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ANUÁRIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA EM NUTRIÇÃO VEGETAL2020 Empresas anunciantes é Agrocete ANUÁRIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA EM NUTRIÇÃO VEGETAL2020 Expediente Abisolo Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal CONSELHO DELIBERATIVO Clorialdo Roberto Levrero Presidente Gustavo Branco Vice-presidente Fernando Carvalho Oliveira – Conselheiro Marcelo Luiz Marino Santos – Conselheiro Alessandro Olinda de Souza Mesquita – Conselheiro Gustavo dos Reis Vasques – Conselheiro Sérgio Mariuzzo – Conselheiro Anderson Luis Schaefer – Conselheiro Guilherme S. de Almeida – Suplente do Conselho Deliberativo Vandre Silva – Suplente do Conselho Deliberativo CONSELHO CONSULTIVO E FISCAL Francisco Guilherme Romanini – Conselheiro Marina Silva – Conselheira Roberto Bosco – Conselheiro Antônio R. de Figueiredo – Suplente do Conselho Consultivo e Fiscal CONSULTORES TÉCNICOS Luiz Antônio Pinazza Consultor Política/Institucional José Carlos Olivieri Consultor do Programa Interlaboratorial Marcos Yassuo Kamogawa Consultor do Programa Interlaboratorial Kátia Goldshmidt Beltrame Consultora Técnica de Fertilizantes de Matriz Orgânica Moacir Beltrame Consultor Técnico - Meio Ambiente Fernanda Latanze Mendes Rodrigues Coordenadora do Programa Interlaboratorial Irani Gomide Filho Consultor para a Área Regulatória – MAPA DIRETORIA EXECUTIVA Alexandre D’Angelo - Gerente Executivo José Alberto Nunes da Silva - Secretário Executivo Kleber Nichi - Analista de Marketing Maria Cristina Duvaizem Moura - Analista Admin. Financeiro Projeto Gráfico Finco Comunicação Endereço Abisolo: Av. Paulista, 726 - Ed. Palácio 5a Avenida, Conjunto 1.307, Bela Vista | São Paulo/SP • abisolo@abisolo.com.br 6o Anuário Brasileiro das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal - 2020. Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução, desde que citada a fonte. www.abisolo.com.br Anúncio-Abisolo-210x275mm-001390-6.indd 1 25/03/2020 12:50 10 14 15 33 76 86 100 125 Palavra do Presidente Capítulo 1 Tecnologia em Nutrição Vegetal Capítulo 2 Marco Regulatório do Setor de Tecnologia em Nutrição Vegetal Capítulo 3 Fornecedores da Indústria de Tecnologia em Nutrição Vegetal Capítulo 5 Guia de mercado Capítulo 4 O Mercado de Tecnologia em Nutrição Vegetal Introdução A Abisolo Índice 10 Palavra do Presidente Clorialdo Roberto Levrero DESAFIOS E SUPERAÇÃO – Duas palavras sempre presentes na história do Agro e do Brasil. Na edição passada deste nosso Anuário relatamos o clima de esperança dos Brasileiros no novo Governo e a expectativa de todos na chegada de dias melhores. A formação de um Ministério mais técnico nas áreas estratégicas, comprometido com as mudanças estruturais que o Brasil tanto precisa, seria fundamental para resgatar a confiança e promover o retorno do consumo e dos investimentos. Quebrar a inércia e superar os tempos de recessão e de pessimismo era o grande desafio. De lá para cá as políticas públicas avançaram – nem todas é verdade, mas mais uma vez o Agronegócio Brasileiro – incluído ai os segmentos que a Abisolo representa, se superou. É importante frisar que a capacidade econômica e técnica do Agro resulta de um papel coletivo composto pelas empresas de insumos, máquinas, instituições de pesquisa e por toda cadeia agroindustrial. Com a pratica da agropecuária mais sustentável do planeta, esses atores da cadeia produtiva zelam em manter o seu propósito de garantir a segurança alimentar nacional e global. Com suas graves implicações e consequências econômicas e sociais, nos deparamos com a surpresa recente do alastramento da pandemia do Covid-19. Neste momento turbulento, cabe refletirmos sobre a dependência e convivência do ser humano em sociedade. É imprescindível considerar os ensinamentos sobre a ressonância dos nossos atos, não importa o grau de poder, de cultura ou de riqueza de cada um. Esta crise certamente deixará um rastro de tristeza e impactos econômicos marcantes. Unidos, iremos superá- los. Mas não podemos desconsiderar as oportunidades emergentes desse processo árduo e difícil. Uma delas é a superação de um velho desafio do Agro: o da Comunicação. Hoje, mais do que nunca, os brasileiros tem conhecimento dos recordes sucessivos da produção agropecuária e da sua relevância para a segurança alimentar do mundo. Mas ainda existe um grande desconhecimento a respeito da tecnologia sustentável e sofisticada aplicada para conseguir esses resultados. Sabemos que as dúvidas e os questionamentos muitas vezes estão relacionados à circulação de informações distorcidas, muitas vezes construídas com base na ignorância dos fatos e às vezes, fundamentadas por interesses econômicos e/ou corporativos questionáveis. Mas precisamos considerar estas dúvidas como legítimas. Afinal, também somos consumidores e devemos sempre questionar processos que ainda não compreendemos. Chegou a hora de deixarmos de lado as iniciativas individuais. Precisamos coordenar as ações para, juntos, mostrar aos brasileiros e ao mundo o que fazemos, como e porque fazemos. Precisamos divulgar a cartilha do dia-a-dia da grande maioria dos agricultores brasileiros e defender todos os dias que a atividade de produção agropecuária somente terá futuro com a adoção de “Ciência” e de “Boas Práticas” em seus processos produtivos. Aqueles poucos produtores que ainda não perceberam isto, ficarão pelo caminho. E podemos e devemos ir além da questão da “Comunicação”, juntos - entidades que representam toda a cadeia do Agro e o Poder Público, precisamos nos empenhar na construção de um “Plano Estratégico” de longo prazo para o setor, que nos dê as direções corretas para o crescimento de forma cada vez mais sustentável e continuado. Trata-se de uma tarefa de primeira hora, pois a demanda por “Alimentos Seguros” já é parte da realidade atual. Trabalhar no agronegócio é uma honra, mas é acima de tudo uma enorme responsabilidade. Afinal, garantir a segurança alimentar é a melhor forma para promover a paz. Eu acredito que nada na vida é por acaso. A pandemia do COVID–19 que estamos enfrentando agora vai nos deixar os seus ensinamentos. Se o mundo não será mais o mesmo, o Agro também não. Nesta edição do Anuário Abisolo 2020 nos empenhamos para disponibilizar um conteúdo de qualidade, com foco em Tecnologia, Inovação e Inteligência de Mercado. Espero que as informações lhes sejam úteis. Boa Leitura. Clorialdo Roberto Levrero Presidente do Conselho Deliberativo Apoie e divulgue essa iniciativa. UM NOVO DESTINO PARA AS EMBALAGENS VAZIAS DE FERTILIZANTES FOLIARES, ORGANOMINERAIS, ORGÂNICOS, BIOFERTILIZANTES, CONDICIONADORES DE SOLO E SUBSTRATO PARA PLANTAS Você sabia que essas embalagens vazias poderão ser devolvidas a partir de Setembro/2020 nas centrais de recebimento do Sistema Campo Limpo em todo o estado de São Paulo? 12 13 O Brasil não será o mesmo depois da pandemia O Coronavírus é o maior choque das últimas décadas. Espalhou-se rapidamente pelo mundo e é bastante letal. Como no curto prazo não existe nem remédios, nem vacinas que permitam lidar com a doença que se instala, a única recomendação da ciência é reduzir a circulação das pessoas através de uma quarentena em casa, com diferentes graus de intensidade. Este recolhimento produz uma parada súbita na atividade econômica, uma vez que muitas empresas fecham e as pessoas ficam, em sua maior parte, nas suas casas. Esta situação resulta, muito rapidamente, uma forte recessão na economia. Os governos e os Bancos Centrais colocam em prática políticas compensatórias de emergência, através de suporte ao emprego, de distribuição de recursos aos desempregados e de programas de crédito especiais, que busquem dar suporte financeiro às empresas e à atividade econômica. Como já vimos no caso de vários países, após três ou quatro meses, o surto inicial do vírus começa a se reduzir e, cautelosamente,as regras de confinamento começam a ser abrandadas. Neste momento, descobre-se que ficar fechado em casa por um longo período é uma experiência única, que será marcante na vida de todas as pessoas. Estas, quando liberadas, não serão mais exatamente as mesmas e mudarão significativamente. Estas alterações têm três dimensões: enquanto cidadãos, trabalhadores e