento. O uso do salto CJ possibilita os profissionais da área a diagnosticar os processos neuromusculares e metabólicos em esforços de alta intensidade e curta duração. O teste CJ é importante para avaliação de praticantes que participam de esportes onde a potência muscular é um fator determinante para rendimento, como por exemplo o futebol ou o futsal, considerando que, os mecanismos de força produzidos no CJ são muito sensíveis as características dos sujeitos e as mudanças no treinamento (BOSCO, 1999). No protocolo do CMJ, o indivíduo realizará os saltos verticais a partir de uma posição em pé, com as mãos na cintura, precedido por um contramovimento, o qual consiste em uma aceleração para baixo do centro de gravidade, flexionando os joelhos até próximo aos 90º. Durante o salto, o tronco deverá manter-se o mais vertical possível. São realizadas três tentativas para o CMJ, sendo considerada para TÓPICO 1 | OS FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO 19 análise a média das alturas obtidas. O teste do CJ consiste na execução de saltos com contramovimento, de modo contínuo, por um período de 15 segundos. Como nos demais saltos, o sujeito mantém o tronco o mais vertical possível e as mãos no quadril, com o ângulo do joelho sempre próximo aos 90º ao final da fase de descida. No protocolo CJ realiza-se apenas uma tentativa, tendo em vista ser um teste mais exaustivo. Assim, utiliza-se para análise a altura média relativa de todos os saltos realizados em um período determinado de tempo. GRÁFICO 1 – COMPARAÇÃO DE SALTOS VERTICAIS NO FUTEBOL E FUTSAL FONTE: Silva et al. (2012) Veremos, em seguida, alguns aspectos mais práticos envolvendo a avaliação de saltos verticais. Podemos ver como um exemplo de aplicação prática o estudo de Silva et al. (2012), que demonstrou que praticantes de futebol e futsal parecem apresentar níveis semelhantes de potência muscular. Apenas os zagueiros no futebol apresentaram maiores níveis de potência quando comparados aos meio campistas, porém, no futsal, os atletas apresentaram níveis similares de potência muscular. Independente da categoria, tanto os praticantes de futebol quanto de futsal, apresentaram níveis semelhantes de potência muscular. Podemos observar que a partir do que foi dito e com base na figura apresentada, o planejamento do treinamento para o desenvolvimento da força e potência muscular poderia ser realizado de acordo com esses aspectos. Vale ressaltar que não podemos generalizar achados de alguns estudos para outras realidades ou outras populações. Por isso, a importância de você, como profissional, escolher a melhor ferramenta e a maneira como você as aplicará nos seus alunos no contexto que você está inserido. Neste contexto, podemosainda destacar um outro estudo realizado pelo nosso grupo de pesquisa em Biomecânica e Fisiologia do Exercício na Universidade Federal de Santa Catarina (DAL PUPO et al., 2016). Este estudo apresentou dados interessantes sobre a relação entre os saltos verticais e a capacidade de realizar sprints. O objetivo do trabalho foi comparar ao desempenho nos saltos verticais e sprints repetidos realizados com mudança de sentido e linha reta entre jogadores UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO 20 de futsal das categorias sub-15 e sub-17. Foram avaliados 15 jogadores do sexo masculino, que realizaram saltos verticais e testes de sprints repetidos em linha reta e mudança de sentido. Foram observadas em ambas as categorias que desempenho nos sprints, tanto de linha reta quanto com mudança de sentido apresentaram relação com os saltos verticais. Em outras palavras, podemos dizer que, como conclusão do estudo, independente da categoria ou faixa etária abaixo ou acima dos 15 anos a potência muscular estaria relacionada com o desempenho nos sprints. TABELA 1 – SALTOS VERTICAIS EM DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS FONTE: Dal Pupo et al. (2016) Caro acadêmico! Na tabela anterior estão apresentadas as características dos sujeitos. Na tabela a seguir, você poderá observar uma tabela apresentada pelo estudo citado que apresenta a relação entre os saltos verticais com contramovimento (CMJ) e o desempenho de sprints. Observe que, o CMJ foi relacionado com ambos sprints, em linha reta ou mudança de sentido, mas a relação maior foi observada nos sprints de linha reta. Se você observar o tempo médio em linha reta, por exemplo (TMLR), a relação foi de -0,87, ou