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Livro Treinamento Desportivo em Ed Física

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2017
TreinamenTo DesporTivo 
em eDucação Física
Prof. Paulo Cesar do Nascimento Salvador
Prof. Amadeo Félix Salvador
Prof. Anderson Santiago Teixeira
Copyright © UNIASSELVI 2017
Elaboração:
Prof. Paulo Cesar do Nascimento Salvador
Prof. Amadeo Félix Salvador
Prof. Anderson Santiago Teixeira
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
796.07
S182t 
Salvador; Paulo César do Nascimento 
 Treinamento desportivo em educação física / Paulo 
César do Nascimento Salvador; Amadeo Félix Salvador; Anderson Santiago 
Teixeira: UNIASSELVI, 2017.
 
 215 p. : il.
 
 ISBN 978-85-515-0072-9
 
 1.Educação Física - Treinamento. 
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
III
apresenTação
Caro acadêmico! Seja bem-vindo a mais uma disciplina do nosso 
curso!
Convido você a começar agora sua jornada de estudos na disciplina de 
TREINAMENTO DESPORTIVO EM EDUCAÇÃO FÍSICA. Acreditamos 
que será uma viagem prazerosa pelos caminhos do conhecimento que 
envolvem a teoria do Treinamento Esportivo e suas facetas dentro do contexto 
da Educação Física. Esperamos poder proporcionar a você, acadêmico, bons 
momentos de estudos e reflexão para que possamos aprender mais sobre a 
temática. 
Na Unidade 1, teremos como objetivos o entendimento dos 
fundamentos do Treinamento Esportivo e seus processos de avaliação, o 
desenvolvimento das capacidades aeróbias e anaeróbias e o treinamento 
esportivo no contexto escolar e suas implicações para a saúde.
Na Unidade 2, o objetivo é o aprendizado dos aspectos relacionados aos 
princípios do Treinamento Esportivo, como a individualidade, especificidade 
e a sobrecarga, bem como, o condicionamento físico específico para diferentes 
atividades esportivas.
 Enquanto que, na Unidade 3, veremos os principais métodos e a 
periodização do treinamento, com o objetivo de entender a aplicação deste 
para crianças e adolescentes, o condicionamento e o desenvolvimento das 
principais qualidades físicas como força, resistência e flexibilidade.
 Por fim, nós desejamos a você um ótimo período de estudos dentro 
desta e outras disciplinas do curso. Que você possa aproveitar esta fase da 
vida da melhor forma possível, valorizando a formação profissional e, acima 
de tudo o crescimento pessoal que você obterá!
Bons estudos e sucesso!
Prof. Paulo Cesar do Nascimento Salvador
Prof. Amadeo Félix Salvador
Prof. Anderson Santiago Teixeira
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades 
em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o 
material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato 
mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação 
no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir 
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
UNI
V
VI
VII
UNIDADE 1 - FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO .................................... 1
TÓPICO 1 - OS FUNDAMENTOS ...................................................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 FUNDAMENTOS ................................................................................................................................ 4
 2.1 O TREINAMENTO FÍSICO ........................................................................................................... 7
3 OS PROCESSOS DE AVALIAÇÃO DO TREINAMENTO DESPORTIVO ............................. 8
 3.1 A AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS FÍSICOS ................................................................................ 10
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 23
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 24
TÓPICO 2 - O TREINAMENTO DA APTIDÃO AERÓBIA E ANAERÓBIA ............................ 25
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 25
2 APTIDÃO AERÓBIA .......................................................................................................................... 26
3 O DESENVOLVIMENTO DA APTIDÃO AERÓBIA ................................................................... 31
 3.1 AVALIAÇÃO DA APTIDÃO AERÓBIA ..................................................................................... 34
 3.2 POSSIBILIDADES DE TREINAMENTO DA APTIDÃO AERÓBIA ....................................... 43
4 APTIDÃO ANAERÓBIA .................................................................................................................... 45
5 DESENVOLVIMENTO DA APTIDÃO ANAERÓBIA ................................................................ 46
 5.1 AVALIAÇÃO DA APTIDÃO ANAERÓBIA ............................................................................... 51
 5.2 POSSIBILIDADES DE TREINAMENTO DA APTIDÃO ANAERÓBIA ................................. 53
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 55
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 57
TÓPICO 3 - O TREINAMENTO DESPORTIVO E A SAÚDE NA IDADE ESCOLAR ............ 59
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 59
2 PREOCUPAÇÕES EM RELAÇÃO À SAÚDE NA ADOLESCÊNCIA ...................................... 59
3 O ESPORTE E SUAS IMPLICAÇÕES PARA SAÚDE DE ADOLESCENTES ......................... 61
4 O ESPORTE COLETIVO E OS PROCESSOS DE CRESCIMENTO DE 
 ADOLESCENTES, POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO ..................................................... 65
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 68
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 72
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 73
UNIDADE 2 - PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO E O CONDICIONAMENTO 
 FÍSICO APLICADO ..........................................................................................................................75
TÓPICO 1 - OS PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO .......................................... 77
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 77
2 PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO DESPORTIVOS – O QUE SÃO? ..................................... 77
3 HISTÓRIA DOS PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO .................................... 79
4 PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO – DEFINIÇÕES, EXEMPLOS, 
APLICAÇÕES E CURIOSIDADES .................................................................................................. 82
 4.1 O PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIDADE BIOLÓGICA ............................................................ 83
sumário
VIII
 4.2 O PRINCÍPIO DA ADAPTAÇÃO ................................................................................................ 86
 4.3 O PRINCÍPIO DA SOBRECARGA ............................................................................................... 91
 4.4 O PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE .......................................................................................... 95
 4.5 O PRINCÍPIO DA REVERSIBILIDADE ...................................................................................... 96
 4.6 O PRINCÍPIO DA INTERDEPENDÊNCIA VOLUME-INTENSIDADE ................................ 98
 4.7 O PRINCÍPIO DA ESPECIFICIDADE ......................................................................................... 100
 4.8 O PRINCÍPIO DA VARIABILIDADE .......................................................................................... 102
 4.9 O PRINCÍPIO DA TREINABILIDADE ........................................................................................ 104
 4.10 O PRINCÍPIO DA SAÚDE .......................................................................................................... 106
 4.11 INTER-RELAÇÃO ENTRE OS PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO ..................................... 107
 4.12 EDUCAÇÃO ESPECIAL E OS PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO ........... 108
 4.13 INDIVIDUALIDADE BIOLÓGICA AO ATLETA OU ESTUDANTE ESPECIAL ............... 111
 4.14 SOBRECARGA APLICADA AO DEFICIENTE ....................................................................... 116
 4.15 CONTINUIDADE COM TREINAMENTO ESCOLAR ........................................................... 117
 4.16 ENTREVISTA COM PSICÓLOGA ESPORTIVA ...................................................................... 118
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 123
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 125
TÓPICO 2 - O CONDICIONAMENTO FÍSICO PARA DIFERENTES 
 ATIVIDADES ESPORTIVAS ........................................................................................ 127
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 127
2 PLANEJAMENTO ............................................................................................................................... 127
 2.1 HABILIDADES MOTORAS ENVOLVIDAS ............................................................................... 128
 2.2 TREINAMENTO DE ESPORTES CÍCLICOS PARA JOVENS E CRIANÇAS ........................ 129
 2.3 MINI JOGOS EM ESPORTES COLETIVOS ................................................................................ 131
 2.4 ESPORTE DE COLISÃO – O CONTATO .................................................................................... 133
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 137
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 138
UNIDADE 3 - MÉTODOS, ESTRUTURAÇÃO E PERIODIZAÇÃO DO TREINAMENTO 
ESPORTIVO .................................................................................................................. 139
TÓPICO 1 - CRESCIMENTO, MATURAÇÃO E DESENVOLVIMENTO 
 DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ........................................................................ 141
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 141
2 OS PERÍODOS ETÁRIOS DURANTE O CRESCIMENTO PÓS-NATAL ............................... 141
3 DEFININDO CRESCIMENTO, MATURAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ............................ 142
4 MEDIDAS USADAS PARA A AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO E MATURAÇÃO ......... 143
 4.1 AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO .............................................................................................. 144
 4.2 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA MATURAÇÃO .................................................................... 147
 4.2.1 Idade no pico de velocidade em altura .................................................................................. 154
 4.2.2 Porcentagem da estatura adulta predita ................................................................................ 155
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 157
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 158
TÓPICO 2 - TREINAMENTO ESPORTIVO NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA .................. 159
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 159
2 PERÍODOS SENSÍVEIS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS 
 CAPACIDADES FÍSICAS .................................................................................................................. 160
3 MODELOS DE DESENVOLVIMENTO FÍSICO EM LONGO PRAZO 
 PARA JOVENS ..................................................................................................................................... 162
 3.1 DIFERENÇAS RELACIONADAS AO SEXO .............................................................................. 168
 3.2 TREINAMENTO PARA JOVENS: MATURAÇÃO TARDIA VS. PRECOCE ........................ 169
IX
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 171
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 172
TÓPICO 3 - ESTRUTURAÇÃO E PERIODIZAÇÃO DOS PROGRAMAS 
 DE TREINAMENTO NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA .................................... 173
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 173
2 TREINAMENTO DA APTIDÃO AERÓBIA PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES ......... 173
 2.1 ADAPTAÇÕES AO TREINAMENTO AERÓBIO ...................................................................... 174
 2.2 RECOMENDAÇÕES GERAIS PARA PRESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO AERÓBIO 
 EM JOVENS ..................................................................................................................................... 174
 2.3 TREINO DE FORÇA PARA JOVENS E CRIANÇAS – PARADIGMAS ................................. 176
 2.4 ADAPTAÇÕES AO TREINAMENTO DE FORÇA E POTÊNCIA .......................................... 177
 2.5 ESTRUTURAÇÃO DO TREINAMENTO USANDO EXERCÍCIOS NA MÁQUINA E DE 
PESO LIVRE .................................................................................................................................... 178
 2.6 ESTRUTURAÇÃO DO TREINAMENTO USANDO EXERCÍCIOS PLIOMÉTRICOS ......... 187
 2.7 IMPLICAÇÕES PARA O TREINAMENTO PLIOMÉTRICO ...................................................187
 2.8 PROGRESSÃO DO TREINAMENTO PLIOMÉTRICO AO LONGO DA INFÂNCIA E 
ADOLESCÊNCIA ........................................................................................................................... 188
 2.9 TREINAMENTO PARA FLEXIBILIDADE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES ................ 191
 2.9.1 Desenvolvimento da flexibilidade na infância e adolescência ........................................... 192
 2.10 TREINAMENTO DA VELOCIDADE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES ...................... 194
 2.10.1 Desenvolvimento da velocidade na infância e adolescência ............................................ 195
 2.11 TREINAMENTO DA AGILIDADE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES .......................... 198
 2.11.1 Desenvolvimento da Agilidade na infância e adolescência .............................................. 199
 2.11.2 Diretrizes para o treinamento da agilidade ......................................................................... 201
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 203
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 205
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 207
X
1
UNIDADE 1
FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO 
DESPORTIVO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade tem por objetivos proporcionar a você:
• conhecer acerca dos fundamentos e dos processos de avaliação do Treina-
mento Esportivo;
• entender as capacidades aeróbias e anaeróbias, os processos de produção 
de energia e o desenvolvimento destas capacidades com o treinamento;
• compreender os métodos de treinamento para o condicionamento esporti-
vo de crianças e adolescentes em idade escolar.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles, você 
encontrará atividades que visam à compreensão dos conteúdos apresentados.