consumidores. As pessoas, provavelmente, estarão mais próximas de uma vida mais simples e mais natural, que vai afetar, inclusive, o seu estilo de vida e o tipo de alimentos desejados, mais naturais, menos industrializados, orgânicos. Enquanto trabalhadores, muita gente terá aprendido a operar à distância e conhecido muitas técnicas e ferramentas novas, que tendem a elevar a produtividade. Entretanto, muitas pessoas perderão renda, ficarão desempregadas e dependerão por um tempo de mecanismos de transferência de renda. Para este grupo, a demanda de alimentos se voltará para os mais básicos. Ainda na dimensão do trabalho, a pandemia vai levar muitas companhias a adotar técnicas mais automatizadas. Finalmente, o consumidor, além da mudança de hábitos, também está alterando a forma de comprar, entrando firme na direção do e-commerce e dos novos canais de comercialização. As empresas também serão diferentes. Na verdade, muitas sequer sobreviverão à recessão pela qual todos estão passando, inclusive o Brasil, mas as que conseguirem atravessar esse percurso também irão se alterar. José Roberto Mendonça de Barros Economista e Sócio-Diretor da MB Associados O setor mais bem sucedido, até aqui, é, sem dúvida, o agronegócio, o único que deverá crescer em 2020, enquanto indústria e serviços sofrerão pesadas quedas. De fato, a agricultura conseguiu colher uma safra recorde de verão, que pôde ser processada pelo rápido desenvolvimento de protocolos que permitiram aos agricultores, indústrias e cooperativas transformarem os produtos. Estes protocolos iam desde o confinamento dos trabalhadores mais velhos e outros grupos de risco, cuidados especiais com o transporte de funcionários e a redefinição das linhas de produção, de sorte a dar mais distância entre os trabalhadores. Menor velocidade nas linhas, compensada com mais turnos de produção e rígidos protocolos de higiene também foram implantados rapidamente. Mas não apenas nas plantas industriais existiram mudanças, tendo havido muitos trabalhos com as comunidades, melhorando equipamentos de assistência médica. Desta forma, com um eficiente sistema de logística, o abastecimento de um país enorme como o Brasil não sofreu interrupções em lugar nenhum, permitindo que lojas e supermercados pudessem satisfazer as necessidades da população. O mesmo ocorreu com as exportações, onde os embarques foram até acima dos usuais, especialmente, porque o mercado internacional de alimentos está muito comprador, com inúmeros países buscando elevar estoques. Este notável desempenho só foi possível porque o sistema agrícola brasileiro não para de inovar, de sorte a elevar a qualidade, a produtividade e a competitividade do produto nacional. Na verdade, está claro que muitas tecnologias terão sua adoção aceleradas. Agricultura de precisão, utilização de drones, uso da ciência de dados, controle integrado de pragas e avanços na microbiologia e moléculas mais eficientes jogarão papel ainda mais importante e com eles os fertilizantes especiais. O aprendizado que veio com a pandemia também mostrou toda uma gama de serviços à distância que vai ter seu uso crescendo exponencialmente. Isso inclui vendas, assistência técnica, consultas, demonstrações e outras formas de comunicação que permitam um forte grau de relacionamento com os clientes, de forma que estes se sintam especiais, um pouco únicos, independente de seu tamanho. Isto será um grande desafio para todas as empresas, mas que, se vencido, permitirá que uma trajetória ganhadora se consolide ainda mais. Boa sorte a todos! 14 15 Com o objetivo de disponibilizar informações relevantes, visando nortear estratégias e os investimentos na indústria, orientar os consumidores dos produtos e disponibilizar informações que contribuam para a elaboração de políticas públicas, a 6ª edição do Anuário Brasileiro de Tecnologia em Nutrição Vegetal traz os já consolidados capítulos sobre Tecnologia em Nutrição Vegetal, O Novo Panorama Regulatório do Setor, O Autocontrole do Setor de Fertilizantes, informações sobre o Mercado de Tecnologia em Nutrição Vegetal, além de artigos técnicos e científicos assinados por renomados pesquisadores e especialistas. O capítulo A ABISOLO apresenta as principais melhorias implementadas pela associação em 2019, sempre com o objetivo de buscar a valorização e a competitividade da indústria e difundir suas tecnologias. Todas as mudanças foram implementadas a partir das expectativas dos CEO´s das indústrias associadas à Abisolo em reunião de alinhamento, quando foram discutidas propostas para as áreas de Inteligência de Mercado, Melhoria da Qualidade, Marco Regulatório, Difusão de Validação de Tecnologias, Recursos Humanos, Marketing e Comunicação, entre outros temas relevantes. No capítulo 1, apresentamos diversos artigos escritos por renomados profissionais e pesquisadores, que abordam temas de grande relevância para a indústria, para os consumidores e para os stakeholders com interesse no setor. O capítulo 2 aborda as principais mudanças nos processos regulatórios, de gestão e de informação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA que implicam na agilização de processos; na produção e no controle de qualidade dos produtos; na sistematização e transparência dos processos e procedimentos, sempre com ênfase na promoção das “Boas Práticas de Fabricação” no setor de Fertilizantes, Condicionadores de Solo e Substrato para Plantas. O capítulo 3 traz artigos técnicos escritos por alguns fornecedores da Indústria de Tecnologia em Nutrição Vegetal. Temas como Crédito Rural, Adjuvantes e Adubação Orgânica serão abordados neste capítulo. Os resultados da “Pesquisa Nacional 2020” junto às Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal é apresentado no capítulo 4. Dados do mercado em 2019 e as expectativas do setor para 2020 estão ali relatados. Por fim, o último capítulo disponibiliza o Guia de Mercado das Indústrias Brasileiras de Tecnologia em Nutrição Vegetal, onde é possível identificar as informações para acesso às empresas associadas à Abisolo e também às empresas não associadas que contribuíram com a construção dos dados de mercado, participando da “Pesquisa Nacional 2020”. É importante ressaltar que o conteúdo desta publicação está embasado em uma visão imparcial do setor de Tecnologia em Nutrição Vegetal, sem a pretensão de esgotar todos os aspectos relativos aos temas aqui abordados. Estamos sempre à disposição dos leitores para esclarecer qualquer ponto de dúvida ou controvérsia e também para o recebimento de sugestões que nos ajudem a melhorar cada vez mais o conteúdo do nosso Anuário. Boa Leitura Introdução A Abisolo 16 17 Abisolo INFLUÊNCIA POSITIVA NA PRODUÇÃO AGRÍCOLA BRASILEIRA - Os segmentos de mercado representados pela Abisolo têm tido um papel relevante nos resultados de qualidade, produtividade e sustentabilidade da produção agrícola brasileira. O crescimento constante do setor nos últimos anos é resultado da evolução tecnológica dos produtos e, não menos relevante, da qualidade dos serviços prestados pela indústria aos agricultores. O aumento de adoção destas tecnologias por parte dos agricultores é reconhecimento inquestionável do valor que estas tecnologias agregam. E neste cenário, a Abisolo, como entidade representativa do setor precisa estar cada vez melhor estruturada não só para acompanhar este processo, mas para ser parte efetiva da construção de propostas de valor para as indústrias associadas, para os agricultores e para os consumidores da produção. 