seja, uma relação alta visto que o maior valor possível é 1,00 e, basicamente, mostra que quanto maior o salto CMJ menor o tempo médio para realizar este tipo de sprint. Importante destacar que o nível de potência muscular pode ser considerado um dos aspectos mais importantes para praticantes de modalidades coletivas considerando esta relação com o desempenho na capacidade de sprints repetidos, que também é de suma importância para um bom desempenho nestas modalidades. TÓPICO 1 | OS FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO 21 TABELA 2 – SALTOS VERTICAIS E DESEMPENHO DE SPRINTS FONTE: Dal Pupo et al. (2016) Assim, levando em consideração o que foi exposto previamente, avaliar a capacidade de realizar sprints é de suma importância, principalmente em modalidades coletivas e com características intermitentes. Entre estas, podemos destacar o basquete, handebol, futsal, futebol, hóquei, rúgbi, tênis, entre outras. Existem, basicamente, duas formas de avaliar a qualidade física de velocidade e resistência de velocidade de membros, bem como a resistência e potência anaeróbia. Afinal de contas qualquer movimento que exija a velocidade de membros vai depender principalmente do fornecimento de energia anaeróbio, mas isso será melhor abordado no próximo tópico. Entretanto, mantendo o foco no tipo de avaliação para estas qualidades físicas, uma das formas bastante utilizadas é o esforço em linha reta de 10 e 30 m. Geralmente, quando professores e/ou treinadores adotam realizar a avaliação de 10 e 30 m, anota-se o tempo que o aluno levará para percorrer esta distância de 30 m iniciando no ponto 0 com o corpo partindo de posição estática. Anota-se também o tempo que o aluno levará para percorrer 10 m. Desta forma, obtém-se uma medida de aceleração de 10 m e outra medida de 20 m lançados, ou seja, do décimo metro que ele já estava correndo até o trigésimo metro. O ideal é realizar estes testes com fotocélulas que irão capturar o tempo exato de deslocamento. Porém, considerando a realidade de muitos lugares, dois avaliadores experientes utilizando-se de cronômetros já trará a possibilidade de uma boa avaliação. É sempre importante destacar a necessidade de um aquecimento adequado e, neste caso específico de avaliação, geralmente são recomendadas duas ou três tentativas com intervalos de 3 a 5 minutos entre elas, para anotar o melhor tempo que será considerado como medida de aceleração e velocidade. Quanto à avaliação da capacidade de repetir sprints um dos testes mais utilizados em clubes, associações esportivas e bem disseminado na literatura é o teste de Rampinini et al. (2007). Este teste já apresentou validade ao ser comparado com a performance no futebol, por exemplo, é um teste de fácil aplicação e reproduz alguns movimentos específicos das modalidades coletivas. O protocolo é composto por 6 sprints de 40 m com uma mudança de sentido (180°) a cada 20 UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO 22 m do percurso. O período de recuperação é de 20 segundos entre cada sprint de forma passiva. O avaliado deve iniciar o teste em posição estática, e ser estimulado verbalmente para executar cada sprint no menor tempo possível. Antes de realizar o teste é importante a realização de aquecimento específico. Com o teste de Rampinini é possível a determinação de variáveis relacionadas ao desempenho anaeróbio alático (como o melhor tempo – Tmel); e lático como o tempo médio e/ ou total para realizar os 6 sprints (Tmed, Ttotal, respectivamente). TABELA 3 – DESEMPENHO DE SPRINTS REPETIDOS FONTE: Nascimento et al. (2014) Agora, observe a tabela acima por alguns instantes. O objetivo deste trabalho foi comparar as características antropométricas e de performance aeróbia e anaeróbia em jogadores de futebol entre as categorias infantil e juvenil. Observe você na tabela apresentada que tanto as características de velocidade (10 e 30 m) quanto as variáveis de desempenho anaeróbio (Tmel, Tmed, Ttotal) foram menores na categoria de atletas juvenis quando comparados com os infantis. Como uma das conclusões do estudo podemos dizer que encontramos que os efeitos da idade cronológica influenciam na potência aeróbia máxima e nas performances anaeróbias, como demonstrado pelo melhor desempenho dos juvenis tanto no teste aeróbio, na habilidade de repetir sprints quanto na capacidade de aceleração (NASCIMENTO et al., 2014). 