TÓPICO 1 – OS FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO
TÓPICO 2 – O TREINAMENTO DAS CAPACIDADES AERÓBIAS E 
ANAERÓBIAS
TÓPICO 3 – O TREINAMENTO DESPORTIVO E A SAÚDE NA IDADE 
ESCOLAR
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
OS FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO 
DESPORTIVO
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao nosso livro de estudos. Você está tendo 
o primeiro contato com o conteúdo que será abordado durante a disciplina de 
Treinamento Desportivo, e já que estamos iniciando esta unidade, vamos introduzir 
você ao primeiro tema que será apresentado. Esta unidade abordará os Fundamentos 
do Treinamento Desportivo, e no nosso primeiro tópico, além dos fundamentos, 
vamos também tratar sobre os processos de avaliação do treinamento. O objetivo 
deste tópico é proporcionar a você, acadêmico, conhecimentos relacionados aos 
principais fundamentos, por exemplo, o desenvolvimento físico e os fatores que 
envolvem este, bem como os processos de avaliação que envolvem essa disciplina, 
como por exemplo, as diferentes possibilidades de avaliação física.
Nos dias de hoje, com toda a evolução tecnológica e científica, a ciência 
da Teoria e Metodologia do Treinamento também evoluiu muito. Na atualidade, 
a Ciência do Esporte tem um enorme embasamento científico e teórico sobre 
quais os melhores meios de atingir o melhor rendimento. Na área da iniciação 
esportiva e na formação de talentos não é diferente, são inúmeros pesquisadores 
e/ou cientistas com grande diversidade de publicações sobre o treinamento e o 
desenvolvimento de crianças e adolescentes. São diversos os campos da ciência 
que envolvem o treinamento. Podemos citar a anatomia, fisiologia, biomecânica, 
estatística, medicina esportiva, psicologia, aprendizagem motora, a pedagogia e a 
nutrição, entre outros.
A teoria e metodologia do treinamento é uma área muito extensa e cabe 
ao professor de Educação Física selecionar os melhores conteúdos que estarão 
diretamente envolvidos com sua forma de trabalho. 
Durante o treinamento, o atleta reage a vários estímulos, alguns dos 
quais podem ser previstos com mais exatidão do que outros, com 
base na coleta de informações fisiológicas, biomecânicas, psicológicas, 
sociais e metodológicas. Assim o treinador precisa de um instrumento 
científico para garantir que o processo de treinamento seja ancorado 
em avaliações objetivas que meçam a reação do atleta, a qualidade e a 
carga dos exercícios, podendo-se assim planejar de modo apropriado os 
futuros programas (BOMPA, 2002, p. 4).
Assim como este conceito que foi citado acima, muito da teoria que existe 
sobre o Treinamento Desportivo está em livros-textos ou artigos científicos, que 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO
4
tratam principalmente do como lidar com atletas. A intenção deste tópico é trazer 
este conhecimento a você buscando possibilitar o aprendizado dos conceitos 
principais e de como estes poderão ser aplicados na sua realidade na atuação 
como professor de Educação Física. Por exemplo, podemos explorar no conceito 
de Bompa (2002) que o planejamento das aulas e atividades da Educação Física 
deverão estar ancoradas em avaliações específicas do comportamento e da evolução 
dos alunos. O conhecimento dos fundamentos também auxiliará para uma melhor 
compreensão do último tópico desta unidade que irá abordar especificamente o 
treinamento desportivo na escola. 
2 OS FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO
Para começar precisamos pensar no significado da palavra fundamento. O 
que seria para você os fundamentos do treinamento esportivo?
No dicionário Priberam (2017) o significado da palavra fundamento é 
base principal, prova, causa, motivo, fundação, alicerce. Desta forma, podemos 
pensar que fundamento poderia estar ligado ao sentido de alicerce ou uma base 
sólida para construir algo que se deseja que seja duradouro. De outra forma 
então, podemos pensar que os fundamentos do treinamento seriam as questões 
teórico/práticas que dariam um embasamento para a construção ou planejamento 
de uma linha de trabalho, ou seja, um ponto de partida e uma rota de destino 
clara e fixa para conduzir as aulas e o trabalho que se objetiva. Em palavras mais 
teóricas, poderíamos dizer que é o conjunto de regras básicas de organização e 
funcionamento ou o conjunto de princípios a partir dos quais se pode fundar ou 
deduzir um sistema ou um conjunto de conhecimentos.
UNI
E você, caro acadêmico, concorda com o que foi dito? O que você acredita 
serem os fundamentos do Treinamento Desportivo? Pare por alguns instantes e reflita sobre o 
assunto antes de prosseguir a leitura.
Para pensarmos de maneira um pouco mais aprofundada sobre o 
assunto, vamos começar considerando as questões relacionadas aos objetivos do 
treinamento. Estes objetivos podem ser diversos e será preciso adaptar cada um 
deles a sua realidade na prática profissional. Porém, de maneira geral, o quadro a 
seguir lista cada um dos principais objetivos que estão ligados ao treinamento de 
acordo com Bompa (2002).
TÓPICO 1 | OS FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO
5
Desenvolvimento físico 
multilateral.
Desenvolvimento físico 
específico. Fatores técnicos.
Fatores táticos. Aspectos psicológicos. Habilidade para o trabalho em equipe.
Fatores ligados a saúde. Prevenção de lesões. Conhecimento teórico.
QUADRO 1 - OBJETIVOS DO TREINAMENTO
FONTE: Os autores
Vamos, a partir de agora, explorar um pouco mais detalhado cada um 
deles. Comecemos pelo desenvolvimento físico multilateral.
• Desenvolvimento físico multilateral: Como o nome já propriamente refere, 
é pensar no desenvolvimento do corpo como um todo, todas as habilidades 
necessárias para uma boa execução esportiva. É uma base para o treinamento 
físico geral. A ideia é aprimorar todas as qualidades físicas (por exemplo: 
resistência, força e velocidade) de uma maneira harmoniosa para o melhor 
desenvolvimento corporal.
•	 Desenvolvimento	 físico	 específico:Neste caso, a ideia é desenvolver ou 
aprimorar as qualidades físicas mais associadas ao desporto-alvo que será 
praticado. O treinamento buscará desenvolver todas as qualidades físicas 
necessárias, mas o foco será um melhor aprimoramento daquelas diretamente 
ligadas à execução de movimento da modalidade praticada.
• Fatores técnicos: Buscam-se desenvolver as habilidades técnicas necessárias 
do desporto, ou seja, o aprimoramento da melhor técnica, aquela com melhor 
economia de movimento, o gesto motor mais eficiente e ideal para realização de 
determinada tarefa.
• Fatores táticos: Bompa (2002) diz que os fatores táticos são a melhoria da 
estratégia por meio do estudo da tática de futuros oponentes. Ampliar a 
capacidade técnica e aperfeiçoar a estratégia desenvolve um modelo estratégico. 
A tática é a estratégia em ação.
• Aspectos psicológicos: É preciso pensar que todo bom desportista, independente 
da modalidade, vai precisar de um bom nível motivacional, força de vontade, 
confiança, perseverança e disciplina para o desenvolvimento das habilidades 
necessárias. 