2019 foi um anode grandes transformações na entidade. A implementação efetiva dos Comitês Temáticos permitiu uma maior participação das indústrias associadas na construção de propostas assertivas visando a valorização e a difusão do setor e de suas tecnologias. COMITÊS EXECUTIVOS - Os Comitês Executivos foram criados em 2018 com o objetivo de promover um maior envolvimento dos executivos das empresas associadas na construção de propostas e projetos que visam a valorização e o desenvolvimento do setor. Objetivos dos Comitês: Apoiar o Conselho Deliberativo na construção de propostas e projetos nas diversas áreas de interesse da nossa indústria: • Inteligência de Mercado • Validação, Difusão e Adoção de Tecnologias • Marcos Regulatórios • Logística Reversa COMITÊ EXECUTIVO ESTATÍSTICAS • Empresas participantes: COMITÊ EXECUTIVO MARCO REGULATÓRIO • Empresas participantes: ÍNDICE DE CONFIANÇA - Na área de “Inteligência de Mercado” mudanças de parametrização e de metodologia, além de investimentos na área de segurança da informação têm permitido a construção de informações cada vez mais consistentes sobre o desenvolvimento e as tendências do nosso mercado. Foi criado o “Índice de Confiança do Setor” que trimestralmente captura a percepção e as expectativas dos executivos do setor sobre questões essenciais para o desenvolvimento do seu negócio. Através de pesquisa qualitativa com os principais gestores das empresas associadas a Abisolo, foram mapeadas 9 questões, qualificadas de 0 a 200 pontos, onde 100 pontos indicam neutralidade, abaixo de 100 apontam insatisfação/ pessimismo e acima de 100 pontos, satisfação/otimismo do setor. COMITÊ EXECUTIVO FERTILIZANTES FOLIARES E BIOFERTILIZANTES • Empresas participantes: COMITÊ EXECUTIVO FERTILIZANTES DE MATRIZ ORGÂNICA E CONDICIONADORES DE SOLO • Empresas participantes: COMITÊ EXECUTIVO LOGÍSTICA REVERSA • Empresas participantes: Concentração da distribuição das respostas com relação as últimas 2 pesquisas 1. Índice de adimplência no último trimestre 2. Expectativa de vendas para os próximos 12 meses. 3. Intenção de investimento em Máquinas, Equipamentos e Infraestrutura para os próximos 12 meses. 4. Intenção de investimentos em Recursos Humanos nos próximos 12 meses. 5. Intenção de investimentos em P & D nos próximos 12 meses. 6. Expectativa de expansão da agricultura nos próximos 12 meses. 7. Índice de confiança nas políticas públicas para os próximos 12 meses. 8. Expectativa de desempenho da economia nos próximos 12 meses. 9. Comportamento das taxas de câmbio nos próximos 12 meses. PESSIMISTAS <100 DEZ/19 19% 19% 62%26% 26% 48% 16% 11% 73%42% 13% 45% 11% 8% 81%29% 19% 52% 3% 11% 86%19% 39% 42% 22% 16% 62%55% 26% 19% 8% 8% 84%87% 0% 13% 27% 49% 24%52% 23% 26% 5% 5% 89%26% 13% 61% 11% 27% 62%35% 23% 42% DEZ/19 DEZ/19ABR/20 ABR/20 ABR/20 NEUTROS =100 OTIMISTAS >100 Fonte: Abisolo Kleber Nota Ajustar logo. (anexo) Kleber Nota Ajustar logo. (anexo) Kleber Nota Ajustar logo. (anexo) 18 MARKETING E COMUNICAÇÃO - A área de Marketing e Comunicação também vem passando por mudanças importantes. Na questão de “Transparência”, aperfeiçoamos a “Área do Associado” em nosso Website onde disponibilizamos para os associados os dados econômicos/financeiros, as atas de reuniões dos diversos foros, de forma que todas as empresas associadas tenham ciência das decisões e projetos implementados e possam fazer críticas e sugestões visando a melhor performance da entidade. Para o público em geral, foi construído um novo website, com muito mais conteúdo e interatividade. ACADEMIA ABISOLO - Criamos a “Academia Abisolo”, com foco na qualificação dos colaboradores das empresas associadas. Os temas abordados são os mais diversos possíveis e buscam sempre atender as demandas das empresas associada. Em 2019, em função das mudanças recentes no marco regulatório do setor, promovemos um “Curso de Atualização de Normas do MAPA”, com duração de dois dias, que contou com a participação de mais de 100 profissionais da área regulatória. O curso foi ministrado por Consultores especializados na área e contou com a participação efetiva de Fiscais Federais do MAPA. Construímos ainda, em parceria com a Esalq o painel “O Profissional do Futuro na Área de Ciências Agrárias”, realizado durante o Esalq Show 2019, que possibilitou a discussão do tema entre executivos do nosso setor, professores, pesquisadores, gestores de renomadas universidades, além de importantes executivos do Agro, com foco na formação dos profissionais da área neste momento de grandes transformações pelo qual passa o Agronegócio Brasileiro. Novo website Abisolo Área do Associado: aperfeiçoamento e transparência. Painel “O Profissional do Futuro na Área de Ciências Agrárias”, no Esalq Show 2019. Uma das turmas do curso de atualização das normas do MAPA promovido pela Abisolo em 2019. PROGRAMA INTERLABORATORIAL - Na área da “Qualidade” nosso “Programa Interlaboratorial – Melhoria Contínua”, que conta com a participação de 53 Laboratórios de Análises Químicas, passou por mudanças estruturais que resultaram em sensível aumento da proficiência dos laboratórios participantes. Este resultado demonstra o compromisso das empresas associadas com a qualidade e segurança dos seus produtos, sempre em benefício dos seus consumidores. Além disto, será implementado em 2020 o “Programa de Ensaio de Proficiência para Acreditação” e o “Programa Interlaboratorial para Material de Referência Certificado”. Os novos programas permitirão às empresas associadas participantes a obtenção de certificação dos seus laboratórios por instituições nacionais e internacionais. Técnicos participantes do Progama Interlaboratorial Abisolo Treinamento Programa Interlaboratorial Reunião Técnica Programa Interlaboratorial 20 SIMPÓSIOS E EVENTOS - Na área de “Difusão e Validacão de Tecnologias” foram estruturados “Simpósios de Nutrição” na cultura de cana-de-açúcar e de soja e também o “I Fórum Abisolo de Fertilizantes de Matriz Orgânica”. Estes eventos estão previstos para 2020 em formato digital. Outra ação importante foi a contratação de “Projetos de Pesquisa” pela entidade junto às Universidades Esalq e UFSCar, com o objetivo de validar cientificamente benefícios que tecnologias do setor agregam para os seus usuários e para os consumidores de alimentos produzidos a partir dos nossos produtos. LOGÍSTICA REVERSA - Na área ambiental, em atendimento ao que determina o “Plano Nacional de Resíduos Sólidos” criado através da Lei nº 12.305 de 2 agosto de 2012, tivemos grandes avanços. Os estudos que tiveram início em 2016, a partir da contratação de “Projeto Piloto” junto ao inpEV – Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias, comprovaram a viabilidade técnica e econômica de inclusão dos segmentos de Fertilizantes Foliares, Organominerais, Orgânicos, Biofertilizantes, Condicionadores de Solo e Substrato para Plantas no “Sistema Campo Limpo”. Em Assembleia Geral dos Associados foi aprovada a “Fase II” do Projeto, que prevê a ampliação do “Projeto Piloto” contemplando o recebimento e a destinação ambientalmente correta de todas as embalagens geradas no Estado de São Paulo. O início desta nova etapa está previsto para setembro de 2020. Esta iniciativa do setor – considerando que o setor ainda não consta da lista de setores prioritários para a implementação, definida pelo órgão de fiscalização e controle do Estado de São Paulo, demonstra o comprometimento e a pro atividade do setor em relação às questões ambientais. Outra ação importante na área de Meio Ambiente foi a formalização de um “Protocolo de Intenções” entre a Entidade e a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo, que nos permitirá estabelecer projetos conjuntos na área de “Resíduos Sólidos”. Dê um novo destino para suas embalagens Outras áreas onde a Entidade tem atuação relevante são a Política, a Tributária e a Jurídica.Neste momento de importantes discussões na área econômica, temas como Reforma Fiscal, Renovação do Convênio 100 do ICMS, Tabela de Frete, Liberdade Econômica entre muitos outros, nossa participação tem sido efetiva e sempre que possível, em parceria com outras Entidades que atuam no Agronegócio. NOVA SEDE EM CAMPINAS - Com o desenvolvimento da indústria e com envolvimento cada vez maior da Entidade em temas relevantes para o setor, foi aprovada em Assembleia a mudança da sede da Entidade para cidade de Campinas-SP. Com um espaço físico maior e com a contratação de mais profissionais, nosso objetivo é o de prestar serviços cada vez melhores para as empresas associadas. Galleria Office Campinas Escritório em Campinas-SP Poly-Feed Mar é um fertilizante desenvolvido especialmente para aplicação foliar. Contém ampla gama de macro e micronutrientes, enriquecido com extrato de algas marinhas. Possui a tecnologia Bonus, uma exclusividade Haifa, que proporciona melhor absorção e maior segurança à aplicação foliar. Pioneering the Future Fertilizante foliar com extrato de algas marinhas Poly-Feed Mar Foliar TMTM TM TM Tel.: E-mail11 3057.1239 hsam@haifa-group.com Web www.haifa-group.com