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COORDENAÇÃO DE ENSINO TÉCNICO-CIENTÍFICO 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A cópia do material didático utilizado ao longo do curso é de propriedade da Escola 
Superior da Polícia Civil. Qualquer uso, reprodução ou transferência não autorizada deste 
documento em qualquer meio ou incorporação em qualquer sistema ou publicação, são 
estritamente proibidos. Todos os direitos em relação ao design deste material são 
reservados à Escola Superior da Polícia Civil. Todo o conteúdo deste material didático é de 
inteira responsabilidade do(s) autor(es). 
 
 
 
cetc.espc@gmail.com 
 
 
 
 
www.escolasuperiordepoliciacivil.go.gov.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1. PROGRAMA DA DISCIPLINA .................................................................................. 4 
1.1. EMENTA ....................................................................................................... 4 
1.2. CARGA HORÁRIA TOTAL ................................................................................. 4 
1.3. OBJETIVOS .................................................................................................... 4 
1.4. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO ......................................................................... 4 
1.5. METODOLOGIA ............................................................................................. 5 
1.6. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO .............................................................................. 5 
1.7. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA ...................................................................... 5 
MINI CURRICULUM RESUMINDO DO(S) PROFESSOR(ES) CONTEUDISTA(S) ............... 6 
2. TEXTO PARA ESTUDO ........................................................................................... 7 
2.1. DOCUMENTOSCOPIA ...................................................................................................... 7 
2.2. ELEMENTOS DE SEGURANÇA ........................................................................................ 36 
2.3. ANÁLISE DOCUMENTOSCÓPICA ................................................................................... 48 
2.4. GRAFOSCOPIA ............................................................................................................... 58 
3. MATERIAL COMPLEMENTAR ................................................................................................ 59 
3.1. SLIDES ............................................................................................................................ 59 
 
 
 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 4 
 
 
 
 
1. PROGRAMA DA DISCIPLINA 
 
1.1 EMENTA 
Transmitir conhecimento básico acerca da documentoscopia e demonstrar sua importância no combate ao crime. 
Abordar a análise forense de documentos, com foco em elementos de segurança, assinaturas e demais requisitos legais, 
além da análise de suporte e impressões gráficas. 
 
1.2 CARGA HORÁRIA TOTAL 
20 horas / aula 
 
1.3 OBJETIVOS 
Fornecer aos participantes do curso conhecimentos teóricos básicos e práticos que lhe deem capacidade para proceder 
a análise prévia de documentos apresentados durante os encaminhamentos práticos no cotidiano policial. 
 
1.4 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 
UNIDADE I: DOCUMENTOSCOPIA 
Introdução 
Luz, visão e cores 
Estudo do papel 
Constituintes do papel - Fibras celulósicas, cargas, adesivos ou selantes, corantes, branqueadores ópticos 
e antiespumantes 
O processo de fabricação 
Características - Estabilidade dimensional, resistência, face de impressão, direção das fibras, espessura, 
gramatura e cantos 
Formato 
Tipos 
Impressão gráfica 
Impressão por computador 
 
UNIDADE II: ELEMENTOS DE SEGURANÇA 
Em documentos 
Incorporados ao suporte 
Impressos em ofsete 
Impressos por calcografia 
Tintas especiais 
 
UNIDADE III: ANÁLISE DOCUMENTOSCÓPICA 
Identidade e identificação 
Falsidade material 
Falsidade ideológica 
Documentos de segurança 
Alterações em documentos 
 
UNIDADE IV: GRAFOSCOPIA 
Conceito 
Princípios 
Leis 
Formação do traço 
Elementos da escrita 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 5 
 
 
 
 
1.5 METODOLOGIA 
Aulas expositivas 
Aulas práticas: demonstração de como reconhecer documentos autênticos e não autênticos e suas 
características 
Apresentação em Power point 
 
1.6 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO 
Prova teórica objetiva 
Participação em sala de aula 
Participação nos exercícios propostos em sala de aula 
 
1.7BIBLIOGRAFIA 
Mendes, Lamartine Bizarro - Documentoscopia 3. Edição - Editora Millenium 2010 
Albieri Espindula - Perícia Criminal e Cível 3. Edição - Editora Millenium 2009 
Baer Lorenzo PRODUÇÃO GRÁFICA [Livro]. - São Paulo : Senac, 2005. 
Bann David THE ALL NEW PRINT PRODUCTION HANDBOOK [Livro]. - New York : Watson-Guptill Publications, 
2006. 
Falat Luiz Roberto F e Rebelho Filho Hidelbrando Magno ENTENDENDO O LAUDO PERICIAL GRAFOTÉCNICO E 
A GRAFOSCOPIA [Livro] - Curitiba 2012 
Farias Priscila http://br.geocities.com/paulo_w_designer/tipologia.HTM [Online] = Pequeno Glossário 
relacionado a tipografia. 
Headley Gwyn THE ENCYCLOPAEDIA OF FONTS [Livro]. - London : Cassell Illustrated, 2005. 
Lupton Ellen THINKING WITH TYPE [Livro]. - New York : Princeton Architectural Press, 2004. 
Sousa Miguel GUIA DE TIPOS. - Stuttugart : [s.n.], 2002 
 
 
MINI CURRICULUM RESUMIDO DO PROFESSOR 
Professora: Camila Santos Ávila 
Titulação: Pós Graduada em Perícia Forense pelo IPOG 
Papiloscopista Policial no Instituto de Identificação da Polícia Civil do Estado de Goiás. Pós Graduanda em Qualidade e 
Processos pelo Programa FGV Corporativo. Pós Graduada em Perícia Forense pelo IPOG e em Gerenciamento de 
Segurança Pública pela Universidade Estadual de Goiás. Tecnóloga em Processamento de Dados formada pela Faculdade 
Anhanguera de Ciências Humanas. 
Foi Analista de Sistemas na empresa Laboratório Atalaia. Foi Coordenadora da Seção de Sistematização de Padrões 
Papiloscópicos, da Seção de Verificação Biométrica e atualmente é Coordenadora do Planejamento Estratégico do 
Instituto de Identificação de Goiás. 
Áreas de atuação: Tecnologia da Informação, Papiloscopia, Documentoscopia, Coleta de Impressão Digital, Elaboração 
de Pareceres Papiloscópicos e Informações Técnicas; Confronto Papiloscópico; Noções do Sistema AFIS, Sistema AFIS; 
Photoshop; Melhoramento de Imagem. 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 6 
 
 
 
 
2. TEXTOS PARA ESTUDO 
 
UNIDADE I: DOCUMENTOSCOPIA 
Introdução 
A Documentoscopia ocupa-se da análise forense de documentos. A palavra 
forense é aqui aplicada em um sentido mais amplo do que simplesmente judicial. É um 
empréstimo do inglês Forensic usado no termo Forensic Science, que é a aplicação das 
mais diversas áreas da ciência para a elucidação de questões judiciais. A 
Documentoscopia é, portanto, uma “Ciência Forense” – que estuda os documentos para 
verificar se são autênticos e, em caso contrário, determinar a sua autoria. 
A documentoscopia se distingue de outras disciplinas, que também se 
preocupam com os documentos, porque ela tem um cunho nitidamente policial: não se 
satisfaz com a prova da ilegalidade do documento, mas procura determinar quem foi o 
seu autor, os meios empregados, o que não ocorre com outras. 
Quanto ao objeto de estudo da Documentoscopia, a primeira e mais ampla 
acepção encontrada no Novo Dicionário Aurélio para a palavra documento é “Qualquer 
base de conhecimento fixada materialmente e disposta de maneira que se possa utilizar 
para consulta, estudo, prova, etc.”. Essa definição é bastante adequada para a 
Documentoscopia, pois permite fugir da tendência de somente se imaginar um 
documento como uma peça de papel. 
Conforme registrado por (ESPINDULA, 2009 p. 352), documento é todo objeto ou 
fragmento de objeto que contenha caracteres escritos, gravados ou pintados, que sejam 
a expressão de uma ideia ou deum desejo e possam ser acatados como prova 
documental - (Prof. Antonio Nunes da Silva - RJ). 
Um documento é composto 
Voltando ao termo análise, o propósito de um exame documentoscópico é 
determinar por quem, quando e de que maneira um documento foi criado, bem como se 
sofreu alguma alteração após a sua feitura. Essas informações é que permitirão concluir 
se o documento é autêntico ou falso, e se sofreu alterações (adulterações) ou não. 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 7 
 
 
 
O Novo Dicionário Aurélio define autêntico como aquilo “Que é do autor a quem 
se atribui.” Para a Documentoscopia não poderia haver melhor definição já que, com suas 
análises pode-se determinar apenas quem fez um documento. A veracidade, o significado 
e a importância das informações nele existentes geralmente estão fora do escopo da 
Documentoscopia. 
Nesse mesmo dicionário, o termo alteração é definido como “falsificação, 
adulteração”, mas também como “mudança, modificação”, e ainda como “mudança em 
texto feita na fase de revisão e que pode consistir em acréscimo, supressão ou simples 
modificação”. Essa última acepção é classificada como da área da Editoração, mas 
também é adequada para a Documentoscopia, pois nem toda alteração observada em um 
documento pode ser decorrente de uma fraude ou adulteração. Ainda que isso não seja a 
principal preocupação do perito documentoscópico, e que um laudo pericial deva 
restringir se a detalhes técnicos (deixando-se os aspectos jurídicos para o Juiz de Direito), 
deve-se ter em mente que alterações podem ser feitas de boa fé, ou seja, com o 
conhecimento e de comum acordo entre todas as partes envolvidas. 
Em diversos países, e notadamente nos EUA, o profissional em documentoscopia 
é chamado Forensic Document Examiner (FDE), enquanto que no Brasil usa-se o termo 
“perito em documentoscopia”. A palavra “perito” é aqui empregada em seu sentido mais 
amplo: “Aquele que é sabedor ou especialista em determinado assunto; experto.” 
Conforme (KELLY, et al., 2006 p. 10), um FDE deve ser muito mais do que um 
técnico: deve ser um cientista, pois os métodos usados por ele são científicos, seu 
trabalho deve ser minucioso e totalmente objetivo – sem influências de pré-concepções 
ou de ideias das partes envolvidas. 
Na verdade, a função desse profissional é contar objetivamente a real história de 
um documento: como, quando e por quem ele foi produzido e que alteração sofreu 
depois de pronto. Para isso, são necessários conhecimentos em diversas áreas, como, por 
exemplo: 
Artes gráficas, pois vários documentos oficiais e de segurança são produzidos por 
impressões gráficas das mais variadas naturezas. Além disso, muitos falsários profissionais 
também utilizam essas técnicas; 
Informática, especialmente nas áreas de impressão e imagens gráficas, que 
atualmente permitem a realização de falsificações de excelente qualidade em residências 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 8 
 