• Habilidade para o trabalho em equipe: Em alguns desportos, principalmente os 
coletivos, este fator é de imprescindível importância para um bom aprendizado 
e desenvolvimento das habilidades envolvidas. O aluno vai precisar ter um bom 
desenvolvimento social e saber lidar com relações sociais. Nas aulas de educação 
física o desenvolvimento do trabalho em equipe vai criar alunos conscientes, 
confiantes e certos de seus direitos e deveres diante da sociedade.
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO
6
• Fatores ligados à saúde: A recuperação adequada é tão importante quanto ao 
estímulo que será dado. Essa é uma mensagem importante aos profissionais 
que precisam planejar atividades físicas para os seus alunos. O aluno vai 
precisar sempre estar saudável e recuperado para realizar de maneira correta 
as atividades esportivas, o seu desenvolvimento e aprendizado também vai 
depender de uma saúde adequada, por isso é importante que o professor crie 
estratégias de acompanhamento da qualidade de vida dos seus alunos.
• Prevenção de lesões: Aumentar o nível de flexibilidade, proporcionar aumentos 
da força muscular, principalmente durante o treinamento com iniciantes são 
cuidados que auxiliarão na prevenção de lesões (BOMPA, 2002). A realização de 
uma prática esportiva tomando todos os cuidados de segurança também é um 
ponto a se observar.
• Aspectos psicológicos: É preciso pensar que todo bom desportista, independente 
da modalidade, vai precisar de um bom nível motivacional, força de vontade, 
confiança, perseverança e disciplina para o desenvolvimento das habilidades 
necessárias. 
• Conhecimento teórico: O aluno vai precisar de um bom nível de conhecimento 
dos aspectos nutricionais, psicológicos, do funcionamento do organismo, da 
Fisiologia, do planejamento do aumento sistemático da carga de treinamento e 
da necessidade de uma boa recuperação. Estes aspectos o professor vai precisar 
saber transmitir da melhor forma possível, sempre respeitando as características 
dos indivíduos que ele está trabalhando, sua realidade e sua faixa etária.
FIGURA 1 – DESENVOLVIMENTO INTEGRAL NA INFÂNCIA
FONTE: Disponível em: <http://maurosandri.blogspot.com.br/2015/11/
atividade-fisica-na-infancia-pode-ser.html>. Acesso em: 2 fev. 
2017.
TÓPICO 1 | OS FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO
7
2.1 O TREINAMENTO FÍSICO
O treinamento físico, ou um bom condicionamento físico, é um dos primeiros 
aspectos que lembramos quando pensamos em atletas. O que vem a sua mente 
quando você pensa no treinamento físico? Esforço, cansaço, fadiga, superação, 
gasto energético, são vários os fatores que podemos elencar. Geralmente, as pessoas 
ligam o treinamento a atletas, ou quando pensam em treinamento lembram-se do 
mais rápido, do mais alto, do mais forte. Não era esse o lema grego? O que você 
poderia listar como componentes que fazem parte do treinamento físico?
Segundo Bompa (2002), o treinamento físico é em muitos dos casos o 
fator mais importante para o rendimento esportivo. Dependendo da modalidade 
o treinamento físico vai ser um fator que receberá mais ou menos ênfase, mas 
sempre muito considerado. O objetivo deste é o desenvolvimento do potencial 
fisiológico e das habilidades motoras. O treinamento físico é divido por muitos 
autores em treinamento geral e treinamento	específico. Perceba, caro acadêmico, 
que deve haver uma ordem lógica em um treinamento organizado e planejado, 
segundo Bompa (2002), pode ser desenvolvido na seguinte sequência:
1. Treinamento físico geral.
2. Treinamento físico específico.
3. Aperfeiçoamento das capacidades biomotoras.
 
É sugerido que o desenvolvimento desta sequência ocorra durante o 
planejamento anual, ou seja, aplicado com o objetivo de chegar ao final de 
uma temporada no melhor rendimento. No caso do trabalho com crianças é 
sempre bom lembrar da necessidade de respeitar as fases de desenvolvimento e 
crescimento (POWERS; HOWLEY, 2005). Dessa forma, esta sequência também 
se aplica de maneira longitudinal, ou seja, nos primeiros anos da infância a 
preocupação do professor vai estar voltada ao desenvolvimento geral e global dos 
alunos, o desenvolvimento do organismo como um todo a partir de atividades 
mais lúdicas. Ao que, na adolescência, durante a fase da puberdade, pelo desejo de 
muitos pais e pela própria vontade dos adolescentes, estes são encaminhados para 
alguma modalidade específica. Nesse momento, o professor vai trabalhar com 
estes indivíduos buscando o aperfeiçoamento físico específico da modalidade. 
Em outras palavras, o aprimoramento fisiológico ideal para desempenhar tal 
desporto. A necessidade de respeitar a sequência citada acima no decorrer de uma 
temporada permanece válida.
Com o final da puberdade, o jovem poderá começar o trabalho de 
desenvolvimento e aperfeiçoamento das capacidades biomotoras específicas, 
buscar-se-á o aprimoramento das qualidades físicas, como força, potência, 
resistência e velocidade de maneira que o desporto seja praticado em um bom 
nível de rendimento.
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO
8
IMPORTANT
E
Tenha em mente que a maioria dos livros que abordam a teoria do Treinamento 
Desportivo dividem um planejamento anual ou uma temporada em períodos de preparação. 
Os dois principais são o período preparatório, quando ocorrerá a preparação física geral e 
específica e; o período competitivo em que ocorrerá o aperfeiçoamento das capacidades 
biomotoras específicas. Ainda, você poderá encontrar, na literatura, outras divisões de períodos, 
nomeadamente os períodos de pré-temporada, de base, pré-competitivo, de transição, 
entre outros.
Segundo Powers e Howley (2005), existem muitas questões não esclarecidas 
relacionadas às respostas fisiológicas de uma criança saudável a vários tipos 
de exercício. Muito do que é realizado na prática do treinamento com crianças 
e adolescentes ainda é de forma empírica e sem muito embasamento científico. 
Isto se dá pela seguinte razão, por questões éticas óbvias muitas pesquisas e 
projetos não são aplicados com crianças para salvaguardar o bem-estar físico 
do indivíduo. Dessa forma, pouco se sabe sobre os efeitos da exposição ao calor 
ou ao frio extremo, ou outros ambientes hostis, por exemplo. Poucos cientistas 
fariam uma biópsia muscular em uma criança somente para saber os efeitos de 
determinado treinamento. Assim, muito do que existe na teoria do treinamento 
durante a infância e a adolescência está relacionado ao desenvolvimento do 
sistema cardiopulmonar e do sistema musculoesquelético (MACARDLE et al., 
2005). No decorrer desta unidade, mais precisamente no Tópico 2, vamos estudar 
o desenvolvimento do sistema aeróbio e dos sistemas anaeróbios de produção 
de energia. O treinamento do sistema musculoesquelético, mais precisamente 
questões relacionadas ao desenvolvimento da força serão abordadas de maneira 
mais aprofundada na Unidade 3.
3 OS PROCESSOSDE AVALIAÇÃO DO TREINAMENTO 
DESPORTIVO
A ciência do treinamento esportivo é uma área muito ampla e complexa. 
Esta ciência possui um grande número de variáveis intervenientes, ou seja, que vão 
influenciar em maior ou menor grau e estão relacionadas entre si. Como foi listado 
anteriormente sobre os fatores fundamentais do treinamento, essas variáveis 
serão de teor prático ou teórico. Estas poderão estar relacionadas aos objetivos 
dos principais componentes do treinamento esportivo, o aprimoramento físico, 
técnico, tático ou psicossocial.
São diversas as ferramentas que poderão ser usadas para o acompanhamento 
e a avaliação do rendimento esportivo de um aluno. Estas ferramentas poderão ser 
mais complexas ou mais simples, poderão avaliar um ou mais componentes do 
treinamento, poderão ser mais específicas ou gerais. Existe, ainda, outra divisão 
clara na literatura que você acadêmico poderá encontrar em muitos livros que 
TÓPICO 1 | OS FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO
9
tratam do assunto, avaliações laboratoriais ou testes de campo. Uma ferramenta 
de avaliação poderá ser avaliada pela sua especificidade,	 reprodutibilidade	 e	
validade (MATHEWS, 1980).
Ao começar um novo trabalho, ou um novo ano de trabalho, uma das 
primeiras coisas que você irá fazer é decidir seu plano de ensino, traçar suas metas 
e objetivos para aquele período. Depois, você escolherá ou decidirá qual(ais) 
método(s) ou metodologia(s) de avaliação do desenvolvimento dos seus alunos 
você usará, sejam teóricos ou práticos, físicos ou de alguma habilidade ou 
capacidade específica.
FIGURA 2 – AVALIAÇÃO ESPORTIVA NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/
search?q=avaliação+esportiva+crianças>. Acesso em: 2 fev. 2017.
Independente da ferramenta que você utilizará para avaliar seus alunos 
ou do componente que você quer avaliar, é preciso, primeiramente, ter certeza de 
que esse instrumento foi cientificamente elaborado e que faz um trabalho acurado 
de medição daquilo que foi designado a medir (MATHEWS, 1980). Assim, vamos 
olhar um pouco mais detalhadamente quais seriam estes critérios:
• Validade: uma ferramenta de avaliação pode ser considerada válida quando ela 
foi cientificamente testada para avaliar o que ela se propõe a medir. Por exemplo, 
um teste de habilidade para jogar basquete será válido se os praticantes que 
apresentarem maiores escores no teste forem os melhores pontuadores durante 
um jogo ou um torneio. Não adiantaria um teste com o objetivo de testar o 
mais habilidoso dos jogadores, se este praticante não fosse realmente o que 
apresentasse um melhor rendimento em uma situação real.
