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padrão de respostas da discursiva semana 30 (PGE-SE 2017)

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Prévia do material em texto

LICENCIAMENTO AMBIENTAL (PGE-SE 2017) 
 
*APA. 
*Infração ambiental. 
*Unidade de Conservação (zona de amortecimento). 
 
 
 
DOUTRINA LEGISLAÇÃO JURISPRUDÊNCIA IMPORTANTE 
_____ x ______ 
“ (...) o art. 2.º 
da Resolução 
CONAMA 
001/1986 expõe 
o rol (não 
taxativo) de 
atividades para 
as quais é 
exigível a 
apresentação de 
EIA (...)” 
_______ Art. 25 da Lei 
n.º 9.985/2000; 
 
art. 10 da Lei n.º 
6.938/1981; 
 
 art. 20 da LC 
n.º 140/2011; 
 
art. 225, § 1.º, 
inc. IV da CF; 
 
art. 2.º da 
Resolução 
CONAMA 
001/1986. 
_____________ 
 
 
Questão 01 
 
Determinado proprietário de terras, depois de instalar um empreendimento 
— modesta criação de animais silvestres de pequeno porte para o abate e 
consumo humano — no entorno de uma área de proteção ambiental, foi 
autuado por órgão fiscal ambiental, que argumentou estar o produtor rural 
 
 
 
 
desenvolvendo atividade econômica em imóvel localizado na zona de 
amortecimento daquela unidade de conservação, o que é vedado. 
 
Considerando a situação hipotética apresentada acima e a legislação 
pertinente sobre o assunto, elabore um texto dissertativo, respondendo, de 
modo fundamentado, aos seguintes questionamentos. 
 
 1 Há base legal para que subsista a autuação imposta ao proprietário com o 
fundamento utilizado pelo órgão de fiscalização ambiental? [valor: 4,75 
pontos] 
 
2 Dada a natureza do empreendimento, seriam necessárias a obtenção de 
licenciamento ambiental prévio e a apresentação de estudo de impacto 
ambiental? [valor: 9,50 pontos] 
 
 
 
PADRÃO DE RESPOSTA CESPE: 
 
1 A autuação não possui fundamento legal, por força do disposto no art. 25 
da Lei n.º 9.985/2000, que determina a obrigação de as unidades de 
conservação possuírem uma zona de amortecimento, com exceção da área 
de proteção ambiental e da reserva particular do patrimônio natural. Assim, 
para a referida unidade de conservação, não existe zona de amortecimento, 
razão pela qual fica sem fundamento a autuação. 
 
2 É necessária a obtenção de prévio licenciamento ambiental, conforme 
disciplina o art. 10 da Lei n.º 6.938/1981 (ou art. 20 da Lei n.º 140/2011, 
que alterou o art. 10 da Lei n.º 6.938/1981), uma vez que a atividade utiliza 
recursos ambientais e(ou) é capaz de causar degradação ambiental. 
 
 A exigência de apresentação de estudo de impacto ambiental (EIA) é 
providência que só deve ocorrer quando a atividade puder causar 
significativa degradação ambiental (art. 225, § 1.º, inc. IV da CF – apesar 
de meramente elucidativa, o art. 2.º da Resolução CONAMA 001/1986 
expõe o rol (não taxativo) de atividades para as quais é exigível a 
apresentação de EIA), o que não é o caso da hipótese descrita. 
 
COMPLEMENTAÇÃO 
 
*Dispositivos legais citados pelo espelho: 
 
 
**Art. 2º da Resolução 01/1986 CONAMA. Dependerá de elaboração de 
 
 
 
 
estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto ambiental - 
RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e 
do SEMA em caráter supletivo, o licenciamento de atividades 
modificadoras do meio ambiente, tais como: 
 
I - Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento; 
 
II - Ferrovias; 
 
III - Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos; 
 
IV - Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1, artigo 48, do Decreto-
Lei nº 32, de 18.11.66; 
 
V - Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de 
esgotos sanitários 
; 
VI - Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV; 
 
VII - Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: 
barragem para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou de 
irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação, 
retificação de cursos d'água, abertura de barras e embocaduras, 
transposição de bacias, diques; 
 
VIII - Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão); 
 
IX - Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de 
Mineração; 
 
X - Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou 
perigosos; 
 
Xl - Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia 
primária, acima de 10MW; 
 
XII - Complexo e unidades industriais e agro-industriais (petroquímicos, 
siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo 
de recursos hídricos); 
 
XIII - Distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI; 
 
XIV - Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 
 
 
 
 
100 hectares ou menores, quando atingir áreas significativas em termos 
percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental; 
 
XV - Projetos urbanísticos, acima de 100ha. ou em áreas consideradas de 
relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos municipais e 
estaduais competentes; 
 
XVI - Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade 
superior a dez toneladas por dia. 
 
**Art. 25 da Lei 9.985/2000. As unidades de conservação, exceto Área de 
Proteção Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural, devem 
possuir uma zona de amortecimento e, quando conveniente, corredores 
ecológicos.(Regulamento) 
 
 
 **Art. 10 da Lei 6.938/1981. A construção, instalação, ampliação e 
funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos 
ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer 
forma, de causar degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento 
ambiental. (Redação dada pela Lei Complementar nº 140, 
de 2011) 
 
§ 1o Os pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva concessão 
serão publicados no jornal oficial, bem como em periódico regional ou 
local de grande circulação, ou em meio eletrônico de comunicação mantido 
pelo órgão ambiental competente. (Redação dada pela Lei 
Complementar nº 140, de 2011) 
 
 **Art. 225 da CF. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de 
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e 
preservá- lo para as presentes e futuras gerações. 
 
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: 
 
 
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade 
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, 
estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará 
publicidade; (Regulamento) 
 
*Dispositivos legais pertinentes: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4340.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp140.htm#art20
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp140.htm#art20
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp140.htm#art20
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp140.htm#art20
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11105.htm
 
 
 
 
**Art. 2o da Lei 9.985/2000. Para os fins previstos nesta Lei, entende-se 
por: 
 
I - unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, 
incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, 
legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e 
limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam 
garantias adequadas de proteção; 
 
XVIII - zona de amortecimento: o entorno de uma unidade de conservação, 
onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, 
com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade; 
 
**Art. 15 da Lei 9.985/2000. A Área de Proteção Ambiental é uma área 
em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de 
atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente 
importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações 
humanas, e tem como objetivosbásicos proteger a diversidade biológica, 
disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso 
dos recursos naturais.(Regulamento) 
 
§ 1o A Área de Proteção Ambiental é constituída por terras públicas ou 
privadas. 
 
§ 2o Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas 
normas e restrições para a utilização de uma propriedade privada localizada 
em uma Área de Proteção Ambiental. 
 
§ 3o As condições para a realização de pesquisa científica e visitação 
pública nas áreas sob domínio público serão estabelecidas pelo órgão 
gestor da unidade. 
 
§ 4o Nas áreas sob propriedade privada, cabe ao proprietário estabelecer as 
condições para pesquisa e visitação pelo público, observadas as exigências 
e restrições legais. 
 
§ 5o A Área de Proteção Ambiental disporá de um Conselho presidido pelo 
órgão responsável por sua administração e constituído por representantes 
dos órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e da população 
residente, conforme se dispuser no regulamento desta Lei. 
 
 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4340.htm
 
 
 
 
. 
**Tabelas @magis2toga: 
 
 
. 
 