 
 
ou pequenos escritórios. Além disso, um sem número de documentos normais é 
produzido com esses mesmos recursos; 
Grafoscopia (análise de manuscritos) é talvez a área mais importante e complexa 
da Documentoscopia, e por vezes os exames documentoscópicos se restringem a 
confrontos grafoscópicos; 
Papel, como esse material é o mais frequentemente utilizado na produção de 
documentos, suas características devem ser conhecidas. Além do papel, outros tipos de 
suporte também têm sido muito utilizados atualmente, como por exemplo, os polímeros 
plásticos; 
Tintas não apenas as tintas gráficas e de impressoras domésticas, mas também 
tintas de carimbos, canetas e outros instrumentos de escrita e de impressão. Os próprios 
instrumentos também devem ser estudados; 
Tipologia o conhecimento das fontes (tipos de caracteres) empregadas em um 
documento pode subsidiar sua análise; 
Fotografia não apenas porque um relatório de exame deve conter imagens 
ilustrativas, mas também porque, por vezes, o próprio documento examinado é uma 
fotografia. 
Este material não foi produzido com a intenção de esgotar tais assuntos – tarefa 
que seria totalmente impossível. Serão apresentadas informações básicas, 
complementadas em aula, além de fontes de consulta para pesquisas que permitirão 
aprofundar os conhecimentos. 
 
Luz, visão e cores 
A luz é uma das várias formas de energia conhecidas e, como tal, tem a 
capacidade de alterar o estado da matéria e realizar ação ou trabalho. 
Tratando-se o tema apenas superficialmente, pode-se dizer que a energia não é 
criada nem destruída, apenas transformada. Ela é uma forma de energia, e pode ser 
convertida em ou obtida de vários outros tipos de energia. 
Assim como a energia, a matéria, em condições normais, também não é formada 
nem destruída, sofrendo apenas transformações. No entanto, distingue-se da energia por 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 9 
 
 
 
apresentar massa e ocupar lugar no espaço, já que é constituída de átomos, que por sua 
vez são formados por diversas partículas elementares, entre elas os prótons e os elétrons. 
Os primeiros, mais pesados e possuidores de cargas elétricas positivas, 
concentram se no núcleo atômico. Os elétrons, mais leves e com cargas negativas, giram 
ao redor do núcleo em uma velocidade altíssima. 
 
Imagem 1. Representação esquemática de um átomo. 
Assim como a água em movimento, os elétrons também possuem uma 
quantidade de energia intrínseca, que varia conforme o nível em que estão localizados: 
quanto mais afastados do núcleo mais energéticos. 
Da mesma maneira que as outras formas de energia, a luz tem a capacidade de 
interagir com a matéria (o envelhecimento do papel, causado pela exposição à luz ou ao 
calor é um exemplo disso). Um fóton1 de luz pode ser absorvido por algum desses 
elétrons, que terá então sua energia aumentada, e migrará para um nível mais externo. 
Por razões que fogem do propósito deste capítulo, essa alteração desestabiliza o átomo e, 
para voltar ao seu estado normal, aquele elétron precisa “devolver” a energia recebida, 
na mesma medida (porém não necessariamente da mesma forma que recebeu), muitas 
vezes sob a forma de luz. 
 
Imagem 2. Representação da excitação de um elétron causada por absorção de energia 
e a posterior eliminação dessa energia, que muitas vezes se dá sob a forma de luz. 
 
 
1
 Fóton: quantidade básica (unitária) de energia da luz. 
 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 10 
 
 
 
Os olhos humanos são sensíveis somente à luz com comprimento de onda entre 
400 e 700 nanômetro (nm), unidade mais prática para os presentes propósitos, e equivale 
a um bilionésimo de metro ou um milionésimo de milímetro, razão por que essa faixa é 
conhecida como região espectral visível ou luz visível. É costumeiro referir-se à luz visível 
como simplesmente luz e às demais faixas como radiações eletromagnéticas, ainda que 
as radiações de todas as faixas tenham a mesma natureza, e possam também ser 
chamadas de luz. 
O espectro eletromagnético é o conjunto de radiações pertencentes a todas as 
faixas de comprimento de onda conhecidas, e é representado como na imagem a seguir: 
 
Imagem 3. O espectro eletromagnético, representado apenas parcialmente 
A faixa de luz visível é representada no centro da escala para servir como 
referência. 
À sua direita estão as faixas menos energéticas, por ordem: infravermelho (I.V.), 
microondas e ondas de rádio (não representadas). Todas essas radiações possuem 
comprimentos de onda grandes demais para serem captados pelos olhos humanos. 
À esquerda estão as faixas mais energéticas: ultravioleta (U.V.), raios-x e raios 
gama (γ). Essas radiações têm comprimentos de onda muito menores que a luz visível e 
são tão energéticas que causam danos à saúde. 
De todas essas faixas, o visível, o ultravioleta e o infravermelho são as de maior 
interesse para a Documentoscopia. 
A regiãoespectral visível, comumente representada pelas cores do arco-íris, 
apresenta certa heterogeneidade quanto a comprimento de onda (λ), variando entre 400 
e 700 nm. Isso significa que algumas dessas radiações são mais energéticas que outras. As 
radiações com um λ entre 621 e 700 nm, p. ex., são percebidas pelo sistema visual 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 11 
 
 
 
humano como vermelhas, enquanto que aquelas com λ entre 400 e 446nm, mais 
energéticas, são percebidas como violeta. 
 
Imagem 4. Faixas de comprimento de onda (em nanômetros) e as respectivas cores que 
são reconhecidas pelo sistema visual humano 
 
Estudo do papel 
A invenção do papel é atribuída ao chinês Ts’ai Lun, no ano 105. Em meados do 
século VIII, com a conquista dos chineses pelos árabes, o papel foi introduzido na Europa 
através da Península Ibérica, espalhando-se daí para o mundo inteiro. 
O papel consiste em uma trama de fibras vegetais (celulósicas) entrelaçadas, 
misturada com uma vasta gama de substâncias usadas para incrementar algumas de suas 
características, como alvura, opacidade, lisura, brilho, resistência, flexibilidade, 
estabilidade dimensional e uniformidade, entre outras. Cada uma dessas propriedades 
precisa ser mantida dentro de um patamar ideal (ou, pelo menos, aceitável) para a 
finalidade que terá o papel. Por exemplo, papéis fotográficos precisam ser extremamente 
alvos e lisos, para que a impressão produza o máximo contraste e as cores estejam o mais 
próximo possível da realidade. Papéis para a impressão de livros extensos (Bíblias e 
dicionários, p. ex.) precisam ser finos e altamente opacos, e papéis para jornais devem 
ser, acima de tudo, baratos. 
Essas características dependerão das matérias-primas empregadas e dos 
métodos e equipamentos usados na produção do papel. 
 
Constituintes do papel 
Os papeis são constituídos por fibras celulósicas, cargas, adesivos ou selantes, 
corantes, branqueadores ópticos e antiespumantes. 
As Fibras celulósicas são o ingrediente básico para a produção do papel. 
Qualquer vegetal possui fibras celulósicas, mas nem todos são apropriados para essa 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 12 
 
 
 
finalidade. As fibras vegetais como as fibras de linho e de algodão (usadas no papel-
moeda de diversos países) são as mais longas, e por isso produzem papéis mais 
resistentes, porém menos lisos. As fibras de pinus são mais curtas, e conferem menos 
resistência, porém permitem a obtenção de um papel mais liso. O eucalipto, matéria-
prima mais usada no Brasil, possui fibras ainda mais curtas. 
Para serem usadas na produção de papel, as fibras precisam ser separadas dos 
outros constituintes da madeira. Existem dois processos básicos de separação: 
O mecânico, proporciona maior rendimento, mas menor qualidade, pois a 
moagem provoca a quebra das fibras, e muitos componentes indesejáveis da madeira não 
são removidos – como a lignina, a hemicelulose e algumas resinas, que sofrem 
decomposição por ação de luz e calor, e, com o tempo, deixam o papel mais escurecido e 
quebradiço. Mais usado na produção de papéis para jornais, lenços e guardanapos; 
O químico consiste em colocar pequenas lascas de madeira em uma solução de 
soda cáustica e sulfato ou sulfito. A seguir, essa mistura é agitada e aquecida em alta 
temperatura e pressão. Assim, as fibras são desprendidas e separadas do material 
orgânico indesejável, sendo depois disso lavadas e alvejadas2 antes de sua utilização. Esse 
processo é mais caro e poluente, mas produz um papel de melhor qualidade. 
Durante a produção do papel, essa massa de fibras sofre adição de água e vários 
outros produtos. 
Cargas (fillers) 
São substâncias usadas para dar volume ao papel, mas também conferem lisura 
(pois preenchem os vazios entre as fibras), brilho e opacidade. Além disso, aumentam a 
capacidade de absorção do papel (para os solventes das tintas) e sua estabilidade 
dimensional (pois, ao contrário das fibras, não se dilatam com o aumento da umidade). 
No entanto, as cargas diminuem a resistência do papel. 
 