 
• Reprodutibilidade: o teste precisa ser reprodutível, ou seja, se for aplicado duas 
vezes ou mais com o mesmo grupo de indivíduos na mesma situação terá que 
apresentar resultados idênticos ou semelhantes (MATHEWS, 1980). No caso 
do exemplo acima, o mesmo grupo de alunos apresentaria resultados muito 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO
10
parecidos no teste de habilidade se fossem testados uma segunda vez sem a 
ocorrência de alguma intervenção que pudesse melhorar o rendimento.
 
•	 Especificidade: a avaliação do professor precisa ser específica à realidade da 
modalidade que ele quer testar (MATHEWS, 1980). Utilizando-se do mesmo 
exemplo citado, testar a habilidade dos alunos pedalar em uma bicicleta pouco 
responderia à capacidade deles em jogar basquete.
Concluindo esta parte, Mathews (1980) ainda ressalta que um dos critérios 
para selecionar um teste é a sua aplicação educacional. Dessa forma, ao selecionar 
um teste é preciso ver se ele se aplica ao programa escolar oferecido e, esse plano 
deve ditar os tipos de testes que serão aplicados. Podemos ainda ressaltar a você, 
caro acadêmico, que uma avaliação precisa ser bem planejada, clara, objetiva, 
estruturada, direta e organizada.
IMPORTANT
E
Caro acadêmico! Grave as seguintes informações, pois serão de grande valia para 
o seu aprendizado. O aprimoramento físico, técnico, tático e psicossocial são os principais 
objetivos do treinamento esportivo. São diversas as ferramentas que poderão ser utilizadas para 
a avaliação do desenvolvimento durante o treinamento. Estas ferramentas precisarão possuir 
validade, especificidade, reprodutibilidade e aplicação educacional.
3.1 A AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS FÍSICOS
Um dos principais componentes que precisamos avaliar de nossos alunos 
durante nossa atuação profissional é a avaliação dos aspectos físicos, ou seja, 
do desenvolvimento das capacidades motoras e das qualidades físicas destes 
indivíduos. São diversas qualidades físicas que um indivíduo precisa desenvolver. 
Podemos classificá-las em três grandes grupos: força, resistência e velocidade. 
Dentro de cada um desses grandes grupos haverá outras subdivisões. A força 
pode ser dividida em estática, dinâmica e explosiva. A resistência em aeróbia, 
anaeróbia e resistência muscular localizada. Enquanto que a velocidade poderá 
ser dividida em de deslocamento, de membros e de reação (WEINECK, 2005). 
Veja a figura a seguir para gravar estas informações.
TÓPICO 1 | OS FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO
11
FIGURA 3 – QUALIDADE FÍSICAS
FONTE: Os autores
Perceba você, acadêmico, que não podemos entender estas capacidades 
como isoladas e sem conexão com as outras. É preciso ter o entendimento que elas 
estão conectadas e existem inter-relações que ainda vão criar outras categorias. 
Observe que na figura as conexões criam as categorias de resistência de força, 
resistência de velocidade e a potência. Cada uma dessas qualidades poderá 
ser treinada ou desenvolvida em menor ou maior grau, dependendo sempre 
do planejamento de ensino do professor e dos objetivos traçados durante um 
determinado período de tempo. Assim, os instrumentos para avaliação, quando 
do objetivo de uma avaliação física, devem estar direcionados para averiguar uma 
ou mais dessas qualidades físicas. Os testes podem ser bem específicos para a 
avaliação de um destes componentes físicos, por exemplo, um teste de sprint curto 
para avaliar a velocidade de deslocamento, ou mais amplos e generalizados como 
um teste que vise, por exemplo, avaliar ao mesmo tempo o desempenho técnico de 
alguma tarefa e a exigência física do mesmo. Portanto, nesta parte deixamos um 
exemplo de uma possibilidade de avaliação criada por nós para o futsal, mas que 
pode ser adaptada para outras modalidades coletivas. Acreditamos que poderá ser 
uma boa ferramenta para aulas de educação física por exemplo.
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO
12
O teste que será sugerido agora foi criado enquanto atuava como treinador 
de futsal. Acabou não sendo publicado em nenhuma revista científica, mas ele pode ser 
encontrado on-line no blog <nascimentopc.blogspot.com.br>.
TESTE FÍSICO/TÉCNICO ESPECÍFICO PARA O FUTSAL
 Após um longo período de “silêncio” no blog, e depois de um período de férias na ativa, um 
pouco conturbado, mas também merecido, queremos retomar com uma breve sugestão de 
avaliação para nossa modalidade. Esta tem como objetivo uma avaliação mais completa com 
aspectos físicos e técnicos/táticos, de uma forma global incluindo os componentes técnicos 
básicos com uma movimentação semelhante ao que ocorre durante o jogo e certo nível de 
acidose. Antes de discutir melhor o assunto, a figura a seguir ilustra a forma de realização do 
teste.
DICAS
Vamos desvendar agora a complexa ilustração do teste. Pode-se dividi-lo em três partes: parte 
inicial com ênfase no esforço físico. A segunda e a terceira partes, com mais ênfase na técnica 
do passe e chute, respectivamente. O raio significa o ponto de início do teste. As carinhas são 
os jogadores(as). O(a) atleta inicia o teste com deslocamento para sua direita, o caminho a ser 
percorrido está demarcado pelos triângulos estrategicamente posicionados em lugares onde 
poderia estar um jogador no caso do sistema 3x1. A distância entre os triângulos (na prática, 
discosou cones) é de 10 metros.
Depois do primeiro deslocamento para a direita, o jogador muda de sentido e corre até o 
próximo disco (posição pivô, vamos nomear didaticamente dessa maneira), contornando e 
voltando pelo mesmo caminho até o ponto inicial. Muda de sentido e corre em direção à 
ala esquerda, passando pelo disco e correndo até o disco “pivô”. Retorna pelo caminho da ala 
esquerda chegando ao ponto de início novamente.
Até então, o atleta realizou uma corrida de 80 metros, dividido em 8x de 10 metros com 7 
mudanças de sentido, caracterizando um esforço anaeróbio alático e lático. O tempo deve ser 
coletado a cada 40 metros.
A partir desse ponto, começa a segunda parte com ênfase na realização correta do fundamento 
passe. Serão 4 passes ao todo. O primeiro já é realizado no ponto inicial, onde está o disco ‘fixo’. 
O “T” no centro da quadra significa o treinador, que deve passar a bola aos atletas durante essa 
parte do teste. Os atletas dominam a bola, realizam o passe de volta ao treinador e correm ao 
próximo disco (ala direita). Executam outro passe e assim sucessivamente até chegar ao disco 
da ala esquerda. O passe é classificado pelo conjunto de ações e classificado em um score de 
0-3. Será considerado o domínio correto, a força correta aplicada ao passe e se o passe foi em 
linha reta para o treinador. A distância total percorrida nessa parte será de 30 metros. 
Por fim, a terceira parte do teste será a fase de chutes a gol. Posicionado no disco da ala 
esquerda, após realizar o quarto passe, o atleta receberá a bola passada pelo treinador nesta 
mesma ala para executar a primeira finalização.
TÓPICO 1 | OS FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO
13
O “T” situado no canto esquerdo da figura significa o outro treinador necessário para a realização 
do teste. Este deve passar a bola próxima ao centro da quadra ofensiva (marca dos 10 metros) 
para a execução da segunda finalização. Após o chute o atleta deve posicionar-se próximo da 
ala direita para realizar a terceira e última finalização a gol.
 Desta forma, vamos focar principalmente nas ferramentas que poderão ser 
utilizadas como avaliação do processo de treinamento. Como dito anteriormente, 
para a avaliação física de uma (ou mais) determinada qualidade poderão ser 
utilizados testes laboratoriais ou testes de campo. Como o nome propriamente já 
diz, o teste laboratorial é aquele em que o indivíduo realiza uma avaliação neste tipo 
de ambiente. Geralmente, este tipo de teste é mais válido e é chamado de padrão 
ouro para avaliação de determinada qualidade física. Por outro lado, usualmente 
dependem de materiais e equipamentos mais caros, não é tão específica a realidade 
das modalidades realizadas de maneira individual.
Nesse sentido, os testes de campo surgem buscando atender uma demanda 
de custo-benefício para as avaliações físicas. Os testes de campo, historicamente, 
foram criados como alternativas para a avaliação dos componentes físicos em um 
ambiente “fora do laboratório”, na busca de acompanhar o desenvolvimento e 
rendimento esportivo no ambiente em que é praticado, ou seja, o próprio local 
de prática. Dessa forma, este tipo de teste geralmente ganha em especificidade e 
aplicação educacional, pois além de serem de um custo-benefício melhor, permitem 
a avaliação de um grupo de indivíduos simultaneamente e não dependem 
de equipamentos caros. Esta possibilidade pode auxiliar o professor que visa 
acompanhar a evolução dos seus alunos no próprio ambiente de ensino e prática 
(quadra esportiva por exemplo) de uma maneira mais barata e acessível. Vejamos, 
em seguida, o que Arins et al. (2015, p. 759) têm a dizer sobre os testes de campo:
Porém, apesar das avaliações realizadas em laboratório fornecerem 
dados valiosos sobre a performance e as características fisiológicas 
de atletas, normalmente não possuem validade ecológica, sendo 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO
14
incapazes de reproduzir os padrões de movimentos específicos 
associados às modalidades intermitentes. Desse modo, para superar 
algumas deficiências apontadas sobre os testes de laboratório, foram 
desenvolvidos protocolos de campo mais específicos que possuem a 
finalidade de refletir de forma mais apropriada o caráter intermitente 
dessas modalidades [...] os testes compostos por multiestágios têm 
sido amplamente utilizados para estudar as respostas fisiológicas 
do exercício intermitente que envolve mudanças de direção, como o 
futsal. Esses protocolos objetivam reproduzir o padrão de movimento 
executados nos esportes coletivos, permitindo a avaliação simultânea 
de um grande número de atletas por um custo financeiro mínimo.