Distribuidores em todo o Brasil, consulte-nos Haifa South America 0 5 25 75 95 100 Poly-Feed Mar Haifa Abisolo quarta-feira, 29 de abril de 2020 15:53:55 COMO SE TORNAR UM ASSOCIADO ABISOLO? - A Abisolo conta hoje com mais de 110 empresas associadas, que respondem por quase 70% do faturamento do setor. Os Associados estão divididos em 2 categorias, sendo: 1. ASSOCIADO EFETIVO São empresas produtoras ou importadoras, devidamente registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que possuam em seu portfólio produtos dos segmentos abaixo: • Fertilizantes Foliares • Biofertilizantes • Fertilizantes Orgânicos • Fertilizantes Organominerais • Condicionadores de Solo • Substratos para plantas 2. ASSOCIADO SETORIAL São empresas fornecedoras de produtos e/ou serviços para as empresas da cadeia de Nutrição Vegetal. ETAPAS PARA ASSOCIAÇÃO • Preenchimento da ficha cadastral; • Envio de cópia digital da última atualização do Contrato Social consolidado; • Aprovação da associação pelo Conselho Deliberativo da Abisolo; • Assinatura do Contrato de Adesão. MENSALIDADES • As mensalidades são fixadas de acordo com o faturamento da empresa, a partir do enquadramento nas faixas estabelecidas no estatuto da Associação e são reajustadas sempre no dia 1 de janeiro de cada ano, de acordo com a variação do IGP-M. Para saber mais detalhes e conhecer todos os benefícios da associação, visite o nosso website: www.abisolo.com.br 25 Presidente Conselho Deliberativo VP Conselho Deliberativo Secretário Executivo Gerente Executivo Analista Financeiro Analista Marketing Coordenador Técnico Marcos Regulatórios Jurídico e Fiscal Assessoria Contábil Inteligência de Mercado Conselheiros Comitês Executivos Conselho Consultivo e Fiscal Crop Protection & Height Production ORGANOGRAMA ABISOLO TIPOS DE PRODUTOS DE TECNOLOGIA EM NUTRIÇÃO VEGETAL São produtos que apresentam na sua formulação alguma característica adicional que os diferenciam dos fertilizantes convencionais, promovendo melhor desempenho, estabilidade, eficiência ou facilidade de manejo. Podem ser Minerais ou Orgânicos, sólidos ou fluidos e utilizados nos mais diversos tipos de aplicação: via solo, foliar, fertirrigação, hidroponia ou semente. Para os Orgânicos estão neste grupo os produtos que trazem outros benefícios além do fornecimento de nutrientes, incluindo os Biofertilizantes. No caso dos Fertilizantes Minerais são considerados “especiais” aqueles que além de fornecer os nutrientes sejam formulados com aditivos, agentes complexantes ou quelantes; aqueles que são 100% hidrossolúveis; e os de liberação controlada. FERTILIZANTES ESPECIAIS São produtos de natureza fundamentalmente orgânica, obtido por processo físico, químico, físico-químico ou bioquímico, natural ou controlado, a partir de matérias-primas de origem industrial, urbana ou rural, vegetal ou animal, nos quais são adicionados fontes de nutrientes minerais, contribuindo para a melhoria das características químicas, físicas e biológicas do solo, além do fornecimento de nutrientes para as plantas. FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS 26 27 Produtos que contém princípio ativo ou agente orgânico, isento de substâncias agrotóxicas, capaz de atuar, direta ou indiretamente, sobre o todo ou parte das plantas cultivadas, elevando a sua produtividade, sem ter em conta o seu valor hormonal ou estimulante, subdivido nos seguintes grupos: a) Biofertilizante de Aminoácidos: Produto obtido por fermentação ou hidrólise de materiais orgânicos naturais; b) Biofertilizante de Substâncias Húmicas: Produto obtido por decomposição e solubilização de materiais orgânicos e posterior oxidação e polimerização, formadas basicamente por ácidos húmicos, ácidos fúlvicos e huminas; c) Biofertilizante de Extratos de algas ou algas processadas: Produto obtido por extração e beneficiamento de algas; d) Biofertilizante de Extratos Vegetais: produto obtido por extração de compostos orgânicos solúveis da fermentação ou beneficiamento de materiais orgânicos, isentos de contaminação biológica; e) Biofertilizante Composto: Produto obtido pela mistura de dois ou mais biofertilizantes dos grupos de aminoácidos, substâncias húmicas, extratos de algas, extratos vegetais e outros princípios ou agentes orgânicos aprovados; BIOFERTILIZANTES São produtos de natureza fundamentalmente orgânica, obtido por processo físico, químico, físico-químico ou bioquímico, natural ou controlado, a partir de matérias-primas de origem industrial, urbana ou rural, vegetal ou animal, enriquecido ou não de nutrientes minerais; De acordo com suas características e modo de obtenção, os fertilizantes orgânicos podem ser classificados em: Simples, Mistos, Compostos, Organominerais e Biofertilizante. Quanto a origem das matérias-primas utilizadas na sua produção (com exceção do Biofertilizantes) eles são classificados em: Classe “A”: produto que utiliza, em sua produção, matéria-prima gerada nas atividades extrativas, agropecuárias, industriais, agroindustriais e comerciais, incluindo aquelas de origem mineral, vegetal, animal, lodos industriais e agroindustriais de sistema de tratamento de águas residuárias com uso autorizado pelo Órgão Ambiental, resíduos de frutas, legumes, verduras e restos de alimentos gerados em pré e pós- consumo, segregados na fonte geradora e recolhidos por coleta diferenciada, todos isentos de despejos ou contaminantes sanitários, resultando em produto de utilização segura na agricultura; Podem ser utilizados como matéria-prima para a produção de fertilizante orgânico Classe “A”, os resíduos provenientes de serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, desde que estes serviços contemplem a segregação na fonte geradora e a coleta diferenciada de resíduos em, no mínimo, três frações: resíduos orgânicos, resíduos recicláveis e rejeitos, evitando qualquer tipo de contaminação sanitária. Classe “B”: produto que utiliza, em sua produção, quaisquer quantidades de matérias-primas orgânicas geradas nas atividades urbanas, industriais e agroindustriais, incluindo a fração orgânica dos resíduos sólidos urbanos da coleta convencional, lodos gerados em estações de tratamento de esgotos, lodos industriais e agroindustriais gerados em sistemas de tratamento de águas residuárias contendo qualquer quantidade de despejos ou contaminantes sanitários, todos com seu uso autorizado pelo Órgão Ambiental, resultando em produto de utilização segura na agricultura. Quanto a sua natureza física, podem ser sólidos ou fluídos, e podem ser utilizados para aplicação via: Solo, Folha, Fertirrigação, Hidroponia e Semente. FERTILIZANTES ORGÂNICOS 28 Produto que promovea melhoria das propriedades físicas, físico-químicas ou atividade biológica do solo, podendo recuperar solos degradados ou desequilibrados nutricionalmente; Os condicionadores de solo integrantes do portfólio das nossas indústrias são: I - Classe A: produto que em sua fabricação utiliza matéria-prima de origem vegetal, animal ou de processamentos da agroindústria, onde não sejam utilizados no processo o sódio (Na+), metais pesados, elementos ou compostos orgânicos sintéticos potencialmente tóxicos; II - Classe B: produto que em sua fabricação utiliza matéria-prima oriunda de processamento da atividade industrial ou da agroindústria onde o sódio (Na+), metais pesados, elementos ou compostos orgânicos sintéticos potencialmente tóxicos são utilizados no processo; III - Classe C: produto que em sua fabricação utiliza qualquer quantidade de matéria-prima oriunda de lixo domiciliar, resultando em produto de utilização segura na agricultura; IV - Classe D: produto que em sua fabricação utiliza qualquer quantidade de matéria-prima oriunda do tratamento de despejos sanitários, resultando em produto de utilização segura na agricultura; V - Classe E: produto que em sua fabricação utiliza exclusivamente matéria-prima de origem mineral ou química; VI - Classe F: produto que em sua fabricação utiliza em qualquer proporção a mistura de matérias-primas dos produtos das Classes A e E, respectivamente dos incisos I e V. CONDICIONADORES DE SOLO Produto usado como meio de crescimento de plantas. SUBSTRATOS PARA PLANTAS 30 31 Clorialdo Roberto Levrero Presidente do Conselho Deliberativo Francisco Guilherme Romanini Conselheiro Sérgio Martins