 
Adesivos ou selantes 
 
2
 Os alvejantes têm por finalidade quebrar as moléculas de lignina e hemicelulose remanescentes, liberando 
a celulose pura, o que torna o papel mais claro. 
 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 13 
 
 
 
São substâncias usadas para incrementar a aderência entre as fibras celulósicas e 
para a retenção das cargas (fillers). Exemplos: amido, gelatina, gomas e polímeros 
sintéticos. 
Corantes 
Usados para produzir papéis coloridos. 
Branqueadores ópticos 
São substâncias luminescentes adicionadas aos papéis brancos para aumentar 
sua alvura. A capacidade que essas substâncias têm de emitir luz visível quando expostas 
ao UV (inclusive o da luz solar), faz com que o papel pareça ainda mais branco. 
Antiespumantes 
Usados para evitar a formação de bolhas na massa do papel. 
 
O processo de fabricação do papel 
Uma etapa subsequente, que tem por objetivo melhorar a qualidade do papel, é 
o refinamento (“refining” ou “beating”). As fibras (em suspensão) passam pelo interior de 
uma câmara com lâminas giratórias, sob pressão, sofrendo atrito e quebras, o que gera 
fibrilações – isto é, a liberação de microfibrilas nas paredes das fibras – que irão aumentar 
sua capacidade de ligação com outras fibras e constituintes do papel. 
 
Imagem 5: Aspecto das fibras celulósicas sem refinamento (em cima) e com refinamento 
(embaixo). 
WILSON L. A. What the Printer Should Know About Paper - Sewickley (USA): GATF 
Press, 1998. 
 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 14 
 
 
 
Os aditivos podem ser misturados às fibras antes ou depois do refinamento, e 
então a pasta estará pronta para entrar na máquina que irá transformá-la em papel, que 
pode ser: 
O processo Fourdrinier, consiste em admitir a massa por uma abertura laminar, 
caindo sobre uma tela comprida (wire mesh) de trama muito fina, que se movimenta 
continuamente sobre uma esteira. Nessa fase a massa de papel é constituída por mais de 
99% de água, que tende a escorrer pela tela, separando-se dos componentes sólidos (ver 
“Face de impressão”, adiante). 
 
Imagem 6: Esquema de um dandy-roll. HIRD K. F., Offset Lithograpic Technology - Tinley 
Park (USA): Goodheart-Willcox Company, Inc., 2000 
 
A última fase da produção do papel é a calandragem. Calandra é um cilindro de 
aço bastante liso e aquecido, que pressiona a folha de papel ao término do processo, 
proporcionando maior lisura, homogeneidade e brilho, mas provocando diminuição de 
opacidade, rigidez, espessura e capacidade de absorção. 
 
Imagem 7: Calandra 
BANN, DAVID The All New Print Production Handbook - New York: Watson-Guptill 
Publications, 2006 
 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 15 
 
 
 
O processo Fourdrinier convencional produz um papel com uma das faces menos 
lisas (a inferior, que esteve em contato com a tela). Por essa razão, foram desenvolvidas 
máquinas capazes de produzir papéis com as duas faces igualmente lisas, as twin-wire ou 
two-sided drainage machines, usadas para produções de alta qualidade. A grande maioria 
dos papéis comerciais é produzida com esse tipo de equipamento, que apresenta grande 
capacidade de produção, altíssima velocidade de operação e menor custo em relação a 
outros métodos. 
E ainda o processo que utiliza as máquinas cilíndricas, que possuem um cilindro 
oco, com paredes também em tela, parcialmente mergulhado em um contêiner com a 
massa de papel. Ao girar, o cilindro carrega uma porção dessa massa, e a água é 
eliminada, também por gravidade, para o seu interior. Este método permite produzir 
papéis mais espessos, mas é mais lento que o Fourdrinier. 
As máquinas cilíndricas permitem produzir marcas-d’água do tipo Dandy-roll, 
mas possibilitam também a produção de marcas-d’água Mould-made, mais elaboradas e 
seguras que as primeiras.CARACTERÍSTICAS DO PAPEL 
Estabilidade dimensional: Uma característica do papel é sua tendência a 
dilatação quando exposto a umidade. Mas como elas estão fortemente ligadas umas às 
outras, qualquer variação individual irá se refletir em toda a trama. Por essa razão, papéis 
com graus de refinamento mais elevados apresentam menor estabilidade dimensional, 
pois suas fibras encontram-se mais fortemente unidas. 
Resistência: Um pouco da resistência do papel vem do entrelaçamento físico de 
suas fibras. Mas o principal fator são as ligações que ocorrem entre as moléculas de 
celulose – o principal constituinte das fibras – que podem ser desfeitas por ação da água. 
Essa é a razão por que o papel adquire resistência gradativamente durante sua secagem, 
e também por que ele se desfaz quando molhado. 
Face de impressão: Durante sua passagem por uma máquina Fourdrinier 
convencional, a massa de papel é estendida sobre uma tela muito fina, por onde escorre 
somente a água, permanecendo todos os demais constituintes. Nessa fase, ocorre certa 
decantação dos constituintes sólidos, sendo que os mais densos (como as fibras) 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 16 
 
 
 
depositam-se predominantemente no lado inferior e os menos densos permanecem em 
maior quantidade próximo à face superior da folha de papel em formação. 
Assim, a face inferior conterá maior quantidade de fibras, e ficará um pouco mais 
áspera que a superior, mais rica em outros componentes. Essa é a razão por que os 
papéis comuns têm um lado mais liso, geralmente indicado na embalagem como sendo o 
preferencial para impressão. Além disso, as fibras da face inferior apresentam um 
direcionamento mais pronunciado que as da face superior. 
Existem, no entanto, processos especiais que permitem a produção de papéis 
com as duas faces igualmente lisas, bem como, papéis revestidos em um ou em ambos os 
lados. 
Direção das fibras: Nos papéis feitos a mão, as fibras distribuem-se 
randomicamente em todas as direções, sendo essa situação a ideal. A grande maioria dos 
papéis comerciais, no entanto, é produzida em máquinas e, nesse caso, as fibras tendem 
a se orientar predominantemente no sentido em que o papel percorreu a máquina. 
 
Imagem 8: Esquema da formação de um padrão direcional durante a produção do papel 
WILSON L. A. What the Printer Should Know About Paper - Sewickley (USA): GATF 
Press, 1998 
 
Assim, esse “direcionamento” longitudinal do papel, mais do que mera 
orientação de fibras, consiste na formação de um padrão (grain) de comportamento do 
papel, que apresentará algumas de suas características (estabilidade dimensional, p. ex.) 
mais pronunciadas no sentido longitudinal da folha e outras (flexibilidade) no sentido 
transversal. 
A direção das fibras é um dado fundamental para os profissionais gráficos, mas 
também tem alguma importância para a Documentoscopia. Por exemplo, todas as folhas 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 17 
 
 
 
de uma resma de papel apresentam o mesmo direcionamento de fibras (transversal ou, 
mais comumente, longitudinal). Assim, espera-se que em um documento com várias 
folhas, todas elas apresentem o mesmo direcionamento de fibras. Uma folha com 
disposição diferente das demais é um indício de substituição (porém, não 
necessariamente de fraude). 
 
Imagem 9: Direcionamento das fibras durante a produção do papel (grain direction) e as 
duas possíveis maneiras com que o corte final das folhas pode ser feito (grain long e grain short) 
EVANS P. Forms, Folds and Sizes - Gloucester (USA): Rockport Publishers, 2004 
 
Existem várias maneiras de se descobrir a direção das fibras do papel (a maioria 
delas, porém, é destrutiva), todas baseadas na menor estabilidade dimensional, na maior 
resistência ao rasgo ou na maior rigidez que o papel apresenta transversalmente ao 
sentido de suas fibras. Nas embalagens de resmas, a direção das fibras é a segunda 
dimensão indicada (às vezes é sublinhada). Ex.: 210mm X 297mm: as fibras são paralelas 
ao maior lado do papel. 
 
Imagem 10: Uma maneira de estabelecer a direção das fibras em folhas de papel. As 
duas tiras têm o mesmo tamanho. A tira de baixo é mais flexível devido ao direcionamento de 
suas fibras (transversal) 
WILSON L. A. What the Printer Should Know About Paper - Sewickley (USA): GATF 
Press, 1998 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 18 
 
 
 
Espessura: é a distância entre as duas faces de uma folha, medida em 
micrômetros (o mesmo nome dado ao aparelho usado para sua medição). Pode 
apresentar grandes variações em folhas de papéis de qualidade média ou baixa e, por 
isso, deve ser medida em vários pontos. 
Gramatura: é a massa de um metro quadrado de papel, dada em gramas. Por 
exemplo, um papel que apresente gramatura 75, pesa 75 g/m2. A gramatura depende 
muito da espessura do papel, mas também de sua composição. Alguns papéis contêm 
microbolhas de ar em seu interior, e apresentam uma gramatura aparentemente 
pequena para a sua espessura. 
Cantos: as modernas e precisas técnicas de corte industrial produzem folhas com 
cantos em ângulos retos, sendo raros os cortes fora de esquadro. Existem cortes 
arredondados, usados em Bíblias, diários e pequenos dicionários, que são feitos após a 
montagem do caderno, com um equipamento que possui uma lâmina arredondada, 
parecida com um formão. 
 
Formatos de papel 
Durante sua fabricação, o papel é enrolado em grandes bobinas, que podem 
pesar até 50 toneladas, mas sua comercialização se dá em bobinas menores ou em folhas. 
A fim de evitar desperdícios e otimizar o aproveitamento do papel, o tamanho dessas 
bobinas e folhas comerciais foi padronizado, forçando todas as gráficas do mundo a se 
adaptarem a alguns formatos pré-estabelecidos. 
 