LICENCIAMENTO AMBIENTAL 
 
Licença Prévia (LP) 
Concedida na fase preliminar do 
planejamento do empreendimento 
ou atividade aprovando sua 
localização e concepção, atestando 
a viabilidade ambiental e 
estabelecendo os requisitos básicos 
e condicionantes a serem atendidos 
nas próximas fases de sua 
implementação 
Prazo de validade de até 05 
anos 
Licença de Instalação (LI) Autoriza a instalação do 
empreendimento ou atividade de 
acordo com as especificações 
constantes dos planos, programas e 
projetos aprovados, incluindo as 
medidas de controle ambiental e 
demais condicionantes, da qual 
constituem motivo determinante 
Prazo de validade de até 06 
anos 
 
Licença de Operação (LO) 
Autoriza a operação da atividade ou 
empreendimento, após a verificação 
do efetivo cumprimento do que 
consta das licenças anteriores, com 
as medidas de controle ambiental e 
condicionantes determinados para a 
operação. 
Prazo de validade que varia 
entre 04 e 10 anos 
 
 
 
 
Licença Simplificada Poderão ser estabelecidos 
procedimentos simplificados 
para as atividades e 
empreendimentos de pequeno 
potencial de impacto 
ambiental, que deverão ser 
aprovados pelos respectivos 
Conselhos de Meio Ambiente 
RENOVAÇÃO DO LICENCIAMENTO 
A renovação de licenças ambientais deve ser requerida com 
antecedência mínima de 120 dias da expiração de seu prazo de 
validade, fixado na respectiva licença, ficando este automaticamente 
prorrogado até a manifestação definitiva do órgão ambiental 
competente. 
 
@magis2toga 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AÇÃO SUPLETIVA DOS 
ENTES FEDERATIVOS 
AÇÃO SUBSIDIÁRIA DOS 
ENTES FEDERATIVOS 
Art. 15. Os entes federativos 
devem atuar em caráter supletivo 
nas ações administrativas de 
licenciamento e na autorização 
ambiental, nas seguintes 
hipóteses: 
I – inexistindo órgão ambiental 
capacitado ou conselho de meio 
ambiente no Estado ou no 
Distrito Federal, a União deve 
desempenhar as ações 
 Art. 16. A ação administrativa 
subsidiária dos entes federativos dar-
se-á por meio de apoio técnico, 
científico, administrativo ou 
financeiro, sem prejuízo de outras 
formas de cooperação. 
Parágrafo único. A ação subsidiária 
deve ser solicitada pelo ente 
originariamente detentor da 
atribuição nos termos desta Lei 
 
 
 
 
administrativas estaduais ou 
distritais até a sua criação; 
II – inexistindo órgão ambiental 
capacitado ou conselho de meio 
ambiente no Município, o Estado 
deve desempenhar as ações 
administrativas municipais até a 
sua criação; e 
III – inexistindo órgão ambiental 
capacitado ou conselho de meio 
ambiente no Estado e no 
Município, a União deve 
desempenhar as ações 
administrativas até a sua criação 
em um daqueles entes 
federativos. 
Complementar. 
 
 
 
 
 
 
@magis2toga 
 
 
 
*Material E3C online (apoio prova oral MPE-PB): 
. 
Repartição de Competência em Matéria Ambiental 
 
Segundo a maioria dos doutrinadores brasileiros, a repartição de 
competências é o tema mais controvertido de Dir. Ambiental, pelos seguintes 
motivos: 
 a) pela primeira vez, nossa Constituição (de 1988) distinguiu, em 
matéria ambiental, competências administrativas e legislativas (anteriormente 
quem legislava era quem tinha o poder de atuar); 
b) a CR/88, ao estabelecer referidas competências, estabeleceu rol de 
competências tanto comuns (administrativas) quanto concorrentes 
(legislativas), sem fixar, com segurança, onde começa e termina a atuação de 
cada ente, gerando superposição de competências; 
c) o legislador constituinte utilizou-se de conceitos jurídicos 
indeterminados como “interesse local” e “normas gerais”, bem como a 
 
 
 
 
doutrina e a jurisprudência também os utiliza, sem definir precisamente seu 
conteúdo, a exemplo do que seria “predominância de interesse”; 
d) os bens tutelados pelo Dir. Ambiental têm natureza difusa, cabendo a 
todos (Poder Público e coletividade) sua proteção; 
 e) apenas 23 anos após a vigência da CR/88 houve a promulgação da Lei 
Complementar que regulamenta a repartição de competências administrativas 
em matéria ambiental que, por sua vez, já está sendo impugnada no Supremo 
por supostas inconstitucionalidades, confirmando, assim, as controvérsias a 
respeito. 
A repartição da competências nas Federações é matéria reservada à 
Constituição, sendo emanação direta da própria estruturação do Estado 
Federal, caracterizado pela divisão do poder político em diversas esferas, 
notadamente no Brasil onde o Município é ente federativo. 
 Para José Afonso da Silva, “competência é a faculdade juridicamente 
atribuída a uma entidade, ou a um órgão ou agente do Poder Público para 
emitir decisões. Competências são as diversas modalidades de poder de que se 
servem os órgãos ou entidades para realizar suas funções”. 
O que norteia a repartição de competências é a predominância do 
interesse, segundo o qual caberá à União aquelas matérias de predominante 
interesse geral, nacional, ou regional (quando ultrapassem mais de um 
Estado), ao passo que aos Estados tocarão as matérias e assuntos de 
predominante interesse regional (rectius: estadual), e aos Municípios os 
predominantes interesses locais. 
 Assim, Terence Dornelles Trennepohl aconselha que, “diante da dúvida 
em responder um quesito sobre competência, verifique sempre a qual ente da 
federação é mais condizente a defesa do meio ambiente em questão. Metade 
da questão estará respondida!”. 
A Constituição de 88 busca o equilíbrio federativo (Federalismo 
cooperativo) através de uma repartição de poderes que se fundamenta na 
técnica da enumeração de poderes da União, dos poderes remanescentes para 
os Estados e poderes definidos indicativamente para os Municípios. Também 
verificamos áreas comuns de atuação paralela e setores concorrentes entre 
União e Estados, em que se outorga à primeira as normas gerais e aos últimos 
as normas específicas (CR, art. 24, §§ 1º e 2º), bem como, e ainda, 
suplementação pela legislação municipal nos casos de interesse local (CR, art. 
30, I e II). Assim, nos artigos 21 e 23 da CR (artigos ímpares) temos as 
competências administrativas, enquanto que nos arts. 22 e 24 (artigos pares) 
temos as competências legislativas. 
 
 
 
 
 
Competência Legislativa 
 A CR/88 atribuiu competência legislativa concorrente sobre assuntos do 
meio ambiente à União, aos Estados e ao Distrito Federal, conforme dispõe o 
art. 24, VI e VII, sendo que à União caberá legislar sobre normas gerais, 
enquanto os Estados e DF deverão suplementar essas normas. 
A concorrência ensejaa possibilidade de iniciativa na área da legislação 
ambiental para os Estados e DF se a União se mantiver inerte. Entretanto, essa 
competência, chamada “plena” (chamada também de COMPETÊNCIA 
SUPLETIVA), não pode exorbitar da peculiaridade ou interesse do próprio 
Estado (limite qualitativo) e terá que se ajustar ao disposto em norma federal 
superveniente (limite temporal), a qual suspenderá a legislação estadual no 
que for incompatível. 
 A competência concorrente poderá exercer-se não só quanto à 
elaboração de leis, mas de decretos, resoluções e portarias. Aos Municípios 
também é atribuída competência legislativa, porém ela é suplementar 
supletiva, determinando o art. 30, II, competir a eles suplementar a legislação 
federal e a estadual no que couber. 
Em suma: 
 À União cabe a fixação de pisos mínimos de proteção ao meio ambiente, 
enquanto aos Estados, DF e Municípios, atendendo aos interesses regionais e 
locais, a de um “teto” de proteção. 
Assim, os Estados, DF e Municípios JAMAIS PODERÃO LEGISLAR 
DE MODO A OFERECER MENOS PROTEÇÃO AO MEIO 
AMBIENTE DO QUE A UNIÃO, nas normas que forem nacionais, e não 
nas federais. 
 Pode-se concluir que a competência legislativa em matéria ambiental 
estará sempre privilegiando a maior e mais efetiva preservação do meio 
ambiente, independentemente do ente político que a realize, porquanto todos 
receberam da Carta Constitucional aludida competência. 
Sobre o tema, sem contrariar a Constituição: 
Lei nº 6.938/81 
 Art. 6º [...] 
 