Dessa forma, podemos observar que além de tudo que foi citado sobre os 
testes de campo, eles podem avaliar também uma ou mais das qualidades físicas 
exigidas durante a prática. Um dos mais famosos e utilizados em muitos lugares 
é o teste de vai e vem de 20 metros. Inicialmente proposto por Léger e Lambert 
(1982), se popularizou e ganhou espaço em muitos clubes, escolas e equipes, que 
utilizam o teste para avaliação da resistência aeróbia.
O teste progressivo intermitente de campo de 20 metros (SHT20) 
de Léger et al. é um teste incremental máximo, do tipo intermitente 
escalonado, composto de multiestágios de 60 segundos de duração 
em sistema shuttle-run run, constituído de um número de repetições 
variadas de corrida. O SHT20 fornece dados de potência (estimativa do 
VO2max; PV) e capacidade (ponto de deflexão da FC (PDFC)) aeróbia 
(ARINS et al., 2015, p. 759).
ATENCAO
Caro acadêmico! Em relação às variáveis a que Arins et al. (2015) se referem, o 
PV (Pico de Velocidade) é a máxima velocidade atingida durante o teste e é um indicador da 
máxima produção aeróbia de energia. Enquanto o ponto de deflexão da frequência cardíaca 
(PDFC) é um indicador de capacidade aeróbia, ou seja, um limite que pode indicar a capacidade 
do indivíduo em realizar um esforço de longa duração.
Como pode ser observado na figura seguinte, o teste de vai e vem é executado 
em um espaço delimitado por cones de 20 metros. É necessária a utilização de um 
equipamento de som para emitir um sinal sonoro ‘beep’ que vai dar o ritmo de 
corrida. A cada ‘beep’ o indivíduo deve atingir uma das marcas. A cada 60 segundos, 
a duração entre os sinais sonoros vai diminuindo e, em consequência aumentando 
a velocidade. Se houver a possibilidade do uso de um monitor cardíaco é possível 
identificar através do comportamento da frequência cardíaca o PDFC (veja o UNI 
anterior).
TÓPICO 1 | OS FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO
15
FIGURA 4 – TESTE DE CAMPO VAI E VEM DE 20 METROS
FONTE: Disponível em: <http://guardamunicipalcuritiba.blogspot.com.
br/2015/04/corrida-de-vai-e-vem-em-20-metros-teste.html>. Acesso 
em: 7 fev. 2017.
Vale ressaltar que o monitoramento da aptidão aeróbia é de extrema 
importância e, nas fases da infância e adolescência poderá auxiliar na prescrição 
das cargas de treinamento para o desenvolvimento adequado do praticante, bem 
como na detecção de talentos esportivos. 
A aptidão aeróbia e anaeróbia será abordada mais especificamente no Tópico 2 
desta unidade. 
Metodologias de treinamento para o desenvolvimento da força serão abordadas na Unidade 3.
ESTUDOS FU
TUROS
Outro ponto que precisa ser destacado é a avaliação do desenvolvimento 
das qualidades físicas relacionadas à força durante o processo de treinamento. 
Existem algumas ferramentas que podem ser utilizadas para tal. O método que 
parece ser mais confiável é a avaliação isocinética. A avaliação em aparelhos 
isocinéticos e/ou dinamômetros, apesar de não possuir uma grande especificidade 
com a maioria dos gestos motores das modalidades esportivas, trará valores bem 
apurados da força de membros do avaliado. A maior dificuldade neste tipo de 
teste é o custo e o acesso a este tipo de equipamento. Basicamente, os aparelhos 
trazem como resultado a capacidade de aplicar em determinado movimento, por 
exemplo, a extensão de joelhoque poderia estar relacionada ao movimento do 
chute e/ou a flexão de cotovelo que poderia estar relacionado a algum gesto do 
vôlei ou tênis.
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO
16
FIGURA 5 – AVALIAÇÃO DE EXTENSÃO DE JOELHO EM DINAMÔMETRO 
ISOCINÉTICO
FONTE: Disponível em: <http://bmsi.ru/doc/3970d6ac-5b28-470d-b805-
8751cd154363>. Acesso em: 7 fev. 2017.
O termo isocinético significa se mover numa velocidade constante. 
Dinamômetro isocinético de resistência variada é um instrumento 
eletromecânico que mantém uma velocidade movimento constante 
enquanto varia a resistência durante determinado movimento. A 
resistência oferecida pelo instrumento é uma resistência de acomodação, 
destinada a combinar com a força gerada pelo músculo. Um transdutor 
de força no interior do instrumento monitora constantemente a força 
muscular gerada e transmite a informação a um computador, que 
calcula a força média gerada em cada período de tempo e o ângulo 
articular durante o movimento (POWERS; HOWLEY, 2005, p. 419).
Existem outros tipos de testes para avaliar parâmetros de força com um 
custo mais baixo. Entre eles, podemos destacar os que utilizam dinamômetros 
mais simples para realizar o teste de força de membros inferiores e lombar (como 
no exemplo da figura a seguir, do lado esquerdo) ou força de preensão manual 
(figura a seguir no lado direito). 
Os dinamômetros de preensão manual e os dinamômetros de tração 
lombar têm sido utilizados para avaliar as forças de preensão e dorsal, 
respectivamente, há muitos anos. Quando uma força é aplicada a um 
dinamômetro uma mola de aço é comprimida e move um ponteiro 
ao longo de uma escala. Calibrando-se o dinamômetro com pesos 
conhecidos, pode-se determinar quanta força é necessária para mover 
o ponteiro a uma distância específica da escala (POWERS; HOWLEY, 
2005, p. 420).
TÓPICO 1 | OS FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO
17
FIGURA 6 – TESTE EM DINAMÔMETRO DE FORÇA LOMBAR E PREENSÃO 
MANUAL
FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/
search?q=dynamometer+children>. Acesso em: 7 fev. 2017.
Apesar deste tipo de testes não apresentar grande nível de especificidade, 
eles apresentam boas relações com determinados esportes, ou pelo menos com 
testes mais específicos de determinados esportes. O teste de preensão manual, 
por exemplo, apresenta-se como uma boa ferramenta para avaliar tenistas ou 
praticantes de esportes de raquete, visto da necessidade da força para realizar 
a empunhadura da raquete (REID; SCHNEIKER, 2008). Neste sentido, Lemos 
(2015) ressalta a importância de acompanhar variáveis relacionadas à força 
em adolescentes tenistas para identificar possíveis desequilíbrios de força e, 
consequentemente, evitar o risco de desenvolvimento de instabilidade e lesão na 
articulação do ombro. Esta citação poderemos aplicar a outros tipos de esportes 
nos quais o movimento de membros superiores é predominante, como o basquete, 
handebol e vôlei. 
Além disso, o desenvolvimento da força parece estar relacionado ao 
crescimento e à maturação, bem como é influenciado pelo tipo de treinamento e a 
modalidade praticada. Neste sentido, modalidades coletivas, por exemplo, podem 
desenvolver a força de jovens e adolescentes de maneira diferente que modalidades 
individuais. Por isso a importância de se analisar a ferramenta que poderá ser 
utilizada de maneira mais adequada para atender aos objetivos do professor e do 
planejamento.
Durante esse período da puberdade, o aumento do torque muscular tem 
sido atribuído a diferentes alterações nas características morfológicas, 
biomecânicas, neurais e hormonais do sistema neuromuscular 
e neuroendócrino. Além disso, a participação em programas de 
treinamento esportivo organizados também pode influenciar 
positivamente o desenvolvimento do torque muscular. Os estudos 
realizados com adolescentes jogadores de futebol têm apresentado 
resultados consistentes mostrando que o torque muscular concêntrico e 
excêntrico dos extensores e flexores do joelho em diferentes velocidades 
angulares aumenta progressivamente entre os 9-21 anos de idade 
(TEIXEIRA, 2015, p. 24).
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO
18
Outro tipo de teste que é comumente utilizado para avaliar os aspectos de 
força e potência muscular, principalmente de membros inferiores, são os testes de 
saltos verticais. Acreditamos, caro acadêmico, que os mais utilizados são os saltos 
com contramovimento (CMJ) e os saltos contínuos (CJ). A questão que mais 
implica este tipo de avaliação é a necessidade de uma plataforma de força ou de 
um equipamento similar. Porém, primeiramente queremos explicar rapidamente 
como este tipo de teste funciona e depois vamos apresentar algumas evidências 
que mostram a aplicação prática deles.