Imagem 11: Esquema dos possíveis cortes no formato internacional, e as medidas para 
cada tamanho de folha 
 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 19 
 
 
 
 
Imagem 12: Esquema dos possíveis cortes no formato internacional, e as medidas para 
cada tamanho de folha 
 
Tipos 
Acid-free: é um papel com pH neutro ou alcalino. Possui maior durabilidade que 
os papéis ácidos, que, com o tempo, tendem a adquirir uma tonalidade amarelada. 
Papel jornal: papel constituído totalmente (ou em sua maior parte) por fibras 
mecânicas, apresentando baixa qualidade. 
Papéis mistos: possuem fibras mecânicas misturadas com fibras químicas, que 
melhoram suas qualidades, sem encarecer demasiadamente o processo. 
Papéis revestidos: apresentam uma camada de caulim ou giz em um ou em 
ambos os lados. O revestimento proporciona uma superfície extremamente lisa, 
adequada para a impressão de imagens. 
Papéis plásticos: podem ser totalmente feitos de plástico ou apresentar uma 
camada plástica sobre uma base de papel. São usados em livros infantis e em impressos à 
prova d’água. 
Papel autocopiativo - (carbonless copying paper): são produzidos em forma de 
talonários de múltiplas vias, apresentando microcápsulas com um pigmento incolor no 
reverso e microcápsulas com uma substância que reage com esse pigmento, tornando-o 
colorido, no anverso. A pressão de uma caneta ou máquina de escrever rompe algumas 
cápsulas liberando ambas as substâncias, que irão reagir quimicamente e produzir cor. 
Naturalmente que o anverso da primeira via e o reverso da última não deverão conter 
essas substâncias. 
 
SÉRIE C - 
Formato 
Medidas 
C0 917 x 1297 
mm C1 648 x 917 mm 
C2 458 x 648 mm 
C3 324 x 458 mm 
C4 229 x 324 mm 
C5 162 x 229 mm 
C6 114 x 162 mm 
C7 81 x 114 mm 
C8 57 x 81 mm 
C9 40 x 57 mm 
C10 28 x 40 mm 
SÉRIE B - 
Formato 
Medidas 
B0 1000 x 1414 
mm B1 707 x 1000 mm 
B2 500 x 707mm 
B3 353 x 500 mm 
B4 250 x 353 mm 
B5 176 x 250 mm 
B6 125 x 176 mm 
B7 88x 125 mm 
B8 62 x 88 mm 
B9 44 x 62 mm 
B10 31 x 44 mm 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 20 
 
 
 
Impressões gráficas 
A função de uma impressora gráfica é basicamente depositar tinta sobreuma 
determinada superfície (papel, plástico, etc), em quantidades adequadas e em 
localizações exatas. A principal diferença entre os diversos métodos de impressões 
gráficas é a forma com que isso é feito. 
Um impresso consiste em uma porção de tinta sobre um determinado suporte 
(papel, p. ex.), geralmente branco, com o qual essa tinta irá contrastar, formando assim a 
imagem desejada. 
Na terminologia gráfica, a imagem a ser impressa é chamada de arte. Uma arte 
pode ser constituída de textos, desenhos, fotografias ou figuras diversas (inclusive uma 
mistura de tudo isso). 
Nas impressões gráficas convencionais (não digitais), essa arte precisa ser 
transformada em um molde (matriz), que será usado para a aplicação da tinta, mais ou 
menos como acontece com um carimbo. 
Um impresso gráfico pode ser constituído de traços contínuos – como ocorre em 
desenhos feitos à mão – ou de minúsculos pontos de tinta, indistinguíveis a olho nu. Esses 
pontos são distribuídos de maneira altamente organizada e, coletivamente, são 
chamados de retícula. Os impressos que os contêm são ditos reticulados. 
Os impressos a traço (não reticulados) apresentam sérias limitações na 
reprodução de imagens com variações tonais contínuas (fotografias, p. ex.), sendo mais 
adequados para textos, desenhos e gráficos. Já os impressos reticulados são os mais 
adequados para a reprodução de fotografias e imagens que apresentem variações 
graduais de tonalidade. Além disso, o uso de retícula permite que se obtenha 
praticamente qualquer cor a partir de apenas quatro tintas: ciano, magenta, amarela e 
preta (CMYK: Cian, Magenta, Yelow e blacK). 
Alguns métodos gráficos permitem imprimir tanto a traço quanto com retículas, 
inclusive em uma mesma folha. É o caso do ofsete e da flexografia, por exemplo. Outros, 
como a tipografia e a calcografia, são mais adequados para impressões a traço. 
Tipografia 
É um processo de impressão direto, feito com matrizes metálicas em alto relevo 
(tipos ou clichês), que contêm a imagem invertida do texto (e/ou da figura) que será 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 21 
 
 
 
impresso. A matriz recebe, por meio de rolos entintadores, uma fina camada de tinta e 
então é prensada contra o papel. A transferência da imagem para o papel se dá por 
contato direto (por isso a matriz precisa apresentar as imagens invertidas, como em um 
carimbo). Em outras palavras, somente a parte mais alta dos tipos recebe tinta, que é 
então “carimbada” no papel. 
As matrizes podem ser planas ou curvas (para máquinas rotativas, mais velozes), 
e são constituídas de tipos móveis, que possuem a forma de um paralelepípedo, 
contendo em uma das extremidades a imagem invertida de um caractere em alto relevo. 
Para imprimir textos, os tipos móveis são agrupados manualmente por um 
profissional chamado compositor tipográfico. Cada tipo corresponde a uma letra, 
algarismo, símbolo ou espaço. Após a preparação de uma página inteira, esta será 
impressa em uma máquina manual ou automática. 
 
 
Imagem 13: Tipos móveis sendo usados para compor uma matriz tipográfica. Movable 
type (2009, May 19). In Wikipedia, The Free Encyclopedia. Retrieved 00:02, May 24, 2009, from 
http://en.wikipedia.org/w/index.php?title=Movable_type&oldid=290927408 
 
A tinta tipográfica precisa ser pastosa, para aderir satisfatoriamente à matriz 
metálica. Por esse motivo, sua secagem é lenta e se dá principalmente por penetração no 
papel e por oxidação de seus componentes. 
As máquinas de impressão tipográfica realizam alguns serviços especiais de 
acabamento gráfico, como a numeração sequencial de talonários (seu principal uso em 
documentos de segurança), impressão em papéis grossos e em relevo seco. Porém, a 
tipografia é um processo demorado, que oferece dificuldades para impressão de imagens, 
especialmente as coloridas e as que possuem detalhes minúsculos, e atualmente 
apresenta um custo mais elevado que o de outros sistemas de impressão, tendendo a cair 
em desuso. 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 22 
 
 
 
 
Imagem 14. Representação esquemática do processo de impressão tipográfico. De baixo 
para cima, é mostrada a matriz a ser impressa (clichê), a tinta nela depositada, o papel e o rolo 
que aplica a pressão. Mais em cima está representado a folha de papel impressa, depois de 
retirada da máquina 
 
 
Imagem 15. Representação esquemática de três fases da impressão tipográfica. À 
esquerda, um tipo em alto relevo já entintado ainda não tocando o papel. No centro (ampliado), o 
tipo é pressionado contra o papel, que sofre deformação nas duas faces. Ocorre ainda um 
espalhamento da tinta pastosa nas laterais do tipo. À direita, o afastamento do tipo, que pode 
carregar junto um pouco da tinta, deixando algumas imperfeições e sobras (excessos) de tinta na 
periferia da região impressa (halo tipográfico) 
 
Características da impressão tipográfica: 
Baixo relevo, às vezes com abaulamento no reverso do papel; 
Halo tipográfico; 
Cobertura de tinta não uniforme em linhas longas. 
 
 
Imagem 16. Características da impressão tipográfica: à esquerda, baixo relevo das linhas 
e caracteres impressos; à direita, cobertura incompleta em linhas longas (setas) 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 23 
 
 
 
 
Calcografia 
A impressão calcográfica (intaglio printing) surgiu em torno do ano 1430. É uma 
modalidade de impressão direta que consiste na transferência de tinta de sulcos 
existentes em uma chapa matriz metálica para o papel (encavografia). A tinta é 
depositada na superfície de uma chapa aquecida, na qual a arte a ser impressa foi 
previamente gravada em baixo relevo. A seguir, a tinta é removida de toda a superfície da 
placa, permanecendo apenas nos sulcos. A transferência da tinta remanescente para o 
papel é feita em uma prensa calcográfica, com uso de alta pressão e calor, formando um 
desenho em alto relevo. 
 
 
Imagem 17. Representação esquemática do processo de impressão calcográfico. De 
baixo para cima, são mostrados o molde a ser impresso (chapa escavada), a tinta depositada nas 
cavidades, o papel e o rolo que aplica a pressão. Neste caso, a pressão é altíssima, a ponto de 
causar afundamento do papel. Mais acima, está representada a folha de papel depois de impressa 
e retirada da máquina, com uma impressão em alto-relevo 
 
 
Imagem 18. Corte de uma folha de papel com impressão calcográfica, mostrando o alto 
relevo na face impressa e um discreto baixo relevo na face reversa 
VAN RENESSE R. L. Optical Document Security - Boston: Artech House, 2005 
 
Características da impressão calcográfica: 
Alto relevo, com um discreto baixo relevo no reverso; 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 24 
 
 
 
Espalhamento (squeezing) de tinta nas laterais das linhas impressas; 
Capacidade de produzir linhas muito finas com nitidez; 
Riqueza de variações tonais em regiões impressas com uma única tinta, devido à 
capacidade de variar tanto a espessura quanto a altura das linhas produzidas. 
 