 
 
 
 § 1º Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de sua 
jurisdição, elaborarão normas supletivas e complementares e padrões 
relacionados com o meio ambiente, observados os que forem estabelecidos 
pelo CONAMA. 
 § 2º Os Municípios, observadas as normas e os padrões federais e 
estaduais, também poderão elaborar as normas mencionadas no parágrafo 
anterior. 
 
Competência Material 
 
Competência material é a competência administrativa propriamente dita, 
que atribui a uma esfera de poder o direito de fiscalizar e impor sanções em 
caso de descumprimento da lei. 
 Em regra, o policiamento de determinada atividade é da atribuição da 
pessoa de Direito Público interno dotada de competência legislativa sobre a 
mesma. Contudo, observa Terence Dornelles, que “a Constituição atribuiu, 
pela primeira vez, separadamente, competências administrativas, as quais 
eram, até então, automaticamente incluídas nas competências legislativas 
correspondentes. 
(...) Depois da entrada em vigor do art. 23, qualquer ente público tem 
competência para aplicar a legislação ambiental, ainda que a norma não tenha 
sido de autoria do ente que a aplica. O art. 23, VI e VII, da CR dispõe que os 
três níveis da federação têm competência para tomar medidas em prol da 
defesa do meio ambiente, da flora e fauna, contra poluição etc., ficando agora 
ao critério das prefeituras executar também normas federais ou estaduais, 
quando necessário”. 
A proteção do meio ambiente está adaptada à competência material 
comum, ou seja, é atribuída a todos os entes federados que, em pé de 
igualdade, exercem-na, sem, todavia, excluir a do outro, porquanto 
cumulativa. É prevista no art. 23 da CR/8813. Por vezes, o fato de a 
competência ser comum a todos os entes federados poderá tornar difícil a 
tarefa de discernir qual norma administrativa será a mais adequada a uma 
determinada situação. 
 Os critérios que deverão ser verificados para tal análise são: 
1. O critério da predominância do interesse; 
 
 
 
 
2. O critério da colaboração ou cooperação entre os entes federados, 
conforme prevê o p. único do art. 23. 
Desse modo, deve-se buscar, como regra, privilegiar a norma que atenda 
de forma mais efetiva ao interesse comum. 
 A Lei complementar prevista no art. 23, p. único da CR/88, deve ter 
como fundamento a mútua ajuda dos entes federados. Essa lei não visa e não 
pode visar à diminuição da autonomia desses entes, despojando-os de 
prerrogativas e de iniciativas que constitucionalmente possuem, ainda que não 
as exerçam, por falta de meios ou de conscientização política. Essa Lei 
Complementar foi editada (LC nº 140/11). 
Os trabalhos de proteção e cooperação relativos ao meio ambiente já vêm 
sendo feitos conjuntamente pelos órgãos federais e estaduais com a 
formulação do SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente, concebido 
pela Lei nº 6.938/8115. 
 O CONAMA, através da Resolução nº 237/97, procurou partilhar a 
competência ambiental administrativa, dispondo sobre o licenciamento 
ambiental a ser feito pelo IBAMA (art. 4º), estabelecendo as competências dos 
Estados e DF (art. 5º), determinando a área de competência dos Municípios 
(art. 6º) e estabelecendo que os empreendimentos e atividades serão 
licenciados em um nível de competência (art. 7º). 
Sobre a atuação do CONAMA em matéria de licenciamento, há o 
preceito no art. 8º, I da Lei nº 6.938/81, que diz que compete ao CONAMA “I 
- estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o 
licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser 
concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA”. 
O inciso é claro, mostrando que instituir normas e critérios para o 
licenciamento não se confunde com atribuir competência aos entes federados, 
verificando-se explícita invasão de competência e quebra de hierarquia 
administrativa, acarretando vício de inconstitucionalidade e ilegalidade aos 
artigos da resolução supra citada. Leis infraconstitucionais não podem repartir 
ou atribuir competências, a não ser que a própria Constituição da República 
tenha previsto essa situação, como fez expressamente no art. 23, p. único, 
quando previu que a competência comum estabelecendo normas de 
cooperação será objeto de lei complementar. 
A Lei Complementar nº 140/11 
Nesse item não será feita análise aprofundada de cada dispositivo da lei, 
o que é feito no curso desse resumo. Apenas tratarei de questões mais 
polêmicas e estruturais. 
 
 
 
 
A Lei Complementar 140, consagrando o federalismo cooperativo, em 
atendimento ao disposto no parágrafo único do art. 23 da CR/88, veio fixar 
normas, para ações administrativas decorrentes do exercício da competência 
comum de TODOS OS ENTES DA FEDERAÇÃO relativas à proteção das 
paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à 
poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e 
da flora (são alguns dos incisos do art. 23 que tratam de matéria ambiental). 
Há muito essa Lei era esperada, justamente por ser o tema certamente o 
mais controvertido e gerador de conflitos no Direito ambiental, pelas razões já 
expostas no início do resumo. Importante ressaltar que referida LC está sendo 
impugnada por meio de Ação Direta de Inconstitucionalidade no STF – ADI 
4757 – proposta em abril de 2012 e pendente de julgamento. 
Eis os principais argumentos da ADI: 
a) A LC deveria apenas prever mecanismos de cooperação, nos termos 
do parágrafo único do art. 23 da CR, mas, ao invés, estabeleceu competências 
privativas, impedindo a atuação dos órgãos federais, que antes era irrestrita. 
 b) A segregação das atribuições seria tão grande que afetaria a própria 
competência comum. Assim, agride o art. 225, CR, que impõe que a proteção 
do meio ambiente é dever do Poder Público (o que abrangeria todos os entes). 
 c) Atribuem-se poderes normativos irrestritos à Comissão Tripartite, que 
poderá impor obrigações e deveres por meio de “proposição”, fixando direitos 
e deveres sem previsão legal, violando o art. 5º e inc. II e art. 37 da CR. 
A titularidade da ADI é da Associação dos Servidores do IBAMA. As 
atribuições do CONAMA foram reduzidas substancialmente, tendo esse 
Conselho perdido poder. Surge, assumindo parte de suas atribuições, a 
Comissão Tripartite Nacional. 
Destaca-se, ainda, a escassez de material sobre o assunto, já que – além 
da recenticidade daLei –, como ainda não houve manifestação do Supremo 
sobre a ADI, muitos autores ainda não atualizaram suas obras. 
A LC 140 traz considerável mudança em relação ao licenciamento 
ambiental. 
Vejamos. O art. 10 da Lei nº 6.938/81 estabelecia de forma ampla e 
irrestrita a atuação do IBAMA, mesmo indicando em alguns pontos que essa 
atuação seria supletiva. Essa atuação supletiva era mais entendida como 
“complementar” do que suplementar. Ou seja, os agentes do Instituto sempre 
entenderam que cabia ao IBAMA, órgão licenciador federal, complementar a 
 