FIGURA 7 – TESTE DE SALTOS VERTICAIS
A = posição inicial. B = ângulo do joelho próximo a 90º. C = joelho em 
completa extensão no salto. D = aterrissagem
FONTE: Bosco (1999)
O CMJ investiga os níveis de força explosiva exercida, a capacidade de 
recrutamento neural e a reutilização da energia elástica (BOSCO, 1999). Neste salto 
ocorre participação do ciclo alongamento-encurtamento, potencializando a ação 
muscular por meio da energia elástica acumulada e aos reflexos de estiramento. 
O uso do salto CJ possibilita os profissionais da área a diagnosticar os processos 
neuromusculares e metabólicos em esforços de alta intensidade e curta duração. O 
teste CJ é importante para avaliação de praticantes que participam de esportes onde 
a potência muscular é um fator determinante para rendimento, como por exemplo 
o futebol ou o futsal, considerando que, os mecanismos de força produzidos no CJ 
são muito sensíveis as características dos sujeitos e as mudanças no treinamento 
(BOSCO, 1999).
No protocolo do CMJ, o indivíduo realizará os saltos verticais a partir de 
uma posição em pé, com as mãos na cintura, precedido por um contramovimento, 
o qual consiste em uma aceleração para baixo do centro de gravidade, flexionando 
os joelhos até próximo aos 90º. Durante o salto, o tronco deverá manter-se o mais 
vertical possível. São realizadas três tentativas para o CMJ, sendo considerada para 
TÓPICO 1 | OS FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO
19
análise a média das alturas obtidas. O teste do CJ consiste na execução de saltos 
com contramovimento, de modo contínuo, por um período de 15 segundos. Como 
nos demais saltos, o sujeito mantém o tronco o mais vertical possível e as mãos 
no quadril, com o ângulo do joelho sempre próximo aos 90º ao final da fase de 
descida. No protocolo CJ realiza-se apenas uma tentativa, tendo em vista ser um 
teste mais exaustivo. Assim, utiliza-se para análise a altura média relativa de todos 
os saltos realizados em um período determinado de tempo.
GRÁFICO 1 – COMPARAÇÃO DE SALTOS VERTICAIS NO FUTEBOL E FUTSAL
FONTE: Silva et al. (2012)
Veremos, em seguida, alguns aspectos mais práticos envolvendo a avaliação 
de saltos verticais. Podemos ver como um exemplo de aplicação prática o estudo 
de Silva et al. (2012), que demonstrou que praticantes de futebol e futsal parecem 
apresentar níveis semelhantes de potência muscular. Apenas os zagueiros no 
futebol apresentaram maiores níveis de potência quando comparados aos meio 
campistas, porém, no futsal, os atletas apresentaram níveis similares de potência 
muscular. Independente da categoria, tanto os praticantes de futebol quanto de 
futsal, apresentaram níveis semelhantes de potência muscular.
Podemos observar que a partir do que foi dito e com base na figura 
apresentada, o planejamento do treinamento para o desenvolvimento da força e 
potência muscular poderia ser realizado de acordo com esses aspectos. Vale ressaltar 
que não podemos generalizar achados de alguns estudos para outras realidades ou 
outras populações. Por isso, a importância de você, como profissional, escolher a 
melhor ferramenta e a maneira como você as aplicará nos seus alunos no contexto 
que você está inserido.
Neste contexto, podemosainda destacar um outro estudo realizado pelo 
nosso grupo de pesquisa em Biomecânica e Fisiologia do Exercício na Universidade 
Federal de Santa Catarina (DAL PUPO et al., 2016). Este estudo apresentou dados 
interessantes sobre a relação entre os saltos verticais e a capacidade de realizar 
sprints. O objetivo do trabalho foi comparar ao desempenho nos saltos verticais e 
sprints repetidos realizados com mudança de sentido e linha reta entre jogadores 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO
20
de futsal das categorias sub-15 e sub-17. Foram avaliados 15 jogadores do sexo 
masculino, que realizaram saltos verticais e testes de sprints repetidos em linha 
reta e mudança de sentido. Foram observadas em ambas as categorias que 
desempenho nos sprints, tanto de linha reta quanto com mudança de sentido 
apresentaram relação com os saltos verticais. Em outras palavras, podemos dizer 
que, como conclusão do estudo, independente da categoria ou faixa etária abaixo 
ou acima dos 15 anos a potência muscular estaria relacionada com o desempenho 
nos sprints.
TABELA 1 – SALTOS VERTICAIS EM DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS
FONTE: Dal Pupo et al. (2016)
Caro acadêmico! Na tabela anterior estão apresentadas as características 
dos sujeitos. Na tabela a seguir, você poderá observar uma tabela apresentada pelo 
estudo citado que apresenta a relação entre os saltos verticais com contramovimento 
(CMJ) e o desempenho de sprints. Observe que, o CMJ foi relacionado com ambos 
sprints, em linha reta ou mudança de sentido, mas a relação maior foi observada 
nos sprints de linha reta. Se você observar o tempo médio em linha reta, por 
exemplo (TMLR), a relação foi de -0,87, ou seja, uma relação alta visto que o maior 
valor possível é 1,00 e, basicamente, mostra que quanto maior o salto CMJ menor 
o tempo médio para realizar este tipo de sprint. Importante destacar que o nível de 
potência muscular pode ser considerado um dos aspectos mais importantes para 
praticantes de modalidades coletivas considerando esta relação com o desempenho 
na capacidade de sprints repetidos, que também é de suma importância para um 
bom desempenho nestas modalidades. 
TÓPICO 1 | OS FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO
21
TABELA 2 – SALTOS VERTICAIS E DESEMPENHO DE SPRINTS 
FONTE: Dal Pupo et al. (2016)
 Assim, levando em consideração o que foi exposto previamente, avaliar 
a capacidade de realizar sprints é de suma importância, principalmente em 
modalidades coletivas e com características intermitentes. Entre estas, podemos 
destacar o basquete, handebol, futsal, futebol, hóquei, rúgbi, tênis, entre outras. 
Existem, basicamente, duas formas de avaliar a qualidade física de velocidade 
e resistência de velocidade de membros, bem como a resistência e potência 
anaeróbia. Afinal de contas qualquer movimento que exija a velocidade de 
membros vai depender principalmente do fornecimento de energia anaeróbio, 
mas isso será melhor abordado no próximo tópico. Entretanto, mantendo o foco no 
tipo de avaliação para estas qualidades físicas, uma das formas bastante utilizadas 
é o esforço em linha reta de 10 e 30 m.
Geralmente, quando professores e/ou treinadores adotam realizar a avaliação 
de 10 e 30 m, anota-se o tempo que o aluno levará para percorrer esta distância de 
30 m iniciando no ponto 0 com o corpo partindo de posição estática. Anota-se 
também o tempo que o aluno levará para percorrer 10 m. Desta forma, obtém-se 
uma medida de aceleração de 10 m e outra medida de 20 m lançados, ou seja, do 
décimo metro que ele já estava correndo até o trigésimo metro. O ideal é realizar 
estes testes com fotocélulas que irão capturar o tempo exato de deslocamento. 
Porém, considerando a realidade de muitos lugares, dois avaliadores experientes 
utilizando-se de cronômetros já trará a possibilidade de uma boa avaliação. É 
sempre importante destacar a necessidade de um aquecimento adequado e, neste 
caso específico de avaliação, geralmente são recomendadas duas ou três tentativas 
com intervalos de 3 a 5 minutos entre elas, para anotar o melhor tempo que será 
considerado como medida de aceleração e velocidade.
Quanto à avaliação da capacidade de repetir sprints um dos testes mais 
utilizados em clubes, associações esportivas e bem disseminado na literatura é o 
teste de Rampinini et al. (2007). Este teste já apresentou validade ao ser comparado 
com a performance no futebol, por exemplo, é um teste de fácil aplicação e 
reproduz alguns movimentos específicos das modalidades coletivas. O protocolo 
é composto por 6 sprints de 40 m com uma mudança de sentido (180°) a cada 20 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO
22
m do percurso. O período de recuperação é de 20 segundos entre cada sprint de 
forma passiva. O avaliado deve iniciar o teste em posição estática, e ser estimulado 
verbalmente para executar cada sprint no menor tempo possível. Antes de realizar 
o teste é importante a realização de aquecimento específico. Com o teste de 
Rampinini é possível a determinação de variáveis relacionadas ao desempenho 
anaeróbio alático (como o melhor tempo – Tmel); e lático como o tempo médio e/
ou total para realizar os 6 sprints (Tmed, Ttotal, respectivamente).
TABELA 3 – DESEMPENHO DE SPRINTS REPETIDOS
FONTE: Nascimento et al. (2014)
Agora, observe a tabela acima por alguns instantes. O objetivo deste 
trabalho foi comparar as características antropométricas e de performance aeróbia 
e anaeróbia em jogadores de futebol entre as categorias infantil e juvenil. Observe 
você na tabela apresentada que tanto as características de velocidade (10 e 30 m) 
quanto as variáveis de desempenho anaeróbio (Tmel, Tmed, Ttotal) foram menores 
na categoria de atletas juvenis quando comparados com os infantis. Como uma 
das conclusões do estudo podemos dizer que encontramos que os efeitos da 
idade cronológica influenciam na potência aeróbia máxima e nas performances 
anaeróbias, como demonstrado pelo melhor desempenho dos juvenis tanto no 
teste aeróbio, na habilidade de repetir sprints quanto na capacidade de aceleração 
(NASCIMENTO et al., 2014).