Mariuzzo Conselheiro Gustavo Branco Vice-Presidente do Conselho Deliberativo Marina Silva Conselheiro Fernando Carvalho de Oliveira Conselheiro Guilherme Soriani de Almeida Suplente do Conselho Deliberativo Alessandro Olinda de Souza Mesquita Conselheiro Roberto Bosco Conselheiro Gustavo dos Reis Vasques Conselheiro Vandre Silva Suplente do Conselho Deliberativo Anderson Luis Schaefer Conselheiro Antônio Ricardo de Figueiredo Suplente do Conselhor Consultivo Fiscal Marcelo Luiz Marino Santos Conselheiro Conselho Deliberativo Conselho Consultivo e Fiscal Fernanda Latanze Mendes Rodrigues Coordenadora do Programa Interlaboratorial Luiz Antônio Pinazza Consultor Política/Institucional Irani Gomide Filho Consultor de Assuntos Regulatórios - MAPA Marcos Yassuo Kamogawa Consultor do Programa Interlaboratorial José Carlos Olivieri Consultor do Programa Interlaboratorial Moarcir Beltrame Consultor Meio Ambiente Kátia Goldshmidt Beltrame Consultora Técnica de Fertilizantes de Matriz Orgânica Consultores Técnicos Alexandre D’Angelo Gerente Executivo José Alberto Nunes da Silva Secretário Executivo Kleber Nichi Analista de Marketing Maria Cristina Duvaizem Moura Analista Administrativo Financeiro Diretoria Executiva Capítulo 1 Tecnologia em Nutrição Vegetal 34 35 A cana-de-açúcar (Saccharum spp.) é uma planta que possui metabolismo fotossintético C4, altamente eficiente na conversão de energia luminosa em química. Seu grande potencial de produção de biomassa é alcançado com temperatura entre 25°C a 35°C e disponibilidade hídrica entre 1200 a 2500 mm (Doorenbos; Kassam, 1979; Singh et al., 2007) durante a fase de crescimento dos colmos, ou seja, no período vegetativo (Manhães et al., 2015). A temperatura tem influência direta na eficiência do uso da radiação solar pela cana-de-açúcar e, consequentemente, na eficiência fotossintética, podendo variar de 2,7g de carboidratos MJ-1 de radiação ativa fotossintética (PAR) a 10° C a 8,2g MJ-1 a 20° C (Moore; Botha, 2014). Entretanto, o potencial produtivo desta cultura não é expresso apenas pela produção de biomassa, mas também concentração de sacarose nos colmos, pois está ligada à qualidade da matéria-prima fornecida à indústria. Estresses abióticos como seca, temperaturas extremas, excesso de luz, salinidade e deficiências de nutrientes minerais, resultam em perdas significativas na produção agrícola global, e afetam drasticamente a taxa de crescimento, o rendimento de sacarose e a produção de biomassa da cana de açúcar (Ebrahim et al., 1998; Li et al., 2015; Li; Yang, 2015). A fisiologia do estresse, por definição, lida com a forma como as plantas respondem a várias condições ambientais que limitam o crescimento, o desenvolvimento, a reprodução e a produtividade das culturas. Um estresse é definido como um fator ambiental que restringe as funções e o desenvolvimento normais, na medida em que Manejo foliar para mitigação de estresses abióticos na cana-de-açúcar Carlos Alexandre Costa Crusciol Prof. Dr. na UNESP/Botucatu Gabriela Ferraz de Siqueira Ma e Dra. em Agronomia pela UNESP/Botucatu Lucas Moraes Jacomassi Mestrando em Agronomia pela UNESP/Botucatu Osvaldo Araujo Jr. Me. e Doutorando em Agronomia pela UNESP/Botucatu Ariani Garcia Ma. e Dra. em Agronomia pela UNESP/Botucatu Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências Agronômicas, Departamento de Produção Vegetal, Fazenda Experimental Lageado, Botucatu, SP, Brasil. pode até matar a planta (Moore; Botha, 2014). Diversas regiões do Brasil têm frequentemente apresentado ocorrências climáticas estressantes para esta cultura, como geadas, temperaturas abaixo de 15°C e acima de 35°C, bem como estresse hídrico. Estes problemas afetam negativamente grande parte das áreas de cultivo de cana-de-açúcar, os quais limitam a produção vegetal. As áreas atingidas por esses estresses abióticos aumentaram com a expansão da cultura para regiões com condições climáticas mais limitantes ao cultivo, caracterizadas por precipitação irregular durante a estação chuvosa ou seca prolongada entre maio e outubro. Neste período, algumas regiões ainda podem ser atingidas por baixas temperaturas e até ocorrência de geadas. Nesse contexto, ocorrem problemas diretos de ordem qualitativa e quantitativa e a matéria- prima perde características desejáveis para o melhor rendimento industrial, como aumento nos teores de açúcar invertido e de gomas, perda de peso total em decorrência da redução da proporção de caldo, além do chochamento e brotação lateral (Bastos et al., 1983). Quando as plantas são expostas a algum estresse abiótico, ocorrem alterações no seu metabolismo celular, na morfologia e fisiologia, como mecanismo de defesa para amenizar qualquer injúria. Nessas situações pode ocorrer o fechamento estomático, inibição do crescimento das folhas e colmos, senescência e menor área foliar (Machado et al., 2009; Inman- Bamber et al., 2012) e produção de ERO’s (Espécies Reativas de Oxigênio), o qual consiste na resposta inicial aos fenômenos de estresses bióticos e abióticos nas plantas (Foyer; Shigeoka, 2011). Como sistema de defesa, as plantas desenvolveram mecanismos complexos que desempenham um papel vital na desintoxicação de estresse oxidativo nos compartimentos celulares e minimizam os danos causados às membranas das células (Almeselmani et al. 2006; Cui et al. 2006). Dentre eles, temos as enzimas antioxidantes como catalase, superóxido dismutase, ascorbato peroxidase e a glutationa redutase, e moléculas antioxidantes, como ascorbato e glutationa (Taiz; Zeiger, 2017). O pleno desenvolvimento e ativação desse sistema de defesa depende quase que intrinsicamente de boas condições nutricionais da planta. A nutrição mineral tem um papel importante na tolerância a estresses bióticos e abióticos, induzindo a regulação do potencial osmótico das células vegetais, proporcionando a síntese de aminoácidos (aa), conferindo maior resistência à estrutura da parede celular e ativando enzimas, dentre outros mecanismos. O fornecimento de macro e micronutrientes são essenciais para o desenvolvimento e produtividade das plantas. A demandadas plantas por elementos minerais é quase na sua totalidade suprida pela aplicação de fertilizantes via solo, uma vez que, por características morfológicas das raízes, as plantas absorvem nutrientes predominantemente via raiz, em detrimento às folhas. Entretanto, sob certas circunstâncias, a adubação foliar pode ser uma alternativa viável (Fageria et al., 2009). Além dos nutrientes minerais, atualmente outros compostos com alta tecnologia embarcada, como aa, extratos de plantas e hormônios vegetais, tem se mostrado viável. Assim, este manejo foliar pode ser uma prática eficaz para melhorar a produtividade e aumentar a tolerância ao estresse das culturas (Gui et al., 2015; Perez-de-Luque, 2017; Guo et al., 2019). A aplicação de alguns produtos à base de aa pode exercer a função de proteção às plantas, como por exemplo de estresses causados pela toxidez de herbicidas (Castro et al., 2006; Serciloto; Castro, 2005), por patógenos (Igarashi et al., 2010), por altas temperaturas (Castro et al., 2011) e outras situações adversas de clima (Picolli et al., 2009). 