23 Neste tópico, você aprendeu que: • O treinamento esportivo pode ser pensado observando os fundamentos do treinamento esportivo e os processos de avaliação do treinamento. • Existem diversos fundamentos do treinamento esportivo englobando os aspectos físicos, técnicos, táticos e psicossociais. • São diversos os objetivos do treinamento e entre eles podemos destacar o desenvolvimento físico de maneira global, os fatores técnicos e táticos, os fatores ligados à saúde e os aspectos psicossociais. • O treinamento físico pode ser dividido em treinamento geral e específico e aperfeiçoamento das capacidades biomotoras. • Uma ferramenta de avaliação poderá ser avaliada pela sua especificidade, reprodutibilidade, validade, aplicação educacional e, poderá ser dividida em avaliações laboratoriais ou testes de campo. • As qualidades físicas podem ser classificadas em três grandes grupos: força, resistência e velocidade. Dentro de cada um desses grandes grupos haverá outras subdivisões. A força pode ser dividida em estática, dinâmica e explosiva. A resistência em aeróbia, anaeróbia e resistência muscular localizada. Enquanto que a velocidade poderá ser dividida em de deslocamento, de membros e de reação. • Os testes podem ser específicos para a avaliação de um dos componentes físicos ou mais amplos e generalizados como um teste que vise, por exemplo, avaliar ao mesmo tempo a performance física e técnica de um grupo de indivíduos. RESUMO DO TÓPICO 1 24 1 A área de conhecimento acerca da metodologia do treinamento esportivo é muito abrangente. São diversos fundamentos que precisam ser observados. Existem princípios e objetivos que precisam ser seguidos. Assim, os processos de avaliação precisam ser coerentes com os fundamentos e objetivos do treinamento. Dessa forma, assinale as alternativas relacionadas ao conteúdo deste tópico com V para verdadeiro ou F para falso:( ) Os aspectos psicológicos não são treináveis e não precisam ser observados no processo de treinamento. ( ) A avaliação física de qualquer componente físico deve ser feita somente em laboratório para que seja válida. ( ) As qualidades físicas podem ser divididas em três grandes grupos: força, resistência e velocidade. ( ) O aspecto de aplicação educacional deve ser observado como um dos quesitos para escolher uma avaliação. ( ) Uma ferramenta de avaliação precisa ser válida, reprodutível e específica para fazer com que a avaliação seja adequada. ( ) Existem inter-relações entre as qualidades físicas que formam outras categorias com a potência, por exemplo. AUTOATIVIDADE 25 TÓPICO 2 O TREINAMENTO DA APTIDÃO AERÓBIA E ANAERÓBIA UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Olá, acadêmico! Vamos dar continuidade aos nossos estudos sobre o treinamento desportivo em um novo tópico sobre a aptidão aeróbia e anaeróbia. Veja bem, caro acadêmico, este tópico estará dividido em duas partes principais, o primeiro sobre desenvolvimento da aptidão aeróbia e; o segundo sobre o desenvolvimento da aptidão anaeróbia. Para falarmos de desenvolvimento para estas aptidões precisamos pensar que elas são treináveis, ou seja, o treinamento ou a falta deste poderá modificá-las. Além disso, precisamos saber que é muito importante ter um conhecimento mais aprofundado sobre a Fisiologia do Exercício, área que contribuirá para um melhor entendimento destas aptidões no contexto do que é possível e do que é treinável em relação à aptidão aeróbia e anaeróbia. O conhecimento fisiológico também proporcionará saber qual é a influência genética e quais são os melhores estímulos e métodos para treinar tais capacidades. Dessa forma, você perceberá que este tópico busca proporcionar conhecimentos acerca da Fisiologia do Exercício e da Teoria e Metodologia do Treinamento Esportivo na busca de um entendimento mais amplo do funcionamento do organismo nos aspectos aeróbios e anaeróbios. Buscará abordar também de que forma é possível avaliar estas aptidões e quais as possibilidades que existem para tal. Você estudará também algumas possibilidades de treinamento aeróbio e anaeróbio e de que forma o profissional de Educação Física poderá planejar seu trabalho para o desenvolvimento de tais habilidades. Participe conosco do estudo de mais um tópico que trará novos conhecimentos ou uma melhor compreensão destes assuntos para sua formação acadêmica e seu crescimento profissional, bem como novas possibilidades para o treinamento desportivo na sua atuação profissional. Ressalta-se que o entendimento completo do funcionamento do organismo aeróbio e anaeróbio é imprescindível para que o profissional possa administrar cargas de treinamento de maneira adequada aos indivíduos, respeitando seus limites, sua saúde, suas capacidades, sua faixa etária e seus objetivos. O treinamento aeróbio e anaeróbio adequado possibilitará um ótimo desenvolvimento do indivíduo de maneira global. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO 26 2 APTIDÃO AERÓBIA Acreditamos que o primeiro passo que precisamos dar é um entendimento geral do que é a aptidão aeróbia. A palavra “aptidão”, segundo o dicionário Priberam (2017), está relacionada à capacidade, disposição ou à qualidade de estar apto. Enquanto que, a palavra “aeróbio”, segundo o site Significados (2017), quer dizer "com oxigênio" ou "na presença de oxigênio" e refere-se a tudo que necessita de oxigênio para subsistir. A respiração aeróbia ou aeróbica necessita do oxigênio (O2), que é usado como agente oxidante e essa propriedade importante do O2 é utilizada pelas células para produzir uma forma utilizável de energia e converter moléculas de carboidratos, gorduras e proteínas em moléculas de ATP (trifosfato de adenosina) e gerar energia (POWERS; HOWLEY, 2005). O ATP é a fonte imediata de energia para a contração muscular. FIGURA 8 – A RESPIRAÇÃO CELULAR FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=mitocondria&source>. Acesso em: 13 fev. 2017. Observe, caro acadêmico, que estamos buscando alguns conhecimentos básicos da Fisiologia nesta parte introdutória. Demos agora um passo atrás, praticamente voltamos a conhecimentos do ensino médio somente para relembrar que a respiração celular vai ocorrer em uma minúscula organela denomina mitocôndria. É lá na mitocôndria, dentro do citoplasma celular, ou, no caso das células musculares, o sarcoplasma, ou seja, o meio intracelular, que o O2 vai realizar seu papel fundamental e terminar sua jornada que começou quando o ar foi inspirado. Na figura anterior, no lado esquerdo podemos ver um esquema didático de um músculo, composto por diversas fibras musculares, que por sua vez são compostas por miofrilas e filamentos de actina e miosina. Podemos ver outras organelas que fazem parte da célula muscular, como o núcleo celular e o retículo sarcoplasmático. A mitocôndria pode ser considerada a “usina celular”, pois está envolvida na conversão oxidativa de nutrientes em energia celular utilizável, o ATP, e existem diversas delas envolvendo a fibra muscular (POWERS; HOWLEY, 2005). Lembramos, ainda, que a mitocôndria estará dividida em dois espaços distintos o espaço intermembranoso e a matriz mitocondrial. Estes espaços estão divididos por uma membrana interna e a mitocôndria é revestida por uma membrana externa. TÓPICO 2 | O TREINAMENTO DAS CAPACIDADES AERÓBIAS E ANAERÓBIAS 27 Importante destacar ainda que é na membrana interna da mitocôndria que está localizada a cadeia de transporte de elétrons ou cadeia respiratória. O ciclo de Krebs, que está localizado no interior da mitocôndria na matriz mitocondrial, juntamente com a cadeia respiratória vai interagir como vias metabólicas cooperativas para que ocorra a produção aeróbia de ATP. Esse processo de produção de energia é denominado fosforilação oxidativa. A função primária do ciclo de Krebs (também denominado de ciclo do ácido cítrico) é o término da oxidação (remoção de hidrogênio) dos carboidratos, das gorduras ou proteínas com a utilização de NAD ou FAD como transportadores de hidrogênio (energia). A importância da remoção é que os hidrogênios (em virtude dos elétrons que eles possuem) contêm a energia potencial das moléculas dos alimentos. Essa energia pode ser utilizada na cadeia de transporte de elétrons a fim de combinar o ADP + Pi para ressintetizar o ATP. O oxigênio não participa das reações do ciclo de Krebs, mas é o aceptor final de hidrogênio no fim da cadeia de transporte de elétrons (isto é a água é formada, H2 + O = H2O) (POWERS; HOWLEY, 2005, p. 35). ATENCAO É preciso destacar aqui uma explicação sobre o que foi dito no texto anteriormente. O hidrogênio é removido dos substratos nutricionais nas vias bioenergéticas e transportados por “moléculas transportadoras”. Nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD) e flavina adenina dinucleotídeo (FAD) são duas importantes moléculas transportadoras (POWERS; HOWLEY, 2005). Observe você na Figura 10 a demonstração de um “zoom” na atividade mitocondrial. Neste