 
Imagem 19. Características da impressão calcográfica: À esquerda, o espalhamento de 
tinta devido à pressão aplicada sobre o papel. À direita, a riqueza de variações tonais e capacidade 
de produzir linhas finas e nítidas 
 
Ofsete 
O sistema de impressão ofsete é uma evolução da litografia e, portanto, também 
se baseia na repulsão entre a água e a gordura. Resumidamente, as imagens a ser 
impressas são gravadas, em uma chapa matriz, de maneira que repilam a água e atraiam 
a gordura. A chapa é então molhada com uma fina camada de água, que vai se depositar 
somente nas regiões sem imagem. A seguir, é aplicada uma tinta gordurosa que é 
repelida pela água, depositando-se somente nas regiões secas: as regiões onde as 
imagens foram gravadas. 
A imagem entintada é transferida para uma borracha especial, e desta para o 
papel (portanto, trata-se de um sistema de impressão indireta). A borracha constitui uma 
etapaque não existe no processo litográfico, e é usada para proporcionar uma superfície 
macia, capaz de se acomodar perfeitamente ao papel – o que não seria possível se a 
impressão ocorresse diretamente a partir da chapa matriz, metálica. 
 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 25 
 
 
 
 
Imagem 20. Representação esquemática do processo ofsete. De cima para baixo: a tinta 
é transferida, por meio de rolos entintadores, do tinteiro para as áreas de grafismo da chapa 
Da chapa, a tinta é transferida para a borracha (caucho) formando uma imagem 
invertida da arte a ser impressa. Do caucho, a imagem é gravada no papel, com auxílio de um 
cilindro de pressão 
 
Existe uma variação do processo ofsete na qual não é utilizada água: o ofsete 
seco. Neste caso, a separação das áreas de grafismo e contragrafismo se faz com um 
pequeno rebaixamento dessas últimas na chapa matriz. Apesar disso, a impressão 
continua sendo plana, pois a tinta ainda é passada para o caucho antes de ser impressa 
no papel. 
A vantagem de não se usar água é que não ocorre dilatação do papel durante o 
processo, evitando assim desalinhamentos entre as impressões sucessivas das cores 
CMYK. 
As tintas offset são transparentes, permitindo a formação de uma terceira cor 
quando impressas uma sobre a outra. Por exemplo, o amarelo impresso sobre a tinta 
ciano resulta na cor verde. 
Características da impressão ofsete: 
Impressão plana, sem relevo e de altíssima qualidade; 
Nas regiões que apresentam variação tonal, são observadas retículas 
constituídas de pontos coloridos ordenados, com diâmetros variáveis; 
Nas regiões chapadas (lisas, homogêneas), as margens são nítidas e a tinta 
distribui-se satisfatoriamente no interior. 
 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 26 
 
 
 
 
Imagem 21. Aspecto de uma impressão ofsete colorida reticulada, em áreas com 
variações tonais. À esquerda, em menor aumento, a retícula adquire um aspecto de roseta. À 
direita, em maior aumento, podem ser percebidos o alinhamento regular dos pontos e as 
variações em seus tamanhos 
 
 
Imagem 22. Aspecto de uma região chapada impressa em ofsete (bordas nítidas e 
cobertura homogênea) 
 
Rotogravura 
Na rotogravura, a matriz é um cilindro de aço revestido de cromo, em que as 
imagens são gravadas na forma de minúsculos pontos em baixo relevo (alvéolos ou 
células). A tinta é depositada nesses alvéolos e transferida diretamente para o suporte. 
Portanto, uma característica desse sistema é que tanto os originais a traço 
quanto os em tom contínuo precisam ser reticulados. 
A impressora rotográfica é sempre do tipo rotativa. O cilindro matriz fica 
parcialmente submerso em um reservatório de tinta de alta fluidez. A tinta é removida 
das regiões de contragrafismo por uma lâmina – que funciona como uma espécie de 
“rodo”–, permanecendo apenas a tinta dos alvéolos, as áreas de grafismos. 
A secagem da tinta se dá por evaporação, em uma estufa acoplada à impressora. 
 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 27 
 
 
 
 
Imagem 23. Representação esquemática do processo de impressão rotográfico. De 
baixo para cima, são mostrados a superfície do rolo matriz, a tinta depositada somente nas 
cavidades, o papel e o rolo que aplica a pressão. Mais em cima está representada a folha de papel 
impressa, depois de retirada da máquina 
 
 
Imagem 24. Cilindro de imagem usado em rotogravura (esquerda) e detalhe de uma 
letra gravada em sua superfície (direita) 
KIPPHAN H. Handbook of Print Media - Berlin: Springer, 2001 
 
Características do processo: 
Cilindros matrizes de alta durabilidade. É o método de impressão que 
proporciona as mais altas tiragens; 
Impressão de altíssima velocidade; 
Custo elevado dos cilindros de impressão, tornando o método economicamente 
viável apenas para tiragens muito grandes; 
A fluidez da tinta possibilita imprimir em suportes plásticos, além do papel; 
A qualidade da impressão é somente um pouco inferior à ofsete, mas superior à 
da flexografia. 
Características dos impressos: 
Impressão plana, de boa qualidade. 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 28 
 
 
 
Retículas em todas as regiões impressas, inclusive nas bordas dos chapados 
(característica mais bem observada nos textos e traços finos, que apresentam um 
serrilhado nas bordas). 
 
Imagem 25. Aspecto serrilhado (reticulado) encontrado mesmo nas regiões chapadas, a 
principal distinção entre as impressões rotográfica e ofsete 
 
 
Imagem 26. Impressão rotográfica vista em pequeno aumento. Seu aspecto é quase 
indistinguível do ofsete (a diferenciação se faz nos textos e nas regiões chapadas) 
 
Serigrafia (Silk-screen) 
A serigrafia é um dos processos de impressão mais antigos. Sua matriz consiste 
em uma tela de trama bastante fina, recoberta por uma resina sólida e fixada em uma 
moldura. Nas áreas que serão impressas, essa substância é removida (mecanicamente ou 
quimicamente). 
O suporte (papel, tecido, plástico, etc) é posicionado sob a matriz. Uma tinta 
pastosa é então espalhada com uma racle (espécie de rodo de borracha), de maneira que 
atinja o suporte somente nas áreas não recobertas (vazadas). 
Neste processo também é necessário usar uma matriz para cada cor de tinta a 
ser empregada. 
 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 29 
 
 
 
 
Imagem 27. Esquema do processo serigráfico. A) tinta espalhada; B) racle; c) região 
vazada da matriz; D) região fechada; E) moldura; F) imagem impressa no suporte Screen-printing. 
(2009, May 13). In Wikipedia, The Free Encyclopedia. Retrieved 00:14, May 24, 2009, from 
http://en.wikipedia.org/w/index.php?title=Screen-printing&oldid=289693865 
 
 
Imagem 28. Detalhes de matrizes serigráficas, mostrando áreas vazadas e áreas 
obstruídas. 
KIPPHAN H. Handbook of Print Media - Berlin: Springer, 2001 
 
Impressão por computador 
Impressoras matriciais 
As impressoras matriciais de impacto (impact dot matrix printers) possuem uma 
cabeça de impressão móvel, composta de pinos metálicos (agulhas) que são impactados 
contra uma fita entintada e o papel. Os caracteres são desenhados como uma matriz de 
pontos, cada ponto produzido por um pino. Assim, essas impressoras podem produzir 
tipos de fontes diferentes e imprimir gráficos (figuras). Como o processo de impressão se 
dá por impacto, as impressoras matriciais também podem ser usadas para produzir vias 
carbonadas. 
 
Imagem 29. Aspecto de uma impressão matricial 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 30 
 
 
 
Cada ponto é produzido por um fino bastão metálico, ou pino, que é direcionado 
para frente por meio de um campo eletromagnético. A cabeça de impressão é constituída 
por vários pinos, e movimenta-se horizontalmente para frente e para trás, 
acompanhando a linha do documento, imprimindo uma linha de cada vez. Algumas 
impressoras possuem apenas uma linha vertical de pinos, enquanto outras possuem duas 
linhas intercaladas, a fim de aumentar a densidade de pontos. 
 
Imagem 30. Esquema de funcionamento de uma cabeça de impressão de 9 pinos 
(retângulo cinza à direita). Os pontos de uma mesma coluna são produzidos simultaneamente 
durante a passagem da cabeça. Os discos pretos correspondem aos pontos que foram impressos 
para a formação dos caracteres 
 
Embora as impressoras jato de tinta, laser e térmicas também produzem 
impressos compostos por matrizes de pontos, elas não são chamadas de impressoras 
matriciais, a fim de evitar confusão com as impressoras matriciais de impacto. 
A quantidade de pinos na cabeça de impressão pode ser 5, 7, 9, 18, 24 ou 27, 
sendo mais comuns as de 9 e as de 24 pinos. 
 
Imagem 31. Esquema da distribuição de pinos nas cabeças de impressão 
 
As impressoras matriciais de impacto possuem os seguintes recursos: 
Impressão de textos em fontes variadas. As mais antigas possuíam poucas 
opções de fontes, enquanto que os últimos modelos apresentam um número maior de 
opções (geralmente Courier, Roman,Serif, e Sans Serif ); 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 31 
 
 
 
Impressão de gráficos (figuras), graças ao sistema de impressão por pontos 
(bitmap). Este recurso não era encontrado nos primeiros modelos lançados; 
Impressão em negrito, imprimindo o texto em densidade dupla; 
Impressão dupla, com duas passagens do texto selecionado. Recurso usado para 
simular negrito nas impressoras mais baratas; 
Impressão condensada. Enquanto o padrão é imprimir 10 caracteres por 
polegada (cpi), no modo condensado podem ser impressos 12, 15, 17 e até mesmo 20 cpi, 
dependendo do modelo da impressora; 
Modo rascunho (draft), usado para aumentar a velocidade de impressão. Os 
caracteres são formados com menor densidade de pontos (espaços claros); 
Impressão em itálico; 
Impressão colorida. Apenas para alguns modelos, e dependente de uma fita 
especial com 4 cores (ciano, magenta, amarelo e preto). Era obtida com múltiplas 
passagens da cabeça de impressão. Devido à baixa qualidade, esse recurso não 
prosperou; 
Texto NLQ (Near Letter Quality). Impressão com qualidade superior, mais escura 
e legível. Esta opção torna o trabalho de impressão mais demorado. (Letter- quality: 
impressão com qualidade superior à NLQ, comparável à de uma máquina datilográfica 
elétrica – na década de 70, isso somente era obtido com impressoras margarida e de 
esfera, estando além da capacidade das matriciais); 
Fontes com espaçamentos proporcionais, isto é, cada caractere não precisa 
ocupar o mesmo espaço que os demais, como ocorre com as máquinas datilográficas 
manuais; 
Fontes dimensionáveis. O usuário pode controlar o tamanho das fontes 
impressas, usando definições vetoriais. Recurso encontrado nos modelos mais recentes 
com 24 pinos; 
Subscrito e sobrescrito; 
Por ser uma impressão de impacto, uma de suas características é possuir baixo 
relevo, que, aliado ao aspecto pontilhado e às características de formatação 
anteriormente citadas, normalmente permite a identificação do processo com facilidade. 
 