 
 
 
atuação estadual ou municipal em matéria de licenciamento ambiental sempre 
que se entendesse necessário ou conveniente. 
Ademais, previa o § 2º do citado artigo que o CONAMA poderia fixar as 
hipóteses em que o licenciamento dos demais órgãos estaria sujeito à 
homologação da Autarquia Federal. Já o § 1º do art. 11 previa que a 
fiscalização e controle da qualidade ambiental seriam exercidos pelo IBAMA, 
em caráter supletivo da atuação do órgão estadual e municipal competentes. 
Tais disposições faziam com que o órgão federal fosse visto por muitos 
como Corregedor dos demais órgãos ambientais, o que não se pode mais 
deduzir depois das mudanças perpetradas pela Lei Complementar. 
A LC 140, dando nova redação ao art. 10 da Lei 6.938/81, retirou toda e 
qualquer menção ao IBAMA e sua atuação supletiva. Além disso, conceituou 
ação supletiva como aquela que SUBSTITUI o ente competente, dispondo, 
ainda, que só caberá essa ação supletiva no caso de inexistência ou 
incapacidade técnica do órgão ambiental competente, inexistência do conselho 
de meio ambiente no ente federado ou decurso do prazo de licenciamento sem 
a expedição da licença pelo ente competente (arts. 14 e 15 da LC 140). 
Ressaltou, ainda, a nova legislação, que o licenciamento ambiental será 
feito apenas por um único ente federativo. Ou seja, há o claro intuito de 
“desfederalizar” em muitos casos o licenciamento ambiental. Por outro lado, o 
§ 4º do art. 10 da Lei nº 6.938/81 previa a competência do IBAMA para 
licenciar sempre que as atividades e obras tivessem significativo impacto 
ambiental, de âmbito nacional ou regional. 
O licenciamento ambiental seguia a lógica da predominância do 
interesse. Tal critério mudou, com a revogação do § 4º. Segundo a Orientação 
Jurídica Normativa (OJN) nº 33/2012, da Procuradoria Federal do IBAMA, de 
26/04/2012, a LC 140 acolheu, em regra, a localização como critério para 
definição do órgão competente. 
 Assim, se os impactos ambientais de um empreendimento ultrapassar os 
limites estaduais, mas o empreendimento estiver localizado integralmente no 
interior de um único Estado, seu licenciamento ambiental será de competência 
do órgão estadual, e não do IBAMA, como acontecia anteriormente. Ao lado 
do critério geográfico, em relação à União, temos ainda o critério da atividade 
(para atividade militar e com energia nuclear) e uma via aberta, que é a 
definição por ato do Poder Executivo Federal segundo proposta do Conselho 
Tripartite. 
 Dessa forma, o critério que era subjetivo (abrangência do impacto 
ambiental) passou a ser, via de regra, objetivo (localização do 
 
 
 
 
empreendimento ou atividade). O aumento da segurança jurídica sobre o tema 
foi significativo. 
O Ibama não terá mais competência para licenciar empreendimento 
apenas em razão da abrangência do seu impacto ambiental. No momento, 
ainda que atividade tenha potencial poluidor de âmbito nacional ou regional, o 
Ibama não será competente para licenciar, a não ser que esteja configurada 
uma das hipóteses previstas nas alíneas do inciso XIV do art. 7º, que 
estabelece apenas critério de localização e de tipo de atividade. 
 Para o licenciamento ambiental, ao lado do critério da predominância do 
interesse, que era informado pelo critério da abrangência do impacto 
ambiental (se o impacto era local, o interesse também o seria, e assim 
sucessivamente...), havia também, segundo alguns autores, o critério da 
dominialidade do bem (se bem federal, seria do IBAMA a competência para 
licenciar) e, ainda, o critério supletivo, previsto apenas para a entidade federal. 
Como vimos, desapareceu o critério genérico da predominância do interesse 
pela abrangência do impacto (apenas se pode considerar objetivamente os 
casos dispostos no art. 7º da LC, que, em sua maioria, são informados pela 
localização geográfica do empreendimento). 
Em relação ao critério da dominialidade, acreditamos que ele não foi 
adotado em nenhum momento, conforme julgados citados abaixo mais adiante 
(na verdade, doutrina minoritária defendia esse critério). No que se refere à 
supletividade, veremos que houve a restrição da atuação supletiva, reservada 
apenas para os casos expressamente previstos. 
 Nada impede, porém, que ato do poder executivo federal, por proposta 
da Comissão Tripartite, adote os mesmos ou outros critérios para atividades 
não previstas expressamente na LC, adotando, por exemplo, o critério da 
predominância do interesse para outras atividades. Por fim, o STJ e alguns 
regionais já se manifestaram no sentido de que a dominialidade (titularidade 
do bem) não é critério definidor da competência para o licenciamento 
ambiental (STJ, Resp. 2003/0159754-SC; TRF5, AC 327.022; TRF1, AG 
2007.01.00.000782-5/BA). 
Contudo, em matéria de impugnação judicial de licenciamento por outro 
ente, o critério da dominialidade é utilizado como parâmetro para definição da 
legitimidade ativa da União e do IBAMA, notadamente em ações civis 
públicas que possuem como fundamento possíveis ilegalidades no 
licenciamento ambiental, insuficiência da atuação do órgão estadual de meio 
ambiente ou dano a bem de domínio da União (REsp 769753 / SC) 
Referida Lei modifica também o entendimento que vinha sendo adotado 
acerca da imposição de multas. Pelo art. 70, §§ 1º e 3º, da Lei 9.605/98, todos 
os entes federados seriam competentes para lavrar autos de infração em 
 
 
 
 
matéria ambiental. Para evitar a duplicidade de punição pelo mesmo fato (já 
que todos eram considerados competentes para lavrar o auto) e eventual 
conflito de atribuições entre os entes, existiam alguns dispositivos que 
estabeleciam regras definidoras de competência, entre os quais o art. 14, I e § 
2º da Lei nº 6.938/81 e art. 76 da Lei nº 9.605/98. Este último artigo reza que 
o pagamento da multa imposta pelos Estados, Municípios ou DF substitui a 
multa federal. 
Agora não é mais assim: prevalece, em caso de dupla lavratura de auto de 
infração, a multa do órgão ambiental competente. Cabe observar uma 
distinção dentro da competência material realizada pela doutrina e 
jurisprudência entre (1) competência de licenciar e (2) competência de 
fiscalizar. A LC adotou essa sistemática. 
 Notícia veiculada no Informativo 392 do STJ explica a diferença: 
“IBAMA. FISCALIZAÇÃO. OMISSÃO. ORGÃO ESTADUAL. O 
nosso pacto federativo atribuiu competência aos entes da Federação para a 
proteção do meio ambiente, o que se dá mediante o poder de polícia 
administrativa (art. 78 do CTN). Esse poder envolve vários aspectos, entre 
eles, o poder de permitir o desempenho de certa atividade (desde que acorde 
com as determinações normativas) e de sancionar as condutas contrárias à 
norma. Anote-se que a contrariedade à norma pode ser anterior ou 
superveniente à outorga da licença, portanto a aplicação da sanção não está 
necessariamente vinculada àquele ato administrativo. Isso posto, não há que se 
confundir a competência do Ibama de licenciar (caput do art. 10 da Lei n. 
6.938/1981) com sua competência para fiscalizar (§ 3º do mesmo artigo). 
Assim, diante da omissão do órgão estadual de fiscalização, mesmo que 
outorgante da licença ambiental, o Ibama pode exercer seu poder de polícia 
administrativa, quanto mais se a atividade desenvolvida pode causar dano 
ambiental em bem da União. Precedente citado: REsp 588.022-SC, DJ 
5/4/2004. AgRgno REsp 711.405-PR, Rel. Min. Humberto Martins, julgado 
em 28/4/2009.” 
Ou seja, apenas o ente competente tem a atribuição de lavrar o auto, mas 
todos podem fiscalizar. Entretanto, havendo perigo iminente ou atual ao meio 
ambiente os demais entes federados estão autorizados a agir cautelarmente 
e/ou existindo omissão e inércia do ente originalmente atribuído da 
competência para licenciar, fica o ente diverso autorizado a agir com base no 
poder de polícia, fiscalizando o particular e tomando medidas cabíveis (a lei 
não estabelece que medidas seriam essas). Contudo, existe uma questão que 
tem intrigado quem se debruça sobre a LC 140. 
O caput do art. 17 diz que só o ente competente pode lavrar auto de 
infração (para aplicação de multa, por exemplo). Porém, o § 3° do mesmo 
artigo afirma que todos os entes podem fiscalizar e, em caso de dupla multa, 
 