caso, para efeitos didáticos está demonstrada somente uma formação de energia através da glicose ou da via glicolítica. Porém a fosforilação oxidativa para a geração de energia de maneira aeróbia inicia com uma molécula de dois carbonos chamada acetilcoenzima A ou acetil-CoA. O acetil-CoA pode ser formado pela degradação tanto de carboidratos, gorduras ou proteínas e vai passar por uma série de reações no ciclo de Krebs o que vai formar CO2, NAD e FAD. A NAD e a FAD por sua vez vão transportar os elétrons e os íons de hidrogênio (H+) para a cadeia respiratória. É ali, durante os processos da cadeia respiratória, que o O2 vai exercer seu papel fundamental na produção de ATP de forma aeróbia, o O2 que respiramos entra na mitocôndria e age como receptor de H+ para formar H2O que vai sair da célula. O O2 permite que os elétrons continuem passando pela cadeia transportadora e que estes processos nãosejam interrompidos, dessa forma, enquanto há O2 presente há formação de energia aeróbia (POWERS; HOWLEY, 2005). UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO 28 FIGURA 9 – O PAPEL DO O 2 E A FORMAÇÃO AERÓBIA DE ENERGIA FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=mitocondria&source>. Acesso em: 13 fev. 2017. Se o O2 tem esse importante papel no metabolismo aeróbia, qual é o caminho que ele percorre para chegar até a mitocôndria? A partir do ar que respiramos como que o O2 chega lá neste momento final de produção de energia que vimos até aqui para formar água? FONTE: Powers e Howley (2005) FIGURA 10 – O SISTEMA RESPIRATÓRIO TÓPICO 2 | O TREINAMENTO DAS CAPACIDADES AERÓBIAS E ANAERÓBIAS 29 O oxigênio vai entrar pelas narinas e passar pela cavidade nasal. Existem outros órgãos do sistema respiratório que vão auxiliar a filtrar o ar e transportá-lo para o interior dos pulmões, a faringe, laringe, traqueia e a árvore brônquica. O sistema respiratório tem como principal objetivo prover um meio de troca gasosa, em outras palavras, permitir que um indivíduo possa liberar o CO2 que está acumulado no sangue e repor o O2 que está sendo utilizado durante uma tarefa. A troca de O2 e CO2 entre os pulmões e o sangue ocorre em consequência da ventilação e da difusão. O termo ventilação se refere ao processo mecânico de mobilização do ar para dentro e para fora dos pulmões. Difusão é o movimento aleatório das moléculas de uma área de concentração elevada para uma área de menor concentração. Como a tensão de O2 nos pulmões é maior do que no sangue, o O2 se move daqueles para este. Similarmente a tensão do CO2 no sangue é maior do que a tensão do CO2 nos pulmões, consequentemente este se move do sangue para os pulmões e é expirado (POWERS; HOWLEY, 2005, p. 35). Podemos salientar também que a respiração acontece por diferença de pressão. Os pulmões são revestidos por uma fina camada chamada pleura. A pleura reveste tanto os pulmões como a caixa torácica e o músculo diafragma. A pressão na cavidade interna da pleura é menor do que a pressão atmosférica e se torna mais baixa ainda durante a inspiração. O diafragma desempenha um papel fundamental na mecânica da respiração. Existem outros músculos que participam aumentando o volume torácico, mas o diafragma é o principal músculo inspiratório. Quando o diafragma se contrai aumenta o espaço torácico e diminui a pressão intrapleural e a pressão intrapulmonar fazendo os pulmões se expandirem. Assim, a pressão atmosférica, que é maior, faz com que o ar flua para dentro dos pulmões. FIGURA 11 – A MECÂNICA RESPIRATÓRIA FONTE: Powers e Howley (2005) UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO 30 O caminho do ar, desde a faringe (garganta), no sistema respiratório pode ser dividido em duas etapas. Uma zona de condução e uma zona respiratória. Como o nome propriamente já diz, a zona de condução inclui todas as estruturas que auxiliam na passagem do ar até chegar à zona respiratória, bem como umidificam e filtram o ar. Destacamos como estruturas desta zona a traqueia, árvore brônquica, os bronquíolos e os bronquíolos terminais. A zona respiratória é onde ocorre a troca dos gases propriamente dito. Nesta zona estão os bronquíolos respiratórios e os sacos alveolares. A troca gasosa ocorrerá através de pequenas estruturas chamadas de alvéolos. Estima-se que a área superficial total de alvéolos em um pulmão humano é de mais 60 metros. FIGURA 12 – O CAMINHO DO OXIGÊNIO FONTE: Powers e Howley (2005) Dessa forma, observe, caro