 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 32 
 
 
 
Impressoras Jato de Tinta 
Essa classe de impressoras “desenha” textos e imagens ejetando gotículas de 
tinta diretamente no papel, em posições determinadas pelo software que gerencia o 
processo. Portanto, trata-se de um sistema de impressão sem impacto. 
A cabeça de impressão é constituída de dezenas de orifícios por onde a tinta é 
expelida, cada um deles operando de maneira independente. 
As impressoras jato de tinta normalmente são capazes de imprimir em cores ou 
apenas em preto. Para isso, usam quatro cartuchos de tinta: ciano, magenta, amarelo e 
preto (os três primeiros costumam ser incorporados em um único cartucho colorido, mas 
funcionam de maneira independente). 
Algumas impressoras usadas para imprimir imagens de alta qualidade, podem 
apresentar até 6 ou 8 cartuchos, com algumas cores extras (geralmente um ciano e um 
magenta mais claros, o verde e o vermelho). 
Até aqui já pode ser deduzido que os impressos a jato de tinta são constituídos 
de pequenos pontos coloridos de tamanho fixo (o qual depende do diâmetro dos orifícios 
da cabeça de impressão). Outra característica distintiva é que esses pontos são 
distribuídos de maneira (aparentemente) aleatória. Na verdade eles não estão alinhados 
entre si, como no ofsete, mas são depositados em maior quantidade nas regiões mais 
densamente coloridas e em menor quantidade nas menos densas. 
 
Imagem 32. Duas impressões jato de tinta vistas com aproximadamente 18 aumentos. Notam-se 
os pontos aleatoriamente distribuídos, mais concentrados nas regiões escuras e de tamanhos 
constantes. A impressora que produziu a imagem inferior é capaz de gerar pontos menores que 
os de cima e, portanto, possui melhor capacidade de resolução 
 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 33 
 
 
 
 
Imagem 33. Ampliação da imagem anterior 
 
Como não existe contato entre a cabeça de impressão e o papel, não há impacto 
e, portanto não há baixo relevo nos impressos, trata-se de uma impressão plana. A tinta é 
absorvida rapidamente pelo papel, infiltrando-se em sua trama e, assim, também não 
existe alto relevo. 
 
Impressoras Laser 
As impressoras laser pertencem a uma classe denominada impressoras 
eletrofotográficas, que usam uma tinta sólida (tôner) constituída de um pigmento sólido 
revestido por um material plástico transparente, em forma de partículas microscópicas. 
O coração dessas impressoras é um cilindro feito de material especialmente 
sensível a luz e a campos elétricos. Devido a essas características, o processo de 
impressão ocorre em um compartimento escuro, isolado do ambiente externo. 
Inicialmente um campo elétrico aplica cargas negativas uniformemente na 
superfície do cilindro. A seguir, um feixe de laser “varre” a superfície do cilindro 
desenhando as imagens e textos que serão impressos. Nos pontos em que o laser é 
aplicado, as cargas negativas irão se desfazer. Neste momento, as imagens a ser 
impressas estão gravadas na superfície do cilindro sob a forma de cargas elétricas. 
Na etapa seguinte, o cilindro entra em contato com as partículas de tôner, 
negativamente carregadas, que irão se fixar somente nos pontos em que o laser agiu 
(sem cargas negativas). Agora, a imagem está impressa com tôner, mas ainda na 
superfície do cilindro. 
Depois disso, o papel é aproximado do cilindro, quase a ponto de tocar sua 
superfície. Uma forte carga elétrica positiva é aplicada no papel, que irá atrair as 
partículas de tôner. 
Nesse momento, o tôner está sobre a folha de papel, com as imagens prontas. 
Porém, ambos estão ligados apenas por cargas elétricas. Para que a impressão fique 
permanentemente aderida, o papel é aquecido a uma alta temperatura, a ponto de 
o material plástico que recobre o pigmento do tôner. Esse processo normalmente é feito 
com um cilindro aquecido que também aplica pressão ao papel, tornando o tôner mais 
plano. 
Mesmo assim, as impressões com tôner caracterizam
relevo e por poderem ser removidas do suporte com alguma facilidade.
As impressoras coloridas usam quatro pigmentos (CMYK). Nesse caso, existem 
quatro cilindros de imagem, e o processo é repetido uma vez para cada cor. Impressoras 
mais modernas são capaze
também com quatro cilindros independentes.
Os impressos com tôner (a laser) apresentam retículas distribuídas de maneira 
semelhante às do processo ofsete. No entanto, os pontos da retícula não são con
de manchas de tinta, mas por pontos ainda menores (o tôner) amontoados, com alguns 
grânulos espalhados ao seu redor.
Imagem 34. Impressão laser colorida (80x). Os pontos que formam a retícula estão 
ordenados em ângulos inclinados, e são 
Imagem 35
Documentoscopia
 
Depois disso, o papel é aproximado do cilindro, quase a ponto de tocar sua 
superfície. Uma forte carga elétrica positiva é aplicada no papel, que irá atrair as 
Nesse momento, o tôner está sobre a folha de papel, com as imagens prontas. 
Porém, ambos estão ligados apenas por cargas elétricas. Para que a impressão fique 
permanentemente aderida, o papel é aquecido a uma alta temperatura, a ponto de 
o material plástico que recobre o pigmento do tôner. Esse processo normalmente é feito 
com um cilindro aquecido que também aplica pressão ao papel, tornando o tôner mais 
Mesmo assim, as impressões com tôner caracterizam-se por apresentar alto
relevo e por poderem ser removidas do suporte com alguma facilidade.
As impressoras coloridas usam quatro pigmentos (CMYK). Nesse caso, existem 
quatro cilindros de imagem, e o processo é repetido uma vez para cada cor. Impressoras 
mais modernas são capazes de imprimir todas as cores em uma única passagem, mas 
também com quatro cilindros independentes. 
Os impressos com tôner (a laser) apresentam retículas distribuídas de maneira 
semelhante às do processo ofsete. No entanto, os pontos da retícula não são con
de manchas de tinta, mas por pontos aindamenores (o tôner) amontoados, com alguns 
grânulos espalhados ao seu redor. 
 
Impressão laser colorida (80x). Os pontos que formam a retícula estão 
ordenados em ângulos inclinados, e são constituídos por pontos ainda menores, as partículas de
tôner 
 
35. Impressão com tôner (à esquerda) e jato de tinta (à direita)
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 34 
 
 
Depois disso, o papel é aproximado do cilindro, quase a ponto de tocar sua 
superfície. Uma forte carga elétrica positiva é aplicada no papel, que irá atrair as 
Nesse momento, o tôner está sobre a folha de papel, com as imagens prontas. 
Porém, ambos estão ligados apenas por cargas elétricas. Para que a impressão fique 
permanentemente aderida, o papel é aquecido a uma alta temperatura, a ponto de fundir 
o material plástico que recobre o pigmento do tôner. Esse processo normalmente é feito 
com um cilindro aquecido que também aplica pressão ao papel, tornando o tôner mais 
se por apresentar alto-
relevo e por poderem ser removidas do suporte com alguma facilidade. 
As impressoras coloridas usam quatro pigmentos (CMYK). Nesse caso, existem 
quatro cilindros de imagem, e o processo é repetido uma vez para cada cor. Impressoras 
s de imprimir todas as cores em uma única passagem, mas 
Os impressos com tôner (a laser) apresentam retículas distribuídas de maneira 
semelhante às do processo ofsete. No entanto, os pontos da retícula não são constituídos 
de manchas de tinta, mas por pontos ainda menores (o tôner) amontoados, com alguns 
 
Impressão laser colorida (80x). Os pontos que formam a retícula estão 
constituídos por pontos ainda menores, as partículas de 
 
da) e jato de tinta (à direita) 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 35 
 
 
 
UNIDADE II: ELEMENTOS DE SEGURANÇA 
Em documentos 
Elementos de segurança são estruturas adicionadas a documentos com a 
finalidade de dificultar sua imitação ou alteração. Um dos exemplos mais conhecidos são 
as marcas- d’água. 
Esses elementos variam quanto a sua complexidade, custo, grau de segurança 
inerente e público-alvo. Quanto a esta última característica, os elementos de segurança 
são classificados em níveis: 
Primeiro nível: são destinados ao público em geral (leigos), e podem ser 
facilmente reconhecidos sem o auxílio de nenhum equipamento. São exemplos as 
marcas-d’água, registros coincidentes e fios de segurança. 
Segundo nível: sua análise exige equipamentos simples, como lupas ou lâmpadas 
U.V., porém não há necessidade de conhecimentos especiais. Portanto, são direcionados 
para funcionários de empresas públicas ou privadas (bancos, postos de fiscalização, 
alfândegas, casas de câmbio). Exemplos: fibras luminescentes e microtextos. 
Terceiro nível: sua análise exige equipamentos mais sofisticados, como 
microscópios, além de profundo conhecimento sobre o assunto, sendo, portanto, 
destinados a análise pericial (oficial ou não). São exemplos os nanotextos e as tintas 
visíveis apenas no infravermelho. 
No entanto, vários elementos de segurança enquadram-se em mais de um 
desses níveis. A impressão calcográfica, por exemplo, atua como elemento de primeiro 
nível quando seu alto relevo é reconhecido por pessoas comuns por meio do tato. Seu 
relevo pode também ser identificado com um equipamento apropriado (ISARD – intaglio 
scanning and recognition device), conferindo assim segurança de segundo nível, menos 
suscetível a engodos. Quando sua autenticidade é confirmada por um perito (usando um 
microscópio e conhecimentos especiais), ela constitui um dos mais importantes 
elementos de segurança de terceiro nível. 
Outro fato que deve ser frisado é que não existem elementos de segurança 
perfeitos, isto é, impossíveis de serem falsificados (ou, pelo menos, habilmente imitados). 
Portanto, quanto mais valioso for um documento ou, melhor dizendo, quanto mais danos 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 36 
 
 
 
para o emissor sua falsificação puder causar, maior deverá ser a quantidade e a qualidade 
dos elementos de segurança empregados. 
Seria impossível relacionar todos os elementos de segurança em uso no mundo, 
patenteados ou não, tamanha a sua quantidade. Porém será feita uma apresentação dos 
elementos mais comuns e/ou importantes, classificados por critérios tão somente 
didáticos. 
 