 
 
 
prevalecerá o auto de infração lavrado pelo órgão que detenha a atribuição de 
licenciar. 
 Quer dizer, ao disciplinar que todos podem fiscalizar e que prevalecerá o 
auto do ente competente, está admitindo a possibilidade de dupla lavratura de 
auto. Com a nova disciplina dada pela LC 140/11, houve a ampliação da mens 
legis do art. 76 da Lei nº 9.605/98 e do parágrafo único do art. 12 do Decreto 
nº 6.514/08, prevalecendo para a mesma infração ambiental todo o auto de 
infração do ente competente, abarcando quaisquer sanções previstas no art. 72 
da Lei 9.605/98 e não apenas a sanção única da multa estadual ou municipal 
(o art. 76 só dizia que o pagamento da multa municipal ou estadual substituía 
a multa Federal). Eis as demais infrações possíveis, que agora podem ser 
substituídas de acordo com auto de infração do ente competente: 
“Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes 
sanções, observado o disposto no art. 6º: I - advertência; II - multa simples; III 
- multa diária; IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e 
flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza 
utilizados na infração; V - destruição ou inutilização do produto; VI - 
suspensão de venda e fabricação do produto; VII - embargo de obra ou 
atividade; VIII - demolição de obra; IX - suspensão parcial ou total de 
atividades; X - (VETADO) XI - restritiva de direitos.” 
Igualmente, houve a previsão de situação não abarcada pela literalidade 
do aludido art. 76: a possibilidade de um auto federal posterior substituir um 
auto estadual ou municipal, desde que o ente competente para o licenciamento 
ambiental seja a União Federal. 
 Havia também entendimentos que afirmam que o pagamento da multa 
municipal ou estadual, sendo menor que a federal, não impedia a cobrança da 
diferença em relação à multa federal. 
 De todo modo, a LC 140/11 veio a disciplinar o assunto de uma forma 
mais técnica, corrigindo lacunas nas diversas leis, decretos e resoluções, 
sepultando de vez a tese de que a multa estadual apenas substituiria a federal 
até o limite de seu valor. Assim, mesmo que a multa federal seja maior, se o 
ente competente para licenciar for estadual ou mesmo municipal, a multa 
desses últimos prevalecerá mesmo que menor, não cabendo a cobrança de 
quaisquer diferenças em relação à multa federal. 
 Por outro lado, previu a possibilidade de atuação do órgão federal no 
caso de incapacidade técnica do Município e, concomitantemente, do Estado, 
bem como o poder de fiscalizar e tomar “outras medidas”. 
 Como visto, a LC só se aplica para empreendimento futuros. Entretanto, 
havendo necessidade de licenciamento corretivo, em caso de mudança da 
 
 
 
 
titularidade da competência, o órgão competente doravante é quem cuidará do 
licenciamento. 
Observação final: a Lei fala ainda que a competência para fiscalizar e 
controlar a atividade é do ente a quem for cometida a atribuição de licenciar 
ou autorizar. O licenciamento envolve estudo de impacto ambiental, enquanto 
que a autorização é para atividades simples como, por exemplo, o corte de 
uma árvore. 
 MAIORES MÉRITOS DA LC 140: 
- Enfim, após 23 anos da CR/88 instituiu a repartição de competências 
ambientais. 
 - Procura, conforme objetivo expresso da lei, harmonizar as políticas e 
ações administrativas para evitar a sobreposição de atuação entre os entes 
federativos, de forma a evitar conflitos de atribuições e garantir uma atuação 
administrativa eficiente; 
- Estabeleceu que as atividades e empreendimentos serão licenciados por 
apenas um ente federativo. - sepultou de vez entendimento de parte da 
doutrina que afirmava não ter o município competência para licenciar (tal 
posição era fruto da interpretação do art. 10 da Lei 6.938/81, que tornou 
obrigatório o licenciamento ambiental, que previa apenas o licenciamento por 
órgãos estaduais e federais – outra parte da doutrina justifica a não previsão à 
época, da competência municipal, em razão de o município só ter sido alçado 
à condição de ente federativo em 1988). 
Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto 
Ambiental (RIMA) 
Os estudos de impacto ambiental foram previstos na Convenção das 
Nações Unidas para o Meio Ambiente – Declaração do Rio de Janeiro /92, no 
princípio 17: 
A avaliação de impacto ambiental, como instrumento nacional, deve ser 
empreendida para as atividades planejadas que possam vir a ter impacto 
negativo considerável sobre o meio ambiente, e que dependam de uma decisão 
de autoridade nacional competente. 
Estudos ambientais são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos 
ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de 
uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise 
da licença requerida. 
 
 
 
 
 Impacto ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, 
químicas e/ou biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de 
matéria ou energia humana que, direta ou indiretamente, afetem: 
a) A saúde, segurança e bem estar da população; 
b) As atividades sociais e econômicas; 
c) A biota; 
d) As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; 
e) A qualidade dos recursos ambientais. 
 Conceito de EIA/RIMA 
 – Fundamentos Constitucionais e Históricos 
Trata-se de instrumentos formais que precedem a licença ambiental, dela 
fazendo parte, sendo de inteira responsabilidade do interessado no 
empreendimento a sua elaboração, assim como os custos, sempre que 
pretender realizar alguma das atividades para cujo exercício a lei os exija. 
No caso brasileiro existe, como regra, a obrigatoriedade do prévio estudo 
de impacto ambiental para a implantação de projetos potencial ou 
efetivamente poluidores. 
 Tal exigência encontra-se prevista no art. 225, § 1º da CRFB. Todavia, a 
experiência jurídica nacional demonstra que a norma constitucional tem 
suscitado muitas dúvidas e divergências no que se refere à sua correta 
compreensão. 
Sabe-se, outrossim, que a constitucionalização dos Estudos de Impacto 
Ambiental não foi acompanhada de uma legislação ordinária apta a 
concretizar a determinação constitucional no plano da prática diária 
administrativa. 
Em verdade, a norma constitucional é considerada aberta e necessita que 
o Poder Executivo defina os parâmetros e critérios capazes de estabelecer, 
com certa margem de segurança, qual é o conceito de atividade que efetiva ou 
potencialmente possa ser causadora de significativa degradação ambiental. 
Atualmente, com a finalidade de suprir eventual lacuna legislativa, a matéria 
encontra-se regulada por resoluções administrativas do CONAMA. 
 
 
 
 
No ano de 1972 realizava-se a Conferência de Estocolmo que, apesar da 
inexistência de obrigatoriedade para os países participantes, trouxe uma série 
de influências. 
 Para o Brasil, pode-se dizer que, a partir da referida Conferência, 
constatou-se o início de uma legislação moderna e engajada na proteção ao 
meio ambiente. Durante este período, já na década de70, a história da 
legislação nacional dava conta do surgimento do estudo de impacto ambiental, 
que teria vindo à lume através da edição do Decreto-Lei nº 1.413/75. 
Já a partir deste novel conjunto de leis, as empresas que tencionassem 
instalar seus parques industriais deveriam, primeiramente, providenciar 
equipamentos capazes de diminuir ou impedir a poluição produzida por suas 
atividades 
. Neste ponto, o vetusto Decreto reclamava uma avaliação ou estudo dos 
impactos ambientais que pudessem atingir o meio ambiente a ser explorado. 
Para as empresas que já estivessem em operação, o Decreto em questão 
presumia que estas observassem a nova legislação, o que não impedia 
fiscalização do empreendimento. Além disso, para as empresas instaladas que 
não estivessem cumprindo com o DL, far-se-ia necessária adequação à nova 
ordem normativa. 
De fato, toda a legislação posterior ao DL 1.413 de 1975 cuidava de 
impedir ou reconhecer o “direito de poluir”, sendo, portanto, sensível à 
realidade jurídica da época, no sentido de que as mudanças ocorreriam de 
forma gradual. 
A Lei nº 6.938/81 representou, em certa medida, uma mudança 
qualitativa no sistema legal de proteção ambiental, pois buscou criar um 
sistema estruturado e organicamente coerente de medidas a serem adotadas 
para o alcance dos objetivos fixados já a partir do DL 1.413 de 1975. 
Vale lembrar que a Lei nº 6.938/1981 elevou a Avaliação de Impacto 
Ambiental (AIA) à categoria de instrumento da Política Nacional do Meio 
Ambiente (PNMA). 
 Outrossim, é importante ressaltar que, mesmo com a Lei nº 6.938/1981, 
os arts. 9º e 10º da Lei nº 6.803/1980 ainda continuam em vigor, eis que 
completamente coerentes com a Lei nº 6.938 de 1981. No que tocam às 
avaliações de estudo de impacto ambiental, temos que a resolução mais 
importante é a número 1, de 23 de janeiro de 1986 (alterada pela de nº 
237/97). 
 