36 37 Outros estudos já comprovaram o efeito benéfico do uso de bioestimulantes à base de citocinina, giberelina e auxina em plantas cultivadas sob estresse hídrico (Ávila et al., 2010) ou salino (Barbieri et al., 2014; Oliveira et al., 2013). Compostos bioativos de algas marinhas também induzem as plantas à tolerância a estresses bióticos e abióticos e aumentam a produtividade (Carvalho et al., 2013; Silva et al., 2012). Dessa forma, com o intuito de mitigar os efeitos do estresse abiótico na cana-de-açúcar, principalmente relacionados à geada e à seca, uma nova técnica vem sendo utilizada por meio de produtos “protetores”, visando a prevenção de danos causados por estas intempéries nas plantas. Os protetores nada mais são do que complexos nutricionais, com ou sem aa ou extratos vegetais em sua composição, aplicados nas folhas na cana-de-açúcar, aproximadamente 100 dias antes da colheita, ainda quando a planta apresenta turgidez foliar, previamente ao aparecimento de sintomas do estresse. O emprego desta técnica, visa aumentar a tolerância à seca e/ou à geada, atenuando os danos decorrentes destes estresses e, assim, reduzindo a perda de produtividade da cultura. Isto ocorre devido ao aumento da atividade de enzimas e compostos antioxidantes que protegem os pigmentos fotossintéticos e os compartimentos celulares, tentando manter a atividade fotossintética. Assim, com a utilização dessas tecnologias, como a aplicação de complexos nutricionais para proteção à baixas temperaturas e à geada (Figura 1), constatou-se maior TCH (toneladas de cana por ha), tanto utilizando o complexo A (contendo N, K, S, B, Cu, Mn, Mo, Zn, carbono orgânico (Cot) e aa) quanto o complexo B (contendo N, S, B, Co, Fe, Cu, Mn, Mo, Zn, Cot, aa, ácidos carboxílicos e extrato de algas), na ordem de 13 e 11 t ha-1, bem como de açúcares totais recuperáveis (ATR) e toneladas de pol por ha (TPH), na ordem de 12 e 3 kg de ATR e 3 e 2 t ha-1 de TPH, respectivamente. Utilizando a mesma tecnologia para proteção à seca (Figura 2), constatou-se também maior TCH, ATR e, consequentemente, TPH mediante aplicação do complexo C (contendo N, P, K, Mg, Cot e B) e do complexo B (contendo N, S, B, Co, Fe, Cu, Mn, Mo, Zn, Cot, aa, ácidos carboxílicos e extrato de algas), na ordem de 13 e 16 t cana ha-1, 0,8 e 0,4 kg açúcar t cana-1 e 2 e 2,4 t pol ha-1, respectivamente. Estes resultados evidenciam que o uso desta técnica é uma alternativa para atenuar estresses causados por baixas disponibilidade hídrica e temperaturas. Independente da composição dos produtos utilizados neste manejo, a tolerância das plantas aos estresses abióticos é aumentada, minimizando, assim, perdas de produtividade em regiões sujeitas a estes eventos climáticos. As condições do canavial e a intensidade do estresse influenciam o resultado. Desse modo, canaviais nutricionalmente bem manejados apresentam melhores resultados quando recebem a aplicação dessas novas tecnologias. Portanto, essa tecnologia não proporciona aumento de produtividade, mas sim reduz as possíveis perdas. Referencias: ÁVILA, M. R. et al. Cultivo de feijoeiro no outono/inverno associado à aplicação de bioestimulante e adubo foliar na presença e ausência de irrigação. Scientia Agraria, v.11, n.3, p.221-230, 2010. | ALMESELMANI, M., DESHMUKH, P. S.; SAIRAM, R. K.; KUSHWAHA, S. R.; SINGH, T. P. 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FIGURA 2 Média dos valores obtidos para tonelada de cana por hectare (TCH), açúcares totais recuperáveis (ATR) e tonelada de pol por hectare (TPH) em função da adubação foliar para proteção à seca, Pradópolis, 2019. 160 140 120 100 80 60 40 20 0 73 86 136 148 108 119 142 145 10 13 18 84 97 152 153 13 15 80 12 15 96 154 155 20 160 140 120 100 80 60 40 20 0 Controle Complexo A Controle Complexo C TCH TCHTCH TCHATR ATRATR ATRTPH TPHTPH TPH Controle Complexo B Controle Complexo B FIGURA 1 Média dos valores obtidos para tonelada de cana por hectare (TCH), açúcares totais recuperáveis (ATR) e tonelada de pol por hectare (TPH) em função da adubação foliar para proteção à geada, Ponta Porã, 2018. 38 39 Evandro Binotto Fagan Pesquisador, Prof. Dr. na UNIPAM INTRODUÇÃO A performance da cultura de soja está fortemente associada e dependente das características ligadas ao crescimento e desenvolvimento. Vários aspectos morfológicos, como arquitetura da estrutura vegetativa, sistema radicular, formato e densidade de nervuras nas folhas, hábito de crescimento entre outros determinam o desempenho geral das plantas de soja. Por exemplo, a anatomia foliar e a arquitetura determinam a quantidade de luz interceptada, a capacidade fotossintética e a força fonte das plantas enquanto, a distribuição e densidade de nervura nas folhas direcionam o fluxo de fotoassimilados das regiões fonte para os drenos (Mathan; Bhattacharya; Ranjan, 2016). Mas na prática, só esses fatores não são capazes de definir a produtividade dos cultivos de soja. De acordo com Buchanan; Gruissem; Jones (2000), as maiores perdas de produtividade de plantas cultivadas como é o caso da soja estão associadas a estresses abióticos. As reduções variam de 66 para o milho (Zea mays L.) até 81% para o sorgo (Sorghum bicolor). A explicação para esse processo está ligado a dificuldade de controlar eventos climáticos, que são instáveis e imprevisíveis. Considerando todo o ciclo da cultura de soja, a fase reprodutiva é considerada a mais crítica, por ser extremamente sensível a estresses. Da mesma forma como ocorre na maioria das culturas, os estresses abióticos possuem maior peso na perda de produtividade. Nesse período as plantas de soja possuem necessidade de síntese de grande quantidade de fotoassimilados, principalmente durante o enchimento de grãos. Nesta cultura a eficiência energética para a produção de grãos é baixa. São necessários 2 g de fotoassimilados para produzir 1 g de grão, enquanto que para outros cereais, apenas 1,3 a 1,4 g são utilizados (Sinclair; Wit, 1975). Esse fato é atribuído ao alto teor de lipídios e proteínas que são armazenados nos grãos que possuem elevado custo energético para serem produzidos, além de apresentarem elevada perda de energia pela respiração (Kakiuchi; Kobata, 2008). Outro fator a ser considerado na fase reprodutiva da cultura de soja é a taxa de enchimento de grãos, cujo valor é variável de acordo a genética, disponibilidade de fotoassimilados, atividade do dreno e estádio fenológico. Normalmente, esses valores variam de 4,4 a 9,5 mg grão dia-1 do estádio R5 a R7 (Guffy et al., 1991). Dados atuais têm verificado valores médios de 8,3 mg grão dia-1, quando se utilizou a densidade de 20 plantas m-2 (El-Zeadani et al., 2014). Abaixo são descritos alguns fatores climáticos de grande relevância no enchimento de grãos, principalmente quando estão em disponibilidades inadequadas. A deficiência hídrica na fase reprodutiva, especialmente no período de enchimento de grãos é considerado um dos fatores de maior impacto na produtividade de soja. Essa constatação já era verificada na década de 80, por Eck et al. (1987). De acordo com os autores, a baixa disponibilidade hídrica no período de enchimento de grãos ocasiona reduções de produtividade acima de Fatores climáticos relacionados ao enchimento de grãos Deficiência hídrica 46%. Mais tarde, Brevedan; Egli (2003) relatam que plantas de soja submetidas a curtos períodos de deficiência hídrica (5 a 6 dias, com 40% da capacidade de campo) durante o enchimento de grãos podem reduzir a produtividade em até 39%. Os principais componentes de produção afetados na cultuta de soja pela deficiência hídrica são: número de vagens, sementes por vagens, sementes por planta e massa de 1000 grãos (Ohashi et al., 2009; KobraeI et al., 2011), os quais perfazem os mais relevantes drenos de fotoassimilados (Nobuyasu et al., 2003). Brevedan e Egli (2003) relataram que curtos períodos de deficiência hídrica (em torno de 13 dias) durante o enchimento de grãos causam redução substancial na produtividade (39%), devido à redução no número de vagens e sementes. Esses autores também relataram diminuição na clorofila, fotossíntese e fluxo de carboidratos para os órgãos drenos. A maior parte das perdas de produtividade está relacionada a alterações fisiológicas, como a redução na condutância estomática e fotossíntese, diminuição na expansão, celular e aumento na produção de espécies reativas de oxigênio, ERO (Jaleel et al., 2009). Em função disso ocorrem reduções do número de vagens, sementes por vagens, sementes por planta e massa de 1000 grãos (Ohashi et al., 2009; Kobraei et al., 2011), os quais perfazem os mais relevantes drenos de fotoassimilados (Nobuyasu et al., 2003). Além disso, o fluxo de carboidratos das raízes diminui causando a redução na absorção de nutrientes e do processo de fixação biológica de nitrogênio (Nunes, 2016). O metabolismo de carboidratos e translocação de fotoassimilados para órgãos reprodutivos são os mais sensíveis a deficiência hídrica (Liu et al., 2004). Em função disso, aumentos nos teores de sacarose e hexose nas folhas são verificados, enquanto o amido diminui (Pelleschi et al., 1997). Isto evidência que nessascondições, o metabolismo celular prioriza a hidrólise de amido em “prol” da síntese de sacarose (Lemoine et al., 2013), para tentar manter a respiração foliar, além da osmorregulação. Outro efeito verificado se refere a falhas no sistema de condução de