Incorporados ao suporte 
O primeiro elemento de segurança de um documento é o próprio suporte. 
Documentos de papel são produzidos com papéis de segurança, que apresentam algumas 
diferenças em relação aos papéis comerciais comuns. 
As diferenças começam com o tipo de matéria-prima empregada. Enquanto os 
papéis comuns são produzidos a partir de eucalipto ou pinus – que possuem fibras 
celulósicas relativamente curtas, as quais proporcionam menor resistência, mas maior 
lisura, e com menor custo –, os papéis de segurança contêm fibras de linho e/ou de 
algodão – mais longas –, daí sua maior resistência e durabilidade, mas também sua maior 
aspereza. 
Outra diferença de grande importância e facilmente observável é a ausência de 
substâncias branqueadoras no papel de segurança, presentes na maioria dos papéis 
comerciais. Essas substâncias emitem luz branco-azulada quando expostas a radiação 
U.V. (não apenas proveniente de lâmpadas, mas também do próprio sol), tornando o 
papel mais branco e brilhante. 
Além disso, os papéis comuns possuem vários aditivos que não são encontrados 
nos de segurança, como o amido – usado como um selante de superfície – que reage com 
o iodo, produzindo uma mancha escura (esse é o princípio de funcionamento das canetas 
de identificação de dinheiro falso). 
São também elementos incorporados ao suporte: 
Marcas-d’água 
São imagens que se tornam visíveis apenas quando se observa o documento 
contra a luz. As imagens das marcas-d’água são produzidas por diferenças na densidade 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 37 
 
 
 
de fibras no corpo do papel: regiões com maior quantidade de fibras são mais opacas 
(escuras) e aquelas com menor quantidade mais translúcidas (claras). 
As marcas-d’água são produzidas durante a fabricação do papel, controlando-se 
a distribuição de suas fibras, sem uso de tintas ou outras substâncias. Existem dois 
momentos distintos em que elas podem ser produzidas. 
O primeiro é quando a folha vai começar a ser formada, e o papel ainda é uma 
massa disforme, conduzida por uma forma (molde) que irá direcionar as fibras durante 
sua decantação, gerando diferentes densidades de distribuição. Esse tipo de marca-
d’água é o mais bem elaborado, e o que apresenta maior segurança e melhor aparência 
estética, porém relativamente caro. Um exemplo são as efígies existentes nas cédulas de 
real, de todos os valores. 
O segundo momento em que a marca-d’água pode ser criada é quando a folha 
de papel já está parcialmente formada, necessitando apenas de eliminação de água para 
sua conclusão. Nesse processo, um molde irá deslocar as fibras do papel de determinadas 
regiões para outras, também gerando diferenças de opacidade. No entanto, podem ser 
obtidos no máximo três tons distintos: igual ao do papel, mais claro ou mais escuro. Sua 
produção é menos dispendiosa, porém não proporcionam a mesma segurança que as 
multitonais. Um exemplo é o número “20” na marca-d’água das cédulas de vinte reais. 
 
 
Imagem 36. Marcas-d’água. À esquerda, do tipo dandy-roll, com apenas 3 tonalidades. 
No centro, do tipo mould-made, multitonal e com aspecto de tridimensionalidade. À direita, 
ambos os tipos 
 
Fibras coloridas 
São pequenas fibras sintéticas, normalmente azuis, vermelhas ou verdes, visíveis 
a olho nu, adicionadas à massa do papel durante sua fabricação, o que lhes proporciona 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 38 
 
 
 
uma distribuição totalmente aleatória. Podem localizar-se na superfície do papel, 
totalmente em seu interior, ou estar apenas parcialmente imersas. 
 
Fibras luminescentes 
Diferenciam-se das coloridasapenas por fluorescerem sob luz U.V., com emissão 
de luz branca ou em cores. Sob luz visível, podem ser coloridas ou incolores. 
 
 
Imagem 37. À esquerda, fibras coloridas sob luz visível. Ao centro e à direita, fibras 
luminescentes, sob UV. 
 
Fio de segurança 
É uma faixa plástica ou metálica inserida na massa do papel, durante sua 
fabricação. Os fios de segurança podem ser magnetizados, conter textos e apresentar 
fluorescência, permitindo também codificações para posterior leitura e reconhecimento 
de sua autenticidade. Podem estar inteiramente imersos no papel ou apenas 
parcialmente (fios janelados). 
 
 
Imagem 38. À esquerda, fio de segurança de uma cédula de 10 libras esterlinas, visto 
com luz transmitida. No centro, fio luminescente, em cédula de 5 dólares americanos, visto com 
luz UV transmitida. À direita, fio de segurança janelado, em cédula e 100 dólares canadenses, 
visto com iluminação normal. 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 39 
 
 
 
Hi-lites 
São pequenas cápsulas com uma substância fluorescente em seu interior, que 
são adicionadas à massa do papel durante sua fabricação. Podem ser visíveis a olho nu, 
mudando de cor sob UV, ou visíveis apenas sob iluminação ultravioleta. 
Conferem um bom índice de segurança, já que seu efeito de fluorescência não 
pode ser reproduzido com fotocopiadoras, escâneres, ou mesmo com tintas 
fluorescentes. A sua distribuição no papel é homogênea, o que dificulta adulterações. 
Como estão incorporados ao papel, são visíveis de ambos os lados do documento. 
 
impressos em ofsete 
Embora o sistema de impressão ofsete seco ainda tenha seu uso bastante 
restrito, ele não é, por si só, uma impressão de segurança como a calcografia. No entanto, 
existem algumas técnicas que possibilitam criar elementos de segurança bastante 
eficientes com esse tipo de impressão. 
 
Registro coincidente 
É o perfeito alinhamento entre as impressões do anverso e do reverso do 
documento. Devido às características do ofsete, isto só se obtém com impressão ofsete a 
seco, em máquinas que permitem imprimir os dois lados simultaneamente. Nenhum 
outro sistema de impressão possibilita esse alinhamento. 
Normalmente esse elemento é representado por meio de figuras parcialmente 
impressas em ambos os lados do documento, de maneira que, quando vistas contra a luz, 
complementam-se perfeitamente (see-through). 
O registro coincidente é muito utilizado em papéis-moeda, cheques e vários 
outros tipos de documentos de segurança. 
 
Microtextos 
Também conhecidos como microletras, consistem em minúsculos caracteres 
impressos em um documento, com dimensões em torno de 0,15 mm. Microtextos são 
muito usados em papéis-moeda e cheques bancários, onde são impressos de maneira a 
parecerem uma linha quando vistos a olho nu. 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 40 
 
 
 
Fotocopiadoras e impressoras jato de tinta não são capazes de produzir imagens 
com esse nível de detalhamento, e uma inspeção com lupa de pequeno aumento 
já é suficiente para perceber a diferença. Nas falsificações feitas com ofsete, no entanto, 
não é incomum os microtextos serem satisfatoriamente reproduzidos. 
Existem textos menores ainda, na faixa de centésimos de milímetro, os 
nanotextos. No entanto, estes estão além da capacidade do ofsete, e exigem sistemas 
especiais de impressão. São encontrados na banda holográfica da cédula de 20 reais, 
dentro dos microtextos. 
 
Fundos especiais 
Consistem em um padrão de linhas paralelas, retas e curvas, que mudam 
continuamente de direção. Sua função é dificultar a reprodução do documento por meios 
digitais – com uso de escâner e impressoras domésticas. Poucos sistemas de impressão 
além do ofsete são capazes de imprimir detalhes com a resolução necessária para 
produzir esses padrões. Um exemplo são os fundos especiais em cédula de 100 reais, 
impressos em ofsete. 
 
Efeito íris 
Consiste em variar gradativamente a tonalidade de uma linha impressa, partindo 
de uma determinada cor, até formar outra cor totalmente distinta, sem que se consiga 
identificar nenhum limite entre elas (isto é, onde termina uma cor e começa a outra). 
Esse efeito é facilmente obtido com reticulação das linhas, mas neste caso o aspecto 
pontilhado pode ser percebido com uma simples lupa (essa é uma das razões porque 
documentos de segurança são impressos a traço). 
 
 
Imagem 39: Efeito íris na borda inferior de uma CNH brasileira. 
 
 
 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 41 
 
 
 
Impressos por calcografia 
A calcografia em si é uma impressão de segurança. No entanto, como elemento 
de primeiro nível (para pessoas comuns) ela oferece apenas o alto relevo – reconhecido 
pelo tato – e a alta qualidade das imagens – fator subjetivo, que tende a perder eficiência 
com o desgaste do documento. Por essa razão, são usadas algumas técnicas para 
aproveitar toda a potencialidade desse sistema de impressão, gerando elementos de 
segurança de alta qualidade, especialmente para o público em geral. 
 
Imagem latente 
É uma imagem perceptível apenas quando se observa o documento em um 
ângulo inclinado e contra uma luz forte. É usado em quase todos os documentos que 
possuem impressão calcográfica. Apesar de pouco conhecido, é um excelente elemento 
de segurança de primeiro nível no papel-moeda brasileiro. 
 
 
Imagem 40. Imagens latentes em cédulas de real. 
 
Impressão multicolorida em registro 
Impressoras calcográficas modernas permitem imprimir em duas ou mais cores 
simultaneamente e em perfeito alinhamento (registro), podendo inclusive misturar 
parcialmente duas tintas formando uma terceira cor, tudo isso em linhas contínuas e 
bastante finas. 
Poucos sistemas de impressão permitem imitar esse efeito sem que se faça 
reticulação das imagens. O ofsete é um exemplo, mas nesse caso, a falsificação será 
evidenciada pela perda do registro (falta de alinhamento) das linhas nas áreas em que as 
cores se encontram, e pela impossibilidade de misturar duas cores (sem reticulação) para 
formar uma terceira. 
 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 42 
 
 
 
 
Imagem 41. Impressão calcográfica em duas cores com sobreposição parcial de tintas, 
na indicação principal do valor da cédula de 20 reais. Podem ser observados também os 
microtextos (“BC”) no interior dos números. 
 