 
 
 
 Esta Resolução buscou dar uma regulamentação, a mais completa 
possível, sobre o assunto, muito embora diversos assuntos pertinentes ao tema 
remanescessem carentes. 
A mais importante de todas as inovações operadas diz respeito ao fato de 
resolução 1/1986 ter inovado no instituto definido pelo art. 9º, III da Lei 
6.938/1981, pois a Avaliação de Estudo de Impacto Ambiental era efetivada 
através da realização de EIA e dos respectivos Relatórios de Impacto 
Ambiental – RIMA. Posteriormente, a denominação Estudo de Impacto 
Ambiental acabou se popularizando. 
Hoje, bem se sabe que a exigência de estudos de impacto ambiental, ou 
de qualquer outra forma de avaliação de impacto ambiental, é medida 
tipicamente administrativa e, portanto, praticada pelo Poder Executivo. 
Além disso, a Avaliação de Impacto Ambiental – AIA coloca-se como 
mecanismo de realização do desenvolvimento sustentável. Mas afinal, o que é 
a AIA? Tendo em vista que qualquer projeto de desenvolvimento interfere no 
meio ambiente, mas, igualmente, sendo certo que o crescimento 
socioeconômico é um imperativo, deve haver mecanismos que conciliem tais 
fatores, minimizando os impactos ecológicos negativos. 
Um desses mecanismos é a AIA. Importante não incidir no equívoco 
reducionista de entender a AIA como apenas o EIA. A AIA pode ser 
implementada tanto para projetos que envolvam execução física de obras e 
processo de transformação como para políticas e planos que contemplem 
diretrizes programáticas, limitadas ao campo das ideias, neste caso 
denominada Avaliação Ambiental Estratégica. 
Já o EIA é apenas uma ferramenta do licenciamento ambiental. Nos 
termos da Resolução CONAMA nº 237/9716, A AIA, POR ELA 
DENOMINADA DE “ESTUDOS AMBIENTAIS”, É GÊNERO DO QUAL 
SÃO ESPÉCIES TODOS OS ESTUDOS PARA ANÁLISE DA LICENÇA 
AMBIENTAL, TAIS COMO: relatório ambiental, plano e projeto de controle 
ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de 
manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco. 
Essas outras espécies de Estudos Ambientais (ou AIAs), poderão ser 
requisitadas na hipótese de não se exigir o EIA. 
 Estudo de Impacto Ambiental – EIA 
O EIA é um dos instrumentos da PNMA, previsto no art. 225, § 1º, IV, 
CR/88 e no art. 9º, III, da PNMA. A PNMA concedeu ao CONAMA a 
competência de estabelecer normas e critérios para o licenciamento (e não 
licenciar) de atividade efetiva ou potencialmente poluidora. Não invade a 
 
 
 
 
competência dos Estados o estabelecimento dessas normas, desde que gerais, 
já que a competência para legislar sobre meio ambiente é concorrente. 
Esse órgão assim o fez, por meio da Resolução CONAMA 001/86 – a 
qual regulamenta o EIA, sendo exigido como condição de licenciamento em 
obras, atividades ou empreendimentos potencialmente causadores de 
significativa degradação ambiental. 
O EIA pode ser definido como a análise prévia das prováveis 
modificações ambientais em decorrência da implantação de uma obra ou 
atividade potencialmente nociva. 
 Entretanto, existe outro conceito trazido pela Resolução nº 1/86 do 
CONAMA, anotando que é o estudo (procedimento administrativo) que visa a 
antecipar “qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas 
do meio ambiente, que, direta ou indiretamente, afetem a saúde, segurança e o 
bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as 
condições estéticas e sanitárias do meio ambiente, e a qualidade dos recursos 
ambientais”, com o escopo de permitir seja verificada a viabilidade ambiental 
de obra ou atividade potencialmente causadora de degradação, bem assim as 
medidas mitigatórias que deverão ser adotadas visando à redução do 
mencionado impacto. 
 Ou ainda: é um mecanismo administrativo preventivo e obrigatório de 
planejamento visando à preservação da qualidade ambiental. Possui natureza 
jurídica de pré-procedimento administrativo, vinculado ao licenciamento 
ambiental, de natureza constitucional (CR, art. 225, § 1º, IV), destinado a 
avaliar impactos e definir medidas mitigadoras e/ou compensatórias pela 
introdução de atividade significativamente degradante. 
O EIA é feito antes da concessão da licença prévia, como uma condição à 
expedição desta. O caráter do EIA é preventivo e obrigatório. A CR exige o 
estudo prévio de impacto ambiental para as atividades potencialmente 
poluidoras. É norma de caráter absoluto, que não comporta exceção (STF, 
ADI 1.086/SC). 
O EIA deve: 
 a) Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente 
afetada pelos impactos do projeto; 
 b) Considerar os planos e programas governamentais, propostos e em 
implantação na área de influência do projeto, e sua compatibilidade; 
c) Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização do 
projeto, confrontando-as com a hipótese de não executar o projeto; 
 
 
 
 
 d) Identificar e avaliar os impactos ambientais do projeto; 
e) Apresentar estudos detalhados da área em que o projeto será instalado; 
f) Indicar as medidas para corrigir os impactos ambientais desfavoráveis; 
g) Demonstrar como serão distribuídos socialmente os ônus e os 
benefícios do projeto. 
 Lembrar que o art. 69-A da Lei nº 9.605/98 estabelece que é crime 
apresentar ou elaborar, no licenciamento ambiental, laudo ou relatório 
ambiental falso ou enganoso, seja total ou parcialmente, inclusive por 
omissão. 
 Relatório de Impacto no Meio Ambiente – RIMA 
Já o RIMA é o documento final que reúne os dados do EIA, apresentado 
ao órgão ou entidade de meio ambiente, geralmente do Estado-membro no 
qual se localiza/se pretende localizar a atividade. Por ser documento final, 
deve ser elaborado após encerrado o EIA. 
Ele sistematiza os estudos realizados, trazendo de forma concatenada 
todas as informações obtidas, as discussões da equipe multidisciplinar, suas 
conclusões e as propostas decorrentes dos levantamentos efetuados na fase de 
estudo, inclusive quanto a “alternativas tecnológicas e de localização do 
projeto”.Ele deverá conter as conclusões deste e demonstrar, no mínimo: 
a) Os objetivos e justificativas do projeto; 
b) A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e 
operação da atividade; 
 c) A descrição dos efeitos esperados das medidas mitigadoras etc. 
Atividades que exigem o EIA/RIMA 
 
 O art. 2° da Resolução nº 1/86 estabelece o rol das atividades ou obras 
cujo licenciamento não prescindem da realização do EIA. 
Paulo de Barros defende que “somente para as atividades expressamente 
enumeradas pelo CONAMA podem tais instrumentos ser exigidos, face a 
sujeição da Administração Pública ao princípio da legalidade”. 
 