acadêmico, que nos alvéolos é onde o O2 entra na corrente sanguínea para seguir sua jornada até o músculo. Ressalto que esta troca ocorrerá por diferença de pressão e, dessa forma, o CO2 deixa a corrente sanguínea e é expirado. Grande parte do O2 que seguirá caminho para o organismo recebe uma “carona”, ou seja, ele é conduzido pelas artérias. A molécula que vai ser responsável por dar essa “carona”, de conduzir a maior parte (aproximadamente 99%) do O2 que entra na circulação sanguínea é a hemoglobina. Perceba na figura anterior que o O2 ligado à hemoglobina vai seguir para o coração e depois é bombeado juntamente com o sangue para o restante do corpo. TÓPICO 2 | O TREINAMENTO DAS CAPACIDADES AERÓBIAS E ANAERÓBIAS 31 A rota segue então com o O2 ligado à hemoglobina, passando pela veia pulmonar até o átrio esquerdo no coração, e depois para o ventrículo esquerdo que vai enviar a hemoglobina através da aorta para o restante do corpo. O O2 é necessário em todas as outras partes do corpo, principalmente no tecido cerebral, mas para o nosso contexto aqui, do treinamento, o destino final do O2 é o tecido muscular. No entanto, para chegar ao destino final o O2 precisa fazer uma “baldeação” podemos assim dizer, ele vai deixar sua ‘carona’ com a hemoglobina para pegar uma nova ‘carona’, agora num trecho menor, com a mioglobina. A mioglobina é uma proteína que se encontra no músculo esquelético e cardíaco, mas não é encontrada no sangue. O papel dela é pegar o O2 que está chegando à membrana da célula muscular e levá-lo para o interior das mitocôndrias. Como dito anteriormente, é lá no músculo que o O2 vai agir auxiliando na produção de energia em forma de ATP de maneira aeróbia. Dito tudo isto, acreditamos agora, caro acadêmico, que conseguiremos entender melhor a aptidão aeróbia e as possibilidades de desenvolvimento desta. IMPORTANT E Resumindo o que foi visto até o momento sobre a aptidão aeróbia, destacamos que precisamos ter claro em mente que a formação de energia de forma oxidativa é dependente da disponibilidade de O2. Com O2 disponível para o tecido celular, mais especificamente em nosso contexto no músculo, a formação de energia aeróbia vai ocorrer na mitocôndria com o ciclo de Krebs e a cadeia respiratória participando efetivamente desse processo. A produção de energia aeróbia pode ocorrer utilizando as diferentes formas de substratos energéticos, gordura, carboidrato e proteína, em maior ou menor grau dependendo da intensidade e da duração do exercício. 3 O DESENVOLVIMENTO DA APTIDÃO AERÓBIA Agora, caro acadêmico, vamos pensar em aspectos um pouco mais práticos relacionados à aptidão aeróbia. Esta qualidade física pode ser dividida em dois aspectos, a capacidade aeróbia e a potência aeróbia. A capacidade aeróbia está relacionada à resistência de um indivíduo (ou seja, o organismo deste) em sustentar esforços físicos por um longo período de tempo. Em outras palavras, podemos dizer que está relacionada à produção de energia aeróbia de maneira predominante com a mínima participação do metabolismo anaeróbio, a capacidade do organismo produzir energia através das vias oxidativas. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO 32 FIGURA 13 – EVENTOS DE LONGA DURAÇÃO FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=maratona&source>. Acesso em: 13 fev. 2017. Num aspecto mais prático podemos pensar, por exemplo, que os esforços físicos que são caracterizados pela sustentação por um longo período de tempo e dessa forma em intensidades mais baixas. Esse tipo de exercício exigirá uma alta resistência dos indivíduos em realizar tais tarefas, tais como a maratona, triátlon e maratonas aquáticas. Considere que, para conseguir sustentar tal tipo de exercício um indivíduo terá que realizá-lo em uma intensidade relativamente mais baixa, e esse é um ponto importante para entendermos do funcionamento das vias de produção de energia, intensidade e duração sempre estão em direção opostas e uma precisará diminuir para a outra aumentar. Assim, dependendo desta relação a participação aeróbia para a produção de energia vai ser maior ou menor. Podemos observar então que os eventos de longa duração são dependentes da capacidade de o metabolismo produzir energia de maneira aeróbia. Neste tipo de esforços indivíduos realizarão o exercício por um longo período de tempo, ou seja, horas, e em baixa intensidade, 50% ou menos da
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