23
Neste tópico, você aprendeu que:
• O treinamento esportivo pode ser pensado observando os fundamentos do 
treinamento esportivo e os processos de avaliação do treinamento.
• Existem diversos fundamentos do treinamento esportivo englobando os 
aspectos físicos, técnicos, táticos e psicossociais.
• São diversos os objetivos do treinamento e entre eles podemos destacar o 
desenvolvimento físico de maneira global, os fatores técnicos e táticos, os fatores 
ligados à saúde e os aspectos psicossociais.
• O treinamento físico pode ser dividido em treinamento geral e específico e 
aperfeiçoamento das capacidades biomotoras.
• Uma ferramenta de avaliação poderá ser avaliada pela sua especificidade, 
reprodutibilidade, validade, aplicação educacional e, poderá ser dividida em 
avaliações laboratoriais ou testes de campo.
• As qualidades físicas podem ser classificadas em três grandes grupos: força, 
resistência e velocidade. Dentro de cada um desses grandes grupos haverá 
outras subdivisões. A força pode ser dividida em estática, dinâmica e explosiva. 
A resistência em aeróbia, anaeróbia e resistência muscular localizada. Enquanto 
que a velocidade poderá ser dividida em de deslocamento, de membros e de 
reação.
• Os testes podem ser específicos para a avaliação de um dos componentes físicos 
ou mais amplos e generalizados como um teste que vise, por exemplo, avaliar 
ao mesmo tempo a performance física e técnica de um grupo de indivíduos.
RESUMO DO TÓPICO 1
24
1 A área de conhecimento acerca da metodologia do treinamento esportivo é 
muito abrangente. São diversos fundamentos que precisam ser observados. 
Existem princípios e objetivos que precisam ser seguidos. Assim, os processos 
de avaliação precisam ser coerentes com os fundamentos e objetivos do 
treinamento. Dessa forma, assinale as alternativas relacionadas ao conteúdo 
deste tópico com V para verdadeiro ou F para falso:( ) Os aspectos psicológicos não são treináveis e não precisam ser observados 
no processo de treinamento.
( ) A avaliação física de qualquer componente físico deve ser feita somente em 
laboratório para que seja válida.
( ) As qualidades físicas podem ser divididas em três grandes grupos: força, 
resistência e velocidade.
( ) O aspecto de aplicação educacional deve ser observado como um dos 
quesitos para escolher uma avaliação.
( ) Uma ferramenta de avaliação precisa ser válida, reprodutível e específica 
para fazer com que a avaliação seja adequada.
( ) Existem inter-relações entre as qualidades físicas que formam outras 
categorias com a potência, por exemplo.
AUTOATIVIDADE
25
TÓPICO 2
O TREINAMENTO DA APTIDÃO AERÓBIA E 
ANAERÓBIA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico! Vamos dar continuidade aos nossos estudos sobre o 
treinamento desportivo em um novo tópico sobre a aptidão aeróbia e anaeróbia. 
Veja bem, caro acadêmico, este tópico estará dividido em duas partes principais, 
o primeiro sobre desenvolvimento da aptidão aeróbia e; o segundo sobre o 
desenvolvimento da aptidão anaeróbia. 
Para falarmos de desenvolvimento para estas aptidões precisamos pensar 
que elas são treináveis, ou seja, o treinamento ou a falta deste poderá modificá-las. 
Além disso, precisamos saber que é muito importante ter um conhecimento mais 
aprofundado sobre a Fisiologia do Exercício, área que contribuirá para um melhor 
entendimento destas aptidões no contexto do que é possível e do que é treinável 
em relação à aptidão aeróbia e anaeróbia. O conhecimento fisiológico também 
proporcionará saber qual é a influência genética e quais são os melhores estímulos 
e métodos para treinar tais capacidades.
Dessa forma, você perceberá que este tópico busca proporcionar 
conhecimentos acerca da Fisiologia do Exercício e da Teoria e Metodologia 
do Treinamento Esportivo na busca de um entendimento mais amplo do 
funcionamento do organismo nos aspectos aeróbios e anaeróbios. Buscará 
abordar também de que forma é possível avaliar estas aptidões e quais 
as possibilidades que existem para tal. Você estudará também algumas 
possibilidades de treinamento aeróbio e anaeróbio e de que forma o profissional 
de Educação Física poderá planejar seu trabalho para o desenvolvimento de 
tais habilidades.
Participe conosco do estudo de mais um tópico que trará novos 
conhecimentos ou uma melhor compreensão destes assuntos para sua formação 
acadêmica e seu crescimento profissional, bem como novas possibilidades 
para o treinamento desportivo na sua atuação profissional. Ressalta-se que o 
entendimento completo do funcionamento do organismo aeróbio e anaeróbio é 
imprescindível para que o profissional possa administrar cargas de treinamento 
de maneira adequada aos indivíduos, respeitando seus limites, sua saúde, 
suas capacidades, sua faixa etária e seus objetivos. O treinamento aeróbio e 
anaeróbio adequado possibilitará um ótimo desenvolvimento do indivíduo de 
maneira global.
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO
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2 APTIDÃO AERÓBIA
Acreditamos que o primeiro passo que precisamos dar é um entendimento 
geral do que é a aptidão aeróbia. A palavra “aptidão”, segundo o dicionário 
Priberam (2017), está relacionada à capacidade, disposição ou à qualidade de 
estar apto. Enquanto que, a palavra “aeróbio”, segundo o site Significados (2017), 
quer dizer "com oxigênio" ou "na presença de oxigênio" e refere-se a tudo que 
necessita de oxigênio para subsistir. A respiração aeróbia ou aeróbica necessita do 
oxigênio (O2), que é usado como agente oxidante e essa propriedade importante 
do O2 é utilizada pelas células para produzir uma forma utilizável de energia e 
converter moléculas de carboidratos, gorduras e proteínas em moléculas de ATP 
(trifosfato de adenosina) e gerar energia (POWERS; HOWLEY, 2005). O ATP é a 
fonte imediata de energia para a contração muscular.
FIGURA 8 – A RESPIRAÇÃO CELULAR
FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=mitocondria&source>. Acesso 
em: 13 fev. 2017.
Observe, caro acadêmico, que estamos buscando alguns conhecimentos 
básicos da Fisiologia nesta parte introdutória. Demos agora um passo atrás, 
praticamente voltamos a conhecimentos do ensino médio somente para relembrar 
que a respiração celular vai ocorrer em uma minúscula organela denomina 
mitocôndria. É lá na mitocôndria, dentro do citoplasma celular, ou, no caso das 
células musculares, o sarcoplasma, ou seja, o meio intracelular, que o O2 vai 
realizar seu papel fundamental e terminar sua jornada que começou quando o 
ar foi inspirado. Na figura anterior, no lado esquerdo podemos ver um esquema 
didático de um músculo, composto por diversas fibras musculares, que por sua 
vez são compostas por miofrilas e filamentos de actina e miosina. Podemos ver 
outras organelas que fazem parte da célula muscular, como o núcleo celular e o 
retículo sarcoplasmático. A mitocôndria pode ser considerada a “usina celular”, 
pois está envolvida na conversão oxidativa de nutrientes em energia celular 
utilizável, o ATP, e existem diversas delas envolvendo a fibra muscular (POWERS; 
HOWLEY, 2005). Lembramos, ainda, que a mitocôndria estará dividida em dois 
espaços distintos o espaço intermembranoso e a matriz mitocondrial. Estes espaços 
estão divididos por uma membrana interna e a mitocôndria é revestida por uma 
membrana externa.
TÓPICO 2 | O TREINAMENTO DAS CAPACIDADES AERÓBIAS E ANAERÓBIAS
27
Importante destacar ainda que é na membrana interna da mitocôndria que 
está localizada a cadeia de transporte de elétrons ou cadeia respiratória. O ciclo 
de Krebs, que está localizado no interior da mitocôndria na matriz mitocondrial, 
juntamente com a cadeia respiratória vai interagir como vias metabólicas 
cooperativas para que ocorra a produção aeróbia de ATP. Esse processo de 
produção de energia é denominado fosforilação oxidativa.
A função primária do ciclo de Krebs (também denominado de ciclo 
do ácido cítrico) é o término da oxidação (remoção de hidrogênio) dos 
carboidratos, das gorduras ou proteínas com a utilização de NAD ou 
FAD como transportadores de hidrogênio (energia). A importância 
da remoção é que os hidrogênios (em virtude dos elétrons que eles 
possuem) contêm a energia potencial das moléculas dos alimentos. Essa 
energia pode ser utilizada na cadeia de transporte de elétrons a fim de 
combinar o ADP + Pi para ressintetizar o ATP. O oxigênio não participa 
das reações do ciclo de Krebs, mas é o aceptor final de hidrogênio no 
fim da cadeia de transporte de elétrons (isto é a água é formada, H2 + O 
= H2O) (POWERS; HOWLEY, 2005, p. 35).
ATENCAO
É preciso destacar aqui uma explicação sobre o que foi dito no texto anteriormente. 
O hidrogênio é removido dos substratos nutricionais nas vias bioenergéticas e transportados 
por “moléculas transportadoras”. Nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD) e flavina 
adenina dinucleotídeo (FAD) são duas importantes moléculas transportadoras (POWERS; 
HOWLEY, 2005).