 
 
 
Entretanto, esse parece não ser (e não é) o melhor entendimento. Essa 
Resolução estabeleceu, na verdade, um mínimo obrigatório, que pode ser 
ampliado, jamais reduzido. 
Há, nessas atividades abaixo listadas, verdadeira presunção absoluta17 de 
que são potencialmente causadoras de significativa degradação do meio 
ambiente. Assim, poderão todos os entes aumentar este rol em suas 
legislações. Entretanto, o que não pode, acredito, é haver a imposição da 
realização do EIA sem expressa previsão normativa que o determine. 
 Serão exigidos tanto para obras públicas quanto particulares. São as 
seguintes as hipóteses EXEMPLIFICATIVAS de exigência: 
a) Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento; 
b) Ferrovias; 
c) Portos e terminais de minérios, petróleo e produtos químicos; 
d) Aeroportos; 
 e) Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de 
esgotos sanitários; 
f) Linhas de transmissão de energia elétrica acima de 230 kW; 
g) Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos; 
 h) Extração de combustíveis fósseis; 
i) Extração de minérios; 
j) Usinas de geração de eletricidade; 
 k) Aterros sanitários; 
l) Complexo e unidades industriais e agroindustriais; 
m) Distritos industriais; 
n) Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100 
ha; 
o) Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade superior 
a 10 toneladas por dia; 
p) Projetos agropecuários que contemple áreas acima de 1.000 ha; 
 
 
 
 
q) Instalações nucleares, centrais nucleares e outros reatores nucleares. 
Competência para análise do EIA/RIMA 
A competência para traçar regras básicas para a realização do EIA/RIMA 
é, como visto, do CONAMA. 
O ente público responsável pela exigência do EIA/RIMA será aquele 
responsável pelo licenciamento ambiental da atividade. 
No estado federativo, “o ponto fundamental que deve ser considerado é 
que o licenciamento é basicamente uma atividade a ser exercida pelo Poder 
Público estadual. 
As autoridades federais somente podem atuar em casos definidos ou 
supletivamente à autoridade estadual. 
Os Municípios poderão complementar, no que couber, as exigências dos 
órgãos estaduais para atender necessidades locais” (Paulo de Bessa Antunes. 
Direito Ambiental. 2ª ed. Lúmen Júris, 1998). Um dos critérios primordiais 
que foi estabelecido para o licenciamento e análise do EIA/RIMA é o da área 
de influência direta do projeto. 
A atribuição administrativa de analisar o EIA/RIMA será dada de acordo 
com as atribuições conferidas nos arts. 8º a 9º da LC nº 140/11. Nesse sentido: 
Art. 13. Os empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados, 
ambientalmente, por um único ente federativo, em conformidade com as 
atribuições estabelecidas nos termos desta Lei Complementar. 
§ 1º Os demais entes federativos interessados podem manifestar-se ao 
órgão responsável pela licença ou autorização, de maneira não vinculante, 
respeitados os prazos e procedimentos do licenciamento ambiental. 
 § 2º A supressão de vegetação decorrente de licenciamentos ambientais 
é autorizada pelo ente federativo licenciador. 
§ 3º Os valores alusivos às taxas de licenciamento ambiental e outros 
serviços afins devem guardar relação de proporcionalidade com o custo e a 
complexidade do serviço prestado pelo ente federativo. 
Art. 14. Os órgãos licenciadores devem observar os prazos estabelecidos 
para tramitação dos processos de licenciamento. 
§ 1º As exigências de complementação oriundas da análise do 
empreendimento ou atividade devem ser comunicadas pela autoridade 
 
 
 
 
licenciadora de uma única vez ao empreendedor, ressalvadas aquelas 
decorrentes de fatos novos. 
§ 2º As exigências de complementação de informações, documentos ou 
estudos feitas pela autoridade licenciadora suspendem o prazo de aprovação, 
que continua a fluir após o seu atendimento integral pelo empreendedor. 
 § 3º O decurso dos prazos de licenciamento, sem a emissão da licença 
ambiental, não implica emissão tácita nem autoriza a prática de ato que dela 
dependa ou decorra, mas instaura a competência supletiva referida no art. 15. 
§ 4º A renovação de licenças ambientais deve ser requerida com 
antecedência mínima de 120 (cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de 
validade, fixado na respectiva licença, ficando este automaticamente 
prorrogado até a manifestação definitiva do órgão ambiental competente. 
Dispensa do EIA/RIMA e Relatório Ambiental Simplificado 
 
 A Constituição da República não oferece qualquer margem de 
discricionariedade para se dispensar o EIA/RIMA em casos de obra ou 
atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio 
ambiente. 
Qualquer lei ou ato administrativo que assim dispuser será fatalmente 
inquinado de vício de inconstitucionalidade, por excepcionar onde o 
constituinte não o fez. 
 Quanto ao tema, importante trazer importante esclarecimento 
doutrinário: 
“Empreendedores e Administração Pública têm na relação do art. 2º da 
Resolução 1/86-CONAMA a indicação constitucional de atividades que 
podem provocar significativa degradação do meio ambiente [...] A Resolução 
1/86 do CONAMA, na realidade, estabeleceu um mínimo obrigatório, que 
pode ser ampliado, mas jamais reduzido. Há verdadeira presunção absoluta de 
que as atividades previstas na referida resolução são potencialmente 
causadoras de significativa degradação do meio ambiente” (MACHADO, 
Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 18ª Ed. revi. atual. e ampl. 
São Paulo: Malheiros, 2010, p. 239-240) 
Veja, no entanto, que se o empreendimento não for potencialmente 
causador de significativo impacto ambiental, caberá à Administração 
determinar se será necessário ou não o EIA/RIMA. 
 
 
 
 
 Nesse sentido: Resolução CONAMA nº 237/1997: 
Art. 3º- A licença ambiental para empreendimentos e atividades 
consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa 
degradação do meio dependerá de prévio estudo de impacto ambiental e 
respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA), ao qual 
dar-se-á publicidade, garantida a realização de audiências públicas, quando 
couber, de acordo com a regulamentação. 
 Parágrafo único. O órgão ambiental competente, verificando que a 
atividade ou empreendimento não é potencialmente causador de significativa 
degradação do meio ambiente, definirá os estudos ambientais pertinentes ao 
respectivo processo de licenciamento. 
Assim, quando o empreendedor solicitar o licenciamento, o órgão 
ambiental pode: 
1) flexibilizar a sequência desse licenciamento e, 
2) flexibilizar a exigência dos estudos ambientais, se contentando com o 
relatório ambiental simplificado, porque a atividade não é potencialmente 
causadora de significativa degradação ambiental. 
Procedimento 
Inicialmente, o empreendedor realiza uma consulta ao órgão ambiental, o 
qual emite instruções normativas e termo de referência, que deverá conter os 
itens a serem observados para a elaboração do EIA/RIMA; o empreendedor, 
então, licita, contrata ou providencia a realização do EIA/RIMA; o EIA/RIMA 
é elaborado por equipe multidisciplinar; o empreendedor submete os estudos 
ao órgão ambiental; aceitos os estudos e o relatório, o órgão os colocaà 
disposição do público, designando a audiência pública; realizada a audiência, 
o órgão ambiental elabora a Ata, finaliza a análise do EIA/RIMA e emite o 
parecer técnico; após, o órgão ambiental faz exigências, concedendo ou 
negando a licença ambiental. 
Publicidade e Audiências Públicas 
 Deve ser dada publicidade ao EIA e ao RIMA, por disposição 
constitucional. Entretanto, a publicidade deve dar o devido respeito às 
matérias de sigilo industrial; não obstante, cabe ao requerente invocar e 
demonstrar que o sigilo deve ser preservado. 
De acordo com a Resolução nº 1/86 do CONAMA, qualquer interessado 
poderá obter cópia desses instrumentos. Já as audiências públicas visam a 
permitir a participação de terceiros no processo de licenciamento ambiental, 
 