seiva no floema, devido ao aumento na viscosidade e alterações na permeabilidade da parede celular dos elementos crivados (Sevanto, 2014). Outro evento bastante comum em plantas com deficiência hídrica é a redução da atividade da enzima invertase (enzima que causa a quebra de sacarose). Essa enzima pode apresentar redução de até cinco vezes (Pinheiro et al., 2005). Tal comportamento reduz a capacidade de translocação de açúcares para órgãos drenos, que nesse momento é formado especialmente pelos grãos e vagens. Atualmente, a maior parte de cultivares de soja lançadas no mercado possuem hábito de crescimento indeterminado. Essa característica pode ser relevante quanto a tolerância à deficiência hídrica, uma vez que as mesmas continuam crescendo após o início do florescimento mantendo o potencial de formação de novas flores e vagens após término do estresse (Villalobos-Rodrigues; Shibles, 1985). Tanaka e Shiraiwa (2009), buscando fortalecer esse conceito avaliaram as diferenças morfofisiológicas nas folhas de soja de ambos os hábitos de crescimento da soja. Os autores observaram que as plantas de hábito de crescimento indeterminado possuem maior densidade de estômatos e, consequentemente maior condutância estomática durante a deficiência hídrica, permitindo a planta tolerar mais intensamente esse estresse. No entanto, as plantas podem utilizar mecanismos internos para minimizar os danos da deficiência hídrica. Dos quais, destaca-se o ajuste osmótico (aumento de prolina, glicina betaína e alguns açúcares solúveis) e a proteção de sistemas de membrana. Além da prolina e glicina betaína, existem relatos do emprego de outros aminoácidos com efeitos equivalentes ou até superiores, quando se fala em mitigação dos efeitos da deficiência hídrica, como a Histidina, Ácido Glutâmico, Arginina e Triptofano. Parece que o suprimento de alguns nutrientes também exerce um papel importante na tolerância das plantas de soja a esse estresse. Dentre eles estão os 40 41 macronutrientes, potássio (K), cálcio, fósforo (P) e magnésio (Mg) os micronutrientes boro (B), Cobre (Cu) e zinco (Zn). Suas funções nas plantas são inúmeras, compreendendo a manutenção do balanço de cargas, transporte de elétrons, componentes estruturais, ativação de enzimas, ajuste osmótico e turgor celular (Waraich et al., 2011). As plantas de soja submetidas a elevadas temperaturas causa diversos danos morfológicos e fisiológicos. Temperaturas acima de 30°C já ocasionam severas perdas de produtividade (Puteh et al., 2013), podendo ocasionar perdas de até 27%, quando esta atingir valores superiores a 35°C (Gibson; Mullen, 1996). No metabolismo fisiológico, elevadas temperaturas atuam intensamente no metabolismo celular por afetar a cinética das reações químicas. Esses efeitos variam de acordo com o período diurno e noturno. Para o processo fotossintético, baixas temperaturas reduzem a velocidade de transporte de elétrons e a fixação e redução do carbono. Esse processo aumenta rapidamente com o incremento da temperatura até atingir valores considerados ótimos. Para plantas C3, na sua grande maioria, esses valores situam-se entre 15 e 30°C (Larcher, 2004), sendo de 27°C para a cultura de soja. Outro efeito é a desidratação celular e desta forma a redução no fluxo de nutrientes e fotoassimilados no interior da planta Outro efeito associado a elevada temperatura é a diminuição da capacidade de defesa da planta, devido à redução da atividade de enzimas antioxidantes, e o posterior acúmulo de ERO (Djanaguiraman; Prasad, Seppanen, 2010). Também é evidenciado o aumento na síntese de etileno e desintegração de estruturas celulares. Do mesmo modo, os danos morfológicos por elevadas temperaturas também são observados e relatados por Djanaguiraman et al. (2011). Os pesquisadores notaram que plantas de soja submetidas a elevadas temperaturas durante o florescimento apresentaram danos nos cloroplastos, dilatação na membrana dos tilacóides e a consequente redução na atividade fotossintética e senescência foliar. Esse mesmo efeito ocorre durante o enchimento de grãos e portanto, a sua influência na produção de fotoassimilados é similar ao que ocorre no florescimento. Além disso, elevadas temperaturas afetam a performance de produtos aplicados via folha com objetivo de estímulo ou de proteção de plantas, pois causam desidratação de folhas e redução na translocação dessas moléculas. A planta de soja por ser uma planta C3, possui baixa capacidade de utilização de luz (ponto de saturação luminosa de 1.800 µmol m-2 s-1 (Larcher, 2000), quando comparada com as demais plantas do grupo C4 [milho (Zea mays L) e cana-de- açúcar (Saccharum officinarum L.)]. Alterações de intensidades luminosas causam efeitos significativos em variáveis fisiológicas, afetando seu crescimento e desenvolvimento. Em condições de elevados níveis de radiação, a planta responde com alterações morfofisiológicas. Mesmo utilizando mecanismos de adaptação, as plantas de soja não apresentam uma proteção completa. E por isso, na maioria das vezes, o excesso de radiação solar ocasiona a produção de ERO, danos em clorofilas e incremento na fotorrespiração. Em condições de baixos níveis de radiação solar, a cultura de soja apresenta vários mecanismos de adaptação. Em um vasto experimento Melges et al. (1989) buscou elucidar o efeito de níveis de luzia no crescimento e desenvolvimento da soja. O trabalho indicou que: (i) o número de folhas e vagens decresce em função do sombreamento; (ii) a taxa de acúmulo de fitomassa em cada órgão é tanto mais elevada quanto maior a densidade de fluxo de radiação solar, até a Temperatura do ar Radiação solar saturação luminosa; (iii) a taxa de acúmulo de fitomassa seca, devido ao sombreamento, foi menor nas raízes que nos outros órgãos; (iv) as plantas sombreadas apresentaram maior estatura, devido ao alongamento dos entrenós e aumento da dominância apical, (v) além disso, com o aumento do nível de sombreamento ocorreu maior retardamento na maturação. A redução da disponibilidade de radiação solar verificado por Melges et al. (1989) em condições controladas é um estresse abiótico comum em algumas regiões do Brasil no período de estações chuvosas. Em um experimento recente em condições de campo, Ghassemi-Golezani, Bakhshi e Dalil (2015) confirmaram as constatações realizadas por Melges et al. (1989), especialmente, no que se refere a redução na dinâmica do fluxo de fotoassimilados em grãos, e o aumento no período efetivo de enchimento. Em função disso, Fagan (2018, dados não publicados), desenvolveu um modelo que auxilia na explicação do efeito do sombreamento na fisiologia de plantas de soja (Figura 1). Para o pesquisador, durante a fase reprodutiva as plantas possuem a maior demanda de fotoassimilados para formação de órgãos reprodutivos. A redução da luminosidade, causa a limitação fotossintética diminuindo a produção de energia. Esse problema se agrava quando as plantas se encontram no período de enchimento de grãos (R5), quando a intensidade da atividade do dreno é máxima (os grãos em enchimento). Desta forma, com a baixa capacidade da fonte (folha) em suprir a alta atividade do dreno, ocorre o ajuste da relação fonte/dreno por meio do abortamento de vagens. Normalmente, períodos nublados vêm acompanhados com chuvas em excesso e encharcamento de solo. O excesso de água no solo, além da capacidade de campo, diminui os níveis de oxigênio no solo, assim, ocorre acúmulo de ACC (ácido 1-carboxílico-1-aminociclopropano)nas raízes das plantas que são transportados via xilema para a parte aérea. Na parte aérea, com a disponibilidade de oxigênio, o ACC é convertido a etileno pela atividade da ACC-oxidase, (Fagan et al., 2015), ocasionando senescência de folhas, flores e vagens. Também é importante salientar que, em plantas vasculares, o boro e o cálcio movem-se via corrente transpiratória. Em dias nublados, devido à redução no fluxo transpiratório, a disponibilização de Ca e B nas folhas, flores e vagens do estrato superior diminui. Como esses nutrientes são imóveis no floema, não ocorre a remobilização dos mesmos das regiões mais velhas para esses órgãos. Esse processo acentua ainda mais a abscisão de folhas, flores e vagens. No enchimento de grão, a redução da luminosidade no terço inferior é um dos principais fatores associados a senescência das folhas baixeiras e consequentemente, a redução no enchimento de grãos. Mas porque a perda destas folhas tem tanta influência no enchimento de grãos? Primeiramente precisamos entender que em condições de diminuição de luminosidade, as folhas apresentam menor taxa do fluxo transpiratório resultando na redução do fluxo de citocininas (Pons; Jordi, 1998). Associado a isso, a baixa intensidade de luz causa uma redução na fotossíntese bruta até o momento em esta torna-se inferior a respiração foliar. Nesse momento, inicia- FIGURA 1 Possível modelo fisiológico envolvido no processo de aborto de vagens de soja submetidas a baixa luminosidade (elevada nebulosidade) e excesso de água no solo. Fagan (2018, dados não publicados). 