Observe você na Figura 10 a demonstração de um “zoom” na atividade 
mitocondrial. Neste caso, para efeitos didáticos está demonstrada somente uma 
formação de energia através da glicose ou da via glicolítica. Porém a fosforilação 
oxidativa para a geração de energia de maneira aeróbia inicia com uma molécula 
de dois carbonos chamada acetilcoenzima A ou acetil-CoA. O acetil-CoA pode ser 
formado pela degradação tanto de carboidratos, gorduras ou proteínas e vai passar 
por uma série de reações no ciclo de Krebs o que vai formar CO2, NAD e FAD. A 
NAD e a FAD por sua vez vão transportar os elétrons e os íons de hidrogênio (H+) 
para a cadeia respiratória. É ali, durante os processos da cadeia respiratória, que 
o O2 vai exercer seu papel fundamental na produção de ATP de forma aeróbia, o 
O2 que respiramos entra na mitocôndria e age como receptor de H+ para formar 
H2O que vai sair da célula. O O2 permite que os elétrons continuem passando pela 
cadeia transportadora e que estes processos nãosejam interrompidos, dessa forma, 
enquanto há O2 presente há formação de energia aeróbia (POWERS; HOWLEY, 
2005).
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO
28
FIGURA 9 – O PAPEL DO O
2
 E A FORMAÇÃO AERÓBIA DE ENERGIA
FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=mitocondria&source>. 
Acesso em: 13 fev. 2017.
Se o O2 tem esse importante papel no metabolismo aeróbia, qual é o caminho 
que ele percorre para chegar até a mitocôndria? A partir do ar que respiramos 
como que o O2 chega lá neste momento final de produção de energia que vimos até 
aqui para formar água? 
FONTE: Powers e Howley (2005)
FIGURA 10 – O SISTEMA RESPIRATÓRIO
TÓPICO 2 | O TREINAMENTO DAS CAPACIDADES AERÓBIAS E ANAERÓBIAS
29
O oxigênio vai entrar pelas narinas e passar pela cavidade nasal. Existem 
outros órgãos do sistema respiratório que vão auxiliar a filtrar o ar e transportá-lo 
para o interior dos pulmões, a faringe, laringe, traqueia e a árvore brônquica. O 
sistema respiratório tem como principal objetivo prover um meio de troca gasosa, 
em outras palavras, permitir que um indivíduo possa liberar o CO2 que está 
acumulado no sangue e repor o O2 que está sendo utilizado durante uma tarefa.
A troca de O2 e CO2 entre os pulmões e o sangue ocorre em consequência 
da ventilação e da difusão. O termo ventilação se refere ao processo 
mecânico de mobilização do ar para dentro e para fora dos pulmões. 
Difusão é o movimento aleatório das moléculas de uma área de 
concentração elevada para uma área de menor concentração. Como 
a tensão de O2 nos pulmões é maior do que no sangue, o O2 se move 
daqueles para este. Similarmente a tensão do CO2 no sangue é maior do 
que a tensão do CO2 nos pulmões, consequentemente este se move do 
sangue para os pulmões e é expirado (POWERS; HOWLEY, 2005, p. 35).
Podemos salientar também que a respiração acontece por diferença de 
pressão. Os pulmões são revestidos por uma fina camada chamada pleura. A 
pleura reveste tanto os pulmões como a caixa torácica e o músculo diafragma. A 
pressão na cavidade interna da pleura é menor do que a pressão atmosférica e se 
torna mais baixa ainda durante a inspiração. O diafragma desempenha um papel 
fundamental na mecânica da respiração. Existem outros músculos que participam 
aumentando o volume torácico, mas o diafragma é o principal músculo inspiratório. 
Quando o diafragma se contrai aumenta o espaço torácico e diminui a pressão 
intrapleural e a pressão intrapulmonar fazendo os pulmões se expandirem. Assim, 
a pressão atmosférica, que é maior, faz com que o ar flua para dentro dos pulmões.
FIGURA 11 – A MECÂNICA RESPIRATÓRIA
FONTE: Powers e Howley (2005)
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO
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O caminho do ar, desde a faringe (garganta), no sistema respiratório pode 
ser dividido em duas etapas. Uma zona de condução e uma zona respiratória. 
Como o nome propriamente já diz, a zona de condução inclui todas as estruturas 
que auxiliam na passagem do ar até chegar à zona respiratória, bem como 
umidificam e filtram o ar. Destacamos como estruturas desta zona a traqueia, 
árvore brônquica, os bronquíolos e os bronquíolos terminais. A zona respiratória é 
onde ocorre a troca dos gases propriamente dito. Nesta zona estão os bronquíolos 
respiratórios e os sacos alveolares. A troca gasosa ocorrerá através de pequenas 
estruturas chamadas de alvéolos. Estima-se que a área superficial total de alvéolos 
em um pulmão humano é de mais 60 metros.
FIGURA 12 – O CAMINHO DO OXIGÊNIO
FONTE: Powers e Howley (2005)
Dessa forma, observe, caro acadêmico, que nos alvéolos é onde o O2 entra 
na corrente sanguínea para seguir sua jornada até o músculo. Ressalto que esta 
troca ocorrerá por diferença de pressão e, dessa forma, o CO2 deixa a corrente 
sanguínea e é expirado. Grande parte do O2 que seguirá caminho para o organismo 
recebe uma “carona”, ou seja, ele é conduzido pelas artérias. A molécula que vai ser 
responsável por dar essa “carona”, de conduzir a maior parte (aproximadamente 
99%) do O2 que entra na circulação sanguínea é a hemoglobina. Perceba na figura 
anterior que o O2 ligado à hemoglobina vai seguir para o coração e depois é 
bombeado juntamente com o sangue para o restante do corpo.
TÓPICO 2 | O TREINAMENTO DAS CAPACIDADES AERÓBIAS E ANAERÓBIAS
31
A rota segue então com o O2 ligado à hemoglobina, passando pela veia 
pulmonar até o átrio esquerdo no coração, e depois para o ventrículo esquerdo 
que vai enviar a hemoglobina através da aorta para o restante do corpo. O O2 é 
necessário em todas as outras partes do corpo, principalmente no tecido cerebral, 
mas para o nosso contexto aqui, do treinamento, o destino final do O2 é o tecido 
muscular. No entanto, para chegar ao destino final o O2 precisa fazer uma 
“baldeação” podemos assim dizer, ele vai deixar sua ‘carona’ com a hemoglobina 
para pegar uma nova ‘carona’, agora num trecho menor, com a mioglobina. A 
mioglobina é uma proteína que se encontra no músculo esquelético e cardíaco, 
mas não é encontrada no sangue. O papel dela é pegar o O2 que está chegando à 
membrana da célula muscular e levá-lo para o interior das mitocôndrias. Como 
dito anteriormente, é lá no músculo que o O2 vai agir auxiliando na produção de 
energia em forma de ATP de maneira aeróbia. Dito tudo isto, acreditamos agora, 
caro acadêmico, que conseguiremos entender melhor a aptidão aeróbia e as 
possibilidades de desenvolvimento desta.
IMPORTANT
E
Resumindo o que foi visto até o momento sobre a aptidão aeróbia, destacamos 
que precisamos ter claro em mente que a formação de energia de forma oxidativa é dependente 
da disponibilidade de O2. Com O2 disponível para o tecido celular, mais especificamente em 
nosso contexto no músculo, a formação de energia aeróbia vai ocorrer na mitocôndria com 
o ciclo de Krebs e a cadeia respiratória participando efetivamente desse processo. A produção 
de energia aeróbia pode ocorrer utilizando as diferentes formas de substratos energéticos, 
gordura, carboidrato e proteína, em maior ou menor grau dependendo da intensidade e da 
duração do exercício.
3 O DESENVOLVIMENTO DA APTIDÃO AERÓBIA
Agora, caro acadêmico, vamos pensar em aspectos um pouco mais práticos 
relacionados à aptidão aeróbia. Esta qualidade física pode ser dividida em dois 
aspectos, a capacidade aeróbia e a potência aeróbia. A capacidade aeróbia está 
relacionada à resistência de um indivíduo (ou seja, o organismo deste) em sustentar 
esforços físicos por um longo período de tempo. Em outras palavras, podemos 
dizer que está relacionada à produção de energia aeróbia de maneira predominante 
com a mínima participação do metabolismo anaeróbio, a capacidade do organismo 
produzir energia através das vias oxidativas.
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO
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FIGURA 13 – EVENTOS DE LONGA DURAÇÃO
FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=maratona&source>. Acesso em: 
13 fev. 2017.
Num aspecto mais prático podemos pensar, por exemplo, que os esforços 
físicos que são caracterizados pela sustentação por um longo período de tempo e 
dessa forma em intensidades mais baixas. Esse tipo de exercício exigirá uma alta 
resistência dos indivíduos em realizar tais tarefas, tais como a maratona, triátlon e 
maratonas aquáticas. Considere que, para conseguir sustentar tal tipo de exercício 
um indivíduo terá que realizá-lo em uma intensidade relativamente mais baixa, 
e esse é um ponto importante para entendermos do funcionamento das vias de 
produção de energia, intensidade e duração sempre estão em direção opostas e 
uma precisará diminuir para a outra aumentar. Assim, dependendo desta relação 
a participação aeróbia para a produção de energia vai ser maior ou menor.
Podemos observar então que os eventos de longa duração são dependentes 
da capacidade de o metabolismo produzir energia de maneira aeróbia. Neste tipo 
de esforços indivíduos realizarão o exercício por um longo período de tempo, ou 
seja, horas, e em baixa intensidade, 50% ou menos da

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