 
 
 
os quais poderão apresentar dúvidas/críticas/sugestões acerca do projeto 
apresentado, além de ser um instrumento de publicização do processo. Nem 
sempre elas ocorrerão 
. Elas serão obrigatórias apenas se previstas na lei do ente ou se ocorrer 
as seguintes hipóteses previstas na Resolução nº 9/87, do CONAMA: 
 a) Requeridas pelo Ministério Público; 
 b) Requerida por entidade civil com assento no Conselho Estadual do 
Meio Ambiente – COSEMA; 
 c) Solicitada por mais de 50 cidadãos (e não pessoas). 
Vinculação ao EIA/RIMA 
 A realização do EIA/RIMA NÃO CONFERE DIREITO AO 
DEFERIMENTO DA LICENÇA ao empreendedor por parte dos órgãos 
técnicos, já que é apenas uma etapa no processo de licenciamento da obra ou 
atividade. 
As conclusões do EIA não vinculam o órgão ambiental. Isso é óbvio, já 
que o EIA/RIMA é elaborado no interesse do empreendedor que solicita a 
licença. O que é vinculativo é sua feitura, nas hipóteses em que a lei ou a 
Administração o exigirem. 
O objetivo do estudo é orientar a decisão da Administração e informá-la 
sobre as consequências ambientais de um determinado empreendimento. Para 
acolher ou deixar de acolher as diretrizes do EIA/RIMA, o órgão ambiental 
deverá fundamentar a sua decisão. 
Não se exige do órgão ambiental que faça um estudo de impacto paralelo 
ou um contraestudo, mas que aprecie em profundidade o estudo do impacto 
apresentado. 
 Certo é que o EIA/RIMA não pode vincular a Administração, já que ele 
será elaborado pelo particular, em interesse próprio. Ele é apenas subsídio 
para a análise pelo órgão competente, que deve cuidar de seu teor, verificando 
se realmente confere com a realidade e tomando as conclusões sobre o 
licenciamento prévio do empreendimento. 
O EIA atua no plano da motivação do ato administrativo relativo ao 
licenciamento. Assim, sempre que o administrador decidir de maneira 
divorciada da solução proposta no EIA, ele deverá motivar a decisão e expor 
as razões que o levaram a optar por outra solução. Essa motivação poderá ser 
examinada pelo Judiciário. 
 
 
 
 
ENTRETANTO, CASO O EIA/RIMA SEJA APROVADO PELO 
ÓRGÃO AMBIENTAL COMPETENTE, SERÁ OBRIGATÓRIA A 
EXPEDIÇÃO DA LICENÇA AMBIENTAL. 
 Cabe somente à Administração fixar o prazo para se manifestar sobre o 
EIA/RIMA, o qual, em qualquer caso, será contado a partir de seu 
recebimento pelo órgão competente. 
 EIA/RIMA e Estudo de Impacto de Vizinhança – EIV 
O Estatuto da Cidade introduziu na legislação federal o chamado Estudo 
de Impacto de Vizinhança (EIV), com vistas a analisar os impactos na 
qualidade de vida da população do entorno que possam advir de 
EMPREENDIMENTOS URBANOS. 
O EIV, embora guarde semelhança com o EIA/RIMA, com ele não se 
confunde. Aquele tem a finalidade de verificar o impacto do empreendimento 
no Município, como o aumento do trânsito, a valorização/desvalorização 
urbana etc. Já o segundo busca aferir o impacto no meio ambiente. A lei 
municipal deverá estabelecer quais empreendimentos precisarão do EIV para 
obter as licenças de construção, ampliação ou funcionamento. Ele será 
obrigatório, sendo condição para a obtenção do alvará de construção. Logo, 
somente se pode exigir EIV se houver lei municipal que o preveja. 
. 
**DIVERSOS: 
. 
O QUE SE ENTENDE SOBRE FUNÇÃO PLURIFUNCIONAL 
DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL? 
 
O licenciamento ambiental é plurifuncional, pois se presta a diversas 
funções: 
 a) objetiva o controle de atividades potencialmente poluentes; 
 b) operacionaliza os princípios da precaução, prevenção e poluidor-
pagador; 
c) impõe medidas mitigadoras e compensatórias para a degradação 
ambiental; 
 
 
 
 
d) possibilita inserir determinada atividade na programação e 
planificação do desenvolvimento econômico nacional, regional ou local; e 
e) instrumento de direito econômico, pois importa no planejamento e 
na tomada de decisões sobre o que preservar e o que degradar. 
O QUE É O EIA E QUAIS SUAS CONDICIONANTES? QUAL É 
SUA NATUREZA JURÍDICA? 
 EIA é “um estudo das prováveis modificações nas diversas 
características socioeconômicas e biofísicas do meio ambiente que podem 
resultar de um projeto proposto”. 
O estudo afere se os benefícios sociais oriundos do projeto se 
sobrepõem aos danos ambientais que serão causados. 
Natureza jurídica: 
 Trata-se de procedimento administrativo preventivo, cujo objeto é 
antever os eventuais efeitos prejudiciais ao meio ambiente que poderão ser 
causados pela implementação de uma obra ou atividade potencialmente 
degradatória, permitindo a adoção de medidas mitigadoras ou 
compensatórias dos danos dela decorrente. 
O EIA está sujeito a três condicionantes (T-C-M): 
Transparência administrativa – o EPIA é divulgado publicamente, 
respeitado o sigilo industrial; 
Consulta aos interessados – possibilidade de efetiva participação e 
fiscalização da atividade administrativa por parte da comunidade, que pode 
exprimir suas dúvidas e preocupações; 
 Motivação da decisão ambiental – quando a Administração opta por 
uma das alternativas apontadas pelo EPIA que não seja ambientalmente a 
melhor, ou quando deixa de determinar sua elaboração por inexistência de 
“significativa degradação”, deve fundamentar sua decisão, inclusive para 
possibilitar seu questionamento futuro perante o Judiciário. 
. 
**Mais (E3C): 
. 
 
 
 
 
Unidades de Uso Sustentável 
 
Trata-se de UC’s cujo objetivo básico é compatibilizar a conservação 
da natureza com o uso sustentável de PARCELA dos seus recursos 
naturais. 
 Mais explicitamente, visam a conciliar a exploração do ambiente à 
garantia da perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos 
ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de 
forma socialmente justa e economicamente viável. 
Tem clara ligação com o princípio do desenvolvimento sustentável. 
Classificam-se nesse grupo as seguintes categorias: 
Art. 14. Constituem o Grupo das Unidades de Uso Sustentável as 
seguintes categorias de unidade de conservação: 
I - Área de Proteção Ambiental; 
II - Área de Relevante Interesse Ecológico; 
III - Floresta Nacional; 
IV - Reserva Extrativista; 
 V - Reserva de Fauna; 
VI – Reserva de Desenvolvimento Sustentável; e 
VII - Reserva Particular do Patrimônio Natural. 
 
 Área de Proteção Ambiental (APA): 
Segundo o art. 15, é uma área em geral extensa, com um certo grau de 
ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou 
culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar 
das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a 
diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a 
sustentabilidade do uso dos recursos naturais. 
 
 
 
 
A APA é constituída por terras públicas ou privadas, podendo ser 
estabelecidas normas e restrições para a utilização das propriedades 
privadas, respeitados os limites constitucionais. As APAS, por 
prescindirem de desapropriação de áreas particulares para sua 
implementação, são as mais comuns entre as UC’s. Lembrar que nela 
podem ser cultivados OGMs, desde que observando as regras da CTNBio. 
Elasnão possuem corredores ecológicos e nem zonas de amortecimento.

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