 
Imagem 42: Região equivalente em uma cédula falsa, impressa em ofsete. 
 
Guilhochês 
Esse termo indica um padrão geométrico formado por duas ou mais linhas finas 
interlaçadas. Esse padrão normalmente constitui imagens ornamentais usadas nas bordas 
de documentos de segurança, de maneira tão difundida, que acabou se tornando um 
símbolo que transmite a ideia de “documento valioso”. 
Originalmente os guilhochês constituíam uma excelente barreira contra a 
falsificação manual de documentos, segurança conferida também contra fotocopiadoras 
de baixa resolução. Atualmente, com a popularização de equipamentos de captura e 
digitalização de imagens com boa resolução, sua segurança restringe-se apenas ao 
método de impressão (calcografia). 
 
Imagem 43. Guilhochês formando uma moldura em cédula de identidade civil. 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 43 
 
 
 
Linhas concêntricas 
Sistema empregado nas cédulas de dólar americano. Consiste em produzir linhas 
curvas finas, equidistantes e concêntricas, tarefa simples para uma impressora 
calcográfica, mas muito difícil para sistemas digitais de impressão. 
Ao se capturar essa imagem com um escâner, máquina fotográfica ou 
fotocopiadora, essas linhas irão se “tocar” em determinados momentos, produzindo um 
efeito Moiré (manchas visíveis macroscopicamente). 
Mesmo que isto seja corrigido com programas de tratamento de imagens, as 
impressoras digitais (jato de tinta, laser, etc) dificilmente conseguirão evitar o 
ressurgimento do Moiré. 
 
Imagem 44: Linhas concêntricas em torno da efígie, em cédula de dólar americano.Dependendo da capacidade de resolução do monitor ou da impressora que reproduzir estas 
imagens, haverá formação de distorções no trajeto dessas linhas (especialmente na imagem à 
esquerda), como se fosse uma ilusão de ótica (efeito moiré). 
 
Marcas táteis 
São sinais em alto relevo que têm por finalidade auxiliar pessoas com deficiência 
visual a reconhecer o valor de uma cédula de dinheiro. 
 
Imagem 45. Exemplos de marcas táteis usadas em cédulas de real. 
 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 44 
 
 
 
Microtextos também podem ser produzidos por calcografia. A aplicação de tinta 
opticamente variável (OVI – ver adiante) exige impressão em alto relevo, normalmente 
calcografia (dólar) ou serigrafia (euro). 
 
Tintas especiais 
Tintas luminescentes (tinta invisível) 
Muitos documentos possuem imagens impressas com tinta incolor luminescente, 
de maneira a tornarem-se visíveis apenas sob luz UV. 
Devido à relativa facilidade com que se consegue imitar esse efeito com uso de 
branqueadores ópticos, esse sistema foi aperfeiçoado: podem ser empregadas tintas de 
uma determinada cor, que irá se alterar sob UV, ou ainda substâncias que irão fluorescer 
com diferentes tonalidades conforme o comprimento de onda da radiação UV 
empregada. 
 
 
Imagem 46. Impressão com tinta luminescente. 
 
Tintas anti-Stokes 
A grande maioria das substâncias encontradas na natureza reflete a luz com o 
mesmo comprimento de onda que incidiu sobre elas. Muitas substâncias têm a 
capacidade de absorver radiação de um determinado comprimento de onda e devolvê-la 
para o ambiente com um comprimento maior (parte da energia dessa luz é absorvida). 
Esse fenômeno é chamado de efeito Stokes. Pode ser absorvida radiação UV e emitida luz 
visível, ou absorvida luz visível e emitida radiação na faixa do IV. 
Um fenômeno bem menos comum também pode acontecer: algumas 
substâncias absorvem radiação de um determinado comprimento de onda (IV) e a 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 45 
 
 
 
devolvem com um comprimento de onda menor (luz visível, mais energética). É o efeito 
anti-Stokes, empregado em equipamentos para visão noturna. 
Além da dificuldade de se produzir uma tinta com essas características, ela pode 
ainda ser incolor e ficar “escondida” em um ponto do documento, de maneira que sua 
localização seja um elemento de segurança a mais. 
Essas tintas tem de ser observadas com equipamentos especiais, que emitem um 
feixe de laser infravermelho (geralmente 980 nm). 
 
Tintas termocrômicas 
São tintas que mudam reversivelmente a sua cor conforme a temperatura. 
Podem ser usadas como elementos de segurança de primeiro nível, já que algumas delas 
mudam de cor na temperatura do corpo humano, voltando ao normal em temperatura 
ambiente (25ºC). Essas tintas são, contudo, sensíveis a temperaturas muito altas, e 
apresentam pouca resistência à luz. Por essa razão são usadas apenas em documentos 
com vida relativamente curta, como vouchers e tickets. 
 
Tintas metaméricas 
São tintas que apresentam a mesma tonalidade sob luz normal, mas que se 
comportam de maneira totalmente diferente com iluminação especial. 
Por exemplo, duas tintas podem apresentar a mesma cor sob luz visível branca, 
mas, se uma delas absorver significativamente na região do IV e a outra não, esta última 
ficará invisível quando “iluminada” apenas com luz infravermelha (essa observação 
somente é possível com equipamento apropriado), enquanto que a primeira ficará 
escura, contrastando com o papel. 
 
Imagem 47. Tintas metaméricas. Anverso da cédula visto sob luz visível (esquerda) e 
infravermelha3 (direita). 
 
 
3
 Para observações na faixa do infravermelho, são necessários filtros e sensores ópticos especiais, 
geralmente agrupados em equipamentos apropriados para essa finalidade. 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 46 
 
 
 
Tintas fugitivas (reativas a água, solventes, branqueadores) 
Normalmente as informações impressas em um documento precisam resistir ao 
tempo, ao uso e a intempéries. No entanto, por vezes é conveniente que as regiões 
adjacentes (background) a esses dados contenham tintas que sejam facilmente 
removíveis com água, solventes e branqueadores ópticos. As tintas empregadas nos 
processos gráficos convencionais não são afetadas. 
Essa característica é empregada em documentos como cheques e passaportes. 
 
Imagem 48. Tinta fugitiva. 
VAN RENESSE R. L. Optical Document Security - Boston : Artech House, 2005. 
 
Tintas iridescentes4 
São tintas que apresentam variações de cores conforme o ângulo de observação 
– o mesmo fenômeno observado em uma bolha de sabão. Essa mudança de cor é 
baseada no fenômeno de interferência da luz. 
As tintas opticamente variáveis (OVI – Optically Variable Inks) são um tipo de 
tinta iridescente empregadas como elementos de segurança em vários papéis-moeda, 
como o euro e o dólar americano. Essas tintas “mudam de cor” conforme o ângulo de que 
são observadas. 
 
Imagem 49. Impressão OVI encontrada em cédula de 50 euros. Sua cor se altera 
conforme o ângulo de observação. 
 
 
4
 Iridescente: capaz de separar as cores do espetro visível, refletindo assim as cores do arco-íris a partir de 
uma luz branca. A superfície da face inferior de um CD é um exemplo.uma luz branca. A superfície da face 
inferior de um CD é um exemplo. 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 47 
 
 
 
Tintas magnéticas 
Possuem em sua composição substâncias magnetizáveis, como alguns óxidos de 
ferro. São detectadas por leitores apropriados, e usadas para compor códigos 
reconhecidos por máquinas. 
 
UNIDADE III: ANÁLISE DOCUMENTOSCÓPICA 
A Documentoscopia ocupa-se basicamente da verificação da autenticidade e 
integridade de documentos. Por documento autêntico, entende-se aquele que foi de fato 
produzido pela pessoa, órgão ou entidade a quem ele é atribuído. Integridade aqui 
implica não ter sofrido alterações após sua conclusão. 
Eventualmente a análise documentoscópica pode ter outros objetivos, como a 
datação de um documento – isto é, verificar se ele foi de fato produzido na época 
especificada –, a determinação da autoria de documentos anônimos (especialmente os 
manuscritos), ou a identificação dos sistemas de impressão e dos elementos de segurança 
existentes em um dado documento, para, por exemplo, verificar se a gráfica contratada 
cumpriu todas as exigências estipuladas. 
Para isso, acima de tudo, são necessários os conhecimentos básicos 
(fundamentais) apresentados até aqui e uma boa capacidade de observação e dedução, 
mas também existem métodos de análise, gerais e específicos. 
Como um exemplo de método geral pode-se citar a análise comparativa de um 
documento questionado com outro equivalente, sabidamente autêntico – um documento 
padrão. 
Para tal, alguns procedimentos podem ser realizados para sistematizar o 
trabalho documentoscópico, adotando-se classificações que, mesmo que não cheguem às 
“espécies”, abarquem os “gêneros”, ou pelo menos as “famílias” de documentos. 
Nesse sentido, uma importante divisão já pode ser apresentada, a qual se baseia 
na presença ou não de elementos de segurança. Assim, têm-se os documentos ditos de 
segurança – aqueles que possuem um ou mais elementos de segurança em sua 
constituição – e os documentos sem elementos de segurança. Na verdade, estes últimos 
muitas vezes são autenticados por meio de uma firma (assinatura), que tecnicamente não 
 
 
 
Documentoscopia Básica 
 
ESPC 48 
 
 
 
é considerada um elemento de segurança, mas cumpre o mesmo propósito: garantir a 
autenticidade e dificultar a falsificação do documento em que ela foi aposta. 
Aparentemente a análise de documentos de segurança é uma tarefa mais fácil 
que a dos documentos sem elementos de segurança, os quais, a princípio, não 
apresentariam muitas possibilidades

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