42 43 se a expressão de genes que codificam proteínas fotossintéticas e enzimas relacionadas a formação de clorofila (Thomas, 1978). Esse processo inicia pelo fitocromo, que atua como receptor de luz vermelha e vermelha extrema. A teoria mais aceita afirma que, quando a intensidade da luz cai abaixo do ponto de compensação de luz, ocorre o balanço negativo de carbono que, por sua vez, desencadeia a senescência (Boonman et al., 2006). É importante destacar que a produtividade da cultura da soja não é definida apenas pelo período de enchimento de grãos, mas que depende de um planejamento adequado quanto ao manejo de solo, proteção de plantas e nutrição. Contudo pode-se perceber através dessa breve resenha, que o enchimento de grãos é extremamente sensível a estresses climáticos, uma vez que nessa fase a necessidade de energia é elevada e que precisa ser distribuídas para os grão em um período relativamente curto (20 a 30 dias). Conclusões Referencias: BOONMAN, A.; ANTEN, N.P.R.; DUECK, T.A.; JORDI, W.J.R.M, VAN DER WERF, A.; VOESENEK, L.A,C,J.; PONS, T.L. 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As doenças contribuem significativamente para reduzir tanto a quantidade quanto a qualidade da produção. Muitas pessoas indagam por que ocorre aumento no preço do tomate, um dos itens que faz parte das refeições da maior parte dos brasileiros, em determinadas épocas do ano fazendo com que o índice nacional de preços ao consumidor amplo acelere, acarretando aumento da inflação. O aumento na intensidade das doenças devido às condições de maior umidade relativa e temperaturas mais amenas em decorrência das chuvas é uma das explicações mais plausíveis. Os patógenos possuem diferentes estratégias para infectar os seus hospedeiros e obter os nutrientes necessários para garantir a reprodução e, assim, perpetuar a sua espécie na natureza. Várias alterações fisiológicas e bioquímicas ocorrem nas plantas infectadas pelos patógenos. A fotossíntese é o principal processo fisiológico afetado pelos patógenos. Os patógenos manipulam o metabolismo dos carboidratos nas plantas infectadas afetando tanto o crescimento quanto a produção. A absorção e a translocação de água e nutrientes nas plantas infectadas por patógenos causadores de murcha vascular e podridão das raízes sofrem drástica mudança. O estresse oxidativo nos tecidos dos hospedeiros infectados culmina com a produção excessiva de espécies reativas de oxigênio que maximizam o dano celular. A infecção por patógenos também ocasiona alterações no balanço hormonal da planta, na translocação dos fotoassimilados e nas atividades das enzimas associadas com o metabolismo do carbono. Resistência é a capacidade das plantas em evitar ou atrasar a penetração e ou a subsequente colonização dos seus tecidos pelo patógeno utilizando-se das mais diversas estratégias de defesa. Todas as plantas apresentam um nível de resistência a qual denominamos de basal. Os mecanismos de defesa, estruturais e ou de natureza bioquímica, denominados de constitutivos (ex. camada de cera e de cutícula mais espessas, anatomia das células guardas dos estômatos, abundante presença de tricomas, estrutura e organização dos vasos condutores e presença de compostos de natureza antimicrobiana) ou pós- formados em resposta à infecção (ex. papilas, lignificação da parede celular, formação de camada de cortiça, zonas de abscisão, formação de tiloses e aumento na concentração de compostos fenólicos e fitoalexinas) garantem a defesa das plantas contra os seus patógenos. Nesse contexto, vários componentes de resistência da planta devem ser avaliados para confirmar a redução nos sintomas da doença: o tempo para o aparecimento dos sintomas da doença (período de incubação) e para que o patógeno se reproduza no tecido vegetal (período latente) são prolongados, as lesões expandem-se mais lentamente durante o desenvolvimento da doença e são de menor A importância da nutrição mineral para a resistência das plantas às doenças 44 tamanho e o número de esporos produzidos nessas lesões é drasticamente reduzido. Para que as plantas possam expressar o seu máximo nível de resistência basal, faz-se necessário um maior fluxo de carbono via rotas do ácido chiquímico e dos fenilpropanóides para que os compostos de defesa sejam formados. Por exemplo, o manganês (Mn) é de extrema importância para que a produção de compostos fenólicos via rota dos fenilpropanóides ocorra com a melhor eficiência possível. Mecanismos de defesa pós- formados devem ser efetivos, no tempo e espaço, para conter a infecção pelo patógeno. Assim, a intensidade da doença será reduzida em função do nível de expressão da resistência. Em outras palavras, quanto maior o número de estratégias de defesa que estão ocorrendo no sítio de infecção do patógeno maior será a resistência da planta e, consequentemente, menor a intensidade da doença. Com a participação efetiva dos diferentes mecanismos de defesa na tentativa de reduzir a colonização dos patógenos nos tecidos dos seus hospedeiros é que iremos controlar as doenças com menor dependência da aplicação de fungicidas, bactericidas, nematicidas e até mesmo de inseticidas ao considerarmos que alguns patógenos são transmitidos por insetos-praga. O estado fisiológico das plantas é crucial para que a resistência basal em resposta a infecção por um determinado patógeno seja expressa da maneira mais robusta possível. Assim, fatores que afetam o metabolismo primário da planta tais como baixa assimilação de carbono, baixa luminosidade, desequilíbrio nutricional, déficit hídrico e problemas no desenvolvimento do sistema radicular passam a impactar a resistência basal. Ao falarmos das estratégias de defesa que as plantas possuem para conter a infecção por um determinado patógeno não devemos nos esquecer da importância de se manter o correto estado nutricional delas. A nutrição mineral é a prática cultural de maior aplicabilidade pelos agricultores para o controle das doenças que acometem as culturas de grande importância econômica. A resistência das plantas em resposta à infecção por patógenos pode ser potencializada pela concentração de um determinado nutriente no tecido vegetal, bem como pela interação entre os nutrientes. Considerando a dificuldade de se prever a ocorrência de uma determinada doença e o seu progresso durante o ciclo da cultura pela dependência do fator ambiental, é mais desafiador ainda manter as plantas num estado nutricional que seja desfavorável aos patógenos durante os seus processos infecciosos. Cada nutriente colabora, direta ou indiretamente, para que a resposta das plantas à infecção pelos patógenos através da ativação de rotas bioquímicas de defesas seja a mais eficiente possível. Para cada interação planta-patógeno, os nutrientes estão envolvidos no funcionamento das diferentes rotas metabólicas que culminam com a produção de compostos de natureza antimicrobiana, lignina e ativação dos genes que codificam para enzimas de defesa (ex. fenilalanina amônia-liase (FAL), quitinase (QUI), β-1,3-glucanase (GLU), polifenoloxidase (PFO), peroxidase (POX) e lipoxigenase (LOX)) e do metabolismo antioxidativo que irão afetar o processo infeccioso de cada patógeno. Não devemos desconsiderar o efeito direto dos nutrientes no metabolismo dos patógenos, principalmente os que habitam o solo e infectam as plantas pelo sistema radicular devido, principalmente, a alteração do pH da rizosfera. Devemos estar conscientes de que a nutrição
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